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Gestão Educacional Tânia Mara Nogueira © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Revisão Técnica Egle Pessoa Bezerra de Freitas Adrião Mariana Coralina do Carmo Rosângela de Oliveira Pinto Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Nogueira, Tânia Mara N778g Gestão educacional / Tânia Mara Nogueira. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 192 p. ISBN 978-85-522-1133-4 1. Gestão educacional. 2. Sistema de gestão integrado. 3. Liderança. I. Nogueira, Tânia Mara. II. Título. CDD 370 Sumário Unidade 1 Gestão no contexto da educação brasileira ................................................ 7 Seção 1 A gestão da educação brasileira através dos tempos ...................... 9 Seção 2 Sistema educacional brasileiro ........................................................22 Seção 3 Gestão do currículo ..........................................................................34 Unidade 2 Gestão democrática e organização da escola ...........................................51 Seção 1 A organização no contexto escolar .................................................52 Seção 2 Plano a seguir ....................................................................................66 Seção 3 A gestão no contexto escolar ...........................................................81 Unidade 3 Foco na gestão ..............................................................................................97 Seção 1 Gestão de pessoas .............................................................................99 Seção 2 Gestão de processos ......................................................................116 Seção 3 Gestão da sala de aula ...................................................................133 Unidade 4 Gestão de resultados ................................................................................155 Seção 1 Orientações para resultados .........................................................156 Seção 2 Avaliação da Educação Básica .....................................................170 Seção 3 Gestão por fatos e dados ...............................................................180 Palavras do autor Prezado aluno, como bem disse o professor e consultor Peter Drucker (1909/2005), gestão é fazer as coisas do jeito certo, já liderança “é fazer as coisas certas” (DRUCKER, 2005 apud KRAMES, 2010, p. 113). Assim, na disciplina Gestão Educacional, você vai aprender, vivenciar e construir formas de liderar e aplicar as melhores práticas de gestão em insti- tuições escolares, com foco na melhoria dos resultados operacionais e de aprendizagem. Isso será feito por meio da interpretação do contexto educa- cional brasileiro e, também, do emprego do conceito de gestão. Na Unidade 1, você entenderá a gestão no contexto da educação brasi- leira ao longo do tempo, compreendendo as leis, as responsabilidades de cada ente federativo, a forma como é organizado o sistema educacional brasileiro e como é feita a gestão do currículo. A Unidade 2 abordará a gestão democrática e a organização da escola por meio do Sistema de Gestão Integrado (SGI), que é um modelo de gestão desenvolvido pela Fundação Pitágoras, cordialmente cedido por ela para o desenvolvimento deste material. O SGI permite detalhar a forma de alinhar e integrar Secretaria de Educação, escolas, classes e alunos, tendo um plano que foi estabelecido por muitas vozes e gerido por uma Liderança Visionária. A Unidade 3 terá o foco em gestão de pessoas, processos e sala de aula. Você vivenciará práticas eficazes e eficientes para desenvolver as compe- tências dos profissionais de um sistema escolar, para melhorar e inovar os processos e as práticas de trabalho, bem como para saber atuar de forma sistemática e focalizar sempre o aluno, razão de ser da escola. A Unidade 4 enfatizará como administrar os dados das Metas de Aprendizagem e as Metas Operacionais de uma instituição educacional, observando os cases de sucesso advindos das instituições similares, o benchmark e os resultados provenientes das avaliações externas. Para que sua aprendizagem seja de fato o “aprender fazendo”, ressaltamos a importância do autoestudo ao longo do curso para que sua participação seja ativa nesta disciplina. Fique atento às melhores práticas, pois elas serão bons exemplos a serem seguidos em sua trajetória profissional. Unidade 1 Tânia Mara Nogueira Gestão no contexto da educação brasileira Convite ao estudo Estudar a educação brasileira e a forma como sua gestão tem acontecido nos níveis federal, estadual ou municipal ao longo do tempo nos permite refletir sobre seu impacto nos resultados de aprendizagem, sobre a equidade na educação e a valorização dos educadores. Os critérios quantidade e qualidade são importantes para compreen- dermos a gestão da educação brasileira. Ao pensarmos na quantidade, surgem algumas perguntas: todas as crianças têm acesso à escola? Há profes- sores suficientes? As salas de aula têm carteiras, quadro e giz, ou seja, os recursos básicos para seu funcionamento? Essa batalha pela quantidade sempre foi travada nos gabinetes onde se definem práticas e políticas públicas. Considerando as diferenças no Brasil, essa é uma questão que em algumas regiões está mais bem resolvida do que em outras, apesar de as leis serem as mesmas para o país inteiro. Quanto ao critério qualidade, o país ainda espera uma revolução na gestão educacional por meio da qual seja possível garantir altos níveis de aprendizagem para todos os alunos. Pensando nisso, reflita sobre como é possível tornar a gestão de uma escola de fato eficaz e eficiente? Costumamos ouvir que de 4 em 4 anos, ou seja, a cada mudança de governo, há uma ruptura em processos e práticas implementadas no sistema educacional. Não há um plano a seguir a longo prazo, mas, sim, um constante iniciar e reiniciar no que diz respeito à gestão da educação. Assim, tanto o país como as gerações de alunos perdem em termos de qualidade de ensino e aprendizagem. Nesta primeira unidade, aprofundaremos a temática da gestão no contexto da educação brasileira, entendendo em quais termos de organização se baseiam o sistema educacional e o seu currículo, ou seja, onde estamos e como chegamos nesse estágio da educação brasileira. Na primeira seção desta unidade, conheceremos como tem sido realizada a gestão da educação brasileira ao longo do tempo, a quem cabe, em cada época, a liderança e a forma de fazer o ensino/aprendizagem, bem como as leis que a embasam e as responsabilidades da União, dos estados e municípios. Na segunda seção, analisaremos o sistema educacional brasileiro, sua estrutura, as modalidades da Educação Básica e o Plano Nacional de Educação (PNE). Por fim, na terceira seção entenderemos como é feita a gestão do currículo e estudaremos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)e os Temas Transversais. 9 Seção 1 A gestão da educação brasileira através dos tempos Diálogo aberto Ao lembrar de sua trajetória como estudante, é possível que você constate que ao longo dos anos muitas mudanças ocorreram, seja na forma de avaliar, no foco da aprendizagem, na seleção de professores ou na garantia do cumprimento das políticas públicas. Constantemente ocorre uma novidade na área educacional. Considerando que para a conclusão da Educação Básica era preciso, no mínimo, cerca de 13 anos de estudo, você, enquanto aluno, vivenciou três grandes mudanças. Saberia citar quais foram ou falar sobre uma delas? Qual impacto elas tiveram em sua vida estudantil? Sabendo disso, vamos refletir sobre a seguinte situação-problema: imagine um município chamado Maracatu, que conta com 12 escolas municipais, 2 escolas estaduais e 2 creches particulares, as quais atendem crianças de 0 a 3 anos. As escolas estaduais contemplam o Ensino Médio e as municipais atendem da Educação Infantil até o Ensino Fundamental II. Marieta é a nova secretária de educação da cidade. Formada em Pedagogia, ela sempre foi referência de coordenadora pedagógica de forte liderança, pois incenti- vava os professores a direcionarem suas práticas de ensino a uma aprendi- zagem focada no aluno. Em seu primeiro dia de trabalho como secretária, ela quer definir as ações que caberá a ela garantir enquanto gestora da educação municipal. Em que ela deve se basear para buscar tal informação? Que ações ela precisará garantir para o aluno de Maracatu ter uma trajetória educa- cional tranquila e contínua mesmo se mudar de escola ou de rede? Você já deve ter ouvido a expressão “dê a César o que é de César”. Pensando sobre ela, veremos que há responsabilidades específicas a serem cumpridas pelas diferentes esferas governamentais: União, estados, Distrito Federal e municípios. Ajude Marieta a identificar quais são as competências de cada um dos entes federativos, especialmente os que são específicos da rede municipal, da qual ela estará à frente. Nesta seção, estudaremos como a gestão da educação é realizada no Brasil e como ela ocorreu ao longo dos anos, considerando as mudanças e os avanços sociais, políticos e econômicos. Também identificaremos as compe- tências da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. 10 Não pode faltar Historicamente, ao observarmos a educação no Brasil, percebemos que houve mudanças significativas em relação à gestão educacional. Isso não necessariamente quer dizer que tais mudanças geraram melhorias nos resultados de aprendizagem ou a realização de um projeto de excelência em educação. Pelo contrário, os resultados existentes demonstram claramente que a gestão tem sido ineficaz. Ao longo das décadas, a gestão da educação brasileira tem sido feita de diversas formas e por diversas lideranças, com pensamentos e propostas políticas e ideológicas adversas, muitas vezes demonstrando uma fragmen- tação entre os entes federativos e uma descontinuidade de projetos, programas e políticas públicas. Vamos compreender, então, o percurso da educação brasileira sob a óptica da gestão. Antes da chegada dos portugueses no Brasil, em 1500, a educação dos povos indígenas acontecia de maneira informal, no núcleo familiar, onde havia a transferência de conhecimentos dos mais velhos para os mais novos, tanto para homens como para mulheres (GHIRALDELLI, 2009). Com o início da colonização, surgiu então a sistematização da educação por meio da metodologia de gestão dos jesuítas. Eles chegaram ao Brasil e construíram suas escolas, as quais foram chamadas de “Casas de Bê-á-bá”, onde inicialmente os índios eram educados. Com o passar dos anos, os filhos dos senhores de engenho também tiveram uma educação formal nesses locais. Essa educação se resumia a ensinar a ler, escrever e catequizar no catolicismo. Às mulheres era negado o acesso à escola formal (LOPES, 2011). Exemplificando Segundo Lopes (2011, p. 44): “O que as letras fazem estudar? O Ratio Studiorum, que organizava os estudos da Companhia, estabelecia em pormenores o currículo do colégio. A Gramática Média; a Gramática Superior; as Humanidades; a Retórica. Havia ainda a Filosofia e a Teologia para quem se preparasse para o sacerdócio”. Os jesuítas administraram a educação brasileira entre os séculos 16 e 18, implantando diversos colégios pelo território e catequizando os índios com os quais tinham contato. 11 Figura 1.1 | Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo. Retrata a ação jesuíta no Brasil em seu período colonial. Localizado em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul Fonte: https://pixabay.com/pt/miss%C3%B5es-jesu%C3%ADtas-jesu%C3%ADticas-2437957/. Acesso em: 22 out. 2017. Com a expulsão dos jesuítas após a reforma pombalina empreendida por Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777, toda a estrutura e o sistema de ensino então vigente foram desmontados em um processo que levou cerca de 30 anos para se efetivar. A partir de então, paliativamente foram instituídas as Aulas Régias, ministradas por professores contratados para essa finalidade. Elas deveriam substituir o ensino dos extintos colégios, principalmente para a parcela da população que daria continuidade aos estudos na Europa (XAVIER; RIBEIRO; NORONHA, 1994). Tal medida, contudo, não garantiu a expansão das escolas brasileiras, especialmente se for considerada a demanda da população, que até então havia se favorecido do ensino jesuíta. Até que fosse feita a transição dos jesuítas para a proposta do governo, as famílias abastadas contratavam professores particulares para os seus filhos. Diante desse contexto, a Coroa Portuguesa interveio no ensino da Colônia e houve a oferta de aulas apenas para homens. Essas aulas eram ministradas por professores, em casa, os quais, na verdade, eram pessoas que demonstravam certo conhecimento dos conteúdos exigidos, como escrita, humanidades e cálculos. Havia uma insatisfação quanto aos salários, pois eles eram pagos (quando isso acontecia) de acordo com o nível de ensino em que atuavam. A gestão do trabalho desses professores, no tocante à atribuição das aulas, conteúdos e salários, era realizada por inspetores determinados pelo governo vigente (LOPES, 2011). https://pixabay.com/pt/miss%C3%B5es-jesu%C3%ADtas-jesu%C3%ADticas-2437957/ 12 Pesquise mais Para saber mais sobre como era feita a educação das mulheres no período colonial, leia o texto “Mulheres educadas na Colônia”, de Arilda Inês Miranda Ribeiro. Ele está disponível nas páginas 79 a 90 do livro a seguir: TEIXEIRA, Eliane Marta et al. 500 anos de educação no Brasil. 5. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. Em 1808, com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, o Rio de Janeiro passou a ser a sede do reino português, e, com D. João VI no país, era neces- sário promover melhorias na educação para que de fato houvesse uma Corte. No Império, o ensino foi estruturado em três níveis: primário, secundário e superior. Também aconteceram diversas tentativas de sistematizar a educação brasileira, desde trazer modelos existentes na Europa até determinar outros formatos por meio de leis. A Corte retornou para Portugal em 1821, mas D. Pedro I permaneceu no Brasil como príncipe regente. Em 1822 ocorreu a Independência do Brasil e em 1824 foi promulgada a primeira Constituição do país, na qual foi estabe- lecida a gratuidade da educação para todos os brasileiros. A partir de então, foram criadas as Escolas de Primeiras Letras pelo país, mas, apesar disso, o sistema educacional avançou a passos lentos devido à falta de alunos, porque as famílias não enviavam seus filhos para as escolas após terem aprendido a ler, escrever e calcular, pois precisavam deles para o trabalho rural, que era a base da economia do país (ARANHA, 2006). Figura 1.2 | O Colégio Pedro II é uma das instituições mais antigas de ensino básico do Brasil, com mais de 180 anos de fundação. Está localizadona Avenida Marechal Floriano, no centro do Rio de Janeiro-RJ Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Pedro_II#/media/File:Col%C3%A9gio_Pedro_II_-_Rio_ de_Janeiro.jpg. Acesso em: 22 out. 2017. 13 Houve dois destaques nesse período. O primeiro deles foi a criação do Colégio Pedro II como modelo de escola de ensino secundário, mas que se tornou uma instituição que preparava os alunos para a universidade. O outro destaque foi a Reforma Leôncio de Carvalho, em 1879, que instituiu a liber- dade de ensino, em que o aluno podia aprender com quem desejasse e depois se submetia às provas das escolas autorizadas. Reflita Segundo Ghiraldelli (2009, p. 30), “O ensino brasileiro deixou de ser um projeto educacional público e se tornou um sistema de exames, deixando vestígios até na atualidade como no caso da incapacidade que temos de fazer o ensino secundário funcionar sem o parâmetro dado pelos exames vestibulares”. Com a Proclamação da República em 1889, o ensino público se tornou um direito dos cidadãos e um dever do Estado. Porém, com a desorgani- zação política e social ainda presente, surgiram diversas formas de organizar as escolas como grupos escolares, em que as crianças eram divididas por série e idade. As pessoas mais letradas tornavam-se professores e depois a elas era proporcionado o acesso às Escolas Normais para que pudessem aprimorar a forma de ensinar. Os educadores que davam aula para as crianças que cursavam o primário eram todas mulheres, as quais, por sua vez, ganhavam menos que os homens. Aos homens cabia as funções de educar os alunos maiores e de dirigir as escolas construídas. Nas zonas rurais, apesar de bem povoadas, as escolas eram escassas; no entanto, quando existiam, ofereciam apenas uma turma, com alunos de diversas idades (LOPES, 2011). Ao avançarmos no tempo para o século XX veremos que, na década de 1920, a educação para todos tornou-se um lema da escola, cuja pretensão era ser pública, laica e gratuita. Porém, essa escola não conseguiu alcançar a população cujo índice de analfabetismo chegava a 80%. Assimile Ao longo do tempo, o Brasil tem procurado acabar com o alto índice de analfabetismo, criando programas como Mobral, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Brasil Alfabetizado. Porém, por falta de continuidade, investimentos e vontade política, ainda há um número expressivo de analfabetos no país. 14 Em 1932, Anísio Teixeira e outros educadores lançaram o Manifesto dos Pioneiros da Educação, que apontava os caminhos que a educação deveria seguir para que o Brasil alcançasse a modernidade, em uma perspectiva de defesa de uma escola que fosse única, pública, laica, obrigatória e gratuita (MEC, 2017). Mesmo com a Proclamação da República em 1889, o Brasil não conseguiu instituir uma política educacional que atendesse às demandas exigidas pelo contexto social do período. Os estados obtiveram grande autonomia com o regime federativo a partir da República, o que permitiu que institucionalizassem a escola primária. Contudo, isso ocorreu de forma muito característica dentro de cada estado, tendo em vista as diferenças socioeconômicas e culturais de cada região (VIEIRA, 2006). A Constituição de 1934 determinou que a educação era um direito de todos e dever do poder público, mas ainda estava ligada às crenças religiosas das famílias. Nesse período, surgiu então a escola pública com até cinco ou mais salas de aula, divididas em Primário, Ginásio e Colegial. No Primário, as aulas eram ministradas por professoras a turmas mistas com meninos e meninas. Já no Ginásio e Colegial, as aulas eram ministradas pelos homens a turmas separadas de homens e mulheres. Reflita A escola em que você estudou durante a Educação Básica difere muito da escola projetada pela Constituição Federal de 1934? Em 1948, começou-se a pensar em uma lei de âmbito federal que indicasse as diretrizes para a educação do país, a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), que de fato só foi aprovada em 1961, pois os interesses das escolas privadas, dos pensadores da educação e dos políticos precisavam ser contemplados por meio de verbas governamentais para escolas privadas, manutenção do ensino religioso católico e uma diversidade de propostas curriculares (VEIGA, 2007). Reflita “Não pode ser uma escola de tempo parcial, nem uma escola somente de letras, nem uma escola de iniciação intelectual, mas uma escola sobretudo prática, de iniciação ao trabalho, de formação de hábitos de pensar, hábitos de fazer, hábitos de trabalhar e hábitos de conviver e parti- cipar em uma sociedade democrática, cujo soberano é o próprio cidadão”. (TEIXEIRA, 1994, p. 63) 15 Podemos dizer que esse ainda é um discurso atual na educação brasileira? O Ministério da Educação e Cultura (MEC) foi instituído em 1953, quando se desvinculou do Ministério da Saúde. Até 1960, ele era um órgão bastante centralizador, determinando a forma como deveria ser a educação nos estados, municípios, territórios e Distrito Federal. Em 1961, com a aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 4.024/1960, ocorreu uma descentralização do MEC, e, com isso, houve um ganho de autonomia das esferas administrativas no que diz respeito à gestão da educação, principalmente no âmbito estadual. Em 1964, com o início do regime militar, estabeleceu-se a obrigatoriedade da educação voltada para a profissionalização, que foi revogada na década de 1970, e a gestão do ensino de 1º grau foi transferida para os municípios. A segunda LDB, aprovada em 1971, determinava o ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos, com um currículo comum para o primeiro e segundo graus e uma parte diversificada para atender às diferenças regionais (BRASIL, 2017). Com o término do regime militar, iniciou-se a elaboração da nova Constituição Federal, aprovada em 1988, que estabeleceu a educação como direito de todos, independentemente da idade. Devido à necessidade de mais investimentos em educação, definiu-se a vinculação de recursos para a educação, determinando a aplicação de 25% da receita dos impostos arreca- dados pelos municípios e estados e 18% pela União. Assimile Ao discorrermos sobre vinculação de recursos para a educação, estamos falando da determinação governamental de se locar um percentual mínimo obrigatório para a manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e modalidades. Em 1995, o MEC passou a ser responsável somente pela educação, não incluindo mais as pastas da cultura e dos esportes. Quem assumiu o minis- tério foi o economista e professor Paulo Renato de Souza, que, de 1995 a 2002, liderou a implementação de um modelo de gestão na educação brasileira chamado “Revolução Gerenciada”, o qual trazia para o país a cultura de uma gestão sistemática e pensada a curto, médio e longo prazos (SOUZA, 2005). Em 1996, foi promulgada a nova LDB, Lei nº 9.394/1996, que, entre outras questões, determinou que a formação do professor deveria ser feita preferencialmente em curso superior. Ela também estabeleceu que o Ensino Fundamental fosse de responsabilidade dos municípios e que a 16 Educação Infantil passasse a integrar a Educação Básica. Na confluência das reformas, por meio da Lei nº 9.294/1996 foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), um fundo contábil exclusivo para atender à educação, o qual deveria funcionar como um mecanismo de redistribuição de recursos finan- ceiros educacionais para que o Ensino Fundamental contasse com verbas específicas. O cálculo dessas verbas era fundamentado no número de alunos matriculados por município, de acordo com o Censo Escolar do ano anterior ao do repasse dos recursos. Em linhas gerais, o Fundef trouxe benefícios, como a diminuição da diferença do custo por aluno entre os governos estaduais e municipais, além de ter impactado a remuneração docente em regiões cujos salários eram diminutos. Por meioda obrigatoriedade da formação de Conselhos de Acompanhamento e Controle, aumentou a transparência do financiamento e diminuiu os desvios das verbas vinculadas (MONLEVADE, [s.d]). Por outro lado, como os recursos do Fundef abrangiam o Ensino Fundamental e deixavam de fora a Educação Infantil e o Ensino Médio, isso desencadeou uma dificuldade operacional na gestão das escolas, porque as instituições que ofertavam outros níveis de ensino (Educação Infantil ou Ensino Médio) não recebiam recursos que às atendessem. Isso gerou uma situação difícil para o gestor escolar, afinal, como atender alguns alunos com o que era preciso e outros não? Tendo em vista o impacto das medidas empre- endidas pelo ministro Paulo Renato na educação brasileira, cabe destacar algumas providências por ele determinadas, tais como: • Reforma do Ensino Médio: nova proposta curricular em que o ensino profissionalizante passa a ser complementar ao Ensino Médio, e não mais uma modalidade de ensino. • Gestão colegiada: reuniões sistemáticas com lideranças do ministério para validar metas, monitorar resultados e planejar avanços. • Fortalecimento das parcerias público-privadas: implantação dos programas Acorda, Brasil. Está na hora da escola!; Comunidade Solidária; e Alfabetização Solidária. • Programa Bolsa Escola Federal: visa assegurar a crianças socialmente vulneráveis sua permanência na escola e erradicar o trabalho infantil. • Qualidade na Educação Básica: avaliação do livro didático, munici- palização da merenda escolar, definição de parâmetros curriculares nacionais, criação da TV Escola, Programa Dinheiro Direto na Escola, Programa Aceleração Escolar. 17 • Sistema Avaliação Educacional: criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), participação do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Exemplificando Na página do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) você encontra informações sobre o PISA e dados que exemplificam a importância da participação brasileira no programa para a melhoria das práticas e dos processos de aprendizagem. • Sistema de informações: revitalização do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que se tornou desde então gestor e guardião dos dados educacionais de todo o país. • Provão: avaliação do Ensino Superior para que ele se tornasse maior, melhor e mais competitivo. Em 2005, foi criada a Prova Brasil, com o objetivo de avaliar a Educação Básica em suas séries finais nas disciplinas de Matemática e Português e complementar o Saeb. Já em 2007, com a criação do Índice da Educação Básica (Ideb), ela passou a ser um de seus componentes. Desde então o Ideb tem a finalidade de medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino. Em 2007, com o término do período de vigência do Fundef, esse mecanismo transitou para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, com vigência prevista de 2007 a 2020, cujo objetivo é ampliar os recursos para todos os níveis de escola- ridade, aumentar o acesso às escolas e melhorar os índices nas avaliações externas. Também foi criado o programa Mais Educação, com o objetivo de ampliar a carga horária dos alunos nas escolas. Saiba mais A principal diferença entre o Fundef e o Fundeb era que o primeiro só contemplava o Ensino Fundamental, já o segundo ampliou o atendi- mento para a Educação Infantil e o Ensino Médio, contemplando assim toda a Educação Básica. 18 Aprovado em 2014, o Plano Nacional da Educação (PNE) apresenta 20 metas desafiadoras que vêm como um norte para a educação pública brasi- leira. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que começou a ser discutida em 1998, teve sua versão final entregue ao Conselho Nacional de Educação (CNE) em abril de 2017 e foi aprovada em dezembro desse mesmo ano. O CNE deu os devidos encaminhamentos, entre eles a implementação da Base por todas as escolas brasileiras até o início do ano letivo de 2020 e sua revisão de 5 em 5 anos. Exemplificando Um exemplo das questões a serem pensadas sobre o Ensino Médio pode ser vistas no filme Nunca me Sonharam, do Instituto Unibanco. É importante ressaltar que nos últimos anos a educação brasileira tem avançado devido à cobrança e participação ativa dos brasileiros, afinal, como bem diz o Movimento Todos pela Educação, “uma única criança sem educação de qualidade é uma derrota para toda a nação”. Sem medo de errar Sabemos que no Brasil, a cada eleição realizada, seja em nível federal, estadual ou municipal, ocorre uma ruptura em práticas e processos imple- mentados na educação. Isso acontece porque as lideranças políticas eleitas, ao verificarem as políticas públicas implementadas no governo anterior, quase sempre determinam a descontinuidade delas para não caracterizar perda de poder ou vulnerabilidade na gestão, demonstrando, assim, que se conti- nuar com algo que está dando certo do governo anterior estará validando um projeto político que não é seu. Vimos que essa postura acontece desde a saída dos jesuítas, quando a vontade política foi começar uma nova proposta de educação para o país sem considerar os pontos fortes dessa gestão educa- cional. E assim tem acontecido sucessivamente ao longo do tempo nas diversas esferas políticas. Quem perde com isso é o cidadão brasileiro, que ao longo de sua traje- tória educacional vivencia inúmeras políticas públicas educacionais, na maioria das vezes fragmentadas, episódicas e não sistematizadas, longe de se tornar políticas de Estado, em que independentemente do governo há a continuidade do que está dando certo. Na disciplina Gestão Educacional você compreenderá que é preciso garantir uma gestão eficaz, sistemática e eficiente em cada esfera educacional, 19 por meio do fortalecimento do papel das lideranças, da sistematização de boas práticas e do monitoramento dos resultados. Ao imaginar a situação-problema vivenciada por Marieta, a nova secre- tária de educação de Maracatu, você perceberá que essa é uma questão recor- rente na prática profissional de todos os gestores de Secretarias de Educação ou de escolas, pois, ao tomarem posse, seja por eleição ou indicação política, e receberem as chaves e o CNPJ da instituição, não sabem o que fazer com os domínios e acessos recebidos, visto que muitas vezes anteriormente ocupavam outro papel muito diferente na escola ou secretaria. Para solucionar a situação-problema vivenciada por Marieta, sugere-se que ela tenha um olhar especial para toda a cidade e a perceba como um território educativo, cujos estudantes (crianças e jovens) podem frequentar escolas municipais, estaduais ou privadas. É preciso que o aluno, foco da razão de ser de todo ensino-aprendizagem, seja o norte para a definição de todas as ações a serem implantadas e executadas no município. Assim, é fundamental que Marieta conheça as responsabilidades de cada ente federativo, atue fortemente na realização das competências que lhe são cabíveis enquanto liderança municipal e busque uma “sintonia fina” com as demais redes, para que, juntas, possam implementar ações em comum, como o calendário escolar único e o fortalecimento de parcerias. Avançando na prática Organizando a gestão de uma Secretaria de Educação observando a LDB Imagine uma situação em que você é um dos pedagogos que fazem parte, junto a Marieta, da equipe de liderança da rede municipal de educação de Maracatu. Seu desafio é atender à Meta Operacional das “Diretrizes Estratégicas da Secretaria de Educação” para o próximo ano, que é ampliar o acesso à Educação Infantil na rede municipal. Observando o que determina a LDB, aponte qual processo ou prática deve ser implementado nas escolasque receberão turmas de Educação Infantil. Resolução da situação-problema Para atender à referida meta, as ações a serem implementadas devem ser: 20 1. Levantar, junto ao setor responsável da SME, a relação de alunos de 4 e 5 anos que não conseguiram ser matriculados na cidade. 2. Organizar listas de alunos por turma e proximidade entre a residência do aluno e o endereço das escolas. 3. Orientar as escolas na organização da Educação Infantil, observando as seguintes regras: • Avaliação mediante o acompanhamento e o registro do desenvolvi- mento das crianças, sem o objetivo de promoção. • Carga horária mínima anual de 800 horas, distribuídas em no mínimo 200 dias letivos. • Atendimento à criança de, no mínimo, 4 horas diárias em turno parcial. • Frequência mínima de 60% do total de horas. • Expedição de documento que permita atestar os processos de desen- volvimento e aprendizagem da criança. Faça valer a pena 1. O Fundeb é um importante fundo para investimentos na educação que é distribuído para as redes municipais e estaduais de ensino de acordo com o número de alunos matriculados. É um grande avanço na busca de uma educação de qualidade. A quem se destina o Fundeb? a. A escolas públicas e conveniadas de estados, municípios e do Distrito Federal. b. A escolas públicas de estados e municípios. c. A escolas públicas, com exceção das conveniadas, de estados, municí- pios e do Distrito Federal. d. A escolas públicas, com exceção daquelas presentes no Distrito Federal. e. A escolas públicas e particulares de estados, municípios e do Distrito Federal. 21 2. Conforme Título IV da LDB, que trata da organização da Educação Nacional, o artigo 8º ressalta: “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino”. Entende-se por organização em regime de colaboração: a. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios executam as mesmas ações conjuntamente. b. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios articulam os diferentes níveis e sistemas de ensino em uma mesma direção. c. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios articulam suas demandas com base nas responsabilidades de cada ente federativo, promovendo a gestão e a operacionalização da educação no local onde ela se realiza. d. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios fazem a organização e coordenação para aplicar o Fundeb. e. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios definem, em conjunto, a forma de atuação de cada ente federativo. 3. Desde os anos 1990, percebe-se no Brasil uma intencionalidade na busca de uma política pública de gestão alinhada com uma regulação eficaz e eficiente de educação no país. São fatores determinantes para que de fato aconteça uma educação de quali- dade e com equidade para todas as crianças e os jovens brasileiros: a. Vontade política e aplicação da legislação vigente. b. Vontade política, cumprimento da LDB e valorização do professor. c. Gestão pública eficaz e aplicação correta dos investimentos. d. Vontade política, aplicação eficaz e eficiente dos recursos públicos, monitoramento constante da sociedade e gestão interdependente entre os entes federativos. e. Vontade política, gestão independente entre os entes federativos e uma gestão pública eficaz e eficiente. 