Buscar

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: AVANÇOS E DESAFIOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DAIANE PAULA ESMORGER
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: AVANÇOS E DESAFIOS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUÍS
JABOTICABAL
2013
DAIANE PAULA ESMORGER
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: AVANÇOS E DESAFIOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Educação São Luís, como exigência parcial para a conclusão do curso de graduação em Pedagogia.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Beatris Lia Vaccari.
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUÍS
JABOTICABAL
2013
Dedico
 Dedico este trabalho a Deus, minha família e professores.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar forças de caminhar durante esses três anos de curso e me restaurar em todos os momentos que me encontrei em dificuldades.
A minha mãe Maria, por me incentivar a fazer o curso e por me animar em todos os momentos em que estava cansada e desmotivada. A meu namorado Moisés pela paciência que teve comigo.
 À minha orientadora, Professora Dra. Ana Beatris que acreditou em mim desde o primeiro momento e sempre me conduziu com grande sabedoria.
À Professora Dra. Adriana Turqueti, que sempre com muita paciência contribuiu muito para a realização deste trabalho.
Quero registrar aqui meu agradecimento a uma pessoa muito especial para mim, que mesmo não estando mais aqui, com sua presença física, posso senti-lo e tenho certeza de que compartilha desta alegria comigo: meu querido pai Salvador.
A todos os professores do curso com quem no decorrer desses anos, troquei ideias, sorrisos e conhecimento. Também agradeço a todos os amigos que conquistei. À todos, meus sinceros agradecimentos.
"A dignidade humana é a qualidade  intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para a vida saudável, para que tenha bem-estar físico, mental e social, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos” (Ingo Sarlet – Juiz e Jurista brasileiro).
RESUMO
Este trabalho discute a situação atual da educação infantil como política pública no Brasil. Procura-se situar o lugar das políticas e programas atuais, de âmbito federal, dirigidos à criança de zero a cinco anos, especialmente aquelas que se referem ao atendimento em creches e pré-escolas, analisando alguns desafios impostos pelo Plano Nacional de Educação e pelo financiamento da educação infantil. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica pontuando os avanços e desafios trazidos para a educação infantil a partir do seu reconhecimento como primeira etapa da educação básica na Lei n. 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. As consequências da aprovação da Lei 9424/96, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), que priorizou o ensino fundamental em detrimento do conjunto da educação básica, restringindo o financiamento e, consequentemente, as possibilidades de ampliação do acesso e de maior abrangência da educação infantil foram questões destacadas nessa pesquisa. Buscou-se analisar, mediante pesquisa bibliográfica, os avanços e os limites da implantação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) que ampliou o âmbito de atendimento, prevendo recursos financeiros da creche ao ensino médio. Verificou-se que todas essas iniciativas, fundamentais para a melhoria e democratização da educação de qualidade no Brasil, deverão fazer parte do planejamento da educação e das políticas de Estado contando com a participação, monitoramento e avaliação da sociedade brasileira. 
Palavras-chave: educação infantil, financiamento da educação, FUNDEF, FUNDEB. 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................8
1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL...............................................................10 
2 O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL – DO FUNDEF AO FUNDEB.....................................................................................................................17
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................27 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................30
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa procurou analisar os avanços e desafios encontrados na trajetória da educação infantil no Brasil mostrando, por meio da legislação e dos documentos oficiais, os componentes imprescindíveis para a construção de um atendimento de qualidade.
O trabalho, dividido em dois momentos, enfoca primeiramente a historia da educação infantil no Brasil mostrando que do ponto de vista histórico, durante muito tempo a responsabilidade da educação das crianças era exclusivamente da família.
Contudo, a partir do processo de industrialização no Brasil se fez necessário contratar um grande número de mulheres para trabalhar nas indústrias, surgindo, então, a necessidade de criar instituições voltadas para a primeira infância para atender os filhos das mães trabalhadoras.
 Desse modo, o direito à educação das crianças pequenas se consolidou pela Constituição Federal de 1988 que reconheceu ser um direito da criança e um dever do Estado ofertar creches e pré-escolas a todas às crianças de zero a seis anos de idade. Considerado um avanço, a educação infantil torna-se a primeira etapa da educação básica na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394/96). Nesse período, passa-se a ter outro grande desafio com a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), regulamentado pela Lei 9424/96, que apesar de representar um avanço na política de financiamento educacional mostrou algumas limitações, dentre elas, deixar a margem o segmento da educação infantil. 
De acordo com as analises houve apenas um beneficiário com a implantação do FUNDEF, o ensino fundamental, uma vez que os recursos do fundo eram destinados unicamente à manutenção ao desenvolvimento do ensino Fundamental Público e a valorização de seu magistério. 
Sendo assim o FUNDEF causou uma indução à municipalização e uma grande desigualdade no ambiente escolar priorizando somente professores e alunos do ensino fundamental o que causou uma desvalorização da educação infantil. Ou seja, o FUNDEF não trouxe melhoria para todas as modalidades de ensino nem para todos os profissionais da educação o que o tornou ele um documento falho
De acordo com Mendes, 2004 a elevação da remuneração dos professores e as deficiências encontradas no FUNDEF podem ter sido um dos fatores que levou o governo federal a propor a substituição do FUNDEF pelo FUNDEB, que passaria a corrigir a desigualdade e a abranger desde a educação infantil até o ensino médio.
Em 2007, as mudanças propostas no financiamento da educação deram origem ao FUNDEB que corrigiu as disfunções identificadas durante o período de vigência do FUNDEF, estendendo seus benefícios a todos os alunos e profissionais da educação básica, garantindo o atendimento de toda população escolarizável em todas as suas etapas e modalidades, em uma perspectiva inclusiva e sistêmica da educação.
