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Ciências Contábeis Contabilidade das Organizações Aula 2: Postulados e Pressupostos da Informação Contábil Professora Neusa Higa CONVERSA INICIAL Oi, seja bem-vindo(a) à segunda aula de Contabilidade das Organizações. Dessa vez aprenderemos sobre os Postulados e Pressupostos da informação contábil. Conforme você já deve ter percebido, a informação é o centro de toda decisão, e é sobre alguns critérios de estrutura e divulgação que conversaremos. A boa gestão de empresas carece de informações disponibilizadas de forma ágil e com relevância. Basear-se somente no “tino de negócios” ou em emoções não é o suficiente para ter certeza da decisão a ser tomada. Da mesma forma, a sociedade, os clientes, os investidores e os órgãos fiscalizadores necessitam que a divulgação seja pertinente entre as empresas, ou seja, que elas assumam um mesmo posicionamento quanto ao tratamento das ocorrências que ocorrem diariamente, permitindo o estabelecimento de bases comparativas. Os postulados e pressupostos da informação contábil assumem significante papel, de “formador” de critérios no registro contábil nas empresas, normatizando, descrevendo e orientando como a Contabilidade deve tratar a organização. Ao final de períodos, a Contabilidade apresenta registros das ocorrências na empresa por meio de livros. Eles são classificados conforme sua finalidade: Contábeis, Fiscais e Sociais. E você deve se perguntar: mas, qual a importância deles? Pois bem, serão eles quem trarão os dados necessários para que a informação contábil seja gerada, e o gestor, o investidor e os usuários em geral (inclusive você) consiga tomar uma decisão. Vamos aprender mais sobre isso! Acesse a versão online da aula e assista à fala inicial da professora Neusa nesta aula. CONTEXTUALIZANDO A informação assume importância crescente nos dias atuais. Nas organizações, ela se torna fundamental para descobrir e introduzir novas atividades, explorar oportunidades (de investimento, de estratégias) e no planejamento de suas operações. No entanto, antes da informação tornar-se disponível, é necessário que ela seja gerada – papel que é preliminarmente realizado nos registros contábeis. Desse modo, além de realizar os lançamentos diários das ocorrências, a Contabilidade emite dados que evidenciam a situação econômica e financeira da empresa ao final de cada “ciclo” (ou período de tempo). Por meio desses dados, é possível mensurar o Patrimônio da organização, ou seja, seu “valor”, e estabelecer diagnósticos fundamentais para os gestores e investidores. Sabemos também que o desenvolvimento histórico, econômico e social está relacionado aos meios de produção e distribuição da riqueza, o que valoriza o papel da Contabilidade em evidenciar as finanças empresariais e, antes de tudo, atuar como auxílio na tomada das melhores decisões (o que, consequentemente causaria melhores resultados). No entanto, tornar uma informação comparável – seja entre períodos (o que mudou entre o ano passado e esse ano?) ou entre empresas (melhor investir em A ou em B?) – requer o estabelecimento de regulamentos. A Contabilidade, a fim de atender a essa necessidade, assume de forma implícita os postulados contábeis, que funcionam como “fundamentos” incontestáveis sobre o modo como as empresas devem operar. Lembre-se que, além de ser suporte aos gerentes e estímulo à investidores, a Contabilidade exerce a função de prestadora de contas ao fisco. Novamente, entra em ação a necessidade de parametrização. Nesse caso, a escrituração dos fatos contábeis (aqueles que aprendemos na Aula 1), a apuração das Demonstrações Contábeis e, quando necessário, a disposição de notas explicativas, é obrigatoriamente apresentada por meio dos Livros Contábeis, Fiscais e Sociais. Observe que a vida de uma empresa é, de alguma forma, contada e acompanhada, como um diário. Os livros de escrituração possuem várias finalidades: Acompanham os recursos da organização (caixa e contas afins) Registram as compras, as vendas e controlam os estoques Apresentam os colaboradores admitidos e dispensados Evidenciam as modificações na Patrimônio da empresa (lucros ou prejuízos) Agruparam as ocorrências das Atas de Assembleias Pesquisa Conforme já vimos, o objetivo da informação contábil é atender aos usuários da informação, auxiliando-os diante das diversas condições adversas, onde é necessário tomar uma decisão. Você imagina o que poderia ser realmente relevante como princípios da informação contábil? O que você considera importante ao disponibilizar informações aos usuários? Proponho que você pesquise sobre isso nas leis e nos decretos que regem nosso pais. Sobre estas reflexões, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir. Tema 1 – Entidade e Continuidade: Documentação Contábil Comprobatória Noções sobre Entidade e Continuidade – os Pilares da Contabilidade A escrituração dos fatos contábeis segue proposições acerca da realidade que é registrada. Essas proposições são como verdades incontestáveis sobre o objeto da Contabilidade, sua existência no tempo, e o ambiente (econômico, social e político) no qual ela atua. Esse conjunto de observações são, então, designadas como postulados. Os postulados não estão sujeitos a contestação, uma vez que representam a base sobre a qual se desenvolve todo o raciocínio contábil (ambiente e condições em que ela atua). Além disso, devido a sua relevância ao entendimento da teoria, os postulados são considerados como os Pilares da Contabilidade. Os mesmos são categorizados conforme sua utilidade, dividindo-se em: Postulados Normativos Determinam o que ou como a Contabilidade deveria fazer ou atuar, condicionando que para todas as ações são necessárias justificativas (explicações). As ações devem ser amparadas de alguma forma – leis, normativos, decretos. Postulados Descritivos Descrevem como (e por