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RESENHA DO LIVRO PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA

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RESENHA DO LIVRO PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA: DA SOLIDARIEDADE À AUTONOMIA DE REGINA HELENA CAMPOS
CAMPOS, Regina Helena de. Psicologia Social Comunitária: da Solidariedade à Autonomia, 10 ed. Petrópolis: Vozes,1996.
 Regina Helena de Freitas é uma das autoras e organizadora do livro Psicologia Social Comunitária: da Solidariedade à Autonomia. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais e PhD em Educação pela Stanford University. Realizou pós-doutorado na Universidade de Genebra e na École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris.
 O livro Psicologia Social Comunitária: da Solidariedade à Autonomia está dividido em 7 capítulos, sendo eles: Introdução – A Psicologia Social Comunitária; 1 – Históricos e Fundamentos da Psicologia Comunitária no Brasil; 2 – Comunidade: A Apropriação Científica de um Conceito tão antigo quanto a Humanidade; 3 – Psicologia na Comunidade, Psicologia da Comunidade e Psicologia (Social) Comunitária – Práticas da Psicologia em Comunidade nas décadas de 60 a 90, no Brasil; 4 – Relações Comunitárias, Relações de Dominação; 5 – A Instituição Como Via de Acesso à Comunidade; 6 – Qualidade de vida e Habitação; 7 – Psicologia Comunitária. Cultura e Consciência.
 Este livro é uma coletânea de reflexões do Grupo de Trabalho em Psicologia Social da ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia), em que abordam as relações entre os psicólogos e a comunidade, juntamente com o histórico e as perspectivas teóricas dessa nova área de estudo da Psicologia, a Psicologia Social Comunitária.
 Na Introdução – A Psicologia Social Comunitária, Regina Helena de Freitas aborda o início da Psicologia Comunitária no Brasil, desde a constituição do espaço teórico e prático que deu origem a esta denominação. Nos mostra como foram os primeiros trabalhos comunitários, suas dificuldades e, a conscientização do público alvo, com o seu principal objetivo, que é de, progressivamente fazê-los se tornar o autor de sua própria história, reconhecendo os conflitos e ajudando em busca de soluções.
 No primeiro capítulo, - Históricos e Fundamentos da Psicologia Comunitária no Brasil, Silvia Tatiane Maurer Lane nos detalha o histórico político- social do contexto onde surge a Psicologia Social no Brasil , em meio a ditadura, frente à opressões e violência, que marcam este período na história do Brasil, fazendo com que houvesse um questionamento por parte dos profissionais de Psicologia, sobre qual era a sua atuação e qual seria o seu papel de conscientização junto a maioria da população, questionamento este, que vai além dos consultórios, chegando nas Universidades, no mesmo período em que a crise da Psicologia como ciência estava evidente. Surgem então duas vertentes da Psicologia Social Comunitária, uma voltada para a prevenção e saúde mental, e outra voltada para educação popular, ambas com objetivos diferentes, mas que por vezes se confundem. Quando foi delineado a nova visão histórica da psicologia comunitária no Brasil, observou-se que é no contexto grupal que nos identificamos e, ao mesmo tempo nos diferenciamos do outro, que é dentro do grupo, cada um com suas particularidades, que pode-se negar ou definir a identidade do sujeito.
 No segundo capítulo, - Comunidade: A Apropriação Científica de um Conceito tão antigo quanto a Humanidade, Bader B. Sawaia começa definindo“ comunidade”, sua ausência na psicologia e sua apropriação por um ramo da Psicologia Social. Explica que a descoberta da comunidade não foi “ um processo específico da Psicologia Social “(pag.35), destacando a importância da sua inclusão no contexto teórico da Psicologia Social, e também o perigo disto, pois, como seu conceito engloba qualquer perspectiva de participação profissional, pode ser usada de forma demagógica, pois, hoje em dia, “a maioria dos profissionais da saúde, das ciências humanas dizem estar trabalhando na e com as comunidades “(pag. 36). Na década de 50, comunidade foi introduzida nas ciências sociais como um lugar de gerenciamento de conflitos. Na década de 70, houve a necessidade de rever estes conceitos, quando a psicologia comunitária apresenta-se como área do conhecimento científico. Hoje, com a globalização, observa-se a queda de barreiras tradicionais que separam o homem e nações, enquanto assiste o reaparecimento de antigos valores. A Psicologia social começa então a delimitar o seu campo de competência” na luta contra a exclusão de qualquer espécie” (Pág. 51).
