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Transcrição 4º Bim Lauro Mens- direito penal

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DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO GERAL
O bem jurídico continua sendo a administração e vai ser ate o final exceto nos crimes contra a ordem financeira.
A diferença agora é que a pessoa que pratica o crime não é funcionário publico é PARTICULAR.
O que quer dizer particular? 
Pode ser ate funcionário publico, mas não no exercício de suas funções.
É aquela historia: o professor de escola publica não é funcionário pub quando ele passa no sinal vermelho e manda o guarda plantar batata, aqui ele não esta agindo como funcionário pub., mas como particular, AQUI OS CRIMES SÃO PRATICADOS POR PARTICULAR.
O primeiro dos crimes é a USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PUB.
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Usurpar o exercício de função pub
Bem jurídico: administração
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Exceto funcionário no exercício de sua própria função
Sujeito passivo: Estado e o prejudicado
A conduta aqui o pessoal confunde muito, não é você chegar e falar “sou funcionário, sou presidente, sou o bispo”, não é você assumir uma função publica, mas usurpar o exercício, ou seja, REALIZAR ATO DE OFICIO.
Estudamos crimes atrás que o funcionário, antes de cumprir as finalidades formais, praticava ato de oficio, aqui é o particular que vai praticar ato de ofício.
Então se alguém chega e fala “eu sou policia”, é atípico, agora se ao falar ele pratica qualquer ato de oficio de policia, ou de funcionário pub é usurpação.
Existe uma discussão se outro funcionário, eu sou funcionário, sou professor aqui na faculdade, vou praticar ato de diretor, vou praticar ato de oficio de uma outra função publica, que não a minha. Discute-se se nesse caso é aquele crime praticado quando o funcionário pratica ato sem as formalidades legais ou se é esse. Se o funcionário pratica ato de oficio que não é de sua função cai aqui, embora haja divergência.
Se eu professor praticar ato de diretor, cai aqui. 
Porque como eu não sou diretor ao praticar ato de diretor, eu estou agindo como qualquer particular.
Comentário: se uma pessoa entrou no MP e fingiu ser Promotor e no fim do dia descobriram...
Professor: esse caso ocorreu em Ituverava e esse simpático rapaz praticou o crime de usurpação de função publica.
Esse crime é doloso, se consuma quando se pratica o ato de ofício, pois se a pessoa fala que é e ninguém acredita ou fala que é e não pratica ato de oficio o crime não se consuma.
AQUI ALEM DA PESSOA SE DECLARAR, SE CONSUMA COM O ATO DE OFICIO.
Cabe tentativa. 
Pois a pessoa pode tentar praticar ato de oficio e não conseguir.
Se a pessoa apenas fala que é, simula, cai na Lei das Contravenções, especifica, que é quando fulano fala que é funcionário publico sem praticar ato de oficio.
§ÚNICO: “se do fato o agente aufere vantagem”
Vantagem pode ser tanto material (dinheiro), patrimonial, como moral, qualquer vantagem que ele auferir ao praticar a função o crime é qualificado.
Bem antes de ver o próximo crime vou dar uma pulada da resistência pra desobediência.
Aqui cita a jurisprudência do Guarda policial que não pratica usurpação quando ele prende alguém em flagrante, agora se ele faz abordagem em carro, ou se ele com o poder de policia que ele não tem, ele ta usurpando função publica e pratica crime sim.
Alem de ser abuso de autoridade é usurpação de função publica.
O próximo seria resistência, mas resistência é desobediência com violência, então antes vamos ver a desobediência.
DESOBEDIÊNCIA: 
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
A estrutura é sempre a mesma:
Adm
Particular
Estado e prejudicado
Desobedecer é não cumprir
Dosobedecer ordem legal de funcionário pub
ORDEM LEGAL: não pode ser um pedido, tem que ser uma ordem, tem que ficar claro que é uma ordem, e pra ser ordem o funcionário pub tem que ter apoio legal pra exigir conduta de terceiro.
Imagina por exemplo que eu chego lá pro meu escrevente e falo “da pra você ir lá ao banco e pegar o talão de cheque pra mim?” ele fala “não vou”, eu falo “desobediência”, pode ser desobediência? Não, porque eu não tenho como ordenar isso legalmente.
Não sei se vocês lembram, que eu pedi pra vocês anotarem que quando a gente foi ver os outros crimes de desobediência que eu comentei com vocês que Funcionário pub não pratica desobediência pratica prevaricação?
Então sujeito ativo aqui é o particular, funcionário pub quando está exercendo sua função não pratica desobediência, pratica prevaricação.
Exemplo:Se o oficial não cumpre o ato de citação ela não pratica desobediência mas prevaricação, porque daí ele vai deixar de praticar um ato legal pra atender um interesse pessoal.
FUNCIONÁRIO PUBLICO NÃO PRATICA DESOBEDIÊNCIA.
Ordem legal, o que significa ordem legal? Que a determinação além de ser ordem e ser possível no ordenamento q o sujeito ativo ordene ao sujeito passivo, ao ser legal exige que sejam cumpridas todas as formalidades, então tem que ter no tocante a competência, no tocante às formalidades 
Por exemplo, um Mandado de prisão: quem vai cumprir tem q ter competência para aquele ato. O ato tem q estar formalmente correto. Tem que ter mandado, o mandado tem q cumprir todas as formalidades, quem assinou tem que ser competente, ou seja, tudo que é formal tem que estar cumprido
Acontece muitas vezes o seguinte: ato é formalmente legal, mas materialmente ilegal e o cara descumpre, o que alegam os goiabas? Embora esteja formalmente legal, o sujeito ativo teve vontade de descumprir ordem legal, aquela historia de matar o morto, só existe o crime se a ordem for legal
Tanto no aspecto material como no aspecto formal
Uma coisa importante: Não confundir ordem. legal com ordem justa.
Uma ordem pode ser injusta, imagine, por exemplo, uma sentença, que foi conferida por juiz competente, se expediu os mandados de forma correta, ta tudo correto, só q a decisão foi injusta não foi de acordo com as provas
Decisão injusta é decisão legal e tem que ser cumprida.
 A única coisa que eu posso recusar a cumprir é uma ordem ilegal. Se a ordem for injusta, você tem que ter outros meios para atacar o ato, mas É obrigado a cumprir a decisão legal porem injusta.
Hoje em dia tem dado muita confusão essa coisa de bafômetro, daquele direito de não produzir prova contra si mesmo.
Bafômetro, às vezes o juiz, agora ta na CPI, CPI determina q a pessoa apresente documento e se ela não apresentar desobediência, não! Eu não sou obrigado a apresentar provas que me incrimine. Então essa coisa de não apresentar provas, de não fazer bafômetro, é atípico. Discute-se muito também o não comparecimento de réu em processo. O juiz pode conduzir coercitivamente não só as testemunhas como também o réu para ser interrogado. Então hoje em dia a interpretação de acordo com a constituição é que o réu não pode mais ser obrigado a comparecer em audiência, nem mesmo às vezes em júri porque antigamente se entendi q o júri não podia acontecer se a presença do réu, então o direito dele de ir ou não, se submetia e exigência de sua presença. 
Hoje em dia o comparecimento ou não do réu em audiência é uma opção da defesa. Então assim com o juiz não pode mais conduzir coercitivamente o réu ele também não pode julgá-lo se ele não comparecer
Com testemunha a gente vai ver que é diferente, o crime aqui é desobedecer à ordem legal
Pra ser crime de desobediência não pode haver outra sanção para a desobediência.
Por exemplo, você passou no farol vermelho ou o guarda fez um sinal de pare e você passou qual a sanção que teria pra isso? O que vai acontecer com você? Ser multado. 
Já existe uma sanção administração, então sempre que a desobediência, já que é previsto uma sanção administrativa, processual, seja qual for,só vai haver desobediência alem daquela outra sanção se houver previsão expressa de cumulação
Desobediência só existe quando não existir outra sanção legal para aquele descumprimento.
E ai é interessante vermos o que acontece com a testemunha
Primeira coisa Testemunha: é um convidada ou é uma ordem para ela ir ser ouvida? É uma ordem.
Perante previsão do CPC todos são obrigados a colaborar com a justiça como testemunhas.
Então,testemunha que não vai a audiência. Outro dia em um processo chegou um advogado e disse que o gerente tinha uma reunião, que não poderá vir, tem problema? 
“não, só que vou abrir um inquérito e a hora que ele vir ele vem almejado, isso não é um convite, é uma ordem.”
O que acontece se a testemunha não comparece ao ato? 
Testemunha não é convite, é uma ordem, então ou você cumpre ou sofre sanção. O problema é o seguinte o CPP já prevê algum tipo de sanção pra testemunha que não comparece, qual a sanção que o próprio código prevê?
Condução coercitiva, pagamento de multa. O que quer dizer isso? Que o próprio código já prevê uma sanção para o descumprimento, logo existe crime de desobediência? Não!
