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Aula 09 (Curso Estrategia) Direitos Humanos

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POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) 
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS 
TEORIA E EXERCÍCIOS 
AULA 09 
PROF: RICARDO GOMES 
Aula 09 
POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) 
QUADRO SINÓPTICO DA AULA 
Caros alunos, 
Iremos tratar dos seguintes aspectos pertinentes aos direitos 
humanos no plano internacional: 
3.7. O princípio básico da não-discriminação no Direito 
Internacional dos Direitos Humanos. 3.8. As obrigações executivas, 
legislativas e judiciais decorrentes das obrigações convencionais 
assumidas e a função dos órgãos e procedimentos do Direito Público 
Interno. 3. 9. O controle de reservas e a possibilidade de denúncia dos 
Tratados de Direitos Humanos. 3.1 O. As reparações às vítimas de 
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violações dos direitos humanos e a execução de sentenças de tribunais 
internacionais. 3.11. A aplicabilidade direta das normas internacionais 
de proteção no direito interno. 3.12. A primazia da norma mais 
favorável às vítimas. 3.13. A responsabilidade internacional dos 
Estados pela observância dos Direitos Humanos. 3.14. O Direito 
Internacional dos Direitos Humanos como jus cogens. 
Deve ser esclarecido que o tópico 3.11 (A aplicabilidade direta das 
normas internacionais de proteção no direito interno) será trabalhado na 
última aula, pois nela iremos tratar do tópico 8 que versa sobre a incorporação 
de normas internacionais ao direito interno brasileiro, temas correlatos. 
Por fim, importa frisar que haverá uma lista complementar de 
exercícios na última aula (aula 10) para que o candidato tenha as informações 
prontas para atender às suas necessidades. 
Bons estudos! 
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1. O princípio básico da não-discriminação no Direito
Internacional dos Direitos Humanos.
A compreensão do princípio básico da não-discriminação no 
contexto do Direito Internacional dos Direitos Humanos pressupõe uma 
abordagem geral da própria Convenção internacional sobre a eliminação de 
todas as formas de discriminação racial. 
A Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas 
de discriminação racial foi adotada pela ONU em 21 de dezembro de 1965, 
tendo sido incorporada pelo Brasil ao seu direito interno pelo Decreto n°
65.810, de 08 de dezembro de 1969. 
A criação de um tratado internacional voltado para a temática 
específica da discriminação racia'l visa um aperfeiçoamento da proteção 
abrangente conferida pelos instrumentos jurídicos anteriores estudados, 
principalmente os dispositivos que tutelam a igualdade entre as pessoas. 
Todos os indivíduos possuem uma dignidade que lhes é inerente e 
que não pode ser violada sob qualquer pretexto, inclusive o de raça ou origem 
étnica, de maneira que o combate à discriminação racial parte dos seguintes 
princípios: 
)- Universalidade 
)- Igualdade 
)- Não-discriminação 
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 b 
Em relação ao princ1p10 da não-discriminação, vamos dar uma 
olhada no que está previsto no artigo I da Convenção Internacional? 
ARTIGO I 
1. Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará
qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em 
raça, cor" descendência ou origem nacional ou étnica que tem por
objetivo ou efeito anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou 
exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de 
direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político
econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de sua
vida.
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões,
restrições e preferências feitas por um Estado Parte nesta
Convenção entre cidadãos.
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando
as disposições legais dos Estados Partes, relativas a nacionalidade,
cidadania e naturalização, desde que tais disposições não
discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
4. Não serão consideradas discriminações racial as medidas
especiais tomadas como o único objetivo de assegurar progresso
adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou indivíduos que
necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar
a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos
humanos e liberdades fundamentais, contanto que, tais medidas
não conduzam, em conseqüência , á manutenção de direitos
separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após
terem sidos alcançados os seus objetivos.
A Convenção REJEITA qualquer doutrina de superioridade baseada 
em diferenças raciais, considerando tal pensamento doutrinário como: 
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• Cientificamente falso
• Moralmente condenável
• Socialmente injusta e perigosa
O conceito de discriminação racial inclui não ap.enas a 
discriminação por motivo de RAÇA, mas também pelos elementos: 
)- Cor 
)- Descendência ou origem étnica 
)- Descendência ou origem nacional 
A Convenção NÃO inclui como discriminação racial, as seguintes 
práticas dos Estados: 
• Distinções entre cidadãos e não cidadãos (art. 1°, § 2°).
• Normas estatais relativas à nacionalidade, cidadania e
naturalização, desde que os Estados não discriminem
qualquer nacionalidade em particular (art. 1 °, § 3°).
• Políticas de ação afirmativa (art. 1°, § 4º)
Os Estados se obrigam a adotar políticas públicas destinadas a 
eliminar a discriminação racial, mesmo quando a discriminação é 
institucionalizada com apoio ( expresso ou tácito) do Estado. E também 
deverão: 
)- Apoiar as organizações e movimentos multirraciais e outros 
meios adequados para o combate à discriminação (art. 2). 
)- Tomar medidas eficazes, principalmente nos campos 
educacional, cultural e da informação, para (art. 7): 
o lutar contra os preconceitos que levem à discriminação
racial.
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o promover a tolerância entre grupos raciais e étnicos.
)- Combater a propaganda e as organizações inspiradas em 
idéias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou 
grupo étnico (art. 4). 
:.,. Lutar contra a incitação à discriminação (art. 4). 
Por fim, a Convenção reafirma que todos os direitos proclamados 
na DUDH são aplicáveis a todos os indivíduos independentemente de sua raça,
cor, origem nacional ou étnica (arts. 5 e 6). 
O cumprimento das normas da Convenção Internacional sobre a 
.Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial é uma atribuição que 
pertence a um mecanismo convencional chamado Comitê para a Eliminação da 
Discriminação Racial (CERD/CEDR), órgão criado pela própria Convenção
(arts. 8 a 16). 
Um detalhe importante é que a Convenção sobre Discriminação 
Racial foi o primeiro instrumento internacional de direitos humanos a
introduzir mecanismo próprio de supervisão. 
O CEDR é composto por especialistas independentes que deverão 
examinar os relatórios enviados pelos Estados a cada dois anos ou quando
solicitados. 
Mecanismos utilizados pelo CEDR: 
)- Denúncias preventivas 
)- Denúncias entre Estados)- Denúncias de particulares (indivíduos ou grupos) 
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Para ser realizada uma denúncia perante o CEDR é obrigatório o 
esgotamento dos recursos internos, exceto quando o funcionamento desses 
recursos ultrapassar prazos razoáveis. 
Há também a Comissão de Conciliação ad hoc, que buscará 
solucionar amigavelmente os conflitos envolvendo a discriminação racial. Após 
o término dos trabalhos, a Comissão repassa suas conclusões e
recomendações ao CEDR que informa os Estados a respeito, podendo acolher
ou não tais recomendações.
De acordo com o Decreto n° 4. 738/20:03, o Brasil reconheceu, de 
pleno direito e por prazo indeterminado, a competência do CEDR para receber 
e analisar denúncias indiv'iduais de· violação dos direitos humanos previstos na 
Convenção sobre Discriminação Racial. 
Por fim, as decisões do CEDR são destituídas de força jurídica 
obrigatória ou vinculante da mesma forma como acontece com as decisões do 
Comitê de Direitos Humanos. Assim, apenas é publicado um relatório anual 
elaborado pelo CEDR que é encaminhado à Assembléia Geral da ONU. 
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2. As obrigações executivas, legislativas e judiciais
decorrentes das obrigações convencionais assumidas e a
função dos órgãos e procedimentos do Direito Público
Interno.
Existe um ditado comum ao meio jurídico que "diz" que todo direito 
pressupõe um dever (obrigação). Isto é, a correlação entre direitos e deveres 
(obrigações). O descumprimento de um dever por alguém gera consequências 
que chamamos de sanção. Essa relação entre um dever descumprido e a 
consequente sanção é chamada de responsabilização. 
