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Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
1 
 
MATERIAL DE APOIO 
DOS CONTRATOS 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
 
NOÇÃO GERAL 
CONCEITO 
O contrato é a mais comum e a mais importante fonte de obrigação, devido às suas 
múltiplas formas e inúmeras repercussões no mundo jurídico. 
O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da 
participação de pelo menos duas partes. É, portanto, negócio jurídico bilateral ou plurilateral. 
O contrato é, pois, “um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade 
de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos. 
O Código Civil brasileiro de 2002 disciplina, em vinte capítulos, vinte e três espécies de 
contratos nominados (arts. 481 a 853) e cinco de declarações unilaterais da vontade (arts. 854 
a 886 e 904 a 909), além dos títulos de crédito, tratados separadamente (arts. 887 a 926). 
Contém ainda um título referente às obrigações por atos ilícitos (“Da Responsabilidade Civil”, 
arts. 927 a 954). 
 
 
FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO 
O Código Civil de 2002 procurou afastar-se das concepções individualistas que 
nortearam o diploma anterior para seguir orientação compatível com a socialização do direito 
contemporâneo. O princípio da socialidade por ele adotado reflete a prevalência dos valores 
coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana. 
Nessa consonância, dispõe o art. 421 do Código Civil: 
“A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do 
contrato”. 
A concepção social do contrato apresenta-se, modernamente, como um dos pilares da 
teoria contratual. Por identidade dialética guarda intimidade com o princípio da “função social 
da propriedade” previsto na Constituição Federal. Tem por escopo promover a realização de 
uma justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes. 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
2 
 
A função social do contrato constitui, assim, princípio moderno a ser observado pelo 
intérprete na aplicação dos contratos. 
Não existe uma definição legal da função social do contrato. Possivelmente esse 
princípio foi inspirado no art. 5º, XXIII, da CF que limita o direito de propriedade ao atendimento 
de sua função social. Tem-se o entendimento de que deve prevalecer o interesse coletivo 
sobre os interesses dos contratantes. 
Segundo o ensinamento de Flávio Tartuce “a função social dos contratos pode ser 
conceituada como sendo um princípio contratual, de ordem pública, pelo qual o contrato deve 
ser, necessariamente, visualizado e interpretado de acordo com o contexto da sociedade” 
(Direito Civil – Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie, 7ª edição, p.65). 
 
 
CONDIÇÕES DE VALIDADE DO CONTRATO 
Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou 
extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como os de sua validade. 
Se os possui, é válido e dele decorrem os mencionados efeitos, almejados pelo agente. Se, 
porém, falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito jurídico em 
questão e é nulo ou anulável. 
 
Requisitos subjetivos 
Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies: 
a) de ordem geral, comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a capacidade do 
agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou não 
defesa em lei (CC, art. 104); 
b) de ordem especial, específico dos contratos: o consentimento recíproco ou acordo 
de vontades. 
Os requisitos de validade do contrato podem, assim, ser distribuídos em três grupos: 
subjetivos, objetivos e formais. 
 
Os requisitos subjetivos consistem: 
a) na manifestação de duas ou mais vontades e capacidade genérica dos contraentes; 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
3 
 
b) na aptidão específica para contratar; 
 c) no consentimento. 
 
a) Capacidade genérica – A capacidade genérica dos contratantes (que podem ser duas ou mais 
pessoas, visto constituir o contrato um negócio jurídico bilateral ou plurilateral) é o primeiro 
elemento ou condição subjetiva de ordem geral para a validade dos contratos. 
Estes serão nulos (CC, art. 166, I) ou anuláveis (art. 171, I), se a incapacidade, absoluta 
ou relativa, não for suprida pela representação ou pela assistência (CC, arts. 1.634, V, 1.747, I, 
e 1.781). 
 
b) Aptidão específica para contratar – Além da capacidade geral, exige a lei a especial para 
contratar. Algumas vezes, para celebrar certos contratos, requer-se uma capacidade especial, 
mais intensa que a normal, como ocorre na doação, na transação, na alienação onerosa, que 
exigem a capacidade ou poder de disposição das coisas ou dos direitos que são objeto do 
contrato. 
 
c) Consentimento – O requisito de ordem especial, próprio dos contratos, é o consentimento 
recíproco ou acordo de vontades. 
O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua validade afetada 
pelos vícios ou defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude. 
A manifestação da vontade, nos contratos, pode ser tácita, quando a lei não exigir que seja 
expressa (CC, art. 111). 
Não havendo na lei tal exigência, vale a manifestação tácita, que se infere da conduta 
do agente. Nas doações puras, por exemplo, muitas vezes o donatário não declara que aceita o 
objeto doado, mas o seu comportamento (uso, posse, guarda) demonstra a aceitação. 
 
