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POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Professora Esp. Waléria Henrique dos Santos Leonel GRADUAÇÃO PEDAGOGIA MARINGÁ-PR 2012 Reitor: Wilson de Matos Silva Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenação de Marketing: Bruno Jorge Coordenação Comercial: Helder Machado Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha Coordenação de Curso: Márcia Maria Previato de Souza Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Luiz Fernando Rokubuiti, Renata Sguissardi e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Políticas e o processo ensino/aprendizagem na educação inclusiva/ Waléria Henrique dos Santos Leonel - Maringá - PR, 2012. 190 p. “Graduação em Pedagogia - EaD”. 1. Pedadogia 2. Aprendizagem. 3. Eduçação inclusiva. 4.EaD. I.Título. CDD - 22 ed. 370 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR “As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”. Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Professora Esp. Waléria Henrique dos Santos Leonel POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 5 APRESENTAÇÃO DO REITOR Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa- extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem- estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Professor Wilson de Matos Silva Reitor POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância6 Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido. Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento. Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa. Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária. Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem! Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 7 APRESENTAÇÃO Livro: Processo Inclusivo na Educação Básica Professora Esp. Waléria Henrique dos Santos Leonel Olá, caro acadêmico! Neste momento você inicia mais um material de estudo, que tem como objetivo enriquecer seu aprendizado. Seja bem-vindo ao estudo sobre Políticas e o processo ensino/ aprendizagem na educação inclusiva. Eu sou a professora Waléria Henrique dos Santos Leonel e fui a organizadora deste material que foi especialmente preparado para você. Nossa disciplina é muito importante para sua formação, diante de todas as mudanças que vem ocorrendo na educação, assim vou explicar a melhor maneira de estudar este material. Este estudo contém cinco unidades, além de uma breve introdução que foi escrita por mim no início de cada unidade com o objetivo de direcioná-lo para o tema central que irá estudar em nossa disciplina. Na unidade I chamada: Fundamentos Históricos e Políticas de Inclusão Escolar na Atualidade, eu faço um breve resgate histórico a fim de levá-lo a compreender a concepção de deficiência que acompanhou a sociedade e a influência desta concepção no processo de inclusão. Este material que vamos estudar, compreende apenas as pessoas que apresentam necessidades educativas especiais por ser o foco denossa disciplina, mas é importante deixar claro que o termo inclusão abrange outros grupos sociais que não vamos abordar neste material. Eu posso afirmar que nossa disciplina é muito complexa, pois o tema educação inclusiva ainda está sendo construído, e necessita do apoio de todos para sua real efetivação. Você também como futuro pedagogo pode contribuir para esse movimento. Nesta primeira unidade, trouxe para você um pouco de história da deficiência, também a evolução da educação especial e da educação inclusiva no Brasil, busco situar você sobre a compreensão do termo inclusão e inclusão escolar e não podendo faltar, nesta unidade escrevo sobre as leis que amparam e norteiam o movimento de inclusão escolar. Vou situá-lo sobre algumas leis como, a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, a Constituição Federal de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente, a Declaração da Salamanca entre outros documentos que foram tão importantes e que respaldam o movimento para educação inclusiva. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância8 Conheça outras leis importantes, e para saber mais acesse o site: <http://portal.mec.gov.br/sesu/ar- quivos/pdf/Decreto>. LEI N.º 7.853 de 24 de outubro de 1989 - Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de defi ciência, sua integração social. LEI N.º 10.098 de 23 de março de 1994 – Sobre a acessibilidade das pessoas portadoras de defi ciência ou com mobilidade reduzida. LEI N.º 10.436 de 24 de abril de 2002 - Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. LEI Nº 10.845, de 5 de março de 2004 - Institui o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Defi ciência. Você compreendendo estes pontos, significa que entendeu a proposta central e estará pronto para nossa próxima unidade. Proponho que inicie a leitura desta unidade. Mãos à obra! Na unidade II, denominada: Educação Inclusiva e o Atendimento Educacional Especializado - Implicações no papel do professor, eu mostro os aspectos legais em relação ao novo modelo de educação proposto pelo MEC, o qual prega que este tipo de atendimento existe para os alunos aprenderem o que é diferente do currículo do ensino comum e o que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência. Ainda nesta unidade, frente ao movimento de inclusão e a importância do papel do professor, busco trazer o tema sobre a formação profissional, pois a prática será um dos fatores que contribuirão para o processo da educação inclusiva. Neste momento, cito Baumel e Castro (apid GORGATTI, 2009), os quais afirmam que é preciso favorecer para os professores um processo de desenvolvimento profissional, possibilitar condições de inovar a prática pedagógica com novas possibilidades de recursos e materiais para o ensino de todos os alunos. Além disso, ressaltam a importância da contínua busca pelo aperfeiçoamento pessoal e profissional do professor. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 9 Você pode conhecer um pouco mais sobre a percepção do professor em relação à inclusão acesse o link: <seer.ufrgs.br/Movimento/article/download/2971/5138> . A ideia central desta unidade é mostrar que as mudanças educacionais são respaldadas por leis, e também mostrar a importância de uma formação adequada e trazer algumas mudanças na ação pedagógica que vão auxiliar a sua prática. Logo eu mostro um pouco mais sobre o papel do professor, continue lendo! Pude perceber diante da minha experiência profissional que se discutem pouco em relação à inclusão no ensino superior assim, inclui para você nesta unidade este tema. Após concluir sua leitura proponho um desafio, tente responder esta questão. O que é necessário para que ocorra uma educação inclusiva? Leia com atenção e não desanime, irá encontrar a resposta na conclusão. Neste momento, proponho que inicie a leitura desta unidade e que comece a desenvolver as reflexões da importância da sua formação e da contribuição que você, pedagogo, pode oferecer para este movimento. Mas não se preocupe! Ainda temos outros conteúdos ao longo de nossa disciplina que vão te embasar teoricamente. Agora chamo para continuar na busca pelo conhecimento! Vamos agora para a unidade III denominada: Uma visão da família frente à diversidade. É importante que você conheça o papel da família e seu comportamento frente à deficiência, muitas vezes só conseguimos compreender o outro, nos colocando em seu lugar. Imagine-se como um pai de uma criança deficiente, isto pode acontecer com qualquer pessoa independente da sua experiência educacional, status familiar ou situação financeira, você verá que entendendo mais os sentimentos que essas famílias sentem, o stress sofrido e o grau de coragem e envolvimento desses pais com seus filhos ajudará a compreensão da necessidade do apoio externo e o leva a perceber o indivíduo como um ser único com suas peculiaridades favorecendo seu trabalho pedagógico. Agora, caro aluno, trago um estudo de caso e proponho que leia com atenção. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância10 ESTUDO DE CASO: Criança com 9 anos de idade, sexo masculino, terceiro fi lho do casal com faixa etária: mãe 43 anos e pai 46 anos, nível socioeconômico baixo, grau de instrução dos pais: ensino médio, gravidez não planejada, mãe com relato de estado emocional ansioso, crise de nervoso durante a gestação, família buscava cuidar e proteger a gestante, devido sua idade, não sendo aceito pela mesma, gerando na mãe sentimentos de incapacidade, raiva e angústia, e difi culdades de aceitação da gravidez. Não houve confl itos familiares graves neste período. A gestante não fez uso de antidepressivos durante a gravidez, fez pré-natal e gravidez aparentemente normal. Criança nasceu sem nenhuma situação grave no momento do parto. Fez acompanhamento com pe- diatra nos primeiros meses de vida do bebê. A mãe percebeu a partir dos seis meses de vida da crian- ça que esta apresentava atraso motor, buscou auxílio médico. Após investigação clínica o diagnóstico da criança foi de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Atualmente, o diagnóstico da criança é defi ciência mental leve com atraso no desenvolvimento motor e linguagem. A mãe dedica-se exclusi- vamente para esse fi lho, sente-se culpada pela defi ciência do mesmo mantendo um vínculo excessivo com a criança. Este apresenta difi culdades na comunicação oral e nos contatos sociais, não apresenta interesse pelas atividades escolares, não dá funcionalidade para brinquedos, não se alimenta sozinho e ainda não adquiriu o controle de esfíncteres, não há diagnóstico de comprometimento motor de membros inferiores e superiores. Essa criança está sendo inclusa no ensino regular e você acaba de receber o relatório de encami- nhamento com o perfi l do seu aluno. Diante do caso e após realizar a leitura do material de estudo qual será a sua postura e seu papel enquanto professor? Busque propor as possíveis intervenções e encaminhamentos. O trabalho será árduo, mas você é capaz, não desanime! O caso será revisto na conclusão. Retomando nosso assunto, como vou tratar sobre inclusão escolar em relação à pessoa com necessidades especiais, não podia deixar de escrever para você sobre a prevenção da deficiência, pois para orientar de forma adequada é necessário conhecer. Vamos aprender as formas de prevenção visto que muitas deficiências podem ser evitadas com medidas simples. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 11 VOCÊ SABIA? Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) estima-se que em países em desenvolvimento, a incidência de algum tipo de defi ciênciaseja em torno de 10% da população. (Saiba mais em: <www. apraespi.org.br/Prev_def.htm>). Em relação ao tema prevenção a ideia central que quero que compreenda é em quais momentos as práticas devem ser aplicadas e quais as medidas preventivas mais importantes em cada momento para evitar algumas deficiências. Você sabia que o ÍNDICE DE APGAR é um sistema de avaliação da vitalidade do bebê no momento do parto e foi desenvolvido pela Dra Virginia Apgar, em 1949 e esse sistema ainda é utilizado até os dias atuais? Você verá sobre isto quando estudar a prevenção perinatal. Em nossa próxima unidade eu escrevo sobre as necessidades especiais, por isso é importante você já ter aprendido sobre as prevenções. A unidade IV é muito interessante, espero que você goste. O objetivo é que você conheça quem são as pessoas que segundo as mudanças na educação inclusiva, irão fazer parte do contexto de sala de aula no ensino regular. Mostro algumas definições e também características que são importantes para você. O conhecimento quebra barreiras e favorece o trabalho em toda sua plenitude. Foi pensando no trabalho que irá desenvolver com seu futuro aluno que escrevi esta unidade, por acreditar na importância do seu papel como pedagogo para uma educação inclusiva de qualidade. Além das deficiências, escrevi sobre Altas Habilidades/Superdotação, Distúrbios de Aprendizagem, Transtornos Específicos do Desenvolvimento e Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, assim você terá oportunidades de iniciar ou conhecer mais sobre esses assuntos. Ainda neste mesmo momento de aprendizado, estudará sobre Epilepsia da criança, apesar de não ser configurada como um Transtorno, é importante seu estudo diante da gravidade de suas características neurológicas. No decorrer de sua leitura você vai encontrar em nosso material de estudo alguns termos que podem não ser comum no seu cotidiano. Pensando nisso fiz um glossário para auxiliá-lo. Sempre que precisar recorra a ele. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância12 Glossário Paraplegia - É a paralisia completa dos membros inferiores ou superiores, resultante de uma lesão medular, traduz-se na perda de controle e sensibilidade dos membros inferiores, impossibilitando o andar e dificultando permanecer sentado. Paraparesia - Paralisia incompleta de nervo ou músculo dos membros inferiores que não perderam inteiramente a sensibilidade e o movimento. Hemiplegia - A hemiplegia é uma paralisia que atinge um dos lados do corpo, causada por lesões no encéfalo, como, por exemplo, hemorragia, congestão ou embolia, podendo surgir também como sintoma da aterosclerose. Monoparesia - Paralisia de um só membro ou de uma só parte. Tetraplegia - Também chamada de quadriplegia é quando uma paralisia afeta todas as quatro extremidades, superiores e inferiores, juntamente à musculatura do tronco. Congênito - É uma característica adquirida pelo bebê no período gestacional. Normalmente, designa defeitos no desenvolvimento do embrião, chamados então de defeitos congênitos. Hipertonia - Consiste num aumento anormal do tônus muscular e da redução da sua capacidade de estiramento (aumento da rigidez). Hipotonia - É uma condição na qual o tônus muscular (a quantidade de tensão ou resistência ao movimento em um músculo) está anormalmente baixo, geralmente envolvendo redução da força muscular. Paralisia cerebral - Também chamada de encefalopatia crônica não progressiva é uma lesão de uma ou mais partes do cérebro, provocada muitas vezes pela falta de oxigenação das células cerebrais. Saúde mental - É um termo usado para descrever um nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional ou a ausência de uma doença mental. Etiologia - É o estudo das causas. Neurotransmissores - São substâncias químicas produzidas pelos neurônios, as células nervosas. Estereotipias - Também chamados de comportamentos de autoestimulação referem-se a movimentos repetitivos do corpo ou de objetos. Psicótico - É um quadro psicopatológico clássico, é um estado psíquico no qual se verifica certa perda POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 13 de contato com a realidade. É frequentemente acompanhado por uma falta de crítica que se traduz numa incapacidade de reconhecer o caráter estranho ou bizarro do comportamento. Transtorno hipercinético - É caracterizado por início precoce (habitualmente durante os cinco primeiros anos de vida), falta de perseverança nas atividades que exigem um envolvimento cognitivo, e uma tendência a passar de uma atividade a outra sem acabar nenhuma, associadas a uma atividade global desorganizada, incoordenada e excessiva. Diagnóstico - É o processo de análise que o especialista utiliza ao exame de uma doença ou de um quadro clínico, para chegar a uma conclusão. Prognóstico - É o conhecimento prévio feito pelo médico baseado no diagnóstico e nas possibilidades de tratamento. Invasivo - Algo que invade, agride. Ataxia - É a perda de coordenação dos movimentos musculares voluntários, coordenados. Lipofucinose ceroide-Doença neuronal degenerativa hereditária. Caracterizada por deterioração cognitiva, epilepsia mioclônica e perda visual progressiva. Não desanime frente a estes termos, durante a leitura da unidade você vai perceber que o glossário irá auxiliá-lo no seu aprendizado. Você deve estar pensando: eu serei pedagogo(a), e não profissional da saúde, porque preciso estudar isso? Justamente por ser pedagogo e estar em contato diário com o aluno você precisa estar familiarizado com os termos. Será importante o trabalho multiprofissional, o seu conhecimento vai respaldá-lo para as percepções, possíveis intervenções e encaminhamentos necessários. Estamos chegando ao final, esta é nossa última unidade e como escrevi acima mostro para você o papel do professor. Neste momento, a palavra que chama a atenção é vínculo. Sei o quanto o tema ainda gera incertezas, por isso o vínculo adequado que deve ser estabelecido com seu aluno vai contribuir para que alcance seus objetivos pedagógicos. Você verá isso no decorrer de sua leitura. Percebeu o quanto é fundamental para sua formação a unidade anterior, tudo o que é novo e desconhecido gera angústias e os mitos por traz da deficiência ainda é muito forte e o conhecimento leva a quebra de preconceitos e paradigmas. Você vem de uma longa caminhada, então para esta unidade quero que reflita e tente responder algumas perguntas que faço a você. A inclusão vem contribuir para o avanço educacional das pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais? POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância14 As escolas atuais