Percebe-se que ocorreram avanços significativos nas últimas décadas acerca da Educação Infantil, mas, algunsdesses saltos estão apenas no plano formal, ainda não chegaram de fato ao cotidiano das escolas de educação infantil, pois ainda não há o reconhecimento social do caráter educativo desse atendimento.
1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL
A educação das crianças durante séculos era de total responsabilidade da família, em especial da mãe. A partir do momento em que a criança não necessitasse mais de amamentação, passava a ser considerada um adulto em miniatura. Quando as crianças já não necessitassem mais dos cuidados da mãe para suas necessidades físicas, iniciavam o convívio com os adultos e aprendiam a se socializar em sua cultura. (OLIVEIRA, 2002)
No século XIX, no Brasil, praticamente não havia atendimento a crianças em creches ou parques infantis. Nessa época, as crianças órfãs ou abandonadas, na maioria das vezes filhos de mulheres negras e índias nascidas do fruto de abuso sexual por parte do senhor branco, ficavam aos cuidados das famílias dos fazendeiros que residiam na zona rural. 
Na zona urbana, as crianças abandonadas pelas mães, muitas delas filhos de moças cuja família possuía prestigio social eram recolhidas nas rodas de expostos(local onde abandonava as crianças recém-nascidas), e ficavam aos cuidados das instituições de caridade que havia em algumas cidades desde inicio do século XVIII. 
Essa situação começou a se findar na segunda metade do século XIX, período de abolição da escravatura no Brasil e também no qual ocorre a migração para a zona urbana das grandes cidades, o desenvolvimento cultural e tecnológico e a Proclamação da Republica como forma de governo. 
 Após a Proclamação da Republica começou a surgir algumas defesas isoladas de proteção à criança ocasionada, na grande maioria, pelas altas taxas de mortalidade infantil da época. A abolição da escravatura no Brasil deu origem a outros problemas, pois os filhos dos escravos não repetiam mais as experiências vivenciadas pelos seus pais no trabalho escravo ocorre então o abandono de crianças. Para solucionar o problema das crianças abandonadas criam-se creches, asilos e internatos, visto na época como instituições para cuidar de crianças pobres. 
No final do século XIX, surge o projeto social de construção de uma nação moderna que reunia condições para que a elite do país analisasse os preceitos educacionais do movimento das escolas novas, que foram elaborados na Europa e trazidos para o Brasil pela influencia americana e europeia, sendo um deles o jardim de infância. (OLIVEIRA, 2002)
O jardim de Infância ocasionou um grande debate entre os políticos, pois muitos defendiam a ideia de que eles tinham por objetivo a caridade e eram destinados aos pobres, por esse motivo não deveriam ficar sob a responsabilidade do poder público.
Em 1875, no Rio de Janeiro e em 1877 em São Paulo, criaram-se os primeiros jardins de infância sob a responsabilidade de instituições privadas. Em 1896, surgiram os primeiros jardins de infância mantidos pelo poder público, com atendimento voltado para crianças com prestigio social e com programação pedagógica inspirada por Froebel que foi o criador dos jardins de infância ele defendia a ideia de um ensino sem obrigações, pois acreditava que o aprendizado dependia dos interesses década um por meio da pratica. Para ele a criança era vista como uma planta em fase de crescimento e necessitava de todos os cuidados para que seu desenvolvimento fosse saudável. Froebel teve uma participação importantíssima na trajetória da educação infantil, pois ele foi um dos primeiros educadores que considerou que o inicio da infância é uma fase importante na formação das pessoas, e essa ideia é consagrada ate os dias atuais pela psicologia.
No inicio do século XX, intensificou se a urbanização e a industrialização nos centros urbanos e com isso acelerou a atividade industrial.
A partir do processo de industrialização no Brasil foi necessário contratar um grande número de mulheres, para o trabalho nas indústrias. Essas mulheres não tinham com quem deixar seus filhos e a única saída era deixar comas criadeiras. Como ocorreu um alto número de mortalidade de crianças que estas olhavam seja pela falta de higiene, seja condições de cuidados, as mulheres trabalhadoras fizeram varias reivindicações aos donos das indústrias.
Em 1923, a primeira regulamentação sobre o trabalho da mulher previa instalação de creches e de salas de amamentação próximas do ambiente de trabalho e que estabelecimentos comerciais e industriais deveriam facilitar a amamentação durante a jornada de trabalho das empregadas. (OLIVEIRA, 2002 p.97)
Na metade do século XX, aumentou a procura por creches e parques infantis. A procura, nesse momento, não era mais só das operarias e empregadas domesticas, mas também de funcionarias públicas e trabalhadoras do comercio. Isso ocorreu pelo aumento da industrialização e da urbanização, que aumentava a necessidade de mais mulheres no mercado de trabalho. No inicio desse mesmo período, ocorreu outra mudança importante.
[..]A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional aprova em 1961(lei 4024/61) aprofundou a perspectiva aponta desde a criação dos Jardins- de- Infância: sua inclusão no sistema de ensino.
Assim dispunha essa lei:
Art. 23 – “A educação pré – primaria destina se aos menores de ate 7 anos, e será ministrada em escolas maternais ou Jardins- de – Infância”.
Art. 24- “As empresas que tenham a seu serviço mães de menores de sete anos serão estimuladas a organizar e manter, por iniciativa própria ou em cooperação com os poderes públicos, instituições de educação pré-primária” [..].(OLIVEIRA,2002 p.102).
A partir dessas leis, a evolução de creche, como instituição educacional, e o surgimento de novas leis em defesa da criança foram se fortalecendo. (OLIVEIRA, 2002).
