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F3 - FACULDADE ASSOCIADA BRASIL JUSSARA TOMAZ DA SILVA CRUZ UM DESAFIO DE INCLUSÃO PARA PROFESSORES: ALUNOS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE Polo Itapevi 2018 F3 - FACULDADE ASSOCIADA BRASIL MARINALVA ROSALINO UM DESAFIO DE INCLUSÃO PARA PROFESSORES: ALUNOS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE Monografia apresentada como exigência parcial de avaliação para conclusão do Curso de pós-graduação em Dificuldade de Aprendizagem. Apresentado à F3 - Faculdade Associada Brasil, como requisito parcial à obtenção do título de especialista em Neuropiscopedagogia sob a supervisão do (a) orientador (a) Especialista Maria Barril Rodrigues. Polo Itapevi 2016 F3 - FACULDADE ASSOCIADA BRASIL MARINALVA ROSALINO UM DESAFIO DE INCLUSÃO PARA PROFESSORES: ALUNOS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE APROVADA EM ______/______/_______ BANCA EXAMINADORA _______________________________________ ORIENTADOR _______________________________________ PROFESSOR (A) ________________________________________ PROFESSOR (A) UM DESAFIO DE INCLUSÃO PARA PROFESSORES: ALUNOS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE Polo Itapevi 2016 A Deus, que é digno de toda honra, glória e louvor. A minha família pela força, que não me deixou desistir. Ao meu esposo pelo apoio. Aos meus filhos pela compreensão. A todos que, colaboraram para que eu chegasse até aqui. Rosalino, Marinalva Curso: Curso de pós-graduação em DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM F3 - FACULDADE ASSOCIADA BRASIL Orientação: Páginas: 49 Monografia apresentada como exigência do curso de Pós-Graduação (lato sensu) para obtenção do título de Especialista em DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM Palavras-chave: EDUCAÇÃO – INCLUSÃO - CRIANÇA Agradeço imensamente: A Deus, meu Senhor, que me ajudou em todos os momentos, dando-me condições para fazer desse sonho uma realidade. Aos meus pais, que sempre lutaram incansavelmente, pela minha educação. Aos meus filhos e meu esposo, que com paciência e compreensão soube entender os meus momentos de ausência. Ao corpo docente do Curso de Dificuldade de aprendizagem da F3 - Faculdade Associada Brasil que com a transmissão de seus conhecimentos, fez-me reconhecer que fiz a escolha certa, pela orientação, paciência, atenção e dedicação dispensadas a mim. E a todos aqueles, que com palavras, gestos e orações contribuíram para que eu estivesse aqui. Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade. Paulo Freire RESUMO A presente pesquisa tem como objetivo esclarecer e divulgar mais sobre o TDAH para os profissionais de educação, áreas afins, pais, alunos e familiares no intuito de amenizar o baixo desempenho acadêmico e os altos índices de abandono escolar, dessas crianças, pois além de terem maiores chances de serem repreendidas e castigadas podem ter outros problemas associados que vão dificultar na leitura, na escrita, na comunicação e no relacionamento com os outros. Nesse sentido, descrições sobre o que caracteriza o transtorno, seu percurso histórico, diagnóstico e tratamento são descritos nesse trabalho. Para construção dessa pesquisa vários teóricos subsidiaram-me, como: Barkley (2008); Brown (2007); Mattos (2007); Vicari (2006), dentre tantos outros que foram imprescindíveis, assim como a bagagem construída ao longo da minha formação e as experiências de sala de aula que tornaram tudo isso possível, real e prazeroso. O método adotado para análise dos conteúdos obtidos a partir das informações coletadas por meio de um questionário com quatorze do tipo objetivas e subjetivas, que se dividiam entre o perfil do professor e atuação, aspectos relacionados à formação acadêmica, interações entre aluno e professor e conhecimentos sobre o TDAH. Esses questionários foram aplicados com cinco professores que estavam presentes na Escola Municipal. Diante da análise de dados, observou-se que os professores dessa instituição sabem sobre a existência do transtorno e as características que mais descreve essas crianças, porém ainda não sabem diferenciar o comportamento excessivo dessas crianças de hábitos como má educação ou de força de vontade do aluno, como mesmo foi apontado na pesquisa. Por fim, evidenciou-se a importância de fomentar discussão sobre o modelo de gestão e metodologia usado em sala de aula, pois o estudo revelou a tendência dos professores em atribuir o comportamento inadequado do aluno a causas familiares, emocionais e sociais, esquecendo de refletir sobre outros fatores que poderiam influenciar tais comportamentos. Nesse trabalho também são discutidas questões relacionadas à inclusão, pois essas crianças acabam sendo excluídas do processo de aprendizagem por se acharem incapazes de aprender, de seguir o ritmo da turma, sendo rotuladas de forma negativas e ocasionando nelas sentimento de culpa, de inferioridade, baixa autoestima, desinteresse pelos estudos e ansiedade. Palavras-chaves: TDAH – CRIANÇA – EDUCAÇÃO – PROFESSORES - PAIS ABSTRACT The present research aims to clarify and disseminate more about ADHD to educational professionals, related areas, parents, students and family in order to soften the low academic performance and high dropout rates of these children. Higher chances of being reprimanded and punished may have other associated problems that will hamper reading, writing, communication and relationships with others. In this sense, descriptions about what characterizes the disorder, its history, diagnosis and treatment are described in this study. For the construction of this research several theorists subsidized me, as: Barkley (2008); Brown (2007); Mattos (2007); Vicari (2006), among many others that were essential, as well as the luggage built during my training and the classroom experiences that made all this possible, real and enjoyable. The method adopted to analyze the contents obtained from the information collected through a questionnaire with fourteen of the objective and subjective type, which were divided between the profile of the teacher and performance, aspects related to the academic formation, interactions between student and teacher and knowledge About ADHD. These questionnaires were applied with five teachers who were present at the Municipal School. Faced with data analysis, it was observed that the teachers of this institution know about the existence of the disorder and the characteristics that most describe these children, but still do not know how to differentiate the excessive behavior of these children from habits such as bad education or will power Student, as was pointed out in the research. Finally, the importance of fostering discussion about the management model and methodology used in the classroom was evidenced, since the study revealed the tendency of the teachers to attribute the student's inappropriate behavior to family, emotional and social causes, forgetting to reflect On other factors that could influence such behaviors. In this paper, we also discuss issues related to inclusion, since these children end up being excluded from the learning process because they are unable to learn, to follow the class rhythm, being labeled negatively and causing feelings of guilt, inferiority, low Self-esteem, disinterest in studies and anxiety. Keywords: ADHD - CHILD - EDUCATION - TEACHERS - COUNTRY SUMÁRIO INTRODUÇÃO O presente interesse no tema foi intensificadoquando fiquei impressionada com os depoimentos das pessoas que, quando crianças, eram apelidadas de várias formas estereotipadas tais como: “bicho carpinteiro”, “D Flash”, “No mundo da lua”, “Bagunceiro”, etc.. Isso ocorreu porque provavelmente elas não foram diagnosticadas adequadamente por parte dos profissionais da área de saúde e pelos professores, que, por sua vez não tinham um esclarecimento apropriado para lidar com essas crianças. Assim, em geral, essas dificuldades eram tratadas como se houvesse problemas de disciplina, de interesse ou até mesmo de educação. Hoje sabemos que o TDAH é definido como um transtorno neurobiológico que acontece em crianças, adolescentes e adultos, independente de país de origem, nível socioeconômico, raça ou religião. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neuropsiquiátrico, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde e registrado oficialmente pela Associação Americana de Psiquiatria no manual chamado de Diagnostic and Statistic Manual (DSM), que está na sua quarta edição. Assim Barkley (2008) caracteriza o TDA/H como sendo: (...) um transtorno mental válido, encontrado universalmente em vários países e que pode ser diferenciado, em seus principais sintomas, da ausência de deficiência e de outros transtornos psiquiátricos”. (p.123) A minha preocupação ao começar a estudar e conhecer um pouco mais sobre o tema deteve-se na concepção dos professores, pois, ainda que este transtorno esteja sendo hoje cada vez mais divulgado em tantos meios de comunicação, onde as disseminações das informações são bem mais rápidas, permanecem muitas concepções errôneas. No entanto, sendo os sintomas da hiperatividade, da desatenção e da impulsividade características de comportamento muito comum em crianças em fase de desenvolvimento, pergunto-me como os profissionais da educação vêem as crianças que apresentam estes sintomas? De acordo com o autor Paulo Mattos (2007) As crianças que apresentam o TDAH podem ser rotuladas como mal-educados, desinteressados, com problemas familiares, ou até mesmo com dificuldades de enxergar e ouvir, ou problemas de aprendizagem que dificultam seu desempenho acadêmico, ao invés de serem encaminhadas para profissionais da área de saúde para terem um diagnóstico mais adequado. Sabe-se, no entanto, que não podemos dizer que tais crianças não são capazes de aprender, e que, em geral, têm níveis normais ou elevados de inteligência. Entretanto, o despreparo e a falta de informação de alguns profissionais da docência podem contribuir para que essas características se acentuem de forma excessiva em algumas crianças, por não serem associadas ao TDAH, e se associem a outros transtornos que dificultam a aprendizagem, tornando o tempo acadêmico delas muito ruim, desgastante e sujeito ao abandono. É comum também, que esses mesmos profissionais se sintam despreparados para estimulá-los, no sentido de diminuir o impacto causado por esse transtorno. Em relação a isso pude constatar nas pesquisas para o Programa de Pós-Graduação em Educação realizada por Duek e Noujorks que relatam o seguinte: Visões diversas sobre o fenômeno da deficiência parecem se sobrepor no imaginário das professoras participantes do estudo, delineando um quadro de pouca clareza conceitual por parte delas, traduzido na dificuldade em identificar quem é o aluno com necessidades educacionais especiais, que necessidades são essas, se elas existem ou não, e em que casos o atendimento especializado se faz pertinente. Sendo assim, não posso deixar de falar sobre o processo de inclusão dessas crianças com o meio educacional e social, pois elas muitas vezes são excluídas do processo de aprendizagem por se acharem incapazes de aprender, de seguir o ritmo dos outros alunos sendo tachadas de burras, preguiçosas, desinteressadas e ainda acabam sendo excluídas pelos outros colegas nas brincadeiras, festinhas de aniversários, trabalhos em grupo, etc. Torna-se necessário também saber quem são essas crianças, saber diferenciá-las das outras e identificar quais as características que as tornam tão especiais. A inclusão de crianças com necessidades educativas especiais em escolas regulares passou, em 2008, a ser garantido por lei pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, porém a mesma lei que inclui também exclui na medida em que não prepara o ambiente escolar e nem os profissionais da educação para o acolhimento das crianças em rede regular de ensino. Nesse ponto, Duek e Noujorks afirmam o seguinte: “a inclusão faz alusão à capacidade da escola rever sua estrutura organizacional como um todo, de modo a atender as necessidades de cada um dos seus alunos, engendrando estratégias em favor da sua formação integral (...)”. Então, a Educação Inclusiva, que antes limitava-se apenas à inserção física dos alunos com necessidades educativas especiais, muda, a partir da década de 90, quando os sistemas educacionais passam a ser responsáveis por criar condições de promover uma educação de qualidade para todos e fazer adaptações que atendam às necessidades educativas desses alunos, de acordo com a Declaração de Salamanca (1994) e a Declaração de Educação para Todos (Brasil. UNICEF, 1990). Contudo, é preciso esclarecer que as crianças que sofrem com o Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) não estão fora das escolas regulares, nem fazem parte de escolas especializadas, pois apesar da sua especificidade, elas não são vistas como crianças especiais na forma da lei que rege a educação inclusiva, porém sobre esse aspecto melhor discutirei no capítulo quatro. No decorrer do semestre, dando continuidade aos estudos, obtive um maior embasamento teórico através do contato com trabalhos de autores como Thomas E. Brow (2007), Paulo Mattos (2007), Russell A. Barkley (2008), Maria Isabel Vicari (2006), dentre outros que pesquisaram sobre o assunto. Estes autores assinalam que o TDAH é um fator de risco para o baixo desempenho acadêmico e para os altos índices de abandono escolar, pois essas crianças além de terem maiores chances de serem repreendidas e castigadas podem ter outros problemas associados, que vão dificultar na leitura, na escrita, na comunicação e no relacionamento com os outros, no mau rendimento escolar, além de criar dificuldades nos relacionamentos. Por outro lado, tais dificuldades vão contribuir muito para a sensação de mal-estar e, é lógico que no ambiente escolar, essas crianças começam a se sentir excluídas e desenvolvem sentimentos de inferioridade por comparar-se aos outros colegas, o que gera desejo intenso de abandono escolar. Na adolescência, o risco ainda é maior, pois apresentam sentimentos propícios para uso excessivo de álcool e abuso de drogas ilícitas, assim como comportamentos irresponsáveis, que em parte são causados pela impulsividade. É com essa preocupação que o autor Paulo Mattos (2007) vai descrever sobre o desempenho acadêmico das crianças que são portadoras do TDAH: A intervenção escolar é muito importante e em alguns casos pode facilitar o convívio dessas crianças com colegas e também evitar que elas se desinteressem pelo colégio, fato muito comum em adolescentes. O problema é a escola participar do tratamento; muitas escolas não apenas desconhecem o TDAH como também não têm o desejo ou possibilidade de participar do tratamento, pelas mais variadas razões (MATTOS, 2007ª, p. 43). Dessa forma, cabe à escola e, mais precisamente aos professores, a possibilidade de identificar precocemente os sintomas e encaminhar a criança para uma avaliação médica. E nesse caso, não só o professor, mas toda a equipe técnica da escola exerce funções importantíssimas no diagnóstico e tratamento desse transtorno. No entanto, precisam estar bem informados e querer participar do tratamento apoiando não só as crianças, mas também os pais. Durante esses estudos várias questões me inquietaram considerando a realidade da maioria das escolas públicas brasileiras, pois é comum nessas instituições de ensino a falta de recursos,de materiais e de instalações, bem como são difíceis as condições dos professores, pois enfrentam baixa remuneração e condições precárias de trabalho. Assim, de que modo profissionais da educação estressados e despreparados podem, com baixa remuneração e escolaridade, sem tempo para uma reciclagem ou mesmo aperfeiçoamento, ampliar sua carga de trabalho com crianças que requerem mais atenção no processo de ensino-aprendizagem? Outra inquietação está relacionada às escolas que ainda têm caráter tradicionalista. Nestas escolas predomina ainda um ensino sem interação, que não contribui para formar alunos pensantes ou reflexivos. Como, então, nestas escolas se classificam as crianças que apresentam o transtorno de déficit de atenção / hiperatividade? Sobre o modelo tradicionalista Mattos (2007) diz: O sistema educacional tradicionalista penaliza quem tem TDAH, pois exige que os alunos permaneçam quietos (em geral, sentados em carteiras desconfortáveis), que sempre sigam todas as regras, que mantenham a atenção por horas seguidas e que sejam avaliados por provas monótonas e sem permissão para interrupções. (p. 75) O modelo tradicional de ensino dificilmente compreende as crianças com problemas de TDAH, pois tende a classificar esse comportamento destoante da maioria e das expectativas estabelecidas pelos padrões da escola ou sociedade. A criança com TDAH é considerada, por uma ótica do senso comum, como inadequada, indisciplinada, produto de falha na educação familiar, ou mesmo como fruto de uma característica própria da personalidade do aluno. Por fim, outra inquietação diz respeito ao seguinte: Como trabalhar com o processo de inclusão desses alunos, visto que os portadores do TDAH têm problemas de interação, comportamento e relacionamento com o outro? Perante essas dificuldades de concentração, atenção, impulsividade e agitação as crianças com o transtorno estarão sempre “extrapolando os limites” e a tendência tanto dos pais, quanto dos docentes e colegas de classe será sempre de deixá-los de castigo, de puni-los e excluí-los. Ser portador de TDAH significa ter sempre que se desculpar por ter quebrado algo, mexido ou ofendido alguém que não merecia por ter falado sem pensar; significa ter que abrir mão do tempo do recreio para concluir atividades que não foram realizadas no tempo certo, ficar chateado por ter tirado nota baixa, ou seja, significa ser responsabilizado por coisas pelas quais tem pouco controle, gerando sentimentos de inferioridade, baixa auto-estima, desinteresse pelos estudos e ansiedade. Segundo Paulo Mattos (2007), O portador de TDAH é descrito como sendo pessoa inquieta, que muda de interesses e planos o tempo todo, tendo dificuldades em levar as coisas até o fim, pois detesta coisas monótonas e repetitivas. Além disso, algumas são impulsivas no seu dia a dia, tendem a ter problemas na sua vida acadêmica (em geral, as queixas começam na escola), bem como na vida profissional, social e familiar. Por esses motivos é que acredito ser importante trazer esclarecimentos sobre o tema tanto para os profissionais da área de educação como para outros profissionais de áreas afins, bem como para os pais dessas crianças e comunidade em geral, pois com mais estudos e informação, melhor será a adaptação dessas crianças na sociedade.