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ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 32 3 CONSTITUIÇÃO DAS MÁQUINAS ELÉTRICAS Máquinas elétricas são máquinas cujo funcionamento se baseia em fenômenos do eletromagnetismo. Um destes fenômenos é a indução eletromagnética e o outro a força eletromagnética. Estas máquinas podem classificar-se de várias formas e uma destas classificações é quanto ao movimento: há um tipo de máquina que é estática, por não ter peças em movimento. Trata-se do transformador. As restantes são, normalmente, rotativas, pelo fato de terem peças em movimento rotativo, figura 18. A parte da máquina elétrica rotativa que é fixa chama-se estator e a parte da máquina que é móvel chama-se rotor, há também, uma parte ativa e uma não ativa. A parte ativa é constituída pelo enrolamento do estator (Figura 19) e pelo enrolamento do rotor, ambos posicionados em ranhuras (figura 20). É na parte ativa que a energia elétrica é convertida em energia mecânica e vice-versa. 5) Rotor Elemento girante da máquina (que gira), composto do eixo, núcleo de chapas e barras ou enrolamentos. 2) Carcaça Estrutura de sustentação das outras partes do motor. É provido de pés de fixação. 1 3) Caixa de ligação É a caixa de terminais do motor. 6) Tampa da caixa de ligação 7) Tampa Parte fixa à carcaça, destinada a suportar um mancal e proteger as partes internas da máquina. 2 1) Estator Parte do máquinaque é constituída dos elementos estacionários: carcaça, núcleo de chapas e enrolamento . 6 7 3 4 5 8 4) Terminais de ligação do máquina à rede elétrica ou à carga. 8) Mancal O eixo se apóia sobre o mancal, para poder girar. Figura 18 – Constituição de uma máquina elétrica. FOTOS CEDERJ 9 9) Placa de características do moto ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 33 A parte não ativa são todos os outros componentes da máquina como tampas, carcaça, eixo, mancais, etc., que servem para transmissão do movimento rotativo, proteção externa e fixação da máquina. 3) Enrolamento trifásico Três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase, formando um sistema trifásico ligado à rede elétrica de alimentação, através dos terminais localizados na caixa de ligação. 2) Ranhuras São cortes na periferia (ao redor) do estator para colocação dos enrolamentos. 1) Núcleo de chapa. 2 1 3 4) Pés de fixação 4 Figura 19 – Estator de uma máquina elétrica .FOTOS CEDERJ Figura 20 – Ranhuras http://www.liberato.com.br/upload/arquivos/0131010716421316.pdf ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 34 A classificação da máquina elétrica como girante é a habitual, por se referir às máquinas mais comuns, mas convém lembrar que há máquinas com peças móveis e que não são rotativas, devido ao seu movimento ser linear. É o caso do motor linear, figura 21. Outra forma de classificar estas máquinas é quanto ao tipo de alimentação. O transformador e algumas das outras máquinas rotativas funcionam em corrente alternada. As restantes funcionam em corrente contínua. Outra classificação tem a ver com a função da máquina. Todas as máquinas elétricas funcionam produzindo transformações de energia. Das máquinas elétricas que estamos a nos referir, o transformador é um caso particular. Transforma energia elétrica em energia elétrica. O interesse da transformação é que permite transformar uma tensão alta numa baixa (transformador baixador) ou transformar uma tensão baixa numa alta (transformador elevador) ou manter a tensão mas separando galvanicamente circuitos (transformador de isolamento). As aplicações dos transformadores são enormes, desde os transformadores Em processos que demandem deslocamento linear, operação silenciosa, baixa manutenção, grande confiabilidade e elevadas taxas de aceleração ou elevadas forças de tração, a utilização dos motores rotativos e atuadores tradicionais acaba ficando comprometida. Os MOTORES LINEARES (planos ou tubulares) aparecem cada vez mais como sendo uma alternativa para estas situações, devido a sua forma construtiva e características de operação altamente favoráveis para a automação e operação industrial. Os Motores de Indução Lineares (MILs) são motores que produzem um movimento de translação diretamente, sem necessitar de sistemas de engrenagens ou quaisquer outros mecanismos de conversão de movimento rotativo em movimento de translação. Figura 21– Motores lineares ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 35 de grande potência que existem nas subestações à saída das centrais elétricas onde se produz a energia elétrica, às subestações que existem ao longo do transporte e da distribuição da energia, até todo o tipo de aparelhagem industrial e doméstica (como televisores, gravadores, carregadores de baterias para automóveis e telemóveis). O transformador