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DIREITO PENAL II Concurso material de crimes, concurso formal de crimes e crime continuado Aluno: Rosane Spindler Matrícula: 201801236305 / Turma: 3001 Março 2018 Concurso material de crimes, concurso formal de crimes e crime continuado O Concurso de crimes ocorre quando o agente, por meio de uma ou mais de uma conduta ,que pode ser por ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, estes podendo ser idênticos ou não, o concurso de crimes é subdividido em concurso material, concurso formal e crime continuado, previstos, respectivamente, nos artigos 69, 70 e 71 do Código Penal. Concurso Material (Art. 69 do CP) Art. 69. “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.” Extrai-se da transcrição anterior alguns requisitos para que seja reconhecido o concurso material, como: (a) a prática de mais de um crime, (b) por meio de mais de uma ação. Exemplo: O agente pratica o crime de roubo simples (artigo 157 do CP) e o de corrupção de menores (artigo 244-B da Lei 8.069/90), na hipótese de condenação, as penas aplicadas individualmente a cada um dos crimes serão somadas. Assim, supondo que serão aplicadas penas mínimas a cada um dos crimes, 04 anos para o roubo e 01 ano para a corrupção de menores, a pena definitiva, aplicando-se o concurso material, será de 05 anos, provavelmente no regime semiaberto de cumprimento inicial de pena (artigo 33, § 2º, alínea b, do CP). No concurso material, o agente deve ser punido pela soma das penas privativas de liberdade. É imprescindível que o juiz, ao somar as penas, individualize cada pena antes da soma. Neste caso, o magistrado deve, primeiramente, aplicar a pena para cada uma das tentativas e, no final, efetuar a adição. Somar as penas antes da individualização viola, claramente, o princípio da individualização da pena, fato que pode anular a sentença. Na hipótese da sentença cumular pena de reclusão e detenção, a de reclusão deverá ser cumprida a primeira. Concurso Formal (Art. 70 do CP) Art. 70. “Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.” Os requisitos dessa modalidade de concurso de crimes são: (a)uma só ação e (b) mais de um crime. É possível depreender, assim, que uma das diferenças entre os concursos material e formal está na quantidade de ações praticadas. Enquanto no material há a prática de mais de uma conduta, no formal o agente pratica uma só ação. Exemplo: Um motorista atropela 05 (cinco) pessoas, vindo a causar lesão corporal em todas elas. Nesse caso, o acusado responderá pela prática de cinco crimes tipificados no artigo 303 do Código de Trânsito (lesão corporal), na forma do artigo 70 do Código Penal, pois com uma só ação praticou mais de um crime . Como a pena em abstrato do crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor é de 06 meses a 02 anos de detenção (além da suspensão do direito de dirigir), supondo a aplicação da pena mínima em todos os 05 crimes, por se tratar de crimes iguais (homogêneo), aplicaremos a pena de apenas um dos cinco crimes, aumentada de 1/3, pois temos cinco vítimas. A pena definitiva nesse caso será de 6 meses + 1/3 = 8 meses de detenção, mais a suspensão do direito de dirigir. Crime continuado (Art. 71 do CP) Art. 71. “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições do tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticos, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.” A continuidade delitiva possui os seguintes requisitos: (1) mais de um crime da mesma espécie; (2) mais de uma ação; e (3) necessidade de que os crimes posteriores, levando- se em consideração as condições de tempo, lugar, maneira de execução, dentre outros, sejam considerados como uma continuação do primeiro crime. Apesar de o agente praticar mais de um crime, entende-se, para fins de aplicação da pena, que se trata de um único crime, pois estarão unidos pela semelhança de determinadas circunstâncias. A figura do crime continuado do caput do artigo 71 do Código penal constitui um favor legal ao agente que comete vários delitos. Cumpridas as condições do mencionado dispositivo, os fatos serão considerados crime único por razões de política criminal, sendo apenas agravada a pena de um deles, se idênticos, ou do mais grave, se diversos, à fração de 1/6 a 2/3. O reconhecimento de tal modalidade exige uma pluralidade de condutas sucessivas no tempo, que ocorrem de forma periódica e se constituem em delitos da mesma espécie (ofende o mesmo bem jurídico tutelado pela norma – não se exigindo a prática de crimes idênticos). O artigo 71, parágrafo único, do Código Penal possibilita que a pena a ser aplicada a um só dos crimes, se idênticos, ou a mais grave, se diferentes, seja aumentada até o triplo, desde que os crimes sejam dolosos, praticados contra vítimas diferentes, tenham sido cometidos com violência ou grave ameaça, bem como levando em consideração a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos e as circunstâncias, ou seja, a maior parte das circunstâncias que o juiz deve se atentar para a fixação da pena (artigo 69 do Código Penal). É o caso do indivíduo que é preso após cometer vários furtos, o qual agia sempre da mesma forma. A pena do furto é de 1 a 4 anos, na hipótese da prática de 50 furtos e aplicação da pena máxima em cada um, não seria interessante para o Estado o cumprimento de 4x50=200 anos de pena aplicada ao condenado, o que feriria também o princípio da ressocialização do apenado.
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