É importante esclarecer, mais uma vez, que o TDAH não afeta partes do cérebro responsáveis pela inteligência. As crianças com TDAH são tão inteligentes quanto qualquer outra criança, porém as características do transtorno podem acarretar problemas na aprendizagem e podem ainda estar associados a outras comorbidades2 como: dislexia, Transtorno Desafiante de Oposição (TOD), Transtorno de Conduta (TC), Discalculia, Disortografia, etc. Dessa forma Brown (2007) comenta: A síndrome do TDAH é complicada. Inclui dificuldades crônicas nas múltiplas funções cognitivas. Além disso, aqueles com essa síndrome têm, muitas vezes, dificuldades com outros aspectos do seu aprendizado, regulação emocional, funcionamento social ou comportamento. (...) O TDAH tem taxas extraordinariamente altas de co-morbidades (sic) dentro de virtualmente todos os transtornos psiquiátricos listados no DSM-IV (...)”. (p.138) Diante destes problemas de estudo, percebi o desafio de aprofundar estudos teóricos e práticos para conclusão deste trabalho monográfico e, neste sentido baseei meus estudos em dados bibliográficos e experiências vivenciadas em período de estágio na Escola Municipal Presidente Médici, onde atuei como professora regente do ensino Fundamental I. Os dados desta pesquisa foram obtidos por meio de questionários que foram respondidos por alguns professores atuantes na mesma escola. Os capítulos deste trabalho estão divididos em quatro. O primeiro será um breve percurso histórico sobre a descoberta desse transtorno, seus vários nomes e rótulos. No segundo capítulo tentarei descrever sobre o que é esse transtorno, falando brevemente sobre suas principais características: desatenção, hiperatividade e impulsividade, diagnóstico e tratamento. No terceiro descreverei sobre como o processo de inclusão deve estar entrelaçado com as crianças que sofrem com o transtorno e no quarto capítulo apresentarei dados e características da escola Presidente Médici – onde atuei como estagiária - e discutirei os dados colhidos para atender aos objetivos desta pesquisa. Faz parte do meu objetivo, esclarecer e divulgar mais sobre esse transtorno aos profissionais de educação, para que os mesmos possam encaminhar essas crianças para um tratamento adequado com especialistas da saúde e assim terem um desenvolvimento. Termo médico para o caso de uma pessoa ter mais de um transtorno. Ver Brown (2007), p. 138. escolar mais bem aproveitado. Desse modo, as crianças que sofrem com o transtorno terão menor impacto na evasão escolar, na repetência, no sentimento de culpa, na incapacidade e frustrações que os portadores de TDAH costumam ter quando não conseguem acompanhar a rotina de uma sala de aula do sistema social em que vivem e da perspectiva profissional que talvez não seja alcançada se não tiverem um tratamento e acompanhamento adequado. CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos dessas, responsável pela sua manutenção, perpetuação, transformação e evolução da sociedade a partir da instrução ou condução de conhecimentos, disciplinamentos (educar a ação), doutrinação, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade, ou seja, é um processo de socialização que visa uma melhor integração do indivíduo na sociedade ou no seu próprio grupo. Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade. Nesse sentido, educação coincide com os conceitos de socialização e endoculturação, mas não se resume a estes. A prática educativa formal — que ocorre nos espaços escolarizados, que sejam da Educação Infantil à Pós-Graduação — dá-se de forma intencional e com objetivos determinados, como no caso das escolas. No caso específico da educação formal exercida na escola, pode ser definida como Educação Escolar. De acordo com a UNESCO a educação também é exercida para além do ambiente formal das escolas e adentra em outras perspectivas caracterizadas como: educação não formal e educação informal. Segundo a organização, a partir das Conferências Internacionais de Educação de Adultos - CONFINTEA compreende-se por educação não formal todo processo de ensino e aprendizagem ocorrido a partir de uma intencionalidade educativa mas sem a obtenção de graus ou títulos, sendo comum em organizações sociais com vistas a participação democrática. E educação informal como aquela ocorrida nos processos quotidianos sociais, tais como com a família, no trabalho, nos círculossociais e afetivos. No caso específico da educação exercida para a utilização dos recursos técnicos e tecnológicos e dos instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade, dá-se o nome de Educação Tecnológica. Outra prática seria a da Educação Científica, que dedica-se ao compartilhamento de informação relacionada à Ciência (no que tange a seus conteúdos e processos) com indivíduos que não são tradicionalmente considerados como parte da comunidade científica. Os indivíduos-alvo podem ser crianças, estudantes universitários, ou adultos dentro do público em geral. A educação sofre mudanças, das mais simples às mais radicais, de acordo com o grupo ao qual ela se aplica, e se ajusta a forma considerada padrão na sociedade. CAPÍTULO 2 EDUCAÇÃO ESPECIAL A Educação Especial é o ramo da Educação que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas com deficiência, preferencialmente em escolas regulares, ou em ambientes especializados tais como escolas para surdos, escolas para cegos ou escolas para atender pessoas com deficiência mental. Dependendo do país, a educação especial é feita fora do sistema regular de ensino. Nessa abordagem, as demais necessidades educativas especiais que não se classificam como deficiência não estão incluídas. Não é o caso do Brasil, que tem uma Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e que inclui outros tipos de alunos, além dos que apresentam deficiências. A educação especial é uma educação organizada para atender especifica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas escolas dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto outras se dedicam a vários. O ensino especial tem sido alvo de críticas por não promover o convívio entre as crianças especiais e as demais crianças. Por outro lado, a escola direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados. O sistema regular de ensino precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. O termo "educação especial" denomina tanto uma área de conhecimento quanto um campo de atuação profissional. De um modo geral, a educação especial lida com aqueles fenômenos de ensino e aprendizagem que não têm sido ocupação do sistema de educação regular, porém têm entrado na pauta nas últimas duas décadas, devido ao movimento de educação inclusiva. Historicamente, a educação especial vem lidando com a educação e aperfeiçoamento de indivíduos que não se beneficiaram dos métodos e procedimentos usados pela educação regular. Dentro de tal conceituação, no Brasil, inclui-se em educação especial desde o ensino de pessoas com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, passando pelo ensino de jovens e adultos, alunos do campo, quilombolas e indígenas, até mesmo o ensino de competências profissionais. Dentre os profissionais que trabalham ou atuam em educação especial, estão educador físico, professor, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, psicopedagogo, entre outros. Sendo assim, é necessário antes de tudo, tornar reais os requisitos para que a escola seja verdadeiramente inclusiva, e não excludente. CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma diferença no seu desenvolvimento, requerem certas modificações ou adaptações complementares ou suplementares no programa educacional, visando torná-las autônomas e capazes serem mais independentes possíveis para que possam atingir todo seu potencial. As diferenças podem advir de condições visuais, auditivas, mentais, intelectuais ou motores singulares, de condições ambientais desfavoráveis, de condições de desenvolvimento neurológico, psicológico ou psiquiátrico específicos. Reuven Feuerstein afirma que a inteligência pode ser "ensinada". A Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, elaborada por ele, afirma que a inteligência pode ser estimulada em qualquer fase da vida, concedendo ao indivíduo (mesmo considerado inapto) a capacidade de aprender. Seu próprio neto (portador de síndrome de Down) foi auxiliado por seus métodos. No Brasil, muitas são as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais, dificuldades de acessibilidade e falta de tecnologias assistivas, principalmente nas escolas que estão realizando a inclusão de alunos com deficiências no ensino regular. Ser uma criança especial é ser uma criança diferente, e essa diferença está também no professor atuante na área ou seja fazer e ser diferente. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE O Atendimento Educacional Especializado, ou AEE, é um serviço da Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, de caráter complementar ou suplementar à formação dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, considerando as suas necessidades específicas de forma a promover acesso, participação e interação nas atividades escolares no ensino regular. É realizado no turno inverso ao da sala de aula comum nas salas de recursos multifuncionais[3]. O atendimento na sala de recursos multifuncionais não é um reforço escolar, visa desenvolver as habilidades dos alunos nas suas especificidades, sendo importante a realização de um plano de desenvolvimento individual (PDI). CAPÍTULO 3 A INCLUSÃO Entendemos por Inclusão o ato ou efeito de incluir. O conceito de educação inclusiva ganhou maior notoriedade a partir de 1994, com a Declaração de Salamanca. No que respeita às escolas, a ideia é de que as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas em escolas de ensino regular e para isto todo o sistema regular de ensino precisa ser revisto, de modo a atender as demandas individuais de todos os estudantes. O objetivo da inclusão demonstra uma evolução da cultura ocidental, defendendo que nenhuma criança deve ser separada das outras por apresentar alguma diferença ou necessidade especial. Do ponto de vista pedagógico esta integração assume a vantagem de existir interação entre crianças, procurando um desenvolvimento conjunto, com igualdade de oportunidades para todos e respeito à diversidade humana e cultural. No entanto, a inclusão tem encontrado imensa dificuldade de avançar, especialmente devido as resistências por parte das escolas regulares, em se adaptarem de modo a conseguirem integrar as crianças com necessidades especiais, devido principalmente aos altos custos para se criar as condições adequadas. Além disto, alguns educadores resistem a este novo paradigma, que exige destes uma formação mais ampla e uma atuação profissional diferente da que têm experiência. Durante diversas etapas da história da educação, foram os educadores especiais que defenderam a integração de seus alunos em sistemas regulares, porém, o movimento ganhou corpo quando a educação regular passou a aceitar sua responsabilidade nesse processo, e iniciativas inclusivistas começaram a história da educação inclusiva ao redor do mundo. Tais crianças deverão fazer atividades no contra turno escolar. Hoje as pessoas especiais têm seus direitos garantidos por várias leis basta estar cientes delas. Não são mais consideradas doidas. E sim pessoas especiais, estão incluindo na sociedade, no trabalho, em concursos tem 5% das vagas, em moradia, novelas, em escolas, etc. O mundo está adaptando á essas pessoas os ônibus, calçadas, escolas, etc. A ADAPTAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO A adaptação do sistema educativo a crianças com necessidades especiais deve procurar: Incentivar e promover a aplicação das tecnologias da informação e comunicação ao sistema de ensino. Promover a utilização de computadores pelas crianças e jovens com necessidades especiais integrados no ensino regular, criar áreas curriculares específicas para crianças e jovens de fraca incidência e aplicar o tele-ensino dirigido a crianças e jovens impossibilitados de frequentar o ensino regular. Adaptar oensino das novas tecnologias às crianças com necessidades especiais, preparando as escolas com os equipamentos necessários e promovendo a adaptação dos programas escolares às novas funcionalidades disponibilizadas por estes equipamentos. Promover a criação de um programa de formação sobre a utilização das tecnologias da informação no apoio às crianças com necessidades especiais, destinados a médicos, terapeutas, professores, auxiliares e outros agentes envolvidos na adequação da tecnologia às necessidades das crianças. 3.2 PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Estas perspectivas históricas levam em conta a evolução do pensamento acerca das necessidades educativas especiais ao longo dos últimos cinquenta anos, no entanto, elas não se desenvolvem simultaneamente em todos os países, e consequentemente retrata uma visão histórica global que não corresponde ao mesmo estágio evolutivo de cada sociedade. Estas perspectivas são descritas por Peter Clough. O legado psicomédico: (predominou na década de 50) vê o indivíduo como tendo de algum modo um deficit e por sua vez defende a necessidade de uma educação especial para aqueles indivíduos. A resposta sociológica: (predominou na década de 60) representa a crítica ao legado psicomédico, e defende uma construção social de necessidades educativas especiais. Abordagens Curriculares: (predominou na década de 70) enfatiza o papel do currículo na solução - e, para alguns escritores, eficazmente criando - dificuldades de aprendizagem. Estratégias de melhoria da escola: (predominou na década de 80) enfatiza a importância da organização sistêmica detalhada na busca de educar verdadeiramente. Crítica aos estudos da deficiência: (predominou na década de 90) frequentemente elaborada por agentes externos à educação, elabora uma resposta política aos efeitos do modelo exclusionista do legado psicomédico. 3.3. PERSPECTIVA ATUAL - CONVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA Um acordo foi celebrado em 25 de agosto de 2006 em Nova Iorque, por diversos Estados em uma convenção preliminar das Nações Unidas sobre os direitos da pessoa com deficiência, o qual realça, no artigo 24, a Educação inclusiva como um direito de todos. O artigo foi substancialmente revisado e fortalecido durante as negociações que começaram há cinco anos. Em estágio avançado das negociações, a opção de educação especial (segregada do ensino regular) foi removida da convenção, e entre 14 e 25 agosto de 2006, esforços perduraram até os últimos dias para remover um outro texto que poderia justificar o segregação de estudantes com deficiência. Após longas negociações, o objetivo da inclusão plena foi finalmente alcançado e a nova redação do parágrafo 2 do artigo 24 foi definida sem objeção. Cerca de sessenta delegações de Estado e a Liga Internacional da Deficiência (International Disability Caucus), que representa cerca de 70 organizações não governamentais (ONGs), apoiaram uma emenda proposta pelo Panamá que obriga os governos a assegurar que as medidas efetivas de apoio individualizado sejam garantidas nos estabelecimentos que priorizam o desenvolvimento acadêmico e social, em sintonia com o objetivo da inclusão plena. A Convenção preliminar antecede a assembleia geral da ONU para sua adoção, que se realizará no final deste ano. A convenção estará então aberta para assinatura e ratificação por todos os países membros, necessitando de 20 ratificações para ser validada. A Convenção da Deficiência é o primeiro tratado dos direitos humanos do Século XXI e é amplamente reconhecida como tendo uma participação da sociedade civil sem precedentes na história, particularmente de organizações de pessoas com deficiência. 3.4. ELEMENTOS SIGNIFICATIVOS DO ARTIGO 24 * Nenhuma exclusão do sistema de ensino regular por motivo de deficiência * Acesso para estudantes com deficiência à educação inclusiva em suas comunidades locais * Acomodação razoável das exigências individuais. O suporte necessário dentro do sistema de ensino regular para possibilitar a aprendizagem, inclusive medidas eficazes de apoio individualizado. CAPÍTULO 4 4. DEFICIT DE ATENÇÃO O Transtorno de Défice de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou Transtorno Hipercinético é um transtorno mental do neurodesenvolvimento no qual se verificam diversos problemas significativos de atenção, hiperatividade ou impulsividade que não são apropriados para a idade da pessoa.[7] O diagnóstico requer que os sintomas tenham início entre os seis e doze anos de idade e que persistam por mais de seis meses. Nas crianças em idade escolar, os sintomas de déficit de atenção muitas vezes estão na origem de mau desempenho escolar. Apesar de ser o mais estudado transtorno psiquiátrico em crianças e adolescentes, na maioria dos casos a causa é desconhecida. Quando diagnosticado segundo os critérios DSM-IV, afeta cerca de 6–7% das crianças, ou 1–2% quando diagnosticado pelos critérios CID-10. A prevalência é equivalente entre os vários países e depende principalmente do método de diagnóstico. O diagnóstico de TDAH é cerca de três vezes superior em rapazes do que em moças. Cerca de 30–50% das pessoas diagnosticadas em criança continuam a apresentar sintomas na idade adulta pelo que a condição está presente em 2–5% dos adultos. Este transtorno pode ser difícil de distinguir não só de outros transtornos, como também de uma atividade normal elevada. O tratamento do TDAH envolve geralmente a conjugação de acompanhamento psicológico, alterações no estilo de vida e medicação. No entanto, a medicação só é recomendada como tratamento de primeira linha em crianças com sintomas graves, podendo também ser considerado em casos de sintomas moderados que não melhorem com o acompanhamento psicológico. Os efeitos a longo prazo da medicação não são ainda claros, pelo que não é recomendada para crianças em idade pré-escolar. Os adolescentes e os adultos tendem a desenvolver estratégias de enfrentamento que compensam algumas ou todas das suas debilidades. Desde a década de 1970 que o TDAH, o seu diagnóstico e o seu tratamento têm sido considerados controversos. As controvérsias têm envolvido profissionais de saúde, decisores políticos, encarregados de educação e a comunicação social. Entre os principais tópicos de debate estão as causas do TDAH e a utilização de medicação estimulante no seu tratamento.