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PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS Resolução de questões Noções Gerais de Direitos Humanos Segundo a ONU, os direitos humanos são: “garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana”. 1° Em relação aos direitos humanos, é correto afirmar: A)São aqueles previstos no plano interno dos Estados pelas Cartas Constitucionais. B)São aqueles que ainda não estão expressamente previstos no direito interno ou no direito internacional. C)São menos amplos que os direitos fundamentais quanto à proteção dos direitos individuais. D) São aqueles protegidos pela ordem internacional. E) Podem sofrer limitações em razão de interesse dos Estados. PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS Primeira dimensão (liberdade) São interesses subjetivos, pois conferem poderes de agir reconhecidos e protegidos pela ordem jurídica a todos os seres humanos. Direitos de aplicabilidade imediata. Denotam uma natureza negativa, pois o objetivo é restringir o poder do Estado Segunda dimensão (igualdade) Trata-se dos direitos econômicos, sociais e culturais. Direitos de aplicabilidade progressiva, que infligem o dever de fazer do Estado. Denotam uma natureza positiva. Terceira dimensão (solidariedade ou fraternidade) Constituem-se por interesses, difusos e coletivos orientados para o progresso da humanidade. Exemplo: direito ao patrimônio comum da humanidade, direito a autodeterminação dos povos e o direito a comunicação. Quarta dimensão (direito dos povos) Objetiva a preservação do ser humano ao cuidar de direitos que podem colocar em risco a própria existência do homem. Estão na órbita desses direitos a biossegurança, a proteção contra a globalização desenfreada, o direito à democracia e a inclusão digital. Quinta dimensão (paz) Em face dos gravíssimos acontecimentos do século XXI, com o terrorismo assolando o cenário internacional existem autores, que criaram uma novíssima dimensão autônoma. Crítica ao sistema geracional 2° Em relação ao conceito, evolução histórica e dimensões dos Direitos Humanos, assinale a alternativa correta. A) As Declarações americana (1776) e francesa (1789) são documentos relacionados aos direitos humanos de segunda geração ou dimensão. B) As distinções apresentadas na doutrina entre as expressões direitos humanos e direitos fundamentais são focadas na ideia de que os direitos humanos são absolutos ao passo que os direitos fundamentais podem ser relativizados no caso concreto. C) A expressão direitos humanos ou direitos do homem é reservada aos direitos relacionados com posições básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são assegurados na medida em que cada Estado os consagra. PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS D) Na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é um tratado internacional, no sentido formal, e, apesar de orientar as relações sociais no âmbito da proteção da dignidade da pessoa humana, não possui, em si, força vinculante. E) Os direitos humanos de quarta geração ou dimensão são os direitos difusos relacionados à sociedade atual, a exemplo do direito ambiental, frequentemente violados sob os mais diversos aspectos. Estrutura normativa do direito internacional dos direitos humanos Comissão Interamericana de Direitos Humanos Composta de sete integrantes, eleitos para um mandato de quatro anos pela sua Assembleia Geral. Atribuição – Consultiva, pois examina as comunicações, encaminhadas por indivíduos ou entidades não governamentais. Sede em Washington, D.C. Uma das principais competências da Comissão é seguramente, a de examinar as comunicações de indivíduos ou grupos de indivíduos, ou ainda entidades não governamentais legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da OEA, atinentes a violação dos direitos humanos constantes na Convenção. SE LIGA! O Estado-parte deve reconhecer a competência da Comissão para esse exame e também para interpretar e aplicar a Convenção. Corte Interamericana de Direitos Humanos Sede em São José da Costa Rica PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS Sete juízes eleitos para um mandato de 6 anos A Corte possui atribuição consultiva e contenciosa, ou seja, também é jurisdicional (O Direito objetiva a pacificação social). ATENÇÃO!! O Estado-parte deve reconhecer a competência da Corte para esse exame, para interpretar e aplicar a Convenção e também para julgar casos. Somente Estados-parte e a Comissão Interamericana podem submeter um caso a Corte A Corte não possui competência para atribuir