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1 ANÁLISE DE BALANÇOS A análise financeira e de balanços não se resume, como muitos acreditam, no cálculo de centenas de índices. Ela trata da interpretação e da relevância desses índices, sendo um instrumento de avaliação e desempenho. A análise por índices é uma das ferramentas mais utilizadas no mercado financeiro. Mas uma análise feita somente com índices é uma análise pobre e certamente poderá conter inúmeras falhas. Os índices financeiros, lidos isoladamente, não são suficientes para um julgamento adequado e uma decisão correta. Índices financeiros aliados à análise vertical já mostram de forma melhor a situação financeira da empresa. Apresenta-se, a seguir, alguns índices que permitirão a análise das demonstrações contábeis nas organizações: ÍNDICES DE LIQUIDEZ São indicadores financeiros e tentam medir a capacidade de uma organização em cumprir suas obrigações de curto prazo. Dizem respeito à probabilidade da organização honrar seus compromissos no dia e com os encargos contratuais acordados. Genericamente, podem ser sinalizadores da capacidade de pagamento da organização, apesar de não medir diretamente esta capacidade. Esses índices auferem a solidez do embasamento financeiro da empresa. São divididos em: LIQUIDEZ CORRENTE LC = AC PC onde: LC – Liquidez Corrente AC – Ativo Circulante PC – Passivo Circulante Indica a solidez do embasamento financeiro da empresa frente aos seus compromissos de curto prazo. Expressa quantas vezes os ativos circulantes de uma organização “cobrem” os passivos circulantes. Uma liquidez corrente maior que 1 significa que o valor dos ativos circulantes é maior do que a soma dos passivos circulantes. 2 Durante algum tempo prevaleceu a idéia de que a LC das organizações deveria ser igual ou superior a 1. Contudo essa regra ficou defasada a partir do momento que se percebeu a existência das seguintes situações: a) o conceito de curto prazo apresentado nas demonstrações contábeis é o da Lei 6.404/76, ou seja, valores que podem ser convertidos em dinheiro ou obrigações que precisam ser pagas até o dia 31/12 do próximo exercício social. b) Os analistas perceberam que a LC de uma organização depende do ramo de atividade no qual ela opera. Dessa forma, a melhor forma de se avaliar a LC de uma organização seria compará-lo com o Índice Padrão do seu ramo de atividade. O principal defeito deste índice é que ele mede apenas volume. Como liquidez é a capacidade de pagar as dívidas dentro de seus prazos de vencimentos, muitas vezes a empresa não tem volumes suficientes, mas gira com muita rapidez seus ativos e suas dívidas têm prazos mais lentos. Neste caso, mesmo com índice abaixo de 1, a empresa tem boa capacidade de pagamento. Por outro lado, se o giro dos ativos for muito lento, mesmo com índice acima de 1 a empresa pode ter dificuldades de pagamento se suas dívidas tiverem prazos bastante curtos. Daí, a importância de se aliar este índice com os índices que medem prazos. LIQUIDEZ SECA LS = AC - estoques PC onde: LS – Liquidez Seca AC – Ativo Circulante PC – Passivo Circulante Indica a solidez do embasamento financeiro da empresa frente aos seus compromissos de curto prazo, sem contar a realização dos estoques. A exclusão dos estoques do ativo circulante fornece uma medida ligeiramente mais refinada da liquidez da organização, na qual os estoques são, freqüentemente, entre os ativos circulantes da empresa, o item com menor liquidez. As restrições apresentadas à LC também se aplicam à LS. 3 LIQUIDEZ IMEDIATA LI = disponibilidades PC onde: LI – Liquidez Imediata PC – Passivo Circulante Indica a solidez do embasamento financeiro da empresa frente aos seus compromissos de curto prazo, considerando apenas os valores já disponíveis em espécie. As restrições apresentadas à LC também se aplicam à LI. LIQUIDEZ GERAL LG = AC + ARLP PC + PELP onde: LG – Liquidez Geral AC – Ativo Circulante ARLP – Ativo Realizável a Longo Prazo PC – Passivo Circulante PELP – Passivo Exigível a Longo Prazo Indica a solidez do embasamento financeiro da empresa a longo prazo, considerando tudo o que a empresa converterá em dinheiro e relacionando com tudo o que a empresa já assumiu como dívida. As restrições apresentadas à LC também se aplicam à LI. CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO CDGP = PL – (AP + ARLP) x 100 AC onde: CDGP – Capital de Giro Próprio PL – Patrimônio Líquido AP – Ativo Permanente ARLP – Ativo Realizável a Longo Prazo AC – Ativo Circulante Quando positivo, este índice mede quanto do Capital de Giro é financiado por recursos próprios. Neste caso, quanto mais alto for o índice, melhor. Quando negativo, ele mostra que a empresa não tem sobra de recursos próprios para financiar nenhuma parte do Capital de Giro. Neste caso, todo o Ativo 4 Circulante é financiado por capitais de terceiros. O ideal é que os recursos próprios financiem todos os ativos de longo prazo (permanente e realizável) e ainda houvesse sobras para financiar parte da necessidade de Capital de Giro. ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO São indicadores financeiros e tentam medir o nível e o perfil do endividamento de uma organização. Também indicam em que proporção a empresa utiliza, para realizar suas operações, os capitais próprios e os capitais de terceiros. Os principais Índices de Endividamento são: PARTICIPAÇÃO DOS CAPITAIS DE TERCEIROS SOBRE RECURSOS TOTAIS PCT/RT = Passivo Total Passivo Total + PL onde: PCT/RT – Participação dos Capitais de Terceiros sobre Recursos Totais PL – Patrimônio Líquido Indica a proporção de Capital de Terceiros que a empresa utiliza para financiar suas operações, em relação ao Capital Próprio. O índice máximo dessa análise será 1 e ocorrerá quando a organização não tiver capital próprio. Nas situações onde o Patrimônio Líquido da empresa for negativo, esse índice deverá ser lido como 1, pois um índice negativo ou maior do que não terá significado. PARTICIPAÇÃO DOS CAPITAIS DE TERCEIROS SOBRE PATRIMÕNIO LÍQUIDO PCT/PL = Passivo Total PL onde: PCT/PL – Participação dos Capitais de Terceiros sobre Patrimônio Líquido PL – Patrimônio Líquido Indica a quantidade de unidades monetárias investidas pelos acionistas, em relação às buscadas juntos a terceiros pela organização. Não existe índice máximo nessa análise, mas quanto maior for o PCT/PL, maior será a dependência da organização a capitais de terceiros. Nas situações onde o Patrimônio Líquido da empresa for negativo esse índice não terá significado, pois há somente capitais de terceiros na organização. Este índice trabalha com todo o Passivo. Quanto maior o volume de recursos de terceiros, maior é a dependência. Esta dependência vai definir o nível de riscos. Se os recursos de terceiros são naturais 5 ou operacionais, o risco é mais leve. Se os recursos de terceiros são onerosos ou não operacionais, os riscos são mais elevados. Quando o índice for alto, os recursos próprios são insuficientes para atender as necessidades da empresa e ela passa a depender excessivamente de recursos de terceiros. PARTICIPAÇÃO DAS DÍVIDAS DE CURTO PRAZO SOBRE ENDIVIDAMENTO TOTAL PDCT/PT = PC Passivo Total onde: PDCT/PT – Participação das Dívidas de Curto Prazo sobre Endividamento Total PC – Passivo Circulante Indica o perfil do endividamento da empresa. O ideal desseíndice é ser menor do que 1, significando que o endividamento da organização é de longo prazo. ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS Enquanto os índices de liquidez mostram volumes de recursos, os índices de prazos médios mostram os prazos com que a empresa realiza seus ativos e os prazos que ela tem para pagar suas dívidas. Os principais Índices de Prazos Médios são: PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM PME = Estoques Médios X 365 CMV ou CPV onde: PME – Prazo Médio de Estocagem CMV – Custo das Mercadorias Vendidas CPV – Custo dos Produtos Vendidos No caso de indústrias, mede o tempo que a empresa mantém consigo os estoques desde o momento da compra da matéria-prima até o momento da venda do produto acabado, passando por todo o processo de fabricação. No resultado de comércio, é o tempo entre a compra da mercadoria e a data da venda. O resultado é número de dias, isto é, quantos dias a empresa demora para produzir e vender todo o volume de estoques. 6 É calculada a média dos estoques do início e do fim do ano para evitar distorções no valor dos estoques (causados pela inflação ou por flutuações no montante dos estoques entre o início e o fim do ano). Como os estoques, após serem vendidos, são registrados como Custo dos Produtos Vendidos ou Custo das Mercadorias Vendidas , compara-se na fórmula a relação entre estoques existentes (Estoques Médios) com os estoques já vendidos (CPV ou CMV). Como o processo de produção é um ciclo, PMC de “x” dias não significa que a empresa irá vender seus estoques somente após esse período de dias. Na verdade, seus estoques são vendidos todos os dias. O índice mede apenas o tempo médio que os estoques permanecem dentro das instalações da empresa. Vários fatores podem contribuir para que uma empresa tenha prazos médios de estocagem elevados: a) excesso de compra de matérias-primas ou mercadorias; b) ineficiência no processo de produção; c) dificuldade de venda ou mercado em crise; d) produção maior que o volume de vendas; ou e) produto que exige longo tempo de produção. PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS PMRV = Clientes Médios X 365 ROL onde: PMRV – Prazo Médio de Recebimento de Vendas ROL – Receita Operacional Líquida A empresa não recebe todas as duplicatas no mesmo dia. Ela recebe duplicatas todos os dias ou todas as semanas. O índice vai mostrar o tempo médio que ela demora para receber todas as duplicatas, incluindo eventuais atrasos. PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS PMPC = Fornecedores Médios X 365 CMV ou CPV 7 onde: PMPC – Prazo Médio de Pagamento de Compras CMV – Custo das Mercadorias Vendidas CPV – Custo dos Produtos Vendidos A empresa não paga todas as duplicatas no mesmo dia. Ela paga duplicatas todos os dias ou todas as semanas. O índice vai mostrar o tempo médio que ela demora para pagar todas as duplicatas, incluindo eventuais