que) a informação contábil deve ser apresentada aos seus usuários. Postulados Ambientais Determinam o ambiente onde a Contabilidade opera (nível econômico, social ou político). A fim atingir sua finalidade (ser útil aos usuários), é necessário que a Contabilidade exerça, então, duas funções no ambiente empresarial: definir e manter sua existência. Postulado da Entidade Sob as proposições desse postulado, a atividade econômica da empresa (pessoa jurídica) deve ser considerada independente das operações dos seus sócios (pessoas físicas). Nesse sentido, o Patrimônio é considerado objeto da Contabilidade, sendo imprescindível que este seja diferenciado – recursos próprios e os recursos da entidade jurídica – ainda que estes valores pertençam a uma mesma pessoa, um conjunto de pessoas. Nesse Postulado, a Contabilidade considera o patrimônio sob os enfoques: pessoa física e pessoa jurídica. É imprescindível distinguir corretamente estas pessoas. Um exemplo muito comum que observamos e que violam esse postulado é o uso de finanças da empresa (valores em caixa) para quitação de débitos dos sócios. Postulado da Continuidade Defende que os registros na Contabilidade devem tratar a “vida” da empresa como de prazo indefinido para encerrar suas atividades. Desse modo, o termo “continuidade” sugere que a entidade não possui um fim ou prazo estimado de duração. A proposição de prever a suspensão das atividades poderia provocar sérios efeitos na organização, como a desvalorização de seus ativos, por exemplo. Além disso, o Postuladoda Continuidade entende que a organização possui a finalidade de gerir seus ativos com esforços a produzir receita, e não simplesmente serem vendidos. Desse modo, a empresa é um empreendimento em andamento, devendo seus fundadores realizarem os esforços necessários para ter um patrimônio potencial de geração de benefícios futuros. Curiosidade Quando é realizado uma auditoria na empresa, um dos quesitos analisados para a emissão da opinião (antigo parecer) do auditor refere-se à capacidade de continuidade/descontinuidade da organização. Nesse caso, são apontados critérios como: capacidade de superação de crises financeiras, multas elevadas com valores provavelmente impagáveis, incapacidade produtiva, etc. Documentação Contábil comprobatória É importante você lembrar que todos os fatos contábeis devem ser registrados. Agregue a esse conhecimento o que foi recentemente exposto, ou seja, que, antes de os fatos serem contabilizados, os esforços devem ser voltados à separação do Patrimônio entre pessoa jurídica e física, e a proposta de continuidade da organização. Todavia, a escrituração dos acontecimentos na empresa deve ser suportada por documentos comprobatórios (notas fiscais de entrada e saída, recibos, registros, peças, etc.), que ratifiquem as entradas/saídas/recursos contabilizados. A escrituração deve também estar à disposição para uma possível conferência com as demonstrações contábeis (em casos de auditoria), comprovando, assim, a chamada “exatidão aritmética”. Acerca do período que estes itens devem ser conservados, a legislação sugere que os registros (realizados em livros contábeis, fiscais, sociais – veremos mais adiante sobre eles) devem ser mantidos enquanto os lançamentos de créditos tributários não prescrevam (5 anos). No entanto, vale lembrar que, para o fisco, existe um prazo decadencial (10 anos) para o lançamento de créditos tributários, podendo, assim (nos casos em que a empresa aufira lançamentos nessa configuração), postergar o prazo para manutenção de documentos comprobatórios para 10 anos. Enriqueça seus conhecimentos É importante você saber que, além dos postulados contábeis, a Contabilidade deve observar aos Princípios Fundamentais que condicionam legitimidade às Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) e orientam o exercício da profissão. Os mesmos desenvolvem-se a partir da necessidade de se estabelecer conceitos e procedimentos que viabilizar aos demais usuários padrões de comparabilidade e credibilidade, como nos casos dos critérios adotados na elaboração dessas demonstrações. Nesse sentido, os princípios atuam como suporte aos postulados, delimitando e qualificando o campo de atuação da Contabilidade. Todavia, a partir da evolução da Contabilidade, e caso surjam fatos socioeconômicos ou alterações na legislação que suportem a ideia proposta pelos princípios, estes podem ser alterados para atender as inovações ocorridas na vida empresarial. Os princípios básicos, essenciais ao exercício da Contabilidade são: o da Entidade; o da Continuidade; o da Oportunidade; o do Registro pelo Valor Original; o da Competência; e o da Prudência (RESOLUÇÃO CFC n. 750/93; RESOLUÇÃO CFC n. 1.282/10) Por fim, a conduta do profissional contábil, a delimitação de conceitos e atribuições preconizadas pelos Postulados e Princípios Contábeis, são definidas com maior precisão por meio das Convenções Contábeis. As convenções atendem um perfil mais claro e objetivo, indicando a conduta adequada que deve ser observada no exercício profissional. Elas representam o complemento dos Princípios e Postulados, sendo dividas em: Convenção da Objetividade Convenção da Materialidade Convenção da Consistência Convenção do Conservadorismo Leitura obrigatória Para aprimorar seu conhecimento sobre princípios e convenções contábeis, leia “Convergências e divergências entre princípios, convenções e postulados e atual estrutura conceitual básica da contabilidade”, de DELGADO, W. G. M. et al. http://anaisonline.uems.br/index.php/ecaeco/article/viewFile/2727/2800 Conhecimento complementar Se você quiser saber mais profundamente sobre os princípios contábeis, dê uma olhada na Resolução CFC n. 750/93 (compilada). http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_750.doc Veja com mais profundidade os Princípios Contábeis: https://www.youtube.com/watch?v=7RqTIZhyylA