Agora e se eu for uma testemunha penal? Ficara sujeita a condução coercitiva, multa, independentemente da sanção penal, então o que acontece no CPP...
Se eu for testemunha civil e não comparecer eu pratico desobediência?Não, porque já existe uma sanção expressa que é condução coercitiva, multa.
Agora e se eu for uma testemunha penal? Alem das sanções administrção, condução coercitiva, alem da multa, eu pratico também desobediência.
Normalmente grade parte dos juízes determina a abertura de inquérito por desobediência depois da 2° ou 3° vez, não precisa ter mais de uma vez. Tem-se uma ordem uma vez e não comparecer de maneira injustificada, mas se existe uma justificativa, como hospitalização, morte de parente, mas se é injustificada, Em sede penal existe a previsão expressão de cumular a sanção adm com desobediência. Então tomar muito cuidado com essa historia de sanção penal, outra coisa que tem que tomar cuidado é o tal do Sigilo profissional: o cara fala que não vai falar porque está acobertado pelo sigilo proficional, está certo isso? Ta! Se o sigilo é um direito, aquele que exerce direito não pratica desobediência, agora tomar muito cuidado e entender bem como funciona o sigilo. 
Por exemplo:
O Adv., ele só não é obrigado a depor em fatos onde ele agiu como advogado. Se estou na delegacia porque bati o carro ou se eu presencio alguma coisa, ai eu digo que não vou fala porque eu sou adv. Não tem nada a ver, se eu não estava atuando como adv. não existe sigilo.
Outra coisa que o pessoal adora fazer isso é Medico. 
Este só tem sigilo quando atender o paciente para examinar e o sigilo medico se limita a atuação do medico, se tem doença. “Por gentileza o fulano foi no seu consultório ontem?”, “há estou acobertado pelo sigilo”, não esta acobertado pelo sigilo...
O medico não é obrigado a dizer qual a doença, qual foi o tratamento, o sigilo medico se limita a isso e não se o cara foi no consultório ser consultado.
Outra coisa que vira e mexe acontece, perito.
Perito: não tem sigilo. Juiz nomeia um medico como perito daí ele faz um laudo, daí perguntam mais coisa sobre o paciente e ele diz que não pode falar porque tem sigilo, mas ele não esta lá como medico mas sim, como perito e a função do perito é fornecer dados e respostas para o juiz, se você se recusar, você pratica o crime de Prevaricação, pois ali esta como funcionário publico, é crime mas não de desobediência e sim de prevaricação.
Tem algumas desobediências que nós vimos que são especificas, como a de dirigir veiculo automotor, desobediência de não entregar a carteira, são todas especificas do código de transito, outra coisa: Desobediência A Ordem Judicial. 
Qual o problema?
Existe um crime de desobediência a ordem judicial mas nem sempre quando se pratica cai naquele crime, na maioria das vezes cai aqui. Porque o de desobediência a ordem judicial é para ordem especifica em situação especifica, via de regra desobediência a ordem judicial cai aqui mesmo.
Então o juiz, por exemplo, deu ordem de desocupação e o cara se recusa a desocupar, é desobediência
RESISTÊNCIA: 
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Tem mais coisa que da diferença pra gente ver.
Resistência: opor-se a...
Então o que é Resistência?
Resistência é desobediência+ violência+ ameaça ao funcionário publico que esta cumprindo a ordem, isto daqui é o crime de resistência
A mesma coisa que se aplica na desobediência aplica na resistência, tem que ser ordem, a ordem tem que ser legal, tem que cumprir todas as formalidades, faz parte do dolo a vontade de descumprir ordem legal, então eu tenho que saber que é uma ordem, que eu estou obrigado a cumprir. 
É claro que eu não posso alegar descumprimento da lei, mas teve um caso interessante, dois policias foram abordar um fulano e deram ordem de parar, eram policiais civis e não falaram que eram policiais mas apenas para parar. Daí perguntaram por que o fulano correu, ele disse que achou que era assalto e não que era policia, embora naquela situação os policias tivessem o direito de exigir aquilo, fulano não agiu com dolo de desobedecer à ordem legal de funcionário publico para ele, eles não eram funcionário pub.
A mesma coisa que acontece na desobediência, acontece na resistência.
Aqui na resistência alem de eu não cumprir a ordem eu vou usar de violência ou grave ameaça contra o funcionário pub ou a pessoa que ajuda o funcionário pub a cumprir a ordem.
No tocante a violência é importante que seja praticada contra o funcionário se for contra a coisa, vai ser mera desobediência
Foram fazer uma desocupação pararam lá o caminhão para tirar as coisas do fulano, daí este foi lá e deu uma pedrada no caminhão, ele não agrediu funcionário pub e a meu ver não fez uma ameaça direta a funcionário pub, ele quebrou o caminhão pro caminhão não andar, então que crime ele praticou? Dano qualificado, mas não resistência.
A chamada resistência pacifica, nada mais é do que desobediência, como o caso do cara que não obedece a ordem de sair, daí o outro pega, arrasta etc, isso é desobediência.
Faz parte do dolo além de desobedecer, a vontade de ameaçar ou agredir.
É o caso da prisão, eu estou com um mandado de prisão e digo:
 “Sr. João, estou aqui com um mandado de prisão e o senhor vai ser preso”. Daí o cara sai correndo.
Maioria da jurisprudência diz que isso não é desobediência por ser um anseio de liberdade, não tem o dolo de desobedecer, mas a vontade de ficar livre, o que é a maior baboseira, porque eu posso usar o mesmo argumento para dizer que não foi um homicídio que ele matou todas as testemunhas pra não ser preso, isso não é nada, é um anseio de liberdade (ironia), é goiaba, mas infelizmente é dominante.
Durante a prisão, se eu socar o guarda para não ser preso, o que é isso? Resistência.
Pra ser resistência eu tenho que empregar violência contra quem? Contra quem esta me prendendo. As vezes acontecem situações diferentes:
Luisa é uma policial má e ao tentar me prender começa a gritar socorro, a me balança e nesse jogo de corpo acerto o nariz dela, isso é resistência?
1°, eu estou desobedecendo a ordem? Estou, mas não estou usando de violência ou grave ameaça contra ela, apenas chacoalhando as braços, mas estou usando de Violência dolosa, estou querendo agredir o policial? 
E se eu acertar o nariz dele e causar uma lesão que crime vai ser? Desobediência mais lesão corporal culposa.
Não é resistência, porque nesta há o dolo, vontade de agredir, de machuccare isso acontece, por exemplo aqui mesmo em Franca
Não havendo violência dolosa não é resistência, a resistência pacifica é desobediência.
Se eu acarretar uma violência culposa também é desobediência.
O guarda me segura para me prender e eu saio correndo, a hora que eu corro ele me segura e cai com a cara no chão, vai ser Desobediência mais lesão corporal culposa
Na resistência a violência tem que ser dolosa.
No tocante a resistência o que acontece? A resistência absorve o crime de desobediência.
Desobediência é um componente, ou é resistência ou é desobediência
Existe uma discussão de que a resistência absorve o desacato embora na nossa prova não tenha absorvição, na pratica a maioria tem esse entendimento de que a desobediência absorve o desacato
O desacato seria uma agressão moral, que nos vamos ver pra frente.
Imagina que quem vai cumprir um mandado de penhora é o oficial de justiça de outra comarca, que não podia estar aqui, alem de eu não deixar o cara penhorar, sento o braço pra ele não penhorar, que crime eu pratico? Só lesão corporal. Porque não houve nem resistência, nem desobediência, porque ele não tinha competencia pra praticar aquele ato.
Então se o funcionário não tem competência, não é desobediência nem resistência, existe só lesão corporal.
Resistência: Alem de não aceitar a ordem, usar de violência contra a pessoa pra isso (pra não cumprir o ato).
Um exemplo que aconteceu aqui e que o promotor denunciou como um desses crimes aqui: 
O oficial de Just foi lá penhorar o imóvel de um fulano que devia, o cara deixou a pessoa entrar e penhorar, daí pegou o mandado, disse que não valia nada e jogou na cara da oficial de justiça, praticou resistência ou desobediência?
Nenhum dos dois porque ele permitiu o ato, então praticou desacato, que é uma ofensa moral ao funcionário, mas não é nenhum desses dois.
Amassar o papel é aquele crime de destruição de documento pub? Não. Porque amassar não perde a mensagem.
Então a Resistência diferentemente da desobediência se consuma com Não fazer o ato mais a ameaça ou violência que consuma o crime.
Cabe tentativa? Cabe.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
O funcionário pub em razão da oposição da posição do réu ou do sujeito ativo não cumpre o ato, aqui tem que tomar cuidado, porque eu tenho que ver o tipo de funcionário e qual o dever legal do funcionário.
Por exemplo, eu sou oficial de justiça e vou Penhorar a TV na casa do Joãozinho, este é torcedor fanático de qualquer time, tem 2,10m de altura, 4m de largura e fala que se entrar na casa dele, ele vai encher de porrada, você como um oficial valente pega um pedaço de pau e da na testa do Joãozinho, troca porrada com ele, entra e penhora a casa, é isso?