 
Requisitos objetivos 
Os requisitos objetivos dizem respeito ao objeto do contrato, que deve ser lícito, 
possível, determinado ou determinável (CC, art. 104). A validade do contrato depende, assim, 
da: 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
4 
 
 
a) Licitude de seu objeto – Objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons 
costumes. Objeto imediato do negócio é sempre uma conduta humana e se denomina 
prestação: dar, fazer ou não fazer. 
Quando o objeto jurídico do contrato é imoral, os tribunais por vezes aplicam o princípio 
de direito de que ninguém pode valer-se da própria torpeza (nemo auditur propriam 
turpitudinem allegans). 
 
b) Possibilidade física ou jurídica do objeto – O objeto deve ser, também, possível. Quando 
impossível, o negócio é nulo (CC, art. 166, II). A impossibilidade do objeto pode ser física ou 
jurídica. 
 
c) Determinação de seu objeto – O objeto do negócio jurídico deve ser, igualmente, 
determinado ou determinável (indeterminado relativamente ou suscetível de determinação no 
momento da execução). Admite-se, assim, a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo 
gênero e pela quantidade (CC, art. 243), que será determinada pela escolha, bem como a venda 
alternativa, cuja indeterminação cessa com a concentração (CC, art. 252). 
Embora não mencionado expressamente na lei, a doutrina exige outro requisito objetivo 
de validade dos contratos: o objeto do contrato deve ter algum valor econômico. Um grão de 
areia, por exemplo, não interessa ao mundo jurídico, por não ser suscetível de apreciação 
econômica. A sua venda, por não representar nenhum valor, é indiferente ao direito, pois tão 
irrisória quantidade jamais levaria o credor a mover uma ação judicial para reclamar do devedor 
o adimplemento da obrigação. 
 
 
Requisitos formais 
O terceiro requisito de validade do negócio jurídico é a forma (forma dat esse rei, ou 
seja, a forma dá ser às coisas), que é o meio de revelação da vontade. Deve sera prescrita ou 
não defesa em lei. 
Há dois sistemas no que tange à forma como requisito de validade do negócio jurídico: 
o consensualismo, da liberdade de forma, e o formalismo ou da forma obrigatória. 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
5 
 
No direito brasileiro a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por 
escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior 
segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O 
consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção. 
Dispõe, com efeito, o art. 107 do Código Civil: 
“A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando 
a lei expressamente a exigir”. 
É nulo o negócio jurídico quando “não revestir a forma prescrita em lei” ou “for preterida 
alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade” (CC, art. 166, IV e V). Em 
alguns casos a lei reclama também a publicidade, mediante o sistema de Registros Públicos (CC, 
art. 221). Cumpre frisar que o formalismo e a publicidade são garantias do direito. 
Podem ser distinguidas três espécies de formas: livre, especial ou solene e contratual. 
a) Forma livre – É a predominante no direito brasileiro (CC, art. 107). É qualquer meio de 
manifestação da vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei (palavra escrita ou falada, 
escrito público ou particular, gestos, mímicas etc.). 
 
b ) Forma especial ou solene – É a exigida pela lei, como requisito de validade de determinados 
negócios jurídicos. Em regra, a exigência de que o ato seja praticado com observância de 
determinada solenidade tem por finalidade assegurar a autenticidade dos negócios, garantir a 
livre manifestação da vontade, demonstrar a seriedade do ato e facilitar a sua prova. 
 
c ) Forma contratual – É a convencionada pelas partes. O art. 109 do Código Civil dispõe que, 
“no negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da 
substância do ato”. Os contratantes podem, portanto, mediante convenção, determinar que o 
instrumento público se torne necessário para a validade do negócio. 
 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL 
O direito contratual rege-se por diversos princípios, alguns tradicionais e outros 
modernos. Os mais importantes são os: da autonomia da vontade, da supremacia da ordem 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
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pública, do consensualismo, da relatividade dos efeitos, da obrigatoriedade, da revisão ou 
onerosidade excessiva e da boa-fé. 
 
Princípio da autonomia da vontade 
O princípio da autonomia da vontade se alicerça exatamente na ampla liberdade 
contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de 
vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. 
Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do 
Estado. Podem celebrar contratos nominados ou fazer combinações, dando origem a contratos 
inominados. 
A liberdade contratual é prevista no art. 421 do atual Código Civil, “A liberdade de 
contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. 
Preceitua ainda o art. 425: “É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as 
normas gerais fixadas neste Código”. 
 