estão preparadas em todos os seus aspectos para receber este público? A inclusão educacional vem mudando a visão social do deficiente? Na conclusão vamos retomar as questões, ok?! Ainda nessa unidade, você viu que não podemos ver a educação inclusiva apenas no nível básico ,então trouxe o tema educação para o trabalho. A educação para a pessoa deficiente, principalmente para alguns tipos de deficiência, vem sendo construído no decorrer de toda sua vida, respeitando suas limitações e acreditando em suas potencialidades, e quando chega o momento da profissionalização esta pessoa se depara com grandes barreiras. Um dos objetivos é mostrar a importância de uma educação (do básico ao profissional) de qualidade que dê condições de competir no mercado de trabalho. Falando em relação ao mercado de trabalho, será discutida sobre algumas barreiras é empregabilidade desse cidadão. Proponho que leia e responda esta questão. Pensando na inclusão no mercado de trabalho: quais as barreirasmais significativas que a pessoa com deficiência enfrenta quando busca uma vaga profissional? Se você respondeu baixa escolaridade, você acertou! Mas também existem outros fatores que influenciam de forma negativa para o avanço profissional. Fique atento e você verá no decorrer de sua leitura. Dizendo isso, vemos o quanto ainda precisamos avançar enquanto profissionais, e que o movimento para educação inclusiva vai contribuir para repensar em nossa postura e ver o quanto é possível contribuir para esse momento da educação no cenário brasileiro. Em nosso material de estudo mostro que a educação vai influenciar todos os aspectos da vida da pessoa quando abordo questões de aspectos emocionais ao tratar temas referente à afetividade, sexualidade e sobre o envelhecimento do deficiente. Sobre a afetividade e a sexualidade mostro a importância da educação e orientação sexual, e o papel do orientador para o deficiente e para sua família. A educação sexual no ambiente familiar será muitas vezes promovida por você, que deve estar preparado para favorecer o desenvolvimento saudável da sexualidade dos seus alunos, você verá como. Continue lendo! Sobre o envelhecimento ainda existe poucos investimentos em pesquisa e informações, o estigma em relação ao idoso é grande e quando este é deficiente a exclusão evidencia-se, aumentando ainda mais a necessidade de mudanças significativas que venham contribuir para sua vida. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 15 No decorrer de sua leitura vai perceber que as palavras conhecimento, preconceito, educação, inclusão, vínculo, compreensão, respeito, diversidade, respaldam todo o estudo e todas são muito complexas, pois elas têm significados diferentes, de acordo com a subjetividade de cada pessoa. O nosso material traz conteúdos que são muito complexos, em alguns momentos é importante receber as informações por outros canais de aprendizagem, existem inúmeros filmes que abordam a deficiência. Trouxe algumas sugestões de belas obras que espero que apreciem. Vou iniciar com meu favorito! Indicações: Sugiro que assista aos fi lmes “Uma Lição de Amor” “Adorável professor” e “Filhos do silêncio” que vão mostrar alguns conteúdos estudados ao longo desta disciplina. Você pode saber mais sobre os fi lmes acessando o site: <http://www.webcine.com.br/fi lmessi/iamsam.htm> e <http://www.adorocine- ma.com/fi lmes/mr-holland/>. Uma Lição de Amor Título original: I Am Sam Idioma original: Inglês Lançamento: 2001 (EUA) Direção: Jessie Nelson Gênero: Drama Sinopse - O fi lme acompanha a trajetória de Sam Dawson (Sean Penn), um adulto com idade mental e a inocência de uma criança de sete anos. Um homem que o destino quis que se tornasse pai solteiro de Lucy (Dakota Fanning). Embora tivesse difi culdades, com a ajuda de amigos muito especiais, Sam conseguiu fazer dos primeiros anos de vida de Lucy, uma infância repleta de amor e alegria. Quando Lucy completa sete anos e começa a ultrapassar intelectualmente seu pai, entretanto, o Serviço Social intervém, separando-a de Sam para que seja adotada e criada por outra família. Mesmo com pouca chance de vencer, Sam decide enfrentar o sistema. Ele procura Rita Harrison (Michelee Pfeiffer), poderosa advogada, que só aceita o caso por ter sido desafi ada pelos colegas a defender uma causa POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância16 de graça. Embora procure passar a imagem de pessoa dura e centrada, Rita é uma mulher frágil e o contato com Sam mudará sua forma de encarar a vida. Juntos, Sam e Rita tentam provar que o amor incondicional é o mais valioso presente que um pai pode dar. Fonte: <http://www.adorocinema.com>. Acesso em: 21/02/2011. Adorável professor Título original: Mr. Holland Idioma original: Inglês Lançamento: 1995 (EUA) Direção: Stephen Herek Gênero: Drama Sinopse - Em 1964 um músico (Richard Dreyfuss) decide começar a lecionar, para ter mais dinheiro e assim se dedicar a compor uma sinfonia. Inicialmente ,ele sente grande dificuldade em fazer com que seus alunos se interessem pela música e as coisas se complicam ainda mais quando sua mulher (Glenne Headly) dá luz a um filho, que o casal vem a descobrir mais tarde que é surdo. Para poder financiar os estudos especiais e o tratamento do filho, ele se envolve cada vez mais com a escola e seus alunos, deixando de lado seu sonho de tornar-se um grande compositor. Passados trinta anos lecionando no mesmo colégio, após todo este tempo uma grande decepção o aguarda. Fonte: <http://www.adorocinema.com>. Acesso em: 21/02/2011. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 17 Os Filhos do silêncio Título original: Children of a Lesser God Idioma original: Inglês Lançamento: 1986 (EUA) Diretor: Randa Haines Gênero: Romance Sinopse - Baseado num sucesso da Broadway, o fi lme conta a história de amor de John Leeds (William Hurt), um idealista professor de defi cientes e uma decidida moça surda, chamada Sarah (Ma- tlin). No início, Leeds vê Sarah como um desafi o à sua didática. Mas logo o relacionamento dos dois transforma-se num romance tão passional que rompe a barreira do silêncio que os separa. Fonte: <http://www.cineplayers.com/>. Acesso em 21/02/2011. Então, vamos lá! Bom estudo e espero que o material que preparei para você contribua de forma eficaz para sua formação. SUMÁRIO UNIDADE I FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICAS DE INCLUSÃO ESCOLAR NA ATUALIDADE CONCEPÇÃO DE DEFICIÊNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA 23 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO CENÁRIO BRASILEIRO: CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA 29 UNIDADE II EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: IMPLICAÇÕES NO PAPEL DO PROFESSOR A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 45 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A AÇÃO PEDAGÓGICA DIANTE DA DIVERSIDADE: FORMAÇÃO COMPETENTE NO PROCESSO DE EDUCAR 50 INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADES ESPECIAIS NO ENSINO SUPERIOR 54 UNIDADE III UMA VISÃO DA FAMÍLIA FRENTE À DIVERSIDADE CONCEPÇÃO DA FAMÍLIA AO LONGO DA HISTÓRIA E SEU FUNCIONAMENTO 65 O FILHO DEFICIENTE: COMPREENSÃO, ADAPTAÇÃO E ACEITAÇÃO 73 A PREVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA 76 UNIDADE IV SITUANDO AS NECESSIDADES ESPECIAIS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO 104 DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM 108 TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO 125 AUTISMO INFANTIL 126 NECESSIDADES ESPECIAIS NA SALA DE AULA – CONDIÇÕES PARA 141 INCLUSÃO 141 UNIDADE V DESAFIOS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: QUESTÕES EDUCACIONAIS E DE CIDADANIA O PROFESSOR FRENTE À DIVERSIDADE: CONSTRUINDO LAÇOS NO AMBIENTE ESCOLAR 151 EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO: ALTERNATIVAS EDUCACIONAIS DE CARÁTER PROFISSIONALIZANTE E EDUCACIONAL 155 DIFERENTE, MAS NÃO DESIGUAL: VIVENCIANDO A AFETIVIDADE A SEXUALIDADE E O ENVELHECIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA 161 CONCLUSÃO 173 REFERÊNCIAS 183 UNIDADE I FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICAS DE INCLUSÃO ESCOLAR NA ATUALIDADE Professora Esp. Waléria Henrique dos Santos Leonel Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a evolução do conceito de deficiência e analisar os antecedentes histó- ricos das posturas segregacionistas que são observadas quanto à educação da pessoa com deficiência. • Conhecer as leis que norteiam e amparam o processo de inclusão escolar dos alu- nos com necessidades educativas especiais. • Analisar como se encontra na atualidade o processo de Educação inclusiva frente às Políticas Públicas de Inclusão Nacional. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Concepção de Deficiência ao longo da história • Educação Especial e a Educação Inclusiva no Cenário Brasileiro: Contextua- lização do Problema• Política Nacional de Educação Especial na Educação Inclusiva POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância22 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 23 INTRODUÇÃO Caros alunos, nesta unidade faremos um estudo visando entender como a sociedade enxergava a deficiência ao longo da história e como vem ocorrendo o processo de inclusão até os dias atuais. É muito importante fazermos a leitura com um olhar crítico e não nos deixar levar por uma visão simplista, de senso comum. O assunto requer muitas reflexões, pois antes de pensarmos na inclusão, devemos analisar que essa só necessita ocorrer devido ao processo de exclusão a qual as pessoas que fazem parte da nossa sociedade são responsáveis direta e indiretamente. O nosso estudo dará ênfase às pessoas com necessidades educativas especiais, no entanto, muitos grupos vivem a realidades da exclusão. As raízes do preconceito são antigas e nos levam muitas vezes a não sermos capazes de respeitar o direito do outro que faz parte da sociedade a qual está inserido e contribuindo com ela. São muitas as leis que amparam e apoiam o movimento chamado de inclusão, e muito já se tem discutido sobre o assunto, mas nem sempre se efetivam e alcançam os resultados desejados. Pensar em educação inclusiva ainda é um desafio que envolve toda uma sociedade para que sua prática seja bem-sucedida. CONCEPÇÃO DE DEFICIÊNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA Muitos foram os eventos que influenciaram a história da deficiência no Brasil, o conceito de deficiência desenvolveu-se com a história, influenciado por diversas culturas, que deram significados diferentes em sua trajetória. Fo nte :P HO TO S. CO M 24 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância Atualmente, o movimento da escola inclusiva vem ganhando força após a Declaração de Salamanca de 1994, que preconiza a escola para todos, em ambiente integrado sem discriminação. Este assunto abordaremos em outro momento. Resgatando um pouco de história, esta mostra que o deficiente sofreu ações bem diferentes do que ocorre atualmente. Estas pessoas viveram situações desde o extremo de serem consideradas divinas e superiores até situações de ameaça e consumação de morte. Patton, Payne e Beirne-Smith (1985), citados por Carvalho (2000), classifica os períodos que marcaram a concepção deficiência ao longo da história. Na antiguidade, até os anos de 1700, a sociedade apresentava comportamentos e percepções variadas em relação ao deficiente principalmente ao mental, vemos que a percepção da sociedade por concepções sociopolíticas aplica-se também às demais deficiências, pois eram vistos todos como iguais. Os deficientes eram vistos como demônios ou detentoras de dons, poderes ou revelações divina. As pessoas tinham medo, rejeição, respeito ou admiração. Neste período, não haviam serviços de atendimentos, quando havia eram monastérios que ofereciam cuidado e amparo. No período de 1700 a 1860 foi marcado pelo humanismo renascentista, que preconizava o valor das pessoas como seres humanos e seu direito a oportunidade de desenvolver o máximo suas potencialidades. Esse pensamento influenciou a mudança de atitude em relação à pessoa com necessidade especial. Era defendido a igualdade de direitos e os deficientes não estavam excluídos passando a gerar ações no sentido de dar assistência. O pensamento de Rousseau (1712-1778) marcou o período, pois defendia o princípio de ensinar o que os alunos são capazes de aprender, o que é de utilidade e de interesse. O período de 1860 a 1890 caracterizou-se por uma mudança de atitude quanto à possibilidade de integração das pessoas com deficiência na comunidade. Haviam tido resultados positivos com pessoas severamente comprometidas, mas não chegavam às suas expectativas, os esforços não levavam a mudanças significativas, que capacitasse as pessoas com deficiência POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 25 para a integração e participação, conforme era esperado. Nesta época, passaram a ser consideradas até mesmo perigosas para a sociedade. O movimento eugênico marcou o período no qual traços individuais eram herdados e que a evolução humana era baseada, principalmente, na transmissão genética. A segregação e também a esterilização passou a ser visto como algo que iria proteger a sociedade, esse comportamento gerou um retrocesso nas conquistas ocorridas no período anterior. Entre 1890 a 1925 o movimento eugênico ainda era presente. Francis Galton defende o controle genético e as descobertas de Mendel, acerca das leis da hereditariedade, reforçam o pensamento de Galton acerca das implicações genéticas das deficiências mentais. Nesta época, os testes de inteligência também contribuíram de forma negativa, pois foram utilizados para classificar pessoas com deficiência mental, seu mau uso justificaram a exclusão escolar e social de muitas pessoas (CARVALHO, 2000). SAIBA MAIS SOBRE O MOVIMENTO EUGÊNICO POR Andréa Trevas Maciel Guerra, médica ge- neticista, é professora titular do Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Acessando o link: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=s0009-67252006000100002&script=sci_arttext>. “O MOVIMENTO EUGÊNICO. Quando em The origin of species, de 1859, Darwin propôs que a se- leção natural fosse o processo de sobrevivência a governar a maioria dos seres vivos, importantes pensadores passaram a destilar suas idéias num conceito novo – o darwinismo social. Esse conceito, de que na luta pela sobrevivência muitos seres humanos eram não só menos valio- sos, mas destinados a desaparecer, culminou em uma nova ideologia de melhoria da raça humana por meio da ciência. Por trás dessa ideologia estava sir Francis J. Galton, cujo nome é associado ao surgimento da genética humana e da eugenia. Convencido de que era a natureza, não o ambiente, quem determinava as habilidades humanas, Galton dedicou sua carreira científi ca à melhoria da humanidade por meio de casamentos seletivos. 26 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância No livro Inquiries into human faculty and its development, de 1883, criou um termo para designar essa nova ciência: eugenia (bem nascer). No início do século XX, quando as teorias de Darwin eram amplamente aceitas na Inglaterra, havia grande preocupação quanto à “degeneração biológica” do país, pois o declínio na taxa de nascimen- tos era muito maior nas classes alta e média do que na classe baixa. Para muitos, parecia lógico que a qualidade da população pudesse ser aprimorada por proibição de uniões indesejáveis e promoção da união de parceiros bem-nascidos. Foi necessário, apenas, que homens como Galton popularizassem a eugenia e justificassem suas conclusões com argumentos científicos aparentemente sólidos. As propostas de Galton ficaram conhecidas como “eugenia positiva”. Nos EUA, porém, elas foram modificadas, na direção da chamada “eugenia negativa”, de eliminação das futuras gerações de “ge- neticamente incapazes” – enfermos, racialmente indesejados e economicamente empobrecidos –, por meio de proibição marital, esterilização compulsória, eutanásia passiva e, em última análise, ex- termínio. Como salienta Edwin Black no livro A guerra contra os fracos, “os EUA estavam prontos para a eugenia antes que a eugenia estivesse pronta para os EUA”. O aumento no número de imigrantes no final do século XIX levou o grupo dominante no país, os protestantes cujos ancestrais eram oriundos do norte da Europa, a buscar motivos para exclusão. Encontraram terreno fértil na pseudociência da eugenia. ANTECEDENTES GENÉTICOS. O próximo passo de Davenport foi identificar os que deveriam ser impedidosde se reproduzir. Em 1909 criou o Eugenics Record Office para registrar os antecedentes genéticos dos norte-americanos e pressionar por legislação que permitisse a prevenção obrigatória de linhagens indesejáveis. Para isso, o grupo concluiu que o melhor método seria a esterilização, e o estado de Indiana foi a primeira jurisdição do mundo a introduzir lei de esterilização coercitiva, logo seguido por vários outros estados. Desde o início, porém, o uso de câmaras de gás estava entre as estratégias discutidas para eliminação daqueles considerados indignos de viver. Com o tempo, a eugenia passou a ser vista como ciência prestigiosa e conceito médico legítimo, disseminada por