 No capitulo 3 - Psicologia na Comunidade, Psicologia da Comunidade e Psicologia (Social) Comunitária – Práticas da Psicologia em Comunidade nas décadas de 60 a 90, no Brasil, Maria de Fátima Quinta de Freitas nos remete aos anos 40 e 50, na história do Brasil, onde começou a ser inserido o psicólogo nos trabalhos em comunidade. Era um período de mudanças no país e, com o desenvolvimento, vinha também o desemprego e a pobreza. Um pouco antes do ser instaurado o regime militar no país, em 1962, acontece o reconhecimento da profissão de Psicólogo no Brasil, sendo sua prática desenvolvida em lugares reservados. É neste contexto conturbado econômica e politicamente que se inicia o emprego do termo psicologia na comunidade, onde trabalhava-se de maneira voluntária, não remunerada. No final dos anos 70 e início dos anos 80 a “ denominação psicologia comunitária passa a ser um termo mais consagrado e adotado por vários profissionais” (Pág. 66) . Neste contexto cria-se a ABRAPSO. No início dos anos 90, ficou mais frequente a denominação “psicologia da comunidade “, ou seja, fora do consultório, distinguindo-se da “psicologia na comunidade”. Com diferenças significativas está a Psicologia social comunitária. Com isso, pode-se dizer que na década de 90 há muito mais urgência de trabalhos que priorizem as necessidades da sociedade do que o enquadramento dos profissionais nesta prática.
 No quarto capítulo, - Relações Comunitárias, Relações de Dominação, Pedrinho A. Guareschi começa rediscutindo os conceitos ligados ao título acima, nos fazendo pensar e questionar a percepção da “ relação” a partir de um indivíduo como único e também repleto de “ relações”. “A percepção da relação é, pois, uma percepção dialética, percepção de que algumas coisas “necessitam” de outras para serem elas mesmos” (Pág. 83). Estas relações constituem os grupos e, quando falamos em comunidades, falamos destas relações pois são elas que norteiam a comunidade. A relação de dominação, em que se caracteriza por ser desigual e injusta, podendo ser, entre outras, econômica, política e religiosa e as relações comunitárias, que são igualitárias, todos são reconhecidos pela sua singularidade também há a existência de uma dimensão “afetiva, implica que as pessoas sejam amadas, estimadas e bemquistas” (pág., 97). Pedrinho Guareschi diz que, “como é uma nova psicologia comunitária que está nascendo, surgem outros questionamentos para se pensar e se posicionar. Ele questiona também o modo como são feitos os estágios nas comunidades carentes, como são feitos? Para que são feitos? Temos que atentar para preconceitos etilistas e lembrar sempre que todos tem que ter “um respeito muito grande pelo “saber” do outro”.
 No capítulo 5 – A Instituição Como Via de Acesso à Comunidade, Jaciara C.R. Nasciutti busca elucidar as inter-relações entre instituição e comunidade e o lugar que ocupa na psicossociologia. Discorre amplamente sobre o conceito de instituição e nos mostra que o termo vem sendo usado no contexto da psicossociologia por diferentes teóricos e “ podemos dizer que tudo aquilo que se tornou instituído, reconhecido como tendo existência materializada na vida social é instituição“( pág. 103), logo a psicossociologia reconhece sua importância tanto na organização na vida social quanto na individual e, neste contexto, o movimento institucionalista se apoia nas principais correntesda psicologia, sociologia e antropologia e fazem parte, além da psicossociologia, a sociopsicanálise, a psicoterapia institucional e a análise institucional. Nesta variedade de linhas, busca-se uma mudança nas relações sociais. Portanto, uma instituição é muito mais que uma organização, é um lugar de interação, pois somos objetos e sujeitos ao mesmo tempo. A autora nos mostra a interdependência existente entre instituição e comunidade, e a instituição atua como mediadora do que é social e do que é individual revelando-se “um centro incentivador de transformações sociais”.