22 Seção 2 Sistema educacional brasileiro Diálogo aberto Imagine que você, já graduado, assuma um papel em uma instituição escolar. Para saber como atuar, fazer melhor, investir na forma certa de realizar projetos e práticas exitosas, é preciso que você saiba como é formado o sistema educacional brasileiro. Qual é sua estrutura? Quais são os níveis e as modali- dades de ensino? Há um sistema nacional de educação? O que propõe o Plano Nacional de Educação? Qual será o seu espaço para atuar na rede? Pensando nisso, convidamos você a refletir sobre a seguinte situação-pro- blema: você já conhece Marieta e sabe que ela é uma pedagoga experiente que assumiu o cargo de secretária de educação no município de Maracatu. No momento, ela está traçando seu plano de trabalho e já fez o levantamento do perfil da rede municipal, estadual e privada do município. Conhece a clien- tela que cada uma dessas redes atende, a responsabilidade de cada uma na educação do município e como os alunos da cidade transitam nesse grande território educativo. Com essas informações coletadas, Marieta pretende traçar um plano de ação para atender às metas do Plano Nacional de Educação (PNE) para o município nas três esferas de atendimento, mas levando em consideração seu poder de atuação e sua competência operacional. Quais metas ela deve focalizar? Quais dessas metas precisam ser acompanhadas e monitoradas nos níveis federal e estadual? De quais metas ela será guardiã para que de fato sejam alcançadas na cidade? Nesta seção, vamos estudar como é formado o sistema educacional brasi- leiro, os níveis e as modalidades de ensino ofertados para a Educação Básica, as metas de seu Plano Nacional de Educação e como opera esse sistema em nível territorial em um país tão grande e com tantas singularidades regionais. Não pode faltar A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, são norteadoras da educação, fazendo que os sistemas União, Estados, Distrito Federal e municípios alinhem suas forças individuais na direção do mesmo foco, ou seja, todos empenhados 23 para conquistar o elevado desempenho de cada aluno. A partir desses dois documentos, vamos entender um pouco mais sobre a nossa educação. O sistema educacional brasileiro se organiza em três esferas distintas: federal, estadual e municipal. A cada uma cabe organizar os sistemas e as instituições educacionais que administra. O ensino é estruturado em Educação Básica e Ensino Superior, e ambos são oferecidos pelas redes de ensino federal, estadual, municipal e privada em todo o território nacional, sendo que a Educação Básica tem sua maior parcela de alunos nas redes públicas, enquanto no Ensino Superior a maior concentração de alunos está na rede privada. O Ensino Superior é composto por Graduação (bacharelado, licen- ciatura e formação tecnológica) e Pós-Graduação (especialização, MBA, mestrado e doutorado). Confira, a seguir, as etapas e modalidades de ensino da Educação Básica. Figura 1.3 | Etapas da Educação Básica Fonte: elaborada pela autora. 24 Quadro 1.1 | Modalidades da Educação Básica Fonte: elaborado pela autora. 25 Exemplificando Uma boa prática sobre a Educação no Campo é feita pelo Programa Escolas Rurais Conectadas, da Fundação Telefônica | Brasil. Sendo a estrutura da educação brasileira constituída por sistemas, níveis, etapas e modalidades de ensino, faz-se necessário realizar algumas ações importantes, como o Plano Nacional de Educação (PNE), com vigência de 10 anos e, portanto, o primeiro a contemplar mais de uma gestão gover- namental. Para chegar a ele, desde 2010 houve uma ampla discussão com todas as Partes Interessadas, tais como setores governamentais, educacionais, empresariais, sociais e sociedade civil. Assimile O PNE tem como finalidade direcionar esforços e investimentos para a melhoria da qualidade da educação no país, sendo o articulador do sistema nacional de educação. Esse plano define metas e estratégias que devem nortear a União, os estados, o Distrito Federal e os municí- pios, alinhados entre si para a definição dos rumos da educação. Cada município, estado e Distrito Federal deve construir seu plano de forma alinhada ao PNE. O PNE tem 20 metas, as quais são divididas em seis grupos: Grupo 1: estruturantes para a garantia do direito à Educação Básica com qualidade (Metas 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10 e 11). São metas que dizem respeito ao acesso à escola, à universalização da alfabetização e à ampliação da escola- ridade e das oportunidades educacionais. Esse grupodefende a importância do investimento na Educação Infantil, a garantia do acesso de crianças e jovens de 6 a 17 anos aos ensinos fundamental, médio e profissional, bem como a melhoria da qualidade da aprendizagem educacional. Quadro 1.2 | Garantia do direito à Educação Básica com qualidade Meta Tema O que pretende 1 Educação Infantil Universalizar, até 2016, a Educação Infantil na Pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de Educação Infan- til em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE. 26 2 Ensino Fundamental Universalizar o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quator- ze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. 3 Ensino Médio Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85% (oitenta e cinco por cento). 5 Alfabetização infantil Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do Ensino Fundamental. 6 Educação integral Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas pú- blicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos alunos da Educação Básica. 7 Qualidade da Educação Básica / Ideb Fomentar a qualidade da Educação Básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as se- guintes médias nacionais para o Ideb: 6,0 nos anos iniciais do Ensino Fundamental; 5,5 nos anos finais do Ensino Fundamental; 5,2 no Ensino Médio (Média 6 do Ideb). 9 Alfabetização de Jovens e Adultos Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabe- tismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional. 10 EJA integrada Oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de Educação de Jovens e Adultos, nos ensinos Fundamental e Médio, na forma inte- grada à educação profissional. 11 Educação profissional Triplicar as matrículas da Educação Profissional Técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf 27 Grupo 2: redução da desigualdade e valorização da diversidade (Metas 4 e 8). São metas que oportunizam a equidade, em que os sistemas educacio- nais devem ser inclusivos, atendendo às pessoas com diversas necessidades especiais de aprendizagem, o que pode ser oferecido em redes públicas de ensino ou em escolas conveniadas de serviços especializados. Quadro 1.3 | Redução das desigualdades e valorização da diversidade 4 Inclusão Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação, o acesso à Educação Básica e ao atendimento educacional especializado, preferen- cialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de re- cursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. 8 Elevação da escolarida-de/diversidade Elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcan- çar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. Grupo 3: valorização dos profissionais da educação (Metas 15, 16, 17 e 18). São metas consideradas estratégicas para que as metas anteriores sejam alcançadas. Portanto, é preciso investir fortemente nos profissionais da educação, de forma que eles tenham o perfil necessário à melhoria da quali- dade da Educação Básica pública. Quadro 1.4 | Valorização dos profissionais da educação 15 Profissionais de educação Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, as- segurado que todos os professores e as professoras da Educação Básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf 28 16 Formação Formar, em nível de Pós-Graduação, 50% (cinquen- ta por cento) dos professores da Educação Básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da Educação Básica formação continuada em sua área de atuação, con- siderando as necessidades, demandas e contextuali- zações dos sistemas de ensino. 17 Valorização dos profis-sionais do magistério Valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de Educação Básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE. 18 Planos de carreira Assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de carreira para os(as) profissionais da Educação Básica e Superior pública de todos os sis- temas de ensino e, para o plano de carreira dos(as) profissionais da Educação Básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissio- nal, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. Grupo 4: Ensino Superior (Metas 12, 13 e 14). São metas que não se referem à Educação Básica, mas, sim, ao Ensino Superior, cuja respon- sabilidade cabe aos governos federal e estaduais. Por ser o local onde os professores da Educação Básica são formados, é preciso que ocorra um investimento focado no aumento do acesso à Graduação e na ampliação da pesquisa educacional. Quadro 1.5 | Ensino Superior 12 Educação Superior Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Supe- rior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas no segmento público. http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf 29 13 Qualidade da Educação Superior Elevar a qualidade da Educação Superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docen- te em efetivo exercício no conjunto do sistema de Educação Superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores. 14 Pós-Graduação Elevar gradualmente o número de matrículas na Pós-Graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000(vinte e cinco mil) doutores. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. Grupo 5: Gestão (Meta 19). Meta que determina a efetivação da gestão democrática, por meio da implementação de conselhos municipais de educação, conselhos de administração das verbas da educação, colegiados escolares e participação ativa da comunidade escolar nas instituições escolares. Quadro 1.6 | Gestão democrática 19 Gestão democrática Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da edu- cação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. Grupo 6: Investimentos (Meta 20). Meta que ressalta a importância do investimento público para que todas as demais metas sejam realizadas satisfa- toriamente. São investimentos feitos por meio do público total em proporção do PIB, o investimento público direto em proporção do PIB e o investimento público direto por aluno. Quadro 1.7 | Investimentos 20 Financiamento da educação Ampliar o investimento público em educação pú- blica de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto (PIB) do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf 30 Pesquise mais Para saber mais sobre o PNE, leia o texto: BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a próxima década: conhe- cendo as 20 metas do Plano Nacional de Educação. Brasília: MEC, 2014. Ao considerarmos todas as diferenças regionais em um país tão grande como o Brasil, faz-se necessário pensar em um Sistema Nacional de Educação (SNE). Segundo o professor Jamil Cury, o SNE foi previsto na Constituição Brasileira na Emenda 59 de 2009. Mas em que ele consiste? Desde 1932, com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, já se falava na necessidade de a educação brasileira ser de fato um sistema. Em 2010, a Conferência Nacional de Educação (CONAE) estabeleceu que instituir um Sistema Nacional de Educação é agenda obrigatória para o país. Reflita Em um país de grandes dimensões como o Brasil, qual é a importância de se estabelecer um Sistema Nacional de Educação? Alguns tentam comparar esse sistema com o Sistema Único de Saúde, que desde 1988, de norte a sul do país, tem os mesmos procedimentos para as demandas necessárias, sendo um sistema hierarquizado, com normas, padrões e protocolos. Porém, não devemos adotar o mesmo modelo, pois a educação tem especificidades em sua atuação. Assim, o Sistema Nacional de Educação não pode ser hierarquizado, pois diversos sistemas o compõem, como o federal, estadual e municipal, tem peculiaridades que devem formar um conjunto coeso que realiza a educação brasileira buscando atuar de forma interdependente, colaborativa e equitativa. A Lei nº 13.005/2014 estabeleceu em seu artigo 13 que: O poder público deverá instituir, em lei específica, contados 2 (dois) anos da publicação dessa Lei, o sistema Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de educação. (BRASIL, 2014, [s.p.]) 31 Urge cumpri-la, pois, como afirma o documento da secretaria de articu- lação com os sistemas de ensino − SASE/ME: A ausência de um SNE tem resultado em graves fragilidades para a educação nacional, como a ausência de referências nacionais de qualidade capazes de orientar a ação supletiva para a busca da equidade, a descontinuidade de ações, a fragmentação de programas e a fata de articulação entre as esferas de governo. Esses fatores não contribuem para a superação das históricas desigualdades econômicas e sociais do país. (BRASIL, 2015, [s.d.]) Por fim, procure saber se o SNE já foi aprovado, em qual data e se já está sendo cumprido. Sem medo de errar Um profissional da educação no exercício de sua função em uma rede pública de ensino precisa estar atento à legislação vigente da área em que atua. Necessita conhecer qual é a proposta da União sobre a questão a ser executada por ele e qual a orientação e a interpretação que a rede de ensino em que atua define sobre o tema a ser trabalhado. Dessa forma, ele será capaz de garantir o alinhamento dos sistemas e o desdobramento das práticas e dos processos trabalhados. É o fazer certo de forma certa. Na situação-problema proposta, Marieta, como secretária de educação do município de Maracatu e enquanto líder visionária, deve pensar a sua cidade como um grande território educativo, de modo que as redes munici- pais e estaduais comunguem uma proposta de alinhamento educacional que permita ao aluno/cidadão transitar de uma rede a outra, de uma escola a outra, sem perdas na qualidade de sua aprendizagem. Portanto, Marieta deve centralizar esforços em seu Plano de Ação no que diz respeito ao acompanhamento das 20 metas propostas no PNE. De modo especial, deve tomar para si a determinação de, enquanto gestora, investir amplamente no cumprimento das Metas 1 a 10, 15, 17, 18. 32 Avançando na prática Metas do PNE em ação Marieta, ao terminar seu Plano de Ação para acompanhamento das 20 metas do PNE no município em que é secretária de educação, percebeu a necessidade de intensificar o monitoramento e o cumprimento das metas. O que ela pode fazer para envolver sua equipe, otimizar tempo e garantir resultados satisfatórios? Resolução da situação-problema Marieta pode convidar um representante da rede estadual, da rede privada, do Conselho de Educação do município e do Conselho de Acompanhamento do Fundeb, um professor e um diretor de escola para juntos formarem um Time de Meta (TM) para monitorar e investir fortemente em cada uma das metas, melhorando assim seu desempenho e seus resultados. Eles podem se reunir bimestralmente para fazer a avaliação do painel de gestão das metas e estabelecer os próximos passos. Faça valer a pena 1. Na aprovação do PNE, alguns grandes pensadores da educação brasileira disseram que o Plano resultou em uma enorme “lista de Papai Noel”, pois não se muda a sociedade com planos grandiosos e metas genéricas. Por outro lado, outros afirmaram que as 20 metas propostas são as urgências mínimas a serem garantidas para a educação do Brasil em uma década. Qual é a importância do PNE para a evolução da educação no Brasil? a. Garantir a articulação entre os entes federativos na melhoria e organi- cidade da educação nacional. b. Prever o percentual do Produto Interno Bruto (PIB). c. Focar na aprendizagem. d. Apontar alternativas de atuação nas redes públicas de ensino. e. Canalizar as ações a serem feitas nas salas de aula. 33 2. Os dados mostram que há uma grande evasão dos alunos depois que terminam o Ensino Fundamental II. Muitos alunos não veem sentido nessa nova fase por entenderem “que é mais do mesmo”; outros precisam traba- lhar; e alguns outros não têm como projeto de vida a continuidade de seus estudos. Os que conseguem seguir em frente, ao concluir o Ensino Médio, não enxergam perspectiva de continuidade. Diante disso, que resultado a nação obtém com essa ruptura no processo de ensino de um cidadão? a. Mais vagas sobrando nas escolasestaduais e federais. b. Aumento de trabalhadores na área de serviços. c. Falta de perspectiva a curto, médio e longo prazo. d. Aumento acentuado na desigualdade social e maior necessidade de investimentos públicos. e. Aumento de impostos. 3. O Sistema Nacional de Educação deve fixar normas da cooperação federativa entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. O que cabe à União fazer na cooperação federativa proposta no PNE? a. Determinar propostas de atuação. b. Estabelecer pactos operacionais, normatizando as diretrizes e bases da educação, investindo no desenvolvimento das pessoas e na melhoria das práticas de ensino. c. Garantir a aplicação dos recursos públicos em educação, assegurando o padrão de qualidade e equidade, bem como o fortalecimento de parcerias internas e externas na articulação dos diferentes níveis e sistemas de educação. d. Normatizar as diretrizes e bases da educação, garantindo a aplicação eficaz e eficiente dos recursos públicos em educação e a melhoria dos resultados de aprendizagem. e. Coordenar a política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas de educação, exercendo função normativa, distribu- tiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. 34 Seção 3 Gestão do currículo Diálogo aberto Em um país com um território tão grande e com uma população tão diversificada como o Brasil, é necessário garantir que o currículo tenha uma sinergia entre o que será ensinado em cada “cantinho” do país e o seu todo, oportunizando, assim, uma base comum curricular alinhada com a apren- dizagem dos saberes específicos locais. Dessa forma, é possível garantir com equidade o direito de aprendizagem a todos os alunos. Com base nesse contexto, vamos refletir sobre a seguinte situação-pro- blema: Miguel, Anna e Teresa são os coordenadores da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II, respectivamente. Junto a Marieta, secretária de educação, formam a liderança da rede municipal de ensino na cidade de Maracatu. No plano de trabalho deles, está previsto que, uma vez ao ano, o currículo trabalhado nas escolas municipais seja minuciosamente revisto. Considerando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os temas transversais a serem abordados, quais cuidados devem ser tomados para que o currículo não se torne um texto vazio e desconexo? Nesta seção, estudaremos os documentos disponibilizados pelo Ministério da Educação para a formulação do currículo de estados, Distrito Federal, municípios e escolas. Também compreenderemos como é feita a interseção entre esses documentos, de forma a agregar mais valor ao trabalho de ensino- -aprendizagem realizado nas escolas. Não pode faltar Após a definição de como deve ser um sistema de ensino, sua estrutura e sua organização, é necessário determinar o que os alunos devem aprender. É o que chamamos de currículo, que vem da palavra latina scurrere, um caminho que deve ser percorrido. O currículo é a base que determina o alinhamento de processos e práticas pedagógicas, bem como o desdobramento dessas práticas em níveis e modalidades de ensino. Cabe ao currículo nortear toda a ação de ensino-aprendizagem, contemplando o que deve acontecer desde a Secretaria de Educação até cada sala de aula. Quanto mais unificado o currí- culo, maior a garantia de que os alunos tenham as mesmas oportunidades de aprendizagem, seja em uma escola pública estadual, municipal, federal 35 ou privada. A equidade que tanto desejamos na educação deve começar pela garantia de um currículo comum no território nacional. Assimile Segundo Moreira e Candau (2007, p. 18): “São cinco os pontos que a noção de currículo deve comportar: a lista de conteúdos a serem ensinados e apren- didos; as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos; os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais; os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino; e os processos de avaliação que terminam por influir nos conte- údos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização”. No Brasil, a gestão do currículo é pautada pelos seguintes documentos: Quadro 1.8 | Documentos base para a definição do currículo no Brasil Documento Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) Referenciais Curricula- res (RCN) Temas transversais Base Nacio- nal Comum Curricular (BNCC) O que é Conjunto de princípios, normas, fundamen- tos e proce- dimentos Referências curriculares Subsídios adicionais aos PCN para a Educação Infantil e Educação Profissional de Nível Técnico Conceitos e valores básicos à cidadania Conhe- cimentos e compe- tências essenciais Fonte: Moreira e Candau (2007). Como educadores, o que precisamos saber sobre cada um desses documentos? Qual é a importância deles para nossa atuação profissional como gestores de uma instituição educacional? Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, determinou que a União, em colaboração com os estados, o Distrito federal e os municípios, 36 deveria estabelecer competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, as quais norteariam os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum. Assim, para cumprir tal incumbência, a União e as diversas representativi- dades dos setores público e privado, como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), pesquisadores da área educacional, Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (CONSED), entre outros, definiram as Diretrizes Curriculares Nacionais. Conheça, a seguir, os principais objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais. Figura 1.4 | Objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) Fonte: adaptada de Brasil (2012, p. 7-8). 37 Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais especificam o Projeto Político-Pedagógico e o Regimento Escolar como os elementos constitutivos necessários para sua operacionalização. Também destacam que a avaliação compreende três dimensões básicas: avaliação da aprendizagem, avaliação institucional interna e externa e avaliação de redes de Educação Básica. Assimile Segundo Pacheco (2009, p. 68), “Regimento Escolar é a constituição da escola, onde devem constar as normas gerais que regularão as práticas escolares disciplinares e pedagógicas”. Pesquise mais Saiba mais sobre Projeto Político-Pedagógico (PPP): LOPES, Noêmia. O que é o projeto político-pedagógico. Nova Escola Gestão, 1 dez. 2010. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) podem ser definidos como referenciais de qualidade para a educação brasileira [e] podem ser utilizados em diferentes ações educacionais como entre outras a formação de professores, elaboração de material didático, reelaboração curricular, desenvolvimento de projetos educativos nas escolas (BRASIL, 1997, p. 13). 38 Os PCN são organizados da seguinte forma: Figura 1.5 | Organização dos Parâmetros Curriculares Nacionais Fonte: adaptada de PCN (1997). Assimile Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são referenciais curricu- lares, portanto são diferentes das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que são as leis que orientam como deve ser cada modalidade e nível de ensino. 39 Temas transversais Os temas transversais não estão associados especificamente a nenhuma disciplina, mas atravessam e são pertinentes a todas elas. Referem-se a propostas de temas que estão relacionados à vida cotidiana dos alunos, como: saúde, orientação sexual, pluralidade cultural, meio ambiente e ética. Cabe a cada educador trabalhar esses temas (e outros que também achar convenientes) de forma transversal em sala de aula. Não é um tema que necessita de uma aula específica, a ponto de parar o conteúdo de geografia, porexemplo, para abordá-lo. Por isso, é importante não confundir interdisci- plinaridade com transversalidade. Enquanto a interdisciplinaridade refere-se à forma como as disciplinas integram-se, fazendo que os alunos consigam fazer conexões entre os temas trabalhados, a transversalidade diz respeito à organização do trabalho didático e ao currículo, sistematizando os conheci- mentos adquiridos sobre a realidade e sobre o aprendizado de questões da realidade e que nela refletem. Exemplificando A TV UNIVESP fez um programa para mostrar como os temas transversais podem ser trabalhados nas aulas de Educação Física. Não deixe de conferir! D-19: Educação Física: Temas Transversais. 2012. 1 vídeo (16min02). Publicado pelo canal TV UNIVESP. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Orientada pelos princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e pela LDB, a Base Nacional Comum Curricular normatiza o conjunto de conhecimentos e competências que todos os alunos brasileiros devem construir ao longo das modalidades e etapas da Educação Básica em todas as escolas do país, públicas e privadas. A BNCC oportuniza a equidade do ensino ao oferecer a todos a mesma oportunidade de aprender. Ela não é o currículo. É a base para a construção do currículo a ser trabalhado em cada unidade de ensino, mostrando o que ensinar. Agora, a forma e o como ensinar devem estar no currículo de cada instituição ou sistema educacional. O registro sobre o que ensinar envolve três elementos: verbo (indica a ação que envolve o processo cognitivo), objeto (os conteúdos e conceitos a serem aprendidos) e modificador (informações sobre o contexto da aprendi- zagem esperada). 40 A BNCC foi elaborada com a contribuição de 12 milhões de brasileiros, entre eles estudantes, educadores, pensadores da educação, instituições públicas, privadas etc. As competências gerais da BNCC estão indicadas na Figura 1.6. 41 Figura 1.6 | Competências gerais: BNCC Fonte: Porvir (2017). Disponível em: http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-na-- cional-comum-curricular/. Acesso em: 18 nov. 2017. http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-nacional-comum-curricular/ http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-nacional-comum-curricular/ 42 As competências gerais da BNCC servem de referência para organizar as etapas de ensino da seguinte forma: 1. Educação Infantil: campos de experiências (o eu, o outro e nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; oralidade e escrita; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações) em seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. 2. Ensino Fundamental: áreas do conhecimento (linguagens: Língua Portuguesa, Artes, Educação Física e Língua Inglesa; Matemática; Ciências da Natureza; e Ciências Humanas (Geografia e História)). Reflita Como a gestão pode dispor das definições curriculares para alcançar uma educação de alto desempenho sem recair na aplicação fria da lei sem resultados expressivos? Sem medo de errar Enquanto gestor de uma rede de ensino ou de uma instituição escolar, você será o guardião do currículo a ser trabalhado pelos educadores. A você caberá assegurar o direito de uma aprendizagem de alto desempenho a todos os alunos, observando as competências de aprendizagem definidas para cada ano escolar e em cada etapa de ensino. Você será o garantidor de um trabalho bem realizado por toda a equipe, de forma a evidenciar os melhores resultados. Sabemos que o papel da liderança é fundamental para assegurar e garantir que o processo de ensino-aprendizagem ocorra conforme o planejado. Feitas essas constatações, percebemos que a situação-problema vivenciada pela equipe de liderança da Secretaria de Educação de Maracatu – garantir que o currículo das escolas municipais esteja alinhado com os documentos deter- minados pelo Ministério da Educação, a BNCC e os temas transversais – é um passo importante para o desdobramento e alinhamento de práticas e processos que impactarão nos resultados do município e de cada um de seus alunos. É importante direcionar as formas de atuação da Secretaria e escolas no desenvolvimento profissional de seus educadores, fazendo-os buscar as melhores práticas de ensino, as quais deverão estar alinhadas com o que ensinar, já determinado na proposta curricular de Maracatu. Para que o currículo não vire “uma sopa de letrinhas”, Marieta e os pedagogos que compõem a sua equipe farão uma análise do currículo 43 existente, fazendo um checklist de quais pontos convergem e quais pontos divergem da proposta da BNCC. Em seguida, executarão as seguintes ações: a. Criar um “grupo focal”, formado por educadores atuantes e aposen- tados que sejam referência no município, pais de alunos, alunos e ex-alunos, funcionários, representantes de diversos órgãos públicos, de instituições privadas de ensino, de escolas estaduais, bem como de instituições de ensino superior. Junto a eles, fazer um levantamento sobre o que é preciso garantir no currículo das escolas municipais que devem estar de acordo com as demandas e os interesses locais. b. Marieta vai determinar um “time de meta”, formado por cinco pessoas para fazer a proposta do novo currículo, ajustado à BNCC e tendo também como material de apoio o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da rede municipal, as matrizes de referência das avaliações externas do Ensino Fundamental e bons exemplos de currículos de outros municípios. c. Apresentação da nova proposta de currículo, feita pelo time de meta para Marieta e demais membros da equipe de liderança da Secretaria de Educação, para que eles possam validar, fazer ajustes finos e aprovar o documento final. d. Apresentação do novo currículo a todas as partes interessadas (prefeito, educadores, alunos, funcionários, famílias e comunidade em geral). Para cada público, a estratégia será diferenciada. e. Iniciar a implantação do novo currículo em toda a rede municipal, monitorando-o semanalmente. Avançando na prática Gestão do currículo das turmas do Ensino Fundamental II de uma escola Você é a pedagoga da E. M. Rubem Alves, onde responde pelo trabalho junto aos professores das 6 turmas do Ensino Fundamental II. Após receber as orientações determinadas pela Secretaria de Educação de Maracatu sobre a atualização do currículo considerando a BNCC, escreva o processo e a prática que serão realizados junto aos professores. 44 Resolução da situação-problema 1. Aplicar o “SQA” junto ao grupo de professores sobre o currículo: (S = o que eles sabem? Q = o que eles querem saber? A = o que poderíamos fazer para que eles aprendam melhor?) 2. Analisar as respostas e focar o tema a ser trabalhado no quesito: o que os professores querem saber e aprender a fazer melhor. 3. Realizar uma apresentação em forma de TED (20 minutos) sobre a nova proposta curricular, de forma que todos tenham uma visão holística sobre ela. Saiba mais TED é uma organização internacional cujo lema é apresentar ideias que merecem ser espalhadas. Durante a apresentação, a pessoa fala, convence e emociona a todos em um tempo máximo de 20 minutos. Saiba mais lendo o texto: ANDERSON, Chris. Como arrasar na apresentação. Harvard Business Review, 10 jun. 2013. 4. Dividir os educadores em grupos e fazer o treinamento: • Professores da mesma disciplina podem conhecer juntos a nova proposta para sua disciplina. • Elaboração do plano de ação sobre como será trabalhada a nova proposta curricular. 5. Realizar encontros com os professores divididos por disciplina para que, juntos, possam fazer os ajustes finos na forma como vão traba- lhar o novo currículo. Faça valer a pena 1. Urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino-apren- dizagem no Ensino Fundamental, favorecimento da compreensão da reali- dade e participação social foram os critérios que determinaram a escolhados temas transversais. Eles foram propostos para garantir uma educação orien- tada para o desenvolvimento da dignidade da pessoa humana, da igualdade de direitos, da participação enquanto cidadão atuante e na corresponsabili- dade pela vida social. 45 Saúde e ética são temas transversais. Quais são os outros três? a. Meio ambiente, pluralidade cultural e orientação sexual. b. Globalização, meio ambiente e promoção da igualdade racial. c. Pluralidade cultural, orientação sexual e globalização. d. Promoção da igualdade racial, globalização e meio ambiente. e. Orientação sexual, promoção da igualdade racial e meio ambiente. 2. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz a estrutura geral a ser trabalhada em cada escola pública ou privada do território nacional. Ela não é currículo, é o mínimo de competências a serem trabalhadas. Cabe a cada rede de ensino desenvolver a parte diversificada do currículo, observando as questões que lhe são pertinentes na região onde está situada, bem como as modalidades e etapas de ensino que atende. Qual é o propósito das dez competências gerais da BNCC? a. Garantir a construção de uma sociedade mais ética, democrática, respon- sável, inclusiva, sustentável e solidária, que respeite e promova a diversi- dade e os direitos humanos, sem preconceitos de qualquer natureza. b. Contribuir para o respeito e a promoção do outro, acolhendo e valori- zando a diversidade sem preconceitos, reconhecendo-o como parte de uma coletividade com a qual o aluno deve se comprometer. c. Promover a autonomia e a responsabilidade, de forma que o aluno saiba agir pessoal e coletivamente com flexibilidade, resiliência e determinação. d. Contribuir para a construção de uma sociedade mais ética, democrá- tica, responsável, inclusiva, sustentável e solidária, que respeite e promova a diversidade e os direitos humanos, sem preconceitos de qualquer natureza. e. Reconhecer, valorizar e fruir as diversas manifestações sociais, de forma a garantir uma sociedade mais ética, democrática e solidária. 3. Considerando que o currículo é o norte a ser trilhado em busca de uma ____________ de ____________ para todos os alunos, de modo que a ____________ seja focada no aluno e o ensino seja realizado de forma sistemática e coerente com a proposta, cabe ao líder de cada ____________ (Secretaria de Educação, diretor de escola ou professor) ser o guardião do 46 currículo, para garantir que de fato “o que ensinar” seja respeitado, garan- tido e avaliado de forma satisfatória. Nesse sentido, o ____________ é a espinha dorsal de qualquer rede de ensino porque estabelece o que ensinar, o que aprender e quando isso deve acorrer, garantindo uma unidade entre as classes e escolas de uma mesma rede de ensino. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: a. Educação; qualidade; aprendizagem; sistema; currículo. b. Aprendizagem; educação; quantidade; sistema; estrutura. c. Educação; aprendizagem; excelência; estrutura; planejamento. d. Aprendizagem; qualidade; quantidade; sistema; planejamento. e. Aprendizagem; educação; qualidade; currículo; sistema. Referências ANDERSON, Chris. Como arrasar na apresentação. Harvard Business Review, 10 jun. 2013. Disponível em: http://hbrbr.uol.com.br/como-arrasar-na-apresentacao. Acesso em: 18 nov. 2017. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia – geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. 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Não vamos ter resultados diferentes fazendo as mesmas coisas, trabalhando do mesmo jeito. Não se trata de trabalhar mais, todo mundo já trabalha muito. Precisamos é trabalhar melhor e não mais. E a melhor estra- tégia é fazermos isso via gestão. Uma gestão que disponibilize uma forma de trabalhar sistêmica, não fragmentada, que alinhe os esforços de todos os que trabalham em uma escola em prol do aluno, razão de sua existência. O que você pensa sobre isso considerando como deve ser a organização de uma escola? Concorda que uma gestão alinhada, focada e direcionada a resultados significativos de aprendizagem é a melhor forma de atuar? Que ouvir as vozes das Partes Interessadas de uma instituição escolar condiciona o agir de forma assertiva? O que se torna fácil e o que se torna difícil ao ser implantada uma gestão em uma instituição de ensino? Essas são perguntas cujas respostas buscaremos nesta unidade. Aqui, iremos nos aprofundar sobre a forma como acontece a gestão democrática no contexto escolar, compreendendo os seus principais desafios, seus avanços e suas oportunidades de melhorias. Nas seções que integram esta unidade, iremos conhecer, na primeira, o que é uma gestão democrática, como ela deve acontecer, quais são os seus principais desafios e formas de alinhar e integrar os sistemas – Secretaria de Educação, escolas e classes – em prol de uma educação de qualidade. Na segunda seção, analisaremos a importância de ter um plano a seguir estabelecendo as Diretrizes Estratégicas, a Missão, a Visão, atendendo às necessidades e expec- tativas de todas as Partes Interessadas de uma instituição educacional. E na terceira seção, entenderemos como acontece, de fato, a gestão no contexto escolar e a importância da liderança na realização do cumprimento das Diretrizes Estratégicas de uma instituição educacional. 52 Seção 1 A organização no contexto escolar Diálogo aberto Normalmente, quando um educador assume a direção de uma instituição escolar, mesmo com toda a sua competência técnica orientada pela graduação que escolheu realizar, o seu bom senso e a sua boa vontade, ele se surpreende ao receber o CNPJ e as chaves da escola. O que fazer? Como fazer? Há um grande hiato entre o discurso e a prática. São “muitos os pratos a equilibrar” em relação ao ensino, às Metas de Aprendizagem, às Metas Operacionais, à legislação vigente e a tantas vozes a serem atendidas. É preciso então compar- tilhar as decisões em um fortalecimento da liderança em busca de resultados significativos. Essa liderança deve cuidar do alinhamento e da integração de todas as práticas e todos os processos de trabalho em uma gestão democrá- tica, dividindo e somando talentos, perspectivas, competências e anseios. Pensando nisso, vamos refletir sobre a seguinte situação problema: Teresa, a coordenadora do Ensino Fundamental II, constatou, nas Diretrizes Estratégicas da escola em que atua, que na “Meta 1 – Ler e interpretar diversos tipos de textos, compreendendo a leitura em suas diferentes funções”, a Escola Municipal Olavo Bilac não conseguiu cumprir o currículo proposto em dois bimestres seguidos, nas turmas de 9º ano. Ela ficou preocupada, pois os alunos irão no próximo ano para a escola estadual do mesmo bairro, a qual já deixou claro na “Pesquisa de Expectativas da Escola de Destino” que quer receber os alunos com todo o conteúdo trabalhado do currículo proposto. Enquanto gestora da escola e par de Teresa na liderança dessa gestão, pense em ações que poderão ser realizadas junto às Partes Interessadas, envolvidas nesse processo, de forma a garantir o resultado esperado. Não pode faltar Muito se fala sobre gestão democrática nas escolas, mas pouco se faz para que de fato ela aconteça de forma sistêmica, eficaz, e se torne “a forma de agir” de um gestor educacional. O art. 206 da Constituição Federal, inciso VI, diz que gestão democrática no ensino público, na forma da lei, é um dos princípios que baseia a forma como ele deve ser ministrado. O art. 3 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) diz, no inciso VIII, que a gestão democrática do ensino público, deve acontecer na forma dessa lei e da legislação dos sistemas de ensino, e a Meta 19 do Plano Nacional de Educação (PNE), a qual se refere à gestão democrática, diz:53 Assegurar condições, no prazo de 2 anos, para a efetivação da gestão democrática da Educação, associada a crité- rios técnicos de mérito e desempenho à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. (BRASIL, 2014, [s.p.]) Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, a legislação brasi- leira determinou formalmente a gestão democrática como princípio para a educação. A partir disso, algumas ações pontuais e esporádicas vêm aconte- cendo para a sua implantação e implementação nas escolas públicas. Saiba mais Assista ao vídeo Gestão democrática e participação nas escolas – Jornal Futura, do Canal Futura: CANAL FUTURA. Gestão democrática e participação nas escolas – Jornal Futura. 22 ago. 2014. Reflita De acordo com o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares: A democratização dos sistemas de ensino e da escola implica aprendizado e a vivência do exercício de parti- cipação e tomadas de decisões. Trata-se de processo a ser construído coletivamente, que considera a especi- ficidade e a possibilidade histórica de cada sistema de ensino (municipal, distrital, estadual ou federal), de cada escola. (BRASIL, 2004b, p. 25) O PNE propõe estratégias para o cumprimento da Meta 19. Quadro 2.1 | Plano Nacional de Educação - Meta 19 19.1 Legislação para a gestão democráti- ca nas escolas Transferência da União para estados, municípios e Distrito Federal que tenham aprovado legislação que regulamenta a seleção de dire- tores, os critérios técnicos de mérito e desempenho e a comunidade escolar. 19.2 Formação dos conselheiros Ampliação dos programas de apoio e formação aos conselheiros dos conselhos de acompanhamento e controle social do FUNDEB, dos conselhos de alimentação escolar e os conselhos regionais. 54 19.3 Criação dos Fóruns permanen- tes de Educação Incentivo aos estados, Distrito Federal e municípios a criarem o Fórum Permanente de Educação para o acompanhamento da execução do PNE e dos planos de educação. 19.4 Fortalecimen- to dos Grêmios e APM’s Estímulo à constituição de Grêmios Estudantis e Associações de Pais nas redes de ensino que contemplam a Educação Básica. 19.5 Fortalecimento dos Conselhos Estímulo à constituição e ao fortalecimento de Conselhos Escola- res e Conselhos Municipais de Educação. 19.6 Participação no Projeto Político-Pe- dagógico (PPP) Estímulo à participação e consulta de profissionais da educação, alunos e seus familiares na formulação do Projeto Político-Peda- gógico, currículos escolares, planos de gestão escolar e regimentos escolares. 19.7 Autonomia das escolas Favorecimento dos processos de autonomia pedagógica, adminis- trativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de ensino. 19.8 Prova Nacional Seletiva de Dire- tores Desenvolvimento de programas de formação de diretores e gesto- res escolares, bem como aplicação de prova nacional específica a fim de subsidiar o provimento de cargos. Fonte: adaptado de Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014, [s.p.]). Exemplificando Conheça boas práticas que contribuem para promover a participação dos alunos na escola nesta edição especial do Porvir: PORVIR. Participação dos estudantes na escola. [s.d.]. É interessante procurar exemplos de estratégias que apontam como fazer para que a gestão democrática seja fortalecida em cada instituição educa- cional. Para que a gestão democrática aconteça cada vez mais, o governo disponibiliza alguns programas para auxiliar sua implantação nas escolas. Quadro 2.2 | Programas para implementação da gestão democrática Pró-Conselho Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação, criado para estimular a criação de Conselhos. Municipais de Educação, o fortalecimento dos já existentes e a participação da socieda- de civil na avaliação, definição e fiscalização das políticas educacionais. 55 Conselhos Escolares Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares criado para fomentar a implantação e o fortalecimento dos Conselhos Escolares por meio de material específico, treinamentos presenciais e a distância, de acordo com as necessidades dos sistemas de ensino, das políticas educacionais e pessoas envolvidas. SICME Sistema de Informações dos Conselhos Municipais de Educação criado para fornecer subsídios para caracterizar os conselhos municipais, bem como para estudos e pesquisas no campo da formulação da política de Educação Básica. Fonte: adaptado de Ministério da Educação ([s.d.]). Pesquise mais Conheça indicadores da Meta 19 do PNE em: PNE. Observatório do Plano Nacional de Educação (OPNE). 1 nov. 2018. São desafios a serem superados para uma gestão democrática no contexto escolar: • Baixos índices de participação dos pais ou responsáveis pelos alunos nas escolas. • Partidarismos. • Ideologias. • Atuação ineficaz e ineficiente dos Conselhos Escolares. • Falta de interesse da comunidade escolar em participar da educação em seus diversos sistemas. • Escolhas inadequadas dos diretores de escolas. • Ausência de um indicador para acompanhamento da gestão em seus diversos sistemas educacionais. • Inexistência de Grêmios Estudantis e Associações de Pais. Apesar de toda a legislação e os programas oferecidos, não se faz uma gestão democrática somente com programas, cumprindo leis e fazendo o que desejam funcionários e educadores. É preciso compreender a dimensão da gestão democrática como princípio constitucional e torná-la um valor forte e percebido por todas as Partes Interessadas como a forma de agir da liderança da instituição escolar. Não é fácil fazê-lo, mas é 56 possível. Para a implementação de uma gestão democrática, é necessário ter uma liderança comprometida a ouvir as vozes das Partes Interessadas, que são os entes impactados direta e indiretamente pelo êxito do trabalho a ser realizado. A seguir, saiba quais são as Partes Interessadas de uma instituição escolar. Figura 2.1 | Partes Interessadas da instituição escolar Fonte: elaborada pela autora. Exemplificando A equipe de liderança da Escola Municipal “Villa Lobos” identificou a Escola Estadual “Carlos Chagas” como uma importante Parte Interessada, por ser a principal escola de destino de seus alunos, quando terminam o Ensino Fundamental I. O pessoal da “Villa Lobos” trabalha regularmente com a “Carlos Chagas” para avaliar a satis- fação desta escola estadual com o desempenho dos alunos que receberam. A escola municipal faz pesquisas regulares com pais ou responsáveis pelos alunos e com a comunidade do bairro em geral para determinar seus níveis de satisfação e insatisfação em relação ao trabalho realizado. Toda a informação coletada pela “Villa Lobos” junto a essas Partes Interessadas serve de subsídio para a realização de uma gestão democrática. 57 Afinal, o bom desempenho dos alunos é uma expectativa de todas as Partes Interessadas no sucesso deles, como professores, contribuintes, empre- gadores, comunidade em geral. Figura 2.2 | Escola de qualidade Fonte: elaborada pela autora. É necessário que todos os sistemas que impactam a aprendizagem tenham um único foco: melhores resultados educacionais de todos os alunos nas Metas de Aprendizagem. Assimile Sistema é um conjunto de elementos (pessoas, coisas, processos) inter- dependentes, interligados, que atuam como um todo orgânico para cumprir uma finalidade comum (a finalidade do sistema). Em Gomes (2010), veremos que os sistemas que compõem o sistema educacional de um município são: Secretaria de Educação, escola, classe e aluno. 58 Figura 2.3 | Sistemas que compõem o sistema educacional de um município Fonte: elaborada pela autora. Todos esses quatro sistemas – Secretaria de Educação, escola, classe e o próprio aluno – devem colocar energia compatível com sua especificidade no mesmo fluxo para a aprendizagem, em que cada sistema apoiará o sistema imediatamente subsequente e desdobraráas Metas do sistema maior. Esse alinhamento e desdobramento só acontece por meio de um modelo de gestão que integre estratégias, processos, práticas, Metas, valores, etc., em que todos os sistemas de uma rede escolar têm os mesmos sete elementos. Conheça-os a seguir. Figura 2.4 | Alinhamento de sistemas Fonte: elaborada pela autora. Uma Secretaria de Educação ou uma classe tem esses sete elementos, mas isso não quer dizer que ambas têm um alto desempenho em seus resultados. 59 Reflita Todos os elementos produzem resultados. Em uma corrida de 100 metros, quem chega em último lugar também produz um resultado, pois, afinal, chegou até o fim. Podemos dizer o mesmo de uma escola que não tenha “brilho”, mas cujos alunos ainda aprendem alguma coisa. Ter qualquer resultado não é vantagem alguma. Assim, os sistemas – Secretaria de Educação, escola, classe e aluno – diferem no tamanho, mas não na sua composição. Quadro 2.3 | Sistemas do sistema educacional Elementos Secretaria de Educação Escola Classe Aluno Liderança Secretário de Educação Diretor Professor Aluno Plano a seguir Diretrizes Estratégicas da rede Diretrizes Estratégicas da escola Diretrizes Estratégicas da classe Metas pessoais Foco no aluno e nas Partes Interessadas Escolas Classes e setores Alunos Aprendizagem Informações Painel de desempenho Painel de desempenho Painel de desempenho Portfólio Pessoas traba- lhando Técnicos e administrativos Técnicos e administrativos Professor e alunos Aluno Processos de trabalho Grupos de par- cerias internas Grupos de par- cerias internas Aprendizagem ativa e coope- rativa Procedimentos pessoais Resultados Dados agrega-dos das escolas Dados agrega- dos das classes Dados agrega- dos dos alunos Dados indi- viduais dos alunos Fonte: elaborado pela autora. Ao compartilhar processos e práticas eficientes e eficazes, os sistemas se fortalecem na sua integração. Quanto ao alinhamento, ele ocorre pelo fato de o foco, representado aqui pela liderança, ter um plano após ouvir as vozes. Só depois disso, pessoas executando processos e coletando informações produzem resultados. 60 Figura 2.5 | Foco e operações Fonte: elaborada pela autora. Reflita Só há duas funções numa escola: ou você atende ao aluno ou atende a quem atende ao aluno. No jogo da aprendizagem, não há banco de reservas. Todo mundo entra no jogo (GOMES, 2010, p. 38). Dessa forma, o sistema maior apoia o sistema menor e este desdobra o foco do maior. Exemplificando No município de Maracatu, ao final de cada ano letivo, a Secretaria de Educação faz a avaliação dos seus resultados, bem como valida as expectativas da pesquisa feita para os professores, funcionários, prefeito e parceiros. Em seguida, juntamente à sua equipe, ela elabora as Diretrizes Estratégicas para o próximo ano. Essas Diretrizes são apresentadas na primeira reunião do ano aos diretores de todas as escolas municipais, e cada um, juntamente à sua equipe de liderança e tendo como base os resultados da escola nas Metas de Aprendizagem e Operacionais, desdobra o foco da Secretaria de Educação. Assim, suces- sivamente, as classes desdobram o foco da escola e o aluno desdobra o foco da classe. 61 Com esse alinhamento entre os sistemas, haverá integração, fazendo com que o aluno que está no topo da pirâmide seja a razão de ser do esforço de todos que trabalham em cada sistema, levando-os a investir energia nos mesmos objetivos. Figura 2.6 | Alinhamento de sistemas Fonte: elaborada pela autora. Assim, o apoio de um sistema a outro significa que uma Meta definida pela Secretaria de Educação, além de chegar intacta até o aluno, recebe contribuições específicas da escola e da classe antes mesmo de o aluno se ocupar pessoalmente com a Meta. 62 Sem medo de errar Vimos na unidade anterior que, historicamente, a educação brasileira tem avançado a passos lentos, demonstrando resultados insatisfatórios no processo de ensino-aprendizagem, na formação e no desenvolvimento profis- sional dos educadores, bem como em políticas públicas que não foram bem sistematizadas. Há muito o que se fazer! Nesta unidade, constatamos que, no papel, o conceito de gestão democrática nas escolas é bonito, que a lei existe, que há ações significativas a serem feitas, seja na escolha do diretor à frente de uma instituição escolar, no envolvimento ativo das famílias, no acompa- nhamento do processo de ensino-aprendizagem e/ou no fortalecimento e protagonismo dos Conselhos Escolares. Portanto, além do “o que fazer” é preciso garantir o “como fazer “ de forma sistemática e focada no aluno. Na situação-problema vivenciada por Teresa, em que o alerta se deu pelo não cumprimento do currículo (referente à Meta 1 – Leitura), em dois bimes- tres seguidos, nas turmas do 9º ano do Ensino Fundamental, percebe-se que houve um “desvio de rota” na proposta de trabalho das Diretrizes Estratégicas da escola e no atendimento às expectativas apontadas na pesquisa junto a escola de destino. É preciso, então, como sugestão para a resolução da situa- ção-problema vivenciada por Teresa, desenvolver as seguintes ações: • Fazer um levantamento do conteúdo da Meta de leitura que não foi trabalhado nas turmas do 9º ano e do conteúdo a ser trabalhado nos próximos bimestres. • Lincar o levantamento feito sobre os conteúdos e a carga horária ainda existente com as expectativas da escola de destino. • Fazer, com os professores da disciplina de Português, responsáveis pelas turmas do 9º ano, um Plano de Ação (3Q’s = O quê? Quem? Quando?) para determinar as ações a serem realizadas até o fim do ano. • Realizar, semanalmente, com cada professor, uma checklist das ações pactuadas e realizadas. Se necessário, fazer ajustes. • Incentivar os alunos por meio do processo “De Olho na Meta” a monitorar e melhorar os seus resultados. • Ao final do ano, encaminhar à escola de destino o “2C’s = Caderno de Competências” trabalhadas no ano letivo, bem como os pontos fortes e as oportunidades de melhorias de cada aluno na Meta 1 – Leitura. 63 Avançando na prática Envolvendo os pais ou responsáveis pelos alunos no processo de ensino-aprendizagem da escola Você é o coordenador das turmas do 5º ano de uma escola municipal que fica em um bairro de trabalhadores de fábricas automotivas de um município. Os dados das Metas das Diretrizes Estratégicas apontam que os pais deixaram de participar, como antes, da reunião bimestral de pais, não acompanham as tarefas de casa por acreditarem que os seus filhos, por estarem no 5º ano, não precisam mais de acompanhamento, e não demonstram interesse em parti- cipar dos Conselhos Escolares e da Associação de Pais. Frente a isso, qual é o processo a ser utilizado por você para mudar esse cenário? Resolução da situação-problema 1. Aplicar em 30% dos pais ou responsáveis pelos alunos uma “Pesquisa de Satisfação” sobre os seguintes critérios: o trabalho que está sendo executado na sala de aula, a gestão da escola, as atividades feitas em casa pelos alunos, o relacionamento aluno/aluno e aluno/educador, a participação nas atividades escolares. Levantar os resultados e fazer um Plano de Ação para atender as necessidades. 2. Implementar o “CAPA – Caderno de Apoio dos Pais“, o qual orienta os pais, exemplifica atividades de apoio e tira dúvidas de como ajudar os filhos em casa nos estudos. 3. Fomentar a Associação de Pais da escola. 4. Fazer um calendário de reuniões com os pais, oportunizando opções fora de seus horários de trabalho para participarem. 5. Criar um grupo de pais no WhatsApp para tirar dúvidas e dar recados. Faça valer a pena 1. A Meta 19 do PNE determina 8 estratégias para que a gestão democrática aconteça como um valor forte a ser implementado nas instituições educa- cionais. São elas: I. 19.1 Legislação para a gestão democrática nas escolas. 64 II. 19.2 Formação dos conselheiros. III. 19.3 Criação dos Fóruns Permanentes de Educação.IV. 19.4 Fortalecimento dos Grêmios e APM’s. V. 19.5 Fortalecimento dos conselhos. VI. 19.6 Participação no Projeto Político-Pedagógico. VII. 19.7 Autonomia das escolas. VIII. 19.8 Prova nacional seletiva de diretores. Marque a resposta que indica corretamente as estratégias que se referem especificamente aos conselhos e à importância deles para a gestão democrática. a. II – IV – VI – VIII. b. II – V. c. I – III – V. d. III – VII. e. I – II – III – IV – V – VI – VII – VIII. 2. A gestão democrática precisa ainda ser incorporada pelos diretores das escolas ao exercerem as suas lideranças. Muito se fala, muito se pensa que faz, mas não há evidências robustas sobre a sua prática. Assinale a alternativa que contenha práticas que evidenciam, em uma escola, a gestão democrática como um forte valor. a. Conselho Escolar, Associação de Pais, Grêmio, participação da comunidade escolar no PPP. b. Associação de Pais, Grêmio, participação dos professores no PPP, prova para diretores. c. Conselho Escolar, Grêmio, participação dos professores no PPP. d. Grêmio, participação dos professores e pais no PPP, prova para diretores. e. Conselho Escolar, Associação de Pais, aprovação da legislação financeira. 3. As práticas de gestão, se compartilhadas em três ou quatro sistemas – Secretaria de Educação, escola, classe e aluno –, fazem com que a integração entre eles aconteça de forma harmônica em prol de melhores resultados. 65 Marque a resposta correta que determina os três vetores de integração dos sistemas. a. Boas práticas, alinhamento de sistemas, Missão. b. Alinhamento de sistemas, valores compartilhados, Visão. c. Boas práticas, alinhamento de sistemas, Metas. d. Valores compartilhados, boas práticas e alinhamento de sistemas. e. Alinhamento de sistemas, Medidas e Missão. 66 Seção 2 Plano a seguir Diálogo aberto Para administrar uma escola não basta ter boas intenções, ser honesto, ter boa vontade, saber liderar pessoas e ter um bom planejamento. Para o plano existir, é preciso um esforço determinado e inteligente; e se esse plano não for melhorado continuamente, a entropia acaba com o pouco que existe. Se o plano é vago, desarticulado, não compartilhado, o trabalho das pessoas se dispersa, não há alinhamento, há muito esforço, mas não converge para o mesmo lugar. Se o plano contiver Diretrizes Estratégicas bem definidas, alinhadas e desdobradas por todos, as pessoas aceleram o passo na mesma direção. Ser gestor em uma escola em que o diretor, junto aos professores, forma uma Equipe de Liderança faz com que a gestão aconteça de forma sistêmica e harmônica – uma boa forma de dividir responsabilidades e obter melhores resultados. Pense, então, na seguinte situação-problema: é início de ano; você é diretor em uma escola de Educação Infantil que tem 4 turmas de crianças que, ao final do ano, serão transferidas para duas escolas municipais do mesmo bairro para iniciarem o Ensino Fundamental. A sua Meta é que os alunos façam uma transição tranquila e que o trabalho realizado por vocês na escola seja referência para as outras escolas. Observando isso e agindo proativamente, considere as informa- ções que poderão ser coletadas com as Partes Interessadas e que depois pautarão a sua gestão junto aos professores dessas turmas e o melhora- mento das Diretrizes Estratégicas para o próximo ano letivo. Não pode faltar Para fazer gestão de uma instituição é necessário ter um plano a seguir. E não é qualquer planejamento. É um plano que precisa ser bem escrito e focado na razão de ser da escola. Esse plano pode ser de três naturezas: operacional, tático e estratégico. 67 Figura 2.7 | Plano de gestão Fonte: elaborada pela autora. Aqui, trataremos do Plano Estratégico, o qual é o mais geral, próprio da organização como um todo, envolvendo todos os seus recursos. A relação entre Plano Estratégico e Plano Operacional é que o estratégico sinaliza forte- mente as prioridades operacionais. Os Planos Operacionais são, na verdade, esforços organizados para se desdobrar o Plano Estratégico. É importante que todos os envolvidos com o Planejamento Estratégico da organização tenham esses conceitos bem claros – antes mesmo de começarem a planejar. Agora, conheça as lições a aprender com um plano a seguir. Figura 2.8 | Plano Estratégico Fonte: elaborada pela autora. 68 Reflita “O planejamento de longo prazo não trata de decisões futuras, mas do futuro das decisões do presente” (DRUCKER, 2006, p. 76). Assimile Pensamento Estratégico é a percepção de como as coisas se encaixam automaticamente para o atingimento do sucesso organizacional, e Ação Estratégica é o trabalho direcionado para atingir uma meta estratégica. Definir as Diretrizes Estratégicas de uma Secretaria de Educação e/ou escola é a primeira ação a ser feita pela sua liderança. A “Equipe de Liderança” é integrada pelo titular (o secretário de educação/diretor da escola), seu staff imediato de natureza pedagógica e professores das diversas áreas de ensino. A equipe conduz todo o processo de explicitação das Diretrizes Estratégicas, mas a responsabilidade final é do secretário de educação/diretor da escola enquanto guardião do plano. As Equipes de Liderança não se fecham em uma sala e saem de lá com as diretrizes sem conversarem com mais ninguém. Por isso, a importância de ouvir as vozes das Partes Interessadas (professores, Secretaria de Educação, pais ou responsáveis pelos alunos, alunos, funcio- nários, comunidade local), que compartilham e trabalham focadas no plano quando se sentem pertencentes à construção dele. É importante ouvi-los, mas não necessariamente validar tudo o que se ouve. A seguir, saiba o que cabe à Equipe de Liderança. Figura 2.9 | Definindo Diretrizes Estratégicas Fonte: elaborada pela autora. Antes de redigir as Diretrizes Estratégicas, a Equipe de Liderança da escola deve se perguntar: • Como o nosso trabalho contribui para o sucesso da escola/SME? 69 • Que tipo de aluno nós queremos formar? • Por que estamos aqui, afinal de contas? • Como devemos agir para nos encaixarmos na cultura dessa organi- zação? Qual é a cultura? • O que a escola valoriza tanto que faz questão de medir/melhorar/ inovar? • Em quais linhas de ação a escola aposta para alcançar o sucesso? • O que essa escola quer do futuro? As diretrizes determinam o foco com o qual cada educador, funcionário, classe, setor conduz seu trabalho, bem como decide, prioriza, avalia, melhora, interage e cresce, além de como a instituição se pereniza. Figura 2.10 | Composição das Diretrizes Estratégicas Fonte: elaborada pela autora. 70 Visão Enuncia o grande sonho da escola, sua imagem preferida do futuro, para os próximos cinco a dez anos. Quadro 2.4 | Redigindo uma Visão Elementos de um enunciado de Visão: O enunciado de Visão deve ser: Exemplos: • Escopo (abran- gência) A qual cobertura geográfica a Visão se refere? Ser reco- nhecida no bairro? Cidade? Estado? Brasil? • Percepção Como a escola será vista pelas suas Partes Interessa- das? Como a mais procurada? A preferida? Como a benchmark? • Competência distintiva Em que área a escola vai ter uma liderança? Em leitura? Em gestão? Em cálculo? Etc. • Conciso Máximo de 40 palavras. • Claro Facilmente compre- endido por todos. • Equilibrado Atraente a diversas Partes Interessadas. • Verificável Saber quando a Visão será atingida. • Factível Desafiadora, ambicio- sa, mas realista. • A Visão da Secretaria Muni- cipal de Educação de “Rosas Vermelhas” é ser reconhecida no sul do estado como a Rede Municipal de Ensino de mais alto desempenho, que garante a todos os alunos altos níveis de aprendizagem. • A Visão da Escola Municipal Profª Elzi Braga é ser a escola de Ensino Médio mais procurada do município pela excelência de seus programas educacio- nais, refletida nos excepcionais resultados de seus alunos nos vestibulares mais concorridos do estado. Saibamais Benchmark é quando uma instituição é referência nos processos, práticas ou resultados que apresenta. Para identificarmos um benchmark é só respondermos à pergunta: “De quem você se lembra quando o assunto é...?”. Por exemplo, a Escola Municipal Profª Maria Célia Morelli é o benchmark em leitura da rede municipal de ensino, porque apresenta os melhores resultados de aprendizagem, sem contar que os alunos ganham muitos concursos de redações e leem muitos livros. Pesquise mais No livro A quinta disciplina – a arte e a prática da organização que aprende, de Peter M. Senge, você poderá compreender a importância de trabalhar as cinco disciplinas (Domínio Pessoal – Modelos Mentais – Visão Compartilhada – Aprendizagem em Equipe e Pensamento Sistê- 71 mico) a serem utilizadas por um bom gestor e sua equipe no Planeja- mento Estratégico. Vale a pena a leitura. Exemplificando São formas de reconhecimento de uma Visão: • Como referência (o mais lembrado). • Como líder (o melhor posicionado de todos). • Como vanguarda (o mais inovador, o pioneiro). • Como preferido (“Principal alternativa de quem?”). • Como destaque (alta posição no ranking, mesmo sem liderar). Missão Agora, saiba como uma missão deve ser redigida. Quadro 2.5 | Redigindo uma Missão Elementos de um enunciado de uma Missão: O enunciado de uma Missão deve ser: • Finalidade da organização Qual a razão primordial de nossa exis- tência? Esta organização faz o quê? • Principais Partes Interessadas Quem o nosso trabalho mais impacta? Esta organização faz seu trabalho para quem? • Trabalho e valores da organização Como esta organização faz o trabalho que atende à sua finalidade? • Objetivo Deve permitir que o leitor encontre rapidamente os 3 elementos básicos da Missão: O que faz? Para quem? Como? • Claro De fácil compreensão de todos. • Conciso Preferível enunciado mais curto, com, no máximo, 100 palavras. Fonte: elaborado pela autora. Exemplificando • A Missão da Escola Estadual Profº Albert Einstein é garantir aos alunos um Ensino Médio de excelência, que os prepare para ingresso em cursos superiores de prestígio, por meio de carga horária ampliada, seleção rigorosa e treinamento contínuo dos professores, atendimento personalizado aos alunos e eficiência no uso dos recursos e da infraestrutura da escola. • A missão da Secretaria Municipal de Educação de Maracatu é disponibilizar ao município uma rede de escolas aptas a prover oportunidades educacionais de qualidade aos alunos, garantin- do-lhes o desenvolvimento cognitivo e afetivo, indispensável à 72 sua atuação bem-sucedida na sociedade e à sua transição para outros níveis de escolaridade. É com esse foco que articulamos o trabalho das diversas escolas, investimos na contínua qualificação de sua operação, apoiamos a monitoração e o melhoramento dos resultados e aportamos recursos adicionais oriundos de parcerias com empresas e associações locais. Reflita Ao verificarmos uma missão de uma escola, é preciso perguntar: “Ela já é assim?”. Se a resposta for sim, isso é Missão; se a resposta for não, isso é tema para Visão. Portanto, Missão é real, já acontece hoje, não é um ideal futuro. Metas e Medidas Esses dois elementos são apresentados juntos para que tenhamos uma leitura unificada, como se os dois elementos fossem um só. Figura 2.11 | Metas e Medidas Fonte: elaborada pela autora. Se as Metas são as coisas específicas que devemos fazer bem, as Medidas são a forma de responder à pergunta: como sabemos se estamos, de fato, executando bem nossas metas? Quadro 2.6 | Metas de Aprendizagem e Metas Operacionais Metas Tipos de Metas Exemplos Metas de Aprendizagem Referem-se às habilidades e competências básicas indispensáveis que os alunos têm de dominar para aprenderem melhor. Nas Diretrizes, ficam “coladas” na Missão, porque a aprendizagem dos alunos está no centro dela. • Ler e entender os diferentes materiais impressos comuns no dia a dia das pessoas (jornais, livros, propagandas, embalagens, etc.), compreendendo as diversas funções da leitura: informar, emocionar, entre outras. • Calcular, mentalmente (com estraté- gias pessoais) e por escrito (de forma convencional), usando com agilidade os procedimentos adotados. 73 Metas Operacionais Referem-se a ações de suporte às Metas de Aprendizagem conduzidas pela Equipe de Liderança e demais profissionais da Secre- taria de Educação/escola. Nas Diretrizes, ficam “coladas”, mas abaixo, porque se referem às Estratégias. • Comprometer os professores na realiza- ção de seu trabalho. • Direcionar as parcerias com empresas/ organizações para o avanço nas Metas de Aprendizagem. Fonte: elaborado pela autora. Assimile Meta é ação. Use um verbo como: redigir, calcular, trabalhar cooperati- vamente, ler, escrever, comunicar, etc. Quadro 2.7 | Medidas Medidas Tipos de Medidas Exemplos Medida Direta: mede o fato em si. % de alunos no nível recomendável de leitu-ra na avaliação externa estadual/ municipal. Medida Indireta: mede indícios, indicado- res de uma meta, mas não o fato em si. % de alunos inscritos no Clube de Leitura. Medida de Percepção: mede a percepção das pessoas sobre um determinado fato. % de professores que perceberam avanço no nível de cálculo dos anos iniciais (pesquisa de qualidade da classe). Medida de Conclusão: mede se algo indi- cado na Meta foi ou não concluído. Indica a existência de um Código de Con- duta da escola ou não. Fonte: elaborado pela autora. As Metas criam o alvo, definem prioridades, guiam o trabalho comum (Metas de Aprendizagem), preparam a Missão. As Medidas refinam a clareza das Metas, permitem monitoração ampla do progresso das Metas. Exemplificando Quando uma professora conduz, consistentemente, o uso das Metas da classe e das Metas pessoais dos alunos, ela está agindo estrategi- camente. Está alinhando a classe com as Metas da escola, e cada aluno com as Metas da classe. 