meio de livros didáticos e instituições de instrução eugenista. No primeiro Congresso Internacional de Eugenia, em 1912, líderes de delegações dos EUA e países europeus formaram o Comitê Internacional de Eugenia, que, posteriormente, deu origem à Federação Internacional de Organizações Eugenistas, cuja agenda política e científica era dominada pelos EUA, para onde euge- nistas estrangeiros viajavam para períodos de treinamento em Cold Spring Harbor. Na Alemanha, a eugenia norte-americana inspirou nacionalistas defensores da supremacia racial, entre os quais Hitler, que nunca se afastou das doutrinas eugenistas de identificação, segregação, esterilização, eutanásia e extermínio em massa dos indesejáveis, e legitimou seu ódio fanático pelos judeus envolvendo-o numa fachada médica e pseudocientífica. Não houve apenas extermínio em massa de judeus e outros grupos étnicos. Em julho de 1933, foi POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 27 decretada lei de esterilização compulsória de diversas categorias de “defeituosos” e, com o início da Segunda Guerra Mundial, os alemães considerados mentalmente defi cientes passaram a ser mortos em câmaras de gás. Médicos nazistas realizavam experimentos em prisioneiros nos campos de con- centração, e, em Auschwitz, Mengele dedicou-se ao estudo de gêmeos para investigar a contribuição genética ao desenvolvimento de características normais e patológicas – de 1.500 pares de gêmeos submetidos a suas experiências, menos de 200 sobreviveram” (GUERRA, 2011). No período de 1925 a 1950, com o final da I Guerra Mundial, houve a necessidade de atender os soldados que retornavam com graves deficiências, surgindo os serviços de reabilitação, a partir de então, despertava a necessidade de atender outras pessoas deficientes. Devido a essa visão criou-se serviços para atender crianças deficientes e passou a ter um início de perspectiva de educação especial em várias partes do mundo. As influências ambientais ganharam força na concepção da deficiência mental mostrando que outros fatores etiológicos não hereditários também podiam causar a deficiência mental como as infecções, traumatismos e problemas endócrinos. A concepção genética como única etiologia da deficiência mental perdeu força e começaram a surgir na década de 30 alguns movimentos de direitos humanos apoiando as pessoas com deficiência. Algumas descobertas da ciência nesta época, trouxe a compreensão de que a deficiência deveria ser objeto de interesse científico e estudo, e não de rejeição. Entre 1950 a 1960 houve uma maior aceitação das pessoas com deficiência, com mais atendimentos em alguns países desenvolvidos, as famílias passaram a exercer uma maior pressão e os profissionais da época passaram a despertar maior interesse pelos deficientes, no entanto, ainda eram institucionalizadas e muitas já esterilizadas. Os sentimentos que antes era de medo e rejeição deu lugar a tolerância e compaixão, os serviços educacionais não eram para todos, principalmente para as deficiências múltiplas ou com graves limitações. De 1960 a 1970 foi marcado pelo movimento dos direitos humanos nos países desenvolvidos 28 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância e nos que sofriam sua influência, surgiram muitas pesquisas multidisciplinares trazendo contribuições no âmbito do entendimento de várias deficiências. Programas de intervenção precoce realizada nos Estados Unidos obtiveram bons resultados em relação à prevenção de efeitos adversos das deficiências e das desvantagens sociais e culturais, aumentado o otimismo de todos envolvidos. A partir da década de 70 a 80 as conquistas se consolidaram e o movimento dos direitos humanos ganhou força. Nos EUA as leis garantiam o atendimento educacional, irrestritamente, para as pessoas com deficiências, sobretudo os mais comprometidos. No Brasil, a sociedade da época tornava-se mais receptiva e os estados mais desenvolvidos contavam com sua própria legislação que recomendavam o atendimento educacional especializado. Porém, os alunos com deficiências múltiplas e severas não recebiam o atendimento especializado, esse ocorria em instituições filantrópicas e consistia em cuidados pessoais e assistenciais do que em atendimento educacional. A visão das famílias na época baseava-se em ter um local seguro para deixar o filho enquanto trabalhavam e os professores não tinham expectativas e seu investimento era pouco frente às limitações dos alunos. A partir da década de 80 o período vem sendo marcado por grandes mudanças e avanços na educação, as leis vêm apoiando e dando subsídios para os serviços de atendimento para as pessoas com deficiências. Na década de 90, percebe-se a tentativa de democratizar o ensino no país com a perspectiva escola para todos, com a inclusão dos alunos com necessidades especiais, não havendo mais a aceitação de exclusão dos alunos com deficiências múltiplas e severas. Atualmente, Fávero (2007) nos mostra que os movimentos sociais, os pais de crianças com deficiências, membros do Ministério Público e do Poder Judiciário vêm percebendo o quanto as escolas brasileiras são discriminatórias, sendo preciso encontrar alternativas para melhoria POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 29 da qualidade do ensino para todos sem exclusão. EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO CENÁRIO BRASILEIRO: CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA Stainback e Stainback (1999) afirmam que no final do século XIX até a década de 1950, as instituições para pessoas deficientes aumentavam ao mesmo tempo em que eram criadas e desenvolvidas as escolas comuns públicas. Entre 1842 e 1918, todos os estados legislaram o ensino obrigatório, no entanto, vários grupos de crianças foram excluídos, entre eles os afro-americanos e nativos americanos, como também os alunos com deficiência visível foram segregados (STAINBACK ; STAINBACK ). Nas décadas de 50 e 60 o uso das escolas especiais era o sistema preferido de prestação de serviços educacionais para a maior parte dos alunos deficientes, no entanto, foi nesse período que as atitudes do público com relação ao espaço físico das pessoas com deficiências nas escolas, começaram a mudar (STAINBACK ; STAINBACK 1999). De acordo com Chaves (apud STAINBACK ; STAINBACK, 1999), as classes especiais “não surgiram por razões humanitárias, mas porque essas crianças eram indesejadas nas salas de aula da escola pública regular” (p.38). A educação inclusiva teve seu início nos Estados Unidos em 1975, com a Lei Pública 94.142, que estabelece a modificação dos currículos. Por educação inclusiva se entende o processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais ou dos distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em todos os seus níveis, da pré-escola ao quarto grau (MRECH, 1998). “O termo ‘necessidades educacionais especiais’ refere-se a todas aquelas crianças e jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem” (BUENO, 1993, p.37). Stainback ; Stainback (1999), afirmam que “apesarde uma firme tendência rumo à inclusão, 30 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância houve também tentativas de retardar, parar e até mesmo reverter o ensino inclusivo”(p.41). Muitos foram beneficiados com o ensino inclusivo, como os que tinham em seus currículos o fracasso escolar provindos da pobreza. O que é inclusão afinal? Segundo Mazini (1999), inclusão, do verbo incluir (do latim includere), no seu sentido etimológico, significa conter em, compreender, fazer parte de, ou participar de. Assim, falar de inclusão escolar é falar do educando que está contido na escola, ao participar daquilo que o sistema educacional oferece, contribuindo com seu potencial para os projetos e programações da instituição. Mendes (apud PALHARES ; MARINS, 2002) reforça o pensamento dizendo que a educação Inclusiva é uma proposta de aplicação prática no campo da educação de um movimento mundial chamado de Inclusão Social, em que ocorre um processo bilateral ao qual as pessoas excluídas e a sociedade buscam efetivar a oportunidades para todos. Nesta mesma perspectiva encontra-se Aranha (2001) expondo que o movimento pela inclusão social está ligado à construção de uma sociedade democrática a qual todos conquistam sua cidadania e a diversidade é respeitada havendo aceitação e reconhecimento político das diferenças. Esse movimento chamado de inclusão escolar, segundo Motta (1999), não é a simples colocação em sala de aula, significa a criação de uma escola em que as pessoas com e sem deficiências possam conviver e estudar em ambientes onde os indivíduos aprendam a lidar