 Nesse mesmo período, a Constituição de 1988 reconheceu que a educação em creches e pré-escolas era um direito da criança e uma obrigação do Estado em ofertá-las, conforme segue:
“O dever do Estado com a Educação será efetivado mediantes a garantia de:
 [...]
IV- atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade [...] “(constituição brasileira, artigo 2008, 1988.) (OLIVEIRA, 2002 p.116).
Em 1990, a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069) (apud OLIVEIRA, 2002), fez com que as crianças passassem a ter seus direitos reconhecidos na Constituição de 1988.
No entanto, foi com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 - (LDBEN), (apud OLIVEIRA, 2002) que a Educação Infantil passou a ser reconhecida como primeira etapa da educação básica. O conceito de educação básica se ampliou e a abrangeu a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, organizando um espaço institucional educativo como propósito garantir um atendimento de qualidade para as crianças aumentando assim a responsabilidade das instituições escolares. (OLIVEIRA, 2002)
A educação infantil, conforme a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, esta contemplada na Seção II, Capitulo II:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. 
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: 
I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. 
Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. (BRASIL, 2010, p.25-26). 
A partir das leis citadas, a educação infantil ganhou novo enfoque, passando a valorizar o trabalho pedagógico, e exigindo-se salas de educação infantil e espaços não só para brincadeiras, mas também para a criança desenvolver seu lado cognitivo com atividades que contribuíssem para sua socialização. (FARIA e PALHARES,2005).
A LDB/96 no artigo 62 quando trata da a formação dos educadores para à educação infantil, afirma em seu artigo 2º que:
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (BRASIL, 2010, p.46).
De acordo com o artigo 62, o educador passa a ser um profissional que necessita de uma formação para trabalhar vários conteúdos, em varias áreas do conhecimento. Para isso faz se necessário uma boa formação que dê condições para oferecer um atendimento de qualidade à crianças, não somente como cuidador, mas também como educador que deve inserir as crianças a educação formal, trabalhando os aspectos físico, psicológico, intelectual e social. 
 Dois anos após a promulgação da LDB, o MEC lançou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI).
Em fevereiro de 1998, os profissionais da área da educação começaram a receber as preliminares dos Referencias Curriculares Nacionais (RCNEI) e foram convidados a dar opiniões individuais a respeito dos (RCNEIs). Após vários pareceres e discussões sobre o RCNEI, o MEC distribui sua versão para todas as instituições de educação brasileiras. (FARIA; PALHARES, 2005).
O RCNEI (FARIA; PALHARES, 2005) é composto de duas partes organizadas em 3 volumes da seguinte forma:
Documento Introdutório (81p.)
Âmbito de Experiência
Desenvolvimento Pessoal e Social que comporta três eixos de trabalho: o conhecimento de si e do outro, movimento e brincar (104p.)
Ampliação do Universo Cultural que comporta cinco áreas: as artes visuais, a língua escrita, a língua oral, a matemática e a musica (208p.)
Nos dois volumes dos âmbitos de experiências, para cada eixo de trabalho ou área são apresentados, com algumas variações, os seguintes tópicos:
as concepções vigentes nas instituições de educação infantil;
a concepção do eixo ou da área;
a aprendizagem na área
os objetivos, conteúdos, critérios de avaliação e orientações didáticas para. Crianças de 0a3 anos e para crianças de 3 a6 anos;(FARIA; PALHARES 2005 p.27-28)
O RCNEI (apud FARIA; PALHARES, 2005) é um documento que apresenta varias orientações para o educador refletir sobre sua pratica pedagógica tem como objetivo melhorar a qualidade do atendimento às crianças da educação Infantil, proporcionando ao educando experiências prazerosas estas instituições de ensino. No entanto, o RCNEI trata de uma proposta flexível deixando que cada instituição opte pela proposta que melhor se adéque à sua realidade.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), (apud Manual de Orientação MEC- FUNDEF, 2004).implantado no Brasil pela Emenda Constitucional nº14 em 12 de setembro de 1996, e regulamentado pela Lei nº 9.424/96, trouxe entraves para educação. 
O FUNDEF é um fundo estabelecido em cada Estado da Federação e do Distrito Federal, no qual seus recursos devem ser utilizados unicamente na manutenção no desenvolvimento do ensino Fundamental Público e na valorização de seu magistério. Ele foi elaborado com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino, tanto nas redes municipais como nas redes estaduais de ensino, melhorar também a remuneração do magistério, promovendo a universalização, a manutenção e a melhoria qualitativa do ensino. (Manual de Orientação MEC- FUNDEF, 2004).
O FUNDEF era composto por recursos dos municípios do seu próprio Estado sendo constituídos de 15% do:
Fundo de Participação dos Estados – FPE.
Fundo de Participação dos Municípios – FPM.
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços-ICMS (incluindo os recursos relativos à desoneração de exportações, de que trata a Lei Complementar nº 87/96).
Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações– IPIexp. (Manual de Orientação MEC- FUNDEF, 2004 p 7).
Esses recursos são distribuídos proporcionalmente ao número de alunos matriculados no ensino fundamental de cada município. Como prazo de duração do FUNDEF era de 10 anos e expirou em 2006.
Atualmente esta em vigor o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Ele foi instituído pela Emenda Constitucional nº 53 em 19 de dezembro de 2006, e regulamentado pela Lei nº 11.494 (ACRE, 2011).