74 Estratégias É um curso preferencial de ação para se atingir a Missão da organi- zação e conduzi-la ao sucesso futuro. É o caminho onde vão as Metas Operacionais. As Estratégias respondem à pergunta: “Qual a nossa melhor aposta para cumprirmos nossa Missão ou atingirmos nossas Metas de Aprendizagem?”. As Estratégias clareiam o suporte da Secretaria de Educação/escola, colocando foco nas poucas, mas importantes linhas de ação da Secretaria de Educação/escola, para um determinado ano. Canalizam as ações, definindo as poucas rotas para onde devem convergir os esforços de todos no suporte à Missão e às Metas de Aprendizagem. E criam um pacto, fixando publicamente um comprometimento da Secretaria de Educação/escola em viabilizar três ou quatro grandes empreendimentos na sua gestão. Exemplos de Estratégias: operacionali- zação do projeto pedagógico; eficiência e eficácia operacionais; fortaleci- mento de parcerias e sistema de monitoração da aprendizagem. Valores São crenças, princípios, que incorporam a forma particular de como a Secretaria de Educação/escola prefere ser. É seu credo. O DNA. Os valores reforçam e refletem a cultura desejada de uma organização. Apoiam e guiam as decisões de todos os membros de Secretaria de Educação/escola ajudando-a a cumprir a sua Missão e atingir sua Visão de forma adequada. Fundamentalmente, as organizações se compõem de três partes: pessoas, valores e sistemas; e as interações das pessoas com os sistemas se baseiam nos valores. A seguir, estão elencados os valores a serem trabalhados. Figura 2.12 | Valores Fonte: elaborada pela autora. 75 Ao serem compartilhados, os valores impulsionam a articulação entre Secretaria de Educação e escolas. Eles são colocados na base da pirâmide das Diretrizes, porque é parte do alicerce, que sustenta e permeia todos os outros elementos estratégicos. Eles estão por toda parte. É como se fossem o ar que a escola respira. Asseguram a estabilidade, conferem consistência, melhoram as decisões e promovem oempoderamento. Assimile Quando falamos de valor, não há meio termo: ou você segue os valores que professa, com disciplina, até paixão, ou perde a credibilidade. Os valores são crenças, e é preciso ser paciente. Se você, por exemplo, prega a diversidade e a tolerância, tenha certeza de imprimir respeito e generosidade ao lidar com as minorias na sua escola. Se não viver seus valores, defendendo-os com ações vigorosas, as pessoas vão ficar com o que você faz, não com o que diz. Uso das Diretrizes Estratégicas Após a elaboração do plano, a liderança da escola deve cuidar para que as diretrizes sejam explicitadas com clareza, divulgadas amplamente, entendidas na sua essência, usadas como condução do trabalho, bem como revistas e melhoradas regularmente. As Diretrizes Estratégicas não têm fim de semana, nem tiram férias. Se uma diretora de escola estiver pensando em uma grande decisão para a sua escola, as Diretrizes Estratégicas serão sua melhor companhia. Sobre as Diretrizes Estratégicas da escola, cabe à liderança garantir sua compreensão por todas as pessoas, em todos os setores; divulgá-las amplamente em todos os níveis da organização e usá-las como orientação do seu trabalho. 76 Quadro 2.8 | Exemplo de Diretrizes Estratégicas de uma escola Missão Visão Ser reconhecida no município como a escola de mais alto desempenho, que garante a todos os alunos altos níveis de aprendizagem nas competências e habilidades fundamentais para sua atuação efetiva na sociedade. Oferecer um ensino fundamental focado nos altos níveis de aprendizagem dos alunos, garantindo o de- senvolvimento das competências socioemocionais, o ensino focado nas melhores práticas, envolvimento da família e a melhoria contínua dos resultados. Na E.M. “Profa Helley Abreu Batista”, os alunos demonstrarão níveis elevados de desempenho ou tendências expressivas de avanço, na sua capacidade de: 1. Ler com auto- nomia diferentes tipos e textos, compreendendo a leitura em suas di- mensões: o dever, a necessidade e o prazer de ler. a. % de alunos que leem no nível da série/ano ou acima. b. % de alunos que leem no mínimo 2 livros por bimestre. c. % de familiares e professores que percebem o avanço no nível de leitura dos alunos (Pes- quisa de clima). a. % de alunos com frequência total do mês. b. % de alunos que cumprem pontualmente os horários. c. % de alunos que realizam suas atividades de casa integralmente. 2. Escrever dife- rentes tipos de tex- tos, adequando-os às circunstâncias, formalidades e propósitos de interação com o leitor. a. % de alunos que produzem textos escritos no nível da série/ano ou acima. b. % de famílias e professores que percebem o avanço na escrita dos alunos. a. % de alunos que calculam no nível da série/ano ou acima. b. % de famílias e professores que percebem o avanço no nível e agilidade nos cáculos dos alunos. a. % de alunos que se expressam oralmente no nível da série/ano ou acima. b. % de famílias e professores que percebem o nível da expressão oral dos alunos. a. % de alunos que interagem e gerem seus conflitos com autonomia. b. % de professores que realizam o tra- balho cooperativo em sala de aula. a. % de professores que percebem a capacidade dos alunos resolver problemas com autonomia. 3. Calcular com agilidade, utilizan- do-se de estra- tégias pessoais e convencionais, distinguindo as situações que requerem resultados exatos ou aproximados, comprovando-os por meio de procedimentos de verificação. 4. Expressar-se oralmente em função da internacionali- dade do locutor, das características do receptor, das exigências da situação e dos objetivos estabe- lecidos. 5. Resolver criticamente situações do coti- diano, elaborando procedimentos de solução, compa- rando seus resul- tados e validando Estratégias. 6. Interagir com os outros, pre- parando-se para gerir conflitos, fortalecendo a sua identidade e respeitando a dos outros, con- siderando valores e pluralismo de compreensão mútua e busca de paz. 7. Responsabi- lizar-se pela sua aprendizagem, demonstrando autonomia de es- tudo, executando adequadamente as tarefas esco- lares e buscando melhorar seus resultados. Escola Municipal “Profa Helley Abreu Batista” Diretrizes Estratégicas Metas & Medidas de Aprendizagem PROVA BRASIL/Provinha Brasil/ANA: média e desempenho dos alunos da rede. ENEM/IDEB: percentual de alunos no nível recomendável. a. Capacidade de professores e funcionários b. Sistema de monitoração da aprendizagem c. Fortalecimento de parcerias Estratégias/metas & medidas operacionais Nossas principais linhas de ação para atingirmos nossa Missão, Visão e Metas de Aprendizagem são apresentadas a seguir, juntamente das Metas e Medidas Operacionais. Sistema que promoverá a melhoria contínua das pessoas de forma a atender às necessidades e expectativas da escola. 8. Capacitar educadores e funcionários. a. N° de capacitações realizadas na escola durante o bimestre. b. % de professores capacitados. c. % de funcionários capacitados. d. Perceção de professores e funcionários na me- lhoria da realização de seu trabalho após capaci- tações realizadas. e. N° de professores e funcionários com gradu- ação. 9. Utilizar um sistema de monitoração do pro- gresso dos alunos, originário da SME, como base de ações de avanço nos níveis da aprendizagem. a. N° de classes que apresentam resultados satis- fatórios na aprendizagem. b. % de professores que avaliam positivamente o impacto das melhorias práticas da aprendizagem nos resultados das classes. c. % de alunos que apresentam resultados satisfa- tórios na aprendizagem. 10. Assegurar a contribuição regular dos pais/ responsáveis aos alunos, especificamente no seu avanço nas Metas de Aprendizagem. a. % de pais/responsáveis que acompanham, pelo menos uma vez por semana, as tarefas de casa do filho. b. % de pais que participam ativamente das ativida- des e ações realizadas na escola. 11. Direcionar as parcerias com empresas/orga- nizações para o avanço nas metas de 1 a 7. a. N° de projetos de parceria em curso, com foco direto na aprendizagem. b. % de alunos impactados diretamente pelas parcerias. Ter em curso um sistema ágil de avaliação bimestral de aprendizagem, produzindo dados que direcionem os esforços de busca de ganhos crescentes na aprendizagem dos alunos. Impulsionar e direcionar as parcerias, internas e externas, para que elas tenham um alvo certo: contribuir para os mais altos níveis de aprendizagem dos alunos. 77 Valores Dominantes Educação centrada na aprendizagem Jogamos forte no trabalho ativo e cooperativo dos alunos, enfatizando mais a sua aprendizagem, propriamente dita, do que o ensino em si. Melhoramento contínuo Imprimimos vários ciclos de melhoramento a cada um de nossos principais processos, de forma organizada e regular. Orientação para resultados Sempre validamos nossos esforços pela sua capacidade de gerar um valor importante para os alunos e outras Partes Interessadas. Nunca perdemos de vista os resultados quando melhoramos nossos processos. Fonte: elaborada pela autora. Para melhor visualização do Quadro 2.8, acesse-o por meio do QR Code. Após conhecerem as Diretrizes Estratégicas da escola, os professores irão apresentá-las para as suas classes, destacando para os alunos as Metas de Aprendizagem pelas quais serão os responsáveis, obtendo os melhores resultados na aprendizagem. Para isso, será construída com a turma a Missão da Classe, que deverá estar alinhada com a da Escola. Após a redação, será preciso solicitar que um aluno a copie em um cartaz e que todos os alunos e professor assinem, em compromisso. O professor irá plastificar e pregá-la ao lado das Diretrizes Estratégicas da escola, que já estarão no Painel de Desempenho da turma. Essa Missão será o norte da classe para todas as ativi- dades que realizarem no dia a dia. Sem medo de errar Planejar estrategicamente é focarnas ações que serão realizadas hoje, mas de olho no futuro, naquilo que se espera que a escola ou Secretaria de Educação seja reconhecida. É preciso agir na tomada de decisões sempre observando as Diretrizes Estratégicas da instituição, as quais orientam quanto ao que se espera a curto, médio e longo prazo. Trabalhar com o Planejamento Estratégico não pode “engessar” a escola. Nem todo melhora- mento vai sair do Plano Estratégico; nem tudo precisa de um planejamento detalhado, com muita antecedência; e muitos melhoramentos são setoriais, sem alcance organizacional. Uma escola de alto desempenho sabe mesclar diferentes modalidades de planejar seus avanços. 78 Para solucionar a situação-problema, vivenciada por você, enquanto gestor de uma escola de Educação Infantil em que as crianças serão ao final do ano transferidas para outras escolas para iniciarem o Ensino Fundamental I, é preciso realizar: • Uma “Hora Marcada” no início do ano, com os coordenadores das escolas de destino para levantar as expectativas de como desejam receber os alunos e também fazerem juntos um Plano de Ação que contemple atividades que acontecerão durante todo o ano letivo, o que garantirá a transição tranquila dos alunos de uma escola para outra. Como exemplo, podemos citar a organização de uma visita dos alunos às escolas para conhecerem o espaço e fazerem juntos com as turmas do 1º ano do Ensino Fundamental uma atividade cooperativa, planejada entre os professores das turmas, além de tirarem dúvidas sobre a escola. • Na última semana de aula, a entrega de uma agenda do próximo ano a cada aluno. Essa agenda será enviada pela escola de destino com as orientações sobre o primeiro dia de aula e um cartão de boas-vindas feito pelos professores regentes das turmas. • A “Roda de Pais”, em que eles tiram todas as dúvidas sobre a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental e recebem orien- tações de algumas ações que devem trabalhar com os filhos para facilitar o trabalho do próximo ano. Como exemplos podemos citar: evitar o uso do vocabulário no diminutivo com as crianças; incentivar o filho a preparar o material para o próximo ano; etc. • Ao final do ano, junto com toda a equipe da escola, o “Perfil da Missão”, validando as melhorias para o ano seguinte conforme o processo: 1. Realizar o “fatiamento” dos elementos da Missão da Escola. 2. Registrar as ações já implementadas para atender ao “fatiamento”. 3. Analisar cada componente e atribuir uma nota de 1 a 5 a cada um. 4. Verificar qual elemento recebeu menor pontuação. 5. Discutir com a equipe alternativas de ações para contemplar esse elemento. 6. Colocar em ação a alternativa selecionada pela liderança. 7. Monitorar as ações desenvolvidas. 8. Fazer ajustes, se necessário. 9. Registrar os resultados. 79 Faça valer a pena 1. Ao redigir uma Missão de uma Secretaria de Educação ou escola é preciso ficar atento aos três elementos que devem compor o seu enunciado. Quais são esses elementos, que devem ser fáceis de localizar na Missão? Assinale a alternativa correta. a. O que faz, quando faz e como faz. b. Para quem faz, quando faz, quanto faz. c. O que faz, para quem faz e como faz. d. Quanto faz, quando faz, para quem faz. e. O que faz, quanto faz, para quem faz 2. As Metas de Aprendizagem referem-se às habilidades e competências básicas, indispensáveis, que os alunos têm de dominar a fim de aprenderem melhor. Nesse sentido, são Metas de Aprendizagem: leitura, a escrita, o cálculo, além de _________, _________ e_______. Assinale a alternativa que completa as lacunas corretamente. a. Resolver problemas, comunicar e interagir. b. Compreender enunciados, interagir e avaliar. c. Comunicar, avaliar e garantir habilidades. d. Resolver problemas, monitorar resultados e avaliar. e. Resolver problemas, garantir habilidades e comunicar. 3. Questões estratégicas são os pontos fracos da escola, geralmente crônicos, e que nunca são atacados de frente, ou pelo menos não com sucesso. Como exemplos podemos citar: problemas de comunicação, clima de insatisfação, formação dos professores, avaliação de desempenho profissional, etc. Coloque V ou F nas afirmativas que citam o que fazer para desativar essas “bombas relógios” que causam danos irreparáveis à instituição. ( ) Pesquisa de opinião. ( ) Reuniões com cada pessoa da escola. ( ) Aumento do salário dos educadores. ( ) Planos de Ações urgentes e específicos. 80 ( ) Contratação de uma empresa de comunicação. A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo é: a. F – V – F – V – F. b. V – F – F – V – V. c. F – V – V – F – V. d. F – F – F – V – F. e. V – F – F – F – F. 81 Seção 3 A gestão no contexto escolar Diálogo aberto Um educador ao longo de sua carreira pode ocupar diversos papéis de liderança, seja como professor em sala de aula, secretário de educação ou diretor de escola. E, em cada um desses papéis, independentemente do nível de responsabilidade com o aluno ou os bens públicos, o foco sempre deve ser em melhores resultados de aprendizagem, eficácia e eficiência organizacional, melhores práticas e processos de ensino, troca de melhores práticas e busca contínua pelo melhoramento e pela inovação. Antoine de Saint-Exupéry (1900/1944), escritor e piloto francês, disse que “se você quer construir um barco, não reúna, mecanicamente, as pessoas para juntar madeira e executar tarefas. Antes, leve-as a se encantarem com a infindável imensidão do mar” (GOMES, 2001a, p. 9). Tom Peters (1942-), autor e consultor empresarial americano, disse: “as pessoas reparam nos seus pés, não nos seus lábios” (GOMES, 2001a, p. 1). E Rubem Alves (1933/2014), escritor brasileiro, disse “o que faz um jardim são os sonhos do jardineiro” (GOMES, 2001a, p. 7). Pensando nessas máximas e alinhando-as com as características de um líder que inspira e influencia, compartilha sua visão, estabelece altos padrões de desempenho e gera empatia, pense no líder que você imagina que deve ser um diretor de escola pública. Não pode faltar Fazer gestão em uma escola de Educação Básica, além de ouvir e validar as expectativas de todas as Partes Interessadas e escrever as Diretrizes Estratégicas, tendo-as como norte das ações a serem realizadas, envolve também comprometimento e definição clara das responsabilidades da Equipe de Liderança, do Conselho Escolar, da Equipe Técnica e da Equipe Operacional. Quadro 2.9 | Composição da liderança da escola Composição Responsabilidades Equipe de Liderança • Diretor da escola. • Vice-diretor (se houver). • Pedagogos/coordena- dores. • Administrar a escola conforme a legisla- ção educacional. • Garantir a qualidade do ensino-apren- dizagem. • Estabelecer parcerias externas e internas. 82 Conselho Escolar ou equivalente • Diretor. • Servidores da escola, alunos, pais ou respon- sáveis. • Deliberar: decidir, aprovar e elaborar. • Consultar: opinar, emitir parecer, discu- tir e participar. • Fiscalizar: acompanhar, supervisionar, aprovar prestações de contas. • Mobilizar: apoiar, avaliar, promover e estimular. Equipe Técnica • Pedagogos. • Coordenadores. • Professores. • Garantir o cumprimento do currículo proposto. • Promover o desenvolvimento profissio- nal da equipe. • Garantir o direito de aprender de cada aluno em suas formas, seus ritmos e estilos de aprendizagem. Equipe Operacional • Pessoal administra- tivo. • Auxiliares de serviços. • Administrar a documentação da escola, de alunos e educadores. • Zelar pelo espaço físico da escola de forma a ter um ambiente propício à aprendizagem. Fonte: elaborado pela autora. Pesquise mais Informe-se um pouco mais sobre Conselhos Escolares como uma estra- tégia de gestão democrática da educação pública, em: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conse- lhos Escolares: uma estratégia de gestão democrática da educação pública. Brasília: ProgramaNacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, nov. 2004. No Sistema de Gestão Integrado, dos 7 elementos dos critérios de excelência, o elemento liderança é o único que se refere a alguém e não à instituição em geral. Esse alguém é a liderança da organização. Assimile O Sistema de Gestão Integrado (SGI) é um modelo de gestão desenvol- vido pela Fundação Pitágoras, que utiliza 7 elementos dos critérios de excelência em organizações de classe mundial. Sua aplicação potencia- liza e alinha os esforços de todos que trabalham em uma rede de ensino em prol do aluno. 83 Figura 2.13 | Sistema de Gestão Integrado Fonte: elaborada pela autora. Em uma escola, o líder é o diretor e há algumas lições a serem aprendidas por ele. Conheça-as a seguir. 1. Ser visto ostensivamente como um exemplo Ser líder de um sistema escolar não é apenas se envolver. É possível se envolver falando, mas só se compromete aquele que faz. A força do exemplo do líder faz com que os educadores e os funcionários da instituição escolar também ajam como tal. Ou seja, deve-se fazer o que se fala. Exemplificando Flávia, diretora de uma escola na periferia da cidade, sai de casa todos os dias bem cedo para chegar à escola com pontualidade. Assim, ao “cobrar” dos funcionários e educadores pontualidade na entrega de documentos ou no cumprimento de horários, ela será vista fazendo o que solicita a eles. 2. Tornar-se guardião da Visão A Visão do que se deseja para a instituição educacional, a forma como ela deve ser percebida e reconhecida é que inspira, dá foco e energiza as pessoas, fazendo com que elas façam ações determinadas e consistentes no presente, tendo como alvo o futuro. Cabe, então, ao diretor da escola tomar as suas decisões observando a Visão, de forma que a organização não se desvie de sua trajetória rumo ao futuro. 84 Exemplificando Na Visão da escola em que Helena é diretora, está escrito que a insti- tuição será reconhecida, nos próximos 5 anos, como aquela que terá os melhores resultados em leitura e escrita em toda a região metropoli- tana de São Luiz/MA (benchmarking). Com o olhar nesse desafio, Helena atualmente lidera a realização das seguintes ações: • Incentivo diário à equipe de coordenadores a buscarem melhores práticas para o trabalho de leitura e escrita nas salas de aula. • Treinamento mensal para todos os professores da escola sobre melhores formas de ensinar o ler e o escrever. • Parceria com a Faculdade Pitágoras, que disponibiliza seus alunos das licenciaturas de Pedagogia e Língua Portuguesa para realizar projetos com os grupos de alunos que têm mais dificul- dade. Assim, as melhorias trazidas por eles são implementadas imediatamente nas turmas, gerando um ciclo de melhoramento contínuo. • Seleção dos dois melhores professores em ensinar ler e escrever para serem referência aos demais, tirarem dúvidas e realizarem o treinamento mensal. A esses professores a escola oferece uma vez a cada semestre a participação em congressos educacionais. • Fomento ao uso do “Carrinho de leitura”, que é uma biblioteca ambulante. Nesse caso, a escola fez uma parceria com um super- mercado e ganhou dele um carrinho de compras. Esse carrinho é enfeitado de forma que fique bem colorido. Nele, colocam-se diversos tipos de livros e uma vez por semana, após o recreio, um funcionário sai pela escola empurrando o carrinho, tocando a sua buzina, avisando que está chegando e fazendo os empréstimos dos livros a alunos, professores e funcionários. Com essas ações, rapidamente a escola liderada por Helena alcançará a sua Visão. 3. Mandar sinais claros de que a mudança chegou para ficar Um líder deve demonstrar a todos de sua equipe que as regras mudaram, que a forma de agir é sempre focada em uma gestão comprometida com os bons resultados e que ninguém está “brincando” de melhorar a escola. Cabe, então, ao diretor respeitar o ritmo das pessoas, pacientemente, com firmeza e sensibilidade, mas sem complacência, porque a mudança não é negociável. 85 Exemplificando O diretor Alberto inverteu o organograma da escola, colocando o aluno no topo e posicionando professores e funcionários abaixo dele. O diretor e sua Equipe de Liderança ficaram na base, pois na escola, só há dois papéis: ou você é professor e atende diretamente ao aluno ou você atende a quem atende ao aluno. Assim, ficou claro para a equipe que a liderança apoiará, auxiliará, incentivará os professores, que, por sua vez, farão o mesmo com os alunos, os quais são a razão de ser da escola. 4. Ser literalmente visto como um gestor com plano Embora o plano seja da escola, cabe ao diretor assumi-lo como seu, tomando decisões importantes, relatando as ações de avanço e progresso, divulgando-o interna e externamente e fazendo parcerias em torno dele. Um papel nobre do diretor não é fazer microgestão, “apagando incêndios” ou “enxugando gelo”, mas sim pensar e agir vendo a escola como um todo, puxando-a para o cumprimento de sua Missão e Visão. Exemplificando Ellen, diretora de uma escola municipal localizada na periferia de Londrina, reconhecida por ter uma gestão de qualidade e que busca continuamente os melhores resultados, tem como uma de suas práticas de trabalho de sucesso almoçar uma vez ao mês com um empresário da associação comercial da cidade. Ele é o seu sponsor, por ajudá-la a enxergar a sua gestão “fora da caixa”, no melhoramento e na inovação dos processos. Diante disso, toda vez que Ellen volta do almoço, todos na escola já sabem que haverá novidades interessantes nos próximos dias. Saiba mais Sponsor pode ser um educador mais experiente ou alguém que tenha a facilidade de orientar uma pessoa, acompanhando-a no desenvolvi- mento de habilidades, atitudes e competências necessárias para aquela função. 5. Não delegar o indelegável Como um líder da escola, é importante que o diretor saiba identificar suas responsabilidades intransferíveis, executando-as cada vez melhor. Um líder deve ser: 86 • Visionário: define o futuro da escola e a direciona para chegar lá. • Estrategista: ocupa-se das grandes estratégias que levarão a escola a alcançar sua Missão e Visão. • Comunicador: faz a ponte entre a escola e a comunidade. • Articulador: promove o trabalho cooperativo entre todas as Partes Interessadas. • Facilitador: auxilia as pessoas na aplicação das melhores práticas e ferramentas de gestão. • Empoderador: sai de cena para que outra pessoa da escola realize a atividade proposta, pois sabe que é preciso desenvolver novos líderes. • Incentivador: leva as pessoas a crescerem continuamente, desenvol- vendo suas competências e habilidades. • Inovador: está sempre buscando fazer da melhor maneira o que precisa ser feito, seja por meio da melhoria do processo ou do fazer diferente, de forma inovadora. Um bom líder é aquele que não manda recados, não solicita alguém para substitui-lo em ocasiões que lhe cabem, como: reconhecer as pessoas que contribuíram significativamente para o sucesso da escola, demonstrar publi- camente os resultados, etc. Exemplificando Simone é diretora de uma escola de Ensino Fundamental II. Sua equipe tem 52 professores e 26 funcionários. Ao longo de cada ano, Simone mapeia essas pessoas em um processo chamado “perfil do time”. Ele consiste em uma pasta com uma folha para cada pessoa, na qual Simone coloca o retrato da pessoa, dados pessoais, formação, áreas de interesse, vulnerabilidades, talentos, competências profissionais, etc. Assim, fica mais fácil agir assertivamente no trabalho com a equipe, seja na seleção de funcionários que deverão realizar a arrumação da cantina rapidamente, seja na seleção de um professor para ser o representante da escola no clube de leitura da cidade. 6. Não dizer “o quê”, sem dizer “o como” Não adianta um líder querer realizar um modelo de Sistema de Gestão Integrado se for somente para “falar bonito” e determinar o que fazer. O que importa aqui é ser um gestor que, além de dizer oque fazer e a importância 87 dessa ação, exemplifique como fazer. Assim, as pessoas perceberão que o gestor está falando “coisa com coisa”, pois se ele executa uma prática ou um processo de trabalho e pede às pessoas para fazerem o mesmo, muita gente acha justo e cumpre o solicitado, mas só se o líder tiver feito o mesmo. Se ele apenas exortar, o impacto não é diferente de zero. Exemplificando Leonardo, coordenador do Ensino Fundamental I de uma escola em Macapá, constatou que os professores utilizam somente do “achismo” para avaliarem as suas aulas, o que não demonstra a satisfação dos alunos e os melhoramentos necessários. Então, ele decidiu aplicar em suas reuniões com os professores a ferramenta de gestão (+) Positivo e () Delta, que consiste em levantar os pontos fortes e as oportu- nidades de melhoria da reunião realizada. Após aprenderem sobre a ferramenta, os professores criaram o processo “+/ da sexta-feira” em suas classes, em que, todas às sextas-feiras, os alunos escrevem, numa folha grande, afixada perto da porta da sala, o que funcionou bem na semana (+) e o que precisa melhorar (). O professor e a classe validam os deltas e definem como trabalhar os validados, tornando-os assim também pontos fortes. 7. Aprender a ouvir ativamente Um gestor deve exercitar o seu ouvir escutando as Partes Interessadas. Não é fácil, mas é importantíssimo fazê-lo. Essa escuta deve considerar o feedback que as pessoas lhe oferecem nos processos que esse líder tem para provocar e facilitar a fala das pessoas. Ouvir bem é uma ótima estratégia para validar, melhorar e implementar mudanças. Exemplificando Mateus, coordenador de uma escola localizada em uma cidade praiana do Espírito Santo, tem como alunos filhos de pescadores, cujos pais saem cedo para o mar e voltam tarde. Para que possa ter uma linha direta de comunicação com os pais, ele criou um grupo no WhatsApp para cada turma, chamado, por exemplo, de “Bate pronto da turma Einstein”. No grupo é proibido colocar mensagens que não tenham a ver com a finalidade do grupo (como as de bom dia, os vídeos cômicos, as correntes, as propagandas, etc.). Vale somente postar comentários relativos ao que não está dando certo, ou seja, reclamar daquilo que incomoda, e também pedir ajuda ou dar uma boa dica em relação ao aprender e ensinar. 88 Pesquise mais Leia o livro Ser diretor – uma viagem por 30 escolas públicas brasileiras, de Eder Chiodetto, do Instituto Unibanco, lançado em 2017. Nele, você encontrará diversas histórias de diretores de escolas públicas que por terem uma forte liderança e noções de gestão conseguem fazer de suas instituições ilhas de excelência. 8. Preparar-se para as resistências Quando um líder se propõe a trazer o novo para sua escola ou classe, ele enfrentará algumas resistências. Isso é normal nas relações de trabalho. Não dá para ganhar todos, mas é possível preparar o terreno, antecipar reações e agir com firmeza. Haverá os que defenderão teses para rejeitar o que vem de fora, há também aqueles que acreditam que as mudanças são boas e que é bom ter contribuições dos dois lados, outros vão preferir observar o que acontecerá para ver como as coisas ficarão e alguns dirão que têm determi- nada prática há anos e que sempre deu certo. O importante é jogar forte com os que querem e não perder energia com aqueles que querem continuar na “zona de conforto”. Exemplificando Adriana assumiu a direção de uma escola onde tem em sua equipe seis coordenadores. Desses, dois sempre reclamam de todas as propostas apresentadas por ela, alegando que sempre fizeram de outra forma e deu certo; há os que estão em vias de aposentar e não querem gastar energia, etc. Ela viu que, com esses sabotadores de energia, o trabalho não rendia. Diante disso, decidiu então trabalhar mais próxima aos outros quatro coordenadores. Tudo fluiu e os resultados melhoraram e vieram com mais rapidez, o que acendeu o sinal de alerta nos dois coordenadores, fazendo com que eles aderissem rapidamente ao trabalho proposto. Reflita Assista ao TED Como consertar uma escola em pedaços? Lidere sem medo, ame com sinceridade. No vídeo, você verá como a diretora Linda Cliatt-Wayman foi uma líder determinada a enfrentar todas as resistên- cias de uma escola que estava desacreditada na comunidade da qual fazia parte. 89 9. Não esperar sincronia no processo de mudança Ao implementar uma nova prática de trabalho, o líder perceberá que cada um dos que compõem a sua equipe terá um ritmo diferenciado. Isso faz parte do jogo. Cabe, então, auxiliar cada um para que todos atinjam o objetivo proposto. Exemplificando Denise, coordenadora de uma escola, combinou com os professores, na primeira reunião do ano, que nenhuma turma teria mais alunos sentados em fileiras, mas, sim, juntos em um trabalho cooperativo, seja em círculos, duplas ou semicírculos, etc. Após dois meses, ela percebeu que três professores não estavam cumprindo o combinado, então, ela fez um Plano de Ação com eles, em que determinaram juntos que no próximo mês começariam gradativamente a trabalharem com os alunos em grupos até conseguirem ter a segurança e a confiança necessária nessa nova forma de organizar a sala. 10. Ser compreensivo, mas não complacente Como líder, é necessário compreender que respeitar os ritmos e estilos das pessoas com as novas práticas e processos a serem implantados é impor- tante, mas não se deve ser complacente com os que nunca querem fazer melhor o que precisam fazer; que acreditam que a educação é algo a longo prazo e por isso não apertam os passos para focar nos alunos que estão na escola a curto prazo. Exemplificando Gislaine enquanto diretora de uma escola percebeu que uma funcio- nária da secretaria não estava cumprindo os combinados e prazos, dificultando a entrega dos trabalhos de pessoas que dependem dela. Diante disso, Gislaine agendou uma “Hora Marcada” – reunião de 20 minutos – com ela e estabeleceu as metas, as expectativas em relação à sua forma da atuação, além de determinar um prazo para uma nova avaliação de resultados. Tanto o líder de uma Secretaria de Educação quanto de uma escola ou classe precisa zelar por alguns valores que são próprios de uma liderança. 