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Aula 4: A influência da mídia e da propaganda nos hábitos nutricionais e no comportamento alimentar Disciplina: Educação Nutricional Profª. Paula Salmito Contribuição: Profª.Samara Mesquita PUBLICIDADE / PROPAGANDA / MARKETING Publicidade: tornar público um fato ou idéia Propaganda: ato de propagação de princípios e teorias/ objetivo de implantar, de incutir uma ideia ou uma crença na mente; Marketing: processo de descoberta e interpretação das necessidades dos consumidores; convencimento quanto a adquirir e utilizar continuamente os produtos e serviços oferecidos. promoção de vendas, distribuição dos produtos e assistência ao consumidor pós-venda. PUBLICIDADE / PROPAGANDA / MARKETING MÍDIA: Elementos materiais que divulgam a mensagem Geralmente são classificados como: visuais auditivos audiovisuais Interativos Mais acessível à população é a TELEVISÃO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO: Determina o número de vezes que um comercial é exibido, a freqüência e intensidade de inserção dos comerciais de televisão Obedece às recomendações quanto ao mercado a ser atingido, veículos de divulgação, apelos a serem empregados, mensagens adequadas para o meio escolhido e verba disponível PUBLICIDADE / PROPAGANDA / MARKETING CONTEÚDO NUTRICIONAL? O QUE INFLUENCIA A ESCOLHA DO CONSUMIDOR? Praticidade Custo Sabor Socialização Valor agregado Motivação pessoal ou induzida IMPORTÂNCIA DA EMBALAGEM Cerca de 66% das decisões de compra dos consumidores são tomadas nos pontos de venda. A embalagem e o rótulo de um produto alimentício constituem importantes fontes de informação: Abordam aspectos nutricionais e sensoriais do produto Geram expectativa no consumidor e permitem que o mesmo faça sua escolha entre as diversas alternativas disponíveis. Influência das cores nas embalagens COR Tanto sob o ponto de vista fisiológico quanto psicológico é fator decisivo (CEZAR, 2000; FARINA, 1990). Tem a capacidade de rapidamente captar um domínio emotivo a atenção do comprador. Uma embalagem pode ter mudança estética com uso certo de cores mais adequadas e motivadoras, que a destaquem entre os demais produtos concorrentes (FARINA, 1990). Influência das cores nas embalagens Finalidades das cores: Chamar a atenção; Tornar o produto mais atrativo Realismo da mensagem; As cores exercem importante papel no psicológico, sendo assim é usada para estimular, acalmar, afirmar, negar, decidir, curar e, no caso da propaganda vender. Associação de cores com produtos alimentícios Chocolate: vermelho, alaranjado, dourado, marrom Café: dourado, marrom, vermelho Leite em pó: branco, azul, amarelo, verde Massas: vermelho, dourado, branco, azul Chá mate: vermelho, marrom, amarelo, verde Sorvetes: branco, laranja, amarelo, verde, azul Queijos branco: vermelho, amarelo; Óleos: verde, amarelo, vermelho e azul; Cervejas: dourado, prateado, azul, vermelho; Fonte: (CEZAR, 2000) Marketing nutricional Explora a característica ou a dimensão nutricional dos alimentos. [...] (SÁ; MARIA, 2004) Põe o consumidor em contato com as diferenças de caráter nutricional dos produtos (GONSALVES 1996). Propaganda nutricional está mais relacionada a informações expressas nos rótulos dos alimentos. O profissional de nutrição pode auxiliar no desenvolvimento, implantação e avaliação de resultados das pesquisas de marketing, no lançamento ou análise de produto existente no mercado. Marketing nutricional Atualmente: Consumidor com maior acessibilidade e melhor nível de conhecimento acerca de temas como nutrição e saúde Indivíduo responsável pelo estilo de vida que adota e, conseqüentemente, pela própria saúde e seleção dos alimentos que ingere Seleção de alimentos objetivando a saúde e/ou culto ao corpo PROMOÇÃO DA SAÚDE EM FOCO Marketing nutricional Empresas alimentícias e profissionais de marketing têm absorvido tais tendências das preferências e necessidades da população, elaborando produtos e serviços que atendam a tais expectativas (KOTLER, 1999). Informação nutricional Uma das formas mais importantes de marketing nutricional consiste na veiculação de tabelas com informações nutricionais do produto, ou seja, a descrição do conteúdo de energia e nutrientes do alimento. (CELESTE, 2001). 