 
Princípio da supremacia da ordem pública 
O princípio da autonomia da vontade não é absoluto. É limitado pelo princípio da 
supremacia da ordem pública, que resultou da constatação, feita no início do século passado e 
em face da crescente industrialização, de que a ampla liberdade de contratar provocava 
desequilíbrios e a exploração do economicamente mais fraco. 
Compreendeu-se que, se a ordem jurídica prometia a igualdade política, não estava 
assegurando a igualdade econômica. Em alguns setores fazia-se mister a intervenção do Estado, 
para restabelecer e assegurar a igualdade dos contratantes. 
Surgiram os movimentos em prol dos direitos sociais e a defesa destes. Começaram, 
então, a ser editadas leis destinadas a garantir, em setores de vital importância, a supremacia 
da ordem pública, da moral e dos bons costumes, podendo ser lembradas, entre nós, as diversas 
leis do inquilinato, a Lei da Usura, a Lei da Economia Popular, o Código de Defesa do Consumidor 
e outros. 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
7 
 
A intervenção do Estado na vida contratual é, hoje, tão intensa em determinados 
campos (telecomunicações, consórcios, seguros, sistema financeiro etc.) que se configura um 
verdadeiro dirigismo contratual. 
 
 
Princípio do consensualismo 
De acordo com o princípio do consensualismo, basta, para o aperfeiçoamento do 
contrato, o acordo de vontades, contrapondo-se ao formalismo e ao simbolismo que vigoravam 
em tempos primitivos. 
Decorre ele da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, do acordo 
de vontades, independentemente da entrega da coisa. 
A compra e venda, por exemplo, quando pura, torna-se perfeita e obrigatória, desde 
que as partes acordem no objeto e no preço (CC, art. 482). O contrato já estará perfeito e 
acabado desde o momento em que o vendedor aceitar o preço oferecido pela coisa, 
independentemente da entrega desta. O pagamento e a entrega do objeto constituem outra 
fase, a do cumprimento das obrigações assumidas pelos contratantes (CC, art. 481). 
No direito brasileiro a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por 
escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior 
segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular (CC, art. 107). O 
consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção. Os contratos são, pois, em 
regra, consensuais. 
 
 
Princípio da relatividade dos efeitos do contrato 
Funda-se tal princípio na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação 
às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não 
afetando terceiros nem seu patrimônio. 
Mostra-se ele coerente com o modelo clássico de contrato, que objetivava 
exclusivamente a satisfação das necessidades individuais e que, portanto, só produzia efeitos 
entre aqueles que o haviam celebrado, mediante acordo de vontades. 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
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O atual Código Civil, que não concebe mais o contrato apenas como instrumento de 
satisfação de interesses pessoais dos contraentes, mas lhe reconhece uma função social, como 
já foi dito. Tal fato tem como consequência, por exemplo, possibilitar que terceiros que não são 
propriamente partes do contrato possam nele influir, em razão de serem direta ou 
indiretamente por ele atingidos. 
Não resta dúvida de que o princípio da relatividade dos efeitos do contrato, embora 
ainda subsista, foi bastante atenuado pelo reconhecimento de que as cláusulas gerais, por 
conterem normas de ordem pública, não se destinam a proteger unicamente os direitos 
individuais das partes, mas tutelar o interesse da coletividade, que deve prevalecer quando em 
conflito com aqueles. 
 
 
Princípio da obrigatoriedade dos contratos ( pacta sunt servanda) 
O princípio em epígrafe, também denominado princípio da intangibilidade dos 
contratos, representa a força vinculante das convenções. Daí por que é também chamado de 
princípio da força vinculante dos contratos. 
Pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar. A ordem 
jurídica concede a cada um a liberdade de contratar e definir os termos eobjeto da avença. 
Os que o fizerem, porém, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo, não 
podendo se forrarem às suas consequências, a não ser com a anuência do outro contraente. 
Como foram as partes que escolheram os termos do ajuste e a ele se vincularam, não cabe ao 
juiz preocupar-se com a severidade das cláusulas aceitas, que não podem ser atacadas sob a 
invocação dos princípios de equidade. 
O princípio da força obrigatória do contrato significa, em essência, a irreversibilidade da 
palavra empenhada. 
Uma vez aplicado o princípio, veda-se a qualquer das partes contratantes alterar 
unilateralmente qualquer das cláusulas assumidas. 
Mas, em casos excepcionais, permite-se modificar o conteúdo contratual para fazer 
prevalecer os princípios da função social e da boa-fé objetiva, ou, então, para aplicar a chamada 
teoria da imprevisão (CC, arts. 478 a 480). 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
9 
 
Outra exceção está prevista no Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 49, pois 
permite ao consumidor, desistir do contrato no prazo de 7 dias, a contar da assinatura ou do 
ato do recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação ocorrer fora do 
estabelecimento comercial, especialmente por telefone e a domicílio. 
Às vezes, outra exceção pode ocorrer, afastando-se do princípio da obrigatoriedade do 
contrato quando o descumprimento do contrato é justificado por caso fortuito ou força maior. 
 