As obrigações internacionais estão contidas nos acordos (tratados) 
celebrados pelos sujeitos de direito internacional público (Estados e 
Organizações Internacionais) e devem ser cumpridas com fundamento no 
princípio da força obrigatória dos acordos ou pactos ( o princípio do pacta sunt 
servanda). 
O Estado que NÃO cumpre com suas obrigações internacionais em 
matéria de direitos humanos comete um ato ilícito. Isto significa que esse 
Estado pode vir a ser responsabilizado internacionalmente, podendo sofrer 
sanções e ser obrigado a reparar o dano eventualmente causado a indivíduos e 
a outros Estados. 
A responsabilidade internacional em matéria de direitos humanos é 
o instituto que permite ao Estado ou organização internacional que viole uma
norma de direito internacional de direitos humanos e cause dano a seus
cidadãos ou a outro ente estatal ou organismo internacional, de modo a arcar
com as CONSEQUÊNCIAS do ato ou do fato, devendo reparar os prejuízos
eventualmente causados. 
Os fundamentos da responsabilidade internacional são os 
seguintes: 
Dever de cumprir as obrigações internacionais 
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>- Dever de não causar dano a outrem. 
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Portanto, a responsabilidade recai sobre atos ou fatos 
internacionalmente ilícitos praticados por um Estado ou organização 
internacional. No entanto, para se responsabilizar o Estado no plano 
internacional é preciso que o autor de uma ação prove que a questão está 
submetida ao direito internacional. 
A questão de direitos humanos é matéria que transcende ao 
domínio reservado dos Estados, para ser assunto de interesse de toda 
comunidade internacional. 
Assim, os órgãos internacionais de direitos humanos, visando 
apurar as violações supostamente realizadas pelos Estados, aplicam as normas 
protetivas aos casos concretos, materializando essa responsabilização por meio 
de um processo internacional de direitos humanos. 
Para André de Carvalho Ramos: 
O processo internacional de direitos humanos consiste no 
conjunto de mecanismos ínternacionais que apura a violação 
de direitos humanos. Esse conjunto pode ser classificado de 
acordo com a origem (unilateral ou coletivos); natureza 
(político o.u judlciário) e finalidades ( emitindo 
recomendações ou deliberações vinculantes). 
Considerando os pontos que compõe o edital deste concurso, 
iremos enfocar nos mecanismos internacionais classificados de acordo com 
a origem, conforme a definição do professor André Ramos que parece ser a 
tendência da banca examinadora. 
Conclui-se, dessa maneira, que as formas principais de apuração 
da responsabilidade dos Estados pela violação às normas internacionais que 
deverão ser estudadas com cuidado pelo candidato são as seguintes: 
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• forma unilateral; e
• forma institucional ou coletiva.
Iremos explicitar cada uma delas de maneira específica nos 
próximos tópicos desta aula. 
Todavia, apenas para efeito de curiosidade, iremos explicar neste 
tópico, brevemente, os outros mecanismos internacionais quanto a natureza e 
finalidades. 
Quanto à natureza, os mecanismos podem ser de dois tipos: 
Político 
Judiciário 
O mecanismo político é aquele que constata a existência de uma 
lesão (ou violação) de dir,eitos humanos a partir de uma análise discricionária 
de natureza política por um Estado ou um grupo coletivo de Estados. 
O mecanismo judiciário é aquele que constata a existência de uma 
violação aos direitos humanos a partir de um procedimento no qual há o 
respeito às garantias do contraditório e da ampla defesa, bem como há a 
presença de julgadores imparciais. Ele é exercido por órgãos internacionais: 
• Órgãos quase judiciais ( o caso dos comitês de vários
tratados de direitos humanos, ex. CEDR, Comitê CEDAW,
chamados de "treaty bodies").
• Órgãos judiciais propriamente ditos ( os tribunais
internacionais de direitos humanos, como a Corte Européia
de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos
Humanos).
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tipos: 
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Quanto às finalidades, os mecanismos, também, podem ser de dois 
Recomendação 
Decisão 
Os mecanismos de recomendação são aqueles que têm, como 
resultado, a emissão de um documento de natureza recomendatória e 
opinativa (com sugestões) ao Estado violador dos direitos humanos. Esses 
meios buscam o diálogo e defendem o apelo promocional visando influenciar 
as políticas nacionais. 
Os mecanismos de decisão sã·o aqueles que emitem decisões 
vinculantes e obrigatórias, impondo um dever de cumprimento ao Estado 
violador dos direitos humanos. 
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3. O controle de reservas e a possibilidade de denúncia dos
Tratados de Direitos Humanos.
As RESERVAS são declarações feitas em um tratado internacional 
dadas por um país que assinou aquele tratado, dizendo quais as partes do 
tratado que ele discorda e não se compromete a seguir da forma como estava 
escrito. 
Elas estão previstas em um tratado que disciplina juridicamente os 
tratados: a Convenção de Viena sobre direito dos tratados. 
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados adotada em 22 
de maiode 1969, codificou o direito internacional consuetudinário referente 
aos tratados. A Convenção entrou em vigor em 27 de janeiro de 1980. O 
projeto de Convenção fo.i preparado pela Comissão de Direito Internacional das 
Nações Unidas. O projeto foi submetido pela Assembleia Geral da ONU à 
apreciação da Conferência de Viena sobre o Direito dos Tratados, que celebrou 
a Convenção em 1969. Até outubro de 2009, 110 Estados haviam ratificado a 
CVDT. Alguns juristas entendem que os termos da Convenção seriam 
aplicáveis até mesmo aos Estados que não são Partes da mesma, devido ao 
fato de a CVDT coligir, na essência, o direito internacional consuetudinário 
vigente sobre a matéria. O Brasil é parte da Convenção de Viena desde 25 de 
outubro de 2009, de acordo com o Decreto n° 7.030/2009. 
De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados: 
1 Artigo 2 
Expressões Empregadas 
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1. Para os fins da presente Convenção:
( ... ) d) "reserva" significa uma declaração unilateral, 
qualquer que seja a sua redação ou denominação1 feita por 
um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um 
tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou 
modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado 
em sua .aplicação a esse Estado; 
A reserva possui as seguintes características: 
• Declaração unilateral
• Não importa a redação ou denominação adotada
• Tem o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos
de certas disposições do Tratado em sua aplicação a esse
Estado.
As reservas geram as seguintes consequências: 
• modifica para o autor da reserva, em suas relações com
outro Estado, as disposições do tratado sobre as quais incide
a reserva, na medida prevista por esta; e
• modifica essas disposições, na mesma medida, quanto a esse
outro Estado, em suas relações com o Estado autor da 
reserva.
A reserva não modifica as disposições do tratado quanto às demais 
partes no tratado em suas relações entre si. 
Em casos envolvendo os tratados de direitos humanos, o exercício 
das reservas pelos Estados é absoluto? 
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Rafael Verol
Rafael Verol
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 Jlto "''"
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Voltando 
tratados: 
para o texto da Convenção de Viena sobre direito dos 
Reservas 
Artigo 19 
Formulaçãó de Reserv.as 
Um Estado pode, .ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um 
tratado, ou a ele aderir, formular uma reservã, a não ser 
que: 
a) a reserva seja proibida pelo tratado;
b) o tratado disponha que só possam ser formuladas
determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva
em questão; ou
c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja
incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.
Portanto, de acordo com a Convenção de Viena, não podem ser 
feitas reservas em tratados internacionais em geral, nas seguintes situações: 
• Reserva proibida pelo próprio tratado
• Parte do tratado que não autoriza declaração de reservas
• Reserva incompatível com o objeto e a finalidade
A última hipótese é a mais coerente e adequada para o exercício do 
controle das reservas de tratados internacionais de direitos humanos, afinal, 
uma reserva que negasse efetividade para o objeto e fim da proteção aos 
direitos humanos, não teria sentido de existir. 