está em quase toda a parte. E é responsável pelo peso dos aparelhos, pois é provavelmente o componente mais pesado, devido a ter um núcleo de ferro, figura 22. Nas restantes máquinas elétricas há transformação de uma forma de energia noutra. Há máquinas que transformam energia mecânica em elétrica e outras que fazem o inverso. Algumas podem até funcionar de uma ou da outra forma (como acontece com a máquina de corrente contínua). As que transformam energia mecânica em elétrica chamam-se geradores. As que transformam energia elétrica em mecânica chamam-se motores. Os geradores de corrente contínua também se denominam dínamos e os de corrente alternada, alternadores. Existem vários tipos de dínamos, dos quais os mais usuais são os seguintes: dínamos de excitação independente, de excitação em derivação (ou shunt), de excitação em série e de excitação composta (ou compound), havendo ainda vários tipos destes últimos. Cada um tem características e aplicações diferentes dos restantes. Por exemplo, o dínamo shunt pode ser usado para alimentar redes de corrente contínua por manter a tensão relativamente constante para variações de carga, enquanto o dínamo série não é adequado para este efeito mas pode ser usado para alimentar aparelhos de soldadura. Figura 22 Transformador ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 36 Os alternadores têm inúmeras aplicações, pois são eles que produzem a maior parte da energia que se consome no mundo. São eles que produzem a energia na maioria das centrais elétricas dos mais variados tipos (com exceção das fotovoltaicas), inclusive nas centrais nucleares. Em potências menores usam-se, por exemplo, em estaleiros de obras em que não exista rede pública disponível. Existem vários tipos de motores, dos quais os mais usuais são os seguintes. Corrente contínua: motores de excitação independente, de excitação em derivação (ou shunt), de excitação em série e de excitação composta (ou compound), havendo ainda vários tipos destes últimos. Cada um tem características e aplicações diferentes dos restantes. Por exemplo, o motor shunt é adequado para máquinas-ferramenta, por ter uma velocidade relativamenteestável com a carga (não sendo, no entanto, o melhor para este efeito), o motor série não é adequado para esta aplicação, mas é adequado para tração elétrica, pois tem um bom binário de arranque. Em geral, os motores compound têm algumas características de algum dos outros, mas melhoram certas características destes sendo, no entanto, mais caros. Uma característica própria dos motores de corrente contínua é a facilidade de controle da sua velocidade, o que não acontece nos de corrente alternada. Corrente alternada: motores assíncronos (muito usados em variadas aplicações, por serem robustos e baratos) e motores síncronos (mantêm a velocidade constante, além de terem outras características que os destinam a aplicações especiais). Dos motores assíncronos há dois grupos principais: os de rotor em gaiola de esquilo (os mais simples e mais usados) e os de rotor bobinado. ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 37 Estáticas Transformadores excitação independente shunt Dínamos série composto de corrente contínua excitação independente shunt Rotativas Motores série composto rotor de gaiola Máquinas assíncronas rotor bobinado de corrente alternada Máquinas síncronas Alternador motor síncrono Para facilitar a análise anteriormente efetuada, vejamos o seguinte diagrama : ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 38 3.1 Placa de característica de uma máquina elétrica A placa de característica é a identidade da máquina elétrica. Nela você encontra dados de suma importância para poder trabalhar com este equipamento, como exemplo, num motor elétrico temos: (figura 23) 1) A potência nominal é aquela que o motor pode fornecer no eixo, obedecendo a dados que foram especificados pelo fabricante. A unidade de medida de potência de um motor é cv, hp ou watts, por exemplo, 3/4cv. 2) A tensão de alimentação é a tensão da rede para qual o motor foi projetado. As tensões mais usadas em redes de baixa tensão são 220V, 380V e 440V. Esta tensão depende de aspectos econômicos e da tensão da rede onde vai ser ligado o motor. 3) A Velocidade nominal é dada normalmente em rpm (rotações por minuto) e indica o número de rotações do eixo do motor na unidade de tempo (1 minuto). 4) A corrente nominal é a corrente que o motor solicita da rede para seu perfeito funcionamento, obedecendo a dados que foram especificados pelo fabricante. Figura 23 Placa de característica de um motor elétrico trifásico 5 1 3 12 4 8 11 7 10 6 2 13 9 Classificação do motor quanto à fonte de alimentação ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 39 5) A freqüência nominal é a freqüência da rede para qual o motor foi projetado, expressa em Hz. No Brasil a freqüência é padronizada em 60 Hz. A freqüência está associada a movimentos em forma de ondas e indica o nº de voltas por unidade de tempo. 