[19][20] A maior parte dos prestadores de saúde aceita o TDAH como um transtorno genuíno e o debate na comunidade científica centra-se principalmente na forma como é diagnosticado e tratado. 4.1. CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO O transtorno se caracteriza por frequente comportamento de desatenção, inquietude e impulsividade, em pelo menos dois contextos diferentes (casa, creche, escola, etc). O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM IV) subdivide o TDAH em três tipos: * TDAH com predomínio de sintomas de desatenção; * TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade e; * TDAH combinado. Na década de 1980, a partir de novas investigações, passou-se a ressaltar aspectos cognitivos na definição de síndrome, principalmente o déficit de atenção e a impulsividade ou falta de controle, considerando-se, além disso, que a atividade motora excessiva é resultado do alcance reduzido da atenção da criança e da mudança contínua de objetivos e metas a que é submetida. O transtorno é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tendo inclusive em muitos países, lei de proteção, assistência e ajuda tanto aos portadores quanto aos seus familiares. Segundo a OMS e a Associação Psiquiátrica Americana, o TDAH é um transtorno psiquiátrico que tem como características básicas a desatenção, a agitação (hiperatividade) e a impulsividade, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento, bem como a baixo desempenho escolar e outros problemas de saúde mental. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizadoe comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa muitas vezes têm dificuldades para lidar com a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança. Há especialistas que defendem o uso de medicamentos; outros acreditam que o indivíduo, sua família e seus professores devem aprender a lidar com o problema sem a utilização de medicamentos - através de psicoterapia e aconselhamento familiar, por exemplo. Há, portanto, muita controvérsia sobre o assunto. A criança com déficit de atenção muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima. 4.2. CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICOS (CID-10 F90) Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o indivíduo em questão apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade; além disso os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois ambientes diferentes e por um período superior a seis meses. Com predomínio de desatenção (Muitas vezes pode ser confundido pelos pais com "preguiça", aplicando à criança castigos, ou mesmo agredindo-a verbalmente ou fisicamente). Caracteriza-se o predomínio da desatenção quando o indivíduo apresenta seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistentes por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento: Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho entre outras. Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas. Com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra. Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções). Com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades. Com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa). Com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex., brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais). É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa Com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias. Os sinais para vir a ter um possível TDAH, tem que ter as seguintes características: 1. Bebé: difícil, insaciável, irritado e de difícil consolo, com maior prevalência de cólicas, dificuldades de alimentação e sono. 2. Pré-escolar: Atividade aumentada ao usual, dificuldades de ajustamento, teimosia, irritação e extremamente difícil de satisfazer. 3. Escola: elementar Incapacidade de colocar foco, distração, impulsivo, desempenho inconsciente, presença ou não de hiperatividade. 4. Adolescência: Inquieto e com desempenho inconsistente, sem conseguir colocar foco, dificuldade de memória na escola, abuso de substância, acidentes. predomínio de hiperatividade e impulsividade. Caracteriza-se o predomínio da hiperatividade e impulsividade quando seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistirem por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento: CAPÍTULO 5 5. HIPERATIVIDADE Frequentemente agita as mãos ou os pés. Frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado. Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação). Com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer. Está frequentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor". Frequentemente fala em demasia. Impulsividade Frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas. Com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez. Frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex., intromete-se em conversas ou brincadeiras). 5.1. CRITÉRIOS PARA AMBOS OS CASOS Em ambos os casos os seguintes critérios também devem estar presentes Alguns sintomas de hiperatividade/impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (por ex., na escola [ou trabalho] e em casa). Deve haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno invasivo do desenvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são melhor explicados por outro transtorno mental (por exemplo transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo ou um transtorno da personalidade). Os sintomas de desatenção, hiperatividade ou impulsividade relacionados ao uso de medicamentos (como broncodilatadores, isoniazida e acatisia por neurolépticos) em crianças com menos de 7 anos de idade não devem ser diagnosticados como TDAH. Pessoas com TDA-H têm problemas para fixar sua atenção pelo mesmo período de tempo que as outras, interessadamente. Crianças com TDA-H não têm problemas para filtrar informações. Elas parecem prestar atenção aos mesmos temas que as crianças que não apresentam o TDA-H prestariam. Crianças com TDA-H se sentem entediadas ou perdem o interesse por seu trabalho mais rapidamente que outras crianças, parecem atraídas pelos aspectos mais recompensadores, divertidos e reforçativos em qualquer situação, conforme o entendimento da psicologia behaviorista. Essas crianças também tendem a optar por fazer pequenos trabalhos, mais rápidos, em troca de uma recompensa imediata, embora menor, em vez de trabalhar por mais tempo em troca de uma recompensa maior que só estaria disponível mais tarde. Na realidade, reduzir a estimulação torna ainda mais difícil para uma criança com TDA-H manter a atenção. Apresentam também dificuldades em controlar impulsos. Os problemas de atenção e de controle de impulsos também se manifestam nos atalhos que essas crianças utilizam em seu trabalho. Elas aplicam menor quantidade de esforço e despendem menor quantidade de tempo para realizar tarefas desagradáveis e enfadonhas. 5.2. CAUSAS DE HIPERATIVIDADE A imagem da direita ilustra áreas de atividade cerebral de uma pessoa sem TDAH e a imagem da esquerda de uma pessoa com TDAH. Os principais fatores identificados como causa são uma suscetibilidade genética em interação direta com fatores ambientais. A herdabilidade estimada é bastante alta, pois 70% dos gêmeos idênticos de TDAH também possuem o mesmo diagnóstico. Quando um dos pais tem TDAH a chance dos filhos terem é o dobro, aumentando para oito vezes quando se trata de ambos pais. Problemas na gravidez estão associados com maior incidência de casos mesmo quando desconsiderados outros fatores como psicopatologias dos pais. Depois dos fatores genéticos a dieta alimentar é o fator mais importante. Uma dieta pobre em nutrientes, intolerâncias alimentares, alergias alimentares e ingestão de açúcares[29] são fatores importantes que podem desencadear os sintomas. A hipoglicemia é comum entre as crianças com TDAH. Outros fatores que contribuem para os sintomas são uma alimentação deficiente em ácidos gordos e proteinas, deficiência de magnésio, manganes, ferro, cobre, zinco, Vitamina C, Vitamin B6 e sensibilidade ao ácido salicílico. Os aditivos alimentares,[30] como corantes, conservantes e sabores sintéticos também causam os sintomas de TDAH. As intolerâncias mais comuns são aos produtos lácteos, chocolate, trigo, citrinos, amendoins e ovos. Várias hipótese acerca daspossíveis causas de TDAH têm sido apresentadas: problemas durante a gravidez ou no parto e exposição a determinadas substâncias, tais como o chumbo. Dentre as complicações associadas estariam; toxemia, eclâmpsia, pós-maturidade fetal, duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer, hemorragia pré-parto, consumo de tabaco e/ou álcool durante a gravidez e má saúde materna.