Se você gosta de concursos, vale a pena assistir: https://www.youtube.com/watch?v=Pswwz3MHWxY Um breve resumo sobre Postulados, Princípios e Convenções: https://www.youtube.com/watch?v=WYcmalYtiLo Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neusa sobre este tema que estamos estudando. Tema 2 – Livros Contábeis obrigatórios Conforme observamos até o momento, a escrituração contábil é o “pontapé” para o registro dos fatos empresariais e para estruturar livros (cada qual de uma natureza) que descrevem os elementos que compõem o Patrimônio da entidade. A partir da apresentação dos livros, podem ser desenvolvidas técnicas de análise e auditoria das demonstrações contábeis, disponibilizando aos usuários informações úteis para a tomada de decisão. Existem diversos tipos de livros que registram a “vida” da organização, estruturados com diversas finalidades. Alguns disponibilizam as operações comerciais como o registro de vendas e o controle de estoques; outros, tributárias, como a apuração de impostos e lucros ou prejuízos; ou ainda aqueles de cunho funcional, como registros de empregados e Atas de Assembleias. Além disso, conforme o caráter de apresentação (perfil de atendimento) dos livros, eles podem ser categorizados em: Livros Contábeis, Livros Sociais e Livros Fiscais. O primeiro deles será abordado nessa aula; a segunda categoria, os Livros Sociais, será apresentada ao final deste tema, como “Saiba mais”; por fim, os Livros Fiscais serão o assunto principal do Tema 4. Se quiser, dê uma olhada agora mesmo! É importante lembrar que todos os atos contábeis da entidade devem ser escriturados, sendo utilizado para este fim os livros contábeis. Estes seguem alguns critérios (conforme a legislação vigente) e são classificados em obrigatórios e acessórios (ou facultativos), de acordo com o Conselho Federal de Contabilidade. Além disso, a Lei n. 10.406/2002, em seu artigo 1.179, Capítulo IV, institui que “O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.” O empresário deve também conservar em guarda a documentação respectiva as ocorrências. Esses fatos vão ao encontro do tema explorado anteriormente. A seguir, vamos ver dois livros de apresentação obrigatória: o livro diário e o livro razão. Acompanhe! Livro Diário Este livro constitui o registro básico de toda a escrituração contábil, onde são lançadas as operações diárias (organizadas por dia) que ocorrem na empresa e que modifiquem ou possam modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica. Neste livro são apresentados os lançamentos contábeis da organização, conforme aprendemos no Tema 2 da Aula 1 (Lançamentos Contábeis da Rota), e seguem o registro conforme as partidas dobradas (os totais débito e crédito deverão ser sempre iguais). Este livro deve ser autenticado pelo órgão competente (Juntas Comerciais, repartições encarregadas do Registro do Comércio, Registro Civildas Pessoas Jurídicas) e apresentar estrutura física encadernada, folhas numeradas tipograficamente, termo de abertura e termo de encerramento. Termo de abertura indica a finalidade do livro, seu número de ordem, a quantidade de folhas, a identificação do estabelecimento (nome e número de CNPJ), local da sede, o número e data do arquivamento dos atos constitutivos no Órgão de Registro. Deve ser datado e assinado pelo comerciante (ou procurador) e por um contabilista legalmente habilitado. Termo de encerramento indica o fim a que se destinou o livro, seu número de ordem, a quantidade de folhas e identificação do estabelecimento. Deve ser datado e assinado pelo comerciante (ou procurador) e por um contabilista legalmente habilitado. Além disso, a apresentação do Livro Diário segue algumas formalidades intrínsecas: Utilizar o idioma nacional e a moeda corrente do país Utilizar a linguagem mercantil Apresentar os registros, inclusive os históricos, individualizados e com clareza; Individualização e clareza dos lançamentos nele feitos Registrar os fatos em ordem cronológica seguindo respectivamente dia, mês e ano Não apresentar intervalos em branco, entrelinhas, borrões, rasuras ou emendas Se estas formalidades não forem respeitadas, o Diário acaba sendo completamente invalidado. Livro Razão É fundamental ao processo contábil, e sua manutenção é obrigatoriamente, exigida pela legislação brasileira por período de 5 anos. Por meio dele é possível acompanhar individualmente os saldos das contas contábeis (aquelas que compõem o plano de contas aprendidos na Aula 1), o que possibilita a apuração de resultados e, por conseguinte, a elaboração de demonstrações contábeis (balancetes de verificação do razão, balanço patrimonial, etc.). Além disso, esse livro atua no sentido de detalhar as contas (e subcontas) debitadas ou creditadas por meio dos lançamentos realizados no Livro Diário, ou seja, cada conta lançada no Livro Diário é também lançada no Livro Razão. São totalizadas, desse modo, contas patrimoniais e contas de resultado (se surgir alguma dúvida, volte ao Tema 3 da Aula 1), sendo cada folha do livro destinada a uma conta específica. Assim como no Livro Diário, os lançamentos no Livro Razão são feitos em ordem cronológica dentro de cada conta, podendo ser também escriturados em fichas, utilizando-se uma ficha para cada conta (Lei n. 8.383/1991, art. 64). De forma semelhante às recomendações para o livro anterior, a empresa deve manter em boa ordem, e seguir as normas contábeis recomendadas para o livro Razão. O mesmo pode ser escriturado de forma manuscrita, mecânica ou informatizada; não deve conter rasuras, entrelinhas ou qualquer indício que coloque em cheque os registros. Quando realizado de forma manuscrita, é comum nos depararmos com os chamados “razonetes”, conforme ilustrado a seguir: nome da conta na parte superior, lançamentos a débito no lado esquerdo, lançamentos a crédito no lado direito. Lembre-se que a natureza da conta (credora