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POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES Aula 09 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) QUADRO SINÓPTICO DA AULA Caros alunos, Iremos tratar dos seguintes aspectos pertinentes aos direitos humanos no plano internacional: 3.7. O princípio básico da não-discriminação no Direito Internacional dos Direitos Humanos. 3.8. As obrigações executivas, legislativas e judiciais decorrentes das obrigações convencionais assumidas e a função dos órgãos e procedimentos do Direito Público Interno. 3. 9. O controle de reservas e a possibilidade de denúncia dos Tratados de Direitos Humanos. 3.1 O. As reparações às vítimas de www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 1 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES violações dos direitos humanos e a execução de sentenças de tribunais internacionais. 3.11. A aplicabilidade direta das normas internacionais de proteção no direito interno. 3.12. A primazia da norma mais favorável às vítimas. 3.13. A responsabilidade internacional dos Estados pela observância dos Direitos Humanos. 3.14. O Direito Internacional dos Direitos Humanos como jus cogens. Deve ser esclarecido que o tópico 3.11 (A aplicabilidade direta das normas internacionais de proteção no direito interno) será trabalhado na última aula, pois nela iremos tratar do tópico 8 que versa sobre a incorporação de normas internacionais ao direito interno brasileiro, temas correlatos. Por fim, importa frisar que haverá uma lista complementar de exercícios na última aula (aula 10) para que o candidato tenha as informações prontas para atender às suas necessidades. Bons estudos! www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 2 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 1. O princípio básico da não-discriminação no Direito Internacional dos Direitos Humanos. A compreensão do princípio básico da não-discriminação no contexto do Direito Internacional dos Direitos Humanos pressupõe uma abordagem geral da própria Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial. A Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial foi adotada pela ONU em 21 de dezembro de 1965, tendo sido incorporada pelo Brasil ao seu direito interno pelo Decreto n° 65.810, de 08 de dezembro de 1969. A criação de um tratado internacional voltado para a temática específica da discriminação racia'l visa um aperfeiçoamento da proteção abrangente conferida pelos instrumentos jurídicos anteriores estudados, principalmente os dispositivos que tutelam a igualdade entre as pessoas. Todos os indivíduos possuem uma dignidade que lhes é inerente e que não pode ser violada sob qualquer pretexto, inclusive o de raça ou origem étnica, de maneira que o combate à discriminação racial parte dos seguintes princípios: )- Universalidade )- Igualdade )- Não-discriminação www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 3 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 Rt to PROF: RICARDO GOMES b Em relação ao princ1p10 da não-discriminação, vamos dar uma olhada no que está previsto no artigo I da Convenção Internacional? ARTIGO I 1. Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor" descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de sua vida. 2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e preferências feitas por um Estado Parte nesta Convenção entre cidadãos. 3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as disposições legais dos Estados Partes, relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que tais disposições não discriminem contra qualquer nacionalidade particular. 4. Não serão consideradas discriminações racial as medidas especiais tomadas como o único objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais, contanto que, tais medidas não conduzam, em conseqüência , á manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos alcançados os seus objetivos. A Convenção REJEITA qualquer doutrina de superioridade baseada em diferenças raciais, considerando tal pensamento doutrinário como: www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 4 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES • Cientificamente falso • Moralmente condenável • Socialmente injusta e perigosa O conceito de discriminação racial inclui não ap.enas a discriminação por motivo de RAÇA, mas também pelos elementos: )- Cor )- Descendência ou origem étnica )- Descendência ou origem nacional A Convenção NÃO inclui como discriminação racial, as seguintes práticas dos Estados: • Distinções entre cidadãos e não cidadãos (art. 1°, § 2°). • Normas estatais relativas à nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que os Estados não discriminem qualquer nacionalidade em particular (art. 1 °, § 3°). • Políticas de ação afirmativa (art. 1°, § 4º) Os Estados se obrigam a adotar políticas públicas destinadas a eliminar a discriminação racial, mesmo quando a discriminação é institucionalizada com apoio ( expresso ou tácito) do Estado. E também deverão: )- Apoiar as organizações e movimentos multirraciais e outros meios adequados para o combate à discriminação (art. 2). )- Tomar medidas eficazes, principalmente nos campos educacional, cultural e da informação, para (art. 7): o lutar contra os preconceitos que levem à discriminação racial. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 5 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES o promover a tolerância entre grupos raciais e étnicos. )- Combater a propaganda e as organizações inspiradas em idéias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou grupo étnico (art. 4). :.,. Lutar contra a incitação à discriminação (art. 4). Por fim, a Convenção reafirma que todos os direitos proclamados na DUDH são aplicáveis a todos os indivíduos independentemente de sua raça, cor, origem nacional ou étnica (arts. 5 e 6). O cumprimento das normas da Convenção Internacional sobre a .Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial é uma atribuição que pertence a um mecanismo convencional chamado Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial (CERD/CEDR), órgão criado pela própria Convenção (arts. 8 a 16). Um detalhe importante é que a Convenção sobre Discriminação Racial foi o primeiro instrumento internacional de direitos humanos a introduzir mecanismo próprio de supervisão. O CEDR é composto por especialistas independentes que deverão examinar os relatórios enviados pelos Estados a cada dois anos ou quando solicitados. Mecanismos utilizados pelo CEDR: )- Denúncias preventivas )- Denúncias entre Estados)- Denúncias de particulares (indivíduos ou grupos) www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 6 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES Para ser realizada uma denúncia perante o CEDR é obrigatório o esgotamento dos recursos internos, exceto quando o funcionamento desses recursos ultrapassar prazos razoáveis. Há também a Comissão de Conciliação ad hoc, que buscará solucionar amigavelmente os conflitos envolvendo a discriminação racial. Após o término dos trabalhos, a Comissão repassa suas conclusões e recomendações ao CEDR que informa os Estados a respeito, podendo acolher ou não tais recomendações. De acordo com o Decreto n° 4. 738/20:03, o Brasil reconheceu, de pleno direito e por prazo indeterminado, a competência do CEDR para receber e analisar denúncias indiv'iduais de· violação dos direitos humanos previstos na Convenção sobre Discriminação Racial. Por fim, as decisões do CEDR são destituídas de força jurídica obrigatória ou vinculante da mesma forma como acontece com as decisões do Comitê de Direitos Humanos. Assim, apenas é publicado um relatório anual elaborado pelo CEDR que é encaminhado à Assembléia Geral da ONU. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 7 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 2. As obrigações executivas, legislativas e judiciais decorrentes das obrigações convencionais assumidas e a função dos órgãos e procedimentos do Direito Público Interno. Existe um ditado comum ao meio jurídico que "diz" que todo direito pressupõe um dever (obrigação). Isto é, a correlação entre direitos e deveres (obrigações). O descumprimento de um dever por alguém gera consequências que chamamos de sanção. Essa relação entre um dever descumprido e a consequente sanção é chamada de responsabilização. As obrigações internacionais estão contidas nos acordos (tratados) celebrados pelos sujeitos de direito internacional público (Estados e Organizações Internacionais) e devem ser cumpridas com fundamento no princípio da força obrigatória dos acordos ou pactos ( o princípio do pacta sunt servanda). O Estado que NÃO cumpre com suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos comete um ato ilícito. Isto significa que esse Estado pode vir a ser responsabilizado internacionalmente, podendo sofrer sanções e ser obrigado a reparar o dano eventualmente causado a indivíduos e a outros Estados. A responsabilidade internacional em matéria de direitos humanos é o instituto que permite ao Estado ou organização internacional que viole uma norma de direito internacional de direitos humanos e cause dano a seus cidadãos ou a outro ente estatal ou organismo internacional, de modo a arcar com as CONSEQUÊNCIAS do ato ou do fato, devendo reparar os prejuízos eventualmente causados. Os fundamentos da responsabilidade internacional são os seguintes: Dever de cumprir as obrigações internacionais www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 8 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 >- Dever de não causar dano a outrem. PROF: RICARDO GOMES Portanto, a responsabilidade recai sobre atos ou fatos internacionalmente ilícitos praticados por um Estado ou organização internacional. No entanto, para se responsabilizar o Estado no plano internacional é preciso que o autor de uma ação prove que a questão está submetida ao direito internacional. A questão de direitos humanos é matéria que transcende ao domínio reservado dos Estados, para ser assunto de interesse de toda comunidade internacional. Assim, os órgãos internacionais de direitos humanos, visando apurar as violações supostamente realizadas pelos Estados, aplicam as normas protetivas aos casos concretos, materializando essa responsabilização por meio de um processo internacional de direitos humanos. Para André de Carvalho Ramos: O processo internacional de direitos humanos consiste no conjunto de mecanismos ínternacionais que apura a violação de direitos humanos. Esse conjunto pode ser classificado de acordo com a origem (unilateral ou coletivos); natureza (político o.u judlciário) e finalidades ( emitindo recomendações ou deliberações vinculantes). Considerando os pontos que compõe o edital deste concurso, iremos enfocar nos mecanismos internacionais classificados de acordo com a origem, conforme a definição do professor André Ramos que parece ser a tendência da banca examinadora. Conclui-se, dessa maneira, que as formas principais de apuração da responsabilidade dos Estados pela violação às normas internacionais que deverão ser estudadas com cuidado pelo candidato são as seguintes: www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 9 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES • forma unilateral; e • forma institucional ou coletiva. Iremos explicitar cada uma delas de maneira específica nos próximos tópicos desta aula. Todavia, apenas para efeito de curiosidade, iremos explicar neste tópico, brevemente, os outros mecanismos internacionais quanto a natureza e finalidades. Quanto à natureza, os mecanismos podem ser de dois tipos: Político Judiciário O mecanismo político é aquele que constata a existência de uma lesão (ou violação) de dir,eitos humanos a partir de uma análise discricionária de natureza política por um Estado ou um grupo coletivo de Estados. O mecanismo judiciário é aquele que constata a existência de uma violação aos direitos humanos a partir de um procedimento no qual há o respeito às garantias do contraditório e da ampla defesa, bem como há a presença de julgadores imparciais. Ele é exercido por órgãos internacionais: • Órgãos quase judiciais ( o caso dos comitês de vários tratados de direitos humanos, ex. CEDR, Comitê CEDAW, chamados de "treaty bodies"). • Órgãos judiciais propriamente ditos ( os tribunais internacionais de direitos humanos, como a Corte Européia de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos). www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 10 tipos: POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES Quanto às finalidades, os mecanismos, também, podem ser de dois Recomendação Decisão Os mecanismos de recomendação são aqueles que têm, como resultado, a emissão de um documento de natureza recomendatória e opinativa (com sugestões) ao Estado violador dos direitos humanos. Esses meios buscam o diálogo e defendem o apelo promocional visando influenciar as políticas nacionais. Os mecanismos de decisão sã·o aqueles que emitem decisões vinculantes e obrigatórias, impondo um dever de cumprimento ao Estado violador dos direitos humanos. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 11 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 3. O controle de reservas e a possibilidade de denúncia dos Tratados de Direitos Humanos. As RESERVAS são declarações feitas em um tratado internacional dadas por um país que assinou aquele tratado, dizendo quais as partes do tratado que ele discorda e não se compromete a seguir da forma como estava escrito. Elas estão previstas em um tratado que disciplina juridicamente os tratados: a Convenção de Viena sobre direito dos tratados. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados adotada em 22 de maiode 1969, codificou o direito internacional consuetudinário referente aos tratados. A Convenção entrou em vigor em 27 de janeiro de 1980. O projeto de Convenção fo.i preparado pela Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas. O projeto foi submetido pela Assembleia Geral da ONU à apreciação da Conferência de Viena sobre o Direito dos Tratados, que celebrou a Convenção em 1969. Até outubro de 2009, 110 Estados haviam ratificado a CVDT. Alguns juristas entendem que os termos da Convenção seriam aplicáveis até mesmo aos Estados que não são Partes da mesma, devido ao fato de a CVDT coligir, na essência, o direito internacional consuetudinário vigente sobre a matéria. O Brasil é parte da Convenção de Viena desde 25 de outubro de 2009, de acordo com o Decreto n° 7.030/2009. De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados: 1 Artigo 2 Expressões Empregadas www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 12 Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 1. Para os fins da presente Convenção: ( ... ) d) "reserva" significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação1 feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua .aplicação a esse Estado; A reserva possui as seguintes características: • Declaração unilateral • Não importa a redação ou denominação adotada • Tem o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos de certas disposições do Tratado em sua aplicação a esse Estado. As reservas geram as seguintes consequências: • modifica para o autor da reserva, em suas relações com outro Estado, as disposições do tratado sobre as quais incide a reserva, na medida prevista por esta; e • modifica essas disposições, na mesma medida, quanto a esse outro Estado, em suas relações com o Estado autor da reserva. A reserva não modifica as disposições do tratado quanto às demais partes no tratado em suas relações entre si. Em casos envolvendo os tratados de direitos humanos, o exercício das reservas pelos Estados é absoluto? www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 13 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Jlto "''" POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES Voltando tratados: para o texto da Convenção de Viena sobre direito dos Reservas Artigo 19 Formulaçãó de Reserv.as Um Estado pode, .ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reservã, a não ser que: a) a reserva seja proibida pelo tratado; b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. Portanto, de acordo com a Convenção de Viena, não podem ser feitas reservas em tratados internacionais em geral, nas seguintes situações: • Reserva proibida pelo próprio tratado • Parte do tratado que não autoriza declaração de reservas • Reserva incompatível com o objeto e a finalidade A última hipótese é a mais coerente e adequada para o exercício do controle das reservas de tratados internacionais de direitos humanos, afinal, uma reserva que negasse efetividade para o objeto e fim da proteção aos direitos humanos, não teria sentido de existir. É possível que um país se oponha às reservas formuladas por outro www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 14 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES país. Nesse caso, em que um Estado que formulou objeção a uma reserva não se opôs à entrada em vigor do tratado entre ele próprio e o Estado autor da reserva, as disposições a que se refere a reserva não se aplicam entre os dois Estados, na medida prevista pela reserva (art. 21 da Convenção de Viena). Algumas instituições têm sido críticas das reservas excessivas. Exemplo disso foi a posição adotada pelo Comitê de Direitos Humanos que, em novembro de 1994, emitiu um Comentário Geral, de acordo com seus poderes, sobre o artigo 40 do PIDCP, no qual critica o número crescente de reservas feitas pelos Estados aos tratados de direitos humanos antes de consentir em ratificá-los. Para efeito de curiosidade e também por que já foi objeto de questão de alguns concursos, o dispositivo da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. O Brasil, quando aderiu à referida Convenção em 2009, fez duas reservas em relação à: • aplicação provisória dos tratados (artigo 25) • Jurisdição compulsória da CIJ (artigo 66, §1º). Essas reservas podem ser encontradas no Decreto n° 7.030/2009, que internalizou a Convenção de Viena. Os tratados internacionais têm sua forma própria de REVOGAÇÃO, qual seja, a denúncia, somente podendo ser modificada por outra norma de categoria igual ou superior, internacional ou supranacional, e jamais pela inferior, interna ou nacional. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 15 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES A vinculação de um Estado a um tratado acarreta o cumprimento de uma série de procedimentos para a sua incorporação pelo direito interno. Do mesmo modo, deve haver com a retirada do tratado, ou seja, a denúncia deve observar uma série de formalidades e procedimentos para se concretizar. Prevê o artigo 56 da Convenção de Viena que: Artigo 56 Denúncia, ou Retirada, de um Tratado ,qu.e não Contém Disposições sobre Extinção, Denúncia ou Retirada 1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é suscetível de, denúncia ou retirada,. a não ser que: a)se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou retirada; ou b)um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado. 2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado., nos termos do parágrafo 1. O dispositivo acima elenca as formalidades que devem ser adotadas por um Estado que queira se retirar de um tratado, destacando-se o prazo de 12 MESES para fazer a notificação da denúncia. Diversos tratados de direitos humanos possuem procedimentos específicos regulando a denúncia. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 16 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 4. As reparações às vítimas de violações dos direitos humanos e a execução de sentenças de tribunais internacionais. Nos primórdios de sua existência, o direito internacional não oferecia aos indivíduos possibilidades de agir em nome próprio na esfera internacional. Isto ocorria pelo fato da formação do direito internacional ser resultado da vontade dos Estados e não do interesse de seus cidadãos, ou seja, SOMENTE os Estados eram sujeitos de direito internacional. As primeiras iniciativas que buscaram mudar essa visão tradicional exclusivistaforam: • Petições no sistema de navegação do Reno (séc. XIX) • Corte Internacional de Presas (Proposta em 1907) • Corte Interamericana de Justiça (1907-1917) • Corte centro-americana de Justiça (1907-1918) • Liga das Nações e o sistema de petições para a proteção: o Minorias o Populações sob o regime de mandato A participação do indivíduo na condição de agente direto em procedimentos internacionais de direitos humanos constitui um autêntico MARCO para a comunidade internacional, pois essa atuação promoveu a superação da visão tradicional exposta acima. Assim, foi firmado no século XX o reconhecimento progressivo da capacidade processual dos indivíduos, desde que tenha sido expressamente conferida pelos Estados dentro dos tratados internacionais. Isso significa que as pessoas passaram a deter o direito a se dirigir www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 17 !!!!- POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES diretamente a( os): • Organismos internacionais quase judiciais • Cortes internacionais Existem duas condições para a caracterização dos indivíduos como sujeitos de direito internacional: >- Regulação de direitos e deveres diretamente para indivíduos pelo direito internacional. Capacidade processual para agir em juízo. Na atualidade, essas duas condições se encontram plenamente preenchidas apenas no sistema regional europeu de proteção dos direitos humanos. Os tratados europeus claramente conferem direitos aos indivíduos e permitem o ACESSO DIRETO dos cidadãos à Corte Européia de Direitos Humanos. No plano dos deveres, há o reconhecimento da capacidade processual dos indivíduos na c-ondição de RÉU em casos envolvendo crimes contra a humanidade e outros de jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI). Essa responsabilização pelo TPI pode incluir até mesmo indivíduos que seriam considerados "heróis" nacionais e que tivessem agido de acordo com as normas de direito interno, mas transgredido normas obrigatórias do direito internacional. Fora essas duas possibilidades (sistema regional europeu e TPI), os indivíduos NÃO possuem acesso direto às Cortes internacionais, mas sim a organismos internacionais QUASE JUDICIAIS que não estão obrigados a levar o litígio ao conhecimento desses Tribunais. A ,afirm-ação do:s iir1d:fvldu0s como suje,it0s de d1re1to interrnaci0nal tem s·e dado perar;,te organismos ir;,ternaci,onais quase judici'ais" As duas exceções sã9 · www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 18 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES - .siste;ma r;egion.al e,uropeu - TPJ. Observação: existem disposições quanto à capacidade processual de indivíduos semelhantes (mais não iguais) ao sistema regional europeu no sistema regional africano (Atuação do indivíduo na Corte Africana de Direitos Humanos), contudo, considerando o FOCO deste concurso, não iremos adentrar nesta especificidade. Todavia, deve ser recordado que essa capacidade de agir perante organismos quase judiciais é uma disposição de adesão facultativa nos tratados internacionais, de maneira que o próprio Estado pode eliminar essa capacidade: • Revogando expressamente essa disposição; • Não renovando caso seja uma disposição temporária. Os indivíduos possuem três modalidades de DIREITOS para o combate à violação de direitos humanos: )- Direito de comunicação )- Direito de petição )- Direito de ação O direito de comunicação é aquele em que os indivíduos informam uma situação e, consequentemente, obtém uma resposta, mas não obrigam à abertura de um procedimento de apuração de violação de direitos humanos individuais. Ele possui fundamento no art. 24 da Declaração Universal de Direitos Humanos que será tratado a seguir. As comunicações individuais no direito internacional dos direitos humanos são encontradas em procedimentos extraconvencionais da ONU, por exemplo, o procedimento previsto na Resolução n° 1503 (Procedimento 1503) que autorizavam (e não obrigavam) a antiga Comissão de Direitos Humanos www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 19 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol !!!g_ POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES da ONU (hoje Conselho de Direitos Humanos da ONU) a procedimento de apuração de violações aos direitos humanos. iniciar um O direito de petição consiste no requerimento de um indivíduo vítima de violação a um direito humano seu que exige e recebe uma resposta definida através de um procedimento preestabelecido. Esse direito permite que o indivíduo lesado venha a exigir uma atuação de organismos internacionais contra o Estado violador. Um exemplo disso é o sistema de petição individual perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A principal DIFERENÇA entre o direito de comunicação e o direito de petição é a seguinte: Direito de comunicação: o indivíduo apenas leva ao conhecimento dos