 
Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva 
Opõe-se tal princípio ao da obrigatoriedade, pois permite aos contraentes recorrerem 
ao Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em 
determinadas situações. 
A teoria recebeu o nome de rebus sic stantibus e consiste basicamente em presumir, 
nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita (não 
expressa) de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a 
inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de 
acontecimentos extraordinários (uma guerra, p. ex.), que tornem excessivamente oneroso para 
o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial 
ou totalmente. 
Entre nós, a teoria em tela foi adaptada e difundida por ARNOLDO MEDEIROS DA 
FONSECA, com o nome de teoria da imprevisão, em sua obra Caso fortuito e teoria da 
imprevisão. Assim, não era mais suficiente a ocorrência de um fato extraordinário, para 
justificar a alteração contratual. Passou a ser exigido que fosse também imprevisível. 
A teoria da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou revisão 
forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma 
das partes tornar-se exageradamente onerosa – o que, na prática, é viabilizado pela aplicação 
da cláusula rebus sic stantibus, inicialmente referida. 
 
O Código de 2002 dedicou uma seção, composta de três artigos, à resolução dos 
contratos por onerosidade excessiva. 
Dispõe, com efeito, o art. 478 do referido diploma: 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
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“Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se 
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de 
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. 
Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”. 
Prescreve, por sua vez, o art. 479 do Código Civil: “A resolução poderá ser evitada, 
oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato”. 
Estatui, ainda, o art. 480 do mesmo diploma: “Se no contrato as obrigações couberem a 
apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o 
modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva”. 
Este dispositivo, aplicável aos contratos unilaterais, permite que o pedido não resulte 
necessariamente na resolução do contrato, mas se converta em um reajuste equitativo da 
contraprestação. A revisão deve ser escolhida como objetivo preferencial, só admitida pelo juiz 
a resolução se aquela malograr. 
Malgrado o retrotranscrito art. 478 do Código Civil, concernente aos contratos bilaterais, 
permita somente a resolução do contrato, e não a sua revisão, esta pode, todavia, ser pleiteada 
com base no art. 317 do mesmo diploma, que estatui: “Quando, por motivos imprevisíveis, 
sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua 
execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o 
valor real da prestação”. 
Muito embora este dispositivo, tendo em vista a sua localização, possa, num primeiro 
momento, dar a ideia de que sua finalidade foi apenas a de proteger o credor da prestação que 
se desvalorizou, na verdade “a regra se aplica para os dois lados: a desproporção manifesta 
pode ser tanto pela desvalorização do bem a ser prestado (desvalorização da moeda pela 
inflação, p. ex.), como pela superveniente desvalorização excessiva da prestação, quebrando a 
proporcionalidade entre a que fora convencionada e a que agora deve ser cumprida, em 
prejuízo do devedor”. 
Em realidade, com base nas cláusulas gerais sempre se poderá encontrar fundamento 
para a revisão ou a extinção do contrato em razão de fato superveniente que desvirtue sua 
finalidade social, agrida as exigências da boa-fé e signifique o enriquecimento indevido para 
uma das partes, em detrimento da outra. 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
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Assim, em resumo, as modificações supervenientes que atingem o contrato podem 
ensejar pedido judicial de revisão do negócio jurídico, se ainda possível manter o vínculo com 
modificações nas prestações (arts. 317 e 479 do CC), ou de resolução, nos termos dos arts. 317 
e 478, a ser apreciado tendo em conta as cláusulas gerais sobre o enriquecimento injusto (art. 
884), a boa-fé (art. 422) e o fim social do contrato (art. 421), se houver modificação da base do 
negócio que signifique quebra insuportável da equivalência ou a frustração definitiva da 
finalidade contratual objetiva 
 
 
Princípio da boa-fé e da probidade 
O art. 422 do CC dispõe: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão 
do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. 
A boa-fé pode ser dividida em: 
Objetiva, ou concepção ética da boa-fé; segundo alguns doutrinadores. 
Subjetiva, ou concepção psicológica da boa-fé. 
 