É possível que um país se oponha às reservas formuladas por outro 
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Rafael Verol
Rafael Verol
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país. Nesse caso, em que um Estado que formulou objeção a uma reserva não 
se opôs à entrada em vigor do tratado entre ele próprio e o Estado autor da 
reserva, as disposições a que se refere a reserva não se aplicam entre os dois 
Estados, na medida prevista pela reserva (art. 21 da Convenção de Viena). 
Algumas instituições têm sido críticas das reservas excessivas. 
Exemplo disso foi a posição adotada pelo Comitê de Direitos Humanos que, em 
novembro de 1994, emitiu um Comentário Geral, de acordo com seus poderes, 
sobre o artigo 40 do PIDCP, no qual critica o número crescente de reservas 
feitas pelos Estados aos tratados de direitos humanos antes de consentir em 
ratificá-los. 
Para efeito de curiosidade e também por que já foi objeto de 
questão de alguns concursos, o dispositivo da Convenção de Viena sobre 
Direito dos Tratados que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi 
objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. 
O Brasil, quando aderiu à referida Convenção em 2009, fez duas 
reservas em relação à: 
• aplicação provisória dos tratados (artigo 25)
• Jurisdição compulsória da CIJ (artigo 66, §1º).
Essas reservas podem ser encontradas no Decreto n°
7.030/2009, que internalizou a Convenção de Viena. 
Os tratados internacionais têm sua forma própria de REVOGAÇÃO, 
qual seja, a denúncia, somente podendo ser modificada por outra norma de 
categoria igual ou superior, internacional ou supranacional, e jamais pela 
inferior, interna ou nacional. 
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A vinculação de um Estado a um tratado acarreta o cumprimento 
de uma série de procedimentos para a sua incorporação pelo direito interno. 
Do mesmo modo, deve haver com a retirada do tratado, ou seja, a denúncia 
deve observar uma série de formalidades e procedimentos para se concretizar. 
Prevê o artigo 56 da Convenção de Viena que: 
Artigo 56 
Denúncia, ou Retirada, de um Tratado ,qu.e não Contém 
Disposições sobre Extinção, Denúncia ou Retirada 
1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua
extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é
suscetível de, denúncia ou retirada,. a não ser que:
a)se estabeleça terem as partes tencionado admitir a 
possibilidade da denúncia ou retirada; ou 
b)um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da 
natureza do tratado. 
2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses
de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se
retirar de um tratado., nos termos do parágrafo 1. 
O dispositivo acima elenca as formalidades que devem ser 
adotadas por um Estado que queira se retirar de um tratado, destacando-se o 
prazo de 12 MESES para fazer a notificação da denúncia. 
Diversos tratados de direitos humanos possuem procedimentos 
específicos regulando a denúncia. 
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4. As reparações às vítimas de violações dos direitos
humanos e a execução de sentenças de tribunais
internacionais.
Nos primórdios de sua existência, o direito internacional não 
oferecia aos indivíduos possibilidades de agir em nome próprio na esfera 
internacional. Isto ocorria pelo fato da formação do direito internacional ser 
resultado da vontade dos Estados e não do interesse de seus cidadãos, ou 
seja, SOMENTE os Estados eram sujeitos de direito internacional. 
As primeiras iniciativas que buscaram mudar essa visão tradicional 
exclusivistaforam: 
• Petições no sistema de navegação do Reno (séc. XIX)
• Corte Internacional de Presas (Proposta em 1907)
• Corte Interamericana de Justiça (1907-1917)
• Corte centro-americana de Justiça (1907-1918)
• Liga das Nações e o sistema de petições para a proteção:
o Minorias
o Populações sob o regime de mandato
A participação do indivíduo na condição de agente direto em 
procedimentos internacionais de direitos humanos constitui um autêntico 
MARCO para a comunidade internacional, pois essa atuação promoveu a 
superação da visão tradicional exposta acima. 
Assim, foi firmado no século XX o reconhecimento progressivo da 
capacidade processual dos indivíduos, desde que tenha sido expressamente 
conferida pelos Estados dentro dos tratados internacionais. 
Isso significa que as pessoas passaram a deter o direito a se dirigir 
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diretamente a( os): 
• Organismos internacionais quase judiciais
• Cortes internacionais
Existem duas condições para a caracterização dos indivíduos 
como sujeitos de direito internacional: 
>- Regulação de direitos e deveres diretamente para indivíduos 
pelo direito internacional. 
Capacidade processual para agir em juízo. 
Na atualidade, essas duas condições se encontram plenamente 
preenchidas apenas no sistema regional europeu de proteção dos direitos 
humanos. Os tratados europeus claramente conferem direitos aos indivíduos e 
permitem o ACESSO DIRETO dos cidadãos à Corte Européia de Direitos 
Humanos. 
No plano dos deveres, há o reconhecimento da capacidade 
processual dos indivíduos na c-ondição de RÉU em casos envolvendo crimes 
contra a humanidade e outros de jurisdição do Tribunal Penal Internacional 
(TPI). 
Essa responsabilização pelo TPI pode incluir até mesmo indivíduos 
que seriam considerados "heróis" nacionais e que tivessem agido de acordo 
com as normas de direito interno, mas transgredido normas obrigatórias do 
direito internacional. 
Fora essas duas possibilidades (sistema regional europeu e TPI), os 
indivíduos NÃO possuem acesso direto às Cortes internacionais, mas sim a 
organismos internacionais QUASE JUDICIAIS que não estão obrigados a levar o 
litígio ao conhecimento desses Tribunais. 
A ,afirm-ação do:s iir1d:fvldu0s como suje,it0s de d1re1to interrnaci0nal 
tem s·e dado perar;,te organismos ir;,ternaci,onais quase judici'ais" As duas 
exceções sã9 · 
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- .siste;ma r;egion.al e,uropeu
- TPJ.
Observação: existem disposições quanto à capacidade processual 
de indivíduos semelhantes (mais não iguais) ao sistema regional europeu no 
sistema regional africano (Atuação do indivíduo na Corte Africana de Direitos 
Humanos), contudo, considerando o FOCO deste concurso, não iremos 
adentrar nesta especificidade. 
Todavia, deve ser recordado que essa capacidade de agir perante 
organismos quase judiciais é uma disposição de adesão facultativa nos 
tratados internacionais, de maneira que o próprio Estado pode eliminar essa 
capacidade: 
• Revogando expressamente essa disposição;
• Não renovando caso seja uma disposição temporária.
Os indivíduos possuem três modalidades de DIREITOS para o 
combate à violação de direitos humanos: 
)- Direito de comunicação 
)- Direito de petição 
)- Direito de ação 
O direito de comunicação é aquele em que os indivíduos 
informam uma situação e, consequentemente, obtém uma resposta, mas não 
obrigam à abertura de um procedimento de apuração de violação de direitos 
humanos individuais. Ele possui fundamento no art. 24 da Declaração 
Universal de Direitos Humanos que será tratado a seguir. 
As comunicações individuais no direito internacional dos direitos 
humanos são encontradas em procedimentos extraconvencionais da ONU, por 
exemplo, o procedimento previsto na Resolução n° 1503 (Procedimento 1503) 
que autorizavam (e não obrigavam) a antiga Comissão de Direitos Humanos 
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da ONU (hoje Conselho de Direitos Humanos da ONU) a 
procedimento de apuração de violações aos direitos humanos. 
iniciar um 
O direito de petição consiste no requerimento de um indivíduo 
vítima de violação a um direito humano seu que exige e recebe uma resposta 
definida através de um procedimento preestabelecido. 
Esse direito permite que o indivíduo lesado venha a exigir uma 
atuação de organismos internacionais contra o Estado violador. Um exemplo 
disso é o sistema de petição individual perante a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos. 