O FUNDEB é substituto do FUNDEF, com a diferença de atender a educação básica, ou seja, a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Os recursos do FUNDEB são destinados a financiamentos e manutenções dos níveis de ensinos contemplados, sendo assim seus recursos são distribuídos com base em um levantamento feito em todas as modalidades de ensino. Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. Ele ficará vigente por 14 anos, ou seja, até 2020 (ACRE, 2011)
Em 9 de janeiro de 2001, foi aprovado o PNE (Plano Nacional de Educação) pela Lei nº 10.172/2001. Este plano representou um compromisso com a sociedade e com as gerações futuras, mais que isso, correspondeu a importantes pactos firmados para beneficio da educação para todos. (BRASIL, 2001).
A partir da vigência do PNE, os Estados, o Distrito Federal e os municípios tiveram que elaborar seus planos decenais, tendo como base o PNE. Dessa maneira a União, juntamente com os Estados os municípios e a sociedade realizaram avaliações periódicas a partir da execução do PNE.
No entanto, para que funcionasse o Sistema Nacional de Avaliação, instituído pela Lei nº 10.172/200, era necessário que a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios cumprissem com as suas funções (BRASIL, 2001).
O PNE (2001) teve duração de dez anos, portanto seu termino foi em 2010, quando ocorreu em Brasília, a Conferência Nacional de Educação (CONAE), com várias discussões a respeito de que rumos o país deveria tomar em todos os níveis de educação. Dessa discussão, saíram às diretrizes para elaboração do PNE em 2011.
O novo Plano Nacional de Educação – PNE (2011-2020), em vigor, estabeleceu vinte metas com objetivo de mostrar à sociedade estratégias para orientar não somente o poder público, mas também a sociedade civil organizada (BRASIL, 2011-2020).
Dessa maneira, as estratégias deverão ser executadas tendo como objetivo o cumprimento das metas. As vinte metas propostas no PNE apresentam vários desafios para que a educação brasileira passe a ser uma educação de qualidade. Sendo assim será necessário tomar providências e medida estruturais para que essas metas possam ser executadas (BRASIL, 2011).
O Plano Nacional de Educação (PNE) é de extrema importância para o desenvolvimento de uma educação de qualidade para todas as crianças e jovens brasileiros e dará continuidade ao processo da educação garantindo um ensino aprendizagem mais proveitoso para todos (BRASIL, 2011-2020).
2 O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL – DO FUNDEF AO FUNDEB
 
Anteriormente, vimos que a educação conquistou o reconhecimento, na Lei nº 9.394/96, de primeira etapa da educação básica. Neste capitulo, veremos que após essa conquista a questão do financiamento da educação se configurou num grande desafio.
	 A responsabilidade com a educação pública é partilhada entre os três níveis de governo (federal estadual e municipal). Como toda política pública, essa partilha pode apresentar problemas no seu funcionamento, pois cada um dos níveis de governo tenta, muitas vezes, se afastar dessa responsabilidade. Dessa maneira, se o governo federal decide aumentar suas verbas para o setor, os governos estaduais e municipais diminuem suas contribuições de recursos, e vice-versa. Fez-se necessário, então, um compromisso constitucional entre os três níveis de governo, no qual cada um deles tivesse um fundo previamente estabelecido de recursos para o financiamento da educação.(MENDES, 2004)
Regulamentado pela Lei nº 9.424/96, FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) se configurou na modificação da estrutura do financiamento do ensino fundamental, passando a vincular uma parcela dos recursos para esse nível de ensino a partir da partilha de responsabilidades entre os governos estaduais e os governos Municipais. 
Dessa forma, prefeitos e governadores passaram a ter novas regras, até então estabelecidas pela Constituição Federal que determinava que 25% dos recursos deveriam ser destinados à educação. Agora, 15% desses recursos deveriam ser direcionados prioritariamente para o ensino fundamental, restando 10% para Educação Infantil (MACHADO, 2000).
Em cada âmbito, os recursos foram usufruídos de acordo com o número de alunos matriculados no ensino fundamental, tendo como referência uma renda per capita nacional. O cálculo deste custo aluno era feito, anualmente, com base nos dados do Censo Escolar. Assim, para que não houvessem distorções regionais para os estados mais necessitados, foi instituído, nacionalmente, um custo aluno/ano mínimo que era de R$ 315,00 (trezentos e quinze reais) em 1998, valor mantido ate o ano seguinte 1999 ( MACHADO, 2000).
Os recursos do FUNDEF eram destinados exclusivamente para o ensino fundamental, com o objetivo de serem aplicados unicamente na manutenção e no desenvolvimento das despesas com esse nível de ensino. O mínimo de 60% era destinado à remuneração e aperfeiçoamento dos profissionais do magistério em efetivo exercício e aos profissionais que exercem atividades de suporte pedagógico, tais como: direção ou administração escolar, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional, em uma ou mais escolas do ensino fundamental público (regular, especial, indígena, supletivo, inclusive alfabetização de adultos). (BRASIL, 2004).
Os 40% dos recursos restantes deveriam ser empregados nas demais despesas previstas, conforme consta no art. 70 da Lei nº 9. 394/96(LDB), que compreende a remuneração e capacitação dos demais profissionais da educação; aquisição, manutenção, construção e instalações dos equipamentos necessários ao ensino, uso e manutenção dos bens ligados ao sistema de ensino, levantamentos estatísticos, com objetivo de melhorar a qualidade do ensino, atividades necessárias para o desenvolvimento do ensino fundamental tais como: matérias de consumo utilizado nas escolas e demais órgãos do sistema, disponibilização de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas, quitação e custeio de operações de crédito, adesão de material didático escolar e manutenção de transporte escolar. (BRASIL, 2004).