Objetiva – devem os contratantes, segundo o princípio objetivo agir corretamente na 
celebração dos contratos, nos padrões do homem comum, de acordo com os usos e costumes 
do lugar. Os contratantes devem agir com probidade, honestidade e lealdade. 
A Jornada STJ 26 define a boa-fé objetiva como a exigência de comportamento leal dos 
contratantes. 
No mencionado dispositivo legal (CC, art. 422), o legislador acrescentou a probidade, 
que segundo Carlos Roberto Gonçalves: “nada mais é senão um dos aspectos objetivos do 
princípio da boa-fé podendo ser entendida como a honestidade de proceder ou a maneira 
criteriosa de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos à pessoa”. 
Quando esse princípio não é obedecido, é possível a intervenção judicial no contrato. A 
Jornada STJ 26 diz que “a cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz 
interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, 
entendida como a exigência de comportamentoleal dos contratantes”. 
O princípio da boa-fé objetiva, segundo a doutrina é aplicável: 
a – na fase pré-contratual; 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
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b – na fase da formação do contrato; 
c – na fase da execução do contrato; 
d – na fase pós-contratual, isto é, após o término da execução do contrato. 
O entendimento tem como base a Jornada STJ 25: “O art. 422 do Código Civil não 
inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. 
Tal princípio, isto é o da boa-fé objetiva está previsto no Código de Defesa do 
Consumidor, ao que parece visando amparar a parte mais vulnerável no contrato: a) a oferta 
deve conter a informação ou publicidade suficientemente precisa (art. 30 do CDC); b) o 
fornecedor deve assegurar ao consumidor o conhecimento prévio do conteúdo do contrato 
(art. 46 do CDC); c) o fornecedor deve garantir a continuidade da oferta de componentes e 
peças de reposição, após o contrato de aquisição do produto (art. 32 do CDC), etc. 
Maria Helena Diniz destaca que “pelo art. 51, I a XVI, do CDC, em caso de relação de 
consumo, haverá nulidade de pleno direito das cláusulas abusivas desleais ou leoninas, como, 
p.ex., as que: a) exonerarem ou atenuarem a responsabilidade do fornecedor por vícios dos 
produtos e serviços ou transferirem sua responsabilidade a terceiro; b) prescreverem inversão 
do ônus da prova em prejuízo do consumidor; c) deixarem ao fornecedor a opção de concluir 
ou não o contrato, embora obrigando o consumidor; d) autorizarem o fornecedor a cancelar, 
modificar o contrato ou a variar o preço unilateralmente; e) possibilitarem a renúncia do direito 
de indenização por benfeitorias necessárias”. (Curso de Direito Civil Brasileiro, 3. Teoria das 
Obrigações Contratuais e Extracontratuais, 25ª edição, p.34). 
Exemplo típico da pessoa que infringe a boa-fé objetiva: na venda de seu veículo, omite 
abalroamento ou colisão; omite se foi danificado por qualquer motivo. 
Exemplos extraídos da jurisprudência: 
 a) – STJ, REsp.250.523-SP, 4ª T., rel. Rosado de Aguiar: “Conta corrente. Apropriação 
do saldo. Age com abuso de direito e viola a boa-fé o banco que, invocando cláusula contratual 
constante do contrato de financiamento, cobra-se lançando mão do numerário depositado pela 
correntista em conta destinada ao pagamento dos salários de seus empregados, cujo numerário 
teria sido obtido junto ao BNDES”. 
b) – STJ, Ag. 47.901-SP, 4ª T, rel. Min. Rosado de Aguiar “ Responsabilidade civil. 
Estacionamento. Relação contratual de fato. Dever de proteção derivado da boa-fé. Furto de 
veículo. O estabelecimento bancário que põe à disposição dos seus clientes uma área para 
 
Direito Civil IV – Contratos – Profª. Ma. Fabiana de Souza 
 
 
 
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estacionamento dos veículos assume o dever, derivado do princípio da boa-fé objetiva, de 
proteger os bens e a pessoa do usuário”. 
 
Subjetiva – ou concepção psicológica da boa-fé, segundo alguns doutrinadores, “Diz respeito 
ao conhecimento ou à ignorância da pessoa relativamente a certos fatos, sendo levada em 
consideração pelo direito, para os fins específicos da situação regulada. Serve à proteção 
daquele que tem a consciência de estar agindo conforme o direito apesar de ser outra a 
realidade”. 
Basicamente esse princípio (subjetivo) está voltado para uma crença ou ignorância. A 
boa-fé subjetiva acredita, por força de crer, que está agindo corretamente, quando por exemplo 
ignora estar prejudicando interesse alheio. 
 
 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE 
A manifestação da vontade é considerada o requisito essencial para a celebração do 
contrato. Trata-se do consentimento dos sujeitos para que não ocorra dúvidas a respeito da 
manifestação da vontade das partes contratantes. 
A manifestação pode ser expressa quando o contratante declara de forma escrita ou 
falada e até esmo por gestos, como ocorre p.ex., em leilão, quando o licitante, com um sinal, 
revela o seu propósito de oferecer o maior lance. A propósito o art. 107 do CC dispõe que a 
declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a 
exigir. 
A manifestação tácita deriva das circunstâncias em que as partes demonstram de forma 
inequívoca a vontade de contratar. Ex.: vencido o prazo da locação de imóvel urbano, o 
inquilino nele permanece, sem qualquer resistência do proprietário (este, portanto, concordou, 
de forma tácita, com a prorrogação do contrato de locação). 
Quanto ao silêncio é de se ressaltar, que normalmente não constitui declaração de 
vontade tácita. Porém, em casos excepcionais esse silêncio pode vincular a parte. 
 
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Implica em consentimento, quando a lei atribui ao silêncio o efeito vinculativo. Ex.: na 
doação pura, o silêncio do donatário caracteriza aceitação (CC, art. 539). 
Dispõe o art. 111 do CC que: “o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou 
os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa”. 
Na formação dos contratos, existem fases ou etapas, que a doutrina identifica em: 
a) negociações preliminares ou tratativas; 
b) proposta; 
c) aceitação. 
 