O oficial de justiça tem o dever legal de enfrentar o perigo? Não tem.
Daí ele se volta para a policia e diz que tem um cara que quer bater nele e daí ele pede mandado de reforço.
Daí volta o oficial com o PM, o PM tem que trocar porrada com o Joãozinho? Tem. E se apanhar o azar é dele, ele tem o dever de enfrentar o perigo, porque o PM tem o dever de enfrentar o perigo.
Pra ser resistência tem que ver o seguinte o funcionário publico tinha o dever legal de enfrentar o perigo? Na parte qualificada tem que ver se o funcionário público tem o dever legal de enfrentar perigo.
Ai eu tenho que ver o seguinte: se o funcionário publico cumpriu o dever dele, e mesmo assim não realizou o ato, esta presente a qualificadora.
Por exemplo: Chega lá o oficial de justiça daí o cara fala se você entra aqui te encho de porrada, houve resistência qualificada? Houve. Porque o oficial de justiça não é obrigado a enfrentar o perigo.
E se chega o oficial com o policial? Houve resistência? Sim, resistência qualificada? Não. Porque o funcionário publico, o policial nesse caso não cumpriu seu dever legal de enfrentar o perigo.
Agora se o PM vai lá e apanha do outro é qualificado.
Porque só existe essa qualificadora se o funcionário publico cumpre sua função.
Se o policial apesar de enfrentar o perigo não consegue vencer superar a oposição, daí é resistência qualificada, agora se ele não cumpre o dever legal daí é resistência simples.
Policial militar que não enfrenta perigo comete crime de covardia.
Policial civil que não enfrenta o perigo pratica crime de prevaricação. Ele tem um interesse próprio: o de não apanhar, pois ele também tem dever legal de enfrentar o perigo, mas não existe para funcionários civis o crime de covardia.
 
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Sempre que houver resistência mais violência vai haver necessariamente um concurso material.
Existe uma discussão sobre que crime a resistência absorve. Aqui na resistência a violência é uma elementar, então para eu responder pela resistência, mais pela violência é bis in idem, então pra não ser bis in idem tem que haver uma resolução expressa de que eu respondo pelos dois. 
Existe essa determinação expressa? Existe.
Porem, parte da doutrina e da jurisprudência entende que Não é qualquer tipo de violência que tem concurso, ela é indispensável, porque a violencia mínima, aquela primeira violência ela seria indispensável para caracterizar a resistência, sem essa violencia mínima não existiria resistência, entao eu não posso punir duas vezes.
Gráfico das violências:
Violência mais leve: vias de fato
Lesão leve
Lesão grave
Lesão gravíssima
Homicídio
Para alguns a lesão leve é violência mínima entao a Lesão leve seria absorvida pelo crime de resistência, porque sem ela não existiria o crime, logo seria existiria concurso com a lesão grave, gravíssima e o homicídio.
Qual o problema dessa interpretação? É que esquecem que existem uma lesão anterior a essa lesão leve, que é a vias de fato.
O oficial foi la cumprir a penhora e eu encho ele de bolacha sem deixar lesão, vias de fato, entao a meu ver eu posso ate defender que a vias de fato é absorvida pelo crime de resistência, todas as demais é concurso material, embora a resistência se eu fosse aplicar a regra de concurso seria a regra de concurso formal porque o mesmo ato que eu uso pra praticar a violência é o mesmo ato para praticar a resistência, como a lei diz que tem que somar as penas é concurso material, entao seria resistência em concurso material com lesão leve, grave , gravíssima, homicídio.
Ai surge um 2° problema no tocante a lesão leve, pois esta depende de representação, entoa tem-se entendido que para que a pessoa responda por resistência mais lesão leve, a vitima tem que apresentar representação.
Qual seria a regra quando um crime é composto de dois outros, seria resistência e violência que junta tudo num crime só, resistência qualificada pelo §2°, daí um é publico e o outro depende de representação, entoa para haver resistência junto com lesão leve tem que haver representação.
E se for lesão grave, gravíssima, homicídio? Daí é concurso automático, ação penal publica incondicionada.
Só a lesão leve precisa de representação, a resistência continua sendo publica incondicionada.
DESACATO
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Só quem pratica desacato é particular.
Um funcionário pode desacatar outro? Não. 
Faz parte da função pub do professor chama o policial de banana? Pra quem não sabe, não faz. Se eu não estou agindo como professor estou agindo como particular. Entao embora funcionário eu vou responder como particular.
Desacato não pode ser praticado por funcionário.
Pra alguns só pode existir desacato se for do inferior hierárquico para o superior, mas isto é uma grande bobagem.
Essa coisa de que só existe desacato do inferior par ao superior é bobagem.
Bem jurídico protegido pelo desacato: administração e tem tambem a honra do funcionário, mas o bem jurídico principalé a administração.
Então imagina que eu sou chefe e chego para o gari que trabalha e digo que “faxineiro não vale nada”, alem de eu ofender a honra de um subalterno, ele como faxineiro exerce uma função publica, a administração é superior? Sim, entao é desacato sim. Sempre existe desacato.
Chefe quando xinga o funcionário é desacato? É. Porque como chefe eu não tenho que xingar ninguém. Pelo monos pelo que eu me lembre não tem no Estatuto do Funcionário Publico que eu possa humilhar ninguém.
Entao se o superior humilha o inferior hierárquico é desacato do mesmo jeito. Porque ele não esta humilhando apenas o inferior mas também a administração, entoa essa coisa de que só existe desacato de inferior para superior é bobagem.
Sempre que uma pessoa xinga a outra ela esta agindo como particular pois a lei não permite que se humilhe o outro.
Não existe xingar alguém no exercício regular de direito.
Eu não tenho direito como funcionário de xingar, humilhar ninguém, se estou agindo assim eu ajo como particular.
Desacato é a mesma coisa que humilhar, Menosprezar, menoscabar quem? 
Funcionário pub. 
Faz parte do dolo eu saber que o cara é funcionário pub? Sim. 
Pois eu quero humilhar o funcionário a fim de humilhara administração publica.
Tanto é que a lei diz que é crime desacatar funcionário publico em razão da função.
“há, aquele professorzinho de merda”, você esta xingando em razão da função, se for funcionário publico é desacato.
Ou no exercício, o cara ta trabalhando. Se durante a aula você xinga o professor, veja só isso é uma presunção, iuris tantum, ou seja, ate que você prove o contrario, assim se você chega no fórum, no cartório e fala: “Oh Zé seu viado”. 
Se ele esta trabalhando, ao xingar o Zé, a presunção é que você esta xingando o Zé enquanto funcionário, entao você esta xingando a administração, se ele estiver fora do fórum e você repetir o mesmo xingamento, vai depender se você esta chamando ele de viado em razão de motivo particular ou da função dele.
Quando não esta no exercício a acusação tem que demonstrar, provar que é em razão da função publica.
“Ah aquele funcionário lá é um goiaba”. Ótimo, desacato.
No exercício há presunção que é por causa da função publica, eu estou menosprezando a função publica e ai é desacato.
Agora, é uma presunção absoluta? Não.
Em uma cidade vizinha, esta o PM dentro de viatura, fardado dirigindo, daí alguém o xingou de viado, daí é crime desacato, ele estava xingando o policial em razão de sua função publica, daí chega o juiz e pergunta, “você xingou?”, xinguei sim, ele esta andando com minha mulher”.
Então vamos ver, andar com a mulher do outro é função do PM? Não.
O que acontece, o fulano quando xingou o PM estava xingando ele por ser policial ou por algo fora da função dele? Entao que crime ele praticou eventualmente? Crime contra a honra, injuria calunia, difamação. 
Praticou desacato? Não, porque o desacato que pode ser injuria, calunia ou difamação tem que estar ligado ao exercício da função.
Eu vou xingar a pessoa como forma de afetar a função publica dela.
Nesse caso, desse PM, eu desclassifiquei porque não era desacato, era injuria e Absolvi porque já tinha dado aquele prazo decadencial para queixa, porque era ação penal privada e não publica. Se não existe ofensa ao funcionário, não existe ofensa a administração, não existe crime de desacato. 
Pois nesse caso a ofensa não estava ligada ao funcionário publico, 
Aquele caso de amassar o papel e jogar na cara é desacato, Porque lembra que o desacato pode ser qualquer um daqueles crimes contra a honra: injuria, calunia, difamação.
Os crimes contra a honra podem ser praticados de forma livre. Por exemplo, vocês começam a falar e eu viro de costas, isso é injuria.
O crime pode ser praticado também por outras formas alem de violência verbal.
O cara pede ao oficial de justiça para ver o mandato e o amassa e diz “olha o que vale.” Ele esta menosprezando a pessoa do funcionário ou a função publica que ele exerce? A função publica, então praticou desacato. 