ou devedora) determina qual lado deve ser utilizado para aumentos e ou diminuições nos saldos. Desse modo, para cada conta será estruturado um razonete. Após sua escrituração, o Livro Razão deve ser encadernado, porém torna-se dispensado sua autenticaçãoou registro nos órgãos competentes (Junta Comercial ou no Cartório), uma vez que entende-se que ele é uma cópia dos fatos escriturados no Livro Diário. Leitura complementar Seria muito importante se você revisasse aspectos gerais sobre o que aprendeu até a aula de hoje. Veja no material “Elementos básicos de contabilidade”: http://www.portaltributario.com.br/guia/escrituracao.html Saiba Mais Explore sobre o registro de transações nos Livros Contábeis: https://www.youtube.com/watch?v=rbTJ-iueX-4 Além dos livros contábeis obrigatórios, a legislação para sociedades por ações (Lei n. 6.404/76) dispõe a existência de mais duas categorias, os livros fiscais e os livros sociais. Sobre os livros fiscais, discutiremos mais no Tema 4 dessa aula. Já quanto aos Sociais, alguns deles são: Registro de Atas de Assembleias Gerais Registro de Presença de Acionistas Registro de Atas de Reuniões da Diretoria, do Conselho de Administração, Pareceres do Conselho Fiscal) Registro das Ações Normativas Registro de Transferência das Ações Normativas Registro de Partes Beneficiárias De forma complementar aos livros contábeis obrigatórios, existem, na Contabilidade, livros que se comportam como facultativos (ou acessórios) e que podem auxiliar o entendimento e acompanhamento de alguns fatos contábeis. Alguns deles são: Livro Caixa – registra as entradas e saídas de numerário Livro de Inventário – registrar os bens de consumo, mercadorias, matérias-primas e outros materiais que se achem estocados nas datas em que forem levantados os balanços Livro de Entrada de Mercadorias – registra as mercadorias adquiridas e recebidas pelas empresas, ou as entradas de bens de qualquer espécie, inclusive os que se destinam a uso ou consumo Livro de Saída de Mercadorias – registra as mercadorias ou produtos vendidos, bem como toda e qualquer saída, inclusive de bens móveis da empresa Livro de Registro de Prestação de Serviços – livro é obrigatório perante o fisco municipal em empresas prestadores de serviço, nele são registradas todas as operações de serviços Registro de Duplicatas – livro de cunho obrigatório, caso a empresa realize vendas a prazo com emissão de duplicatas Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neusa sobre este tema que estamos estudando. Tema 3 – Contabilidade para decisão A Contabilidade se fundamenta em disponibilizar aos usuários informações de natureza econômica e financeira acerca da entidade. Sabe-se que, atualmente, a informação é o meio mais disseminado e empregado quando se fala em manter-se competitivo no mercado. O conceito de informação é definido por Laudon e Laudon (2003, p. 7) como dados disponibilizados em uma forma significativa e útil, após serem organizados e arranjados de forma que as pessoas possam entendê-los e usá-los. Todavia, sabe-se que os demonstrativos contábeis são, em suma, “números”. Nesse entendimento, cabe ao papel do profissional contábil disponibilizar instrumentos ágeis, úteis e eficazes para auxiliar na realização de interesses e objetivos do gestor. Uma forma comum de prestar subsídio ao tomador de decisão é por meio da elaboração de relatórios gerenciais (se necessário, volte ao Tema 5 da Aula 1). A precisão das informações que gerentes, gestores, fundadores, etc. demandam requer aplicações práticas para a Contabilidade, levando sempre em observância os princípios que a regem, as ações disponíveis para o problema e a aplicabilidade das soluções ao contexto em que a organização se encontra. A partir dessas considerações, a realização de projeções ou visões prospectivas permite que o tomador de decisão avalie a situação patrimonial e as tendências da empresa com menor grau de dificuldade (se comparado à leitura dos diversos números que envolvem as demonstrações contábeis). Além disso, a reprodução/transcrição dos valores quantificáveis das contas em indicadores, gráficos, ilustrações (entre outras formas) permite que o usuário compreenda economicamente o comportamento da organização, compare seus resultados com os de outros períodos ou Entidades, avalie se suas expectativas (objetivos, rendimentos, índices de crescimento) foram atendidas e projeteo futuro organizacional. A emissão de relatórios contábeis, ou Informes Contábeis, tem como objetivo relatar os principais fatos registrados em um determinado período às pessoas que utilizam a contabilidade. A Lei n. 6.404/76, que regulamenta as sociedades por ações, introduziu o uso da terminologia “Demonstrações Financeiras”, referindo-se ao conjunto de relatórios contábeis ou “Demonstrações Contábeis”. Assim, a apresentação desses instrumentos, tanto para pequenas quanto grandes empresas, permite que sejam obtidas informações sobre a posição financeira, o desempenho e os fluxos da entidade. São exemplos comuns de elementos que exercem esse papel: a estrutura do Balanço Patrimonial a Demonstração do Resultado do Exercício a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) o Registro de fluxo de caixa Os dados que os compõem podem ser úteis na tomada de decisão, nas avaliações de investimentos e na detecção de oportunidades mercadológicos de uma gama de usuários que não possuem relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de informação. O emprego de técnicas que, a partir dos valores apresentados nas demonstrações contábeis apuram índices que verificam a situação patrimonial da entidade, é muito comum como ferramenta de análise. Vamos ver algumas dessas técnicas a seguir. Acompanhe! 1. Análise vertical e horizontal: evidencia o percentual que cada conta (ou conjunto de contas) representa em relação ao valor base de contas da mesma natureza. Por exemplo: o percentual de dívidas a serem pagas no curto prazo em relação ao total de dívidas que a empresa precisa quitar. 