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O conceito de representação

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O conceito de representação
A representação abrange as hipóteses em que a vontade do sujeito titular do interesse jurídico (representado) é manifestada por outro sujeito (representante), investido de poderes outorgados ou pelo próprio interessado, ou pela lei, se este for incapaz, para falar em nome do primeiro. 
A representação é a pessoa investida de poderes pela lei ou por mandato. 
Artigo 115 – “os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado".
A representação de pessoa jurídica e entes despersonificados é diferente da representação legal, tratada pelos artigos 115 a 120 do Código Civil. 
Se a representação decorrer da lei é chamada de 'representação legal'. 
Se decorrer da vontade do sujeito, é chamada de 'voluntária ou convencional'.
Por fim, se a outorga de poderes de representação é feita pelo próprio representado é chamado contrato de 'mandato', que tem por instrumento a procuração. 
O mandatário ou procurador é o representante investido nos poderes de representação por vontade do próprio interessado. E é diferente da representação legal. 
Espécies de Representação
A representação legal é exercida no interesse do representado. São os pais, tutores, curadores. 
O representante exerce uma atividade obrigatória, é um autêntico poder instituído em razão da necessidade de atribuição de função de cuidar dos interesses dos incapazes. 
Tem caráter personalíssimo e seu exercício é indelegável. 
Ocorre também no caso de sindicatos celebrando acordos coletivos; síndico no caso de condomínio edilício; administrador, da massa falida. 
A representação convencional pode ser realizada no interesse do próprio representante. Decorre do negócio jurídico específico – Mandato. 
Tem a finalidade de auxiliar uma pessoa na defesa ou administração de interesses. Ocorre através de acordo de vontades, através de outorga de procuração – instrumento do mandato (artigo 653 do CC). 
Pode ser revogada a qualquer tempo pelo representado. 
Já a representação judicial ocorre quando a nomeação se dá em ação judicial, por determinação do juiz, podendo assumir a forma de representação legal ou representação convencional.
Os poderes de representação
O representante está investido de poderes para manifestar a vontade do representado. 
Assim, todos os negócios jurídicos que, no exercício da representação, o representante praticar em nome do representado, este responde como se tivesse sido ele mesmo que o praticara sem a interferência daquele.
Art. 116 – A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes produz efeitos em relação ao representado.
Os poderes do representante, no caso da representação legal de pessoa absolutamente incapaz, são absolutos, no sentido de não existir negócio jurídico que o representado possa fazer sem a interferência de seu representante. 
Sempre será o representante legal o único sujeito em condições de manifestar a vontade do absolutamente incapaz. 
Já no caso da representação voluntária, os poderes são relativos, porque o representado, em nenhum momento, mesmo no mandato com cláusula “em causa própria" (CC, art. 685), fica impedido de praticar o ato diretamente. 
A representação voluntária não inibe a prática do negócio jurídico pelo representado, por si mesmo, porque a outorga do mandato não importa, em nenhum caso, a transferência de direitos dele para o representante.
Os poderes de representação podem ser amplos ou limitados. 
Poderes limitados ocorre quando o mandante encarrega o mandatário de cuidar de determinados assuntos, limitando os poderes de representação aos negócios que deseja. 
Os poderes amplos vem da representação absoluta.
O representado não está vinculado aos negócios jurídicos praticados em seu nome com a extrapolação de poderes pelo representante.
Assim, se o representante não provar sua qualidade e extensão dos seus poderes, responderá pessoalmente pelo excesso. Artigo 118 do CC. 
Porém, se o terceiro, ainda assim, ciente dos limites dos poderes de representação, resolve contratar (celebrar negócio jurídico), estará o fazendo não com o representado. Pois esse só está vinculado aos atos praticados pelo representante nos limites dos poderes de representação. 
Se o terceiro contratante sabia (ou deveria saber) de algum conflito de interesses entre representante e representado, o negócio jurídico que realizar com este por meio daquele é anulável. 
Art. 119, do CC: É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o  representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Sendo o prazo de 180 dias (parágrafo único), para a ação de anulação. 
Se o representado não ratificar os atos praticados em excesso pelo representante, esse será considerado mero gestor de negócios – (ver artigo 665 do CC).
Autocontrato 
  A representação tem, por sua natureza, que o representante atue em nome apenas de uma das partes do negócio jurídico. 
  Quando ambas as partes se manifestam através do mesmo representante, configura-se a 'dupla representação'. 
  Pode ocorrer que o representante seja a outra parte do negócio jurídico, exercendo o papel de representante – atuando em nome do representado e como contratante, representando a si mesmo. 
Mandato em causa própria – previsto no artigo 685 do CC, onde o mandatário recebe poderes para alienar um bem, por determinado preço, a terceiros ou a si próprio. 
Porém o fato de uma das partes ser também o representante a outra parte não suprime a bilateralidade do negócio jurídico. 
Art. 117, do CC: Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único: Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos.
Os poderes de representação não podem ser exercidos para transferir bens do representado para o representante. Assim, o representante não pode ser a outra parte do negócio jurídico. 
Há exceções previstas, quando a lei permite ou quando há declaração de vontade do representando.

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