O crime de desacato absorve todos os crimes contra a honra de funcionário. Entao não pode responder por desacato e calunia, desacato e injuria. O desacato absorve os crimes contra a honra, porque a honra do funcionario também é bem jurídico, mas não é o bem jurídico principal, é secundário, mas também faz parte do crime de desacato.
O estatuto da Ordem quis criar uma imunidade, por exemplo vocês devem saber que os parlamentares possuem uma imunidade, entao se eles se xingarem dentro do exercício da função possuem imunidade.
O Estatuto da OAB criou uma imunidade para os crimes contra a honra e de desacato praticados por advogado no exercício da função. Esse dispositivo foi julgado inconstitucional pelo Supremo, entoa não pode xingar, nem desacatar.
Não sei aonde o exercício da função de advogado autoriza xingar alguém. 
Esse criem é um crime doloso, entoa eu tenho que ter noção de que estou desacatando funcionário publico, no exercício de função
O que acontece com esse crimes de:
Desobediência
Resistência
Desacato 
No tocante a esses crimes existe uma Corrente goiaba que diz que a embriaguez exclui o dolo especifico.
Primeiro que dolo especifico só existe no causalismo, desde 1984 a doutrina diz que adotamos o finalismo, Não há que se falar nisso
O que pode acontecer no tocante a embriaguez, se a embriaguez for completa, ainda que não seja de caso fortuito... O cara para e eu xingo o fulano, não é desacato porque o cara esta completamente embriagado e não tem noção de que aquela pessoa que ele xingando é funcionário. Ele responde pelo crime? Responde por crime de injuria
Faz parte do dolo eu ter consciência de que esta ofendendo funcionário publico.
Entao se eu estou tão bêbado que não sei que o cara é funcionário, não é que deixa de ser desacato, tanto é que a embriaguez só vai excluir o crime de desacato, se a embriaguez for completa, porque se a embriaguez não for completa e o cara não tiver o mínimo de condições de avaliar ai a embriaguez não afasta nem o desacato, nem a desobediência, ah mas tem jurisprudência? Tem. 
A jurisprudência mais antiga entendia que a embriaguez afastava. A jurisprudência mais atual diz que a embriaguez não afasta esses crimes.
E se eu xingar um monte de funcionário público dentro de um mesmo ato, eu chego lá dentro do fórum e digo que todo mundo ali é corno, na repartição publica só tem corno... Quantos crimes de desacato eu prático? UM. Por quê? Porque estou ofendendo a adm.
E se eu bato nos dois PM’s quantos crimes de resistência eu pratico? Um. Posso responder por duas violências, mas por apenas um crime de desobediência, ou um crime de desacato ou um crime de resistência porque é contra a administração
É claro que se eu bato nos dois, depois bato em mais dois são dois crimes de resistência.
Mas no mesmo contexto fático Não importa o numero de funcionários que eu ofender, desobedecer ou resistir... É um crime só porque o bem jurídico é a administração.
AULA 40
Bem, a gente parou no artigo 331 e vamos ver agora o art. 332.
A gente vai ver o art. 332 junto com o art. 357.
O art. 332 refere-se ao tráfico de influência e o art. 357 à exploração de prestígio.
Tráfico de Influência
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário.
Exploração de Prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único- As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
São basicamente os mesmo crimes. 
O bem jurídico é a administração; qualquer pessoa pode praticar; o sujeito passivo é o Estado e o prejudicado.
O que eu quero que vocês anotem aí para ficar bem claro é que todo tráfico de influência, bem como a exploração de prestígio, configuram fraude. São estelionatos.
O que seria estelionato? É a fraude mais uma vantagem indevida, via de regra, patrimonial. 
O que vem a ser a exploração de prestígio e o tráfico de influência? 
Nos dois se entende que essa fraude aqui, qual é a fraude? Alegar que influencia funcionário público a praticar atos de ofício. Vou pedir uma vantagem dizendo o seguinte: Me dá dinheiro que eu consigo que o funcionário faça isso, faça aquilo.
Tomar cuidado porque se realmente eu conseguir influenciar o funcionário pode ser corrupção ativa, corrupção passiva, concussão. 
Nesse crime, alegar que vou influenciar ato de ofício de funcionário, para pedir essa vantagem indevida que é o golpe, qual vai ser a diferença entre o tráfico de influência e a exploração de prestígio? O tipo de funcionário que eu vou influenciar.
Na exploração de prestígio são os funcionários ligados à administração da justiça (juiz, promotor, escrevente). No tráfico de influência é qualquer outro funcionário.
Então a diferença está no funcionário. 
Por que esse crime tem como bem jurídico a administração se é um estelionato? Se é um golpe? Porque eu estou usando como meio de fraude a moral da administração. Se eu estou dizendo que consigo corromper um funcionário, eu estou dizendo que a administração é falha, estou afetando indiretamente a administração.
 Tanto é assim que ambos os crimes são qualificados quando eu digo que o dinheiro ou vai todo para o funcionário ou vai parte dele para o funcionário.
É um crime doloso e formal. Consuma-se quando eu solicito o dinheiro, cobro ou o recebo. 
Teoricamente cabe tentativa. 
Tem um exemplo de exploração de prestígio, que ocorreu em Batatais: Um advogado entrava com ação e quando saia publicada que ele tinha ganhado a ação proposta, ele chegava para o cliente e falava que ele tinha que dar, por exemplo, 5 mil reais para o juiz, senão ele não iria ganhar a ação. 
Aí o advogado chegava na frente do juiz e falava: Excelência, o senhor tem três filhos ou cinco? (p/ passar a imagem ao cliente de que isso era o valor do pagamento). Só para parecer que realmente havia algo combinado entre eles (o pagamento). 
Ele alegava que precisava de dinheiro para obter ato de ofício. 
Mas é um crime qualificado, porque ele falava que mandava todo o dinheiro para o juiz.
Mas, vocês podem ver que é um tipo específico de estelionato.
Se não existisse esse crime específico de estelionato, essa conduta se enquadraria como estelionato.
O artigo 335, que é fraude à concorrência, foi revogado. Aplica-se a Lei das Licitações.
Impedimento, Perturbação ou Fraude de Concorrência
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
A gente vai ver agora o artigo 336, que é a Inutilização de Edital ou Sinal.
Inutilização de Edital ou de Sinal
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: 
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
 Então o art. 336 são duas condutas: violar lacre que é usado para fechar ou identificar alguma coisa ou inutilizar de forma geral (inutilizar, rasgar, sujar, levar embora) edital.
Sujeito passivo: administração, Estado e prejudicado
Sujeito ativo: qualquer pessoa
No tocante a violar lacre, esse lacre tem que ser feito por funcionário público no exercício da função. 
E veja só, alguns lacres, se você violar, cai em Lei especial. Por exemplo, eu vou violar um lacre de urna. Será crime eleitoral. Vou violar lacre que insere empresa que está sob falência concordata. Será crime falimentar.
Muito cuidado, porque tem que ser lacre feito por funcionário público no exercício da função.
Pergunta de aluno: Aquele lacre da placa que tem no carro cai aqui também?
Resposta: É lacre e efeito por funcionário público para identificar. Se você violar, cai aqui também. 
O que dá problema aqui no edital? 
O que se protege aqui não é o papel do edital, mas a função do edital dar flexibilidade ao ato.
Então, o que eu tenho que tomar cuidado? 
Primeiro, este edital, hoje em dia, quase não se usa mais. 
Alguém já foi na Prefeitura ou alguma coisa assim? E viu um monte de papel acumulado em cima do outro? Por que? Porque esse edital, para ser crime, não basta eu rasgar o edital. Este edital, além de ser papel, tem que estar afixado no mural oficial para o edital.
Por exemplo, aqui na faculdade, onde fica o mural oficial? Vocês sabem? 
É bem em frente a secretaria. Mas, fora esses editais que vou pregar lá no mural oficial, eu posso colocar uma cópia no mural de cada sala. Se eu rasgar essas cópias de cada classe, eu pratico esse crime? Não, só aquele no local oficial.
E veja bem, não é rasgar o papel. É perder a mensagem, de forma que a publicidade se perca.
Um detalhe que eu já vi perguntando em questão da OAB: O edital vale no concurso público até ontem. O último dia de inscrição foi ontem. Aí eu chego e rasgo o papel. Pratico esse crime? 
Não, porque a finalidade do edital já foi atingida. Ninguém mais vai fazer inscrição hoje. Então esse detalhe tem que tomar cuidado sempre.
Além de estar fixado no mural oficial, tem que estar dentro do prazo, senão já passou o interesse e é atípico.
Esse crime é doloso. Consuma-se quando eu inutilizo lacre ou abro lacre.
Teoricamente cabe tentativa.
Quero ver agora com vocês o artigo 337. Mas, primeiro, tem o art. 305. O que era o art. 305? Era destruição de documento. O documento podia ser público ou particular. Quem é que destruía o documento? Qualquer pessoa. E o documento não estava sob a guarda da administração. Nós já vimos o art. 305.