90 Quadro 2.10 | Valores a serem garantidos pela liderança Valor É quando um líder Evidências Liderança Visionária Tem uma visão a longo prazo, define e comunica as Diretri- zes Estratégicas e fixa altas ex- pectativas, demonstrando no trabalho diário um compro- metimento com os processos e práticas, sendo um exemplo pessoal e visível. A liderança para explicar ou tomar decisões usa publicamente a Missão da Escola. A Missão da Classe da professora Beatriz é usada para que a turma tome as melhores decisões sobre suas prioridades. Por exemplo, ex- cursões, atividades extraclasse, etc. Orientação para o futuro Capta as tendências do futuro e se compromete a longo do prazo com os melhores inte- resses dos alunos, professores, funcionários, pais e comuni- dade em geral. Nos dois principais congressos edu- cacionais do país, a escola participa com dois educadores que trazem temas de vanguarda. Neidy, professora alfabetizadora, participa de um grupo de estudo, via WhatsApp, formado por pro- fessores alfabetizadores de diversas escolas públicas e privadas. Responsabilidade Social Enfatiza sua responsabilidade com questões públicas e a necessidade de praticar a boa cidadania, responsabilidades que se referem às expectativas básicas da escola em relação à ética, à proteção da saúde, ao meio ambiente, à segurança, etc. A escola lidera anualmente dois projetos comunitários, na área da saúde e do meio ambiente. A turma da professora Patrícia aju- da o asilo da cidade com o processo “Cabelos de Prata”, em que cada aluno visita mensalmente o mesmo idoso para fazer companhia, ler e bater papo. Fonte: elaborado pela autora. Assimile Uma organização, ao praticar Responsabilidade Social, deve cuidar paraque as suas ações não sejam confundidas com filantropia ou assistência social. Ser responsável socialmente é fazer a mais. É mudar a vida das pessoas que mais precisam. Liderar um sistema escolar é demonstrar o comprometimento pelo exemplo, é criar o senso de urgência, é trabalhar com os educadores e funcionários que saem na frente, encaram os obstáculos e acreditam no fazer melhor. Também é fixar a gestão como a forma certa de trabalhar, celebrar as vitórias a curto prazo e se dedicar dia a dia na busca contínua da melhoria dos resultados. Afinal, como disse Priscila Cruz, do Todos pela Educação: “garantir o bom funcionamento da escola é papel desse profissional [do 91 diretor]. Como o regente de uma orquestra, ele deve coordenar todos os aspectos que envolvem a vida de uma escola – articulando-os sempre com os objetivos pedagógicos” (CRUZ, 2016, [s.p.]). Sem medo de errar Na área educacional, é comum dizer que escola boa é aquela na qual o aluno aprende, e a escola tem a cara de seu diretor. Diretor “bola cheia”, escola colorida, pessoas motivadas, educação centrada na aprendizagem, alunos motivados e protagonistas de sua aprendizagem, pessoas sendo reconhe- cidas e foco nos resultados. Diretor “bola murcha” é aquele que dirige uma escola que retrata a desmotivação de todos, tem um alto índice de ausência, educação centrada no ensino, pessoas sendo reconhecidas em um grande “pacotão”, como se todos tivessem os mesmos talentos e dessem a mesma contribuição. Educadores que assumem a liderança de um sistema escolar – Secretaria de Educação, escola ou classe – devem inspirar e influenciar, compartilhar sua visão, estabelecer altos padrões de desempenho e gerar empatia. Um diretor de escola é peça-chave com sua forma de liderar para o sucesso de uma rede escolar. Então, compete a ele ser: • Conhecedor da legislação educacional. • Descobridor de talentos e competências técnicas do grupo de pessoas com quem trabalha. • Apaixonado por aquilo que acredita e faz pela educação. • Incansável em fazer o melhor sempre. • Também compete a ele: • Garantir o cumprimento das Diretrizes Estratégicas, após ouvir todas as Partes Interessadas. • Zelar para um clima organizacional de trabalho cooperativo, buscando continuamente a inovação e a melhoria das práticas e dos processos de trabalho. • Identificar as competências da instituição e suas forças propulsoras, como excelência do projeto pedagógico, o vigor do desenvolvimento do pessoal, a consistência da parceria com as famílias, a força do apoio da comunidade escolar. • Identificar as forças restritivas da instituição, como falta excessiva de professores, falta de segurança ao redor da escola, não participação da família no processo de ensino-aprendizagem. 92 • Conhecer quais são as competências acumuladas na escola, como: melhores práticas, processos de trabalho, etc. • Administrar os recursos financeiros da escola, prestando contas a todas as Partes Interessadas. • Zelar para que o ambiente físico da escola seja organizado, limpo e seguro. • Ter uma escuta ativa, ouvindo sempre e de forma sistemática os professores, os funcionários e os alunos. • Atentar-se ao andamento das políticas públicas das diversas esferas (federal, estadual ou municipal). • Conhecer quem são as escolas concorrentes da sua em relação aos resultados de aprendizagem, a escola similar e a benchmark. • Identificar os seus futuros alunos e acompanhar a trajetória de seus ex-alunos. Faça valer a pena 1. Três jovens águias estavam conversando, animadamente, sobre seu primeiro voo. A conversa toda começou quando uma delas perguntou às outras duas se tinham tido medo do primeiro voo “solo”. – Eu não tive medo nenhum, disse a primeira. – Com a leveza de nossos ossos, ocos, e a extensão e curvatura aerodinâmicas de nossas asas, criando uma superfície tão grande de atrito com o vento, voar me pareceu a coisa mais segura do mundo. – Eu também voei numa boa, disse a segunda. – Quando era neném e via o prazer de voar no rosto das minhas tias, pensava: “Eu nasci para isso, voar. Quando crescer, não vou querer outra coisa na vida”. – Eu sou mais descomplicada, disse a terceira aguiazinha. – Voei porque papai se arremessou do alto de um penhasco e disse: “venha comigo”. E o que é bom para o meu pai é bom para mim (Metáfora da Mudança – 3 Águias, Gomes, 2009). Como o pai da terceira aguiazinha, ao conduzir a filha para o voo, exerceu um papel de verdadeiro líder? a. Sendo exemplo a ser seguido. b. Incentivando. c. Falando. d. Determinando. e. Influenciando. 93 2. Um educador pode ser chefe ou líder. Quais das opções a seguir retratam o papel de um líder? I. Ouve as Partes Interessadas. II. Reconhece todas as pessoas envolvidas no processo de ensino-apren- dizagem. III. Oportuniza o desenvolvimento de talentos e competências da equipe com quem trabalha. IV. Realiza a avaliação de cada educador, apontando as suas oportuni- dades de melhorias. V. Realiza um feedback de “mão dupla”, em que avalia e é avaliado por sua equipe. As afirmativas verdadeiras são: a. I – III – IV – V. b. I – II – V. c. I – III – V. d. II – III e. II – V. 3. São valores importantes que um líder deve praticar no seu agir frente a um sistema escolar: Liderança Visionária, orientação para o futuro e Respon- sabilidade Social. Juliana é professora de uma turma do 4º ano. São exemplos de atividades realizadas por ela, ao praticar os valores de gestão relacionados à liderança: monitora o progresso das Metas de Aprendizagem semanalmente com os alunos (________________); faz uma vez ao ano sessões de Grupo de Foco com os ex-alunos para melhorar a sua forma de ensinar (_________________) e realiza semestralmente iniciativas de ____________________. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto de forma a adequar o valor à ação praticada: a. Liderança Visionária; orientação para o futuro; Responsabilidade Social. b. Orientação para o futuro; Responsabilidade Social; Liderança Visionária. c. Orientação para o futuro; Liderança Visionária – Responsabilidade Social. 94 d. Liderança Visionária; orientação para o futuro; Responsabilidade Social. e. Liderança Visionária; Responsabilidade Social; orientação para o futuro. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 26 jul. 2017. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselhos Escolares: uma estratégia de gestão democrática da educação pública. Brasília: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, nov. 2004a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_gen.pdf. Acesso em: 26 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Gestão da Educação Escolar. Brasilia: UnB, CEAD, 2004b. v. 5. BRASIL. Plano Nacional de Educação – Lei nº 13.005/2014. Diário Oficial da União, Brasília, 26 jun. 2014. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/ 543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 24 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Conselhos Escolares. [s.d.]. 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É preciso acabar com amadorismos e tentativas de ensaios e erros, em que o sistema educacional, muitas vezes, é tratado como moeda de troca partidária. A educação no Brasil é administrada sem uma sistema- tização de práticas e processos, não sendo prioridade para a nação, o que dificulta a melhoria dos indicadores educacionais, o acesso da população na produção de conhecimento e o desenvolvimento do país. Enquanto cidadão e educador, o que você pensa sobre a administração da educação brasileira? O que chamou a sua atenção nos últimos tempos em relação ao tema? Como tem sido feita a implementação dos principais processos de apoio e de aprendizagem? A nível nacional existem processos e práticas que são compartilhados e sistematizados? Como é feita a troca de melhores práticas? Como tem acontecido o desenvolvimento dos educadores e funcionários na área educacional? Há um plano de carreira? Como é feito o reconhecimento? Como é praticada a gestão na sala de aula? É possível garantir um alinhamento e desdobramento de boas práticas? Na Unidade 3, vamos focar a gestão de processos, de pessoas e a sala de aula. Na primeira seção, vamos conhecer como fazer a gestão de pessoas em um sistema educacional – Secretaria de Educação, escola ou classe – com uma relação de respeito, apoio e confiança, mutuamente compartilhados, desenvol- vendo e valorizando as pessoas, empoderando-as para a realização de um trabalho cooperativo. Na segunda seção, o foco será a gestão de processos, no que tange seu planejamento e controle, e os processos-chave operacio- nais e de aprendizagem de cada um dos sistemas. Além disso, veremos como inovar, melhorar continuamente e agilizar cada processo e prática de trabalho. Por fim, na terceira seção, o foco será a gestão da sala de aula, a relação educador /aluno – aluno/aluno – educador/educador, os canais de escuta a serem utilizados para ouvir as vozes das Partes Interessadas, bem como as melhores formas de ensinar por meio de uma aprendizagem ativa e cooperativa, em que os estilos de aprendizagem sejam respeitados. 99 Seção 1 Gestão de pessoas Diálogo aberto Realizar uma gestão de excelência em um sistema educacional era visto até pouco tempo como a forma de trabalhar utilizada somente em empresas. Assim, cada sistema – Secretaria de Educação ou escola – com a forma única do gestor atuar, acreditava que administrar uma unidade educacional não combinava com práticas e processos utilizados nas empresas, que sistema- tizar a aprendizagem, monitorar os resultados, investir nas melhores práticas e buscar desenvolver o melhor desempenho da equipe de trabalho era visto quase como uma heresia. Agora, mais do que nunca, os educadores que assumem uma liderança educacional frente a uma instituição constatam que é preciso investir fortemente em uma gestão que crie um ambiente de respeito, apoio e confiança, em reciprocidade entre as pessoas com quem trabalha. Além disso, apostam no trabalho cooperativo, reconhecendo e empoderando as pessoas, planejando, controlando e melhorando os principais processos de aprendizagem e operações de uma instituição escolar. É o líder que cada vez mais faz certo e da forma certa. Pensando nisso, Rafael, diretor de uma das escolas municipais de Maracatu, criou um ambiente cooperativo de trabalho no qual todos compartilham responsabilidades pelo atingimento das Metas. O programa de capacitação é direcionado para ajudar professores e funcio- nários a impactar positivamente as Metas da escola. Anualmente, aplica-se uma pesquisa a professores e funcionários sobre o que está dando certo, o que não está e o que precisa ser feito de modo diferente para melhorar o desempenho das Metas da escola. Você é o coordenador dessa escola e, junto com Rafael, forma uma liderança de sucesso. Pense em formas de reconheci- mento dos professores e funcionários que de modo superlativo contribuem para o sucesso da escola. Não pode faltar Um educador em qualquer função de liderança que ocupe em um sistema escolar, seja como secretário na Secretariade Educação, diretor na escola ou professor em uma sala de aula, precisa gerir da melhor forma as pessoas com quem trabalha diretamente e os processos e práticas que são executados. Ter um olhar especial para as pessoas e os processos de uma instituição é o “pulo do gato” no trabalho de um gestor. Afinal, pessoas insatisfeitas e processos e práticas de trabalho desorganizados, desatualizados e desfocados serão os 100 grandes detonadores de um Sistema de Gestão Integrado (no qual os seus elementos estarão alinhados e comprometidos), ocasionando, assim, resul- tados insatisfatórios para a instituição. E quem são as pessoas que compõem cada um dos sistemas? Quadro 3.1 | Gestão de pessoas por sistemas No sistema... Secretaria de Educação • Diretores de escolas. • Funcionários. • Técnicos. Escola • Educadores. • Funcionários. Classe • Alunos. • Responsáveis pelos alunos. Fonte: elaborado pela autora. Se você verificar todas as organizações que apresentam um alto desem- penho, em qualquer área de atuação, perceberá que elas investem genero- samente no desenvolvimento, satisfação e bem-estar de seu pessoal. Essas organizações não acham que estão fazendo mais do que a obrigação, que é pagar salários e benefícios. Elas sabem que os seus profissionais são o maior patrimônio para a garantia do alcance de suas diretrizes estratégicas e de seus melhores resultados. Pesquise mais Todos os anos a Revista Você S/A premia as 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Elas são reconhecidas pela gestão de pessoas e pelo bom clima organizacional, utilizando o Índice de Felicidade no Trabalho (IFT). Consulte quais são essas empresas e conheça um pouco do seu trabalho e forma de gestão. CONHEÇA as 150 melhores empresas para trabalhar de 2017. Exame, 19 out. 2017. Um sistema escolar – Secretaria de Educação, escola ou classe – não deve diferir das demais organizações ao pensar na gestão que se deve fazer em relação aos seus educadores, funcionários e alunos. 101 Assimile Segundo GOMES (2001b, p. 25), As lideranças devem tratar os profissionais da escola como ‘clientes internos’, com necessidades e expec- tativas a serem atendidas, para que – lá na linha de frente – os ‘clientes externos’, como os alunos e pais, encontrem interlocutores competentes e interes- sados. Um gestor pode realizar as ações a seguir em relação às pessoas no sistema escolar que lidera. 1. Desenvolver relações de respeito, apoio e confiança em reciprocidade A relação entre o gestor de um sistema escolar com as pessoas com quem trabalha deve ser pautada em respeito, apoio, confiança e reciprocidade. Dessa forma, haverá uma relação harmoniosa entre eles, melhorando o clima do trabalho a ser executado. Ninguém apoia alguém que não respeita. Confiar no outro é ter a certeza de que ele nunca irá faltar, pois confiar é respeitar o outro em uma relação de apoio. Quando um secretário de educação desen- volve essa relação com os diretores das escolas com quem trabalha, estes automaticamente farão o mesmo com os professores de suas escolas, que o farão também com os alunos de suas turmas. Assim, todos ganham. Vejamos um exemplo: Renato, enquanto diretor de uma escola, está sempre disponível para os educadores e funcionários com os quais trabalha e estes também em relação a ele. Um processo que fideliza o apoio, respeito e confiança entre eles é o “Passando o Pente Fino”, em que quinzenalmente, após o horário de trabalho, Renato fica disponível, durante uma hora, para atender cada um ou um grupo de educadores e funcionários que queira escla- recer alguma questão em relação à escola, tirar dúvidas ou discutir projetos. Nesse momento vale falar sobre qualquer assunto relacionado à gestão da escola. Desses encontros, têm saído grandes avanços. 2. Promover o trabalho cooperativo Trabalhar cooperativamente promove a confiança entre as pessoas. Isoladamente fica difícil um educador, um funcionário ou aluno produzir melhores resultados. As parcerias são singulares, pois cada pessoa sabe coisas que as outras não sabem. É uma boa forma de somar os talentos e experi- ências dentro do time de trabalho. McGregor (1999), no último capítulo do livro Gerenciando o lado humano da empresa, relaciona 11 grandes atributos 102 de times eficazes: atmosfera descontraída, participação em discussão focada, comprometimento com o objetivo, escuta ativa, divergências civilizadas, decisão por consenso, crítica construtiva, comunicação clara, implemen- tação clara, liderança compartilhada e autoavaliação do grupo. Vejamos um exemplo: na sala de aula da professora Fran, os alunos só trabalham de forma cooperativa, seja sentados em duplas, em círculos ou semicírculos. Juntos, fica sempre bem mais fácil aprender. Além disso, para os alunos novatos existe o processo “Primeiro Amigo”, em que um aluno veterano da classe “gruda” no novato ajudando-o a tirar o melhor proveito dos serviços da escola, conhecer as pessoas que podem ajudá-lo, etc. O primeiro amigo apresenta o novato para a turma, destacando sua família, seus hobbies, suas preferências musicais, esportivas e literárias, entre outras. Esse auxílio dura um mês e envolve todas as questões que se fizerem necessárias. Exemplificando Como exemplo temos duas imagens que retratam o trabalho coopera- tivo. A Figura 3.1 traz uma foto de educadores que, juntos, analisam e comparam os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de sua escola, da rede municipal e das demais escolas do município de Itatiaiuçu/MG. O objetivo é criar um Plano de Ação para a melhoria do próximo índice. Na Figura 3.2, temos a foto de alunos do município de Vespasiano/MG trabalhando cooperativamente em grupos de quatro. Figura 3.1 | Professores trabalhando em conjunto Fonte: acervo da autora. 103 Figura 3.2 | Alunos sentados em grupos para realizar as tarefas Fonte: acervo da autora. Pesquise mais No livro Times da qualidade – como usar equipes para melhorar a quali- dade, de Peter R. Scholtes, você encontrará ótimas práticas para imple- mentar o trabalho cooperativo em uma instituição. SCHOLTES, P. R. Times da qualidade – Como usar equipes para melhorar a qualidade. Editora Qualitymark: Rio de Janeiro, 2002. 3. Reconhecer as coisas certas Reconhecer o que as pessoas fizeram de forma superlativa para o sistema escolar é fundamental para o sucesso do trabalho. É preciso cuidar para que o reconhecimento não seja feito por qualquer coisa, e sim pelas coisas certas. Não se deve “premiar” todos com a mesma métrica. Alguns sempre se sobres- saem em relação aos demais. Além disso, as pessoas se sentem injustiçadas e desmotivadas quando se empenham e ao final recebem os mesmos aplausos dos que pouco ou nada fizeram. Vejamos um exemplo: Lenita, enquanto diretora da escola, criou o processo “Aplauso”, em que bimestralmente ela reconhece o educador e o funcionário que foram assíduos e pontuais durante o período, entregaram toda a documentação solicitada no tempo determinado e contribuíram para o bom desempenho da escola. Além de colocar os nomes e retratos deles no Painel “Destaques do Bimestre” para que todos vejam, a diretora entrega prêmios oferecidos por parceiros da escola, como uma sessão de beleza de manicure, pedicure e cabelo; uma cesta de frutas e verduras oferecida pelo supermercado; um vale jantar para duas pessoas oferecido por um restau- rante; uma cesta de salgados e doces oferecida por uma padaria; etc. Ao final do ano, na premiação do último bimestre, Lenita convida os parceiros da 104 comunidade que gentilmente ofereceram os prêmios durante o ano e entrega a eles em agradecimento um troféu feito pela professora de Artes da escola e um cartão assinado por todos os educadores e funcionários. Além disso, no mesmo mês, ela escreve um artigo para o jornal do bairro destacando os resultados da escola, os parceiros e os destaques do ano. 4. Desenvolver um sistema de reconhecimento, alinhado às Metas daorganização Um gestor de uma instituição escolar precisa garantir um processo siste- mático para reconhecer as pessoas com quem trabalha. Isso pode acontecer uma vez por bimestre, semestre ou ano, conforme o processo planejado. É importante pensar no reconhecimento alinhado às Metas da instituição escolar, sejam elas de Aprendizagem ou Operacionais. Todo reconheci- mento deve ser feito publicamente e pessoalmente pelo líder da instituição. É importante lembrar que, de acordo com as abordagens sobre o elemento liderança, esse é o momento em que o líder não manda representante, essa tarefa é dele e indelegável, cabe a ele e somente a ele reconhecer as pessoas com quem trabalha. Vejamos um exemplo: em sua classe, a professora Inez reconhece os alunos que contribuem para o atingimento das Metas da classe por meio de: • Projeto Bis!: trata-se de um crachá com ilustração de mãos batendo palmas. Quando um aluno, por duas vezes (daí o nome), ajuda alguém em algo relacionado com as Metas da classe, ele recebe o crachá das mãos de um de seus colegas e pode usá-lo durante um dia letivo. Os pais dos alunos que ganham o “Bis!” recebem uma comunicação assinada pela professora, e o aluno leva para partilhar com a família uma caixinha do chocolate Bis. • Coluna Campeões do Mês: trata-se do reconhecimento dos alunos com contribuições destacadas por meio da coluna Campeões do Mês do jornal da turma. • Sessões mensais de celebração do sucesso das Metas da turma: trata-se de confraternizações com a presença da diretora da escola. Vocabulário Recompensa: “compensação financeira dada a uma pessoa como reconhecimento pela sua contribuição diferenciada ao atingimento dos objetivos da organização” (GOMES, 2001b, p. 19). Reconhecimento: “forma simbólica de uma organização mostrar publi- camente que uma pessoa contribui excepcionalmente para os resul- tados gerais, através de seu trabalho ” (GOMES, 2001b, p.19). 105 Exemplificando Na Figura 3.3, temos uma foto que mostra o reconhecimento dos alunos por se destacarem nas Metas de Aprendizagem do bimestre. Eles foram premiados com medalhas feitas da reciclagem de latinhas de refrige- rante. A Figura 3.4 traz a foto de duas professoras do município de Campinorte/GO sendo reconhecidas pelo resultado de suas turmas no bimestre com um dia de beleza em um salão parceiro da escola. Figura 3.3 | Crianças recebendo medalhas como recompensa por se destacarem nas Metas de Aprendizagem do bimestre Fonte: acervo da autora. Figura 3.4 | Professoras recebendo a recompensa pelo resultado de suas turmas Fonte: acervo da autora. 106 5. Alinhar as ofertas de capacitação do pessoal com as Metas da instituição Não faz sentido uma instituição fazer todo o planejamento de uma capacitação a ser realizada durante o ano e oferecida para a equipe de funcio- nários e educadores se as ações não estiverem alinhadas com as Metas da organização. Vejamos um exemplo: o diretor Geraldo, no início do ano, de olho nas Metas de Aprendizagem e Operacionais da escola e nas expectativas das pessoas com quem trabalha, faz um levantamento de oficinas e estudos a serem oferecidos aos educadores e funcionários. Além disso, busca parceiros presenciais e por EAD, separa a equipe em grupos e elabora o calendário denominado “A Meta é o Alvo”. Lembre-se Precisamos cuidar para não usar a expressão “a escola realiza cursos de reciclagem para os funcionários”. É importante lembrar que o que se recicla é lixo, pessoas são capacitadas. 6. Treinar e educar na hora certa Quando usamos os termos educar e treinar em relação à educação queremos destacar que existem assuntos referentes à capacitação dos educa- dores e funcionários que devem ser feitos por meio de treinamento (= aprender a aplicar o tema; exemplo: oficinas) e outros por meio de educação (= aprender o que é o tema; exemplo: grupo de estudo). Cabe ao líder da instituição realizar as capacitações ajustando-as no momento certo. Vejamos um exemplo: Marieta, secretária de educação de Maracatu, percebendo que o resultado da Meta de cálculos dos anos iniciais da Rede Municipal havia avançado pouco, decidiu adquirir para cada escola um armário com ábacos, material dourado e jogos diversos para o trabalho matemático na sala de aula. Após um bimestre, ela constatou nos dados oferecidos pelas escolas que muitos educadores não usaram o material por não saberem como utilizá-lo, mesmo reconhecendo a sua importância. Imediatamente, Marieta solicitou aos educadores da rede que sabiam usar cada um dos jogos a executarem oficinas para os colegas que apresentavam dificuldades. Após a oficina “Mutirão dos Jogos”, todos os educadores dos anos iniciais sabiam trabalhar o material com suas turmas e os resultados no bimestre seguinte foi bastante significativo. 107 7. Alinhar as ofertas de capacitação com as necessidades específicas de grupos de pessoas Importante se faz capacitar as pessoas para aplicar imediatamente o proposto e não apenas capacitar por modismos, incorrendo em muitas capacitações ao mesmo tempo e sendo todas muito parecidas, como se fossem um padrão único. Dessa forma, cabe ao gestor conhecer bem a sua equipe, sabendo identificar os pontos fortes, as oportunidades de melho- ramento de cada pessoa e o valor que cada uma agrega à equipe como um todo. Em seguida, dividir a equipe em grupos por ano/série, ou disci- plinas de trabalho, educadores novatos e educadores veteranos, dentre outras formas de agrupamento, e oferecer as capacitações conforme as necessidades de cada pessoa/grupo. Só se deve colocar toda a equipe na mesma sala para aprender o mesmo assunto se todos estiverem no mesmo nível de conhecimento sobre o tema a ser trabalhado. As capacitações devem acontecer ao longo do ano letivo e não ao final, quando a agenda do pessoal está sobrecarregada ou não há mais tempo para melhorar ou inovar as práticas e processos de trabalho. Vejamos um exemplo: Mara, diretora de escola, após ouvir os educa- dores e funcionários sobre as suas necessidades e expectativas de capaci- tações para o próximo ano, validar o que fazer e buscar parcerias, junto com a equipe pedagógica da escola, elabora o cronograma de educação e treinamento a ser realizado no ano seguinte. Nele, estão as capacitações que deverão acontecer com todos da equipe, educadores divididos em grupos por ano e assunto, funcionários divididos em grupos por assunto e os tipos de educação e treinamento a serem oferecidos, como: treina- mento em serviço, mentoria/tutoria, coaching (modalidade de tutoria, em que um líder, pessoalmente, orienta a formação de um provável sucessor ou alguém muito promissor), educação centrada em tecnolo- gias de aprendizagem, ensino a distância, consultoria externa, oficinas e cursos presenciais. Exemplificando Como exemplo temos na Figura 3.5 a foto de uma oficina sobre ritmos e estilos de aprendizagem realizada com educadores do município de Porto Velho/RO. Na Figura 3.6, temos a foto de educadores do município do Rio de Janeiro/RJ participando de um treinamento sobre ferramentas de gestão, o Diagrama de Lótus. 108 Figura 3.5 | Oficina de ritmos e estilos de aprendizagem Fonte: acervo da autora. Figura 3.6 | Treinamento sobre ferramentas de gestão Fonte: acervo da autora. 8. Incluir as pessoas no planejamento das capacitações Se há algo que um bom líder deve saber fazer é ouvir as vozes do pessoal com quem trabalha sobre quais são as suas necessidades e expectativas sobre o processo a ser realizado na escola em relação às capacitações a serem ofere- cidas. Em seguida, é preciso validar e incorporar o que fizer sentido. Assim, quando as capacitações forem realizadas, os educadores e funcionários se identificarão com o que for oferecido. 109 Vejamos um exemplo: Edmar, diretor da escola, na última reunião do ano letivo faz com os educadores e funcionários um levantamento de expec- tativas sobre a forma de entrega das capacitações do próximo ano: periodici- dade;melhor dia da semana, horário e temas de interesse. Junto com a equipe pedagógica da escola, ele valida e planeja as capacitações. 9. Avaliar a eficácia da capacitação pelo seu impacto no trabalho das pessoas Quando falamos sobre avaliar a eficácia das capacitações pelo seu impacto no trabalho das pessoas, não estamos falando na avaliação se o instrutor ou palestrante foi simpático e competente, se o horário foi adequado, se o material utilizado foi interessante. Estamos falando da criação de um processo para verificar se os resultados melhoraram e se as práticas mudaram para melhor após a oferta de educação e treinamento. Vejamos um exemplo: lza, coordenadora pedagógica dos anos iniciais de uma escola, utiliza a “Ficha Amarela”, na qual faz anotações sobre cada educador, turma, capacitações realizadas e o impacto delas na aprendizagem e na melhoria da forma de ensinar. Reflita Segundo a Base Nacional Comum Curricular da Formação de Professores da Educação Básica: O aprendizado dos professores deve ser orientado por competências (conjunto de domínios) em que não basta saber o conceitual, é preciso desenvolver o domínio relacional, a habilidade de conviver na diversidade das situações de sala de aula (MEC, 2018, [s.p.]). 10. Incentivar o pessoal na direção de sua autorrealização Autorrealização é a maior aspiração do ser humano, conforme a escala de necessidades básicas, segundo Abraham Maslow. Uma ação importante é, junto com os educadores e funcionários, fazer a avaliação de desempenho de cada um deles, dando um feedback. O líder deve incentivar e apoiar as pessoas com quem trabalha a estabelecerem as suas Metas pessoais e a redigirem um Plano de Ação para a sua vida profissional a curto, médio e longo prazo. 110 Figura 3.7 | Escala das necessidades básicas do homem Fonte: Elaborada pela autora. Vejamos um exemplo: Luna é a coordenadora pedagógica das turmas dos anos finais do Ensino Fundamental. Ela criou um processo chamado “Mãos Dadas”, em que professores e outros profissionais aposentados da cidade se voluntariam para acompanhar um aluno do 9º ano durante o seu último ano na escola e a transição para a escola estadual e Ensino Médio. Eles conversam por telefone e e-mail e mensalmente em um encontro na biblioteca da escola. Assim, cada aluno tem oportunidade de trocar ideias, bem como de traçar o seu projeto de vida para a próxima década. 11. Empoderar as pessoas É preciso entender que delegar é diferente de empoderar. Alguns gestores delegam aos seus funcionários uma situação de trabalho, fazendo somente uma transferência de responsabilidade, mas sem a autoridade. Continuam, então, tendo retrabalho, pois precisam fazer microgestão da situação, contro- lando tudo. O bom líder é aquele que empodera as pessoas com quem trabalha, preparando-as para assumir responsabilidades e usar autoridade em situações que exigem tomada de decisão na hora. Vejamos um exemplo: todas as vezes que Rosana, a diretora da escola, está fora para resolver alguma questão em outra organização ou participar de reuniões na Secretaria Municipal de Educação, fica supertranquila, pois sabe que o seu processo, chamado “Avatar”, corre “redondinho” na escola, evitando assim que ela fique estressada e preocupada que alguém 111 irá interrompê-la para resolver problemas ou solicitar tomada de decisão, fazendo-a sair dos compromissos para atender telefonemas urgentes. No “Avatar” é estabelecido para todos quem são as pessoas da escola que, na ausência de Rosana, estão empoderadas para a tomada de decisão. Em relação aos alunos, a responsável é a pedagoga mais experiente da escola. Sobre o prédio escolar e materiais a serem utilizados, a responsável é a secretária escolar. Quanto à ausência de educadores, cabe ao coordenador do turno solucionar a questão e, sobre falta ou alteração na merenda, a responsável é a cantineira mais antiga. Essas pessoas já sabem como agir em cada uma das decisões e, em caso de dúvidas, têm em mãos o Código de Ética da escola. Assim que a solução é tomada, a pessoa responsável posta no grupo Avatar do WhatsApp a informação para que todos fiquem cientes. Além disso, uma vez por bimestre Rosana reúne essas quatro pessoas para, juntos, avaliar o processo e levantar novas possibilidades de ações. Saiba mais Código de Ética ou Conduta é um documento que serve como orien- tação em relação às regras e condutas a serem cumpridas pelos educa- dores, funcionários e alunos. Nele, consta o modo como devem ser as relações com os alunos, com parceiros, professores, funcionários, comunidade, meios de comunicação e sindicatos. 12. Proporcionar um bom ambiente de trabalho Uma das competências do gestor de uma organização junto ao pessoal com quem trabalha é garantir um ambiente de trabalho e o clima de apoio que contribua para o bem-estar, a satisfação e a motivação, envolvendo questões e preocupações referentes à saúde e segurança. Vejamos um exemplo: Júlia e Cláudia são coordenadoras pedagó- gicas de uma escola municipal. Lá, elas lideram o processo “Tô de Boa”, que consiste em ter a sala dos professores e dos funcionários sempre arrumada, com café, água e chá; um varal de revistas pedagógicas; livros em uma caixa colorida para leitura e estudo; além de uma música suave ao fundo. O projeto ainda presenteia cada professor com o kit garrafinha para água, apagador e canetões; treina cada pessoa nos 10 movimentos de ergonomia a serem executados antes de cada dia de trabalho e aborda semanalmente um texto ou uma técnica que incentive a cooperação e motivação para a carreira. 112 Pesquise mais Uma boa dica de textos sobre cooperação e motivação para o trabalho em equipe está no livro O que podemos aprender com os gansos, volumes 1 e 2, de Alexandre Rangel, Editora Original, 2004. RANGEL, A. O que podemos aprender com os gansos. Editora Original: São Paulo, 2004. Em um ambiente educacional, cabe ao seu líder tomar alguns cuidados especiais no trato com as pessoas: gerar falsas expectativas de que as coisas vão melhorar é ser um “mercador de ilusões”; tentar fazer tudo para todos é o caminho do caos e não do sucesso, ninguém é “campeão de audiência” o tempo todo; reconhecer as pessoas pela obrigação que devem fazer é ofuscar o brilho das contribuições superlativas de alguém que merece o destaque; se não for agir e tomar decisões de melhoramento ou inovação para as contri- buições feitas, nem ouse sondar! Fazer o que faz o pessoal feliz é importante, mas validar antes é essencial. Portanto, ter processos e práticas que garantem o bem-estar, a satisfação e o desenvolvimento dos funcionários e educadores faz com que a instituição educacional tenha garantido um clima organiza- cional propício aos melhores resultados. Para conhecer mais sobre as formas colaborativas de trabalho no ambiente escolar, leia a cartilha Grupos de Parcerias Internas (GPI). Você pode acessá-la por meio do QR Code. Sem medo de errar Um gestor de escola deve sempre ter um cuidado especial com os educa- dores e funcionários com quem trabalha, o que não se resume apenas em cumprir as obrigações no que se refere a ter um ambiente limpo, cumprir com as legislações educacionais e de trabalho. É preciso fazer mais para criar um “time de sucesso” e não apenas um “quadro de pessoal”. Necessário se faz criar relações mútuas de respeito, apoio e confiança; apostar no trabalho cooperativo; empoderar e envolver o pessoal no melhoramento; reconhecer; incentivar a todos para a autorrealização; ouvir e criar um ambiente saudável, alegre e propício ao processo de ensino-aprendizagem. Na situação-problema apresentada, são ações a serem realizadas na escola para reconhecer de forma superlativa professores e funcionários: 113 • No início do ano: aplicar a todos os professores e funcionários a pesquisa “Como gosto de ser reconhecido?”