responsabilidades individuais. As sentenças proferidas pela Corte Interamericana são definitivas e inapeláveis. A parcela da decisão da Corte que fixar indenização compensatória poderá ser objeto de execução no Estado respectivo, de acordo com o seu processo interno para execução de sentença no país 3° A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) fez uma visita in loco ao Brasil, entre 5 e 12 de novembro de 2018, em função de convite formulado pelo Estado brasileiro realizado em 29 de novembro de 2017. O objetivo foi o de observar a situação dos direitos humanos no país. Entre os itens constantes de seu relatório, a CIDH apontou para “o grave contexto de violações aos direitos humanos das mulheres negras e da juventude pobre da periferia. São os pobres e os afrodescendentes aqueles que seguem sendo desproporcionalmente as principais vítimas de violações aos direitos humanos no Brasil. Estes são mortos às dezenas e milhares, sem investigação, julgamento, punição ou reparação adequados”. Os termos exarados encontram-se de acordo com as atribuições da CIDH, que A) expede “Pareceres”, em caráter consultivo, à Corte Interamericana, sobre aspectos de interpretação da Convenção Americana, podendo inclusive sugerir providências para solução dos problemas observados. B) pode solicitar que a Corte Interamericana requeira “medidas provisionais” dos Governos em casos urgentes de grave perigo às pessoas, ainda que o caso não tenha sido submetido à Corte. C) faz recomendações aos Estados-membros da OEA acerca da adoção de medidas para corrigir as práticas de violações e adotar medidas de promoção e garantia dos direitos humanos. D) zela pelo cumprimento geral dos direitos humanos nos Estados-membros, publica as informações especiais sobre a situação em um estado específico e as envia à Assembleia Geral da OEA para as sanções cabíveis, E) realiza visitas in loco aos países, ao receber petições individuais que alegam violações dos direitos humanos, segundo o disposto nos artigos 44 a 51 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, com o intuito de aprofundar a observação geral da situação, e/ou para investigar uma situação particular. 4° A Convenção Interamericana de Direitos Humanos dispõe que toda pessoa tem direito à vida, que deve ser protegida por lei, e que ninguém dela poderá ser privado arbitrariamente. A respeito da pena de morte, o documento afirma que A) é inadmissível a aplicação da pena de morte em qualquer circunstância, já que o direito à vida deve ser protegido por lei desde a concepção. B) não se pode aplicar pena de morte aos delitos políticos, exceto se forem conexos a delitos comuns sujeitos a tal pena. C) A pena de morte não pode ser imposta àquele que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, nem aplicada à mulher em estado gestacional. D) não se admite que Estados promulguem pena de morte, exceto se já a tiverem aplicado e a tenham abolido, hipótese em que a tal pena poderá ser restabelecida. 5° A população do Quilombo da Cachoeira e daPedreira é surpreendida com o lançamento do “Centro de Lançamento de Foguetes da Cachoeira e da Pedreira” e pelo consequente processo de desapropriação do local de moradia das populações tradicionais. Os PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS quilombolas procuram o Governo Federal, que se recusa em conferir os títulos de propriedade definitiva para a comunidade. Segundo o Sistema Interamericano de Direitos Humanos, é correto afirmar: A) Como a questão versa sobre propriedade privada, questão não abordada pelo Pacto de São José da Costa Rica, a população do Quilombo da Cachoeira e da Pedreira terá sua petição inadmitida pela falta de cumprimento do requisito previsto na Convenção Americana de Direitos Humanos. B) Como o caso em tela versa sobre o direito do Estado sobre o seu território, a Soberania do Estado prevalece, e a população do Quilombo da Cachoeira e da Pedreira terá sua petição inadmitida pela falta de cumprimento do requisito previsto na Convenção Americana de Direitos Humanos. C) Como o caso versa sobre discriminação racial, a população do Quilombo da Cachoeira e da Pedreira deverá estar representada por uma entidade não- governamental que seja reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização dos Estados Americanos, e que inclua em suas finalidades institucionais o combate ao racismo, para apresentar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos a petição que contém denúncia ou queixa de violação da Convenção Americana de Direitos Humanos por um