 O capítulo 6 – Qualidade de Vida e Habitação, Naumi A de Vasconcelos disserta sobre os modelos culturais de habitação e sua relação com a qualidade de vida, que como vimos, é muito complexo Fatores políticos, econômicos e a noção de intimidade contribuem para a relação qualidade de vida e habitação. Outro ponto é que o homem e a mulher não percebem a habitação da mesma forma, pois se fizermos a analogia corpo – casa há uma estreita relação entre o habitar (na casa) e o habitar (no corpo) e é uma relação vivenciada de forma diferente entre homem e mulher, pois o homem considera a casa como símbolo da vivência e da imagem do próprio corpo, enquanto que para a mulher, se inclui na categoria do sintomático. A autora mostra diferentes aspectos que influenciam direta e indiretamente nesta relação com realidades e percepções que diferem da época da perspectiva em que é avaliada, além de pesquisas que demonstram a evolução destes conceitos.
 No sétimo e último capítulo – Psicologia Comunitária, Cultura e Consciência, e socialização, a autora e compiladora deste material, Regina Helena de Freitas Campos, traz como foco de estudo dois processos psicossociais: a consciência e a cultura, e as influências das três abordagens utilizadas em psicologia social. Nas abordagens clássicas, cognição social e socialização enfatiza-se o uso da consciência e o modo como processos mentais internos afetam o mundo externo, pois o foco da atenção das teorias cognitivas são as atitudes. A abordagem sócio interacionista diz que o conhecimento se constrói na interação social. De acordo com esta abordagem vivemos em um ambiente em constante transformação, “criado e recriado” pela atividade cultural, que assim supera o individualismo da abordagem cognitiva clássica e traz consequências importantes para a elaboração de estratégias de desenvolvimento da consciência, como programas comunitários. Também é abordado o tema representações sociais, o que significa a dialética entre a ação individual e a ação grupal e um movimento de renovação da prática cotidiana. Pontua que o campo de estudo delimitado pela Psicologia Social, é constituído em última análise, pela análise da cultura.
 Durante a leitura desta obra, foi possível perceber que alguns conceitos nela abordados, como Psicologia Social e Psicologia Social Comunitária, ainda confundem a população e até alguns profissionais, quanto a sua amplitude de atuação. Foi muito enriquecedor percorrer a história e as contingências do desenvolvimento deste ramo, digamos assim, da Psicologia, pois o que antes era visto apenas como uma equipe multidisciplinar, em um local determinado fazendo atendimentos à sociedade, agora firma-se como uma ciência que trabalha em prol da comunidade, em prol da conscientização do indivíduo, para que todos tenham as mesmas oportunidades, as mesmas condições, e, o mais importante, que o indivíduo passe a ser sujeito, ou seja, o protagonista da sua história, a partir da conscientização das suas necessidades e dificuldades, e a busca de soluções para os problemas, sempre visando o seu crescimento, como peça importante no grupo em que está inserido, pois a interação do interação do indivíduo com o grupo também é priorizado. A Psicologia Social Comunitária, juntamente com as instituições e a comunidade vai desenvolvendo estratégias e criando estruturas para melhorar as perspectivas de vida nas comunidades, que, como foi visto, também são delimitados e influenciados por diversos fatores, sempre coibindo as desigualdades e as discriminações.
 Foi de suma importância a leitura deste livro para a compreensão de muitos conceitos e a aplicações, desenvolvimentos, teorias, que juntos formam a Psicologia Social, matéria da qual está sendo feito este trabalho, explicitando mais a Psicologia Social Comunitária. 
 
 Cristiane Silva da Hora

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