 
NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES 
Nessa fase, que a doutrina costuma chama-la de pré-contratual, surgem apenas 
discussões e sondagens, em que as partes procuram estabelecer suas condições para, a final 
chegar ao contrato. Não há necessidade de qualquer documento, mas as partes interessadas 
podem elaborar um esboço, denominado de minuta, em cujo documentos as partes expressam 
suas condições e ideias a respeito do possível negócio ou contrato a ser celebrado. Não se trata 
de nenhum contrato ou acordo de vontades, mas de negociações preliminares visando a futura 
contratação. 
Nessa fase, muito embora os interessados tenham feito a minuta, não há nenhuma 
vinculação, uma vez que o contrato só pode ocorrer depois do ajuste final entre as partes 
contratantes. 
É possível, portanto, que uma das partes não demonstre interesse no prosseguimento 
do negócio e abandone essa fase e não fica obrigado a indenizar a outra, exceto se age de má-
fé, uma vez que nessa etapa já vigora o princípio da boa-fé contratual; e a parte, ainda, infringe 
a função social do contrato, de tal sorte que a parte abandona sofra dano em razão da 
expectativa de celebração do contrato. 
 
 
PROPOSTA 
 
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Proposta, oferta, policitação ou oblação “é uma declaração receptícia de vontade, 
dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar um contrato), por força da qual 
a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”. 
Quem faz a proposta é chamado de proponente ou, classicamente, policitante. 
Aquele a quem ela se dirige é chamado de oblato. 
Representa ela o impulso decisivo para a celebração do contrato, consistindo em uma 
declaração de vontade definitiva. Distingue-se nesse ponto das negociações preliminares, que 
não têm esse caráter e não passam de estudos e sondagens, sem força obrigatória. 
Aquela, ao contrário, cria no aceitante a convicção do contrato em perspectiva, levando-
o à realização de projetos e às vezes de despesas e à cessação de alguma atividade. Por isso, 
vincula o policitante, que responde por todas essas consequências, se injustificadamente 
retirar-se do negócio. 
A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como 
preço, quantidade, tempode entrega, forma de pagamento etc. Deve também ser séria e 
consciente, pois vincula o proponente (CC, art. 427). Deve ser, ainda, clara, completa e 
inequívoca, ou seja, há de ser formulada em linguagem simples, compreensível ao oblato, 
mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao esclarecimento do 
destinatário e representando a vontade inquestionável do proponente. 
A oferta é um negócio jurídico receptício, pois a sua eficácia depende da declaração do 
oblato. Não tem, entretanto, força absoluta, gerando desde logo direitos e obrigações. Não se 
pode assim dizer que equivale ao contrato. Não perde o caráter de negócio jurídico receptício 
se for endereçada não a uma pessoa determinada, mas assumir a forma de oferta aberta ao 
público, como nos casos de mercadorias expostas em vitrinas, feiras ou leilões com o preço à 
mostra, bem como em licitações e tomadas de preços para contratação de serviços e obras. 
O art. 429 do atual Código Civil declara que “a oferta ao público equivale a proposta 
quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das 
circunstâncias ou dos usos”. Em geral entende-se que é limitada ao estoque existente. 
Acrescenta o parágrafo único que “pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua 
divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada”. A oferta aberta ao 
público vale como proposta obrigatória, pois, quando contém todos os elementos essenciais do 
contrato. 
 
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Não se deve confundir a proposta com as negociações preliminares. Na proposta as 
partes já revelam a vontade definitiva de contratar, ao passo que as negociações preliminares 
estão as apenas as ideias e sondagens das partes, sem qualquer obrigatoriedade ou vínculo. 
 De regra, a proposta é irrevogável, daí o que a doutrina denomina de princípio da 
irrevogabilidade da proposta, ou a força vinculante da oferta. 
Assim dispõe o art. 427 do CC: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o 
contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso”. 
 Mesmo a morte ou interdição do proponente não tem o poder de revogar a proposta, 
exceto se se tratar de contrato personalíssimo (“intuitu personae”), que se caracteriza pela 
obrigação de fazer personalíssima. Os herdeiros ou sucessores devem responder pelo 
cumprimento da proposta, quando se tratar de proposta que não se enquadra no caso de 
contrato personalíssimo. 
 A regra do art. 427 do CC não é absoluta; comporta exceções previstas nesse 
dispositivo: “se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das 
circunstâncias do caso”. 
 O primeiro caso (se o contrário não resultar dos termos dela) é quando o proponente 
declara que a proposta não é definitiva e tem a faculdade de retirá-la. 
 Em segundo lugar, “a proposta não obriga o proponente em razão da natureza do 
negócio. É o caso, por exemplo, das chamadas propostas abertas ao público, que se consideram 
limitas ao estoque existente e encontram-se reguladas no art. 429 do atual diploma”. 
 E, por último, ainda “a oferta não vincula o proponente em razão das circunstâncias do 
caso, mencionadas no art. 428 do CC. Não são, portanto, circunstâncias quaisquer, mas aquelas 
a que a lei confere esse efeito. O referido dispositivo declara que a proposta deixa de ser 
obrigatória: 
 
“ I – Se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita...” . 
 