Supressão de Documento
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é particular. 
Depois do 305, a gente viu o art. 314, que também é a destruição e inutilização de documento ou livro oficial. O documento pode ser particular ou público. Qual é a diferença? Que aqui só quem pratica o crime é o funcionário responsável pelo documento. Além de o documento estar sob a custódia da administração.
Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
O próximo crime que a gente vai ver, esse art. 337, também esta relacionado à destruição, ocultação e sonegação de livro ou documento.
Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de 2 (dois)a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
	
O bem jurídico é a administração.
Quem pode praticar o crime? Qualquer pessoa, menos o funcionário público responsável porque, se for o funcionário público responsável, cai aonde? No art. 314.
A conduta também é destruir, suprimir, ocultar. Lembrar que essa destruição, ocultação, sonegação, é sempre só da mensagem.
Tudo que eu expliquei nos arts. 305 e 314, repete-se aqui. Tem que ser documento; tem que ser escrito em coisa móvel; assinado; xerox sem ser autenticado não é documento; certidão eu posso tirar outra (não é crime); enfim, não vou repetir tudo de novo. Mas, são as mesmas regras.
É destruir, inutilizar, sonegar o que? Aqui tem mais coisa. Pode ser documento, que é público ou particular, livro oficial e processo. Surgiu uma coisa nova, o processo.
Lembrar que livro oficial não é aquele oficioso, aquele que a repartição usa, mas sim aquele que é indispensável. 
Vocês lembram que eu até comentei que são vários livros obrigatórios no cartório e alguns livros que cada escrivão resolve usar? Vocês lembram disso? Aquele livro que, embora esteja na repartição, mas é oficioso, não cai aqui.
Esse livro, processo ou documento, estão sob a guarda da administração. Qual administração? Qualquer uma. Municipal, federal, estadual, do executivo, do legislativo, do judiciário, não importa. 
Quem pratica esse crime? Qualquer pessoa que não seja funcionário publico responsável. Isso que dizer que pode ser funcionário público, desde que não seja responsável pela guarda ou posse do documento.
Nesse art. 337, tem um caso interessante para dar de exemplo, que aconteceu em Pedregulho: É o caso do homem faminto. 
Existe um advogado daqui de Franca que tem um problema de visão muito grave. Para ele poder enxergar, ele tem que colocar o papel bem perto do rosto. O pessoal de fora é acostumado com as pessoas que colocam o rosto bem perto do processo.
Lá em Pedregulho chegou um cara com uma execução fiscal e pediu para ver o processo. Ele era o executado. Colocou o processo bem perto do rosto, mastigou e engoliu a nota promissória, porque sem nota promissória não tinha execução.
Ele cometeu o artigo 337. Embora o documento fosse particular, estava sob a custódia da administração dentro de um processo. 
Esse crime é doloso. Consuma-se quando eu vou destruir, sonegar ou ocultar documento, livro ou processo.
Lembrar que tem que ocultar a mensagem, igual os outros dois artigos.
Teoricamente cabe tentativa.
O artigo 337-A é um crime tributário.
Sonegação de Contribuição Previdenciária
Art. 337-A - Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas á previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I - (Vetado)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa RS 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
§ 4º o valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.
Eu vou comentar com vocês princípios gerais referentes aos crimes tributários.
Primeira dúvida: qual é o fundamento para a existência do crime tributário? 
Vocês devem saber que no Brasil só é possível prisão por dívida se essa dívida for oriunda de alimentos. Se só posso prender alguém por alimentos, como eu vou não só criar crime como prender alguém por não pagar imposto?
Em outras palavras, o não pagamento de imposto, pode gerar crime? Não. É inconstitucional. Então por que tem quinhentos crimes tributários? Porque o crime tributário se configura não pela ausência de pagamento. Ele exige o não pagamento do tributo mais uma fraude para eu não pagar. 
Sem fraude, não existe crime tributário.
“Ah, o senhor declarou que ganhou 10 milhões e tem que pagar 2 milhões de imposto de renda. E por que o senhor não vai pagar?”
“Porque eu não quero!”
Que crime, no exemplo acima, a pessoa praticou?
Nenhum.
Pode haver uma execução fiscal, uma cobrança, mas não há crime, pois não há fraude.
Também tem uma coisa importante, que o Supremo decidiu há algum tempo: 
Veja só, o crime não seria o não pagamento? Para eu não pagar, qual é o pressuposto? É a obrigação de pagar. Se eu não tenho obrigação de pagar, não há como falar em não pagamento.
O que configura essa obrigação de pagamento em matéria tributária? 
É o chamado lançamento definitivo, que praticamente cria um título de crédito, um título executivo.
Antes do lançamento definitivo não existe crime tributário, porque não existe o não pagamento. Por que isso é importante? 
Porque normalmente, como que era a interpretação anterior dos crimes tributários? Vence imposto hoje, não paguei: fraude. Quando consumou o crime? Hoje. Tinha que pagar, não paguei, o crime omissivo se consumou.
O Supremo disse: Não, não é assim! Porque veja só o que acontece, por exemplo, se você não paga imposto. O que faz o fisco? Te manda uma carta falando: SEU SAFADO! SEM VERGONHA! ESTÁ INTIMADO! VOU NOTIFICAR PARA VOCÊ APRESENTAR DE VEZ SE QUISER, PORQUE NÃO TEM DEFESA! 
Você tem um prazo para apresentar defesa. Aí você coitadinho vai e apresenta uma defesa. Essa defesa é uma defesa tributária, na esfera administrativa. E aí vai se verificar se existe ou não pagamento. Se existe obrigação ou não de efetuar pagamento. 
Então o que acontece? Enquanto não for julgado esse processo administrativo, não existe lançamento definitivo. Então não ficou clara a existência de pagar. Se não ficou clara a existência de pagar, como é que pode dizer que eu não paguei?
Então, o que acontecia antes da decisão do Supremo? Passava a data, aí alegava aquela fraude: crime. Aí o cara entrava com uma defesa tributária. Aí o cara era condenado no crime. Aí vinha: ‘Não, o senhor tem razão! Não tem que pagar!’ Não tem que pagar? Mas ele foi condenado! 
Então, hoje em dia para todos os crimes tributários o Supremo disse que só existe a partir desse lançamento definitivo. Só que também acontece o seguinte, não nasce a partir do lançamento definitivo a obrigação de pagar? Então, quando começa a correr o prazo prescricional?
A partir do momento que eu posso cobrar. Então, a partir do lançamento definitivo eu posso propor ação penal e é daqui que começa o prazo prescricional. E não como era antigamente.
Então hoje, o promotor oferece denúncia, aí você fala: “Não, mas tem um processo administrativo em andamento”. O que faz o juiz? Ele encerra o processo sem apreciação do mérito. Tem-se entendido que esse lançamento definitivo hoje é uma condição de procedibilidade. É uma condição formal para o exercício do direito de ação.Agora, se você perdeu o processo administrativo, o promotor pode propor uma nova denuncia ali? Pode. 
Isso para todo o crime tributário. 
Tem uma outra regra, em relação ao crime tributário, no tocante à extinção da punibilidade. 
O que o fisco quer, menos que prender alguém, é que você pague. É o uso da violência simbólica do Direito Penal como forma de coagir o cara a pagar. 
Interessa ao Estado prender alguém por sonegação? Não interessa. Porque além do cara receber o dinheiro da sonegação ainda tem que gastar dinheiro para manter o cara preso. 
Então, começaram a ter causas de extinção da punibilidade.
Aí cada lei fazia uma causa diferente. Uma dizia o seguinte: Se você confessar a fraude, dar as informações certas para saber o quanto você deve, fica extinta a punibilidade.
Mas ai o cara podia sair sem pagar. Aí tinha que confessar, contar o certo para permitir o pagamento e pagar. Aí outros, mas espera aí, está pagando o principal. Tem que pagar o principal, juros, multa, tudo. Então cada um na lei era de um jeito e era tudo crime tributário. Um precisa só declarar, o outro precisa pagar, o outro pagar tudo, como é que fica? 
Depois de uma bagunça, hoje em dia está mais ou menos uniforme. 
Como que funciona para todo crime tributário?
Pagamento. Quando eu falo pagamento é pagamento integral. Por multa, por todos os acessórios. Pagamento, em qualquer fase do processo extingue a punibilidade.
Claro, antes do trânsito em julgado, porque quando transita em julgado, não tem mais processo.
Pode ser em grau de recurso? Pode. Pagou, acabou.
Além de pagar, eu posso fazer os chamados parcelamentos, os refiz da vida; parcelo para isso, parcelo para aquilo. 
Como funciona a regra de parcelamento?
Parcelei a dívida antes da denúncia: falta de justa causa para recebimento da denúncia. Por que há falta de justa causa? Se eu estou parcelando, eu estou fazendo o que? Pagando. Se eu estou pagando, como eu posso ser processado pelo não pagamento? Falta de justa causa. 
Só que nesse caso, o que acontece? Suspende o andamento da prescrição.