A principal DIFERENÇA entre o direito de comunicação e o direito 
de petição é a seguinte: 
Direito de comunicação: o indivíduo apenas leva ao 
conhecimento dos órgãos internacionais fatos considerados como lesivos aos 
direitos humanos. 
Direito de petição: é permitido ao indivíduo violado exigir uma 
atuação de organismos internacionais contra o Estado violador. 
Por fim, o direito de ação é o mecanismo que possibilita ao 
indivíduo agir perante Cortes judiciais, ou seja, de exercer o ajuizamento de 
ação individual perante um órgão judicial internacional. 
Essa hipótese se encontra prevista na Convenção Européia de 
Direitos Humanos, com as alterações produzidas pelo Protocolo 11, e autoriza 
indivíduos a ingressarem com ações perante a Corte Européia de Direitos 
Humanos. 
Direito de ação: ajuizamento de ação individual perante um 
órgão judicial internacional. 
Por fim, sobre o direito de ação, André de Carvalho Ramos se 
manifesta favoravelmente ao instituto afirmando que o uso desse mecanismo: 
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TEORIA E EXERCÍCIOS 
AULA 09 
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( ... ) assinala a consecução do ideal do Direito Internacional 
dos Direitos Humanos, que é a primazia do indivíduo em 
detrimento do Estado. Nada melhor do que dotar o 
indivíduo, sem intermediários, de capacidade processual 
ativa para combater a violação de direitos humanos sofrída. 
A maior dificuldade que a proteção internacional dos direitos 
humanos enfrenta não reside na definição de quais direitos devem ser 
protegidos ou então na busca dos elementos de fundamentação, mas na sua 
implementação ou efetivação. 
Afirma Norberto Bobbio sobre os direitos humanos que: 
"( ... ) Não se trata de saber quais e quantos são esses 
direitos, qual é a sua natureza e fundamento, mas sim qual 
é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, 
apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente 
violados." 
A implementação (aplicação) do direito que não é observado pelos 
Governos é uma atividade decisória que encontra nos organismos judiciais sua 
expressão mais completa. 
Nesse sentido, afirma Maria Teresa de Carcomo: 
"É a preocupação pela efetividade dos direitos declarados 
que está a base da criação das cortes internacionais, 
mediante a celebração de tratados internacionais, cujo 
extraordinário desenvolvimento constitui, sem dúvida, 
expressão consensualda globalização". 
No plano internacional, os órgãos judiciais que podem produzir 
decisões de responsabilização internacional dos Estados por violações de 
direitos humanos são os seguintes: 
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>- Corte Internacional de Justiça
>- Tribunal Penal Internacional (TPI) - apenas agentes estatais.
Todavia, existem diversos obstáculos para que esses órgãos 
judiciais possam atuar de forma efetiva no âmbito da responsabilização, pois o 
TPI somente pode processar e julgar indivíduos (no caso de direitos humanos, 
os agentes públicos a serviço de um Estado violador de direitos humanos), 
enquanto que a Corte Internacional de Justiça tem como principal obstáculo o 
fato de que somente um Estado pode ingressar com uma ação nesse sentido 
contra outro Estado. 
Em razão desses fatores, serão nos sistemas regionais de proteção 
de direitos humanos que teremos uma atuação mais efetiva de tribunais 
produzindo decisões de responsabilização internacional do Estado por violação 
de direitos humanos. 
No âmbito dos sistemas regionais, destaquem-se os seguintes 1 :
>- Corte Européia de Direitos Humanos (sistema europeu)
>- Corte Interamericana de Direitos Humanos (sistema 
interamericano) 
A força vinculante das decisões de tribunais internacionais em 
relação à responsabilidade do Estado deve ser efetivada em dois planos: 
• Plano da obrigatoriedade da decisão
• Plano da executoriedade no direito interno
Nesse sentido, pode ser observado o art. 46 da Convenção 
Européia de Direitos Humanos que prevê expressamente os dois planos: 
1 Como já foi frisado em aulas anteriores e nesta própria aula existem outros órgãos judiciais 
como a Corte Africana de Direitos Humanos e a Tribunal de Justiça da Comunidade Européia, 
os quais não serão estudados em virtude do enfoque que está sendo dado para este concurso. 
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Artigo 46. 0
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(Força vinculativa e execução das sentenças) 
1. As Altas Partes Contratantes obrigam-se a respeitar as
sentenças definitivas do Tribunal nos litígios em que forem
partes.
2. A sentença definitiva do Tribunal será transmitida ao Comitê
de Ministros, o qual velará pela sua execução.
3. Sempre que o Comitê de Ministros considerar que a
supervisão da execução de uma sentença definitiva está a ser
entravada por uma dificuldade de interpretação dessa
sentença, poderá dar conhecimento ao Tribunal a fim que o
mesmo se pronuncie sobre essa questão de interpretação. A
decisão de submeter a questão à apreciação do tribunal será
tomada por maioria de dois terços dos seus membros titulares.
4. Sempre que o Comitê de Ministros considerar que uma Alta
Parte Contratante se recusa a respeitar uma sentença
definitiva num litígío em que esta seja parte, poderá, após
notificação dessa Parte e por decisão tomada por maioria de 
dois terços dos seus membros titulares, submeter à apreciação
do Tribunal a questão sobre o cumprimento, por essa Parte, da 
sua obrigação em conformidade com o n ° 1. 
5. Se o Tribunal constatar que houve violação do n º 1, 
devolverá o assunto ao Comitê de Ministros para fins de
apreciação das medidas a tomar. Se o Tribunal constatar que
não houve violação do n º 1, devolverá o assunto ao Comitê de 
Ministros, o qual decidir-se-á pela conclusão da sua
apreciação.
Dispositivo semelhante é encontrado no art. 68 da Convenção 
Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica): 
Artigo 68 1. Os Estados-partes na Convenção 
comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo 
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caso em que forem partes. 
2. A parte da sentença que determinar indenização
compensatória poderá ser executada no país respectivo pelo
processo interno vigente para a execução de sentenças
contra o Estado.
No caso específico do sistema regional interamericano, todo Estado 
que integra as referidas convenções regionais de direitos humanos a partir do 
momento que reconhecem a competência estão obrigados a respeitar as 
decisões proferidas pelas cortes internacionais instituídas por esses tratados. 
seguir: 
Nesse sentido, encontra-se previsto no art. 62, parágrafos 1 e 3, a 
Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do 
depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção 
ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, 
declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e 
sem convenção especial, a competência da Corte em todos 
os casos relativos à interpretação ou aplicação desta 
Convenção. 
( ... ) 
3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer
caso, relativo à interpretação e aplicação das disposições
desta Convenção, que lhe seja submetido, desde que os
Estados-partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam
a referida competência, seja por declaração especial, como
prevêem os incisos anteriores, seja por convenção especial.
O Brasil reconheceu a competência obrigatória da Corte 
Interamericana de Direitos Humanos de acordo do Decreto Legislativo n° 89, 
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de 1998. 
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A decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos que visa 
responsabilizar internacionalmente o Estado pode determinar duas coisas: 
)- Obrigação do Estado de fazer ou não fazer alguma "conduta". 
)- Sanção pecuniária (indenização compensatória) a ser paga 
pelo Estado a título de reparação. 
A obrigação do Estado de fazer ou não fazer pode ser de varias 
espécies. Vamos ver agora alguns exemplos dessas obrigações no âmbito de 
uma decisão envolvendo direitos humanos: 
)- Exemplos de obrigações de fazer: 
o O Estado cria norma jurídica visando corrigir o
ordenamento jurídico que autoriza determinada
violação de direitos humanos (adequação do direito
interno à normatividade internacional).
o O Estado institui uma política pública para corrigir uma
situação fática (presente na realidade social) em que
há violação de direitos humanos.