. Em seguida, levantar os dados e criar uma planilha com o nome de cada pessoa e as formas que gosta de ser reconhecida.Cabe explicar que essa pesquisa serve para os educadores, funcionários e a Equipe de Liderança de um sistema escolar identificarem quais os tipos de reconhecimento esse grupo valoriza. Cada pessoa recebe uma lista com 20 formas de reconhe- cimento para assinalar as que mais a atraem. Depois, ela contará os pontos e saberá se gosta de ser reconhecida de forma intrínseca (aparente só para a pessoa) ou extrínseca (aparente para todos). • Sempre que necessário: ao constatar que a atividade realizada pelo professor foi um diferencial no dia ou que o funcionário teve uma iniciativa que fez diferença, ou seja, a ação realizada superou a expectativa, deixar no dia seguinte no escaninho da pessoa o cartão “Valeu! Ontem a ação que você realizou foi de tirar o chapéu! ”. Junto com o cartão, colocar “um mimo” como uma régua colorida ou um lápis ou caneta diferente, etc. • Mensalmente: após estabelecer junto com a equipe os critérios como assiduidade e pontualidade, parceria, entre outros, pregar no mural “Destaques do Mês” a foto e o nome dos que se sobressaíram. • Bimestralmente: – Entregar ao funcionário ou educador que trabalhou bastante para o alcance de uma Meta da escola um pin com mãos batendo palmas e um cartão escrito o seguinte: “Agradecendo a mão que você tem dado com a meta nº----”. – Entregar um vale livro (da parceria com uma empresa da região) ao educador ou funcionário que no bimestre alcançou a Meta de 100% na pontualidade e na entrega da documentação necessária. • Semestralmente: entregar medalhas de ouro, prata e bronze e um diploma a três pessoas da equipe (selecionadas pelo coordenador e dois professores), que durante o semestre contribuíram com inicia- tivas expressivas para as Diretrizes Estratégicas da escola. As fotos dos medalhistas de ouro integrarão o “Hall da Fama”. • Anualmente: realizar um evento para reconhecer as pessoas que mais se destacaram durante o ano nas categorias educador, funcionário, aluno, pai ou responsável, parceiro (os critérios serão validados com a equipe na primeira reunião do ano). A premiação será um troféu chamado “Bravo”, idealizado pelo professor de Artes e “mimos” ofere- cidos por empresas parceiras. 114 Faça valer a pena 1. Abraham Maslow criou a Teoria das Necessidades Básicas do Homem, onde a necessidade de autorrealização é o grande ápice a ser alcançado por uma pessoa. Também fazem parte dessa teoria as necessidades básicas de segurança, sociais e de autoestima. A teoria explica como os indivíduos são movidos a suprir as suas necessidades das mais básicas até as mais complexas. A ordem correta das necessidades do homem das mais simples às mais complexas levantadas por Maslow são: Básicas – Segurança – Sociais – Autoestima – Autorrealização. Faça a correspondência correta entre essas necessidades e os itens a seguir. A. Sobrevivência, alimentação, roupa e teto. B. Proteção sua e de sua família, estabilidade no lar e no emprego. C. Sentimento de aceitação, amizade, associação a um grupo. D. Realização do seu próprio potencial, autoexpressão e autodesenvol- vimento. E. Autoconfiança, independência, reputação. A resposta verdadeira que exemplifica cada necessidade na ordem hierár- quica é: a. A – B – C – D – E. b. B – D – E – C – A. c. A – B – C – E – D. d. D – C – B – E – A. e. C – B – D – A – E. 2. Fazer gestão de pessoas é cuidar da motivação, bem-estar do pessoal, condições de trabalho, satisfação e insatisfação das pessoas, educação e treinamento, empoderamento, times, parcerias, reconhecimento, trabalho cooperativo, competências, habilidades, incentivos, crescimento, autorreali- zação, aprendizagem, autogestão, contribuições ao melhoramento e desen- volvimento de pessoas. Marque a resposta que exemplifica uma ação que um diretor de escola pode fazer para garantir o desenvolvimento dos funcionários de uma escola. a. Parceria com a comunidade local. 115 b. Treinamento em métodos de alfabetização. c. Treinamento em higienização de cantinas e banheiros. d. Distribuição de revistas. e. Reunião mensal de avaliação do trabalho. 3. Um gestor sabe que ter o grupo de educadores da escola trabalhando cooperativamente é meio caminho andado para a satisfação das pessoas e a melhoria contínua dos resultados. Trabalhar cooperativamente exige do gestor habilidades para desarmar situações em que membros do time demons- tram atitudes indesejadas como: indiferença, conversa paralela, questões irrelevantes, medo de rejeição, conflito entre membros, ____________ e __________. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto. a. Silêncio e ausência. b. Desconhecimento e preconceito. c. Preguiça e insensatez. d. Monopólio e silêncio. e. Ingratidão e monopólio. 116 Seção 2 Gestão de processos Diálogo aberto Segundo Gomes (2004, p. 27), “a palavra processo é um método parti- cular de se fazer alguma coisa, geralmente envolvendo uma série de passos ou operações”. Cuidar das pessoas, ter um plano estratégico e focar sempre o aluno são ações rotineiras de todo gestor. Além disso, é preciso também ter o cuidado de garantir que os principais processos da instituição que lidera sejam robustos, sistemáticos, eficientes, além de passarem sempre por diversos ciclos de melhoramentos contínuos e inovações. É importante ter sempre um “olhar especial” para os seus principais processos-chave, ou seja, aqueles que são os vitais para a instituição de modo a garantir que as Diretrizes Estratégicas sejam cumpridas conforme o planejado e para que os resultados sejam cada vez melhores. Não adianta realizar ações pontuais ou episódicas na solução de alguma questão. É preciso sistematizar o que precisa ser feito, o que é prioridade, além de garantir que tudo fique claro, simples e visível a todas as Partes Interessadas. A eficiência operacional está muito ligada à otimização de recursos e tempo, envolvendo estratégias ágeis de gestão de processos. Nos Processos de Aprendizagem, é importante criar valor para os alunos e para outras Partes Interessadas para que aconteçam de forma satisfatória. Além disso, é preciso que o gestor busque sempre melhorar a eficácia organizacional do sistema. É importante pensar nos Processos de Apoio relacionando-os às operações do dia a dia. Os processos são a “cereja do bolo” de um ótimo gestor. Há uma frase muito conhecida que diz: “Pense grande, comece pequeno e ande rápido”. A autoria dessa máxima possui muitas variações, mas é válido refletir sobre seu ensinamento: • “Pensar grande” significa melhorar um processo que venha a ter toda qualidade e amplitude de usos possíveis. • “Começar pequeno” significa iniciar a implementação numa pequena escala. • “Andar rápido” significa reduzir o tempo entre a concepção de uma inovação e sua aplicação em escala na escola. Com base nisso, imagine uma sala de aula em que você é o professor de uma turma de 35 alunos do 2º ano do Ensino Fundamental, quais são os seus processos-chave em relação às Metas de Aprendizagem e às Metas Operacionais? 117 Não pode faltar No elemento gestão de processos, a instituição deverá saber planejar, controlar e melhorar suas práticas ou processos de trabalho, centrados na aprendizagem e de apoio à aprendizagem. Ao liderarmos uma escola ou qualquer outra instituição educacional, devemos zelar pela garantia da reali- zação dos principais processos de trabalho, os mais importantes, também chamados de processos-chave, que são relacionados tanto às Metas de Aprendizagem quanto às Metas Operacionais, ou de Apoio. De processos eficazes, inovadores, robustos, continuamente melhorados, temos direito de esperar resultados de alto desempenho. Fica igualmente claro o que esperar de processos ineficazes, frágeis e ultrapassados. Fazer gestão dos processos de uma organização é abranger três grandes processos gerenciais: planejamento, controle e melhoramento. Figura 3.8 | Processos gerenciais Fonte: elaborada pela autora. Pesquisemais Assista a uma animação que, de forma interessante, retrata e faz uma reflexão sobre a gestão de processos no dia a dia de uma organização. IMG CROSSMEDIA STUDIO. CNI – Gestão por processos. Publicado em 20 out. 2015. Quando um processo se esgota, precisa ser melhorado ou inovado. É importante saber quando criar, manter ou melhorar os processos de uma organização. O que são Processos de Aprendizagem? E Processos de Apoio? 118 Quadro 3.2 | Processos de Aprendizagem e Apoio Processos de Aprendizagem Processos de Apoio Estão diretamente ligados aos alunos e às Partes Interessadas. Estão diretamente ligados à estrutura, organização e logística da instituição para dar apoio às Metas de Aprendizagem. Incluem processos relacionados a: • Programas educacionais. • Formas de avaliar. • Estilos de aprendizagem. • Currículos. • Formas de ensinar. • Planejamentos. Incluem processos que, entre outras coisas, estão relacionados a: • Serviços administrativos. • Secretaria. • Finanças e orçamento. • Manutenção de prédios. • Instalações e equipamentos. • Serviços jurídicos, de pessoal e de gráficas. • Compras. • Estoque. • Gerenciamento de fornecedores e parceiros. Fonte: elaborado pela autora. Assimile Processo é uma série sistemática de ações para se cumprir uma Meta, ou uma tarefa complexa, que tenha vários passos em sua execução. Um gestor pode realizar as ações descritas a seguir, relacionadas aos processos no sistema escolar. 1. Criar processos robustos Processo robusto é aquele que tem a capacidade de se manter estável, com mínima variação, ainda que as condições operacionais variem de modo sensível. Um processo robusto atua com uma margem de segurança de quali- dade, podendo resistir a algumas falhas. Uma dinâmica de sala de aula é um processo robusto quando um professor novato consegue executá-lo sem qualquer treinamento detalhado. Portanto, considerando que processo é o passo a passo a ser realizado para o cumprimento de uma tarefa ou de uma Meta, cabe ao gestor fazer um levantamento prévio sobre o sistema escolar que lidera para identificar quais são os principais processos a serem executados. No caso do sistema sala de aula, são processos importantes os de reunião de pais, o controle de frequência e a assiduidade dos alunos, a forma de avaliar, a forma de ensinar e aprender cada conteúdo, dentre outros. No caso do sistema escola, são processos-chave o recreio, a entrada e a saída de alunos, a documentação, 119 a organização e a manutenção do espaço físico, o ensinar e o aprender, as reuniões de pais ou responsáveis, funcionários e educadores, dentre outros. Um bom processo deve ser simples, eficiente, sem passos ou recursos desne- cessários para que se chegue aos resultados com mais economia. Ao planejar um processo, é importante investir tempo e recursos na sua criação para que não seja necessário corrigi-lo a cada dia. Todo processo deve ter um respon- sável por sua execução, que também é chamado de guardião ou proprietário. Essa pessoa fará o acompanhamento para que o processo seja realizado com eficácia e eficiência, realizando melhoramentos quando necessários. Os processos devem ser escritos de forma que qualquer pessoa do sistema educacional, ao lê-los, saiba executá-los. Nos Processos de Aprendizagem, são requisitos-chave para a sua gestão: • Planejamento eficaz das atividades educacionais. • Execução eficaz das atividades planejadas. • Foco na aprendizagem do aluno. • Inclusão das Medidas no planejamento. • Inclusão das vozes validadas dos alunos, das Partes Interessadas e dos parceiros nas ações de planejamento. • Ênfase na simplificação e na agilização dos processos de forma regular e sistemática. • Novas aprendizagens decorrentes do Melhoramento Contínuo e da inovação. • Melhoramento do próprio processo de planejamento. Já nos Processos de Apoio, são requisitos a serem considerados: • O alinhamento das ações das pessoas que atuam na escola, mas fora da classe (como os funcionários da biblioteca escolar, por exemplo) e que devem realizar seus processos de trabalho em sintonia com o que está sendo desenvolvido dentro da classe. • O acerto do passo dos pais com o do professor, combinando o modo como vão apoiar, acompanhar e valorizar o processo de aprendizagem de seus filhos. • Garantia de uma maior eficácia e eficiência no desempenho e nas conexões com os programas e serviços relacionados a serviços adminis- trativos, secretaria, finanças e orçamentos, manutenção de prédio, insta- lações e equipamentos, serviços jurídicos, de pessoal, de comunicação, 120 gráficos, compras, distribuição, armazenamento, estoque e gerencia- mento de parceiros. Para que as pessoas se apropriem com mais facilidade dos processos, dê a eles um nome fantasia. Por exemplo: no caso de processos para leitura, podemos citar nomes como “Dando asas à imaginação”; “Reloginho da leitura”; “Coquetel de livros”; entre outros. Os processos podem ser descritos por fluxogramas, planos de ação ou por descrição discursiva, passo a passo. Os fluxogramas são gráficos simples e fáceis de construir, que mostram o caminho, o passo a passo de um processo. Podem ser simples ou complexos. Além de facilitar a visualização da prática como um todo, as pessoas que estão envolvidas podem estabelecer melhor o seu ritmo, delegar tarefas e determinar as responsabilidades específicas. O Quadro 3.3 apresenta os elementos básicos de um fluxograma. Quadro 3.3 | Elementos para a elaboração de fluxograma Símbolo O que indica Como usar Início e fim Utilize para abrir e fechar o fluxo-grama. Atividade Ao indicar as atividades do processo, dentro do retângulo escreva o nome da atividade com um verbo no infini- tivo e um nome ou complemento. Por exemplo: corrigir tarefas. Verificação Utilize no monitoramento dos princi- pais pontos do processo. Dentro dele coloque uma pergunta objetiva. Se a resposta dor SIM, faça a indicação para seguir em frente. Caso a resposta seja NÃO, indique o retorno. Conexão Utilize para fazer a conexão entre fluxogramas. É usado, também, nos modelos mais longos, que ocupam mais de uma página. Documento Utilize para indicar um documento a ser utilizado ou gerado. 121 Arquivamento Utilize para informar que, naquele ponto do processo, um documento é arquivado. Linhas de fluxo Por meio das pontas das setas, indique em que direção se ligam os diversos símbolos do processo. Fonte: elaborado pela autora. Observe o exemplo de um processo em fluxograma intitulado “Como está a merenda hoje?”. Figura 3.9 | Fluxograma: “Como está a merenda hoje?” Fonte: elaborada pela autora. 122 Exemplificando Em uma escola do município de Alagoa Nova/PB, o cardápio da merenda mostra antecipadamente ao aluno o que ele terá como alimentação na semana. Diariamente, usa-se o instrumento de satisfação com a merenda. Após comerem, os alunos colocam o que sobra no prato em uma bacia onde depois é feito o levantamento da quantidade de sobra dessa merenda. Mensalmente, os dados são disponibilizados aos alunos, professores, cantineiras e nutricionista para que saibam qual a comida melhor avaliada, o desperdício de alimentos, entre outras infor- mações. A consequência disso é a mudança de cardápio e da forma de prepará-lo, como foi o caso do feijão verde, que foi mal avaliado por estar muito aguado. Figura 3.10 | Cardápio da semana Fonte: acervo da autora. Figura 3.11 | Pesquisa de satisfação sobre a merenda Fonte: acervo da autora. 123 Um processo ou prática também pode ser descrito utilizando o Plano de Ação, também chamado de 5W2H, que é uma ferramenta de gestão e que pode ser utilizada por meio de um formulário para execução e controle de tarefas a serem realizadas. Deve descrever de forma clara tudo o que deve ser feito (what), quando (when), quem é o responsável (who), o porquê da ação (why), o como fazer (how), onde (where) e se haverá algum custo (how much). O Plano de Açãopode ser mais simples e também apresentar excelentes resultados. Normalmente, nos sistemas de escolas e classes, a seguinte formatação é a mais utilizada: “Quando? O quê? Quem?”. Vejamos um exemplo de processo em Plano de Ação: “Recreio Nota 10”. Quadro 3.4 | Plano de Ação: “Recreio Nota 10” Quando? O quê? Quem? Primeira semana de aula Contextualizar para os alunos a forma como acontecerá o “Recreio Nota 10”. Cada professor em sua turma Semanalmente Selecionar alunos para serem monitores do recreio. Professora da biblioteca da escola Diariamente • Vestir colete de monitor do recreio. • Montar os espaços para brincadeiras: varal de revistinhas, balaio com bolas, petecas e cordas, caixa com bonecas e carrinhos, caixa com jogos de dominós, damas, quebra-cabeças e xadrez. • Acompanhar as brincadeiras dos alunos, auxiliando no que for preciso. • Após o recreio, preencher o gráfico de avaliação do recreio e mudar a plaquinha “Estamos ___ dias sem acidentes no recreio”. Alunos monitores do recreio Mensalmente Reconhecer a turma que mais se destacou durante o mês em pontualidade, disciplina e parceria com um “mimo” para cada aluno e o nome da turma no Mural “Destaques do Mês”. Coordenador pedagógico Fonte: elaborado pela autora. Por meio da descrição do passo a passo, também podemos escrever um processo. Importante: deve-se iniciar cada item com um verbo no infinitivo para mostrar a ação a ser realizada. 124 Exemplificando Vejamos um exemplo de um processo em “passo a passo”: Processo de leitura: “Reloginho da leitura” 1. Entregar ao aluno uma cartela com texto. 2. Cronometrar o tempo gasto pelo aluno na leitura do texto. 3. Registrar os minutos e segundos em uma carteirinha própria (pais). 4. Repetir o procedimento dos itens 1 e 2 todos os dias. 5. Na sexta-feira, avaliar, juntamente com a professora, o desem- penho do aluno quanto ao tempo utilizado por ele na leitura da semana. 6. Trocar a leitura toda segunda-feira. 7. Avaliar o impacto na aprendizagem. 8. Sortear entre os alunos no final do processo relógios de verdade. 2. Documentar os processos As pessoas de uma instituição escolar precisam ser capazes de descrever, fluentemente, os passos de seus principais processos. Além disso, é funda- mental compartilhá-los para buscar melhores práticas, porque se o processo é eficaz, é um desperdício que somente uma pessoa o utilize. Ao sistematizar os processos, todos da organização conhecerão a melhor forma de realizá-los. A partir do momento em que se entende como o trabalho é feito, fica mais fácil gerenciá-lo e, em seguida, melhorá-lo. É necessário documentar os principais processos de um sistema escolar, pois, sem registros atualizados a organização fica sem memórias, sem know-how. Ao documentar os processos, o gestor aumenta o repertório validado pelos educadores e funcionários; impulsiona a capacitação de professores novatos ou menos experientes; e facilita o registro de melhoramentos. Além disso, quando um funcionário faltar ao trabalho ou até mesmo sair da escola, outra pessoa saberá executar as ações que ele fazia, somente verificando os seus processos-chave. Uma forma interessante de documentar os processos é fazer uma pasta de Processos de Aprendizagem e colocá-la na sala de professores ou na sala de coordenação. O ideal é que cada setor da escola, como secretaria, cantina, biblioteca, também tenha seus processos em pasta. Para que todos tenham fácil acesso aos registros, basta criar uma pasta no computador da escola e disponibilizá-la em rede ou, até mesmo, em outros meios, como grupos em redes sociais. Exemplificando Na Escola Municipal “Del Castilho” do Rio de Janeiro/RJ, cada professor e funcionário tem um caderno em que registra os seus principais processos de trabalho. Uma vez ao mês a coordenadora pedagógica 125 solicita, em uma de suas reuniões com os professores, que cada um dê uma apreciada no “Caderno de Processos” do colega e veja se há alguma boa ideia que possa também replicar na turma em que lidera. Essa é uma boa forma de fazer circular boas práticas e incentivar a melhoria contínua e a inovação. Figura 3.12 | Caderno de processos Fonte: acervo da autora. 3. Melhorar os processos Um processo deve ser melhorado ou inovado e, para isso, é preciso que se tenha noção do momento certo de tomar tais atitudes, pois há situações em que ele já está esgotado, tornando infrutíferas as tentativas de melhoramento. Os problemas não acabam por se ter processos robustos e sistemáticos, mas eles podem ser anteci- pados, fazendo com que as ações aconteçam de forma proativa. Os progressos devem ser realizados por quem conduz o processo, ou seja, por quem for o seu proprietário ou guardião. Essa pessoa, por ter uma visão privilegiada para fazer pequenos melhoramentos contínuos, conhece melhor do que ninguém o que é preciso fazer. Aliás, ela deve ter a obrigação de fazer isso sempre. Se o gestor a empodera para tanto, ciclos de melhoramentos tornam-se rotina na prática diária desse educador ou funcionário. Um processo pode passar por diversos ciclos de melhoramentos usando as seguintes ferramentas de gestão: PTCA, +/ (Positivo e Delta) ou Consensogramas. O +/Δ (Positivo e Delta) é uma forma bem simples e ágil para avaliar práticas, processos, reuniões ou atividades. Veja a seguir quais são os passos para realizar o +/ (Positivo e Delta) como avaliação de processos: 1. Trace uma linha vertical, numa folha de cartolina, quadro, etc., formando duas colunas. Escreva “+/Positivo” no alto da coluna da esquerda e “Δ/Delta”, no da direita. 126 2. Peça aos participantes que digam quais os pontos fortes e as oportuni- dades de melhoramento sobre o processo ou reunião realizada. 3. Registre as ideias sucintamente na coluna correspondente. Escreva os Deltas sempre iniciando com um verbo no infinitivo. 4. Destaque os pontos fortes. 5. Lembre-se de que a lista dos Deltas (oportunidades de melhora- mento) pode ser usada para definir um Plano de Ação. No caso do PTCA, cada letra tem um significado: [P] Planejar, [T] Testar, [C] Checar e [A] Avaliar. Normalmente, em empresas a ferramenta é chamada de PDCA, cujo significado é o mesmo em inglês. Quadro 3.5 | PTCA: Planejar, Testar, Checar e Avaliar Fonte: elaborado pela autora. 127 Para melhor visualização do Quadro 3.5, acesse-o por meio do QR Code. O Consensograma é composto por folhas enumeradas com uma gradação de 10 em dez até 100 e bolinhas adesivas. No topo, escreve-se o nome do processo ou atividade avaliada, e os alunos, professores ou funcio- nários colocam a bolinha adesiva conforme a sua satisfação. Observe o exemplo e veja como o cálculo é efetuado. Exemplificando Figura 3.13 | Consensograma Fonte: elaborada pela autora. • Conte quantas bolinhas há em cada valor e multiplique-os. 1 x 80 = 80 5 x 90 = 450 7 x 100 = 700 Some todos os totais encontrados. 80 + 450 + 700 = 1230 • Divida o total encontrado pelo número de bolinhas total e defina a porcentagem. 1230/13 = 94,6% O valor encontrado é a nota daquele processo. 128 Saiba mais No livro Gestão da qualidade e processos, você conhecerá um pouco mais sobre ferramentas para avaliar processos. MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da qualidade e processos. Editora FGV: Rio de Janeiro, 2012. 4. Inovar os processos Inovar processos é sair do que já existe e mudar completamente. Há momentos em que a inovação não precisa necessariamente estar dentro de um sistema escolar, ela geralmente vem de fora. Pode-se encontrar uma boa prática de avaliação de desempenho em um banco, por exemplo. O impor- tante é ter um ponto de partida e fazer as adaptações necessárias. Às vezes, o que é inovação para uma escola para outra não o é. Inovações só chegam em uma organização por meio de convite, quando as pessoas saem à procura de quem melhor executa tal prática, quem é a referência, o benchmark. Uma boa ferramenta para inovar os processos, rompendo com práticas, ou trazer algoinédito de fora da escola, é o “Time de Meta”, cuja explicação está na cartilha trabalhada na seção anterior. Não deixe de consultá-la. Para organizar um “Time de Meta” de sucesso é preciso: 1. Escolher a Meta de Aprendizagem a ser focada pelo time e procurar sempre escolher os membros do time com perfil para a Meta a ser melhorada. (Equipe de Liderança.) 2. Fazer o convite (a encomenda) ao gerente do time. (Diretor.) 3. Solicitar ao gerente que faça a comunicação aos membros do “Time de Meta” (o ideal para um “Time de Meta” é ter um gerente e outros quatro componentes, que podem ser professores ou funcionários de apoio). (Diretor.) 4. Entregar o roteiro do Plano de Ação ao gerente e agendar a data para a entrega (ver exemplo da folha). (Diretor.) 5. Receber o Plano de Ação com as datas e os cronogramas da inovação buscada pelo time (nesse momento, ver as necessidades para apoio ao grupo, como materiais, verbas, espaço, entre outras). (Diretor.) 6. Sugerir ao time que monte uma pasta/portfólio com fotos e ações realizadas no projeto piloto. (Diretor.) 7. Fazer a avaliação da inovação para posteriormente validá-la. (Diretor.) 129 8. Fazer a validação ou não da inovação para ser colocada em escala na unidade. (Diretor.) 9. Fazer a celebração dos resultados – organizar um dia para o reconhe- cimento. (Diretor.) 10. Avaliar o processo e, se necessário, fazer ajustes. (Time de Meta.) Falar sobre gestão de processos é investir em práticas focadas em flexibili- dade, agilidade, plano B, melhoramento, condução do trabalho diário, simpli- cidade, invenção, benchmarking (cópia do melhor), excelência, inovação, criatividade, eficácia, eficiência, efetividade, qualidade e sistematização. Reflita Segundo Mark Twain, um escritor americano, “Melhoramento contínuo é melhor do que perfeição adiada” (GOMES, 2001a, p. 52). Pesquise mais Veja no site da TV Futura o programa Educação inclusiva no Brasil | Destino: educação – escolas inovadoras, que mostra iniciativas educa- cionais transformadoras em doze instituições de ensino espalhadas pelo mundo. Trata-se de escolas cujos processos e práticas de trabalho apresentam forte inovação. CANAL FUTURA. Educação inclusiva no Brasil | Destino: educação – escolas inovadoras. 5 dez. 2018. Sem medo de errar Um professor, enquanto gestor de uma sala de aula, ao assumi-la, deve conhecer o perfil de cada aluno, sabendo em que ele se destacou até o ano anterior, quais são os seus pontos fortes e as suas oportunidades de melhoria. Também precisa saber de onde vem esse aluno, quem cuida dele em casa, quais são as suas referências de mundo, do que ele gosta, dentre outros dados que contribuam para conhecê-lo melhor. Com base nessas informações, nas Diretrizes Estratégicas da escola, no currículo escolar e em outras orien- tações pedagógicas, como o caderno de competências para a série/ano, o professor deverá elaborar os seus principais processos-chave, alinhados às Metas de Aprendizagem e Operacionais, ou de Apoio. No caso da situação- -problema apresentada, em que você é um professor de uma turma de 2º ano do Ensino Fundamental, ou seja, com crianças de 7 a 8 anos, os seus 130 principais processos podem ser em relação a Metas de Aprendizagem e a Metas Operacionais, conforme exposto a seguir. Quadro 3.6 | Metas de Aprendizagem e Metas Operacionais Processos relacionados a Metas de Aprendizagem Processos relacionados a Metas Operacionais Antes do início de novas unidades, aplicar o SQA – processo em que os alunos respon- dem a perguntas, sendo: • (S) = o que já sabem sobre o assunto. • (Q) = o que se quer saber sobre o assunto. • (A) = o que poderíamos fazer para aprender melhor esse assunto. Organizar o espaço da sala de aula com alu- nos sempre trabalhando cooperativamente. Aplicar pesquisa de satisfação nos pais ou responsáveis pelos alunos. Saber o que será trabalhado no dia: rotina no cantinho do quadro em cartazes dese- nhados pelas próprias crianças anterior- mente, retratando atividades diversas como leitura, cálculos, poesia, produção de texto, recreio, etc. Ouvir as vozes, por meio de caixinha de sugestões e reclamações, que é aberta sema- nalmente, e por meio do +/Δ semanal, para avaliar como foram as aulas. Promover reuniões com pais ou responsá- veis pelos alunos. Realizar monitoramento de Metas: cartazes com os nomes dos alunos e cada dia letivo do mês, onde as crianças marcarão com verde, vermelho ou amarelo a sua pontua- lidade, execução da tarefa de casa, cálculos, leitura, etc. Verificar portfólio do aluno. Desenvolver Painel de Desempenho da turma com Metas da série/ano; expecta- tivas dos alunos; Metas da classe; gráficos comparativos. Realizar planejamento das aulas. Cuidar da Missão e Metas da classe. Preencher ficha avaliativa de cada aluno. Promover o “O aplauso é seu” (reconhe- cimento de alunos e pais destaques no bimestre e parceiros da sala). Fazer um Caderno de Apoio aos Pais (CAPA). Organizar pasta de processos. Buscar novas práticas de ensino e apren- dizagem fora da escola ou com colegas parceiros (“De olho na Meta”). Ter um “Plano B” (o que fazer em situações adversas como falta de professor; aluno doente; material faltoso, etc.). Fonte: elaborado pela autora. 131 Faça valer a pena 1. Todo gestor de uma organização sabe que ter bons processos não é suficiente. É preciso ser ágil para saber melhorá-los continuamente ou, quando estiverem exauridos, buscar a inovação. Assim, agilidade, Melhoramento Contínuo e inovação são valores fortes na gestão de processos. Francisco é professor de uma turma do 3º ano. Ao praticar os valores relacionados à gestão de processos, ele realiza as seguintes atividades: • Utiliza o PTCA bimestralmente ao realizar a reunião de pais ou responsáveis. • Participa semestralmente de uma feira de educação que acontece em sua cidade. • Dá a devolutiva em até dois dias de cada teste ou avaliação realizada por seus alunos. Assinale a alternativa que apresenta respectivamente os valores empregados por Francisco em cada uma de suas atividades de gestão. a. Melhoramento Contínuo; agilidade; inovação. b. Agilidade; inovação; Melhoramento Contínuo. c. Inovação; Melhoramento Contínuo; inovação. d. Agilidade; Melhoramento Contínuo; inovação. e. Melhoramento Contínuo; inovação; agilidade. 2. Em todo importante processo, daqueles chamados vitais, é necessário que se tenha sempre um “plano B” ou uma “carta na manga”. Dessa forma, evita-se que o líder seja pego de surpresa e precise “apagar incêndios” em situações que poderiam ter sido antecipadas. Além disso, ao se fazer um planejamento prévio, o líder é poupado de buscar estratégias para serem utilizadas na falta do que foi planejado “de primeira”. Enquanto gestor de uma escola, marque a alternativa que retrata algumas situações de seus principais processos-chave que precisam ter um plano B. a. Falta de matrícula; merenda bem-feita; material escolar. b. Falta de funcionário; professor pontual; licença ambiental. c. Falta de professor; atraso na entrega da merenda; transporte escolar estragado. 132 d. Alunos novatos; resultados financeiros; saída de alunos. e. Livros da biblioteca; alunos frequentes; licença de professor. 3. Sem processos sistemáticos, as pessoas não entendem como o trabalho é feito, já que cada hora acontece de um jeito, dependendo de qual professor ou funcionário estiver executando. Se não entendemos como um trabalho é realizado, não podemos fazer a gestão. Se não podemos fazer gestão, muito menos vamos poder melhorá-lo. Em relação à gestão de processos, assinale como verdadeiras ou falsas as máximas a seguir: ( ) Se não consegue controlar, não tente melhorar. ( ) Busque a inovação onde quer que ela esteja. ( ) Tire proveito das descrições dos processos. ( ) Opte por processos individualizados. ( ) Não deixe seu know-how ir para o espaço.: a. V – V – V – F – V. b. V – F – V – F – V. c. V – V – V– V – F. d. F – F – V – V – V. e. V – F – F – V – V. 133 Seção 3 Gestão da sala de aula Diálogo aberto Em cada início de ano letivo, o educador se surpreende com o espaço físico da sala de aula que utilizará durante o ano, bem como com a série que assumirá e com a relação de alunos que formarão a sua classe. Portanto, ano a ano ele vivencia novidades, novas descobertas e experiências, além de um fazer pedagógico alinhado às características do perfil da turma de alunos com a qual trabalha. No entanto, há alguns educadores que insistem em utilizar velhas práticas pedagógicas que acreditam ser padrão para qualquer turma de alunos que recebem, seguindo aquele velho modelo mental “sempre fiz assim”. Acreditam que crianças da mesma idade na mesma sala de aula têm os mesmos interesses e aprendem da mesma forma. Para esses professores, a rotina diária de ser educador está relacionada às seguintes formas de atuar: alunos sempre se locomovendo em filas, respeitando o critério do menor para o maior; as carteiras da sala de aula são organizadas de forma que cada aluno fique atrás do outro, também em “filas indianas”; o quadro e o giz são seus principais recursos pedagógicos; copiar e copiar é uma das principais tarefas dos alunos; os estudantes que demonstram algum comportamento diferente dos demais recebem regras disciplinares implacáveis; avaliar é regra de mão única feita pelo professor e sempre da mesma forma; todos os murais pregados na classe são feitos de forma caprichosa pelo educador. Gabriel, entretanto, é um educador diferente. Ele atua como professor do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal “Olavo Bilac” e é considerado uma referência de gestor em sala de aula, na Rede Municipal de ensino de Maracatu. Sabendo disso, Marieta, a secretária municipal de educação, solicita a ele que sempre faça uma oficina com os professores novatos sobre a gestão em sala de aula. Imagine que você seja o professor Gabriel, quais as boas ideias que daria aos professores para garantir uma gestão eficaz e eficiente em suas classes? Não pode faltar Depois dos dois sistemas – Secretaria de Educação e escola – vem o da sala de aula, cuja liderança pertence ao professor. A ele cabe fazer a gestão tendo como foco o alto desempenho do aluno, razão de ser da escola. Vale ressaltar que aqui não vamos aprofundar as competências do que ensinar e a melhor forma didática de fazer acontecer a aprendizagem de cada conteúdo 134 a ser trabalhado. Esses temas são abordados nas diversas aulas de didática e ensino da graduação, além de estarem presentes na procura pessoal de cada educador por melhores práticas e técnicas de ensino e aprendizagem. É bom lembrar que ser um bom professor não significa saber citar todos os grandes educadores e suas propostas pedagógicas, é saber o que fazer, o como fazer e a melhor forma de fazer acontecer a aprendizagem. Pesquise mais Um estudo produzido pelo grupo editorial Pearson mostrou que as competências socioemocionais bem desenvolvidas são mais significa- tivas do que o domínio de conteúdos ou habilidades de ensino. Leia o texto indicado a seguir e conheça um pouco mais desse estudo: LOPES, M. Bom professor é aquele que se aproxima do aluno. Porvir – Inovações em educação, 20 abr. 2016. Segundo o relatório da Pearson mencionado, as 10 qualidades mais importantes do professor no Brasil são: 1. Capacidade de desenvolver relações de confiança e produtivas. 