órgãos internacionais fatos considerados como lesivos aos direitos humanos. Direito de petição: é permitido ao indivíduo violado exigir uma atuação de organismos internacionais contra o Estado violador. Por fim, o direito de ação é o mecanismo que possibilita ao indivíduo agir perante Cortes judiciais, ou seja, de exercer o ajuizamento de ação individual perante um órgão judicial internacional. Essa hipótese se encontra prevista na Convenção Européia de Direitos Humanos, com as alterações produzidas pelo Protocolo 11, e autoriza indivíduos a ingressarem com ações perante a Corte Européia de Direitos Humanos. Direito de ação: ajuizamento de ação individual perante um órgão judicial internacional. Por fim, sobre o direito de ação, André de Carvalho Ramos se manifesta favoravelmente ao instituto afirmando que o uso desse mecanismo: www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 20 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS - TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES ( ... ) assinala a consecução do ideal do Direito Internacional dos Direitos Humanos, que é a primazia do indivíduo em detrimento do Estado. Nada melhor do que dotar o indivíduo, sem intermediários, de capacidade processual ativa para combater a violação de direitos humanos sofrída. A maior dificuldade que a proteção internacional dos direitos humanos enfrenta não reside na definição de quais direitos devem ser protegidos ou então na busca dos elementos de fundamentação, mas na sua implementação ou efetivação. Afirma Norberto Bobbio sobre os direitos humanos que: "( ... ) Não se trata de saber quais e quantos são esses direitos, qual é a sua natureza e fundamento, mas sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados." A implementação (aplicação) do direito que não é observado pelos Governos é uma atividade decisória que encontra nos organismos judiciais sua expressão mais completa. Nesse sentido, afirma Maria Teresa de Carcomo: "É a preocupação pela efetividade dos direitos declarados que está a base da criação das cortes internacionais, mediante a celebração de tratados internacionais, cujo extraordinário desenvolvimento constitui, sem dúvida, expressão consensualda globalização". No plano internacional, os órgãos judiciais que podem produzir decisões de responsabilização internacional dos Estados por violações de direitos humanos são os seguintes: www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 21 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES >- Corte Internacional de Justiça >- Tribunal Penal Internacional (TPI) - apenas agentes estatais. Todavia, existem diversos obstáculos para que esses órgãos judiciais possam atuar de forma efetiva no âmbito da responsabilização, pois o TPI somente pode processar e julgar indivíduos (no caso de direitos humanos, os agentes públicos a serviço de um Estado violador de direitos humanos), enquanto que a Corte Internacional de Justiça tem como principal obstáculo o fato de que somente um Estado pode ingressar com uma ação nesse sentido contra outro Estado. Em razão desses fatores, serão nos sistemas regionais de proteção de direitos humanos que teremos uma atuação mais efetiva de tribunais produzindo decisões de responsabilização internacional do Estado por violação de direitos humanos. No âmbito dos sistemas regionais, destaquem-se os seguintes 1 : >- Corte Européia de Direitos Humanos (sistema europeu) >- Corte Interamericana de Direitos Humanos (sistema interamericano) A força vinculante das decisões de tribunais internacionais em relação à responsabilidade do Estado deve ser efetivada em dois planos: • Plano da obrigatoriedade da decisão • Plano da executoriedade no direito interno Nesse sentido, pode ser observado o art. 46 da Convenção Européia de Direitos Humanos que prevê expressamente os dois planos: 1 Como já foi frisado em aulas anteriores e nesta própria aula existem outros órgãos judiciais como a Corte Africana de Direitos Humanos e a Tribunal de Justiça da Comunidade Européia, os quais não serão estudados em virtude do enfoque que está sendo dado para este concurso. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 22 Artigo 46. 0 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES (Força vinculativa e execução das sentenças) 1. As Altas Partes Contratantes obrigam-se a respeitar as sentenças definitivas do Tribunal nos litígios em que forem partes. 2. A sentença definitiva do Tribunal será transmitida ao Comitê de Ministros, o qual velará pela sua execução. 3. Sempre que o Comitê de Ministros considerar que a supervisão da execução de uma sentença definitiva está a ser entravada por uma dificuldade de interpretação dessa sentença, poderá dar conhecimento ao Tribunal a fim que o mesmo se pronuncie sobre essa questão de interpretação. A decisão de submeter a questão à apreciação do tribunal será tomada por maioria de dois terços dos seus membros titulares. 4. Sempre que o Comitê de Ministros considerar que uma Alta Parte Contratante se recusa a respeitar uma sentença definitiva num litígío em que esta seja parte, poderá, após notificação dessa Parte e por decisão tomada por maioria de dois terços dos seus membros titulares, submeter à apreciação do Tribunal a questão sobre o cumprimento, por essa Parte, da sua obrigação em conformidade com o n ° 1. 5. Se o Tribunal constatar que houve violação do n º 1, devolverá o assunto ao Comitê de Ministros para fins de apreciação das medidas a tomar. Se o Tribunal constatar que não houve violação do n º 1, devolverá o assunto ao Comitê de Ministros, o qual decidir-se-á pela conclusão da sua apreciação. Dispositivo semelhante é encontrado no art. 68 da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica): Artigo 68 1. Os Estados-partes na Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 23 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES caso em que forem partes. 2. A parte da sentença que determinar indenização compensatória poderá ser executada no país respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentenças contra o Estado. No caso específico do sistema regional interamericano, todo Estado que integra as referidas convenções regionais de direitos humanos a partir do momento que reconhecem a competência estão obrigados a respeitar as decisões proferidas pelas cortes internacionais instituídas por esses tratados. seguir: Nesse sentido, encontra-se previsto no art. 62, parágrafos 1 e 3, a Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência da Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação desta Convenção. ( ... ) 3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso, relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Convenção, que lhe seja submetido, desde que os Estados-partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por declaração especial, como prevêem os incisos anteriores, seja por convenção especial. O Brasil reconheceu a competência obrigatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos de acordo do Decreto Legislativo n° 89, www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 24 Rafael Verol Jlto "'" de 1998. POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES A decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos que visa responsabilizar internacionalmente o Estado pode determinar duas coisas: )- Obrigação do Estado de fazer ou não fazer alguma "conduta". )- Sanção pecuniária (indenização compensatória) a ser paga pelo Estado a título de reparação. A obrigação do Estado de fazer ou não fazer pode ser de varias espécies. Vamos ver agora alguns exemplos dessas obrigações no âmbito de uma decisão envolvendo direitos humanos: )- Exemplos de obrigações de fazer: o O Estado cria norma jurídica visando corrigir o ordenamento jurídico que autoriza determinada violação de direitos humanos (adequação do direito interno à normatividade internacional). o O Estado institui uma política pública para corrigir uma situação fática (presente na realidade social) em que há violação de direitos humanos. )- Exemplo de obrigações de não fazer: o O Estado deixa de aplicar determinada norma jurídica ou política pública que viole direitos humanos. A sanção pecuniária envolve o pagamento de uma indenização compensatória visando a reparação do dano causado pelo Estado aos direitos humanos. Nas duas hipóteses acima citadas, o cumprimento da decisão deverá ser baseado nas regras procedimentais previstas pelo direito interno do Estado condenado. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 25 Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES De acordo com o direito interno do Brasil, as decisões dos tribunais internacionais que responsabilizam o Estado brasileiro por violação de direitos humanos possuem a natureza de título executivo judicial. Isso significa que elas podem ser executadas como qualquer outro título executivo judicial (ou seja, como se fosse uma sentença judicial) perante a vara federal competente territorialmente, nos termos do art. 109 da Constituição Federal de 1988. Nessa circunstância, o Poder Judiciário brasileiro não precisa reconhecer se houve ounão a violação a direitos humanos. Ele apenas iria efetuar o processamento das medidas a serem adotadas para o cumprimento da decisão de tribunal internacional. Portanto, a decisã.o internacional de responsabilização do Estado por violação de direitos humanos pode ser executada diretamente no juízo de primeiro grau, observadas as regras de competência. Por fim, apenas para efeitos de curiosidade, desde a criação da Corte Interamericana de Direitos Humanos, somente em julho de 2006, houve a primeira condenação do Estado brasileiro por violação a direitos humanos: trata-se do caso Damião Ximenes Lopes, o qual envolveu os maus-tratos sofridos pela vítima, portadora de transtorno mental, em uma clínica psiquiátrica no Ceará, violência que resultou em morte da vítima 2 • O Brasil foi condenado por violação aos direitos humanos à vida, à 2 Exploramos esse tema, neste curso de direitos humanos para PC-TO, em aulas anteriores envolvendo a Co11e Interamericana de Direitos Hmuanos. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 26 Jlto . " ' "7 . . . o ; - POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES i nteg ri da de física e à proteção judicial. Em cumprimento a essa decisão, o Brasil adotou as seguintes medidas: ).- Publicação da sentença da Corte no Diário Oficial da União. ).- Pagamento da indenização aos familiares da vítima. 5. A aplicabilidade direta das normas internacionais de proteção no direito interno. Este tópico será trabalhado na última aula, pois nela iremos tratar do tópico 8 que versa sobre a incorporação de normas internacionais ao direito interno brasileiro. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 27 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 6. A primazia da norma mais favorável às vítimas. O direito internacional dos direitos humanos prevê o princípio da primazia da norma mais favorável às VÍTIMAS, ou seja, a norma que melhor proteja o(s) direito(s) que foi(ram) violado(s) é a que deverá ser aplicada ao caso concreto. Logo, não há a pretensão de se definir pela primazia do direito internacional ou, então, do direito interno. Ambos devem interagir em benefício dos destinatários, ou seja, as vítimas de violações. O princípio da PRIMAZIA da norma mais favorável para as vítimas é consagrado em vários tratados de direitos humanos e contribui para minimizar ou reduzir as possibilidades de conflito entre os instrumentos legais. Tal critério da primazia demonstra que o propósito do direito internacional dos direitos humanos é garantir, ampliar e fortalecer a proteção a partir da coexistência de vários instrumentos legais. Assim, num caso concreto, o que importa em última análise é o grau de eficácia da proteção; é aplicar a NORMA que melhor PROTEJA A VÍTIMA, não importa se ela é de direito internacional ou de direito interno. Assim, a primazia significa a prevalência da norma que, no caso real, mais protege os direitos da pessoa humana. Se essa norma mais protetora for a Constituição de um país, ótimo! Caso não seja, deixa-se esta de lado e utiliza-se a norma mais favorável à pessoa humana, sujeito de direitos internacionalmente consagrados. Segundo Antônio Cançado Trindade e Valério Mazzuoli, nos casos de direitos humanos provenientes de tratados internacionais em que a www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 28 Rafael Verol Rafael Verol D!g_ POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES República Federativa do Brasil seja parte, há de ser sempre aplicado, na hipótese de conflito entre um tratado internacional e a Constituição, o princípio da primazia da norma mais favorável às vítimas, com fundamento no artigo 4º , II, da Constituição Federal de 1988. Para esses autores, a aplicação do princípio da PRIMAZIA da norma mais favorável não torna nula qualquer dos preceitos da Constituição Federal de 1988, visto que ele decorreria do próprio texto constitucional. Esta opinião doutrinária NÃO é acolhida pelo STF, corte que possui o seguinte entendimento acerca da natureza dos tratados internacionais de direitos humanos: • Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados obedecendo às formalidades do art. 5°, § 3°, da CF: natureza de EMENDA CONSTITUCIONAL. • Tratados Internacionais de Direitos Humanos que NÃO se submeteram às formalidades citadas acima: natureza SUPRALEGAL. Portanto, ambos estarão abaixo do texto da Constituição originária. As constituições de diversos países do Ocidente têm igualmente consagrado o primado do direito internacional face o direito interno do país. Exemplos: a Constituição alemã de 1948 (art. 25) e a Constituição francesa de 1958 (art. 55). Um dos exemplos de tratados internacionais de direitos humanos que prevê a primazia da norma mais favorável é o Pacto de Direitos Civis e Políticos (art. 5°, 2), que dispõe: www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 29 Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES "Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer Estado-parte no presente Pacto em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau" Por fim, cumpre mencionar que a possibil'idade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil (art. 4°, II). Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: ( ... ) II - prevalência dos direitos humanos; www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 30 Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 7. A responsabilidade internacional dos Estados pela observância dos Direitos Humanos. A NATUREZA OBJETIVA das obrigações de proteção de direitos humanos consagra, ou seja, considera que o indivíduo seria a principal preocupação da responsabilidade internacional do Estado em caso de violação direta ou indireta dos direitos humanos que são assegurados à todos nós, componentes da civilização humana. Isto significa que não haveria a necessidade de se caracterizar o elemento culpa por parte do Estado, visto que basta que haja uma violação de direitos humanos tendo como resultado um não atendimento por parte do Estado de suas obrigações de forma direta ou por pessoas por ele interpostas (agentes estatais). Segundo André de Carvalho Ramos: A jurisprudência das instâncias internacionais de proteção de direitos humanos é farta em assinalar o predomínio da teoria objetiva da responsabilidade internacional do Estado. A razão disso está na necessidade de interpretar os dispositivos internacionais de direitos humanos em benefício do indivíduo, como fruto da natureza objetiva dessas normas. Logo, não importa se houve culpa, basta que tenha ocorrido uma violação de direitos humanos para que o Estado seja responsabilizado no plano internacional. O fundamento da responsabilidade está na aferição, pura e simples, de uma eventual conduta que NÃO esteja de acordo com a norma internacional protetiva dos direitos humanos. www.pontodosconcursos.com.brI Prof. Ricardo Gomes 31 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 8. O Direito Internacional dos Direitos Humanos como jus cogens. Os direitos humanos pertencem à categoria normativa jus cogens, ou seja, são normas imperativas de direito internacional (de observância OBRIGATÓRIA pelos Estados e organizações internacionais). Logo, a sua violação constitui um ato ilícito internacional. O Estado possui uma dupla natureza no plano da proteção internacional de direitos humanos: ao mesmo tempo em que age como protetor de uma garantia coletiva, também é violador desses direitos, quando descumpre com uma obrigação internacional decorrente dos compromissos firmados nos tratados internacionais por ele assinados. humanos: Dupla natureza do papel dos Estados no âmbito dos direitos 1:'>r p. r'.'of@:t br de.''