Às vezes o cara parcela em dez anos, não tem prescrição. 
Que horas começa a correr a prescrição? Quando você não paga, ou seja, durante o lançamento definitivo. Então, não pagou o parcelamento, começa a correr a prescrição e eu posso propor a ação. E, o que acontece se eu pagar tudo?
Com o pagamento integral, extingue a punibilidade.
E se for depois da denúncia? Eu posso fazer o parcelamento depois da denúncia.
Nesse caso, suspende não só a prescrição, como o processo. Suspende tudo.
O juiz vai encerrar o processo? 
Antigamente era o seguinte: quando tinha o parcelamento, era a mesma coisa que não ter o lançamento definitivo. O juiz trancava a ação.
Hoje em dia, no lugar de trancar a ação, o juiz suspende o andamento do processo. E a prescrição também fica suspensa. 
Quando volta a andar a prescrição e o processo? No caso de não pagamento ou parcelamento.
Pagou, extingue a punibilidade. Isso é a regra geral para todos os crimes tributários.
Também para todos os crimes tributários, alguns ficam expressos, outros não, mas se aplica entre aspas, como fundamento, o princípio da insignificância que, nesse caso aqui (art. 337), está como perdão judicial. Está no parágrafo segundo, inciso II.
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Mas, mesmo que não estivesse, mesmo que fosse revogado, a jurisprudência já vem aplicando isso de forma uniforme para os crimes tributários.
Quando que se aplica o princípio da insignificância nos crimes tributários?
Acontece o seguinte, dependendo de para quem eu devo imposto, se é para a previdência, se é para a União, Estado, Município, conforme o ente para quem eu devo imposto, alguns entes dizem o seguinte:
Por exemplo, na esfera federal. Na esfera federal, se não me engano, o valor mínimo de cobrança é 500 ufirs.
No caso de menos que 500 ufirs, por exemplo, você não pagou imposto, o que faz a União? Faz o lançamento definitivo. Gera o título de crédito. Mas, ela não entra com execução. 
Ela deixa lá: dividas a cobrar. Não entra com a execução. Porque, vamos supor que quinhentas ufirs dá mil reais, dá a mais, e vai gastar mil e quinhentos para cobrar dos reais. Então, não compensa, então não entra com a execução fiscal.
Qual é a justificativa para a aplicação do princípio da insignificância?
Se o credor acha que o valor não vale a pena ser cobrado, como que o Estado pode achar que esse valor justifica processar, punir e condenar alguém criminalmente? Não tem lógica.
Então, se esse valor for igual ou menor do que esse fisco, ou seja, aquele valor que o credor tributário acha que não vale a pena cobrar, aplica-se o princípio da insignificância e exclui o crime.
Pergunta de aluno: Vai compor o tipo penal o não pagamento e a fraude. Só que a fraude que caracteriza o tipo, né? Nesse caso a fraude ocorreria, o valor seria insignificante. A fraude que deveria ser considerada, porque o importante é haver uma fraude contra o Estado.
Professor: É o seguinte, por exemplo, o estelionato, é uma fraude. Eu engano você, tomo de você 10 centavos. Vou ser processado? Tem a fraude. O argumento é o mesmo. 
Não estou dizendo que a conduta não é ilícita, mas qual é o fundamento do princípio da insignificância?
Eu vou colocar em jogo a segurança do Estado, decorrente da prática de crime, que afeta a segurança da sociedade, e do outro lado, o princípio da proporcionalidade da sanção, a conduta e o princípio da dignidade da pessoa humana.
Ora, por que dez centavos são insignificantes? Porque ninguém dá parte por esse valor, não vale a pena. 
Em compensação, prender alguém por causa disso, não é proporcional. Alguém ficar preso ofende a dignidade. Vamos transportar pra cá.
Por que eu vou prender alguém, que praticou uma fraude em relação ao pagamento do tributo, se aquele que cobrar, acha que vale a pena não cobrar?
Se a União, que é a maior interessada, acha que não vale a pena cobrar dependendo do valor, como que eu vou prender? Não tem fundamento para prender.
Ao meu ver, aplica-se o princípio da insignificância para todos os crimes.
Alguns crimes, como esse, por exemplo, isto vem expresso. Não vem expresso o princípio da insignificância. Vem como perdão.
Mas, mesmo naqueles crimes onde isso não está expresso, não consta isso, isso se aplica para todos os crimes tributários.
Vamos ver agora esse crime específico que é sonegação de contribuição previdenciária. 
Esse crime, anteriormente, estava no artigo primeiro, da Lei 8137, que é a Lei dos crimes tributários.
Veio p/ cá não sei porque.
Qual é a conduta?
Suprimir ou reduzir contribuição social.
Bem jurídico: aqui não é a administração. Seria o patrimônio da previdência. 
Quem pode praticar esse crime? Qualquer pessoa, mas normalmente quem pratica esses crimes é o responsável tributário.
O que é responsável tributário?
É o fulano que tem que pagar. Mas, qualquer pessoa pode praticar essa conduta.
É suprimir ou reduzir tributo. Em outras palavras, não pagar o que deve.
Tem que ter fraude. 
No que consiste a fraude nesse artigo? 
Inciso I: omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços.
Por que isso é uma fraude?
Porque a previdência usaria esses dados não só para gerar o valor da previdência, mas também para fiscalizar. Se eu não faço esses lançamentos, a previdência não tem como saber se eu devo ou não pagar. Fraude.
Inciso II: deixarde lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços.
É também a mesma coisa. É o que chama fato gerador.
Na previdência, por que se diz que o trabalho formal no Brasil é tão caro? Porque custa 20 %. De 20 % , 12 % é o empregador e 8% o empregado.
Então, quando vocês começarem a trabalhar, se vocês ganharem mil reais, vocês vão receber 80 reais a menos.
Esses 80 reais vão direto para a Previdência. Descontam no seu salário.
E os 120 reais? O seu chefe, além de pagar os mil reais para você, tem que pagar para a previdência 120 reais.
Então, a maioria preferia receber esses 8 % como salário e a previdência que se estourasse.
Então, se eu não presto informações de quanto eu devo e de quanto eu descontei, como a previdência vai controlar? Permite que eu faça uma fraude de forma a não pagar.
Aluno: É tipo colocar que ganha tão valor e pagar a mais?
Professor: Ou não colocar. Também, porque olha, deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios os valores descontados.
Inciso III -omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias.
O que é fato gerador?
Fato gerador seria o fato típico no Direito Penal. É igualzinho ao direito penal, só que mais fácil. O fato gerador é igual ao fato típico.
Por exemplo, qual é o fato típico no homicídio?
Matar alguém.
O que significa fato gerador? É aquela conduta que faz nascer para o Estado o direito de cobrar algum dinheiro seu.
Então, por exemplo, qual é o fato gerador para imposto de renda? A renda que você tem.
Qual é o fato gerador para o IPVA? Você ser dono de um veículo automotor.
Então é você falsear ou não prestar qualquer informação sob fato gerador no tocante à previdência.
Tem aqui falando das causas de extinção da punibilidade, de uma forma meio confusa, que eu expliquei aqui, fala aí do caso da insignificância que aqui é o parágrafo segundo, que funciona como perdão judicial.
A única coisa que eu queria comentar é o parágrafo terceiro, que é uma causa de redução.
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa RS 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
Esse valor de R$ 1.510, 00 seria correspondente a quinhentas ufirs, em 1980.
Esse valor tem que ser corrigido nos mesmos índices da previdência.
Hoje eu não sei quanto seria o correspondente ao piso da previdência.
Se for igual ao federal, 10 mil.
Então, o empregador que pratica sonegação, mas tem uma folha de pagamento, de até 10 mil reais, a pena é reduzida.
O problema é o seguinte: Fala empregador que não seja pessoa jurídica.
Ao meu ver isso é inconstitucional, porque nos crimes tributários não é a pessoa jurídica que responde. É o dono da empresa.
Então se eu tiver uma empresa, pessoa jurídica e tiver empregados, eu não faço jus ao beneficio. Agora se eu não tiver pessoa jurídica e tiver empregado, eu faço jus ao beneficio, sendo que o valor da sonegação é o mesmo e o valor da folha fiscal é o mesmo.
Por isso, parece-me que esse parágrafo terceiro é inconstitucional, fere o princípio da isonomia e se aplica a tudo.
AULA 41
CAPÍTULO II-A
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
Corrupção ativa em transação comercial internacional
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 
A primeira discussão que se tem: 
Eu, um dito brasileiro, posso tutelar a administração pública de outro país? Obviamente que não, devido ao principio da soberania, que embora se encontre diluída, eu não posso administrar com o meu direito a administração pública de outro país. 
Bem Jurídico: são as relações comerciais internacionais, não só envolvendo o estado brasileiro como também os particulares que aqui vive. 