6) A relação corrente de partida/corrente nominal (IP/IN) indica quanto será a corrente solicitada da rede, pelo motor, no momento de sua partida. Esta corrente é bem mais alta que a corrente nominal, porque o motor precisa de muita força para poder girar seu eixo. 7) O fator de serviço é uma potência adicional que o fabricante põe à disposição do cliente desde que seja utilizada dentro de condições estabelecidas pela norma específica. Não significa que seja uma sobrecarga e sim uma potência adicional contínua. 8) O grau de proteção reflete a proteção do motor quanto à entrada de corpos estranhos e penetração de água pelos orifícios destinados a entrada e saída de refrigerante (ar, por exemplo). A norma especifica os graus de proteção pelas letras IP (do inglês, Intrisic Protection), que significa “proteção própria do dispositivo”. Estas letras são seguidas de dois algarismos: • O primeiro algarismo indica o grau de proteção quanto à penetração de corpos sólidos e quanto a contatos acidentais, • O segundo algarismo indica o grau de proteção quanto à penetração de água. Os significados dos dois algarismos constam na tabela abaixo e a combinação dos mesmos indica a proteção desejada em função da aplicação do motor para uma determinada atividade. Por exemplo: IP 54 Primeiro algarismo Segundo algarismo Por exemplo, na placa de características da Figura 23 o grau de proteção é IP 54, isto significa que este motor está protegido contra acumulo de poeira prejudicial ao equipamento e contra respingos de água em todas as direções. Confira na tabela. ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 40 ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 41 9) A isolação é definida em função do limite de temperatura que o conjunto de materiais que formam o isolamento do motor, pode suportar continuamente sem que sua vida útil seja afetada. Esta vida útil depende fundamentalmente da isolação de seus enrolamentos. Os materiais isolantes são, por normas, agrupados em classes de isolamento. As classes de isolamento utilizadas em máquinas elétricas e os respectivos limites de temperatura, conforme NBR-7034 são: • Classe A (105 ºC) • Classe E (120 ºC) • Classe B (130 ºC) • Classe F (155 ºC) • Classe H (180 ºC) Por exemplo, na placa de características da figura 23 a isolação é da classe B, isto significa dizer que a maior temperatura que os materiais isolantes utilizados neste motor podem suportar, continuamente, sem que seja afetada sua vida útil, é de 130ºC. Quando você trabalha com um motor com 10ºC (dez graus Celsius) acima de sua temperatura normal de trabalho, sua vida útil praticamente se reduz a metade. 10) O regime de funcionamento é o grau de regularidade da carga a que o motor é submetido. Os motores normais são projetados para regime contínuo, (a carga é constante), por tempo indeterminado, e igual à potência nominal do motor. Por exemplo, no regime S1, o motor funciona com uma carga constante de duração suficiente para que se alcance o equilíbrio térmico. 11) O conjugado (também chamado torque, momento ou binário) é a medida do esforço necessário para girar um eixo. De acordo com as características do conjugado, em relação à velocidade e corrente de partida, os motores são classificados em categorias (NBR 7094), adequadas, cada uma delas, a um tipo de carga e que são as seguintes: • Categoria N - motores de aplicação geral (Bombas d’água, ventiladores, compressores) que acionam a maioria das cargas de utilização prática . • Categoria H - usados para cargas que exigem maior conjugado na partida, como peneiras, transportadores carregadores, cargas de alta inércia, britadores, etc. ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 42 • Categoria D- usados em prensas excêntricas e máquinas semelhantes, onde a carga apresenta picos periódicos. Usados também em elevadores e cargas que necessitam de conjugados de partida muito altos e corrente de partida limitada. 12) Modelo; 13) Série. O modelo e a série do motor são dados que ajudam você na comunicação com o fabricante. Com esses dados o fabricante pode ter ajudar a resolver problemas relacionados ao motor, por exemplo, lhe enviando o desenho original do enrolamento de determinado modelo para que você faça comparações com o enrolamento que está no seu motor. Algumas placas trazem também, o esquema de ligação do motor à rede (Figura 24. O esquema de ligação ensina a você como conectar o motor à rede de alimentação. Figura 24 Placa de característica de um motor monofásico com esquema de ligação Instruções para a ligação do motor à rede elétrica