2. Análise de Índices: transcreve os resultados apresentados nos demonstrativos em índices, como liquidez e rentabilidade. Eles auxiliam na compreensão da aplicação de recursos da entidade, a estrutura de seu patrimônio, sua capacidade de pagamento, o retorno de investimentos. 3. Prazos Médios: apresentam a velocidade com que elementos patrimoniais se renovam durante um determinado período de tempo. Exemplo: prazo médio de recebimento de vendas, de renovação do estoque, de contas a pagar. 4. Alavancagem Financeira: apresenta o grau de lucratividade, positiva ou negativa, gerada pela utilização de capitais de terceiros (empréstimos, financiamentos, investimentos de acionistas, etc.) Existem também algumas ferramentas contábeis de cunho interno, que são frequentemente empregadas no apoio à decisão do gestor. Estão entre elas: orçamento, elaboração do fluxo de caixa, planejamento tributário, análise de investimentos e demonstrações contábeis, controles de contas (a pagar e a receber) e gestão de estoques, dentre outros (veja com mais detalhes no material de leitura obrigatória, neste Tema). Importante Para que todas essas alternativas sejam úteis e as operações da empresa sejam fielmente planejadas, deve existir consistência e, acima de tudo, “realidade” nos procedimentos que a Entidade utiliza em diferentes períodos. O estabelecimento formal de normas, em coerência com os Princípios Fundamentais da Contabilidade (superficialmente expostos no Tema 1), contribuem de forma significativa para o processo de facilitação da análise de tendências, tanto da vida de uma empresa quanto das suas “concorrentes”, uma vez que estabelece os padrões de convergência na apresentação das demonstrações contábeis. Falaremos sobre um deles, o Princípio da Competência, no Tema 5 dessa aula. Veja um exemplo prático sobre a utilidade da informação contábil nas operações empresariais diárias: Uma empresa comercializa dois principais grupos de produtos: A e B. Porém, percebeu-se que nos últimos tempos o grupo A está muito lucrativo, enquanto o grupo B está tendo retorno negativo nas vendas. Diante da crise destes tempos, os gestores percebem que não há capacidade no mercado para aumento do preço de B, propondo que os produtos dessa linha sejam retirados do mercado. A fim de solucionar esse problema, os gerentes buscam na contabilidade de custos a análise da viabilidade desse comércio, verificando se existem focos de produtos deficitários. Nesse processo, foi possível observar que, diante de cinco produtos da linha B, somente dois deles apresentavam retorno negativo no mercado. A eliminação de toda a linha de produtos de B acarretaria em “perder” o lucro proporcionado por três dos produtos comercializados. A contabilidade atua exatamente em esclarecer empasses a partir da análise das alternativas mais viáveis. Diante das informações obtidas no departamento de custos da empresa, os gerentes decidiram permanecem com a linha B, eliminando do comércio, porém, somente os produtos que estavam gerando retorno negativo para a organização, uma vez que sua saída poderia ser posteriormente substituída por outras mercadorias. Obs.: o acompanhamento das atividades operacionais na organização deve ser contínuo, mantendo assim a capacidade de verificar os pontos positivos e negativos da decisão. Leitura obrigatória Explore mais sobre a utilidade da contabilidade no processo decisório lendo “A importância da Contabilidade no processo de tomada de decisão nas empresas”: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25741/000751647.pdf?sequen ce=1 Saiba Mais Estude a fundo sobre a informação contábil e sua utilidade no processo comunicacional, inclusive na tomada de decisão a partir de um estudo realizado pelo professor Dr. Jorge Eduardo Scarpin. Atente para a seção “Informação Contábil e Pesquisa em Contabilidade” (p. 19-26): http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-24052006- 145759/publico/Tese_completa.pdf Leitura complementar Se você quiser saber mais sobre a utilidade da contabilidade, leia “Contabilidade Gerencial como ferramenta no processo de tomada de decisão”: http://www.custosgerenciais.com.br/arquivos/5.pdf Nas pequenas empresas, a Contabilidade pode também ser útil. Veja sobre isso em “Contabilidade para Pequenas Empresas: a utilização da contabilidade como instrumento de auxílio às micro e pequenas empresas”: http://www.contabilidadeamazonia.com.br/artigos/artigo_13contabilidade_para_ pequenas_empresas.pdf Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neusa sobre este tema que estamos estudando. Tema 4 – Livros Fiscais obrigatórios Conforme vimos na aula sobre informação contábil, todos os acontecimentos (fatos contábeis) que ocorrem diariamente na empresa devem ser escriturados. Os lançamentos, por sua vez, devem ser registrados em livros próprios (conforme a natureza do evento), configurando, assim, a “vida” da organização. A partir dos livros fiscais são realizados os registros relativos à prestação de contas aos órgãos fiscalizadores (fisco), seja em âmbito Federal, Estadual ou Municipal. Atualmente, os Livros Fiscais são realizados eletronicamente (via Sped, por exemplo), porém são impressos ao final do período de apuração, com folhas devidamente numeradas tipograficamente, em ordem crescente, encadernados e assinados pelo representante legal da empresa e por um profissional contábil. De modo a produzir os efeitos legais e de direito, a grande parte deles são registrados nos órgãos competentes – só serão usados depois de registrados na repartição competente do Fisco. Os livros fiscais mais comuns são: Registro de entradas de mercadorias – destina-se ao registro, em ordem cronológica, das mercadorias adquiridas e recebidas pelas empresas. Registro