No art. 71 da LDB há a determinação de que os recursos do Fundo não poderão ser utilizados em:
- pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua qualidade ou à sua expansão;
- subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural;
- formação de quadros especiais para Administração Pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos;
- programas suplementares de alimentação, assistência médico odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social;
- obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;
- pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental público. (Manual de Orientação MEC- FUNDEF, 2004, p.22).
Desta forma podemos ver que os desdobramentos da implantação do FUNDEF, seja pelo seu caráter indutor à municipalização ou pela forma como o foi visto, provocaram um novo tipo de relacionamento entre as instâncias de governo, no que diz respeito às políticas educacionais, ou seja, houve uma mudança radical com o relacionamento entre a secretaria estadual de educação e a administração municipal, causando um grande impacto para os municípios e estados que tiveram alguns recursos retidos no Fundo (MACHADO, 2000).
	Com o intuito da valorização do profissional do magistério, a Lei nº 9.424/96, determinou que os Estados, Distrito Federal e os Municípios deveriam aprovar um plano de carreira e remuneração do magistério. 
 De acordo com as normas do FUNDEF o Plano de Carreira e Remuneração do Magistério:
 É um conjunto de normas estabelecidas por lei (estadual ou municipal), com o objetivo de regulamentar as condições e o processo de movimentação na carreira, estabelecendo a progressão funcional (por níveis, categorias, classes), adicionais, incentivos e gratificações devidos, e os correspondentes critérios e escalas de evolução da remuneração p.26.
O plano de carreira deveria ser elaborado de maneira democrática com participantes de todos os segmentos do setor educacional e dos municípios. Após a elaboração, o prefeito municipal enviaria para Câmera Municipal para tornar-se lei e ser implantado.
Para a elaboração do novo Plano de Carreira e Remuneração do Magistério, deveriam ser levados em conta os seguintes critérios: o ingresso da carreira no magistério faz se necessário obrigatoriamente à aprovação de concurso público de provas e títulos; a carreira devera se adequar em um desenvolvimento profissional no sentido horizontal e vertical, causando diferenciação de remunerações; deve conter níveis de titulação que corresponda às habilitações mínimas exigidas pela Lei nº 9.394/96 para o exercício do magistério, com critérios claros e objetivos de desenvolvimento na carreira, conforme os incentivos de progressão por qualificação do trabalho docente, dedicação exclusiva, avaliação de desempenho, qualificação em instituições credenciadas, tempo de serviço e avaliações periódicas de conhecimentos (BRASIL, 2004).
	A legislação do FUNDEF trouxe para as instituições mecanismos de controle social instituído pela Lei 9.424/96, artigo 4°, que determinou a criação de Conselhos de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEF.
	Dessa maneira, cada Estado e município ficaram incumbidos de criar o conselho envolvendo o Poder Legislativo, a associações de professores, e a associação de pais e mestres, na indicação dos seus membros, para que pudessem dar legitimidade e transparência ao colegiado. (BRASIL, 2004)
O Conselho deveria ser composto de no mínimo quatro integrantes representantes da Secretaria Municipal de Educação; professores, diretores pais de alunos, e servidores das escolas públicas do ensino fundamental. Havendo no município um Conselho Municipal de Educação, um dos seus integrantes deveria fazer parte do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEF.
Conforme a Lei 9.424/96 (alterada pela Medida Provisória n.º 173/2004), o Conselho de Acompanhamento e Controle Social deveria acompanhar toda a gestão dos recursos do Fundo, seja com relação à receita, seja com relação à despesa ou uso dos recursos. Apesar dessas responsabilidades, deixemos claro que o conselho não é gestor ou administrador dos recursos do FUNDEF. A responsabilidade de administração do FUNDEF pertence ao chefe do Poder Executivo e do Secretário de Educação, que tem por obrigação de aplicá-los em favor do ensino fundamental público (BRASIL, 2004).
OS registros contábeis e os demonstrativos mensais atualizados deveriam ficar a disposição para fiscalização e pelo acompanhamento do controle social, portanto para que os Conselhos pudessem desempenhar suas respectivas funções, o Poder Executivo deveria oferecer o devido apoio, disponibilizando um local para reuniões, material, equipamentos e tudo que permitisse a realização periódica e regular das reuniões de conselho.
	A comprovação da utilização dos recursos do Fundef não possuía nenhuma regra pré-estabelecida de prestações de contas, contudo previa que a comprovação da utilização do Fundo ocorresse mensalmente, bimestralmente e anualmente.
Mensalmente, como consta no art.5º da Lei nº 9.424/96, os registros deveriam ficar, constantemente, à disposição do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEF e dos órgãos federais, estaduais e municipais de controle interno e externo; bimestralmente, sendo 30 dias depois do encerramento de cada bimestre, por meio de relatórios do Poder Executivo Estadual ou Municipal, resumindo a utilização orçamentária, destacando as despesas com a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, realizadas em favor do ensino fundamental, conforme consta no (§ 3º, art. 165 da CF, e art. 72 da Lei nº 9.394/96 – LDB) e anualmente, devendo constar de forma especifica, as despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino feita por meio de prestação de contas do governo estadual ou municipal, de acordo com art. 212 da Constituição Federal que destaca as aplicações por nível de ensino, em especial as realizada no ensino fundamental. Também deveria constar a parcela utilizada na remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício e a contribuição ao FUNDEF e as receitas originarias do Fundo (BRASIL, 2004).