)- Exemplo de obrigações de não fazer: 
o O Estado deixa de aplicar determinada norma jurídica
ou política pública que viole direitos humanos.
A sanção pecuniária envolve o pagamento de uma indenização 
compensatória visando a reparação do dano causado pelo Estado aos direitos 
humanos. 
Nas duas hipóteses acima citadas, o cumprimento da decisão 
deverá ser baseado nas regras procedimentais previstas pelo direito interno do 
Estado condenado. 
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De acordo com o direito interno do Brasil, as decisões dos tribunais 
internacionais que responsabilizam o Estado brasileiro por violação de direitos 
humanos possuem a natureza de título executivo judicial. 
Isso significa que elas podem ser executadas como qualquer outro 
título executivo judicial (ou seja, como se fosse uma sentença judicial) perante 
a vara federal competente territorialmente, nos termos do art. 109 da 
Constituição Federal de 1988. 
Nessa circunstância, o Poder Judiciário brasileiro não precisa 
reconhecer se houve ounão a violação a direitos humanos. Ele apenas iria 
efetuar o processamento das medidas a serem adotadas para o cumprimento 
da decisão de tribunal internacional. 
Portanto, a decisã.o internacional de responsabilização do Estado 
por violação de direitos humanos pode ser executada diretamente no juízo de 
primeiro grau, observadas as regras de competência. 
Por fim, apenas para efeitos de curiosidade, desde a criação da 
Corte Interamericana de Direitos Humanos, somente em julho de 2006, houve 
a primeira condenação do Estado brasileiro por violação a direitos humanos: 
trata-se do caso Damião Ximenes Lopes, o qual envolveu os maus-tratos 
sofridos pela vítima, portadora de transtorno mental, em uma clínica 
psiquiátrica no Ceará, violência que resultou em morte da vítima 2 •
O Brasil foi condenado por violação aos direitos humanos à vida, à 
2 Exploramos esse tema, neste curso de direitos humanos para PC-TO, em aulas anteriores envolvendo a Co11e 
Interamericana de Direitos Hmuanos. 
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i nteg ri da de física e à proteção judicial. Em cumprimento a essa decisão, o 
Brasil adotou as seguintes medidas: 
).- Publicação da sentença da Corte no Diário Oficial da União. 
).- Pagamento da indenização aos familiares da vítima. 
5. A aplicabilidade direta das normas internacionais de 
proteção no direito interno.
Este tópico será trabalhado na última aula, pois nela iremos tratar 
do tópico 8 que versa sobre a incorporação de normas internacionais ao direito 
interno brasileiro. 
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6. A primazia da norma mais favorável às vítimas.
O direito internacional dos direitos humanos prevê o princípio da 
primazia da norma mais favorável às VÍTIMAS, ou seja, a norma que melhor 
proteja o(s) direito(s) que foi(ram) violado(s) é a que deverá ser aplicada ao 
caso concreto. 
Logo, não há a pretensão de se definir pela primazia do direito 
internacional ou, então, do direito interno. Ambos devem interagir em 
benefício dos destinatários, ou seja, as vítimas de violações. O princípio da 
PRIMAZIA da norma mais favorável para as vítimas é consagrado em vários 
tratados de direitos humanos e contribui para minimizar ou reduzir as 
possibilidades de conflito entre os instrumentos legais. 
Tal critério da primazia demonstra que o propósito do direito 
internacional dos direitos humanos é garantir, ampliar e fortalecer a proteção a 
partir da coexistência de vários instrumentos legais. Assim, num caso 
concreto, o que importa em última análise é o grau de eficácia da proteção; é 
aplicar a NORMA que melhor PROTEJA A VÍTIMA, não importa se ela é de 
direito internacional ou de direito interno. 
Assim, a primazia significa a prevalência da norma que, no caso 
real, mais protege os direitos da pessoa humana. Se essa norma mais 
protetora for a Constituição de um país, ótimo! Caso não seja, deixa-se esta de 
lado e utiliza-se a norma mais favorável à pessoa humana, sujeito de direitos 
internacionalmente consagrados. 
Segundo Antônio Cançado Trindade e Valério Mazzuoli, nos casos 
de direitos humanos provenientes de tratados internacionais em que a 
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República Federativa do Brasil seja parte, há de ser sempre aplicado, na 
hipótese de conflito entre um tratado internacional e a Constituição, o princípio 
da primazia da norma mais favorável às vítimas, com fundamento no artigo 
4º , II, da Constituição Federal de 1988. 
Para esses autores, a aplicação do princípio da PRIMAZIA da norma 
mais favorável não torna nula qualquer dos preceitos da Constituição Federal 
de 1988, visto que ele decorreria do próprio texto constitucional. 
Esta opinião doutrinária NÃO é acolhida pelo STF, corte que possui 
o seguinte entendimento acerca da natureza dos tratados internacionais de 
direitos humanos:
• Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados
obedecendo às formalidades do art. 5°, § 3°, da CF:
natureza de EMENDA CONSTITUCIONAL.
• Tratados Internacionais de Direitos Humanos que NÃO se 
submeteram às formalidades citadas acima: natureza
SUPRALEGAL. 
Portanto, ambos estarão abaixo do texto da Constituição originária. 
As constituições de diversos países do Ocidente têm igualmente 
consagrado o primado do direito internacional face o direito interno do país. 
Exemplos: a Constituição alemã de 1948 (art. 25) e a Constituição francesa de 
1958 (art. 55). 
Um dos exemplos de tratados internacionais de direitos humanos 
que prevê a primazia da norma mais favorável é o Pacto de Direitos Civis e 
Políticos (art. 5°, 2), que dispõe: 
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"Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos 
direitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes 
em qualquer Estado-parte no presente Pacto em virtude de 
leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto 
de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça 
em menor grau" 
Por fim, cumpre mencionar que a possibil'idade de extensão aos 
estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no país, dos direitos 
individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos 
humanos nas relações internacionais do Brasil (art. 4°, II). 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios: 
( ... ) 
II - prevalência dos direitos humanos; 
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7. A responsabilidade internacional dos Estados pela
observância dos Direitos Humanos.
A NATUREZA OBJETIVA das obrigações de proteção de direitos 
humanos consagra, ou seja, considera que o indivíduo seria a principal 
preocupação da responsabilidade internacional do Estado em caso de violação 
direta ou indireta dos direitos humanos que são assegurados à todos nós, 
componentes da civilização humana. 
Isto significa que não haveria a necessidade de se caracterizar o 
elemento culpa por parte do Estado, visto que basta que haja uma violação de 
direitos humanos tendo como resultado um não atendimento por parte do 
Estado de suas obrigações de forma direta ou por pessoas por ele interpostas 
(agentes estatais). 
Segundo André de Carvalho Ramos: 
A jurisprudência das instâncias internacionais de proteção 
de direitos humanos é farta em assinalar o predomínio da 
teoria objetiva da responsabilidade internacional do Estado. 
A razão disso está na necessidade de interpretar os 
dispositivos internacionais de direitos humanos em benefício 
do indivíduo, como fruto da natureza objetiva dessas 
normas. 
Logo, não importa se houve culpa, basta que tenha ocorrido uma 
violação de direitos humanos para que o Estado seja responsabilizado no plano 
internacional. 
O fundamento da responsabilidade está na aferição, pura e 
simples, de uma eventual conduta que NÃO esteja de acordo com a norma 
internacional protetiva dos direitos humanos. 
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8. O Direito Internacional dos Direitos Humanos como jus
cogens.
Os direitos humanos pertencem à categoria normativa jus cogens, 
ou seja, são normas imperativas de direito internacional (de observância 
OBRIGATÓRIA pelos Estados e organizações internacionais). Logo, a sua 
violação constitui um ato ilícito internacional. 