de saídas de mercadorias – destina-se ao registo, em ordemcronológica, das mercadorias ou produtos vendidos/despachados pelas empresas; inclui-se toda e qualquer saída, inclusive de bens móveis da empresa. Registro dos serviços prestados e Registro de serviços tomados – destinado ao registro dos documentos fiscais relativos aos serviços prestados e serviços tomados sujeitos ao ISS (quando a empresa for contribuinte do ISS). Registro de Inventário – tem a finalidade de registrar os bens de consumo, as mercadorias, as matérias-primas e outros materiais estocados (na data de realização do balanço). Registro de controle de produção e estoque – destinado à escrituração dos documentos fiscais e de uso interno do estabelecimento (entradas e saídas, produção, estoques de mercadorias). Obs.: o Ajuste Sinief n. 17/2014 estabelece que, a partir de Janeiro de 2016, a escrituração deste livro é obrigatória para os estabelecimentos industriais ou a eles equiparados (decorrente do uso do SPED Fiscal). Registro de Apuração de impostos (IPI, ICMS, ISS, etc.) – a finalidade dos livros (um para cada tipo de imposto) é apurar o valor devido pelo estabelecimento, no período. Nele são registrados/lançados valores a débito (a recuperar) e a crédito (a recolher) do imposto, os saldos apurados e outros elementos que venham a ser exigidos derivados das operações da empresa. Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) – destinado a ajustar os valores do Imposto de Renda evidenciados nos demonstrativos contábeis à sua declaração, ou seja, visa descrever a base de cálculo do Imposto de Renda. Inclui nas apresentações as adições e exclusões realizadas no lucro líquido para fins de fechamento das demonstrações contábeis do período, assim como os valores futuros que irão alterar a base de cálculo dos próximos exercícios. Obs.: este livro é obrigatório somente para empresas enquadradas no regime de tributação Lucro Real. Conforme Decreto-lei n. 1.598/1977 (artigo 8°), compõem a estrutura desse livro: a) Os ajustes do lucro líquido do período, a demonstração do lucro real b) Os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de apuração subsequentes, da depreciação acelerada, da exaustão mineral e demais valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem da escrituração comercial c) Os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no cálculo das deduções nos períodos de apuração subsequentes, (dispêndios com programa de alimentação, vale transporte do trabalhador) Leitura obrigatória Leia uma cartilha que pode tirar muitas dúvidas sobre os Livros Fiscais obrigatórios. Vale a pena você ler! http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/obrigacoes.htm Saiba Mais Use mais um pouquinho do seu tempo para aprender sobre a importância de manter os Livros Fiscais atualizados: https://www.youtube.com/watch?v=I5O2ng4C7HE Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neusa sobre este tema que estamos estudando. Tema 5 – Lançamentos Contábeis pelo Regime de Competência Diferentemente do senso comum, em Contabilidade, o termo “competência” tem significado muito particular. Não se relaciona com a ideia de atribuição ou capacidade de algo (ou alguém), mas ao período de reconhecimento de uma transação, evento ou fato contábil. Desse modo, propõe-se que o termo seja entendido como um “regime de competência de períodos”, ou seja, a data a que se refere a ocorrência. Conforme vimos, a avaliação adequada das informações financeiras (por meio das demonstrações contábeis) requer que o reconhecimento das receitas, dos custos, gastos e das despesas sejam criteriosamente escriturados, representando fielmente a situação do patrimônio da organização. Nesse sentido, os Princípios Fundamentais de Contabilidade (Resolução CFC n. 530/81) orientam que a escrituração dos fatos contábeis seja incluída na apuração do resultado no período em que ocorrerem, independentemente de recebimento ou pagamento. A partir dessas condições, percebe-se que as demonstrações contábeis disponibilizam aos seus usuários não somente informações acerca de transações passadas (pagamentos e recebimentos já efetuados em dinheiro, cheque, etc.), como também valores (obrigações ou recursos) a serem advindos em um período futuro. Importante As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) constituem o regime de competência como único parâmetro válido para a elaboração das demonstrações contábeis, ou seja, de utilização compulsória no meio empresarial. São raras as exceções que estabelecem o uso do regime de caixa, como a escrituração de receitas em instituições públicas, por exemplo. A compreensão da forma de escrituração por competência está diretamente relacionada ao entendimento das variações patrimoniais e sua natureza. Esse regime, sob a mesma concepção do Princípio da Competência, brevemente relatado no Tema 1 dessa aula, determina que as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no Patrimônio Líquido (PL) da organização. O resultado dessas alterações no PL conduz, posteriormente, à apresentação das mutações patrimoniais em uma respectiva demonstração. Nessas condições, relembrando o Tema 2 da Aula 1, os lançamentos contábeis são categorizados em três classes, conforme seu efeito sobre o patrimônio da organização: Permutativos ou qualitativos – o lançamento altera (permuta) somente a qualidade ou a natureza dos componentes patrimoniais (lançamentos que envolvem com ativo-ativo ou passivo-passivo), sem repercussão no montante do Patrimônio Líquido. Exemplo: aquisição de um maquinário com pagamento em dinheiro. Modificativos ou quantitativos – o lançamento altera a composição do Patrimônio e modifica (para mais ou para menos) a situação líquida da empresa. Exemplo: receitas de vendas, pagamento de despesas. Mistos – o lançamento envolve simultaneamente um fato permutativo (qualitativo) e um