	O não cumprimento dessas disposições legais acarretaria sanções penais, administrativas, civis e eleitorais:
rejeição das contas, mediante parecer prévio do Tribunal de Contas competente, com o consequente encaminhamento da questão ao respectivo Poder Legislativo e, caso a rejeição seja confirmada, à autoridade competente e ao Ministério Público;
impossibilidade de celebração de convênios junto à administração federal (no caso de Estados) e junto às administrações federal e estadual (no caso de Municípios), quando exigida certidão negativa do respectivo Tribunal de Contas;
impossibilidade de realização de operações de crédito junto a instituições financeiras (empréstimos junto a bancos);
perda da assistência financeira da União (no caso de Estados) e da União e do Estado (no caso de Município), conforme artigos 76 e 87, § 6º, da LDB;
intervenção da União no Estado (CF, art. 34, VII, e) e do Estado no Município (CF, art. 35, III)(Manual de Orientação MEC- FUNDEF, 2004 p 45).
Apesar de a legislação prescrever formas de controle para execução do FUNDEF, foram constatadas, em vários municípios, irregularidades que se estenderam por todo território nacional. As irregularidades encontradas nos municípios auditados foram: ineficácia do Conselho de Acompanhamento e Controle Social, ou seja, o não funcionamento regular, e a influência determinante do prefeito na escolha dos membros; desvio de recursos na parcela de 40% do FUNDEF, tais como uso de notas frias, indício de desvio de recursos no pagamento de transporte escolar; desvio de finalidade para outro nível de ensino que não o fundamental; não execução de 60% com pagamento dos profissionais do magistério do ensino fundamental; professores, diretores e coordenadores não concursados ou inobservância de ordem de aprovação em concurso; declaração ao Censo Escolar de número de alunos superior ao real, ou seja, número de alunos inexistentes; manipulação, empresas fictícias, fracionamento de despesas e desvio de parte da remuneração dos professores, contratação fraudulenta de curso de capacitação não ministrado (MENDES, 2004).
Tal situação nos mostra que, infelizmente, em alguns casos a administração publica é gerida por pessoas não comprometidas com o bem estar da comunidade, mas voltada para os interesses pessoais que passam por cima da ética e da moral para violar de forma intencional o serviço publico.
	A prioridade do FUNDEF em privilegiar apenas os alunos matriculados no ensino fundamental, criou uma distinção entre o custo-aluno daquele nível de ensino e o custo-aluno da educação infantil, o que anulou qualquer possibilidade de unificação da qualidade da educação, contribuindo para uma desigualdade no tratamento entre professores e alunos, dentro das próprias redes municipais de ensino. A elevação da remuneração dos professores e as deficiências encontradas no FUNDEF podem ter sido um dos fatores que levou o governo federal a propor a substituição do FUNDEF pelo FUNDEB, que passaria a corrigir a desigualdade e a abranger desde a educação infantil até o ensino médio (MENDES, 2004).
De acordo com Davies (1999), o Fundef contribuiu para enfraquecer e desunir o sistema de ensino, já que as matrículas da educação infantil, jovens e adultos e do ensino médio não estavam inclusas na distribuição dos recursos do Fundo o que abrangia os profissionais da educação desses níveis de ensino que eram banidos de tais recursos. Davies (1999) acredita que os impactos do FUNDEF sobre a educação infantil apareceram de maneira imediata pode se apontar a diminuição na oferta de vagas para educação infantil, e encontra partida um grande aumento de vagas no ensino fundamental. Segundo o autor, o FUNDEF pode ter trazido alguns benefícios para alguns estados e municípios do ensino fundamental, porem não apresentou uma solução para os problemas da educação como um todo e nem para todos os profissionais da educação, fato que tornou o FUNDEF um objeto de desigualdade no âmbito educacional.
A criação do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) se deu ao término de vigência do FUNDEF, que teve a duração de 10 anos, expirando em 2006 (BRASIL, 2008).
Desde 2007, se encontra em vigência o FUNDEB, instituído pela Emenda Constitucional, que estabeleceu o prazo de 14 anos, a partir de sua promulgação em 1º de janeiro de 2007.
O FUNDEB se constitui num fundo de natureza contábil com uma proposta mais abrangente do que o FUNDEF, destinando assim seu financiamento para a Manutenção e o Desenvolvimento da Educação Básica Pública, ou seja, abrangendo a educação infantil, o ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos. Dessa forma, a criação do FUNDEB contribuiu para a redução da desigualdade existente no contexto educacional estabelecendo assim igualdade na distribuição dos recursos (BRASIL, 2008).
Os recursos do FUNDEB são originários dos impostos e das transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios vinculados à educação e será calculado sobre as seguintes fontes de impostos e transferências constitucionais:
Fundo de Participação dos Estados . FPE;
Fundo de Participação dos Municípios . FPM;
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre prestação de Serviços . ICMS;
Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações . IPIexp;
Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e doações de quaisquer bens ou direitos . ITCMD;
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. IPVA;
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (cota-parte dos municípios) - ITRm;
Recursos relativos à desoneração de exportações de que trata a LC nº 87/96;
Arrecadação de imposto que a União eventualmente instituir no exercício de sua competência (cotas-partes dos estados, Distrito Federal e municípios);
Receita da dívida ativa tributária, juros e multas relativas aos impostos acima relacionados. (Manual de Orientação MEC- FUNDEB, 2008 p.6).
Além dos recursos de origem estadual e municipal, os recursos federais também fazem parte da composição do fundo como complementação financeira que tem por objetivo assegurar o valor mínimo nacional por aluno/ano no âmbito de cada estado ou Distrito Federal, que o valor mínimo não for alcançado.
Os recursos para complementação que a União dispõe são distribuídos e repassados aos municípios sendo no mínimo 90% do valor anual de acordo com a distribuição do numero de alunos, e ate 10% do valor anual adquirido com os programas voltados para melhor qualidade da educação básica.