O Estado possui uma dupla natureza no plano da proteção 
internacional de direitos humanos: ao mesmo tempo em que age como 
protetor de uma garantia coletiva, também é violador desses direitos, quando 
descumpre com uma obrigação internacional decorrente dos compromissos 
firmados nos tratados internacionais por ele assinados. 
humanos: 
Dupla natureza do papel dos Estados no âmbito dos direitos 
1:'>r p. r'.'of@:t br de.''Çfm · $),a r:a n t l a to:le t iva
.... . 
 ?- iolqdo:f· ,es.s1;s diy.ejtb- - . 
A violação de uma norma de direito internacional exige a 
responsabilização do Estado pelo seu ato. 
Considerando esse contexto, especialmente o conceito de processo 
internacional de direitos humanos, os mecanismos de proteção dos direitos 
humanos em face de violações a esses direitos podem ser classificados quanto 
a origem em duas categorias principais: 
)- Mecanismo unilateral 
)- Mecanismo coletivo ou institucional. 
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O mecanismo unilateral é aquele pelo qual um Estado ofendido 
requer diretamente a reparação ao Estado ofensor, ou seja, aquele que 
agrediu o Estado lesado. Caso não receba essa reparação, o ofendido poderá 
aplicar sanções unilaterais. 
O mecanismo institucional ou coletivo é aquele que deriva de 
tratados internacionais, por meio da criação de órgãos compostos por pessoas 
independentes e imparciais, que após análise dos fatos e instrução 
procedimental, terminam por decidir sobre a responsabilidade internacional do 
Estado supostamente infrator. 
A aferição da responsabilidade internacional do Estado por violação 
dos direitos humanos deve ocorrer principalmente por meio 
coletivos que podem ser entendidos como o devido 
internacional, visto que é através dele que se identifica: 
• fato ilícito
de mecanismos 
processo legal 
• relação causal entre a conduta imputável ao Estado e o
resultado lesivo
• determina-se o dever de reparação.
A escolha do mecanismo coletivo de apuração da responsabilidade 
internacional do Estado pelo descumprimento das normas internacionais de 
direitos humanos remete a três importantes funções: 
• Verificação
• Correção
• Interpretação
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A função de verificação é a análise imparcial da compatibilidade da 
conduta praticada com aquela prevista em norma do Direito Internacional 
Público. 
A função de correção é aquela que busca com mais vigor o término 
da conduta ilícita e o conseqüente retorno do status quo ante (situação 
estabilizada anteriormente). Se não for possível que tal restabelecimento 
ocorra na íntegra, admitem-se reparações, ex. a indenização em pecúnia. 
A função de interpretação é aquela em que os mecanismos judiciais 
e extrajudiciais de responsabilidade internacional estabelecem o correto 
alcance e sentido da norma internacional protetiva dos direitos humanos. 
Essa harmonização de entendimento interpretativo não seria 
possível, caso o mecanismo adotado fosse o unilateral, pois um único Estado 
não tem poder para consolidar entendimentos jurisprudenciais de caráter 
internacional, sendo esta tarefa uma atribuição dos órgão internacionais que 
compõem o mecanismo judicial. 
Vamos ver agora mais detalhes sobre cada um desses 
mecanismos. 
MECANISMO UNILATERAL: 
Conforme foi citado acima, o mecanismo unilateral é aquele pelo 
qual um Estado afirma ter sido ofendido em relação a uma obrigação 
internacional e requer diretamente a reparação pelo Estado supostamente 
ofensor. 
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Caso não haja essa reparação de forma espontânea, o Estado 
ofendido poderá aplicar sanções unilaterais. O ofendido torna-se juiz e parte ao 
mesmo tempo, o que leva a essa forma de responsabilização internacional ser 
marcada negativamente pela: 
• Perda de objetividade
• Perda da imparcialidade na aferição da conduta lesiva
Deve ser destacado que o Estado supostamente violador também 
tem posição jurídica oposta e perfeitamente passível' de defensa com 
fundamento no princípio da igualdade soberana entre os Estados. 
O Estado ofendido se comporta como um juiz em causa própria 
Uudex in causa sua). 
Cl rnecan smo unilateral é car,acterizado rprindpq'lmente pe a. 
PARCIALIDA'ºE. 
O mecanismo unilateral não possui condições de admissibilidade e 
tampouco requisitos para julgamento como ocorre nos mecanismos coletivos. 
Nele o Estado é livre para impor as formas pelas quais ele analisa a 
responsabilidade internacional de outro Estado por violações de direitos 
humanos. 
NÃO existem normas internacionais disciplinando os mecanismos 
unilaterais. Os Estados decidem de acordo com os seus interesses e vontades 
a forma como irá utilizar tal mecanismo, sendo, portanto, disciplinado pelo 
direito interno. 
A principal maneira como se operacionaliza os mecanismos 
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unilaterais geralmente envolve o aproveitamento de um trabalho efetuado por 
órgãos internos de um país (Agências de inteligência, segurança ou 
espionagem, ministérios ou departamentos de política externa, etc.) para 
avaliar a conduta de outros países e, após, exigir novas condutas de pretenso 
respeito a direitos humanos e, se não atendidos, impor sanções. 
Um dos Estados que mais utiliza essa forma de responsabilização é 
os Estados Unidos da América (ex. a produção de relatórios pelo Departamento 
de Estado dos EUA que avaliam a situação dos direitos humanos em diversos 
países do Mundo!). 
Apenas para efeitos de curiosidade: No caso dos EUA, a regulação 
das consequências desses relatórios produzidos pelo Departamento de Estado 
dos :EUA é feita por uma norma de direito interno, o Foreign Assistance Act, de 
1961, que estabelece ser o incentivo ao respeito pelos direitos humanos uma 
meta de política externa dos EUA e condicionante do fornecimento de 
assistência financeira e militar. 
Muitas vezes, os EUA busca burlar a natureza unilateral desses 
mecanismos por meio do processamento de demandas de violação dos direitos 
humanos perante os próprios tribunais internos da justiça norte-americana 
(ex. o caso Filártiga vs. Pena-Ira/a, no qual dois cidadãos paraguaios foram 
partes como autor - vítima de tortura - e réu - o torturador - da ação que 
tramitou em um Tribunal Federal dos EUA). 
Ocorre que para o direito internacional, os órgãos do Poder 
Judiciário de um país não passamde meros órgãos do Estado, órgãos de 
direito interno, de maneira que isso não retira a condição de meio unilateral da 
responsabilização. 
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De acordo com André de Carvalho Ramos: 
( ... ) quer o ato que responsabilize o pretenso Estado infrator 
tenha sua origem em lei interna (ato do Poder Legislativo), 
decisão administrativa (ato do Poder Executivo) ou mesmo 
sentença judicial (ato do Poder Judiciário), continua tal ato 
sendo um ato unilateral de um Estado perante o Direito 
Internacional e será aqui analisado como tal. 
O mecanismo unilateral de avaliação da responsabilidade 
internacional do Estado se originou do fato de ser a sociedade internacional 
uma sociedade paritária e descentralizada na qual cada Estado aplica os 
comandos normativos internacionais. 
Outra característica do mecanismo unilateral é que sua utilização 
afeta efetivamente as relações bilaterais entre Estados. Assim, o fato 
internacionalmente ilícito cometido por um Estado gera novas relações 
jurídicas apenas com o Estado lesado. 
Essa bilateralidade nos efeitos do uso dos mecanismos unilaterais é 
chamada no linguajar da diplomacia internacional de bilateral-minded system. 
Os mecanismos unilaterais são tolerados em virtude da 
necessidade de se preservar direitos violados de Estados, principalmente na 
ausência de mecanismos coletivos pelos quais o Estado violador seria obrigado 
a reparar o dano. 
Exemplo disso seria o caso de um Estado que violasse certo direito 
internacional reconhecido a crianças em seu território, atingindo inclusive 
crianças estrangeiras de outro Estado, e não fizesse parte do correspondente 
tratado internacional de direitos humanos que prevê mecanismos de 
responsabilização. Neste caso, poderia o Estado que teve as crianças atingidas 
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1 por essa violação adotar sanções unilaterais. 