fato modificativo (quantitativo). Exemplo: recebimento de duplicatas com juros ou com descontos, pagamento de duplicatas com juros ou descontos. O Financial Accounting Standards Board (Fasb) considera que o resultado da empresa, mensurado por meio da adoção ao regime de competência, geralmente provê melhor indicador de performance em relação às informações sobre os recebimentos e pagamentos correntes de caixa. Desse modo, a competência é o princípio que estabelece quando um determinado elemento deixa de integrar o patrimônio da organização e passa a modificar o Patrimônio Líquido (recursos próprios da empresa). Leitura obrigatória Para saber mais sobre o princípio da Competência na Contabilidade, leia “Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade”: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Livro_Principios- e-NBCs.pdf Leitura complementar Existem dois regimes de escrituração conhecidos: Regime de Competência e Regime de Caixa. Se você quiser saber sobre a diferença entre eles, acesse a seguir: http://www.treasy.com.br/blog/diferenca-entre-regime-de-caixa-e-regime-de- competencia Saiba Mais Regime de caixa Nesse tipo de escrituração, os lançamentos de pagamento ou recebimentos somente são reconhecidos (lançados) quando se efetua a entrada/saída dos valores em caixa (dinheiro ou equivalente). Esse método é predominantemente utilizado nas demonstrações financeiras de entidades públicas, porém, em algumas exceções, a legislação permite a utilização do regime de caixa para finstributários. Mas, lembre-se: o regime de competência é compulsório, não podendo ser substituído pelo regime de caixa numa entidade empresarial, uma vez que viola um princípio contábil. Desse modo, ambos os regimes deveriam ser mantidos para fins de escrituração. Entenda, na prática, um pouco mais sobre o regime de competência e sua diferenciação entre o regime de caixa: https://www.youtube.com/watch?v=1_vC8ujRiv0 Entenda sobre os regimes contábeis em: https://www.youtube.com/watch?v=cOJrJSSsT5M Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neusa sobre este tema que estamos estudando. TROCANDO IDEIAS Conforme discutimos nessa aula, a escrituração de fatos nos livros (contábeis, fiscais) exige que o responsável (sócios/contador) tenha a ciência de que é necessária documentação que suporte o registro. Em casos de auditoria dos órgãos competentes, a falta desses elementos é passível de multa, com ocorrência processual. Veja um caso real que ocorreu devido à falta de documentos que controlam a exportação – nesse caso uma grande falha da Secretaria da Fazenda (SEFAZ): http://www.sefaz.go.gov.br/cat/pautajulgamento/pautas/votos/Voto%20processo %203029473824188%20(40028).doc NA PRÁTICA No dia a dia das empresas, ocorrem diversas situações. O dono da empresa, muitas vezes, por desconhecer os princípios da Contabilidade, toma decisões que vão contra as normas que a regem. Você, enquanto contador, deve justificar se é permitido ou não o registro de algumas ações na contabilidade. Assim, leia as afirmativas que refletem as ações propostas ao dono da empresa: I. O dono da empresa sempre teve boa condição financeira, comprou carros, adquiriu empréstimos para reformar sua casa e sua chácara, fez algumas viagens. Não tendo sabido administrar seus negócios, está endividado e sem condições para pagar. Todavia, a empresa tem obtido bons rendimentos nos últimos períodos, e ele decide usar alguns recursos dela para quitar as contas atrasadas. II. Ao iniciar suas atividades, a empresa adquire um empréstimo no valor de R$ 500.000,00. Ela irá aplicar esses recursos em maquinários e infraestrutura (instalações, reformas). Devido a benefícios governamentais, o banco concedeu o início do pagamento das parcelas para somente um ano após a data de assinatura do contrato. Dessa forma, como não houve o pagamento, o registro desse empréstimo será contabilizado somente no período seguinte. III. Com o passar de algum tempo, o empresário percebe que está sem espaço na sede da empresa. Os setores estão abarrotados de notas fiscais, recibos e Livros (contábeis e fiscais), tornando-se inviável que mais algum documento seja ali guardado. Em um “momento iluminado”, ele resolve que irá jogar todos esses documentos fora, afinal eles já foram contabilizados. Comentário Note que, em alguns casos, o proprietário não conhece as normas que regem os princípios contábeis. Nesse caso, a situação-problema proposta instiga-o a argumentar o porquê tal atitude pode ser ilegal. É importante ter bem definido em mente os postulados que regem a contabilidade, saber alguns critérios básicos para o registro dos livros fiscais e conhecer a forma de contabilizar os fatos contábeis pelo regime de competência. Tendo lido ações propostas e os comentários norteadores, reflita sobre cada uma das afirmativas e anote suas impressões. Depois, compare-as com as da professora, a seguir: I. Ao retirar recursos, ou ainda, contabilizar contas pessoais como valores a serem registrados na contabilidade da organização, fere-se o postulado da Entidade, onde confunde-se o patrimônio de pessoa física e jurídica. II. Conforme os preceitos do regime de competência, a organização deve escriturar os fatos contábeis a partir da data de sua ocorrência. Desse modo, seria ilegal assumir o contrato de empréstimo junto à instituição financeira sem contabilizá-lo. A escrituração deve ocorrer mediante (na data) a assinatura do contrato, independentemente dos desembolsos. Além disso, para o registro da aplicação dos recursos em infraestrutura e maquinários, segundo o método das partidas dobradas, deve existir uma conta respectiva para o lançamento a crédito – nesse caso “empréstimos e financiamentos”. III. Ao propor qualquer julgamento nessa ação, é importante colocar em pauta: “faz quanto tempo da ocorrência desses registros?”