2. Profissionalismo. 3. Paciência, personalidade amável. 4. Dedicação ao ensino. 5. Habilidades pedagógicas. 6. Capacidade de construir ideias e conteúdos claros. 7. Conhecimento do assunto. 8. Capacidade de envolver os alunos na aprendizagem. 9. Práticas de gerenciamento de sala de aula. 10. Conhecimento de aprendizagens. Vamos nos aprofundar no modo de fazer a gestão em uma sala de aula, ou seja, na 9ª qualidade mais importante de um professor, levantada pelas Partes Interessadas na educação brasileira, conforme a pesquisa citada. A seguir saiba o que é necessário para que a gestão considerada de qualidade no processo ensino-aprendizagem aconteça com tranquilidade, de maneira correta, focada no aluno, nas melhores práticas e nos resultados. 1. Relação de respeito, apoio e confiança entre educador e aluno 135 A relação entre educador e aluno deve se basear em uma reciproci- dade de apoio, respeito e confiança. Cabe ao professor envolver os alunos na tomada de decisões e na solução dos problemas que mais os afetam, os quais se referem especificamente a questões de relacionamentos, atitudes e disciplina. Também deve incluí-los no planejamento e monitoramento de sua aprendizagem. Juntos, educador e alunos fazem acontecer uma educação de qualidade. Pesquise mais Assista à entrevista de três educadores da rede pública com o filósofo Mário Sérgio Cortella. Nesse vídeo, Cortella explica o papel da afetivi- dade e do vínculo com o professor para a aprendizagem do aluno. NOVA ESCOLA. Mario Sergio Cortella responde: qual a relação entre afetividade, vínculo e aprendizagem? Publicado em 30 mar. 2017. Vejamos um exemplo de pesquisa de clima de classe. Exemplificando A turma 3ºC da Escola Municipal “Carlos Scliar” usa do clima da sala para promover o melhoramento contínuo dos fatores ligados ao “humor” da classe. Para isso, usa-se a metáfora do tempo: tempo bom, nublado, temporal com raios e trovões (como apresentado na televisão). Essa avaliação refere-se ao modo como a turma está se saindo no cumpri- mento de duas balizas essenciais de seu funcionamento: os “combi- nados da classe” e as expectativas da professora. São duas perspectivas diferentes, mas complementares, de como a classe deve trabalhar em harmonia. Numa das laterais do quadro, há uma armação de madeira bem fina, parecida com um porta-retratos de parede, porém aberta na parte superior. Nessa moldura, estão encartadas três grandes cartelas repro- duzindo os estados do “tempo” e, próximo a ela, encontram-se os enunciados de “combinados da classe” e expectativas da professora. No começo do dia, a cartela visível na moldura é sempre a de tempo bom, porque nada ainda aconteceu para “anuviar” o dia. Com o passar do tempo, a professora ou os alunos podem trocar a cartela, super- pondo a de tempo bom por outra. Assim, em questão de uma hora, o clima da classe pode alternar entre ensolarado e tempestade. Quando a cartela mostra tempestade, a aula para. Há uma intervenção com providências para clarear o tempo e repor o sol no trabalho da classe. As coisas sempre melhoram depois da tempestade. 136 Para um efeito mais duradouro, sempre que a tempestade acontece cinco vezes na mesma semana, a professora sabe que é hora de uma ação mais forte para melhorar o clima da classe. 2. Relação de cooperação entre aluno/aluno A relação cooperativa de aluno com aluno em uma sala de aula deve ser incentivada e estimulada pelo educador desde a estruturação das carteiras em sala de aula. Sabemos que as pessoas aprendem melhor quando estão com os seus pares. Assim, aluno aprende melhor com outros alunos. É impossível alunos cooperarem na aprendizagem se não puderem interagir: trocar ideias, argumentar, conseguir consenso, testar hipóteses, definir ações conjuntas, pedir ajuda. Facilita bastante se o professor organizar a sala de aula com alunos trabalhando em: • Círculo: organização usada quando o professor se torna mediador da aprendizagem, sem ter lugar de destaque na sala. Se a roda for no chão, ainda possibilita que os alunos vivenciem outras dinâmicas corporais. Figura 3.14 | Organização da sala de aula em círculo Fonte: iStock. • Forma de U: permite trocas entre estudantes sem deixar de valorizar a interação do grupo com o professor. Pode ser utilizada na condução de atividades individuais que prezam por contextos coletivos. 137 Figura 3.15 | Organização da sala de aula em “forma de U” Fonte: iStock. • Grupos: ideal para atividades centradas no debate e naprodução coletiva. Permite que o professor tenha um olhar do todo e caminhe entre os grupos para realizar interferências e dar orienta- ções personalizadas. Figura 3.16 | Organização da sala de aula em grupos Fonte: iStock. Necessário se faz cuidar para não confundir as coisas. Somente organizar as carteiras não garante aprendizagem cooperativa. Muitos trabalhos em grupo não são de grupo, são apenas alunos fazendo suas coisas individuais em um círculo de carteiras. Facilita bastante quando o professor planeja as atividades de grupo de forma que sua realização demande as contribuições singulares do maior número possível de alunos. As diferenças individuais são parte da solução e não um problema. Afinal, duas cabeças pensam melhor que uma, quatro pensam melhor que três, mas tudo isso se as 138 cabeças pensarem diferente. Assim, cada aluno contribui de forma pessoal e singular para o grupo, fazendo com que cada aluno e cada grupo ganhe com essa diversidade de tipos de inteligência, experiências, habilidades e conhecimentos aplicados no trabalho conjunto. Pesquise mais Nos dois textos indicados a seguir da Nova Escola, você verá as formas de organizar as carteiras da sala de aula e como agrupar os alunos para que juntos possam aprender mais e melhor. ANNUNCIATO, P., SEMIS, L. Qual é a melhor forma de organizar as carteiras na sala de aula? Nova Escola, 28 mar. 2018. BIBIANO, B.; SANTOMAURO, B.; MARTINS, A. R. Como agrupo meus alunos? Nova Escola, 1 mar. 2009. No livro O aprendizado cooperativo na sala de aula, você poderá conhecer 18 técnicas de aprendizado cooperativo para ajudar os alunos a colaborar com seus colegas e a contribuir com seu próprio aprendizado. JACOBS, G. M; GOH, C. C. M. O aprendizado cooperativo na sala de aula. SBS Editora: São Paulo, 2008. Exemplificando Vejamos um exemplo de organização da sala de aula na prática: Fran, professora do 4º ano do Ensino Fundamental pactuou no início do ano com seus alunos que todos os dias da semana eles estariam organizados de formas diferentes na sala de aula. Assim fica mais fácil aprender juntos. Na terça e na quinta, eles estão sempre sentados em grupos de quatro. Há dias em que eles podem sentar com quem desejarem, em outros é feito um sorteio ou a Fran determina a formação dos grupos, observando as características de cada aluno e sua colaboração efetiva com o outro e com a turma no sucesso da aprendizagem. Figura 3.17 | Formas de organização da sala de aula Fonte: acervo da autora. 139 3. Relação colaborativa entre educador/educador A relação colaborativa entre professores da educação básica em uma escola é fundamental para o sucesso do ensino/aprendizagem de todos os alunos. Se considerarmos que a escola é um território educativo, onde cada um dos educadores e funcionários estão dia a dia estimulando o aprender e proporcionando melhores formas de ensinar em todos os espaços disponíveis, é inaceitável que o educador seja denominado professor de um único ano e isolado em sua turma na execução de seu trabalho. Fica mais fácil e produtivo para todos se os professores formarem uma rede de colaboração em que trocam boas práticas; conversam sobre as facilidades e as dificuldades dos alunos que receberam ou que encaminharam para o ano/série seguinte. Exemplificando A Escola Municipal “Cecília Meireles” usa um processo chamado 2C’s – Cadernos de Competências para comunicar aos professores de todos as séries/anos os pré-requisitos indispensáveis para o sucesso dos alunos na série/ano seguinte. Marisa e suas colegas do 3º ano do Ensino Funda- mental usam os 2C’s com as professoras do 4º ano do Ensino Funda- mental em duas ocasiões: em dezembro, quando começa o planeja- mento para o ano letivo seguinte, e em abril, quando já há resultados escolares disponíveis. Essas reuniões servem para clarear as competên- cias (dezembro) e fazer sintonia fina da compreensão (abril). 4. Um ambiente propício à aprendizagem Um ambiente propício à aprendizagem é aquele em que toda a escola e sala de aula inspiram o aprender. A sala de aula deve estar organizada de forma a despertar no aluno a vontade de aprender mais e melhor e o prazer de estar ali, em um ambiente alegre e pensado para ele. Há no espaço murais com trabalhos realizados somente pelas crianças; tabelas de monitoramento da disciplina, do “para casa” e da pontualidade; instrumento para deixar reclamações, sugestões ou elogios; revistinhas, livros ou jornais em um varal, estante ou caixa; caixas com materiais pedagógicos; Painel de Desempenho da turma ou placar da classe com gráficos de desempenho, comporta- mento, Missão da turma, Metas e combinados, etc. Vale aqui a criatividade e a competência técnica do professor em saber fazer o que se deve fazer da melhor forma possível. 140 Figura 3.18 | Ambiente favorável ao ensino – pesquisa sobre o dia na escola Fonte: acervo da autora. Figura 3.19 | Ambiente favorável ao ensino – Metas Fonte: acervo da autora. 141 Figura 3.20 | Ambiente favorável ao ensino – Painel de Desempenho Fonte: acervo da autora. Figura 3.21 | Ambiente favorável ao ensino – Alunos destaques da semana Fonte: acervo da autora. 142 Figura 3.22 | Ambiente favorável ao ensino – Missão Fonte: acervo da autora. 5. Disponibilização de canais de escuta Canais de escuta são ferramentas ou instrumentos utilizados pelos profes- sores para ouvir as vozes dos alunos e das Partes Interessadas quanto ao trabalho executado em sua sala de aula. Ouvir os alunos é fundamental para a melhoria do trabalho a ser realizado. Eles, mais do que ninguém, sabem dizer o que de fato é preciso fazer. Mais do que escutá-los, é preciso incluí-los na busca de soluções. Ouvir também os pais/responsáveis é importante para a melhoria do trabalho a ser realizado na classe. Os pais sabem muito bem o que esperam que aconteça. As reclamações são sempre bem-vindas, são oportunidades de melhoramentos disfarçados de problemas. Não se pode esperar a reclamação bater à porta, é preciso facilitar as coisas, com a criação de canais específicos, para que as pessoas possam usá-los para reclamar e receber ajuda. Falta de reclamação não quer dizer satisfação, porque nem todas as pessoas insatisfeitas reclamam (algumas já desistiram) e outras dão muitos elogios, mas colocam uma ressalva. Figura 3.23 | Pesquisas de satisfação – (A) Modelo 1; (B) Modelo 2 Fonte: acervo da autora. 143 Fonte: acervo da autora. Exemplificando Informações sobre práticas e processos Vejamos um exemplo de prática de escuta em sala de aula: em um cantinho da sala, coloca-se um instrumento que pode ser chamado de “Vale a pena ver”, em que os alunos e as Partes Interessadas fornecem ao professor informações a respeito de práticas e processos realizados por outras professoras e que consideram interessantes. Os exemplos podem ser de revistas, de professores de outras escolas ou, até mesmo, provenientes de histórias que os alunos tenham ouvido em suas conversas cotidianas. Em seguida, o professor tabula os dados e promove melhoramentos por meio de ações que satisfazem as expecta- tivas dos alunos e das Partes Interessadas. Implantam-se ou superam-se ações de outros professores que atendem ou atenderam melhor a determinados requisitos e expectativas dos alunos e das Partes Interes- sadas. O texto do instrumento “Vale a pena ver” pode ser formulado da seguinte forma: “o que você tem observado em outras salas de aula, escolas, revistas, filmes, etc. que podemos considerar para melhorar as nossas práticas e processos?”. 6. Aprendizagem ativa O dr. Tony Wagner (2014), codiretor do Grupo de Mudança de Líder em Harvard, em seu livro The global achievement gap, identifica sete competên- cias essenciais que cada criança precisa para sobreviver no futuro mundo do trabalho: 1. Pensamento crítico e resolução de problemas (saber fazer as perguntas certas para chegar ao fundo do problema). 2. Colaboração entre redes e liderança ética por influência.144 3. Agilidade e adaptabilidade. 4. Iniciativa e empreendedorismo. 5. Comunicação oral e escrita eficaz. 6. Capacidade de acessar e analisar com agilidade informações. 7. Curiosidade e imaginação. Uma boa forma de garantir tais competências é envolver, desde sempre, os alunos em atividades como leitura, solução de problemas, dentre outras estratégias, além de Metas de Aprendizagem que promovem as habilidades intelectuais de análise, síntese e avaliação (ou julgamento). Várias são as ações que podem produzir a atividade ativa como: • Aprendizagem cooperativa (favorecendo o avanço cognitivo). • Estudos de casos (em que um relato é usado para análise e avaliação). • Experimentos (para testar uma hipótese). • Simulações (teste de alguma coisa numa situação próxima ao real). A aprendizagem ativa se baseia no aluno fazer, ou seja, praticar o aprender. Se o educador aprofundar o seu trabalho na aprendizagem coope- rativa, também viabilizará a atividade ativa. Reflita O dr. Tony Wagner (2014, p. 219) afirma que: Nós nascemos curiosos, criativos e imaginativos. Na média de quatro anos de idade, uma criança faz uma centena de perguntas ao dia. Mas no momento em que ela tem dez anos, ele ou ela é muito mais provável que esteja preocu- pado em obter as respostas certas para a escola do que fazer boas perguntas. 7. Estilos de aprendizagem O estilo de aprendizagem de cada um dos alunos indica a forma como ele aprende alguma coisa. Cada aluno tem uma forma diferenciada de aprender. Cabe ao educador conhecer os seus alunos e seus estilos de aprendizagem, pois esses estilos influenciam a forma como: compreendemos, processamos e retemos as informações; representamos mentalmente as experiências; 145 e apreciamos diferentes situações de aprendizagem. O aluno tem muito a ganhar se conseguirmos “acertar” com seu estilo preferido ou dominante. Quadro 3.7 | Estilos de aprendizagem Estilo de aprendizagem Condições de sucesso do estiloA pessoa com este estilo... Visual/Verbal Rende melhor nas situações em que pode absorver a infor- mação tanto visualmente quanto em linguagem escrita. Por exemplo: apresentações com telas (projeções), acompanha- das de materiais impressos. Visual/Não verbal Tende a preferir informações apresentadas visual ou graficamente, como filmes, mapas, figuras (impressas ou projetadas). Auditivo/Verbal Aproveita bem uma apresentação oral + uma participação em grupo de discussão. Aprecia uma breve exposição do conteúdo pelo professor e, em seguida, a possibilidade de discutir o assunto. O aluno quer ouvir, mas também precisa falar. Tátil/Cenestésico Rende quando põe a “mão na massa”. O tato é muito im- portante nesse estilo de aprendizagem, bem como o uso do corpo. As atividades que favorecem esses alunos são aulas no laboratório, trabalho de campo, entre outras que requerem um experimento. Chega a ficar impaciente quando há muita conversa e nenhuma ação. Lógico/Matemático Prefere utilizar a lógica, o raciocínio e os sistemas. Aprende melhor quando resolve problemas do cotidiano a partir dos conhecimentos estudados. Social (Interpessoal) Prefere aprender em grupos, realizando atividades com outras pessoas. Solitário (Intrapessoal) Prefere estudar sozinha, por meio do autoestudo. Fonte: elaborado pela autora. 8. Educação centrada na aprendizagem Um professor que foca a educação centrada na aprendizagem em sua sala de aula está atendendo às reais necessidades dos alunos para que eles possam desenvolver todo seu potencial e terem uma maior responsabilidade pela sua aprendizagem. Dessa forma, tem-se a aprendizagem cooperativa como base do trabalho escolar. A avaliação formativa é usada regularmente. 146 Determinadas tarefas, antes centradas no professor, são compartilhadas com os alunos que assumem maior autonomia pela sua aprendizagem. Como diferenciar se a forma de trabalhar está centrada no ensino (= professor) ou na aprendizagem (= aluno)? Quadro 3.8 | Educação centrada na aprendizagem versus educação centrada no ensino Educação centrada na aprendizagem Educação centrada no ensino Relação profes- sor-aluno Parceria (o aluno comparti- lha processos de condução do trabalho e de planeja- mento com o professor). Prestação de serviço (o aluno é “clien- te” do professor. Espera ser servido e realiza apenas atividades definidas para ele, como exercícios para casa. O professor conduz todo o processo de ensino-aprendizagem). Foco na apren- dizagem Qualidade (o aluno deve atingir níveis cognitivos mais elevados: habilida- des de análise, síntese e avaliação). Quantidade (o aluno deve assimilar grandes quantidades de conhecimen- to. O avanço no domínio cognitivo é restrito: para nas habilidades de compreensão e aplicação). Trabalho em grupo Aprendizagem cooperativa (as tarefas são estruturadas e conduzidas para usar as contribuições singulares dos alunos). Divisão do trabalho (as tarefas assemelham-se a tarefas individuais, porém realizadas a várias mãos). Atividades realizadas Diversificação (as atividades são diversificadas, conside- ram o perfil dos alunos). Igual para todos (as atividades são iguais para todos, ignorando as dife- renças individuais e dos grupos). Avaliação dos alunos Formativa e somativa (os alunos são avaliados por meio das avaliações formati- va e somativa). Somativa (é utilizada apenas a avalia- ção somativa). Layout da sala Carteiras acopladas (as carteiras estão próximas e os alunos trabalham juntos). Carteiras separadas (as carteiras estão separadas, umas atrás das outras. Os alunos, geralmente, trabalham separados). Fonte: elaborado pela autora. Em uma sala de aula, o professor deve ser obsessivo em fazer o aluno aprender. Com isso ele precisa redesenhar práticas e processos com uma 147 ideia fixa: “acho que assim os alunos vão aprender melhor”. A pergunta do professor passa a ser: “isso que estou fazendo é a melhor maneira dos alunos aprenderem?”, em vez de: “isso que estou fazendo é a melhor maneira de ensinar?”. Essa atitude efetivamente coloca a aprendizagem do aluno no centro de tudo. Assimile A avaliação formativa acontece sistematicamente após cada aprendi- zagem do aluno para verificar seu desenvolvimento e as oportunidades de melhoria da prática pedagógica. Já a avaliação somativa ocorre ao final de cada etapa de ensino (bimestre, semestre, etc.) para verificar o que foi aprendido quanto aos objetivos propostos e o índice de aprovação dos alunos na série/ano. O ideal é saber “jogar forte” nas duas avaliações a fim de que os resultados sejam mais satisfatórios. Sem medo de errar Um professor, líder do sistema sala de aula, deve buscar dia a dia a excelência na forma de ensinar de modo que a aprendizagem de seus alunos aconteça de forma satisfatória, atendendo a todas as especificidades de cada conteúdo trabalhado, bem como os estilos e ritmos de aprender de cada aluno. Afinal, é preciso pensar e trabalhar para todos os alunos, sem exceção, e não para alguns, como aqueles que têm maior facilidade ao aprender. Cabe ao professor zelar para que a sua turma seja um ambiente propício ao aprender melhor e de forma significativa. Gabriel, professor da Educação Básica em Maracatu é um bom exemplo de como ser um professor que faz uma gestão nota 10 em sua sala de aula. Ao reunir os professores novatos, Gabriel genero- samente dissemina as suas “lições aprendidas” enquanto gestor. São elas: • O espaço físico da sala de aula é sempre organizado de modo a fazer com que os alunos trabalhem juntos, um ajudando o outro. Atrás da porta há um cartaz com a forma como as carteiras são organizadas em cada dia. No fundo da sala há um varal em que alunos e professor colocam livros, revistas e artigos de jornais que são interessantes para a turma. Do lado esquerdo do quadro feito pelos alunos, há placas com desenhos com a rotina do dia, que, logo no início de cada aula, Gabriel coloca junto com as crianças explicando o que vão fazerno dia e ao final da aula. Além disso, valida com a turma se deu tempo para cumprir tudo o que foi planejado. Caso não tenham conseguido fazer tudo a tempo, o professor realiza um brainstorming com os alunos sobre como resolver a questão. Do lado direito da sala, há um 148 painel grande chamado “Placar da Classe”, em que são colocados a Missão da Turma assinada pelos alunos e professora; os combinados validados entre essas pessoas; os gráficos de monitoramento de resul- tados da aprendizagem, frequência, pontualidade, reconhecimento dos alunos destaques, etc. Ao lado, há o “Banco de Ideias”, que é uma caixa enfeitada escrita: “queremos ideias, sugestões de como melhorar o nosso trabalho. Não use a caixa apenas para reclamar, ou dizer que está satisfeito”. • No início do ano, Gabriel aplica uma “Pesquisa de Expectativas” aos alunos, aos pais/responsáveis e a Processos de Apoio da escola, em que pergunta quais as expectativas em relação ao relacionamento, ao trabalho realizado, à sala de aula. Ele consolida as respostas, elabora um Plano de Ação e após dá devolutiva aos alunos e Partes Interessadas por meio do “Placar da Classe”. • Gabriel usa com sua classe um processo chamado SQA antes de iniciar uma nova unidade. No SQA, o Gabriel faz uma prévia da nova unidade (um “aquecimento”) e pede que cada aluno responda a três perguntas, em uma tirinha de papel que ele recolhe e analisa depois com atenção. As perguntas são: “S = o que você sabe sobre o assunto?”; “Q = o que você quer saber sobre o assunto?”; “A = o que poderíamos fazer para você aprender melhor esse assunto?”. • Gabriel insiste que os alunos devem saber quais são suas necessidades especiais de aprendizagem. Por exemplo, se um aluno precisa mais de atividades de produção de texto do que de leitura, ele deve ter isso bem claro. Para ajudar os alunos a terem esse nível de conhecimento, Gabriel joga forte nos sistemas de informação afixados nas paredes da sala, informando como os alunos estão nas diversas competências. Além, é claro, do uso dos portfólios individuais. • Gabriel tem um processo chamado “Melhor Roda”, pelo qual ele fica conhecendo as melhores práticas em curso na escola e classes que têm um desempenho superior ao de sua turma. Ele visita e entrevista os colegas e monta um Manual de Melhores Práticas, a que se refere coloquialmente como “Pulo de Gato”. Ele vai testando as dinâmicas vitoriosas e incorpora aquelas que produzem os melhores resultados em suas turmas. • Há um processo na sala chamado “Cantinho de Problemas”, onde os alunos sentem-se à vontade para relatar o que está “agarrando”, sem confrontações, sem render muito o assunto. Inúmeros problemas são resolvidos tranquilamente com o uso sistemático do “Cantinho”. 149 • Para os pais, Gabriel criou o “Filho de Peixe”, um pin no formato de um peixe. O pin é dado aos cinco pais que, na avaliação dos alunos, dão o melhor apoio a eles, em casa. Esse pin é entregue nas reuniões bimestrais. • Os alunos fazem um “+/ pessoal da sexta-feira”, em seguida ao +// da classe. A sistemática de transformar deltas em positivo é o mesmo da classe – só que específico de cada aluno. Toda sexta-feira, os alunos escrevem, numa folha grande, afixada perto da porta da sala o que funcionou bem na semana (+) e o que precisa melhorar (). O professor e a classe validam os ’s e definem como trabalhar os validados (isto é, aqueles que fazem sentido e estão sob o controle da classe e do professor). • O Gabriel foca a sua gestão em parcerias com os alunos impac- tando sua aprendizagem, em que eles: acordam a Missão da Classe; definem Metas da turma; participam do Plano de Ação das Metas da classe; trabalham cooperativamente em grupos; levantam problemas (“Cantinho de Problemas”); e avaliam as atividades. • Na última semana de cada mês, Gabriel analisa com os alunos os gráficos expostos na sala, trazendo os resultados das Metas da classe. Quando as Metas não são atingidas, eles fazem os ajustes necessários no Plano de Ação da classe. Em seguida, o professor pede a cada aluno que atualize seus gráficos pessoais de desempenho, em seus portfó- lios, comparando-os com os da classe. • No início de cada nova unidade, projeto ou atividade, Gabriel escreve no quadro o número das Metas da escola correspondentes. Esclarece a relação entre as Metas e o novo trabalho da classe. Para isso, as Metas da escola, referentes aos alunos, ficam permanentemente afixadas no “Placar da Classe”. • Os alunos recebem o gráfico da turma e sua nota individual, nos testes da “Ficha Avaliativa da SME”. Esses testes cobrem leitura, redação, cálculo e expressão oral. Cada aluno levanta seu gráfico de colunas ao lado do gráfico da classe. Esses gráficos são guardados na “pasta de dados pessoais”. Os gráficos da classe sobre entrega de “para casa”, frequência, ocorrências disciplinares ficam afixados na sala com atualização diária (gráfico sequencial). No fim do mês, são consoli- dados num gráfico de coluna. Mensalmente, cada aluno levanta seu gráfico, podendo comparar seu desempenho com o da turma. 150 Faça valer a pena 1. Segundo Cláudio de Moura Castro (2005), os melhores professores se caracterizam por: já acumular bons anos de experiência; ter um conceito positivo de si mesmos e do seu trabalho; ter expectativas positivas com relação a todos os seus alunos; e conseguir fazer com que todos os alunos aprendam, pois afinal um bom professor é aquele que leva seus alunos a aprender bem o que precisam aprender, no ritmo correto. Considerando a afirmativa citada, marque a resposta que retrata a forma de relacionamento que deve existir entre um professor e sua turma de alunos. a. Relação de autoridade, apoio e liderança. b. Relação de autoridade, respeito e determinação. c. Relação de respeito, autonomia e apoio d. Relação de respeito, apoio e confiança. e. Relação de liderança, confiança e respeito. 2. Todos os anos um educador recebe cerca de 30 alunos em sua classe. Cada um deles com suas peculiaridades, necessidades, talentos e diferenças. Cabe a esse educador ter um “olhar especial” a cada aluno e turma como um todo para que os resultados de aprendizagem sejam extremamente satisfatórios, e isso ele consegue somente “jogando forte “ na gestão. E algumas das ações que ele realiza para garantir a aprendizagem é investir na _____________________ , respeitando ______________________ de cada um de seus alunos. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto: a. aprendizagem cooperativa; estilos de aprendizagem. b. educação centrada na aprendizagem; aprendizagem ativa. c. aprendizagem; estilos de aprendizagem d. aprendizagem colaborativa; educação centrada no ensino. e. estilos de aprendizagem; aprendizagem ativa. 151 3. Observe a foto: Figura | Canal de escuta. Fonte: acervo da autora. Considerando os instrumentos/ferramentas de escuta que devem ser utili- zados em uma sala de aula, classifique as assertivas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F): I. Ouvir as vozes é importante para melhorar os processos e práticas de trabalho. II. Se vai ouvir, ouça direito. III. É importante melhorar continuamente os processos de escuta. IV. Reclamações valem ouro e são de graça. V. Não se pode confundir falta de reclamação com satisfação. a. V – F – F – V – V. b. V – V – V – V – V. c. F – F – F – F – F. d. F – V – V – V – F. e. F – V – V – V – V. Referências ANNUNCIATO, P.; SEMIS, L. Qual é a melhor forma de organizar as carteiras na sala de aula? Nova Escola, 28 mar. 2018. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11093/qual-e-a- -melhor-forma-de-organizar-as-carteiras-na-sala-de-aula. Acesso em: 2 ago. 2019. BIBIANO, B.; SANTOMAURO, B.; MARTINS, A. R. Como agrupo meus alunos? Nova Escola, 1 mar. 2009. 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Durante anos a palavra resultados foi percebida na área educacional como “um bicho de sete cabeças”, que aparecia para disseminar o terror entre os educadores, ranquear as escolas e dividir o trabalho “bem-intencionado” de quem queria fazer uma educação de qualidade. Nas últimas duas décadas, com a realização de um intenso trabalho de diversas instituições do 1º, 2º e 3º setor sobre o “fazer gestão”, iniciou-se, então, a valorização do saber buscar e ter bons resultados. Nesta unidade, focaremos a gestão de resultados e como identificar, selecionar e fazer bom uso dos resul- tados da Secretaria de Educação, da escola ou das salas de aula. Conheceremos, na primeira seção, a orientação para os resultados, que diz sobre a importância de medir para fazer uma boa gestão, além da necessidade de ter informações e em quais fontes obtê-las para depois analisar e monitorar os resultados das Metas de Aprendizagem e das Metas Operacionais. Também é preciso ter em vista a identificação do que é uma escola/classe similar ou benchmark. Na segunda seção o foco será a avaliação da Educação Básica, como acontece o sistema de avaliação federal, o sistema de avaliação estadual, o sistema de avaliação municipal e o de cada escola, e como deve ser feita a gestão dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Já na terceira seção, o foco será a gestão por fatos e dados, isto é, como fazer o que é preciso da melhor forma, em uma instituição educacional, tendo como norte os fatos e os dados. Além disso, iremos aprofundar a temática da avaliação formativa e da ferramenta do portfólio como recursos importantes para a busca de melhores resultados. Também aprofundaremos a impor- tância de simultaneamente focar os resultados e os processos a fim de realizar as melhores práticas, as quais devem ser estimuladas a serem compartilhadas e colocadas em escala para a obtenção de melhores resultados. 156 Seção 1 Orientações para resultados Diálogo aberto Na educação brasileira, os resultados de uma escola muitas das vezes são vistos como um “bicho de sete cabeças”. Alguns gestores os recebem e engavetam, não sabendo como agir, outros não entendem o que compõe cada indicador oficial e há aqueles que abominam a comparação de resul- tados de uma instituição com a outra e também em relação ao estado e ao Brasil. Mas existem, também, gestores interessados em fazer melhor, os quais acreditam que o que é medido é feito e, se não é medido, não é possível geren- ciar. Estes creem, também, que é preciso atenção quanto ao desempenho dos alunos em testes padronizados, na gestão eficiente dos recursos financeiros, na eficiência e eficácia dos processos e práticas de trabalho realizados, bem como nos níveis de satisfação dos alunos, pais, professores e funcionários. Pensando nisso, Clarice, professora de Matemática do Ensino Fundamental II, precisa saber se a sua classe vem avançando em resultados ao longo dos bimestres e se tem apresentado uma tendência de melhora em seu desem- penho de forma mais pronunciada do que a turma similar e a escola como um todo. Como coordenador, o que você irá sugerir a Clarice sobre os dados e informações necessárias para colocar no Painel de Desempenho da turma, o “Placar da classe”, a fim de monitorar os resultados de forma satisfatória? Não pode faltar Tudo que é importante deve ser medido para que haja uma melhor gestão. Como exemplopodemos citar a pressão arterial, a glicemia, a febre, o peso e a altura de um ser humano. Todas essas medidas têm indicadores que são referenciais para que saibamos como a saúde de uma pessoa está. Assim também deve ser na educação. De que forma saber como está a educação de uma determinada cidade, escola ou classe? É preciso medir para geren- ciar, ter Medidas para o número de alunos em uma sala, número de alunos por professor, as competências básicas para ler, escrever, calcular, resolver problemas e expressar-se, avaliações externas como a Prova Brasil e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e outras tantas Medidas importantes que fazem sentido para monitorar a qualidade da educação. Um gestor de uma Secretaria de Educação, escola ou classe deve ter um olhar especial para os resultados do sistema que ele lidera, mas para isso é preciso que saiba o que de fato é importante medir. 157 Reflita “Diz-se que os números governam o mundo. Pode ser. Mas tenho certeza de que os números nos mostram se ele está sendo bem ou malgovernado”. (Johann Wolfgang von Goethe – escritor alemão). Pesquise mais Acesse o site Atlas Brasil e consulte o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Nele você verá um panorama do desenvolvimento humano e da desigualdade de municípios, regiões metropolitanas e estados brasileiros. Além de diversos indicadores, como o de demografia, renda, trabalho, etc., o atlas também apresenta os indicadores de educação que afetam os resultados dos demais. Vale a pena conferir. ATLAS do Desenvolvimento Humano no Brasil. Atlas Brasil. [S.l.], [2013]. A seguir, conheça as 10 ações necessárias na gestão de resultados. 