Estado-parte. D) Como a questão versa, também, sobre a proteção da família, a população do Quilombo da Cachoeira e da Pedreira poderá protocolar, diretamente por seus indivíduos ou representada por uma entidade não- governamental que seja reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização dos Estados Americanos, a petição que contém denúncia ou queixa de violação da Convenção Americana de Direitos Humanos por um Estado-parte à Comissão Interamericana de Direitos 6° Os juízes da Corte Interamericana serão eleitos para um mandato de seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. Na hipótese de um dos juízes concluir o seu mandato, mas ainda ter casos sob seu exame que se encontrem em fase de sentença, o Estatuto da Corte estabelece que A ) deverão os casos ser redistribuídos, igualitariamente, aos juízes que permanecem na Corte, iniciando-se a transferência pelo integrante mais novo. B) os casos deverão ser assumidos pelo novo juiz eleito que o substituirá, o qual deverá proferir as respectivas sentenças de acordo com seu livre convencimento. C) o juiz presidente da Corte receberá os casos no estado em que se encontram e fará a sua redistribuição por sorteio aos demais juízes. D) o juiz continuará conhecendo desses casos a que se tiver dedicado, para cujo efeito não será substituído pelo novo juiz eleito. E) o juiz deverá concluir a instrução de todos os processos em sua posse e entregá-los prontos para a sentença que será proferida pelo novo juiz que o substituirá. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS Seção 1 — Organização Artigo 54 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato de três dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo de três anos. Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembleia Geral, os nomes desses três juízes. 2. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não haja expirado, completará o período deste. 3. Os juízes permanecerão em funções até o término dos seus mandatos. Entretanto, continuarão funcionando nos casos de que já houverem tomado conhecimento e que se encontrem em fase de sentença e, para tais efeitos, não serão substituídos pelos novos juízes eleitos. PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS 1 – Dualismo Dois sistemas distintos e independentes Teoria da transformação (elaborar uma norma congênere ao DI ou uma ordem presidencial de execução) O Direito do Estado é o responsável único a autorizar o ingresso de uma norma internacional no plano do Direito interno - Para os dualistas os compromissos internacionais assumidos pelo Estado não têm a potencialidade de gerar efeitos automáticos na ordem jurídica interna se todo pactuado não se materializar na forma de uma espécie normativa típica do Direito interno 2 – Monismo - Unicidade das ordens jurídicas - Não existe necessidade de “transformação” - Ratificação de tratados já induz a sua aplicação interna. - O Direito Internacional e o Direito interno convergem para um mesmo todo harmônico, em uma situação de superposição em que o Direito interno integra o Direito Internacional, retirando deste a sua validade lógica. Existência de uma problema hierárquico (Qual ordem jurídica deve prevalecer em caso de conflito?) PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS IMPORTANTE! Artigo 27.º (Congresso de Viena – 1969) Direito interno e observância dos tratados Uma Parte não pode invocar as disposições do seu direito interno para justificar o incumprimento de um tratado. Observação: Não existe Estado isolado ou flutuando no espaço. Os Estados encontram-se compreendidos dentro de uma sociedade, que é internacional por natureza. ATENÇÃO! A tendência atual é mais no sentido de procurar respostas concretas para os conflitos entre ordens internacional e interna, que propriamente continuar o debate teórico entre defensores de uma ou outra concepção. 7° Para os dualistas, tais como Alfred von Verdross e Dionísio Anzilotti, no tocante à incorporação de tratados de direitos humanos à ordem jurídica interna, A) o Direito Internacional aplica-se na ordem jurídica dos Estados independentemente da sua transformação em norma interna. B) em caso de conflito, prevalece o ordenamento jurídico interno. C) em caso de conflito, prevalece o ordenamento jurídico internacional. D) apresentando os dois ordenamentos jurídicos nas diferentes esferas de atuação, não poderia haver nenhum tipo de conflito entre os dois e nem o que se falar de supremacia de um sobre o outro. E) perde a eficácia o ordenamento jurídico internacional em caso de arbítrio de um Estado estrangeiro sobre nosso País. Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional Estatuto de Roma de 1998 – efetivamente impulsionou a teoria da responsabilidade penal internacional dos indivíduos, na medida em que se previu punição individual àqueles praticantes dos ilícitos elencados no Estatuto. O Estatuto de Roma teve por finalidade constituir um tribunal internacional com jurisdição criminal permanente, dotado de personalidade jurídica própria, com sede em Haia, na Holanda. O Estatuto de Roma estabeleceu uma corte com competência sobre crimes cometidos após sua entrada em vigor, sem responsabilizar penalmente pessoas por condutas anteriores. Obs: o T.P.I. nasceu incompetente para resolver vários casos de grande preocupação internacional, como os do Khmer Vermelho (Camboja). O Estatuto de Roma é fundado sob o princípio da complementaridade (arts. 1° e 17 do Estatuto de Roma), que reconhece às jurisdições nacionais a obrigação primária pela investigação e julgamento de acusado de crime internacional. Valorização de formas domésticas de justiça. - O Estatuto de Roma entrou em vigor em julho de 2002, quatro anos após a Conferência de Roma. - A vocação do T.P.I. é agir diante a incapacidade ou indisposição de investigar e processar por parte do Estado com competência primária para tal, ou no caso de o Estado investigar e processar sem garantias judiciais definidas pelo direito internacional. - O ideal da justiça local frente a crimes internacionais, contudo, enfrenta um empecilho natural, que é justamente o fato de as demandas internacionais por justiça existirem devido à incapacidade estrutural ou política de os Estados a realizarem. PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRODISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS 1. Detém nível supranacional (tratado especial de natureza centrifuga, cujas normas derrogam todo tipo de norma do Direito interno) IMPORTANTE! Quando um Estado assume compromissos mútuos em convenções internacionais de caráter centrifugo, ele autorrestringe sua soberania em prol da proteção da humanidade como um todo (art. 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados) 2. Independência, seu funcionamento independe de qualquer ingerência externa, podendo, inclusive, demandar nacionais de Estados não partes no Estatuto. 3. Caráter subsidiário frente às jurisdições internas. O T.PI. não pode intervir indevidamente nos sistemas judiciais nacionais, que continuam tendo a responsabilidade primaria de investigar e processa crimes cometidos pelos seus nacionais. 4. Justiça automática, pois não depende, para o seu funcionamento, de qualquer aceite do Estado da sua competência jurisdicional, operando automaticamente desde a data de sua entrada em vigor. Limitação do Estatuto de Roma 1. Competência material, reduzida aos crimes de guerra, aos crimes contra a humanidade, ao crime de genocídio e, potencialmente, ao crime de agressão. 2. Alguns crimes existentes em tratados internacionais não foram incluídos no Estatuto, como é o caso do crime de terrorismo e do crime de tráfico internacional de entorpecentes 3. O Estatuto atribui ao Conselho de Segurança da ONU a faculdade de solicitar ao Tribunal, que não seja iniciado (primeira hipótese) ou que seja suspenso (segunda hipótese) o inquérito ou procedimento crime que tiver sido iniciado. - O Conselho de Segurança da ONU tem o poder de impedir o início de um processo (primeiro caso) ou obrigar a sua suspensão (segundo caso) 8° Segundo o Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional exercerá a sua jurisdição em relação aos crimes nele previstos por iniciativa A) de denúncia da Interpol, de solicitação de órgãos de direitos humanos da ONU ou da Comissão Interamericana ou Europeia de Direitos Humanos. B) de denúncia do próprio Estado-Parte ou do Conselho de Segurança da ONU e por meio de inquérito do Procurador do Tribunal. C) de denúncia da Interpol ou do próprio Estado-Parte e de decisão ex ofício de qualquer juiz do Tribunal. PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS D) de solicitação de qualquer órgão do Poder Judiciário do Estado-Parte, de denúncia de qualquer cidadão do Estado-Parte e de decisão ex ofício de qualquer juiz do Tribunal. E) de denúncia de qualquer pessoa, de entidades não-governamentais ligadas à defesa dos direitos humanos e por meio de inquérito do Procurador. GABARITO 1- D 2- D 3- B 4- C 5- D 6- D 7- D PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS 8- B
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