[32] Outros fatores, como danos cerebrais perinatais no lobo frontal, podem afetar processos de atenção, motivação e planejamento, e estariam indiretamente relacionados com a doença. Problemas familiares também poderiam propiciar o aparecimento do TDA-H no indivíduo predisposto geneticamente: uma família numerosa, brigas muito frequentes entre os pais, criminalidade dos pais, colocação em lar adotivo ou pais com transtornos psiquiátricos[34]. Tais problemas não originam o distúrbio mas poderiam amplificá-lo. Um dos possíveis motivos seria a negligência dos pais, que leva as crianças a precisarem se comportar de maneira inadequada para conseguir atenção. Pesquisas apontam para a influência de genes que codificam componentes dos sistemas dopaminérgico,noradrenérgico, adrenérgico e, mais recentemente, serotoninérgico como os principais responsáveis. Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade nas interações podem contribuir para o aparecimento de comportamentos agressivos ou de uma oposição desafiante nas crianças perante a sociedade. Problemas de ansiedade, baixa tolerância a frustração, depressão, abuso de substâncias químicas e transtornos opositivos são comorbidades frequentes. 5.3. QUEM PODE DIAGNOSTICAR TDAH O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, realizado por profissional que conheça profundamente o assunto e que necessariamente descarte outras doenças e transtornos, para então indicar o melhor tratamento. O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas erroneamente. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de TDAH. Somente um médico (preferencialmente psiquiatra), juntamente com psicólogo ou terapeuta ocupacional especializados, podem confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como fonoaudiólogos, educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a criança para o devido diagnóstico. Existem testes e questionários que auxiliam o diagnóstico clínico. Hoje já se sabe que a área do cérebro envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro) responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento do futuro. Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas partes se interligam. Portanto, o funcionamento inadequado de outras áreas conectadas à região frontal pode levar a sintomas semelhantes aos do TDAH. Os dois lados de uma síndrome: Lado bom Mais energéticos, Grande expressividade corporal e verbal. Talentos criativos latentes (arte) Inovadores, interessados em diversos assuntos. Podem surpreender com suas opiniões "fora da caixa". Pioneiros, dispostos a correr riscos. O pensamento coletivo, cultura, paradigmas não o reprimem. Capacidade de "hiperconcentrar" em uma atividade de interesse (uma arte, esporte, ciência). Afetuosidade, comportamento generoso. Inteligência normal/acima da média. Criativos. Adotam meios não ortodoxos, porém práticos em seu cotidiano. Lado ruim Grande dificuldade para transformar suas grandes ideias em ação verdadeira devido a falta de planejamento. Problemas para se fazer entender ou explicar seus pontos de vista. Podem ser muito sexualizados. Humor volúvel, da alegria para a tristeza rapidamente. Pouca tolerância à frustração. Desorganização e mau gerenciamento do tempo. Necessidade de adrenalina. Correm muitos riscos desnecessários. Por impulsividade podem criar inimizades, pedir demissão, serem demitidos, se divorciar, romper namoros, noivados, casamentos. Maior chance de abuso de substâncias (cigarro, álcool, drogas ilegais). 5.4. TRATAMENTO Os neurotransmissores que parecem estar deficitários em quantidade ou funcionamento nos indivíduos com TDAH são basicamente a dopamina e a noradrenalina e podem ser estimulados através de medicação, com o devido acompanhamento médico, de modo a amenizar os sintomas de déficit de atenção/hiperatividade. Entretanto, nem todas as pessoas respondem positivamente ao tratamento. É importante que seja avaliada criteriosamente a utilização dos medicamentos em função dos seus efeitos colaterais. A duração da administração varia em cada caso, a depender da resposta do paciente, não se justificando o uso dessas drogas nos casos em que os pacientes não apresentem melhora significativa. Cerca de 70% dos pacientes respondem adequadamente ao metilfenidato e o toleram bem. Como a meia-vida do metilfenidato é curta, geralmente utiliza-se o esquema de duas doses por dia, uma de manhã e outra ao meio dia. A disponibilidade de preparados de ação prolongada tem possibilitado maior comodidade aos pacientes. Além de fármacos, ministrados com acompanhamento especializado permanente, o tratamento médico pode contar com apoio psicológico, fonoaudiológico, terapêutico cupacional ou psicopedagógico. Quem sofre do transtorno e faz uso de medicamentos, como o cloridrato de metilfenidato (Ritalina ou Concerta em sua versão comercial), a bupropiona, a clonidina e os antidepressivos tricíclicos como a imipramina, tem de 70% a 80% de melhora no aprendizado. Trata-se de drogas derivadas da anfetamina e têm o mesmo mecanismo de ação da cocaína. Recentemente a lisdexanfetamina foi também liberada no Brasil, para tratamento do TDA-H na infância o metilfenidato é classificado pela Drug Enforcement Administration como um narcótico. Segundo especialistas, para as crianças em idade escolar, o tratamento medicamentoso não é a primeira opção, que seria a terapia comportamental, com a participação dos pais. Para evitar que se distraia, é recomendado que a pessoa portadora do transtorno tenha um ambiente silencioso e sem distrações para estudar/trabalhar. Na escola, ela pode se concentrar melhor na aula sentando-se na primeira fileira e longe da janela. Aulas de apoio com atenção mais individualizada podem ajudar a melhorar o desempenho escolar.[1] Desde o ponto de vista da psicologia behaviorista, os pais e professores podem recompensar a criança quando seu desempenho é bom, valorizando suas qualidades, mais do que punir seus erros. A punição, se houver, nunca deve ser violenta, pois isso pode tornar a criança mais agressiva, por medo e raiva da pessoa que a puniu. Além disso, a punição não impede o comportamento indesejado quando o agente punidor não estiver presente. Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade e impulsividade nas interações, podem contribuir para o aparecimento de comportamento agressivo, impulsivo ou de uma oposição desafiante nas crianças em diversos contextos. A família tem importante papel no tratamento de transtornos infantis. Não basta medicar a criança. É necessário que os próprios pais façam psicoterapia junto com a criança ou o adolescente. 5.5. COMORBIDADES Dos hiperativos que buscam tratamento especializado, mais de 70% possuem também algum outro transtorno, na maioria das vezes com transtorno de humor (como depressão maior ou transtorno bipolar), transtorno de aprendizagem, transtornos de ansiedade ou transtorno de conduta. Dependendo da comorbidade o tratamento medicamentoso muda e o acompanhamento psicológico se torna ainda mais necessário. A taxa de comorbidade com transtornos disruptivos do comportamento (transtorno de conduta e transtorno opositor desafiante) está situada entre 30% a 50%. Com depressão está entre 15% a 20%, com transtornos de ansiedade em torno de 25% e com transtornos da aprendizagem entre 10% a 25%. 5.6. CONTROVÉRSIAS O TDAH - seu conceito, seu diagnóstico e seu tratamento - tem sido objeto de crítica e controvérsias desde os anos 1970. As controvérsias envolvem médicos,professores, formuladores de políticas públicas, pais e a mídia. As opiniões sobre o TDAH vão desde a descrença na sua existência até a crença de que a síndrome realmente exista e que possa ter uma base genética e fisiológica. Há também discordância quanto ao uso de medicação estimulante no tratamento. Alguns consideram o TDAH como um "clássico exemplo de medicalização do comportamento desviante" - um modo de transformar um problema, que anteriormente não era considerado médico, em uma doença a ser tratada com fármacos, resultando em grandes lucros para a indústria farmacêutica e benefícios para os pesquisadores por ela financiados. Segundo esses críticos, crianças saudáveis estariam sendo patologizadas e inutilmente expostas a riscos tais como a drogadição e depressão, entre outros. Há também controvérsias quanto à massificação do uso de drogas psicoativas, sobretudo no tratamento crianças a partir dos 4 anos de idade. Muitos médicos ponderam que o diagnóstico do TDAH é baseado em avaliações subjetivas (entrevistas ou questionários) de pais e professores, que muitas vezes desejam apenas que seus filhos e alunos sejam mais dóceis. Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico (embora não haja, até o presente, evidências de que o TDAH esteja associado a uma disfunção biológica ou um desequilíbrio químico no cérebro), e o tratamento de escolha também é baseado em medicamentos estimulantes psíquicos - tais como Ritalina e Adderall. Já os psiquiatras infantis franceses consideram o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança - não o cérebro, mas o contexto social da criança. Portanto o tratamento é baseado em com psicoterapia ou aconselhamento familiar. A medicação age aumentando a concentração de dopamina (neurotransmissor associado ao prazer). Segundo especialistas mais críticos, a medicação age por algumas horas, e, quando o efeito passa, o usuário quer ter aquele prazer de volta. Há, portanto, risco de dependência química.