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Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Ensaios Mecânicos de Materiais Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria Sala: e-mail: geraldolfaria@yahoo.com.br Laboratório de Tratamentos Térmicos e Microscopia Óptica Capítulo 5 – ENSAIO DE TORÇÃO 1 5.1 – O Ensaio de Torção Definição: O ensaio de torção consiste na aplicação de carga rotativa em um corpo de prova geralmente de geometria cilíndrica. Neste ensaio, mede-se o ângulo de deformação (θθθθ) em função do momento angular aplicado (MT). Objetivos: O ensaio de torção tem como principais objetivos determinar propriedades mecânicas dos materiais em cisalhamento, avaliar a resposta em torção para componentes e estruturas como motores de arranque, turbinas aeronáuticas, rotores de máquinas, brocas, parafusos entre outros. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 2 arranque, turbinas aeronáuticas, rotores de máquinas, brocas, parafusos entre outros. Vantagens e Desvantagens: • Relativamente barato; • Geralmente utiliza-se corpos de prova cilíndricos ou tubulares, de fácil usinagem; • Pode-se ensaiar a própria peça, simulando condições reais de aplicação; • Não é indicado para o controle de especificações de matéria-prima, sendo utilizado apenas em casos específicos; • O ensaio é de difícil análise e quantificação no regime de deformação plástica do material testado. 5.2 – Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção Suponhamos um corpo de prova cilíndrico submetido a um esforço de torção: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 3 Ao aplicarmos uma carga P em um mancal de torção de comprimento B, podemos definir um momento angular, tal que o módulo é dado por: MT = P . B Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção O corpo de prova cilíndrico sólido de diâmetro D=2a e comprimento L submetido a este momento angular experimenta tensões e deformações ao longo de toda sua estrutura. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 4 Como no ensaio de tração, há deformação no regime elástico e posteriormente no regime plástico. Admite-se que na condição elástica, a tensão de cisalhamento na seção transversal da barra varia linearmente com o raio r. Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção 10 15 20 25 M o m e n t o d e T o r ç ã o M T ( N . m ) Momento de Torção x Ângulo de Torção Alumínio As grandezas físicas medidas em tempo real durante o ensaio são: •Momento de Torção – M Quais parâmetros físicos são monitorados durante o ensaio de torção? Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 5 0 5 0 500 1000 1500 2000 M o m e n t o d e T o r ç ã o M Ângulo de Torção θ (θ (θ (θ (οοοο)))) Bronze•Momento de Torção – MT • Ângulo de Torção – θ θ θ θ Como correlacionar estes parâmetros com a resposta do material ao ensaio? Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção Tensão de Cisalhamento na Região de Comportamento Elástico Como podemos observar, para cada elemento de área dS, existe um elemento de força cisalhante tal que: Como, Podemos escrever que: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 6 Integrando, temos: Usando o artifício de multiplicar e dividir a equação anterior por r, temos: Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção Como vimos, Mas sabemos que I é o momento polar de inércia da seção plana do corpo de prova, logo: De onde: Ou ainda: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 7 De onde: Ou ainda: Para seção circular: De onde, finalmente: Barra Maciça de Seção Circular: Tubos de Seção Circular: Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção Deformação de Cisalhamento na Região de Comportamento Elástico O ângulo de torção (θθθθ) é o deslocamento de giro sofrido por um ponto na superfície do corpo de prova em relação ao engaste fixo (em radianos). A deformação de cisalhamento (γγγγ) é definida como a tangente do ângulo θθθθ. Vejamos:Por definição, temos que: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 8 Mas podemos escrever que: E ainda que: Finalmente, temos: Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção Tratamento dos Dados de Ensaio de Torção Para uma barra de seção circular. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 9 Gráfico momento de torção (Mt) versus ângulo de torção (θθθθ) e diagrama tensão de cisalhamento (ττττ) versus deformação angular (γγγγ). Dados medidos diretamente no ensaio. Região de deformação plástica: valores não precisos por esta metodologia. Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção Módulo de Elasticidade Transversal (G) (Módulo de Rigidez) Dentro do regime elástico, a tensão de cisalhamento é proporcional à deformação angular. Pela lei de Hooke, a tensão de cisalhamento pode ser escrita por: No regime elástico, podemos observar que: Propondo uma constante de proporcionalidade G, temos que: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 10 proporcionalidade G, temos que: Ou ainda: Lembrando que: E que: Podemos reescrever: Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção Limite de Proporcionalidade (ττττp), Limite de Escoamento (ττττe) e Limite de Resistência (ττττu) Pode-se observar que: τp – Pode ser determinado no final da linearidade da curva; τe – Caracteriza o início da zona plástica; Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 11 (a) Diagrama tensão de cisalhamento (ττττ) versus deformação angular (γγγγ) para eixo maciço. (b) Perfil de cisalhamento em tubos. γn – Deformação angular padrão; τu ou τr – Para efeitos práticos faz-se a leitura direta no gráfico gerado por meio das equações válidas para o regime elástico. Parâmetros Físicos Determinados Pelo Ensaio de Torção 0 5 10 15 20 25 0 500 1000 1500 2000 M o m e n t o d e T o r ç ã o M T ( N . m ) Ângulo de Torção θ (θ (θ (θ (οοοο)))) Momento de Torção x Ângulo de Torção Alumínio Bronze 8000 Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 12 Ângulo de Torção θ (θ (θ (θ (οοοο)))) 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 0 500000 1000000 1500000T e n s ã o d e C i s a l h a m e n t o τ τ τ τ ( P a ) Deformação γ γ γ γ (x10-6) Tensão de Cisalhamento X Deformação Alumínio Bronze 5.3 – Tensão e Deformação do Regime Plástico M o m e n t o d e T o r ç ã o ( M t ) Como já mencionado, a distribuição das tensões não é mais linear quando se atinge a zona plástica durante o ensaio de torção. Nadai (1950) propôs, com base em princípios da resistência dos materiais, que: Deformação angular: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 13 M o m e n t o d e T o r ç ã o ( Ângulo de Torção θ θ θ θ por Unidade de Comprimento Tensão para grandes deformações plásticas: Limite de resistência à torção: 5.4 – Tipos de Fratura em Torção Diferentemente do que se observa no ensaio de tração, na torção os materiais com comportamento dúctil rompem-se geralmente em um plano normal ao eixo longitudinal do corpo de prova. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 14 Tipos de fratura em torção: (a) Frágil, (b) Dúctil. Figuras esquemáticas de tipos de fratura de torção. 5.5 – Estudo de Casos: Aplicações Estudo de Recristalização Dinâmica Com Auxílio de Ensaio de Torção a Quente Efeitos do Nb e Ti nas tensões limite de resistência à torção e no tamanho de grãos recristalizadosde um aço ASTM 409. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 15 OLIVEIRA T. R. et al, 2004. O Nb atua conferindo as maiores tensões limite de resistência à torção e os menores tamanhos de grãos recristalizados. Estudo de Casos: Aplicações Simulação da Laminação a Quente Por Meio de Ensaios de Torção a Quente Através das curvas de escoamento plástico, determinou-se o tipo de processo de restauração que atua durante a deformação, sendo observado a recristalização dinâmica na austenita e a recuperação dinâmica na ferrita. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 16 Em temperaturas maiores que 900oC as curvas de escoamento têm forma se recuperam dinamicamente. Em temperaturas maiores que 900oC as curvas de escoamento têm forma típica de materiais que se recristalizam dinamicamente, enquanto em temperaturas menores que 850oC têm forma típica de materiais que apenas se recuperam dinamicamente. REGONE, W. 2001.
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