 Quando o solicitado responde que irá estudar a proposta feita por seu interlocutor, 
poderá este retira-la. É “pegar ou largar”, e se o oblato não responde logo, dando pronta 
aceitação, caduca a proposta, liberando-se o proponente. Considera-se também presente – 
 
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aduz o dispositivo em tela – “a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação 
semelhante”. 
Presente, portanto, é aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo que por 
algum outro meio mais moderno de comunicação a distância, e não só por telefone, e ainda 
que os interlocutores estejam em cidades, Estados ou países diferentes. Se a comunicação 
entre as partes é feita pela Internet, estando ambas em contato simultâneo, a hipótese merece 
o mesmo tratamento jurídico conferido às propostas feitas por telefone, por se tratar de 
comunicação semelhante, só se tornando obrigatória a policitação se for imediatamente aceita. 
Todavia, o mesmo não deve suceder com a proposta feita por via de e-mail, não estando 
ambos os usuários da rede simultaneamente conectados”. 
 
“ II – Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar 
a resposta ao conhecimento do proponente”. 
 
 Cuida de oferta enviada por corretor ou correspondência, a pessoa ausente. Uma 
pessoa não é considerada ausente, para esse fim, por se encontrar distante do outro 
contratante, visto que são considerados presentes os que contratam por telefone, mas sim 
devido à inexistência de contato direto. Para os fins legais, são considerados ausentes os que 
negociam mediante troca de correspondência ou intercâmbio de documentos. 
 O prazo suficiente para a resposta varia conforme as circunstâncias. É o necessário ou 
razoável para que chegue ao conhecimento do proponente e denomina-se prazo moral. Entre 
moradores próximos não deve ser muito longo. Diferente será o entendimento se os partícipes 
do negócio residirem em locais distantes e de acesso difícil e demorado. 
 
“ III – Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo 
dado”. 
 
Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar pelo seu término. 
Esgotado, sem resposta, estará o proponente liberado, não prevalecendo a proposta 
feita. 
 
 
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“ IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a 
retratação do proponente”. 
 
 Malgrado a força obrigatória da proposta, a lei permite ao proponente a faculdade de 
retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Todavia, para que se desobrigue, 
e não se sujeite às perdas e danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do 
aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela. 
 Por exemplo: antes que o mensageiro entregue a proposta ao outro contratante, o 
ofertante entende-se diretamente com ele, por algum meio rápido de comunicação, 
retratando-se. A proposta, in casu, não chegou a existir juridicamente, porque retirada a 
tempo”. 
 
 
ACEITAÇÃO 
 Significa que aquele a quem a proposta foi dirigida aceitou integralmente a oferta e com 
a adesão transforma-se em contrato. Essa aceitação deve ser pura e simples, mas segundo o 
disposto no art. 431 do CC se aceitação ocorrer fora do prazo, com aditamentos, restrições ou 
modificações, “importará nova proposta”, o que a doutrina denomina de contraproposta. 
 A parte pode declarar expressamente que aceita os termos da proposta. Tem-se então 
a aceitação expressa. Ao lado dessa aceitação, tem-se aquela chamada de aceitação tácita que 
o art. 432 do CC prevê: a) quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação 
expressa; b) ou quando o proponente a tiver dispensado. 
 Exemplos: um fornecedor costuma remeter os seus produtos a determinado 
comerciante, e este, sem confirmar os pedidos, efetua os pagamentos, instaura-se uma praxe 
comercial. Se o último, em dado momento, quiser interrompê-la, terá de avisar previamenteo 
fornecedor, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova remessa, nas mesmas bases das 
anteriores. 
Costuma-se mencionar, como exemplo da situação descrita na letra “b”, a hipótese do 
turista que remete um fax a determinado hotel, reservando acomodações, informando que a 
chegada se dará em tal data, se não receber aviso em contrário. Não chegando a tempo a 
negativa, reputar-se-á concluído o contrato”. 
 
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 O Código Civil prevê duas situações que a aceitação não se torna obrigatória. 
 A primeira, no art. 430, 1ª parte do Código Civil: se aceitação chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, embora tenha sido expedida em tempo previsto pelas partes. 
Nessas condições o proponente deve comunicar imediatamente ao aceitante, sob de responder 
por perdas e danos (CC, art. 430, 2ª parte). 
 A segunda está prevista no art. 433 do CC. A exemplo da proposta, o aceitante, 
também, pode se retratar, mas para a sua validade determina que essa retratação chegue ao 
conhecimento do proponente antes da aceitação. 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
 Podemos classificar os contratos em várias espécies: 
Contratos Consensuais – aqueles que se aperfeiçoam com o simples acordo de 
vontades. Não há necessidade de entrega da coisa. Ex.: contratos de compra e venda de um 
móvel, contrato de locação, etc. 
 