56% de consumidores americanos pesquisados afirmaram que comparam produtos de diferente marca quanto ao conteúdo nutricional: comprovando a influência das tabelas nutricionais presentes nos rótulos dos alimentos. (ADA, 1997). INFORMAÇÃO NUTRICIONAL RDC n. 360/2003: Normas sobre rotulagem nutricional de alimentos. Deve ser apresentada por porção do alimento, contendo quantidade do valor energético e os seguintes nutrientes: carboidratos (g) proteínas (g) gorduras totais (g) gorduras saturadas (g) gorduras trans (g) fibra alimentar (g) e sódio (mg); qualquer outro nutriente considerado importante à manutenção de bom estado nutricional ou nutriente sobre o qual seja efetuada declaração de propriedades nutricionais. PROPAGANDA NUTRICIONAL Declaração, sugestão ou entendimento de que o produto possua determinadas propriedades nutricionais em relação ao valor energético e conteúdo de proteínas, carboidratos, lipídios, fibras, vitaminas, minerais e outros componentes (tais como licopeno, flavonóides, fitoesteróis, etc.). PROPAGANDA NUTRICIONAL Alimentos Funcionais Alimentos utilizados como parte de uma dieta normal que doenças crônicas, além de suas funções básicas nutricionais. Alimentos utilizados como parte de uma dieta normal que demonstram benefícios fisiológicos e/ou reduzem o risco de doenças crônicas, além de suas funções básicas nutricionais. A ADA (American Dietetic Association) considera que alimentos fortificados e modificados são alimentos funcionais. O que não ocorre no Brasil. PROPAGANDA NUTRICIONAL Na prática: mensagens confusas, erros e afirmações sem fundamento científico: Como no caso da margarina, onde a afirmação de que o produto “... não contém colesterol” Afirmação redundante, tendo em vista que todos os óleos de origem vegetal não apresentam colesterol. Presença de ácidos graxos trans em gorduras vegetais hidrogenadas, quando o produto é descrito como “... uma opção muito saborosa para cuidar do seu coração”. NA PRÁTICA .... Brasil: estudo comparativo de 62 rótulos e embalagens de alimentos infantis disponíveis no mercado demonstrou que a maioria dos dados era insatisfatória, sendo majoritariamente empregados por força do apelo comercial, em detrimento da função de meio de informação ao consumidor (PHILIPPI et al., 1999). CONTEÚDO NUTRICIONAL 3 Unids-137 Kcal (88mg Na) 12 Unids- 548 Kcal (352mg Na) Pct 55g- 264 Kcal 274mg de Na Pct Unid - 290 Kcal 1795 mg de Na 350ml (2 copos)-149 Kcal 18 mg de Na CONTEÚDO NUTRICIONAL Calorias: Só isso que importa? NA PRÁTICA .... Busca veicular somente os aspectos benéficos dos produtos alimentícios comercializados, fato que pode ocasionar lesão moral e financeira ao consumidor, além de prejuízos à saúde (ADA, 2002). A legislação brasileira permite o uso de palavras da língua inglesa em rótulos de alimentos, sendo que, na maioria dos casos, o significado de tais termos é desconhecido da maior parte da população (CELESTE, 2001). PUBLICIDADE PARA O PÚBLICO INFANTIL O desenvolvimento do comportamento consumidor na infância é dividido em 5 estágios (McNeal, 2000): observação (2 meses): geralmente é por volta desta idade que a criança faz sua primeira visita a um estabelecimento comercial; pedido(2 anos): a criança pede o produto sendo observado, por meio de gestos e palavras; seleção (a partir dos 3 anos): remove sozinho produto das prateleiras; compra assistida (a partir dos 5 anos e meio): faz a primeira compra de um produto desejado, com assistência dos pais; compra independente (8 anos): realiza o ato de comprar por sua conta, independentemente da presença dos pais”. PUBLICIDADE PARA O PÚBLICO INFANTIL PARSON et al. (1998): estudando as mensagens de comerciais em horários de programação infantil na televisão americana, observou que, por hora, a criança está exposta a quantidades excessivas de constituintes alimentares, ou seja, em média a 2.591 quilocalorias, 71 gramas de gorduras e 2673 mg de sódio em cada hora que passa em frente à TV. Número de anúncios de produtos alimentícios chega a ser seis vezes maior do que aqueles veiculados em horário de programação adulta PUBLICIDADE PARA O PÚBLICO INFANTIL Borzekowsi e Robinson (2001): 1 ou 2 exposições com duração entre 10 a 30 segundos de comercial para crianças de 2 a 6 anos é capaz de influenciar a preferência por produtos específicos. Para aumentar a problemática: Mais de 90% dos atores ou modelos destes comerciais são magros ou muito magros e anunciam produtos ricos em calorias. Este tipo de estratégia pode influenciar as pessoas a pensarem que o consumo de tais alimentos não as levará a ganhar peso Editoria de Arte/Folhapress É preciso mudar Congresso: um projeto de Lei (6080/2005) que dispõe sobre as restrições à propaganda de bebidas e alimentos potencialmente causadores de obesidade. Objetivos: proibição de propaganda comercial de alimentos e bebidas