. A legislação adverte que os livros contábeis e seus documentos comprobatórios devem ser mantidos em boa guarda, por período de cinco anos. A ação impulsiva de destruir/eliminar esses documentos pode resolver temporariamente o problema, porém deve-se considerar que, caso os órgãos competente realizem algum tipo de verificação que exija elementos que constatem o registro (seja apropriações de benefícios ou cálculo para recolhimentos) dos eventos, não tê-los em mãos acarreta em processos fiscais. SÍNTESE Ao final dessa aula, percebemos que os Postulados e Pressupostos da Informação Contábil envolvem a discussão de conceitos incontestáveis que determinam o entendimento da Teoria Contábil, a disposição normativa que condiciona a forma de apresentação dos registros realizados e os critérios de reconhecimento que devem ser aplicados para tal procedimento. Além disso, ressaltou-se algumas maneiras em que a Contabilidade (e suas demonstrações) pode assumir papel relevante, atuando como suporte ao processo decisório. Você deve lembrar de alguns tópicos importantes que foram abordados: Entidade e Continuidade Tratam-se dos dois postulados que regem a Teoria da Contabilidade. O Postulado da Entidade institui a diferenciação entre pessoa física de pessoa jurídica. Nesse sentido, a atividade econômica da empresa deve ser considerada independente das operações dos seus sócios, acionistas, etc. De modo complementar, o Postulado da Continuidade determina que a entidade deve operar sem prazo estipulado para duração. Dessa forma, os registros devem tratar a “vida” da empresa como de prazo indefinido para encerrar suas atividades. Livros Contábeis Obrigatórios São aqueles de cunho compulsório de apresentação, sendo eles divididos em Livro Diário e Livro Razão. O Livro Diário registra os fatos contábeis que ocorrem dia após dia na empresa, e que modificam de alguma forma sua situação patrimonial. O Livro Razão, por sua vez, é uma reprodução dos eventos lançados no Livro Diário, visando organizar individualmente os saldos das contas contábeis. Quando escriturado manualmente, este livro faz uso do conhecido razonete. Contabilidade para decisão A interpretação dos dados que as demonstrações contábeis disponibilizam produzem significativas informações aos tomadores de decisão. A realização de projeções, visões prospectivas, planejamentos (e afins) são extremamente úteis aos gestores, todavia, nem sempre a estrutura organizacional (de funcionários, segmento, etc.) disponibiliza condições para elaboração de relatórios flexíveis (gerenciais). Em alternativa, como as Demonstrações Contábeis relatam de forma sintética os principais fatos registrados, a análise realizada a partir da estrutura do Balanço Patrimonial, da Demonstração do Resultado do Exercício e da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) (etc.) pode suprir carências diante de um problema organizacional. As informações acerca da posição patrimonial da entidade são verificadas por meio indicadores obtidos em técnicas como de análise vertical e horizontal, análise de índices, prazos médios das atividades/operações, e alavancagemfinanceira. Livros Fiscais Obrigatórios São aqueles de cunho compulsório de apresentação para prestação de contas ao fisco (âmbito municipal, estadual ou federal). Os mais comuns nas empresas são: Registro de entradas de mercadorias Registro de saídas de mercadorias Registro dos serviços prestados e Registro de serviços tomados Registro de controle de produção e estoque Registro de Inventário Registro de Apuração de impostos Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) Lançamentos Contábeis pelo Regime de Competência Trata-se do regime obrigatório para escrituração nas empresas, que reconhece que o lançamento dos fatos contábeis deve ser realizado nos livros exatamente no período em que ocorrerem, independentemente de recebimento ou pagamento. Além disso, este conceito evidencia a amplitude que envolve as demonstrações contábeis, uma vez que sua estrutura comporta não somente informações sobre transações passadas como também valores a serem advindos em um período futuro. Essas condições estimulam também a valorização e exploração de forma eficaz dos dados que a compõem, uma vez que implicitamente eles podem conter informações valiosas. Acesse a versão online da aula e assista à fala final da professora Neusa. Referências BRASIL. Código Comercial Brasileiro. Lei n. 556 de 25 de junho de 1.850. BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, Brasília. (compilada). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm>. Acesso em: 20 fev. 2016. BRASIL. Decreto-Lei n. 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Altera a legislação do imposto sobre a renda. Diário Oficial da União, 27 de dezembro de 1977. BRASIL. Lei n. 8.218, de 29 de agosto de 1991. Dispõe sobre Impostos e Contribuições Federais, Disciplina a Utilização de Cruzados Novos, e dá outras Providências. Diário Oficial da União, 30 de agosto de 1991. Brasília. BRASIL. Lei n. 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Institui a Unidade Fiscal de Referência, altera a legislação do imposto de renda e dá outras providências. Diário Oficial da União, 31 de dezembro de 1991. Brasília. BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.Diário Oficial da União, Brasília. BRASIL. Ajuste Sinief n. 17 de 21 de outubro de 2014. Altera o Ajuste SINIEF 02/09, que dispõe sobre a Escrituração Fiscal Digital - EFD. Diário Oficial da União, 23 de outubro de 2014. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. 3. ed. Brasília: CFC, 2008. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp- content/uploads/2013/01/Livro_Principios-e-NBCs.pdf. Acesso em: 20 fev. 2016. LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistemas de informações gerenciais. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
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