Todavia, a evolução do instituto tem permitido que um Estado 
interviesse em defesa dos direitos humanos não somente quando atingir seus 
cidadãos, mas em qualquer hipótese, visto que esse Estado-terceiro não 
defende interesse próprio, mas de toda a comunidade internacional que é a 
maior interessada no respeito aos tratados internacionais de direitos humanos, 
dado a natureza universal de seus preceitos. 
Mas na prática internacional, o que ainda prevalece é a atuação 
motivada puramente em interesses próprios, de maneira que a aplicação de 
mecanismos unilaterais muitas vezes é encarada como uma espécie de 
neocolonialismo com o país "defensor dos direitos humanos" sendo acusado de 
agir de "polícia do mundo", "xerife do mundo". 
Alguns doutrinadores criticam que os mecanismos unilaterais não 
deveriam ser reconhecidos como idôneos, pois equivalem a "fazer justiça com 
as próprias mãos". É uma autêntica autotutela no âmbito internacional. 
Ademais, esses mecanismos podem levar a uma tensão 
diplomática que, se gerar uma "escalada de sanções", ocasião indesejáveis 
efeitos contrários à paz mundial, ainda mais por envolver um tema delicado 
como é o caso dos diretos humanos. 
É por isso que tem surgido no plano internacional a necessidade de 
se valorizar cada vez os mecanismos coletivos ou institucionais de 
responsabilização internacional por violação a direitos humanos. 
De modo que, em se tratando de tratados internacionais de 
direitos humanos que prevejam mecanismos coletivos obrigatórios, caberia ao 
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Rt to
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 b 
Estado-membro apenas acionar o Estado violador para que o último seja 
processado e obrigado a cumprir decisão internacional que fixará a reparação 
cabível. 
Há um instituto que merece uma atenção, visto que o CESPE já 
cobrou em outras oportunidades. Trata-se da actio popularis. De acordo com 
André de Carvalho Ramos: 
Por actio popularis ou actio publica entendo a possibilidade 
de qualquer Estado acionar determinado Estado infrator 
para a proteção de interesses considerados essenciais à 
comunidade internacional. 
Trata-se de uma nova concepção de actio popularis revista pela 
Corte Internacional de Justiça com o fim de promover uma maior efetividade 
às normas internacionais de direitos humanos e assim superar a adoção de 
medidas puramente unilaterais. 
MECANISMO INSTITUCIONAL OU COLETIVO: 
Conforme foi citado acima, o mecanismo institucional ou 
coletivo é aquele que deriva de tratados internacionais, por meio da criação 
de órgãos compostos por pessoas independentes e imparciais, que após 
análise dos fatos e instrução procedimental, terminam por decidir sobre a 
responsabilidade internacional do Estado supostamente infrator. 
Os mecanismos institucionais ou coletivos buscam evitar: 
• Seletividade
• Parcialidade
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Eles 
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oferecem avaliar a violação de direitos humanos oferecendo 
um procedimento que garanta o respeito ao devido processo legal a(o): 
)" Suposto Estado violador 
)" Suposta vítima 
!Mecanismo coletivo = mecanismo institucionaij
O mecanismo coletivo de apuração- de violação das normas 
internacionais de direitos humanos é uma atividade de verificação ou exame 
de conduta estatal, que será mensurada segundo os parâmetros estabelecidos 
em normas internacionais. 
Esse processo varia de acordo com cada órgão internacional de 
direitos humanos e o correspondente tratado internacional ( ou ato de 
organismo internacional) que o constituiu. 
Existem três mecanismos coletivos ou institucionais: 
)" Superv:isãd 
> ContJ:.Qle ,est.r,il:,o $enso
)- Tutefc:i 
A supervisão consiste na atividade do órgão internacional que 
visa induzir os Estados a introduzir a garantia de determinado direito no 
ordenamento interno e a efetivar tal garantia. 
A supervisão constitui uma FORMA DE PRESSÃO sobre os Estados 
para a adoção ou modificação voluntária de condutas. 
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A conclusão de um procedimento de supervisão desemboca na 
constatação de ilicitude internacional e na elaboração de uma recomendação 
não vinculante, fundamentada no direito de observação da conduta estatal 
em face dos direitos humanos. 
Um exemplo de superv1sao são os relatórios apresentados em 
diversos comitês instituídos por tratados internacionais de direitos humanos. 
O controle em sentido estrito averigua possíveis violações e 
cobra dos Estados a reparação às vítimas. 
Discute-se se as deliberações tomadas no âmbito desse controle 
pelos órgãos internacionais teriam ou não força vinculante (matéria 
controvertida). 
O CESPE não possui um posicionamento claro, mas André de 
Carvalho Ramos entende que há· costume internacional de obediência às 
decisões tomadas no âmbito do controle em sentido estrito, portanto, teria 
uma força vinculante. Todavia, tradicionalmentea doutrina entende que NÃO 
possui essa força vinculante. 
A dica que damos é de que se o examinador exigir alguma questão 
desse nível envolvendo o controle em sentido estrito e mencionar a 
expressão "COSTUME INTERNACIONAL" é um indício de que ele estaria 
optando pela linha de André Ramos, entendendo que as decisões produzidas 
nesse controle seriam vinculantes. 
De qualquer modo, em razão da natureza controversa, é pouco 
provável que haja uma cobrança desse nível. Isto seria tema para uma 
questão subjetiva no máximo. 
Um exemplo que caracteriza esse controle estrito senso é o 
processamento de petições individuais. 
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A tutela consiste na existência de uma jurisdição internacional 
subsidiária e complementar, apta a atuar como verdadeiro juiz internacional 
imparcial e zelar pelo respeito aos direitos humanos. 
Exemplos que Ilustram a tutela são os órgãos jurisdicionais 
constantes em sistemas regionais de direitos humanos, especialmente: 
;o)- Corte Interamericana de Direitos Humanos 
;o)- Corte Européia de Direitos Humanos 
Os procedimentos de supervisão, controle e tutela interagem de 
modo a constituir, no seu conjunto, um incipiente sistema interligado de 
julgamento internacional do Estado. 
Os mecanismos internacionais de apuração de violações de direitos 
humanos possuem uma natureza subsidiária. Assim, a princípio, devem os 
órgãos internos do próprios Estado violador punir o agente estatal interno pela 
prática de eventual ilícito aos direitos humanos. 
Caso essa medida inexista ou, então, seja inócua, poderá ser 
invocado o uso dos mecanismos internacionais de apuração de violações de 
direitos humanos. 
Atenção! Não confundir a unilateralidade com a 
subsidiariedade! 
Unilateralidade: órgãos internos de um Estado contra 
OUTRO Estado. 
Subsidiariedade: órgãos internos do Estado contra o 
PRÓPRIO Estado. 
Outro dado precisa ser relembrado são as funções dos mecanismos 
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,;..,!!..:.--
coletivos de apuração de violações aos direitos humanos. Existem três 
funções: 
Verificação 
 Correção 
;;;.. Interpretação 
A essência das três funções pode ser sintetizada abaixo: 
Função de verificação: compatibilidade da conduta estatal com 
norma internacional. 
Função de correção: impedimento da prática conduta ilícita e 
restauração da situação estabilizada anteriormente. 
Função de interpretação: estabelecimento do correto alcance e 
sentido da norma internacional. 
Sugerimos que o candidato reveja o item 25 no qual são expostas 
essas funções. 
Todavia, é bom recordar que os mecanismos internacionais têm 
sua importância não apenas pelas suas funções de revisão e correção de 
condutas estatais atentatórias a direitos protegidos, mas especialmente pelo 
efeito preventivo e pela força interpretativa que tais decisões 
internacionais geram na consolidação e efetivação do conteúdo das normas de 
direitos humanos. 