É igualzinho ao crime de corrupção ativa. É quando eu ofereço dinheiro para prática de ato legal ou ilegal, igualzinho corrupção ativa. Se for corrupção ativa própria o ato é ilegal e se o funcionário praticar o ato que se comprometeu, a pena é agravada.
 Só tem uma pegadinha que se tem que tomar cuidado, pois não é qualquer dinheiro para funcionário público que eu ofertar que vai ser crime. Por exemplo, eu oferto dinheiro para um funcionário público da Embaixada Americana para que ele me dê um visto de turista. Eu pratico o 337-B, ou não? Não pratico. Que crime eu pratico? Crime nenhum. Eu posso praticar um crime perante o governo americano, mesmo porque a Embaixada é considerada Estado Americano. Posso cometer um crime para a justiça Americana. Para a justiça Brasileira não. E aqui como não está ligada à transação comercial internacional eu também não posso punir.
Agora, se eu oferecer dinheiro para um funcionário do Consulado para facilitar a importação ou a exportação de qualquer mercadoria pro país, ai eu pratico a corrupção ativa internacional.
Além de ser corrupção igualzinho corrupção ativa, é bem específica, porque não é qualquer ato do funcionário público, é um ato ligado à transação comercial internacional. Por isso, que via de regra, só vai praticar esse crime contra funcionário de Consulado. Normalmente na Embaixada, são os assuntos “políticos”, visto, entrada. Os assuntos comerciais são tratados pelo cônsul e não pelo embaixador. Na Embaixada se resolve mais os aspectos comerciais das relações internacionais.
É formal, consuma-se quando eu ofereço dinheiro, o cara recebe e não importa se ele pratica ou não o ato pelo qual eu dei o dinheiro. O ato pode ser legal ou ilegal. Se ele praticar um ato ilegal em troca dessa corrupção o crime é qualificado.
Vocês podem ver que não existe corrupção passiva. E por que não existe corrupção passiva? Porque ai a competência seria do outro Estado de punir o seu próprio funcionário.
Tráfico de influência em transação comercial internacional
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro. 
É igualzinho ao tráfico de influências que nós vimos. O tráfico de influencia é um tipo de estelionato. Consuma-se com a conduta e se eu alego que parte ou todo dinheiro vai para o funcionário, o crime é agravado. É igualzinho aos crimes que nós já vimos.
Funcionário público estrangeiro 
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. 
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. 
Esse artigo define o que é funcionário público estrangeiro. 
O que é funcionário público estrangeiro?
 Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamenteou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro.
É aquele que no Brasil ou tem cargo ou função em representação diplomática ou entidades estatais ou empresas controladas pelo Poder Público estrangeiro ou organismos internacionais, ou em qualquer secretaria da ONU.
Os crimes que os funcionários públicos praticam a gente já viu. A única diferença é que eles são agrupados em um crime só.
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Está ligado à aplicação da lei que é o cumprimento da lei. 
Reingresso de estrangeiro expulso
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
Existe o Estatuto do Estrangeiro que regulariza a vida do estrangeiro (quando ele entra, quanto tempo ele pode ficar no país sem visto, como ele obtém o visto, para que ele precisa do visto). 
No Estatuto do Estrangeiro existe a expulsão, a deportação e a extradição. Para nós apenas interessa o ato administrativo chamado de expulsão. Qual é a diferença entre essas coisas? 
O mais comum é a deportação, que ocorre quando o estrangeiro se encontra de forma ilegal no país. Ele não praticou nada, apenas entrou, e como precisava de visto e ele não tinha o visto, ou expirou o prazo que ele podia ficar no Brasil. Neste caso ele é deportado, mandado de volta. O deportado pode retornar ao país? Regularizando a sua situação, pode. Não tem qualquer problema.
O outro ato é a extradição. O que é a extradição? A extradição é quando eu vou mandar para fora do país estrangeiro que aqui se encontra, brasileiro não pode ser extraditado, que praticou crime. A extradição depende de acordo bilateral. Eu só vou extraditar se o país que estiver pedindo prometer que quando tiver algum criminoso que praticou crime no Brasil, lá, ele também faça a extradição. Que nem aconteceu na Itália. O Brasil tem acordo de extradição com a Itália. É um processo administrativo, depois pode ser apreciado pelo Judiciário, onde eu vou ver o seguinte: eu vou ver se o crime que a pessoa praticou fora existe no Brasil e se foi cumprida as formalidades legais para que fulano seja processado lá, segundo as leis do lugar e não a lei brasileira.
O que nos interessa agora para esse artigo: a expulsão. Quando ocorre a expulsão? Quando o estrangeiro pratica crime com trânsito em julgado no país. Tem uma pena mínima para ser expulso. Por exemplo, o fulano vai e pratica tráfico de entorpecentes, que nem tinha aqui em Franca, uns africanos que praticaram crime, eles foram condenados. Ai o que acontece? Eles cumprem a pena no país, antes de terminar a pena é aberto um processo administrativo, que ocorre no Ministério do Exterior, e é feito o ato de expulsão pela Polícia Federal.
O ESTRANGEIRO EXPULSO NÃO PODE RETORNAR PARA O PAÍS. 
Qual é o crime do art. 338?
Primeiro, o bem jurídico é a administração da justiça. 
Sujeito Ativo: apenas estrangeiro expulso. Não confundir com deportado ou extraditado. Se o deportado ou o extraditado entrarem ilegalmente no país, não praticam crime.
Sujeito Passivo: o Estado, que é o titular da administração da justiça.
A conduta é o estrangeiro que foi expulso, após o ato de expulsão, retornar para o país, entrar em território nacional. Ele entrou em território nacional consuma-se o crime. 
Esse crime se consuma quando ele passa na alfândega. Se entrarem pela mata, por lugares que não são de entrada ou saída do país, veio de avião, é óbvio que o aeroporto faz parte do território nacional, mas só se considera consumado se ele conseguir passar a alfândega. Se ele ficar na alfândega, o crime não se consuma. Seria o crime tentado 
Lembrar, que eventualmente, se essa pessoa expulsa conseguir uma autorização do governo brasileiro para retornar ao país, ai não existe crime, porque, via de regra, estrangeiro expulso não pode retornar, mas ele pode conseguir uma autorização especial, por exemplo, o cara é expulso e depois de 20 anos ele vira cônsul, pode voltar para o Brasil? Pode, desde que o país autorize a entrada dele, não seria crime. 
Aula 42
Nós vamos começar a matéria de hoje com a denunciação caluniosa, comunicação falsa de crime e autoacusação falsa. Esses crimes do começo são crimes comuns e o bem jurídico continua sendo a Administração da Justiça. Qualquer pessoa pode pratica-los e o sujeito passivo é o Estado.
O primeiro deles é a denunciação caluniosa. O que vem a ser essa denunciação? 
Dos crimes contra a Administração da Justiça
Denunciação Caluniosa
Art. 339 - Dar causa a instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.
Como é que eu vou dar causa a essas investigações? Imputando falsamente a alguém a prática de crime ou contravenção. A contravenção está no § 2º e é um crime privilegiado.
	
Vocês podem ver que a denunciação caluniosa é muito parecida com a calúnia. A calúnia não é imputar a alguém falsamente a prática de crime? No art. 339 é a mesma coisa e devem ser lembrados os mesmos requisitos no tocante à calúnia. Quando eu vou imputar a prática de crime, é fato DETERMINADO. Falar: “O cara era o maior assaltante de banco!” ou falar “Ele assaltou um banco!”. Isso é calúnia? Vocês devem lembrar que para ser calúnia o fato deve ser determinado. O que quer dizer isso? Que eu posso situar o fato no tempo e no espaço. “Ele rouba banco!”. Mas que banco? Quando? Onde? 
Não sei se vocês se recordam, que esses fatos indeterminados são considerados injúria. A calúnia tem duas características: fato determinado e esse fato determinado é crime. Isso quer dizer que, se for um fato desonroso, também não é calúnia nem denunciação caluniosa. 
Eu preciso dar o dia, a hora, a cor da cueca que o cara usava? Não! “Fulano roubou a brasília amarela semana passada em Franca!”. Isso é calúnia! O fato já foi situado no tempo e no espaço. Sem esse fato determinado, como é que eu vou investigar? “Fulano roubou um carro no mês passado dentro do estacionamento da faculdade!”. Graças a Deus não temos tantos roubos assim para não sabermos que carro que foi, quando foi. Então, esse fato determinado significa, mais uma vez: PERMITIR SITUAR NO TEMPO E NO ESPAÇO! Não permitiu: é injúria! Logo, não há como ser calúnia.
Imputar falsamente fato determinado. Esse falsamente indica que eu sei que aquilo é mentira. É igual à calúnia. Isso quer dizer que, se for animus narrandi - como por exemplo: “Eu vi um fulano roubando um carro. Estava com uma blusa azul escrito “fit””. Eu acho que foi ele, mas eu não sei. Eu estou acusando o colega? Não, estou apenas narrando um fato que eu vi. “Ah, mas era outra pessoa parecida, com a mesma blusa!” - Então é atípico. Faz parte do dolo eu saber que aquilo é falso. E ainda: deve ser crime ou contravenção. Nesse caso, o crime ou contravenção devem ser determinados. “Fulano praticou tal crime!”. A pessoa é determinada e o fato é determinado. 