atrasos. CICLO FINANCEIRO O ciclo financeiro mostra quanto tempo a empresa demora entre a compra da matéria-prima (ou mercadoria, no caso de comércio), a venda do produto e o recebimento da duplicata. Esta primeira parte mostra, então, quanto tempo a empresa demora para receber em R$ os seus ativos (estoques + duplicatas). Deste local, diminui-se o tempo que ela tem para pagar suas principais dívidas operacionais, ou seja, quando ela faz o desembolso de R$. A diferença é o ciclo financeiro. O principal defeito do ciclo financeiro é que ele mede apenas os prazos e não mede os volumes em R$ que são recebidos ou pagos. Se positivo mostra que a empresa precisa de recurso para financiar por algum tempo seus ativos operacionais. Se negativo mostra que a empresa consegue financiar seus ativos operacionais com os recursos (fontes) operacionais de terceiros, resultantes dos prazos normais de sua atividade. ÍNDICES DE RENTABILIDADE As organizações que atuam no sistema capitalista de mercado têm as seguintes características: a) foram constituídas por empreendedores que nelas investiram recursos; b) a partir do investimento feito pelos acionistas, tais organizações irão produzir produtos ou serviços que serão comercializados; c) o resultado das operações de comercialização dos produtos ou serviços deve gerar ganhos aos acionistas (lucro); d) o lucro é a remuneração que a organização dá ao capital investido pelos acionistas; e) os acionistas analisaram várias alternativas antes de se decidirem por um investimento; e f) essa análise contemplou os seguintes elementos: liquidez, rentabilidade e risco/segurança. A partir dessas considerações, fica evidente que os resultados gerados pelas organizações devem ser analisados, objetivando que os acionistas avaliem se o retorno do seu investimento é 8 satisfatório ou não. Essa análise tem características especiais, visto que trata de um elemento de difícil conceituação, mas de fácil percepção: o valor. Valor pode ser comparado à existência humana: não se conceitua a existência ou a presença das pessoas, apenas se percebe essa presença. A percepção do valor é individual e a contabilidade precisa gerar informações para cada categoria interessada em entender o retorno que a organização dá aos seus acionistas pelos investimentos recebidos. Para fins didáticos, os indicadores de rentabilidade serão divididos em três categorias: a) tradicionais; b) voltados à geração de caixa; e c) orientados para o valor. INDICADORES TRADICIONAIS São indicadores que tentam medir a força de ganhos das organizações. Servem como medidas especialmente da efetividade do gerenciamento das organizações. São eles: RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO – RETURN ON INVESTMENT ROI = Lucro Investimento O ROI mostra a taxa de retorno que o acionista tem em relação ao investimento feito por ele na organização. A informação gerada pelo ROI é de extrema importância para tomada de decisões relacionadas à permanência, redução ou incremento dos investimentos nas organizações. Entretanto, o ROI apresenta duas limitações que devem ser entendidas a fim de não proporcionarem interpretações equivocadas: a) os conceitos de LUCRO e INVESTIMENTO em contabilidade são diversos. O Demonstrativo do Resultado do Exercício apresenta o lucro bruto, lucro operacional, lucro líquido. O investimento inicial que o acionista faz na organização contabilmente é chamado de Capital Social, mas quando a organização adquire um maquinário, por exemplo, esse maquinário é contabilizado no Ativo Permanente Imobilizado e também é considerado um investimento. b) O lucro sob o aspecto contábil é a diferença entre receitas e despesas. Ele nasce quando a organização apresenta um valor de receitas superior ao valor das despesas. Entretanto a contabilidade 9 segue, para elaborar as demonstrações contábeis das organizações, os Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC). Dois desses princípios afetam diretamente o lucro das organizações. O PFC do custo como base de valor determina que as operações devam ser registradas pelo seu valor de custo, ou seja, pelo seu valor histórico. O PFC do regime de competência determina que as receitas e despesas sejam contabilizadas nos períodos em que elas ocorreram, independentemente de terem sido recebidas ou pagas. RETORNO SOBRE O ATIVO - RETURN ON TOTAL ASSETS ROA = Lucro Ativo Esse indicador mostra a eficácia da organização no emprego de seus ativos para geração de lucros. As mesmas limitações do ROI são verificadas no ROA. RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIOLÍQUIDO - RETURN ON EQUITY ROE = Lucro PL Esse indicador mostra a remuneração dos investimentos dos acionistas. As mesmas limitações do ROI e ROA são verificadas no ROE. MARGEM MARGEM = Lucro Receita Líquida Esse indicador mostra a representatividade do lucro em relação às vendas líquidas das organizações. 10 GIRO DO ATIVO GIRO = Receita Líquida Ativo O Giro do Ativo é um indicador de eficiência. Mostra a efetividade das organizações em gerar vendas a partir de seus ativos.
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