Os recursos do fundo são distribuídos aos Estados, Distrito Federal e municípios que atendam a educação básica levando em consideração as matrículas nas escolas publicas e conveniadas com base no ultimo Censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Os recursos distribuídos pelo fundo têm diferenciações sobre o valor aluno/ano de acordo com a etapaa localização e outros desdobramentos da educação básica que utiliza de fatores de ponderação definidos pela Comissão Intergovernamental de Financiamento para Educação Básica de Qualidade.
Os fatores utilizados na ponderação dos números de alunos têm diferenciações de valor em dezenove segmentos que abarcam a divisão da educação básica, sendo calculado o valor do aluno/ano no âmbito de cada estado, tendo como base os recursos advindos da contribuição dos governos estaduais e municipais, não incluindo nesses recursos a complementação da União (BRASIL, 2008)
A utilização dos recursos segue a seguinte exigência: no mínimo 60% para remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício da educação básica em caráter permanente ou temporário, não usufruindo desse fundo somente os profissionais do magistério terceirizados que não possuírem vinculo de contratação com o estado, Distrito Federal e município. Os 40% dos recursos restantes devem ser utilizado para despesas diversas, consideradas como despesas de manutenção e desenvolvimento, tais como a aquisição, manutenção, e conservação de todos os equipamentos necessários ao ensino, disponibilidade de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas, manutenção de transporte escolar e Remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente.
O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB possui uma grande diferença do conselho formado pelo Fundef que contava com apenas quatro integrantes. O conselho do FUNDEB deve conter no mínimo 12 integrantes para representar o conselho, sendo esses os seguintes representantes: três integrantes que representem o Poder Executivo estadual, onde pelo menos um corresponda ao órgão estadual responsável pela educação básica; dois que represente os Poderes Executivos Municipais; um que represente o Conselho Estadual de Educação; um representante da seccional da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação; um representante da seccional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação; dois representantes dos pais de alunos da educação básica pública; e dois representantes dos estudantes da educação básica pública, sendo um indicado pela entidade estadual de estudantes secundaristas. No Distrito Federal, deve conter pelo menos nove membros sendo a mesma composição do Estado, excluindo os dois representantes dos Poderes Executivos Municipais e um representante da seccional da União Nacional. Nos municípios também deve possuir no mínimo, nove membros do conselho sendo: dois representantes do Poder Executivo municipal, onde pelo menos um seja da Secretaria Municipal de Educação; um que represente os professores da educação básica pública; um que represente os diretores das escolas básica pública; um representante dos servidores técnico-administrativos das escolas básicas públicas; dois representantes dos pais de alunos da educação básica pública; dois representantes dos estudantes da educação básica pública, onde um seja indicado pela entidade de estudantes secundaristas. Se houver no município um Conselho Municipal de Educação e Conselho Tutelar, estes devem escolher um representante para compor o Conselho (BRASIL, 2008).
A escolha dos conselheiros tem que ser pautada na legislação, que proíbe a participação de parentes ate terceiro grau do prefeito municipal e do vice-prefeito; dos secretários municipais; do tesoureiro, do contador ou de funcionário de empresa que presta serviços relacionados à administração ou controle dos recursos do Fundo.
Assim como no Fundef, o Conselho do Fundeb não é gestor ou administrador dos recursos do fundo. A função do conselho é de acompanhar a fiscalização dos recursos, que permanecem a responsabilidade do chefe do Poder Executivo e do Secretário de Educação, que tem obrigação de aplica- lós adequadamente.
A realização da fiscalização dos recursos do Fundeb é feita pelos Tribunais de Contas dos Estados e Municípios. O Tribunal de Contas da União e a Controladoria Geral da União também fiscalizam os Estados que recebem a contribuição dos recursos federais na composição do Fundo. (BRASIL, 2008).
Os tribunais criam instruções relacionadas à forma, à frequência e aos meios utilizados para a verificação das prestações de contas. Dessa forma, é de extrema importância que os Estados e municípios prestem atenção nas orientações vinda dos Tribunais. 
A responsabilidade de examinar e julgar é dos Tribunais de Contas que deverão aplicar penalidades, se diagnosticadas irregularidades por parte dos administradores estaduais e municipais sobre o Fundo. O Ministério Público não é uma instância de fiscalização do FUNDEB, contudo deve atuar garantindo os direitos educacionais que o FUNDEB assegura à educação básica pública, cumprindo assim a determinação constitucional que delimita essas garantias. O Ministério Público Federal, junto ao Poder Judiciário, tomam as devidas providências quando detectadas irregularidades apontadas pelos Conselhos ou Tribunais de Contas. Sendo assim, o Ministério Público, Tribunais de Contas e os Conselhos do Fundeb realizam um trabalho onde que se complementa com o principal objetivo de assegurar o devido cumprimento das leis impostas para o FUNDEB (BRASIL, 2008).
	Gaspar (2010) considera que o FUNDEB apresentou um grande avanço em relação ao FUNDEF por incluir todos os níveis e modalidades de ensino.
	O FUNDEB aumentou a oferta da educação infantil de zero a três anos e promoveu um avanço em relação à qualidade do atendimento das crianças desse nível de ensino. Além disso, trouxe outros benefícios para educação infantil, entre eles estão à garantia integral da educação infantil, desde o nascimento incluindo a creche. Outro impacto, diz respeito ao piso salarial determinado para o profissional do magistério da educação básica, incluindo agora o professor da educação infantil que passou a ser tratado com igualdade junto aos demais professores, fato que contribuiu para autoestima e o prestigio social do profissional de educação infantil. A existência da Educação Infantil no FUNDEB objetiva o conceito de Educação Básica como formação mínima, necessária e integral do cidadão brasileiro como vigora na LDBEN 9394/96 (GASPAR, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Infantil é um campo da educação que, como prática social, consiste em educar e cuidar de crianças de zero a seis anos em instituições coletivas. Especificamente no Brasil, a promulgação da Constituição de 1988 representou momento de ampla participação da sociedade civil e de organismos governamentais na afirmação dos direitos da criança, dentre eles, o direito à educação infantil, incluído no Art. 208, IV da Constituição, que explicita que “o dever do Estado com a educação será efetivado (...) mediante garantia de atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos”, direito reafirmado no Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 53.