[53] Com o uso da medicação, o indivíduo fica quimicamente contido e tem a sua atenção focada sobre uma coisa de cada vez. No caso de uma criança, como ela só consegue fazer uma coisa a cada vez, "não questiona nem desobedece". Para os críticos da medicalização, é mais fácil lidar com um problema "médico" do que mudar o método de educação da criança. Ainda segundo esses críticos, a pessoa que faz uso desse tipo de droga tem de sete a 10 vezes mais chances de ter morte súbita. CAPÍTULO 6 6. A CRIANÇA COM ESSES TRANSTORNOS Crianças com TDAH seus pontos de potência para superar as dificuldades. Todos temos a tendência a centrar-nos nos pontos de maior dificuldade das crianças com TDAH e esquecemos que a COMPENSAÇÃO é o fator-chave para seu progresso. Com seus pontos fortes, ou seus potenciais podemos superar suas dificuldades. Embora cada criança seja única, observam-se certos padrões comuns em relação aos pontos fortes das crianças com TDAH tais como: Capacidade Global Visual: Traduz-se na capacidade de "ver o todo", de logo ver o quadro completo, de formar a imagem, a ideia total e responder rápido para determinar o que aconteceu e acontecerá. Algumas crianças com TDAH podem interpretar rapidamente os sentimentos alheios pelas expressões e linguagem corporal e reagir com base nessa impressão imediata. Memória de longo prazo: Temos crianças com TDAH que podem recordar-se de experiências e momentos com detalhes e precisões incríveis. Uma criança, por exemplo, comentava como era o colar que sua professora usava no primeiro dia de aula. Expressão Verbal, Imaginação, Criatividade: São crianças que podem falar muito sobre um tema com expressão, energia e encanto. Relatam com prazer suas experiências e conhecimentos sobre muitos temas relacionados. Eles podem ser extremamente agradáveis para os seus companheiros e, com suas histórias, ideias, dinamismo e criatividade. Aplicação Especial de Pensamento Abstrato: Este ponto forte é encontrado frequentemente frente a problemas matemáticos. Podem integrar rapidamente o pensamento em forma simultânea, em forma global, cometem erros em cálculos simples e compreendem as aplicações a um nível mental superior. Emoções Intensas, Entusiasmo, Curiosidade: Não tem limite na resposta, intensidade e espontaneidade de suas emoções e respondem de forma sincera e autêntica. Perguntam sem inibição e com uma curiosidade pura e natural. Todos esses pontos fortes podem, eventualmente, representa dificuldades. Por exemplo, podem ver o todo e ao formar essa imagem global, são perdidos os detalhes, os passos, a ordem e a sequência. Por esse motivo, torna-se difícil planejar, organizar, seguir as instruções e o processo de acordo com um padrão ou modelo especifico. A expressividade e o entusiasmo em suas narrações podem levar a não ouvir os outros, a centrar-se em seu próprio mundo e a ser incapaz de conversar com os outros. A memória de longo prazo permite-lhes desenvolver um mundo amplo, um acúmulo de conhecimentos e experiências, mas esquecem do detalhe imediato, do feito no curto prazo, da pequena tarefa e não conseguem cumprir com os detalhes mínimos da rotina diária. A isto dá-se o nome de dificuldade com a Memória de Curto Prazo ou Memória de Trabalho. Podem esquecer, por exemplo, de assinar seus trabalhos, recolher seus materiais por completo, assinar as comunicações da escola, etc. Sua capacidade de generalizar, de fazer uma síntese rápida e sem muito detalhe torna-lhes custoso expressar-se por escrito e, muitos sofrem muito diante das tarefas que exigem riqueza de detalhes, objetivos, sequências, em especial, frente aos trabalhos e composições escritas. CAPÍTULO 7 7. PROFESSORES E PAIS: COMO TRABALHAR A QUESTÃO DE DÉFICIT/HIPERTIVIDADE Os professores e pais, devem ter em mente o êxito desse equilíbrio constante entre potênciais x dificuldades. Entender que o tédio, o desafio que implicam as tarefas detalhadas, meticulosas e organizadas frente a esse entusiasmo e curiosidade sem limites é fundamental para ajudá-los a aliviar essa carga, no sentido de buscar estratégias que se ajustem a seus talentos e estilos de aprendizagem. Vamos ajudar nossas crianças a desenvolver seus pontenciais e entender e aprender a lidar com suas dificuldades frente à aprendizagem. Precisamos torná-las cientes de que sua grande capacidade intelectual vai ajudá-las a compensar, a superar suas limitações no uso de estratégias para a aprendizagem; a entender que seu estilo de aprendizagem é diferente do de seus companheiros e, portanto, precisa de ajustes e adaptações na classe que respondam melhor a sua forma singular de aprender. Falemos sobre suas qualidades e pontos fortes verbais, espaciais ou visuais, etc. Vamos incentivar nossas crianças a solicitar a seus professores os ajustes e adaptações que facilitem seu progresso escolar, e a eles sempre a experiência do êxito: com seu esforço poderão sempre alcançá-lo! Ensinemos-lhes a buscar sempre o lugar adequado para sentar-se no grupo e focar sua atenção; a distanciar-se do ruído e das distrações; a reconhecer que, as vezes, se eles são lentos para terminar uma tarefa, podem pedir um pouco mais de tempo ou a redução do seu trabalho; a analisar suas tarefas com os companheiros e o professor no momento adequado, e ter listas concretas para revisar seu trabalho passo a passo. Expliquemos-lhes claramente em que consistem as estratégias de aprendizagem e a importância de aplicá-las; a mudar de estratégias de acordo com o caso e a situação, e sobretudo, ajudemos-lhes a ACREDITAR EM SI MESMOS E A RECONHECEREM-SECOMO ALUNOS CAPAZES E ATIVOS. 7.1. OS NÍVEIS DA ATENÇÃO Ajuda-nos muito entender o desenvolvimento normal da atenção e suas implicações para a aprendizagem. Apresentamos um resumo muito prático dos seis níveis de desenvolvimento normal da atenção para compreender e avaliar as habilidades da criança. Nível 1: Do nascimento ao primeiro ano. Caracteriza-se pela distração extrema, a atenção da criança oscila entre objetos, pessoas e eventos. Qualquer fato novo (por exemplo, alguém que entre) distrai a criança imediatamente. Nível 2: (1 a 2 anos) Pode concentrar-se na tarefa concreta que escolheu, mas não tolera qualquer intervenção de adultos, seja verbal ou visual. A criança pode parecer teimosa ou "voluntariosa", mas a verdade é que sua atenção está em "um só canal" e todos os estímulos estranhos podem ser ignorados para concentrar-se na tarefa em mãos. Nível 3: (2 a 3 anos) A atenção é ainda em um só canal e a criança não pode atender a estímulos visuais ou auditivos de fontes diferentes. A criança não pode escutar as instruções do adulto enquanto joga, mas sua atenção pode passar de quem lhe fala para o jogo, com a ajuda do adulto. Nível 4: (3 a 4 anos) A criança pode alternar entre a atenção completa - visual ou auditiva, entre quem lhe fala e a tarefa, mas agora o faz de forma espontânea, sem que o adulto necessite enfocar sua atenção. Nível 5: (4 a 5 anos) A atenção da criança tem "duplo canal", ou seja, pode compreender as instruções verbais relacionadas às tarefas sem interromper a atividade para olhar a quem lhe fala. A faixa de concentração pode ser curta ainda, mas a criança pode receber instruções em grupo. Nível 6 (5 a 6 anos) Os canais visuais, auditivos e tácteis estão completamente integrados e a atenção bem estabelecida e sustentada. Pesquisas reconhecem que com frequência se apresenta uma forte história genética de baixa ou má concentração nas famílias de crianças com déficit de atenção. É muito difícil que um adulto compreenda que uma criança que está brincando entretida com pequenas coisas, exigindo atenção e impulsiva, possa ter um distúrbio físico hereditário. O aluno desatento então é descrito como "preguiçoso e desmotivado". Os profissionais da educação precisam saber como fazer a distinção entre as crianças “difíceis” e as crianças com problemas de atenção. Alguns dos problemas que as crianças vivenciam na classe são o resultado da desordem e a forma de reagir deve-se possivelmente à forma que aprenderam a responder pelo tratamento que lhes tenha sido dado. Entendendo como estas crianças conseguem aprender e estimulando o que elas tem de mais forte, ou áquilo que para elas é mais fácil e fluido, elas podem lidar melhor com os pontos de dificuldade, desenvolver e manter uma boa autoestima e aprender a traçar planos e manter-se firme em seus propósitos. Elas têm sonhos e planos como qualquer um, então, colaboremos para que encontrem suas asas e ganhem mundo. CONCLUSÃO Com a realização desse trabalho consegui perceber o que os professores sabem a respeito do transtorno e como lidam com as crianças portadoras do TDAH. Minhas inquietações do inicio do trabalho foram aos poucos sendo respondidas, proporcionando-me uma maior atenção na realização desse trabalho para alcançar meu objetivo que era proporcionar aos profissionais de educação um melhor esclarecimento acerca do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, de modo que a linguagem fosse mais clara e voltada a esses profissionais. Dessa forma, concluo que, apesar dos professores já terem ouvido falar a respeito do transtorno, eles ainda têm muito que aprender, pois mesmo tendo noções dos sintomas do TDAH, ainda não sabem diferenciar o comportamento excessivo dessas crianças de hábitos como má educação ou de força de vontade do aluno, como mesmo foi apontado na pesquisa. Saber diferenciar os sintomas do TDAH é algo muito importante para a vida