Na próxima Aula daremos continuidade ao nosso estudo de Direitos 
Humanos. 
De todo modo, curtam alguns exercícios!!!! 
Abaixo 2 listas de Exercícios: a 1 a com comentários e a 2ª apenas 
com gabarito. 
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QUESTÃO 151 (CESPE - 2012 - AGU - Procurador Federal). No que se 
refere à responsabilidade internacional dos Estados e às fontes do direito 
internacional e sua relação com o direito interno brasileiro, julgue o item a 
seguir. 
Na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o dispositivo que versa 
sobre a aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do 
Estado brasileiro. 
COMENTÁRIOS: 
Para efeito de curiosidade e também por que já foi objeto de 
questão de alguns concursos, o dispositivo da Convenção de Viena sobre 
Direito dos Tratados que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi 
objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. 
O Brasil, quando aderiu à referida Convenção em 2009, fez duas 
reservas em relação à: 
• aplicação provisória dos tratados (artigo 25)
• jurisdição compulsória da CIJ (artigo 66, §1º).
Essas reservas podem ser encontradas no Decreto n°
7.030/2009, que internalizou a Convenção de Viena. 
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RESPOSTA CERTA: C 
QUESTÃO 152 (FCC - 2012 - TRT - 20ª Região - Juiz do Trabalho -
Adaptada) Com base na Convenção de Viena, de 1969, julgue o item a 
seguir: 
\\Reserva" significa uma declaração bilateral, qualquer que seja a sua redação 
ou denominação, feita pelos Estados ao ratificarem, assinarem, aceitarem ou 
aprovarem um tratado, ou a ele aderirem, com o fito de excluir o efeito 
jurídico de certas disposições do acordo. 
COMENTÁRIOS: 
As RESERVAS são declarações feitas em um tratado internacional 
dadas por um país que assinou aquele tratado, dizendo quais as partes do 
tratado que ele discorda e não se compromete a seguir da forma como estava 
escrito. 
De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados: 
Artigo 2 
Expressões Empregadas 
1. Para os fins da presente Convenção:
(. .. ) d) "reserva'' significa uma declaração unilateral, 
quiJ/quer que seja a sua redação ou denominação, feita por 
vm Estado ao assinar,. ratificar, aceitar ou aprovar um 
tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou 
modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado 
em sua aplícação a esse Estado i 
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 !!!-
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A reserva possui as seguintes características: 
• Declaração unilateral
• Não importa a redação ou denominação adotada
• Tem o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos
de certas disposições do Tratado em sua ap-licação a esse
Estado.
RESPOSTA CERTA: E 
QUESTÃO 153 (CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal) 
Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a 
seguir, relativos aos direitos humanos. 
A possibilidade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que 
não residam no país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao 
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais do 
Brasil. 
COMENTÁRIOS: 
Por fim, cumpre mencionar que a possibilidade de extensão aos 
estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no país, dos direitos 
individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos 
humanos nas relações internacionais do Brasil (art. 4° , II). 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios: 
( ... )
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1 II - prevalência dos direitos humanos; 
RESPOSTA CERTA: C 
QUESTÃO 154 (MPT - 2012 - MPT - Procurador do Trabalho -
Adaptada) Em relação à Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, 
julgue o item a seguir: 
Consoante a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, a parte deve 
notificar, com pelo menos 12 (doze) meses de antecedência, a sua intenção de 
proceder à denúncia ou à sua retirada de um tratado que não contenha 
disposições sobre denúncia ou retirada. 
COMENTÁRIOS: 
Questão correta. Os tratados internacionais têm sua forma própria 
de REVOGAÇÃO, qual seja, a denúncia, somente podendo ser modificada por 
outra norma de categoria igual ou superior, internacional ou supranacional, e 
jamais pela inferior, interna ou nacional. 
A vinculação de um Estado a um tratado acarreta o cumprimento 
de uma série de procedimentos para a sua incorporação pelo direito interno. 
Do mesmo modo, deve haver com a retirada do tratado, ou seja, a denúncia 
deve observar uma série de formalidades e procedimentos para se concretizar. 
Prevê o artigo 56 da Convenção de Viena que: 
Artigo 56 
Denúncia, ou Retirada, de um Tratado que não Contém 
Disposições sobre Extínçãot Denúncia ou Retirada 
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1. Um tra.tado que nãó contém disposição refativa à sua
extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é
suscetível de denúncia ou retirada,. a não ser que:
a)se estabeleça terem as partes tencionado admitir a· 
possibilidade da denúncia ou retirada; ou 
b )um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da 
natureza do tratado. 
2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses
de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se
retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1. 
O dispositivo acima elenca as formalidades que devem ser 
adotadas por um Estado que queira se retirar de um tratado, destacando-se o 
prazo de 12 MESES para fazer a notificação da denúncia. 
RESPOSTA CERTA: C 
QUESTÃO 155 (MPT - 2012 - MPT - Procurador do Trabalho -
Adaptada) Em relação à Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, 
julgue o item a seguir: 
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, vigente desde 1980 para 
os países que a ratificaram, contém a sistematização dos conceitos jurídicos 
fundamentais sobre os tratados, entretanto, para o Brasil, que não a ratificou, 
a citada Convenção tem a utilidade apenas como direito consuetudinário. 
COMENTÁRIOS: 
Questão incorreta. A Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados adotada em 22 de maio de 1969, codificou o direito internacional 
consuetudinário referente aos tratados. A Convenção entrou em vigor em 27 
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de janeiro de 1980. O projeto de Convenção foi preparado pela Comissão de 
Direito Internacional das Nações Unidas. O projeto foi submetido pela 
Assembleia Geral da ONU à apreciação da Conferência de Viena sobre o Direito 
dos Tratados, que celebrou a Convenção em 1969. Até outubro de 2009, 110 
Estados haviam ratificado a CVDT. Alguns juristas entendem que os termos da 
Convenção seriam aplicáveis até mesmo aos Estados que não são Partes da 
mesma, devido ao fato de a CVDT coligir, na essência, o direito internacional 
consuetudinário vigente sobre a matéria. O Brasil é parte da Convenção de 
Viena desde 25 de outubro de 2009, de acordo com o Decreto n° . 
Para efeito de curiosidade e também por que já foi objeto de 
questão de alguns concursos, o dispositivo da Convenção de Viena sobre 
Direito dos Tratados que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi 
objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. 
O Brasil, quando aderiu à referida Convenção em 2009, fez duas 
reservas em relação à: 
• aplicação provisória dos tratados (artigo 25)
• jurisdição compulsória da CIJ (artigo 66, §1'º). 
Essas reservas podem ser encontradas no Decreto nº
7.030/2009, que internalizou a Convenção de Viena. 
RESPOSTA CERTA: E 
GABARITOS OFICIAIS: 
151 152 153 154 155 
e E e e E 
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1. 
POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) 
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· _RCÍCJOS co� ·GABARITO·
QUESTÃO 151 (CESPE - 2012 - AGU - Procurador Federal). No que se 
refere à responsabilidade internacional dos Estados e às fontes do direito 
internacional e sua relação com o direito interno brasileiro, julgue o item a 
seguir. 
Na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o dispositivo que versa 
sobre a aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do 
Estado brasileiro. 
QUESTÃO 152 (FCC - 2012 - TRT - 20 ª Região - luiz do Trabalho -
Adaptada) Com base na Convenção de Viena, de 1969, julgue o item a 
seguir: 
"Reserva" significa uma declaração bilateral, qualquer que seja a sua redação 
ou denominação, feita pelos Estados ao ratificarem, assinarem, aceitarem ou 
aprovarem um tratado, ou a ele aderirem, com o fito de excluir o efeito 
jurídico de certas disposições do acordo. 
QUESTÃO 153 (CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal) 
Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a 
seguir, relativos aos direitos humanos. 
A possibilidade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que 
não residam no país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao 
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais do 
Brasil. 
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