Contratos Reais – para seu aperfeiçoamento há necessidade da entrega da coisa, isto é, 
da tradição do bem. Ex.: contratos de depósito, de mútuo, de comodato, etc. 
 
Contratos Solenes – a lei exige uma forma especial para sua validade. A doutrina chama-
os de contratos formais. Ex.: contratos de compra e venda de bem imóvel, permuta de imóveis, 
doação de imóveis (há necessidade da escritura pública); contratos de seguro, fiança (há 
necessidade da forma escrita). 
 
Contratos Não-solenes – basta o acordo de vontades entre as partes, 
independentemente de forma especial. São chamados de contratos não-formais, ou informais. 
Ex.: contratos de locação, de comodato (não há exigência de forma especial para seu 
aperfeiçoamento). 
 
 
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Contratos Unilaterais – apenas uma das partes assume obrigação em relação à outra 
parte. Ex.: contratos de doação (pura), de mandato, de depósito, etc. 
 
Contratos Bilaterais – as duas partes assumem obrigações. Ex.: contratos de compra e 
venda, de locação, de permuta, etc. 
 
Contratos Onerosos – as duas partes são contempladas com benefícios e ônus. Ex.: 
contratos de compra e venda, locação, etc. (obs: todo contrato bilateral é oneroso). 
 
Contratos Gratuitos – apenas uma das partes fica com o ônus e a outra com o benefício. 
Ex.: contratos de doação (pura), comodato, etc. 
Nos contratos onerosos há responsabilidade pela evicção e pelos vícios redibitórios, o 
mesmo não ocorrendo com os contratos gratuitos. 
Contratos Comutativos – os contratantes sabem, antecipadamente, as vantagens e 
desvantagens do negócio. As prestações não variam e são equivalentes. Ex.: contratos de 
compra e venda, de permuta, de locação. 
 
Contratos Aleatórios – quando a prestação pode variar, para uma das partes, 
dependendo da incerteza de certo evento. Ex.: contratos de seguro, jogo, aposta. O objeto de 
contrato está vinculado a ideia de risco. 
 
Contratos Principais (ou independentes) – não dependem de outro contrato. Têm 
existência autônoma. Ex.: contratos de compra e venda, permuta, doação, etc. 
 
Contratos Acessórios (ou dependentes) - dependem de outro contrato para sua 
existência, para seu aperfeiçoamento. Procuram assegurar a execução de outro contrato. Ex.: 
contratos de fiança. 
OBS: convém lembrar: parte final do art. 184 do CC.: a invalidade da obrigação principal, 
invalida a obrigação acessória; mas a invalidade da acessória não provoca necessariamente a 
invalidação da obrigação principal. 
 
 
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Contratos Nominados (ou típicos) – têm designação própria. Reconhece-se pelo nome 
que se dá ao contrato. Ex.: contratos de compra e venda, de locação, de troca, de doação, etc. 
 
Contratos Inominados (ou atípicos) – São contratos que não têm nomes próprios; as 
partes, com base no princípio da autonomia da vontade, criam esses contratos, uma vez 
observadas as regras do Código Civil, na forma disposta no art. 425. Ex: contrato de prestação 
de serviços, com permuta de bem material. 
 
Contratos de execução instantânea (ou imediata) – são aqueles que as partes cumprem 
em um só ato, ou momento, imediatamente e simultaneamente. Ex: compra e venda de um 
livro à vista. 
Contratos de execução continuada (ou sucessiva) – o cumprimento é feito em 
prestações. Ex: compra e venda de móveis em prestações. 
 
Contratos pessoais – (ou intuitu personae) – são os contratos cuja prestação deve ser 
cumprida pessoalmente pelo contratante-devedor; caracterizam-se pela obrigação de fazer 
infungível. Ex: contratação de um cantor famoso para apresentação em um show. 
 
Contratos impessoais – nessas modalidades, as prestações são cumpridas por qualquer 
pessoa. Caracterizam-se pela obrigação de fazer fungível. Ex: reparos em um carro junto à 
concessionária do veículo. 
 
Contratos preliminares – são aqueles que antecedem os contratos definitivos. Celebram-
se, primeiramente, os preliminares para posteriormente os definitivos. Ex: compromisso 
particular de compra e venda de imóvel, em prestações mensais. 
 
Contratos definitivos – são aqueles que não tem nenhuma dependência em relação a 
qualquer outro contrato. Ex: a escritura pública de compra e venda de imóvel.

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