desses alunos, pois toda sua vida depende disso. Como foi visto nesse estudo as características do TDAH dificultam o funcionamento normal da criança em diferentes ambientes e implicam repercussões muito variadas na vida cotidiana delas. Foi observado no apêndice D da pesquisa que apesar dos professores terem identificado os comportamentos que mais atingem as crianças com o TDAH, há uma dúvida sobre quais atitudes são considerados comportamento ou apenas ações momentâneas, pois o ato de brincar é fundamental para o desenvolvimento de qualquer criança e é considerado como uma ação e não como um comportamento, assim como, falar alto e nervosismo, podem ser algo momentâneo. Para essas considerações, devem ser consideradas a situação em que as atitudes ocorrem, bem como a estruturação do ambiente escolar e a familiar, assim como a freqüência que esses comportamentos costumam acontecer. O positivo é que, com a chegada de novas tecnologias, que permitem o acesso de informações de forma mais rápida, como o crédito dado à Internet por Barkley (2008) e a busca por novos conhecimentos, os professores estão cada vez mais informados sobre o TDAH ou sobre outros transtornos ou possíveis causas que podem dificultar a 49 aprendizagem e o desenvolvimento da criança na escola e, assim, direcioná-las para um profissional especializado fazer o diagnóstico mais preciso. Apesar desses avanços, existem ainda, poucas publicações destinadas aos professores e educadores que trabalham cotidianamente com a criança portadora de TDAH em sala de aula, e, ao mesmo tempo, com o restante da classe. Acredito também que a educação brasileira tem que melhorar muito para garantir que uma educação de qualidade seja oferecida a todos, conforme regem as legislações apresentadas nesse trabalho. Há ainda a necessidade de se pensar na melhoria da qualidade de vida desses professores, valorizando-os cada dia mais, pois eles, mesmo em condições precárias, fazem o impossível pelos seus alunos, tentando ajudá-los sempre e procurando novos aperfeiçoamentos. Ainda que muitas das manifestações comportamentais sejam causadas por questões que exigem um atendimento médico específico, ou consultas com psicólogos, fonodiólogos, psicoterapeutas, neurologistas e outros, ainda há de se considerar as questões do meio social em que a criança vive, a família ou fatores externos como no caso de uso de drogas. Saber notar e diferenciar tais característica é muito importante para não se rotular erroneamente. Sendo as informações tão divulgadas como o são, torna-se preocupante que na lista dos professores ainda sejam apontadas como possíveis causas desses comportamentos a “má educação” e a “responsabilidade do aluno”. Para que se evitasse isso um curso de especialização torna-se necessário, para que essas informações sejam mais claras para esses professores e para muitos outros que desconhecem as causas do transtorno. É nesses casos que o professor deve ficar mais atento, pois o que pode ser considerado simples caso de má educação ou desinteresse do aluno, pode ser algo que deveria ser levado mais a sério. Já que nos estudos de Bonet, Solano e Soriano (2008) foi identificado que é na escola que o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade se manifesta, é nesse ambiente que o aluno precisa de mais autocontrole, cumprimento de normas, relacionar-se com os seus semelhantes e, especialmente, prestar e manter a atenção necessária ao ensino. 50 As dificuldades que a criança portadora do TDAH podem ter são tantas e persistirem por toda sua vida, que uma intervenção precoce diminuiria consideravelmente os efeitos que uma má interpretação de suas atitudes pode causarlhes. É nesse sentindo que a escola desenvolve um papel importantíssimo na vida dessas crianças, sendo necessário desenvolver programas de incentivo aos professores para se especializarem, a fim de estes poderem traçar estratégias significativas que tornem a vida dessas crianças mais fácil. No livro Inclusão: O nascer de uma nova pedagogia, de Celso Antunes (2008), o autor afirma que o apoio do professor que une a tolerância à exigênciaé sempre muito importante para a criança na fase de desenvolvimento, pois é o professor que vai demonstrar através do seu afeto que o aluno é capaz de superar qualquer dificuldade, exigindo sempre dele a superação com amor e cautela. Existe também um sentimento de preocupação, com quatro votos, de acordo com o Apêndice E, o que é muito bom, pois existe uma intenção aparente em querer ajudar este aluno e assim direcioná-lo para um acompanhamento mais específico, tanto dentro da escola como também através de acompanhamento médico. Como foi visto nos capítulos anteriores a criança com o transtorno, podem apresentar dificuldades de relacionamento, por não obedecer às regras das brincadeiras, respeitarem a vez do outro, por se intrometer nas conversar ou por não controlar seus impulsos e hiperatividade, fazendo com que as outras crianças aos poucos se afastem, assim como a agressividade pode estar presente, caracterizando o que chamamos de Transtorno Desafiante Opositor. Esse transtorno pode ser apresentado junto com os sintomas do TDAH e é o que no trabalho foi apresentado como comorbidades. Mattos (2007) vai descrever o Transtorno Desafiante Opositor quando ocorre comportamento agressivo e a criança parece estar frequentemente com raiva ou ressentida, também se deve suspeitar de que haja outro problema associado. Nesses casos, a criança pode apresentar ataques de raiva repentinos, hostilidade verbal, desobediência às regras escolares, passando a não atender a pedidos e ater discussões freqüentes com adultos e colegas. Ainda pode apresentar comportamento vingativo. Esse e os outros transtornos que podem estar entrelaçados com TDAH devem ter suas 51 características bem esclarecidas para os professores para que possam identificá-los de maneira rápida e encaminhar o aluno para um acompanhamento especializado. Sei, contudo, que não cabe ao professor diagnosticar a crianças por não ter especialização para isso, mas cabe a ele reparar que tais comportamentos apresentados frequentemente na criança não é normal e que uma investigação com os pais e com a própria criança devem ser feitas para evitar algo mais agravante no futuro delas. Deve-se ter ainda muito cuidado para não rotular a criança de modo a interferir no aprendizado, ou deixá-la fazer o que desejar por ter problemas comportamentais. Um diagnóstico mais preciso se faz necessário para comprovar a presença do TDAH ou de outros transtornos. Apesar do diagnóstico do TDAH ser um tanto complexo por se basear em relatos de pais, professores e outros profissionais que possam contribuir com dados sobre a criança e sobre os sintomas específicos do transtorno, uma entrevista mais detalhada com um especialista é necessário para seu diagnóstico, assim como a realização de teste neuropsicológico. Nos EUA, segundo Barkley (2008), diversas iniciativas promovidas pelo Departamento de Educação dos EUA, resultaram em documentos de intervenções escolares recomendadas para satisfazer as necessidades educativas de estudantes portadores de TDAH. Sendo assim, essa iniciativa de melhorar o desempenho acadêmico dos portadores de TDAH não cabe só aos professores, mas deve ser algo que venha ser incentivado pelo Sistema de Educação Brasileiro. Já que para a criança que tem uma alteração no desenvolvimento da atenção, da impulsividade e da hiperatividade conseguir bom desempenho acadêmico é muito difícil, e que seus comportamentos são inerentes à sua forma de ser e agir, estratégias educativas que possibilitem um melhor aproveitamento escolar devem ser garantidas por lei também para essas crianças brasileiras. Esse é o meu desejo para o Brasil e para essas crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Celso. Inclusão: o nascer de uma pedagogia. São Paulo: Ciranda Cultural, 2008. – (Um olhar para a educação). ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Resolução 217 A (III), 10 dez. 1948. Disponível em: < http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm> Acesso em: 02 jan. 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO – ABDA. Revista: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), p.4. Site da Associação disponível em http://www.tdah.org.br/. Acesso em 15 fev. 2010. BARKLEY, Russell A.. & colaboradores. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: manual para diagnóstico e tratamento. 3ª Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2008. BONET, Trinidad; SORIANO, Yolanda; SOLANO, Cristina. Aprendendo com crianças hiperativas: um desafio educativo. São Paulo: Cengage Learning, 2008. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil - ECA. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/26454/browse?value=Inclus%C3%A3o+escolar&type=subject.. Acessado em 24/01/17 às 21:40 http://www.atividadeseducacaoinfantil.com.br/recursos-educacionais/temas-sugestoes-e-dicas-para-tcc-de-pedagogia/. Acessado em em 28/01/17 às 20:30 https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_do_d%C3%A9ficit_de_aten%C3%A7%C3%A3o_com_hiperatividade. Acessado em 02/02/17 às 19:45 http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/39548/000825089.pdf?sequence=1. Acessado em 04/02/17 às 22:00