nas emissoras de rádio e televisão entre as 6h e 21 horas. É preciso mudar 2006: Conselho Nacional de Auto- Regulamentação Publicitária incluiu novas normas éticas para a publicidade de alimentos e refrigerantes no código brasileiro. A publicidade de alimentos e refrigerantes não deve encorajar consumo excessivo, menosprezar a importância de um alimentação saudável, empregar apelos ligados a status social, entre outras regras. É preciso mudar Um projeto que tramita no Senado: 150/2009, que limita os horários para veicular comerciais de alimentos com alto teor de gordura, sódio e açúcar e de bebidas de baixo valor nutricional. A propaganda deverá deixar explícito o caráter comercial da mensagem. O anúncio também deve destacar o valor energético do alimento ou da bebida; É proibido informar erroneamente origem, natureza, composição e propriedades do produto, A publicidade deve evitar o estímulo ao consumo exagerado; Nenhuma propaganda deve desestimular o aleitamento materno, que deve ser exclusivo até os seis meses e complementar até os dois anos de idade ou mais; A propaganda de alimentos não saudáveis deverá ser veiculada em rádio ou televisão apenas entre 21h e 6h, além de ser acompanhada de mensagens de advertência sobre os riscos associados ao consumo excessivo; Não pode sugerir, por meio do uso de expressões ou de qualquer outra forma, que o alimento é saudável ou benéfico para a saúde; Não deve ser direcionada a crianças e adolescentes, seja por meio de imagens ou personagens associados ao público infantil, por meio de sua vinculação a brindes, brinquedos, filmes ou jogos eletrônicos; Não deve ser veiculadas em instituições de ensino, em entidades públicas ou privadas destinadas a fornecer cuidados às crianças, e nem em materiais educativos ou lúdicos. Devemos lembrar que ... A família é responsável pela formação do comportamento alimentar do indivíduo por meio da aprendizagem social, tendo os pais o papel de primeiros educadores nutricionais. O contexto social adquire um papel preponderante no processo de aprendizagem, principalmente nas estratégias que os pais utilizam para a criança alimentar-se ou para aprender a comer alimentos específicos. Estas estratégias podem apresentar estímulos tanto adequados quanto inadequados na definição das preferências alimentares da criança Algumas considerações Profissionais de saúde, especialmente da área de nutrição, devem encarar as empresas atuantes no setor alimentício como aliadas no trabalho de veiculação de conhecimento em saúde e nutrição à população. A Educação Nutricional é uma ferramenta muito importante para combater a influência negativa do marketing sobre as crianças, adolescentes e adultos. Além da educação nutricional, faz-se necessário uma regulamentação das propagandas de alimentos direcionadas ao publico infantil e jovem a fim de combater os maus hábitos alimentares e a inatividade física. Atividade 2 Tema: Comportamento Alimentar e Mídia Objetivo: Compreender o comportamento alimentar das pessoas influenciadas pela mídia. Diretrizes: o aluno deverá escolher aleatoriamente 3 produtos alimentícios e elaborar um trabalho sobre eles identificando os efeitos midiáticos (embalagem, cores, informações nutricionais) utilizados no produto. Apresentação de Slides e vídeos (se houver) de propaganda em sala de aula Atividade 2 Comentar e discutir de forma crítica os principais dados encontrados nessas propagandas, destacando as principais diferenças entre os produtos, juntamente com as informações solicitadas. Discussão e apresentação em sala: 14 dias após atividade ser passada (28/03/16). Atividade 2 Deve ser apresentado: O nome e marca do produto O local e o custo da compra desse produto Composição nutricional do produto Público alvo da propaganda Estratégia da propaganda Vantagens e desvantagens desse produto na alimentação Referências da aula LIRA, M.; CARVALHO, H. S. L. Influência das embalagens na Alimentação. Curso de Nutrição da Faculdade Assis Gurgacz. ISHIMOTO, E.; NACIF, M. A. L. Propaganda e marketing na informação nutricional. Brasil Alimentos. n° 11. Novembro/Dezembro de 2001. MOURA, N. C. Influência da mídia no comportamento alimentar de crianças e adolescentes. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 17(1): 113-122, 2010. DIEZ-GARCIA, R. W.; CERVATO-MANCUSO, A. M. Mudanças alimentares e educação nutricional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Parte 3: Capítulo 2: Determinantes ambientais do comportamento alimentar Parte 3: Capítulo 3: Publicidade e as Práticas Alimentares