Outro documento significativo para a área é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), sancionada em dezembro de 1996. É a primeira vez que a expressão “educação infantil” aparece na lei nacional de educação, sendo tratada em uma seção específica. É definida como primeira etapa da educação básica e tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade. A lei também estabelece que a educação infantil seja oferecida em creches para crianças de até três anos de idade e em pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos. Por conseguinte, a diferença entre creches e pré-escolas é feita unicamente pelo critério de faixa etária, sendo ambas as instituições de educação infantil, com o mesmo objetivo - desenvolvimento da criança, em seus múltiplos aspectos.
Examinar esta área colabora para o debate que podem fazer avançar as referências que decorrem da consolidação deste campo investigativo. Analisamos que a educação infantil possui uma construção histórica e é relacionada com as transformações sociais vivenciadas em nosso país, sobretudo com a inserçãodas mulheres no mercado de trabalho.
Com a necessidade de garantir uma melhor distribuição dos recursos financeiros destinados à educação brasileira, foram propostas e aprovadas mudanças no financiamento da educação em 1996, com a aprovação da Lei 9424/96, que regulamentou o FUNDEF, com objetivo de organizar a aplicação dos recursos do ensino fundamental e trazer melhorias a qualidade do ensino no Brasil.
Porem, sua implantação trouxe alguns desdobramentos já que sua proposta era destinar os recursos do fundo unicamente para o ensino fundamental, deixando os demais níveis e modalidades de ensino excluídos dessa política de financiamento. 
Em 2006, foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) a partir da Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) que vigorou de 1998 a 2006. Trata-se de um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo por estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), formado, na quase totalidade, por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal. Com vigência estabelecida para o período 2007-2020, sua implantação começou em 1º de janeiro de 2007, sendo plenamente concluída em 2009 quando o total de alunos matriculados na rede pública foi considerado na distribuição dos recursos e o percentual de contribuição dos estados, Distrito Federal e municípios para a formação do Fundo atingiu o patamar de 20%.
Embora a garantia do repasse dos recursos financeiros para a Educação Infantil ser a característica mais evidente do impacto do novo fundo, o FUNDEB traz outras características fundamentais para a Educação Infantil. Destacam-se em relação a isso, a garantia da integralidade e a integridade da educação infantil, desde o nascimento, ao incluir a creche. 
Por muito tempo se argumentou sobre a importância do financiamento para dar à creche a relevância social, educacional e política como instituição que garanta o direito da criança de até três anos à educação, destituindo-a do status de assistência. Se a creche tivesse sido excluída do fundo, grande seria o risco de retrocesso na finalidade pedagógica.
Enfim, a garantia de recursos financeiros trouxe valores essenciais para a educação infantil ao considera-la uma estratégia para a melhoria da qualidade do ensino fundamental. Apesar de acreditamos que os aportes legais podem ser considerados grandes avanços no reconhecimento do direito da criança à educação nos seus primeiros anos de vida, ainda se faz necessário considerar os desafios impostos para o efetivo atendimento desse direito, que podem ser sintetizados em três questões: do acesso, da qualidade do atendimento e dos recursos financeiros. Assim sendo, considera-se importante lembrar que o atendimento na educação infantil é fruto das lutas de mulheres em torno dos movimentos sociais de luta pelo acesso a creches e outras instituições, porém, as transformações advindas destes movimentos dependerão da sua continuidade e do compromisso que prefeitos e secretários municipais de educação assumirem junto à comunidade
.
REFERÊNCIAS
ACRE. Tribunal de Contas. FUNDEB- Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação: manual de instrução. Acre: Tribunal de Contas, 2011.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília: DOU 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 15/05/2013
BRASIL. Ministério da Educação. Manual de orientação MEC-FUNDEF. Brasília, 2004
BRASIL. Ministério da Educação. Manual de orientação MEC-FUNDEB. Brasília, 2008
BRASIL. Ministério da Educação PNE. Lei nº10. 172/2001, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm. Acesso em 26/05/2013.
DAVIES. Nicholas. O Fundef e o orçamento da educação: desvendando a caixa preta. Campinas: Editora Autores Associados, 1999. (Coleção Polêmicas do Nosso tempo).
FARIA. Ana Lúcia Goulart; PALHARES, Marina Silveira (Orgs.). Educação Infantil pós-LDB: rumos e desafios. Campinas, SP: Autores Associados/ UFSC/UFSCar/UNICAMP: C8ampinas, 2005.
GASPAR. Maria de Lourdes Ribeiro. Os impactos do FUNDEB na Educação Infantil brasileira: oferta, qualidade e financiamento. Evidência, Araxá, 2010
OLIVEIRA. Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
MACHADO. Maria Lucia de A. (Org.). Educação infantil em tempos de LDB. São Paulo: FCC/DPE, 2000.
MENDES. Marcos. Análise das Irregularidades na Administração Municipal do FUNDEF: Constatações do Programa de Fiscalização a Partir de Sorteios Públicos da Controladoria-Geral da União. São Paulo: Transparência Brasil, 2004.

Continue navegando