com a diversidade e com a diferença, também reconheça e valorize a heterogeneidade dos alunos procurando desenvolver as suas diferentes potencialidades, por meio de uma prática de ensino flexível e diferenciada que busca o que há de melhor em cada um. O movimento pela inclusão é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos, visando promover uma educação de qualidade, com menos desigualdade, em busca da construção de uma sociedade democrática (MOTTA, 1999). POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 31 Sendo assim, a educação especial se organizou tradicionalmente como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais (DUTRA,2008). A educação especial na maioria dos países, segue de uma forma geral um padrão semelhante em sua evolução. Primeiramente, caracteriza-se pela segregação e exclusão, num segundo momento, modifica-se o olhar e os deficientes passam a possuir capacidades, mesmo que limitadas de aprendizagem, mas ainda predomina o olhar de tutela. Após esse período surge o terceiro momento, o qual é marcado pelo reconhecimento do valor humano e de seus direitos ,e a partir de década de 60 esse movimento vem ganhando força (SANTOS, 1995). Pode-se dizer que a evolução na Educação Especial brasileira aconteceu em dois períodos: de 1854 a 1956, em que se destacam as iniciativas oficiais e particulares isoladas, e de 1957 a 1993, em que se encontram as iniciativas oficiais de âmbito nacional. No período de 1854 a 1956, destaca-se a fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, no Rio de Janeiro, primeira medida em relação ao atendimento escolar especial às pessoas com necessidades especiais, concretizada por D. Pedro II em 1854. Em 1890, já no governo republicano, passou a chamar-se Instituto Nacional dos Cegos e em 1891, a escola denominou- se Instituto Benjamin Constant (IBC). Foi também D. Pedro II que três anos após a criação do Instituto Benjamin Constant, fundou em 1857, no Rio de Janeiro o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, o qual em 1957 passou a chamar-se Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES (MAZZOTA, 2005). No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi -1926, instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE e; em 1945 é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. 32 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância No período de 1957 a 1993, o governo federal voltou-se para o atendimento educacional das pessoas com necessidades especiais. A primeira delas foi a Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro, seguida da Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes da Visão e finalmente a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais. Com essas ações, a Educação Especial adquire maior atenção por parte do governo federal, com a criação de órgãos como: o Grupo-Tarefa de Educação Especial (1972), o Centro Nacional de Educação Especial - CENESP e a Secretaria de Educação Especial - SESPE (MAZZOTA, 2005). Como já citado, o movimento para inclusão iniciou-se em 1975, nos Estados Unidos, seguindo- se então, uma série de encontros mundiais, como a Conferência Mundial de Jomtiem sobre Educação Para Todos (1990). Ela apresenta como objetivos oferecer educação para todos até o ano 2000. Nesta conferência destacou-se a necessidade de oferecer maiores oportunidades de uma educação duradoura. Os últimos documentos e mais importantes foram, entre outros, a reunião da Assembleia Geral da ONU, em 1996, que elaborou as Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para pessoas com Deficiências; o Forúm Mundial de Educação, ocorrido em 2000, em Dacar; o Seminário e Oficina Regional das Américas, em 2003 em que se elaborou a Declaração de Quito. Entretanto, é a Declaração de Salamanca elaborada em 1994, pela Unesco que até o momento é tomada como referência ao se tratar de inclusão (DENARI ; BRAZ, 2005). A Declaração de Salamanca retomou a discussão sobre educação especial na tentativa de diminuir as fontes de injustiças sociais a partir do pressuposto de “Educação para Todos”, constituindo assim, um marco importante na história da inclusão, pois oficializou o termo inclusão no campo da educação (TESSARO, 2005). Machado (2005) mostra que na Declaração de Salamanca o princípio fundamental da escola inclusiva: POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 33 É o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional ao contínuo de necessidades especiais encontradas dentro da escola (p.133). Assim, a Declaração de Salamanca recomenda também que: As escolas se ajustem às necessidades dos alunos, quaisquer que sejam suas condições físicas, sociais e lingüísticas, incluindo aquelas que vivem nas ruas, as que trabalham, as nômades, as de minorias étnicas, culturais e sociais, além das que se desenvolveram a margem da sociedade (WERNECK, 1997, p. 50, apud TESSARO, 2005). A Declaração afirma ainda que: "Deverão ser tomadas as medidas necessárias para conseguir a mesma política integradora de jovens e adultos com necessidades especiais, no ensino secundário e superior, assim como nos programas de formação profissional (MACHADO, p.147, 2005)." Mesmo com o suporte de leis e declarações que dão força ao processode inclusão, percebe-se que as escolas não conseguem oferecer um sistema de ensino de qualidade a todos os alunos respeitando suas diferenças, portanto percebe-se que a luta pela inclusão vem ocorrendo, no entanto, de forma lenta sendo necessário ainda muito investimento por parte de todos. Tessaro (2005) coloca que: Quando se acredita na inclusão apenas sob o ponto de vista da legalidade, desconsiderando-se o concreto, o real, restringe-se a uma prática desarticulada, descomprometida com a realidade objetiva das escolas brasileiras, gerando a segregação, o abandono e o comprometimento da auto-estima das pessoas envolvidas nesse processo (p.45). Souza (2002, apud DENARI ; BRAZ, 2005) comenta que a inclusão escolar só tem sentido se pensarmos no ser social, no papel do homem participante e integrado na sociedade. 34 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância Para Tessaro (2005), “Inclusão não implica desconsiderar a diversidade/diferença, ao contrário, significa aceitar e reconhecer diversidade na vida e na sociedade, isto é, identificar que cada indivíduo é único, com suas necessidades, desejos e peculiaridades próprias” (p.46). Mittler (2003) afirma que mesmo crianças cujas dificuldades nascem como consequências de impedimentos significativos de órgãos sensoriais ou de sistema nervoso central, mesmo que graves, de forma alguma explicam todas as suas dificuldades, e há muitas possibilidades para intervenções nos contextos em vários níveis: ensino, criação familiar, apoio dos colegas e amizades, atitudes positivas, relação com os vizinhos e remoção de barreiras de todos os tipos. Denari e Braz (2005) complementam afirmando que a inclusão é um processo complexo que envolve profissionais, familiares, a população em geral e o próprio sujeito da inclusão, pois se expor também é lutar contra a marginalização. Segundo Stainback ; Stainback (1999), O fim gradual das práticas educacionais excludentes do passado proporciona a todos os alunos uma oportunidade igual para terem suas necessidades educacionais satisfeitas dentro da educação regular. O distanciamento da segregação facilita a unificação da educação regular e especial em um sistema único. Apesar dos obstáculos, a expansão do movimento da inclusão, em direção a uma reforma educacional mais ampla, é um sinal visível de que as escolas e a sociedade vão continuar caminhando rumo a práticas cada vez mais inclusivas (p.44). Torna-se, então, importante ter a noção de que não é possível ver a inclusão como um processo simples, sem pensar nas consequências que envolvem inserir um aluno deficiente no ensino regular de uma escola, é necessário pensar que a responsabilidade de promover a inclusão de alunos com necessidades especiais é de toda a estrutura da escola e da sociedade. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 35 Política nacional de educação especial na educação inclusiva Segundo Sawaia (2006), exclusão é o tema da atualidade, usado hegemonicamente nas diferentes áreas do conhecimento, é um conceito que permite usos retóricos de diferentes qualidades como a concepção de desigualdade como resultante de deficiência ou inadaptação individual, falta de qualquer coisa, de injustiça e exploração social. Para o autor, a exclusão é processo complexo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É um processo sutil e dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela, é um processo que envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros (SAWAIA, 2006). O autor mostra que em relação à educação vemos que a partir do processo de democratização se evidencia o paradoxo inclusão/exclusão, quando o sistema de ensino universaliza o acesso, mas excluem as pessoas fora dos padrões homogeneizadores da escola (SAWAIA, 2006). De acordo com a Revista da Educação Especial, elaborada pelo Mec em Junho de 2008: A educação especial se organizou tradicionalmente como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organização, fundamentada no conceito Fo nte :P HO TO S. CO M 36 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância de normalidade/anormalidade, determina formas de atendimento clínico terapêuticos fortemente ancorados nos testes psicométricos que definem, por meio de diagnósticos, as práticas escolares para os alunos com deficiência (Fonte: <http://portal.mec.gov.br/ seesp/arquivos/txt/revinclusao5.txt>. Junho de 2008. Acesso em: 19/fev/2011). Já realizado um resgate dos principais marcos históricos da deficiência no Brasil, não iremos abordar novamente o tema, contudo, é de fundamental importância o conhecimento do mesmo. Em 1961, as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n°4.024/61 fundamenta o atendimento educacional às pessoas com deficiência, aponta o direito dos excepcionais à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. A Lei n° 5.692/71 altera a LDBEN de 1961, ao definir “tratamento especial” para os alunos com “deficiência físicas, mentais, os que encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados, mas não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais especiais”. Segundo Osório (2007), em 1973 é criado no MEC, o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, que impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com superdotação; ainda configuradas por campanhas assistenciais e ações isoladas do Estado. Ainda não se efetiva uma política pública de acesso universal à educação de alunos com deficiência, permanecendo a concepção de “políticas especiais”, não é organizado um atendimento especializado que considere as singularidades de aprendizagem desses alunos. A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” em seu art. 3° inciso IV. O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei n°. 8.069/90, artigo 55, reforça os dispositivos legais ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”, outros documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), passam a influenciar a POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 37 formulação das políticas públicas da educação inclusiva. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n° 9.394/96 preconiza “(...) oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, resolução CNE/CEB n° 2/2001, no artigo 2°, determina que: Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar- se para o atendimento aos educando com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001). A convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006, da qual o Brasil é signatário, estabelece que os Estados Parte devam assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta de inclusão plena (OSÓRIO, 2007). O Decreto n 6.094/2007 estabelece dentre asdiretrizes do Compromisso Todos pela Educação, a garantia do acesso e permanência no ensino regular e o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas. Assim, podemos concluir, diante das leis citadas que vem para apoiar a educação inclusiva que a Política Nacional de Educação Especial tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir aos alunos: Acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância38 comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação da políticas públicas (OSÓRIO, 2007). Na perspectiva da Educação inclusiva, a educação especial passa a constituir a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo alunos com deficiência, transtornos invasivos do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, transtornos específicos do desenvolvimento, Distúrbios de aprendizagem. É importante ressaltar que as pessoas se modificam continuamente transformando o contexto na qual se inserem. Esse dinamismo exige uma atuação pedagógica voltada para alterar a situação de exclusão, enfatizando a importância de ambientes heterogêneos que promovam a aprendizagem de todos os alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo, realizamos um resgate histórico da concepção da deficiência mostrando que o deficiente viveu diferentes situações da segregação e exclusão, como também a condição de divino (por falta de conhecimento), com o decorrer dos anos a sociedade sofreu mudanças que influenciaram o seu comportamento frente aos deficientes. O estudo mostra o cenário da educação inclusiva no país e a força do movimento de inclusão. As leis marcaram momentos importantes na história da deficiência e vem contribuindo de forma ativa no apoio à inclusão. Atualmente ocorrem mudanças que segundo os autores do texto, vêm para contribuir com o desenvolvimento das pessoas com necessidades educativas especiais. Os Atendimentos Educacionais Especializados devem ocorrer em todos os níveis de ensino escolar, oferecendo educação de qualidade, dando condição de permanência e conclusão dos estudos. Assim, podemos concluir que a educação inclusiva é um processo em movimento e de grande compromisso e responsabilidade social, para que ocorra a efetivação prática. Só assim os deficientes poderão exercer a função plena de seus direitos e mostrar o quanto representam para a sociedade como um todo. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 39 O texto abaixo foi elaborado a partir da visão de Denari e Braz (2005), sobre a visão da educação inclusiva na perspectiva da inclusão social. Vamos refl etir: “Ao falar na inclusão escolar devemos primeiramente pensar no homem enquanto ser social, que é participante e integrado à sociedade. Para que ocorra a inclusão participativa, responsável e com- prometida é preciso ponderação, conscientização, competência e o desejo social de um mundo mais respeitoso as desigualdades. Oliveira (2002), afi rma que a partir da escola inclusiva haverá uma maior aceitação das crianças com necessidades especiais pela sociedade, uma universalização da cidada- nia, que por sua vez, traria uma nova ética e assim uma escola de educação e cidadania para todos. Segundo Souza (2002), a inclusão é consequência de uma escola de qualidade, capaz de perceber cada aluno como único, e o processo de inclusão não pode ser uma atitude isolada de apenas edu- cadores especializados, mas sim que todos os educadores assumam o compromisso com o aluno com necessidades especiais para que este obtenha os resultados pretendidos e não apenas esteja no convívio de outros sem estarem se apropriando da educação, pois assim se evidenciam os estigmas e denigrem a autoestima do aluno. A nova escola necessita exercer a função social e educativa que favoreça o desenvolvimento dos alunos, de acordo com suas características, onde todos têm oportunidades de ser e estar, de forma inteira e participativa. Percebe-se que o grande desafi o é encontrar formas de responder efetivamente às necessidades educativas de uma população escolar cada vez mais heterogênea, de construir uma escola efetivamente inclusiva”. Para saber mais sobre a Declaração de Salamanca acesse os links: <http//:portal.mec.gov.br>. <http://redeinclusao.web.ua.pt/fi les/fl _9.pdf>. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9394/96 Acesse os links: <http//www.planalto.gov.br>. <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf1/proejalei9394.pdf>. Conheça a Declaração de Jontiem acessando os links: <http://www.pitangui.uepg.br/nep/documentos/ Declaracao%20-%20jomtien%20-%20tailandia.pdf>. Conheça a Constituição Federal de 1988 acessando o link: <http://www.alep.pr.gov.br/system/fi les/corpo/Con1988br.pdf>. POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância40 ATIVIDADE DE AUTOESTUDO 1- Diante do estudo desta unidade, explique qual é o entendimento sobre educação inclusiva justificando sua resposta. 2- A forma como os deficientes eram tratados outrora, difere da atualidade. Porém, muitos enfrentam dificuldades nos diversos lugares que frequentam. Aponte quais são essas difi- culdades e descreva o que poderia ser feito para amenizá-las. UNIDADE II EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: IMPLICAÇÕES NO PAPEL DO PROFESSOR Professora Esp. Waléria Henrique dos Santos Leonel Objetivos de Aprendizagem • Compreender as mudanças na Educação Especial frente aos aspectos legais. • Verificar como está a formação docente voltada para a inclusão. • Conhecer e analisar sobre as propostas de ação pedagógica no novo modelo de educação. • Conhecer e refletir sobre a importância da inclusão em todos os âmbitos da educação. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Atendimento Educacional Especializado: Aspectos Legais • A formação do professor na educação inclusiva • Educação Inclusiva: a ação pedagógica diante da diversidade: formação competente no processo de educar • Inclusão do Aluno com Necessidades Especiais no Ensino Superior 42 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância INTRODUÇÃO Nesta unidade, abordaremos os aspectos legais que envolvem as mudanças para a educação inclusiva de acordo com o Ministério da Educação, também estudaremos a formação do professor e a inclusão escolare sua postura frente à diversidade. Discutiremos a ação pedagógica no processo de inclusão e as orientações pedagógicas frente ao novo modelo de educação do MEC, a inclusão na visão do educador será relatada a fim de demonstrar a necessidade de investir em novos estudos para subsidiar a formação dos mesmos e também faremos um breve estudo sobre a inclusão das pessoas com necessidades especiais no ensino superior, pois percebemos não ser possível pensar no ser humano de forma fragmentada. A educação inclusiva de qualidade não deve ser pensada apenas no nível básico, mas dar condições para que o aluno consiga alcançar todos os níveis de conhecimento dentro de sua capacidade, do básico ao superior. Sendo assim,convido você para darmos sequência aos nossos estudos. Atendimento Educacional Especializado: Aspectos Legais Fávero (2007) afirma que a Constituição Federal garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola assim, toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade, deficiência ou Fo nte :P HO TO S. CO M POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 43 ausência dela. Os movimentos que defendem a inclusão escolar, pregam que a Educação Especial não deve ser em ambientes separados, e sim que os alunos apresentando alguma deficiência, frequentem o mesmo ambiente dos que não apresentam. O Atendimento Educacional Especializado seria como apoio e complemento, destinado a oferecer aquilo que há de específico na formação de um aluno com deficiência, sem impedi-lo de frequentar ambientes comuns e oficiais de ensino. Segundo Fávero (2007), a Constituição Brasileira e as convenções internacionais mostram que o Atendimento Educacional Especializado é uma forma válida de tratamento diferenciado desde que: Seja adotado quando realmente exista uma necessidade educacional especial, ou seja, algo do qual os alunos sem deficiência não precisam; seja oferecido preferencialmente no mesmo ambiente (escola comum) freqüentado pelos demais alunos; se houver necessidade de ser oferecido à parte, que isso ocorra sem dificultar ou impedir que crianças e adolescentes com deficiência tenham acesso às salas de aula do ensino comum no mesmo horário que os demais alunos freqüentam; não seja adotado de forma obrigatória, ou como condição para o acesso do aluno com deficiência ao ensino comum (p.20). Assim, segundo a autora, a Educação Especial será uma forma de tratamento diferenciado que leva à inclusão de direitos e não à exclusão. Segundo a, Constituição Federal, todas as crianças têm direito à educação, no artigo 208, inciso III, consta o termo “preferencialmente” esse, segundo Fávero, trata-se do atendimento que é necessariamente diferente do ensino regular e que é indicado para melhor suprir as necessidades e atender às especificidades dos alunos com deficiência como, por exemplo, eliminar as barreiras e oferecer instrumentos para que os alunos possam se beneficiar da educação. O Atendimento Educacional Especializado deve estar disponível em todos os níveis de ensino escolar, devendo funcionar de forma similar a outros cursos que complementam os conhecimentos adquiridos no nível básico e superior, como exemplo, o ensino da Língua 44 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância Brasileira de Sinais (LIBRAS). A autora mostra que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –LDBEN não é bem interpretada em seus artigos 58 e 59, pois tem levado a pensar que é possível a substituição do ensino regular pelo especial, segundo ela, não é possível aceitar, pois toda legislação ordinária tem que estar em conformidade com a Constituição federal, não podendo haver contradições dentro da própria lei, em que o artigo 4° inciso I 22 da LDBEN e o artigo 208 da Constituição Federal determina a obrigatoriedade do acesso ao Ensino Fundamental, os artigos 205 e 206 define o que é educação e prevê quais são os requisitos básicos para a escola. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi cação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Art. 208. O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores de defi ciência, preferencialmente na rede regular de ensino (1988). Para Fávero (2007), a Educação Especial sempre foi entendida como capaz de substituir o ensino regular, mas o acesso, permanência e continuidade dos estudos desses alunos devem ser garantidos nas escolas comuns segundo as leis vigentes para que os alunos se beneficiem desse ambiente escolar e aprendam conforme suas possibilidades assim, devemos chamar de Atendimento Educacional Especializado como consta na Constituição. Esse atendimento é uma forma de garantir ao aluno que sejam reconhecidas e atendidas suas particularidades. As matérias consideradas do Atendimento Educacional Especializado, segundo Fávero (2007): POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância 45 Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); ensino de língua portuguesa para surdos; código Braille; orientação e mobilidade; utilização do soroban; as ajudas técnicas, incluindo informática adaptada; mobilidade e comunicação alternativo-aumentativa; tecnologias assistivas; informática educativa; educação física adaptada; enriquecimento e aprofundamento do repertório de conhecimentos; atividades da vida autônoma e social, entre outras (p.29). A Convenção de Guatemala (Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa portadora de Deficiência) foi aprovada pelo congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n° 198, de 13 de junho de 2001, e promulgada pelo Decreto n° 3.956, de 8 de outubro de 2001, da Presidência da República. Esse documento, conforme cita Fávero (2007), deixa claro que: A impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência, definindo a discriminação como toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais (art.1º, nº 2, “a” ). Diante disso, Fávero afirma que a Educação Especial tem sido um modo de tratamento desigual aos alunos, desrespeitando a Convenção de Guatemala. Assim, o que está posto na LDBEN como Educação Especial deve ser entendido como Atendimento Educacional Especializado, nos termos da Constituição Federal, para não haver incompatibilidade (FÁVERO, 2007). A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Diante do movimento inclusão, se faz necessário falarmos sobre a formação do professor visto este ser um agente ativo no processo da educação, e reconhecendo as dificuldades que Fo nte :P HO TO S. CO M 46 POLÍTICAS E O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Educação a Distância enfrentam ao se tratar de educação inclusiva quer seja no nível básico ou na universidade. Espera-se que o professor, de modo geral, tenha conhecimentos adequados sobre o que pretende ensinar; que disponha das habilidades necessárias à organização e à transmissão do saber escolar aos seus alunos; que reconheça as metas educacionais; as relações estabelecidas no âmbito da escola e dessa com a sociedade, de modo a favorecer o exercício de seu papel. O professor tem um papel fundamental ao se tratar da inclusão, é muito importante ressaltar que não devemos atribuir total responsabilidade ao professor, pois como já discutimos é um compromisso de todos, no entanto, o professor tem uma participação direta na vida escolar das crianças e as suas atitudes irão determinar a qualidade da interação nas situações de ensino, definir as perspectivas de aprendizado do aluno com deficiência, como também poderá influenciar o modo que os demais alunos irão interagir com aquele colega (FUMES, 2002). Mittler (2003) diz que nesse momento é preciso superar o mito da necessidade da capacitação
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