Se, por exemplo, eu falar: “A pessoa roubou meu carro ontem!”. Isso é calúnia? Não, pois eu não sei quem é esta pessoa. “Um rapaz moreno, camiseta branca, calça jeans, tênis, roubou meu carro!”. Isso não é calúnia, então também não é denunciação caluniosa. A pessoa deve ser determinada, mas eu não preciso dar nome, RG, altura, etc. Mas devem ser fornecidos dados que permitam a sua identificação. Assim como eu devo ter elementos no tocante ao crime, devo fornecer elementos para que o crime seja situado no tempo e no espaço. Isso é a calúnia!
Qual é a diferença entre a calúnia e a denunciação caluniosa?Na denunciação, além de eu acusar falsamente alguma pessoa da prática de um crime, eu vou fazer isso de forma que a pessoa passe a ser processada. Faz parte do TIPO SUBJETIVO eu querer que a pessoa se envolva num inquérito, ou em um processo ou uma investigação administrativa. Faz parte do dolo.
Então se eu chegar aqui e falar: “Eu vou contar uma fofoca pra vocês! Dr. Antônio Milton roubou o meu carro ontem”. Eu falei isso como forma de ofender lhe a honra. Mas alguém fala: “Ah, mas isso é um absurdo! Eu vou contar para o delegado”. Vai lá e fala para o delegado achando que é verdade. Eu pratiquei calúnia ou denunciação caluniosa? Calúnia, porque eu não tive a intenção de movimentar a máquina administrativa. Na denunciação caluniosa, o bem jurídico não é a honra da vítima, mas a administração da justiça, porque através dessa mentira, além de eu ofender a honra eu vou movimentar a máquina estatal no tocante á administração da justiça, por isso que o crime é contra a Administração da Justiça.
O crime de Denunciação Caluniosa absolve a Calúnia. 
Cuidado: em algumas vezes, não existe a DENUNCIAÇÃO. Nós vamos ver que o que acontece com a calúnia quando ela ocorre, é que ela persiste. É muito comum perguntar na prova: “........que crime ocorreu?” E o cara escreve: “Atípico, porque não é denunciação!”. Está errado, porque perguntei que crime era e não qual crime não era. Nesse caso, é calúnia. Mas não absolve? Sim! Como um crime absorveu o outro, este crime tem que existir. Por que isso? O outro crime de denunciação caluniosa, só existe com dolo direto. O que quer dizer dolo direto? Eu sei que aquilo que eu estou acusando o fulano é mentira! Não existe denunciação caluniosa com dolo eventual, mas existe calúnia com dolo eventual. Se eu fizer uma denunciação caluniosa com dolo eventual, eu responderei por calúnia, porque a denunciação é só com dolo direto e a calúnia que cabe com dolo eventual existe. Como eu sei que será dolo eventual? Tem que decorar? Não, tem que saber ler. “Dar causa [...] imputando a alguém crime que o sabe inocente..”. Se ele o sabe inocente, ele não desconfia, ele não arrisca, ele tem certeza que a pessoa é inocente. 
E se ele fizer uma denunciação caluniosa contra alguém que ele sabe ser inocente, mas na verdade o cara é culpado? Eu falei, achando que estava acusando um inocente e na verdade eu estava acusando um culpado. É crime? Eu não tenho o dolo de acusar o inocente? Isso é CRIME IMPOSSÍVEL. É matar o morto! Impropriedade absoluta do objeto!
Existe uma discussão, que é meio goiaba, sobre a subordinação da denunciação naquele crime que eu acusei. Imagine que eu acusei o colega falsamente, aí é aberto um inquérito policial ou um processo judicial. Alguns autores entendem que tem que acabar o inquérito ou acabar o processo, para ele ser absolvido, para daí poder ter o processo de denunciação caluniosa. Outros entendem que não existe essa subordinação. Por quê? Porque desde que fique provado que no processo de denunciação, que eu acusei falsamente, eu não preciso do outro processo. Isso dá muita confusão, principalmente por causa da prescrição. Imagine que ele foi acusado, foi absolvido, o MP recorre e o processo vai para o Tribunal e passam se 6,10 anos. O que pode acontecer? Prescrição da denunciação. Ele perde o direito de exercer a denunciação contra alguém que eu acusei. Então, me parece que essa história de subordinação é bobagem! 
Lembrar que faz parte do dolo da denunciação, não só querer acusar a pessoa falsamente de um crime, mas que essa acusação se transforme em uma investigação policial, ou processo administrativo, etc. Se eu não tiver ESSA vontade, eu respondo apenas por calúnia.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
Isso tem também na calúnia. Eu vou acusar alguém falsamente usando um nome falso ou vou acusar alguém falsamente usando de anonimato, denúncia anônima. Desde que eu consiga descobrir quem praticou, o crime é agravado. 
No caso de eu acusar falsamente da prática de contravenção, aí o crime é privilegiado. 
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.
Esses crimes não são difíceis. O problema é que pode confundir um com o outro. 
Comunicação Falsa de Crime ou de Contravenção
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Aqui, NÃO EXISTE CRIME. Eu falar que existe um crime, é atípico. 
Quem é autoridade? Autoridade é só delegado e juiz. E promotor? Não é autoridade! Existe uma discussão, atualmente, para discutir se promotor É ou NÃO autoridade. 
Qual é o funcionário público que tem autoridade? É aquele que tem poder de decisão, ele não age de forma vinculada. O poder desse funcionário é discricionário, ele age conforme a conveniência e oportunidade.
No caso do promotor, a maioria entende que ele não é autoridade porque ele não tem poder de escolha. Ele pode escolher denunciar ou não? Não, não pode! Se tem indícios de autoria e materialidade, o promotor deve denunciar. Então, o ato do promotor não é um ato discricionário, é um ato vinculado. A discussão disto está na Lei nº 9.099, se o promotor pode ou não dar a transação, a suspensão, se seria um DIREITO do promotor – como um ato discricionário – ou um ato vinculado, um DEVER do promotor. 
Hoje em dia, por enquanto, promotor, a meu ver, NÃO É AUTORIDADE, uma vez que o ato dele é vinculado. Isso não quer dizer que sua função seja mais importante ou menos importante. 
Autoridade não tem nada ver com a função ou com a importância dela. É a existência ou não da prática de ato discricionário. 
Quem é autoridade no Processo Penal e na Investigação? Juiz e delegado. Há a comunicação da prática de crime ou contravenção. É muito comum existir esse crime como ato preparatório, absorvido pela concussão, de estelionato. “Meu carro foi roubado! Quero receber seguro!”. Na verdade o carro não foi roubado, eu vendi para o desmanche. Isso provoca a ação da autoridade.
O que que se discute? Se o fato é falso, não é isso? 
Tem um caso clássico daqui de Franca, de um grande empresário, que comprou uma máquina de fazer dinheiro. O problema é que, além de comprar essa máquina, ele foi reclamar depois na delegacia que ela não funcionava. Só que ele não disse “comprei uma máquina de dinheiro, o cara me enganou e eu fui vítima de estelionato!”. Ele alegou que tinha sido roubado, algo nesse sentido. Houve o crime? Houve! Ele foi vítima de um crime? Foi, mas não daquele crime que ele narrou. Existe, então, a comunicação falsa, porque, embora exista um crime, não foi aquele crime narrado, o qual o sujeito deu parte. 
Ás vezes as pessoas vão dar parte de crime errado por ignorância. Alguém chega e diz: “Dr., roubaram o meu carro! Parei no estacionamento, voltei, e eles tinham me roubado”. Isso não é roubo e sim furto. Embora ele tenha narrado um crime que não ocorreu, ocorreu um fato criminoso e o sujeito pode ter se equivocado sobre algum elemento, mas ele não teve a intenção de narrar um fato falso, logo, é atípico. Mesma coisa que alguém dizer: “Dr., eu fui enganado, ocorreu um estelionato!”. Daí você vai ver aquilo não foi um estelionato e sim, uma apropriação indébita! Um cara pegou algo do outro e não devolveu. O cara achou que fosse estelionato, mas era apropriação, ou o cara fala que é apropriação e é estelionato. 
Quando o fato existiu e a pessoa se equivoca sobre algum elemento, desde que não haja dolo específico de mentir, é atípico! 
Detalhe: ou eu vou contar o crime, mas não acuso ninguém, ou eu vou acusar pessoa indeterminada. 
Se eu chegar e dizer : “Dr, roubaram meu carro e foi aquele sujeito alí!”. Isto é provocar a ação da autoridade? Ou é denunciação caluniosa ou se o fato for um fato indeterminado, é injúria. Então aqui (comunicação falsa de crime ou contravenção), o fato falso deve ser um fato determinado, um

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