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Reflexão sobre a complexidade da vida

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TEOLOGIA 
PROFº MOACIR 
LETÍCIA CUSTÓDIO MAGALHÃES 
	
	Vida – modo de viver, conjunto de hábitos, propriedade que caracteriza os organismos cuja existência evolui do nascimento até a morte. Poderia o conceito de vida ser definido objetivamente ou se faz de forma dinâmica e metamorfa? Entre tantos os pensadores que se dispuseram a tratar do assunto, nenhum garante universalidade desse conceito. Digo eu, ser a vida um infortúnio herói. Sucessões de eventos que nos tornam as criaturas que somos, em todos os nossos medos, dores, angústias, também prazeres desejos e afetos. 
	Curiosa é a diferencia perceptível quando se diz vida e em seguida se diz viver. Diriam que estar vivo seria ter suas funções fisiológicas fundamentais ativas e passar os dias no piloto automático, enquanto viver caracteriza-se pela realização de desejos, relações de afeto e a enigmática busca pela felicidade. Talvez até vontade de potência, proposta por Friedrich Nietzsche que nos leva à idealização da vida constituída na aquisição de bens e poder. 
	Uma nova reflexão acerca da vida e felicidade: o ser humano pode ser feliz e viver equilibradamente com sua e demais espécies numa civilização baseada no ideal de possuir? Os bens deveriam ser meios de promoção de conforto, preciosos sim, mas não uma finalidade única, pensamento que se enquadra à Buda e Jesus. O “ter” desperta desapontamento, como um desejo insaciável, visto que o capital causa Dukkha, como todos os aspectos da vida, tornando assim uma felicidade falha e irreal. 
	No livro Sócrates, Jesus e Buda de Frédéric Lenoir, viver se dá por aprender a se conhecer e a se controlar, compreender o mundo e respeitá-lo, descobrir como amar, como se relacionar com os outros, administrar as frustrações e os sofrimentos inevitáveis, conquistar a serenidade e por fim preparar-se para morrer de olhos abertos, pois a existência é um fato e viver é uma arte a se aperfeiçoar. 
	As semelhanças entre Jesus e Buda não se restringem a serem identidades espirituais. Ambos nos ensinam a viver. Tratam da existência como uma oportunidade de evolução, fundamentando-se no respeito e amor ao semelhante, generosidade, humanização e autoconhecimento. 
	Após esse crescimento individual, o cristianismo propõe o Paraíso como consequência da cultivação da boa árvore geradora de bons frutos e para Buda, o Nirvana, chegando finalmente na última etapa da vida. A morte, assim como a vida, não pode ser minimizada a uma só definição, mas para Buda e Cristo a morte representa mais uma fase da experiência humana, não sendo o fim da existência. José Saramago, com uma visão simplificada e objetiva da morte, diz que é a diferença entre o estar presente e o não estar mais. A morte em si representa o final de um ciclo vital dos seres, que levam consigo sua consciência e deixam os rastros de sua passagem, então a árvore perece e se vai enquanto os frutos permanecem. 
	Assimilo os conceitos anteriores sintetizadamente a um hábito que pratico, o de colecionar memórias. Esse costume consiste em guardar pequenos objetos que recordem grandes momentos para nunca serem esquecidos. Iniciei esse hábito após conhecer e me encantar com o poema Memória de Carlos Drummond de Andrade, em que diz “As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão, mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão.”

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