Çfm · $),a r:a n t l a to:le t iva .... . ?- iolqdo:f· ,es.s1;s diy.ejtb- - . A violação de uma norma de direito internacional exige a responsabilização do Estado pelo seu ato. Considerando esse contexto, especialmente o conceito de processo internacional de direitos humanos, os mecanismos de proteção dos direitos humanos em face de violações a esses direitos podem ser classificados quanto a origem em duas categorias principais: )- Mecanismo unilateral )- Mecanismo coletivo ou institucional. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 32 Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES O mecanismo unilateral é aquele pelo qual um Estado ofendido requer diretamente a reparação ao Estado ofensor, ou seja, aquele que agrediu o Estado lesado. Caso não receba essa reparação, o ofendido poderá aplicar sanções unilaterais. O mecanismo institucional ou coletivo é aquele que deriva de tratados internacionais, por meio da criação de órgãos compostos por pessoas independentes e imparciais, que após análise dos fatos e instrução procedimental, terminam por decidir sobre a responsabilidade internacional do Estado supostamente infrator. A aferição da responsabilidade internacional do Estado por violação dos direitos humanos deve ocorrer principalmente por meio coletivos que podem ser entendidos como o devido internacional, visto que é através dele que se identifica: • fato ilícito de mecanismos processo legal • relação causal entre a conduta imputável ao Estado e o resultado lesivo • determina-se o dever de reparação. A escolha do mecanismo coletivo de apuração da responsabilidade internacional do Estado pelo descumprimento das normas internacionais de direitos humanos remete a três importantes funções: • Verificação • Correção • Interpretação www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 33 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 Rt to PROF: RICARDO GOMES b A função de verificação é a análise imparcial da compatibilidade da conduta praticada com aquela prevista em norma do Direito Internacional Público. A função de correção é aquela que busca com mais vigor o término da conduta ilícita e o conseqüente retorno do status quo ante (situação estabilizada anteriormente). Se não for possível que tal restabelecimento ocorra na íntegra, admitem-se reparações, ex. a indenização em pecúnia. A função de interpretação é aquela em que os mecanismos judiciais e extrajudiciais de responsabilidade internacional estabelecem o correto alcance e sentido da norma internacional protetiva dos direitos humanos. Essa harmonização de entendimento interpretativo não seria possível, caso o mecanismo adotado fosse o unilateral, pois um único Estado não tem poder para consolidar entendimentos jurisprudenciais de caráter internacional, sendo esta tarefa uma atribuição dos órgão internacionais que compõem o mecanismo judicial. Vamos ver agora mais detalhes sobre cada um desses mecanismos. MECANISMO UNILATERAL: Conforme foi citado acima, o mecanismo unilateral é aquele pelo qual um Estado afirma ter sido ofendido em relação a uma obrigação internacional e requer diretamente a reparação pelo Estado supostamente ofensor. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 34 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 Rt to PROF: RICARDO GOMES ,;..,!1...:.-- Caso não haja essa reparação de forma espontânea, o Estado ofendido poderá aplicar sanções unilaterais. O ofendido torna-se juiz e parte ao mesmo tempo, o que leva a essa forma de responsabilização internacional ser marcada negativamente pela: • Perda de objetividade • Perda da imparcialidade na aferição da conduta lesiva Deve ser destacado que o Estado supostamente violador também tem posição jurídica oposta e perfeitamente passível' de defensa com fundamento no princípio da igualdade soberana entre os Estados. O Estado ofendido se comporta como um juiz em causa própria Uudex in causa sua). Cl rnecan smo unilateral é car,acterizado rprindpq'lmente pe a. PARCIALIDA'ºE. O mecanismo unilateral não possui condições de admissibilidade e tampouco requisitos para julgamento como ocorre nos mecanismos coletivos. Nele o Estado é livre para impor as formas pelas quais ele analisa a responsabilidade internacional de outro Estado por violações de direitos humanos. NÃO existem normas internacionais disciplinando os mecanismos unilaterais. Os Estados decidem de acordo com os seus interesses e vontades a forma como irá utilizar tal mecanismo, sendo, portanto, disciplinado pelo direito interno. A principal maneira como se operacionaliza os mecanismos www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 35 Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES unilaterais geralmente envolve o aproveitamento de um trabalho efetuado por órgãos internos de um país (Agências de inteligência, segurança ou espionagem, ministérios ou departamentos de política externa, etc.) para avaliar a conduta de outros países e, após, exigir novas condutas de pretenso respeito a direitos humanos e, se não atendidos, impor sanções. Um dos Estados que mais utiliza essa forma de responsabilização é os Estados Unidos da América (ex. a produção de relatórios pelo Departamento de Estado dos EUA que avaliam a situação dos direitos humanos em diversos países do Mundo!). Apenas para efeitos de curiosidade: No caso dos EUA, a regulação das consequências desses relatórios produzidos pelo Departamento de Estado dos :EUA é feita por uma norma de direito interno, o Foreign Assistance Act, de 1961, que estabelece ser o incentivo ao respeito pelos direitos humanos uma meta de política externa dos EUA e condicionante do fornecimento de assistência financeira e militar. Muitas vezes, os EUA busca burlar a natureza unilateral desses mecanismos por meio do processamento de demandas de violação dos direitos humanos perante os próprios tribunais internos da justiça norte-americana (ex. o caso Filártiga vs. Pena-Ira/a, no qual dois cidadãos paraguaios foram partes como autor - vítima de tortura - e réu - o torturador - da ação que tramitou em um Tribunal Federal dos EUA). Ocorre que para o direito internacional, os órgãos do Poder Judiciário de um país não passamde meros órgãos do Estado, órgãos de direito interno, de maneira que isso não retira a condição de meio unilateral da responsabilização. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 36 !!!g_ POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES De acordo com André de Carvalho Ramos: ( ... ) quer o ato que responsabilize o pretenso Estado infrator tenha sua origem em lei interna (ato do Poder Legislativo), decisão administrativa (ato do Poder Executivo) ou mesmo sentença judicial (ato do Poder Judiciário), continua tal ato sendo um ato unilateral de um Estado perante o Direito Internacional e será aqui analisado como tal. O mecanismo unilateral de avaliação da responsabilidade internacional do Estado se originou do fato de ser a sociedade internacional uma sociedade paritária e descentralizada na qual cada Estado aplica os comandos normativos internacionais. Outra característica do mecanismo unilateral é que sua utilização afeta efetivamente as relações bilaterais entre Estados. Assim, o fato internacionalmente ilícito cometido por um Estado gera novas relações jurídicas apenas com o Estado lesado. Essa bilateralidade nos efeitos do uso dos mecanismos unilaterais é chamada no linguajar da diplomacia internacional de bilateral-minded system. Os mecanismos unilaterais são tolerados em virtude da necessidade de se preservar direitos violados de Estados, principalmente na ausência de mecanismos coletivos pelos quais o Estado violador seria obrigado a reparar o dano. Exemplo disso seria o caso de um Estado que violasse certo direito internacional reconhecido a crianças em seu território, atingindo inclusive crianças estrangeiras de outro Estado, e não fizesse parte do correspondente tratado internacional de direitos humanos que prevê mecanismos de responsabilização. Neste caso, poderia o Estado que teve as crianças atingidas www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 37 Rafael Verol D!!!- POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 1 por essa violação adotar sanções unilaterais. Todavia, a evolução do instituto tem permitido que um Estado interviesse em defesa dos direitos humanos não somente quando atingir seus cidadãos, mas em qualquer hipótese, visto que esse Estado-terceiro não defende interesse próprio, mas de toda a comunidade internacional que é a maior interessada no respeito aos tratados internacionais de direitos humanos, dado a natureza universal de seus preceitos. Mas na prática internacional, o que ainda prevalece é a atuação motivada puramente em interesses próprios, de maneira que a aplicação de mecanismos unilaterais muitas vezes é encarada como uma espécie de neocolonialismo com o país "defensor dos direitos humanos" sendo acusado de agir de "polícia do mundo", "xerife do mundo". Alguns doutrinadores criticam que os mecanismos unilaterais não deveriam ser reconhecidos como idôneos, pois equivalem a "fazer justiça com as próprias mãos". É uma autêntica autotutela no âmbito internacional. Ademais, esses mecanismos podem levar a uma tensão diplomática que, se gerar uma "escalada de sanções", ocasião indesejáveis efeitos contrários à paz mundial, ainda mais por envolver um tema delicado como é o caso dos diretos humanos. É por isso que tem surgido no plano internacional a necessidade de se valorizar cada vez os mecanismos coletivos ou institucionais de responsabilização internacional por violação a direitos humanos. De modo que, em se tratando de tratados internacionais de direitos humanos que prevejam mecanismos coletivos obrigatórios, caberia ao www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 38 Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 Rt to PROF: RICARDO GOMES b Estado-membro apenas acionar o Estado violador para que o último seja processado e obrigado a cumprir decisão internacional que fixará a reparação cabível. Há um instituto que merece uma atenção, visto que o CESPE já cobrou em outras oportunidades. Trata-se da actio popularis. De acordo com André de Carvalho Ramos: Por actio popularis ou actio publica entendo a possibilidade de qualquer Estado acionar determinado Estado infrator para a proteção de interesses considerados essenciais à comunidade internacional. Trata-se de uma nova concepção de actio popularis revista pela Corte Internacional de Justiça com o fim de promover uma maior efetividade às normas internacionais de direitos humanos e assim superar a adoção de medidas puramente unilaterais. MECANISMO INSTITUCIONAL OU COLETIVO: Conforme foi citado acima, o mecanismo institucional ou coletivo é aquele que deriva de tratados internacionais, por meio da criação de órgãos compostos por pessoas independentes e imparciais, que após análise dos fatos e instrução procedimental, terminam por decidir sobre a responsabilidade internacional do Estado supostamente infrator. Os mecanismos institucionais ou coletivos buscam evitar: • Seletividade • Parcialidade www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 39 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol !!!g_ Eles POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES oferecem avaliar a violação de direitos humanos oferecendo um procedimento que garanta o respeito ao devido processo legal a(o): )" Suposto Estado violador )" Suposta vítima !Mecanismo coletivo = mecanismo institucionaij O mecanismo coletivo de apuração- de violação das normas internacionais de direitos humanos é uma atividade de verificação ou exame de conduta estatal, que será mensurada segundo os parâmetros estabelecidos em normas internacionais. Esse processo varia de acordo com cada órgão internacional de direitos humanos e o correspondente tratado internacional ( ou ato de organismo internacional) que o constituiu. Existem três mecanismos coletivos ou institucionais: )" Superv:isãd > ContJ:.Qle ,est.r,il:,o $enso )- Tutefc:i A supervisão consiste na atividade do órgão internacional que visa induzir os Estados a introduzir a garantia de determinado direito no ordenamento interno e a efetivar tal garantia. A supervisão constitui uma FORMA DE PRESSÃO sobre os Estados para a adoção ou modificação voluntária de condutas. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 40 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES A conclusão de um procedimento de supervisão desemboca na constatação de ilicitude internacional e na elaboração de uma recomendação não vinculante, fundamentada no direito de observação da conduta estatal em face dos direitos humanos. Um exemplo de superv1sao são os relatórios apresentados em diversos comitês instituídos por tratados internacionais de direitos humanos. O controle em sentido estrito averigua possíveis violações e cobra dos Estados a reparação às vítimas. Discute-se se as deliberações tomadas no âmbito desse controle pelos órgãos internacionais teriam ou não força vinculante (matéria controvertida). O CESPE não possui um posicionamento claro, mas André de Carvalho Ramos entende que há· costume internacional de obediência às decisões tomadas no âmbito do controle em sentido estrito, portanto, teria uma força vinculante. Todavia, tradicionalmentea doutrina entende que NÃO possui essa força vinculante. A dica que damos é de que se o examinador exigir alguma questão desse nível envolvendo o controle em sentido estrito e mencionar a expressão "COSTUME INTERNACIONAL" é um indício de que ele estaria optando pela linha de André Ramos, entendendo que as decisões produzidas nesse controle seriam vinculantes. De qualquer modo, em razão da natureza controversa, é pouco provável que haja uma cobrança desse nível. Isto seria tema para uma questão subjetiva no máximo. Um exemplo que caracteriza esse controle estrito senso é o processamento de petições individuais. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 41 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES A tutela consiste na existência de uma jurisdição internacional subsidiária e complementar, apta a atuar como verdadeiro juiz internacional imparcial e zelar pelo respeito aos direitos humanos. Exemplos que Ilustram a tutela são os órgãos jurisdicionais constantes em sistemas regionais de direitos humanos, especialmente: ;o)- Corte Interamericana de Direitos Humanos ;o)- Corte Européia de Direitos Humanos Os procedimentos de supervisão, controle e tutela interagem de modo a constituir, no seu conjunto, um incipiente sistema interligado de julgamento internacional do Estado. Os mecanismos internacionais de apuração de violações de direitos humanos possuem uma natureza subsidiária. Assim, a princípio, devem os órgãos internos do próprios Estado violador punir o agente estatal interno pela prática de eventual ilícito aos direitos humanos. Caso essa medida inexista ou, então, seja inócua, poderá ser invocado o uso dos mecanismos internacionais de apuração de violações de direitos humanos. Atenção! Não confundir a unilateralidade com a subsidiariedade! Unilateralidade: órgãos internos de um Estado contra OUTRO Estado. Subsidiariedade: órgãos internos do Estado contra o PRÓPRIO Estado. Outro dado precisa ser relembrado são as funções dos mecanismos www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 42 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS (PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 Rt to PROF: RICARDO GOMES ,;..,!!..:.-- coletivos de apuração de violações aos direitos humanos. Existem três funções: Verificação Correção ;;;.. Interpretação A essência das três funções pode ser sintetizada abaixo: Função de verificação: compatibilidade da conduta estatal com norma internacional. Função de correção: impedimento da prática conduta ilícita e restauração da situação estabilizada anteriormente. Função de interpretação: estabelecimento do correto alcance e sentido da norma internacional. Sugerimos que o candidato reveja o item 25 no qual são expostas essas funções. Todavia, é bom recordar que os mecanismos internacionais têm sua importância não apenas pelas suas funções de revisão e correção de condutas estatais atentatórias a direitos protegidos, mas especialmente pelo efeito preventivo e pela força interpretativa que tais decisões internacionais geram na consolidação e efetivação do conteúdo das normas de direitos humanos. Na próxima Aula daremos continuidade ao nosso estudo de Direitos Humanos. De todo modo, curtam alguns exercícios!!!! Abaixo 2 listas de Exercícios: a 1 a com comentários e a 2ª apenas com gabarito. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 43 Rafael Verol Rafael Verol Rafael Verol POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES QUESTÃO 151 (CESPE - 2012 - AGU - Procurador Federal). No que se refere à responsabilidade internacional dos Estados e às fontes do direito internacional e sua relação com o direito interno brasileiro, julgue o item a seguir. Na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o dispositivo que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. COMENTÁRIOS: Para efeito de curiosidade e também por que já foi objeto de questão de alguns concursos, o dispositivo da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. O Brasil, quando aderiu à referida Convenção em 2009, fez duas reservas em relação à: • aplicação provisória dos tratados (artigo 25) • jurisdição compulsória da CIJ (artigo 66, §1º). Essas reservas podem ser encontradas no Decreto n° 7.030/2009, que internalizou a Convenção de Viena. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 44 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 152 (FCC - 2012 - TRT - 20ª Região - Juiz do Trabalho - Adaptada) Com base na Convenção de Viena, de 1969, julgue o item a seguir: \\Reserva" significa uma declaração bilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita pelos Estados ao ratificarem, assinarem, aceitarem ou aprovarem um tratado, ou a ele aderirem, com o fito de excluir o efeito jurídico de certas disposições do acordo. COMENTÁRIOS: As RESERVAS são declarações feitas em um tratado internacional dadas por um país que assinou aquele tratado, dizendo quais as partes do tratado que ele discorda e não se compromete a seguir da forma como estava escrito. De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados: Artigo 2 Expressões Empregadas 1. Para os fins da presente Convenção: (. .. ) d) "reserva'' significa uma declaração unilateral, quiJ/quer que seja a sua redação ou denominação, feita por vm Estado ao assinar,. ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplícação a esse Estado i www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 45 !!!- POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES A reserva possui as seguintes características: • Declaração unilateral • Não importa a redação ou denominação adotada • Tem o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos de certas disposições do Tratado em sua ap-licação a esse Estado. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 153 (CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal) Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir, relativos aos direitos humanos. A possibilidade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil. COMENTÁRIOS: Por fim, cumpre mencionar que a possibilidade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil (art. 4° , II). Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: ( ... ) www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 46 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDOGOMES 1 II - prevalência dos direitos humanos; RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 154 (MPT - 2012 - MPT - Procurador do Trabalho - Adaptada) Em relação à Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, julgue o item a seguir: Consoante a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, a parte deve notificar, com pelo menos 12 (doze) meses de antecedência, a sua intenção de proceder à denúncia ou à sua retirada de um tratado que não contenha disposições sobre denúncia ou retirada. COMENTÁRIOS: Questão correta. Os tratados internacionais têm sua forma própria de REVOGAÇÃO, qual seja, a denúncia, somente podendo ser modificada por outra norma de categoria igual ou superior, internacional ou supranacional, e jamais pela inferior, interna ou nacional. A vinculação de um Estado a um tratado acarreta o cumprimento de uma série de procedimentos para a sua incorporação pelo direito interno. Do mesmo modo, deve haver com a retirada do tratado, ou seja, a denúncia deve observar uma série de formalidades e procedimentos para se concretizar. Prevê o artigo 56 da Convenção de Viena que: Artigo 56 Denúncia, ou Retirada, de um Tratado que não Contém Disposições sobre Extínçãot Denúncia ou Retirada www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 47 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES 1. Um tra.tado que nãó contém disposição refativa à sua extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada,. a não ser que: a)se estabeleça terem as partes tencionado admitir a· possibilidade da denúncia ou retirada; ou b )um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado. 2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1. O dispositivo acima elenca as formalidades que devem ser adotadas por um Estado que queira se retirar de um tratado, destacando-se o prazo de 12 MESES para fazer a notificação da denúncia. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 155 (MPT - 2012 - MPT - Procurador do Trabalho - Adaptada) Em relação à Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, julgue o item a seguir: A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, vigente desde 1980 para os países que a ratificaram, contém a sistematização dos conceitos jurídicos fundamentais sobre os tratados, entretanto, para o Brasil, que não a ratificou, a citada Convenção tem a utilidade apenas como direito consuetudinário. COMENTÁRIOS: Questão incorreta. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados adotada em 22 de maio de 1969, codificou o direito internacional consuetudinário referente aos tratados. A Convenção entrou em vigor em 27 www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 48 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 D to PROF: RICARDO GOMES de janeiro de 1980. O projeto de Convenção foi preparado pela Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas. O projeto foi submetido pela Assembleia Geral da ONU à apreciação da Conferência de Viena sobre o Direito dos Tratados, que celebrou a Convenção em 1969. Até outubro de 2009, 110 Estados haviam ratificado a CVDT. Alguns juristas entendem que os termos da Convenção seriam aplicáveis até mesmo aos Estados que não são Partes da mesma, devido ao fato de a CVDT coligir, na essência, o direito internacional consuetudinário vigente sobre a matéria. O Brasil é parte da Convenção de Viena desde 25 de outubro de 2009, de acordo com o Decreto n° . Para efeito de curiosidade e também por que já foi objeto de questão de alguns concursos, o dispositivo da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. O Brasil, quando aderiu à referida Convenção em 2009, fez duas reservas em relação à: • aplicação provisória dos tratados (artigo 25) • jurisdição compulsória da CIJ (artigo 66, §1'º). Essas reservas podem ser encontradas no Decreto nº 7.030/2009, que internalizou a Convenção de Viena. RESPOSTA CERTA: E GABARITOS OFICIAIS: 151 152 153 154 155 e E e e E www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 49 1. POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS {PC-TO) NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS -TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 09 PROF: RICARDO GOMES · _RCÍCJOS co� ·GABARITO· QUESTÃO 151 (CESPE - 2012 - AGU - Procurador Federal). No que se refere à responsabilidade internacional dos Estados e às fontes do direito internacional e sua relação com o direito interno brasileiro, julgue o item a seguir. Na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o dispositivo que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. QUESTÃO 152 (FCC - 2012 - TRT - 20 ª Região - luiz do Trabalho - Adaptada) Com base na Convenção de Viena, de 1969, julgue o item a seguir: "Reserva" significa uma declaração bilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita pelos Estados ao ratificarem, assinarem, aceitarem ou aprovarem um tratado, ou a ele aderirem, com o fito de excluir o efeito jurídico de certas disposições do acordo. QUESTÃO 153 (CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal) Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir, relativos aos direitos humanos. A possibilidade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil. www.pontodosconcursos.com.br I Prof. Ricardo Gomes 50
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