1. Coletar dados que serão usados Os dados não devem ser tratados como se fossem iguais, há dados mais importantes do que outros. Tudo depende da gestão realizada, do sistema escolar em que o líder atua e de quais são os resultados esperados. Em uma escola que tenha somente turmas de Ensino Fundamental I, é importante coletar dados relativos às Metas de Aprendizagem, ao nível de leitura e escrita dos alunos, ao cumprimento das tarefas de casa, disciplina e avalia- ções externas (como a Prova Brasil e o indicador IDEB). Para escolas que têm turmas do Ensino Médio, faz-se importante coletar dados sobre projetos reali- zados, alunos com média e sem média por disciplina, frequência, aprovação no ENEM, etc. No entanto, coletar dados para simplesmente engavetá-los ou tê-los disponibilizados aos alunos e Partes Interessadas em murais pela escola e classes, sem que eles sejam usados para melhorar processos e práticas de trabalho, reconhecer pessoas, etc. de modo a melhorar continuamente os resultados, não tem valor algum. Exemplificando Marina, André e Beatriz, professores de turmas do 3o ano do Ensino Fundamental, no início de cada ano se reúnem para juntos validarem quais dados coletarão em suas turmas durante o ano. Neste ano decidiram pelo o que consta no quadro a seguir. 158 Quadro 4.1 | Sistema de informação de dados para uma sala de aula Dado a ser coletado Frequência Fonte de dados Aprendizagem em leitura, es- crita, cálculo e expressão oral Fevereiro – junho e outubro Ficha Avaliativa/SME Mensal Ficha Avaliativa Metas de classe Contínua Placar de classe Metas de classe individuali- zadas Contínua Portfólio do aluno Expectativas dos alunos Final de unidade SQA Sugestões de melhoramentos Contínua Banco de ideias Problemas de classe Contínua Cantinho de problemas Oportunidades de melhora- mento Semanal +/Δ (Positivo/Delta) semanal Níveis de satisfação dos alunos Mensal Pesquisa de satisfação dos alunos Expectativas dos pais Trimestral Roda de pais Níveis de satisfação dos pais Trimestral Pesquisa de satisfação dos pais Funcionamento da classe Contínua Perfil da turma Requisitos de sucesso na escola de destino Fevereiro e ou- tubro Professores (escola de destino) Melhores práticas Junho e outubro Professores de outras escolas Fonte: elaborado pela autora. Os três professores comparam os dados de cada sala com ela mesma e cada sala com as outras salas. Assim, trabalham cooperativamente em prol da melhoria dos resultados de cada aluno, da classe e, por conse- quência, da escola. 2. Medir para melhorar O que é medido não passa despercebido. Medir é uma maneira muito forte de demonstrar o que é importante. Segundo Gomes (2010, p. 48), “gerenciar sem monitorar é como lançar dardos com uma venda nos olhos”. Assim, é preciso medir para melhorar. E o sistema de monitoração de um sistema escolar (SME/escola e classe) é o centro nervoso de uma gestão. Todos os funcionários e educadores de uma instituição escolar devem identificar quais são os seus principais processos-chave e como fazer para medir a sua eficácia e eficiência de forma que possam melhorá-los. É muito importante cuidar para que a monitoração gere melhorias, as pessoas devem perceber essas mudanças e como elas surgiram, só assim haverá credibilidade no trabalho executado. 159 Exemplificando A equipe pedagógica da E.E. “Altair dos Santos Nogueira”, que tem 16 turmas de Ensino Médio, reúne-se em novembro de cada ano letivo para estabelecer as métricas, as Medidas que serão utilizadas no ano escolar seguinte para avaliar a aprendizagem dos alunos e o desempenho da escola em relação a ela mesma, ao estado, ao município, à escola similar e ao país. Eles validam as Medidas já existentes, observando a historici- dade dos resultados e determinam novas Medidas. Para o próximo ano estão validadas as seguintes Medidas: • Percentual de alunos que cursam o Ensino Médio dentro da faixa etária correta. • Percentual de alunos que concluíram no ano anterior o Ensino Médio. • Percentual de alunos aprovados no ENEM. • Percentual de alunos aprovados em uma ou mais faculdades. • Percentual de alunos com notas iguais ou acima do esperado nas disciplinas trabalhadas. 3. Escancarar os dados e mantê-los sempre atualizados Todo gestor deve ter o cuidado de sempre escancarar os dados que tem, ou seja, ele precisa deixar à vista para toda a comunidade escolar conhecer, entender, comparar e apreciar os resultados daquela instituição ou classe. Os dados devem ser mantidos sempre atualizados, quase em tempo real. Figura 4.1 | Placar da classe Fonte: acervo da autora. 160 Figura 4.2 | Painel de Desempenho Fonte: acervo da autora. Exemplificando “Diminuir o número de alunos evadidos da escola” é uma Meta pessoal de Fábio, diretor de uma escola de alunos do Ensino Médio. Enquanto gestor, ele tomou para si a melhoria desse resultado na escola em que atua. Assim, todos os dias ao iniciar as aulas, Fábio passa em todas as turmas contando quantos alunos há em cada classe e anotando em uma ficha chamada “Alerta Amarelo” os nomes dos faltosos. Em frente à sua sala, ele colocou um mural com o nome de cada turma e o total de alunos matriculados. Ao voltar das visitas, Fábio escreveu ao lado de cada turma o número do total de alunos frequentes no dia letivo. Aos alunos que não compare- ceram à escola no dia, ele telefona para saber o motivo da ausência e, caso necessário, vai até à casa do aluno para conversar com os pais, de forma a garantir que se torne frequente e assíduo. Assim, Fábio tem conseguido diminuir, nos últimos dois anos, a evasão na escola, o que o faz colocar de maneira bem visível os resultados no Painel de Desempenho da escola. 4. Fazer uso dos dados comparativos É importante sistematizar o uso dos dados comparativos. Comparar resultados é essencial para saber onde está e para onde vai a instituição. E para comparar os resultados é preciso entender os seguintes termos: • Relevância: diz sobre a importância do resultado para determinar os processos, Planos de Ações, estratégias e passos a seguir. Por exemplo, ter o resultado de como os alunos estão lendo na escola é relevante, pois atende à primeira Meta de Aprendizagem das Diretrizes Estratégicas de uma escola. 161 Figura 4.3 | Resultados da Meta 1- Leitura Fonte: elaboradapela autora • Tendência: diz sobre como o resultado se comporta ao longo do tempo, mostrando a direção e velocidade deles. Por exemplo, ao verificar o gráfico a seguir com os resultados da participação dos pais nas reuniões da escola percebe-se que a tendência é de melhora nos próximos meses. Figura 4.4 | Frequência dos pais em reuniões na escola Fonte: elaborada pela autora. • Desempenho: diz sobre a situação atual, comparando informações pertinentes. Por exemplo, atualmente, o resultado da escola cresceu cerca de 30% em relação ao ano passado no mesmo período. Figura 4.5 | Livros emprestados na biblioteca Fonte: elaborada pela autora. 162 • Comparações: trata-se da comparação dos resultados com outras instituições similares. Por exemplo, o resultado do IDEB da escola está melhor que o da escola similar, melhor que o da Rede Municipal e um pouco abaixo do resultado da escola benchmark. Figura 4.6 | Resultado do IDEB Fonte: elaborada pela autora. • Períodos apropriados: referem-se à variação de tempo, que pode ser de três ou quatro tempos. Por exemplo, a periodicidade de disponibi- lidade dos resultados do ENEM é anual e a historicidade para compa- rações refere-se aos últimos três anos. Figura 4.7 | Alunos que fizeram o ENEM Fonte: elaborada pela autora. Assimile Segundo Gomes (2010, p. 36), A comparação com os resultados de outras institui- ções não é para competir com elas. Isso não é torneio, é aprendizagem dos alunos. A comparação é apenas 163 para que se possa “calibrar” o desempenho: saber quão melhor ele pode ser, o que é justo esperar, a quem pedir ajuda etc. 5. Racionalizar os dados Se não puder ter todos os dados necessários, tenha os dados certos. Aumente-os seletivamente. Dado bom é o que se tem, mas o mais impor- tante é o que se faz com ele, para inovar ou melhorar processos e práticas de gestão. E não se deve cair na tentação de ter alguns resultados só porque é fácil coletá-los. É fácil contar quantas horas de treinamento os professores do primeiro ano fizeram no ano letivo. Difícil é saber o impacto dessas ativi- dades na realização do trabalho deles e na aprendizagem dos alunos. 6. Relativizar o desempenho O desempenho de uma Secretaria de Educação, escola, classe ou aluno é relativo. Conhecer os resultados em suas diversas dimensões é muito importante, mas não é tudo. É necessário conhecer os resultados de outras Secretarias de Educação, escolas, classes e alunos que fazem a mesma coisa para que se possa relativizar o desempenho e aprender com o outro. Assim, os resultados serão sempre “bons conselheiros” na tomada de decisões. Exemplificando A pontuação do teste do ENEM daquela escola é apenas um dado, mas quando a comparamos com a média nacional, municipal, estadual e escola similar, o resultado se torna uma informação útil e prática para a tomada de decisões na melhoria de processos e práticas de trabalho de todos os envolvidos. 7. Coletar resultados da aprendizagem Os principais resultados de um sistema escolar referem-se à aprendi- zagem. Portanto, é preciso ter os resultados da aprendizagem dos alunos, comparando-os com outros sistemas. A figura a seguir apresenta um exemplo de resultado de aprendizagem, no caso avaliações da Prova Brasil, comparando os resultados da escola com os resultados da cidade, estado e do país. 164 Figura 4.8 | Resultados da aprendizagem de uma escola municipal Fonte: elaborada pela autora. 8. Coletar resultados operacionais Resultados operacionais são os resultados de desempenho da escola/ classe que contribuem para o fortalecimento da aprendizagem dos alunos e para o alcance da eficácia operacional. Eles incluem comparações com outras escolas/classes similares, enfatizando a comprovação de que a escola faz a diferença, sendo capaz de melhorar os níveis de aprendizagem, o clima educacional e a prontidão para o atendimento das pessoas, além de outros indicadores de eficácia e eficiência operacional. As figuras a seguir apresentam exemplos de resultados operacionais, referentes à frequência escolar, atividades extraclasse e comportamento. Figura 4.9 | Tabela de monitoramento da frequência e dever de casa de uma turma de 3º ano/EF Fonte: elaborada pela autora. 165 Figura 4.10 | Tabela de monitoramento do comportamento em sala de aula de uma turma do 2º/EF Fonte: elaborada pela autora. 9. Coletar resultados dos Processos de Apoio Neste caso, os resultados a serem coletados referem-se àqueles que impactam indiretamente a aprendizagem. Como exemplos de resultados dos Processos de Apoio, podemos citar: o uso da biblioteca da escola, limpeza, alimentação e monitoramento do recreio. Figura 4.11 | Monitoramento do recreio Fonte: elaborada pela autora. 10. Fazer um ótimo uso dos resultados Não vale ter somente os resultados agregados ou desagregados em um Painel de Desempenho da escola/classe ou no portfólio do aluno, é necessário 166 fazer um ótimo uso desses itens. Afinal, ninguém coleta dados para “enfeitar paredes” ou prestar contas às Partes Interessadas. Os dados são coletados conforme a importância que daremos a eles na gestão que se pratica para a melhoria dos resultados. Os resultados advindos dos dados coletados e das fontes que os originaram serão o “norte” para a busca de melhorias e inova- ções nos processos e práticas de trabalho de todos os envolvidos. A figura a seguir traz um exemplo de resultados das avaliações externas de uma escola sendo demonstrados à comunidade escolar, agradecendo-a pela parceria. Figura 4.12 | Painel de Desempenho Fonte: elaborada pela autora. É importante ressaltar que ter um sistema de informação de fatos e dados relacionados às Metas de Aprendizagem e Metas Operacionais do sistema educacional faz com que o gestor, ao constatar os resultados, saiba agir com celeridade, seja para um novo ciclo de melhoramento desses resultados ou no reconhecimento de práticas e processos que precisam ter escalabilidade para tornar a instituição uma organização de excelência. Sem medo de errar Um educador, quando se propõe de fato a fazer a gestão de sua classe, precisa saber identificar quais são os principais dados a serem coletados para que possa fazer uma gestão focada em melhorias contínuas e na busca de inovações. Não vale a pena ter um cipoal de dados e não saber o que 167 fazer com eles. Assim, para Clarice (professora de Matemática do Ensino Fundamental II), que precisa saber se a sua classe vem avançando para a obtenção de melhores resultados ao longo dos bimestres e também se apresenta uma tendência de melhora em seu desempenho de forma mais pronunciada do que a turma similar e a escola como um todo, sugerimos que aja da seguinte maneira: • Organize com os demais professores do Ensino fundamental II um Painel de Desempenho, também chamado “Placar da turma”, que será disponibilizado na parede de cada sala com os principais resultados da turma e assuntos importantes, como a Missão da Classe, etc. • Selecione entre as informações a seguir as que são importantes em relação à Matemática: Diretrizes Estratégicas da escola/classe; Metas de Aprendizagem destacadas; Missão da Turma; e gráficos de monito- ramento da classe. • Determine os dados comparativos que serão utilizados em relação à Matemática: dados do município; dados da escola; dados das turmas em que atua; e dados de uma sala similar. • Colete os dados por meio de testes padronizados e avalições externas e internas. • Confeccione os gráficos e disponibilize-os no Painel de Desempenho da classe. • Analise os resultados com a turma e, junto com a classe, faça um Plano de Ação para que eles melhorem. • Celebre e reconheça os bons resultados. Faça valer a pena 1. Classes similares são aquelas que apresentam os mesmos padrões de comparação com a classe que está sendo considerada, como alunos do mesmo ano, da mesma idade e na mesma instituição. E classe benchmark é aquela que, dentro dos mesmos padrões de comparação, obtém osmelhores resultados. Pensando nisso, observe o gráfico de desempenho em Língua Portuguesa da turma verde do 1º ano do Ensino Médio e marque a resposta que melhor define a análise do resultado. 168 Figura | Gráfico de desempenho em Língua Portuguesa da turma verde Fonte: Sistema Mineiro de Avaliação (SIMAVE). a. No primeiro bimestre, a turma verde obteve melhor resultado que o resultado da escola. b. A turma verde apresenta melhores resultados que a turma similar, escola e Secretaria de Educação, ficando apenas atrás da classe benchmark. c. Ao longo dos três bimestres a turma verde demonstrou uma pequena melhora. d. Não é possível analisar o gráfico proposto. e. A turma verde apresenta os melhores resultados em todas as compa- rações propostas. 2. É importante ter os instrumentos certos de onde serão coletados os dados necessários para a obtenção dos resultados. Esses instrumentos podem ser Fichas Avaliativas; testes padronizados; pesquisas; tabelas de monitora- mento; avaliações externas; etc. Tendo em vista o apresentado, considere o texto a seguir: Para obter os resultados da turma, a professora coleta os dados das Metas de Aprendizagem das ______________________; o resultado da Prova Brasil de ______________________ e o número de livros lidos por aluno no bimestre de ______________________. 169 Assinale a alternativa com as palavras que completam corretamente as lacunas do texto: a. Fichas Avaliativas; avaliações externas; pesquisas. b. testes padronizados; tabelas de monitoramento; Fichas Avaliativas. c. pesquisas; testes padronizados; avaliação externa. d. avaliações externas; tabelas de monitoramento; Fichas Avaliativas. e. Fichas Avaliativas; avaliação externa; tabelas de monitoramento. 3. Os resultados revelam a verdade crua sobre um desempenho e guiam decisões a serem tomadas. Pensando nisso, leia o trecho a seguir: Localizada em uma favela paulista, a Escola Estadual “Içami Tiba” tem 8 turmas de 3o ano do Ensino Médio. É o primeiro ano de Lucinda como coordenadora pedagógica dessas turmas e uma de suas Metas é relativa ao resultado do ENEM. Ao verificar os resultados do último ano, ela constatou que somente 46% dos alunos se inscreveram e fizeram a prova; destes, 73% foram aprovados com notas acima de 600 pontos. E o restante, com notas entre 540 e 599. Assim, ela constatou que o resultado da aprendizagem demonstrada no ENEM está muito bom, mas que a baixa participação dos educandos puxou o resultado geral para baixo. Considerando o exposto, como Lucinda pode agir, enquanto coordenadora pedagógica, para que o “Içami Tiba” tenha mais alunos aprovados e com possibilidade de acesso ao Ensino Superior? a. Oferecer aulas de reforço no contraturno. b. Solicitar aos professores que façam um intensivão de atividades. c. Garantir que os alunos façam a inscrição no ENEM. d. Conversar com cada aluno. e. Monitorar o dia da aplicação da prova do ENEM. 170 Seção 2 Avaliação da Educação Básica Diálogo aberto Acompanhar os resultados de aprendizagem do sistema educacional que lidera faz parte das funções de um educador gestor, seja de uma rede de ensino, escola ou classe. Cabe a ele conhecer tais resultados para que possa agir com assertividade em sua tomada de decisão, focado em fazer da melhor maneira o que precisa ser realizado, com a convicção de que o que é medido é feito e se não é medido, não é possível gerenciar. No entanto, não basta ficar atento somente aos resultados das avaliações realizadas no colégio, é preciso participar de avaliações elaboradas por educadores que estão fora da escola, de forma que novos olhares e novas formas de trabalhar as atividades sejam apresentadas aos alunos. Pensando nisso, a Equipe de Liderança da Secretaria Municipal de Educação de Maracatu, uma vez ao ano, reúne todos os coordenadores pedagógicos da cidade para um grupo de estudo, no qual, juntos, tiram todas as dúvidas existentes sobre as formas de avaliação da Educação Básica, na esfera federal, estadual e municipal. Tendo em vista essa preposição, quais dúvidas os pedagogos podem levantar? Não pode faltar No que diz respeito aos resultados, nós aprendemos que eles precisam ser comparados com escolas/secretarias ou classes similares, com a média do setor e com o benchmark, a fim de que façam sentido. Afinal, o que é um resultado ótimo? Comparado a que ele recebe essa classificação? Lembrando que não basta somente ter os resultados das avaliações internas, ou seja, aquelas realizadas dentro da escola ou classe, é necessário participar das avaliações externas ofertadas, seja pelo Governo Federal ou Estadual. Pensando nisso, vamos conhecer como é formado o sistema de avaliação da aprendizagem a nível federal, estadual e municipal, além de entender o que é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e a impor- tância dele para a melhoria da aprendizagem. 171 Assimile A diferença entre avaliações internas e externas consiste no fato de que as avaliações internas são elaboradas pelos professores de cada classe/área, conforme calendário escolar, sendo próprias do cotidiano das salas de aula em uma determinada escola, enquanto as avaliações externas são elaboradas por educadores de fora da unidade escolar, sendo aplicadas em grande escala, abrangendo a totalidade dos alunos. 1. Sistema de avaliação federal No Brasil, até 2018 eram três as avaliações que compunham o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Quadro 4.2 | Avaliações que compunham o SAEB Avaliação Objetivo Aplicação Público-alvo Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) Avaliar o nível de alfabetização e letramento dos alunos; produzir indicadores sobre as condições de oferta de ensino e concorrer para a melhoria da qualidade de ensi- no e redução de desigualdades. Anual Alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC ou Prova Brasil) Avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas das redes públicas. Bianual Alunos do 5º e do 9º ano do Ensino Fun- damental das escolas públicas com mais de 20 alunos. Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) Fornecer dados para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Bianual Alunos do 5º e do 9º ano do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio das escolas públicas que têm entre 10 e 19 alunos. Fonte: Brasil (2019, [s.p.]). A partir de 2019, tais avaliações perdem as suas nomenclaturas e são agrupadas sob o mesmo nome: SAEB, acrescentando a etapa correspon- dente, área de conhecimento e tipo de instrumento envolvido. As aplicações ocorrem nos anos ímpares e a divulgação dos resultados nos anos pares. Todo o ciclo da Educação Básica é avaliado, abrangendo desde a Educação Infantil até o Ensino Médio da forma exposta a seguir. 172 Figura 4.13 | Avaliação da Educação Básica Fonte: elaborada pela autora. Vale destacar que os alunos do 9º ano/EF fazem, também, avaliações de Ciências da Natureza e Ciências Humanas para alinhar com a Matriz do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). Os resultados dessas avaliações não serão considerados para compor o IDEB, para que se mantenha uma continuidade dos dados históricos, que avaliam somente Língua Portuguesa e Matemática. A Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), até então para alunos do 3º ano/EF, passa a ser aplicada aos alunos do 2º ano/EF, a fim de atender à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece o fim do ciclo de alfabetização no 2º ano e não mais no 3º. Pesquise mais Sobre avaliações externas e como compreender e utilizar seus resul- tados na melhoria da aprendizagem da escola, confira: RICO, R. Avaliação externa: como compreender e utilizar os resultados. Nova Escola. [S.l.]. 2. Sistema de avaliação estadual Com a criação do sistema de avaliação a nível federal, muitos estados sentiram a necessidade de também terem seus sistemas de avaliação para que pudessem antecipar e agir proativamente frenteao desempenho da aprendi- zagem de seus alunos. Muitos, então, criaram o seu próprio sistema. No Plano Nacional de Educação (PNE), a Meta 7.32 – Sistemas Estaduais de Avaliação diz: Fortalecer, com a colaboração técnica e financeira da União, em articulação com o sistema nacional de avaliação, os sistemas estaduais de avaliação da Educação Básica, com participação, por adesão, das redes municipais de ensino, 173 para orientar as políticas públicas e as práticas pedagó- gicas, com o fornecimento das informações às escolas e à sociedade. (BRASIL, 2014, Lei nº 13.005) Essa é uma forma eficaz e eficiente de cada estado ter garantido o seu sistema de avaliação da aprendizagem, que deve ser alinhado com o sistema de avaliação federal, para fazer sentido para os alunos. Até março de 2018, dos 26 estados mais Distrito Federal, 22 mantêm um sistema próprio de avaliação. Veja no Quadro 4.3 quais deles possuem e quais não. Quadro 4.3 | Estados e sistemas de avaliação Estado Sistema de avaliação Quem participa O que é avaliado Ano de criação Periodi- cidade Acre Sistema Estadual de Avaliação da Aprendizagem Escolar (SEAPE). Alunos do 3º, 5º e 9º anos/EF e alunos do 1º, 2º e 3º anos/ EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2009 Anual Alagoas Avaliação de Aprendizagem da Rede Estadual de Ensino de Alagoas (AREAL). Cada ano par- ticipam séries diferentes do EF e EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2012 2012 - 2015 -2016 Amapá Não tem sistema de avaliação próprio. Amazonas Sistema de Avalia- ção do Desempe- nho Educacional do Amazonas (SADEAM). Cada ano par- ticipam séries diferentes do EF e EM. Língua Portu- guesa; Matemá- tica; Ciências Humanas; Ciências da Natureza; e Produção de Textos. 2008 Anual Bahia Sistema de Ava- liação Baiano de Educação (SABE). Alunos de séries diversas do EF e EM conforme o ano. Ciências; Lín- gua Portuguesa; e Matemática. 2011 Anual. Feito até 2013. Ceará Sistema Permanen- te de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE). Alunos do 2º, 5º e 9º anos/EF e 1º e 3º anos/ EM e EJA. Língua Portuguesa e Matemática. 1992 Anual Distrito Federal Não tem sistema de avaliação próprio. Espírito Santo Programa de Ava- liação da Educação Básica do Espírito Santo (PAEBES). Alunos do 5º e 9º anos/EF e 3º ano/EM. Língua Portu- guesa; Matemá- tica; e Ciências Humanas. 2000 Anual 174 Goiás Sistema de Avalia- ção Educacional do Estado de Goiás (SAEGO). Alunos do 2º, 5º e 9º anos/EF e 3ª série/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2011 Anual Maranhão Não tem sistema de avaliação próprio. Mato Grosso Avalia MT Alunos do 5º e 9º anos/EF e 3º ano/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2017 Anual Mato Gros- so do Sul Sistema de Avalia- ção da Educação da Rede Pública do Mato Grosso do Sul (SAEMS). 4º e 8º anos/EF e 1º ano/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2003 Anual Minas Gerais Sistema Mineiro de Avaliação e Equi- dade da Educação Pública (SIMAVE). Alunos do 5º e 9º anos/EF e 1ª e 3ª séries/ EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2000 Anual Pará Sistema Paraense de Avaliação Educa- cional (SisPAE). Alunos do 4º e 8º anos/EF e 1º, 2º e 3º anos/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2013 Bianual Paraíba Sistema Estadual de Avaliação da Edu- cação da Paraíba (Avaliando IDEPB). Alunos do 5º e 9º anos/EF e 3º ano/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2011 Anual Paraná Sistema de Avalia- ção da Educação Básica do Paraná (SAEP). Alunos do 9º ano/EF e 3º ano/EM. Matemática e Língua Portu- guesa. 2012 2012 - 2013 e 2017 Pernambuco Sistema de Avalia- ção Educacional de Pernambuco. Alunos do 2º, 5º e 9º anos/EF e 3º ano/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2000 Anual Piauí Sistema de Avalia- ção Educacional do Piauí (SAEPI). Participam séries diversas em cada ano do EF e 1º, 2º e 3º anos/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2011 Anual Rio de Janeiro Sistema de Avalia- ção da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ). 5º e 9º anos/EF e 3ª ano/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2008 Anual até 2015, último ano de aplicação. Rio Grande do Norte RN Aprende – Sis- tema de Avaliação da Aprendizagem escolar. Alunos do 3º ano/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2016 Anual Rio Grande do Sul Sistema de Avalia- ção do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (SAERS). Séries diversas em cada ano do EF e 1º, 2º e 3º anos/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2007 Anual de 2007 a 2011 e depois 2016. 175 Rondônia Sistema de Avalia- ção Educacional de Rondônia (SAERO). Séries diversas em cada ano do EF e 1º, 2º e 3º anos/EM. Língua Portuguesa e Matemática. 2012 2012, 2013 e 2015 Roraima Não tem sistema de avaliação próprio. Santa Cata- rina Avaliação do Ensi-no Médio de Santa Catarina. 1º, 2º e 3º anos/EM. Linguagens e suas Tecnolo- gias; Mate- mática e suas Tecnologias; Ciências Hu- manas e Sociais Aplicadas; Ciências da Natureza e suas Tecnologias. 2018 Anual São Paulo Sistema de Avalia- ção de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SA- RESP). Alunos do 3º, 5º, 7º e 9º anos/EF e o 3º ano/EM. Língua Portu- guesa; Matemá- tica; Ciências Humanas; Ciências da Natureza; e Redação. 1996 Anual Sergipe Não tem sistema de avaliação próprio. Tocantins Sistema de Avalia- ção da Educação do Estado do Tocan- tins (SALTO). 5º e 9º anos/EF e 3º ano/EM. Língua Portu- guesa; Matemá- tica; Ciências; Geografia; Bio- logia; Química; e Física. 2011 Anual Fonte: quadro elaborado pela autora; figuras de Shutterstock. Nos estados do AC, AL, AM, BA, CE, ES, GO, MG, MS, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RS e RO as avaliações são realizadas pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Faculdade de Educação (CAED) da UFJF. Os estados que ainda não têm o seu sistema de avaliação da aprendi- zagem (AP – DF – MA – RR – SE) deverão criar o seu para atender à Meta 7.32 do PNE, citada anteriormente. Reflita Reflita sobre a afirmação de Claudio de Moura Castro, especialista em educação e colunista da Revista VEJA: As escolas estão cada vez mais conscientes da importância das avaliações nacionais e preocupadas em não ter uma pontuação ruim. Há Estados como Minas Gerais em que a 176 nota é divulgada na porta de muitas escolas: ninguém quer passar vergonha. (BIBIANO; PAVÃO JÚNIOR, 2014, [s.p.]) 3. Sistema de avaliação municipal e escola Da mesma forma que os estados buscaram ao longo dos anos criar os seus próprios sistemas de avaliação da aprendizagem, muitas cidades brasi- leiras também fizeram o mesmo. Tal medida garante o foco no alinhamento de práticas pedagógicas e definição de políticas públicas mais eficientes e eficazes. Por sua vez, as escolas também não querem ficar para trás e criam, então, um processo de avaliação de suas turmas. Exemplificando Na E.M. “Gabriel Rodrigues”, a liderança já percebeu a importância dos resultados das avaliações externas das quais a escola participa. O resultado do IDEB é pregado em destaque na entrada do colégio, afinal, todas as Partes Interessadas precisam reconhecer o trabalho de cada um para a colheita de todos. Assim, uma vez por ano todos os educa- dores estudam as matrizes das avaliações elaboradas pelo Governo Federal, Estadual e Municipal e trabalham com afinco suas vulnerabi- lidades, também realizando a avaliação Provão, que ajuda os alunos a melhorarem suas performances nos testes oficiais. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) O principal indicador da qualidade da educação brasileira é o IDEB. Quadro 4.4 | IDEB Objetivo Medir a qualidade da aprendizagem do ensino básico no Brasil. Etapas medidas Anos Iniciais/EF Anos Finais/EF Ensino Médio Como ele é encontrado Por dados das avaliações aplicadas de larga escala e por níveis de aprovação declarados no Censo Escolar.Para que serve Para guiar políticas públicas e acompanhar a evolução da quali-dade do ensino. Periodicidade A cada dois anos. Disponibilização dos resultados Por escola, cidade, estados, Distrito Federal e Brasil como um todo. Fonte: elaborado pela autora. 177 Pesquise mais Para saber mais sobre o IDEB, consulte: BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Consulta Ideb. [S.l.], [2015b]. Sem medo de errar São muitos os resultados que as escolas recebem do ensino que praticam no seu dia a dia. E esses resultados jamais podem ser engavetados ou ignorados, visto que eles impactam na tomada de decisões dos gestores públicos, oportunizam a circulação de melhores práticas pedagógicas, o fortalecimento da importância da unidade escolar na comunidade em que está inserida, o reconhecimento ao trabalho de toda uma equipe e a satis- fação dos alunos em aprender cada vez melhor e da forma correta. Sabendo disso, o município de Maracatu antecipa-se e anualmente reúne todos os coordenadores pedagógicos para estudarem toda a legislação vigente e as matrizes das avaliações externas em todos os níveis para que possam, cada vez mais, buscar a excelência dos resultados do município na aprendizagem de seus alunos. Não é à toa que a cidade é referência nos indicadores educa- cionais nos últimos 3 anos. No último encontro os pedagogos levantaram os seguintes pontos: 1. Importância de escancarar os resultados em todos os momentos possíveis. 2. Necessidade de comparar os resultados com escola similar, cidade e estado, criando um ranking de sucessos. 3. Visitar as escolas que apresentam melhores resultados para “trocar figurinhas” e colocar as suas práticas em escala. 4. Fazer parcerias com a comunidade e reconhecer os educadores e gestores que mais se destacam. Faça valer a pena 1. Sobre a mudança do Sistema de Avaliação da Educação Básica em 2019 o INEP afirmou: Um dos destaques da reestruturação é a afirmação de dimensões da qualidade educacional que extrapolam a aferição de proficiências em testes cognitivos. As condi- ções de acesso e oferta das instituições de Educação 178 Infantil passarão a ser avaliadas. Mesmo com as alterações, o sistema não perde a comparabilidade entre edições. (BRASIL, [2019], [s.p.]) Marque a resposta que diz qual é a forma de avaliar a aprendizagem da Educação Infantil, no SAEB: a. Teste de leitura para alunos do 3o período. b. Leitura oral e escrita por amostragem de até 20 alunos/escola. c. Questionários a serem respondidos pelos professores. d. Questionários a serem respondidos pelos pais e professores. e. Avaliação das turmas. 2. Sempre que sai o resultado do IDEB, a cada dois anos, há uma conster- nação nacional sobre a melhoria ou estagnação do ensino/aprendizagem no Brasil. Muitos falam e defendem teses sobre o tema, mas agir é mais difícil. Complete a frase com a resposta certa: a avaliação não deve parar no diagnós- tico e sim ________________. a. na melhoria das políticas públicas e práticas pedagógicas. b. no Plano de Ação. c. no fortalecimento do papel dos professores. d. no alinhamento das melhores formas de agir em sala de aula. e. na mudança de paradigmas educacionais. 3. O melhor resultado do IDEB ocorreu há anos no Brasil, na cidade de Sobral, no Ceará. Lá, políticas claras sobre o que ensinar, como ensinar, quando ensinar e como avaliar vão juntas com práticas de gestão que asseguram o papel do diretor como líder garantidor do sucesso de sua escola. Afinal, a escola tem a cara do diretor. Marque a resposta que apresenta os fatores de sucesso em Sobral para garantir melhores resultados educacionais: a. Consistência e continuidade. b. Consistência e legitimidade. c. Continuidade e legitimidade. 179 d. Aprendizados e processos. e. Sistematização e práticas. 180 Seção 3 Gestão por fatos e dados Diálogo aberto Um bom gestor sempre precisa ter um olhar fora da instituição que lidera, pois nem sempre as melhores práticas para a solução de suas necessidades e expectativas estarão dentro da escola. Sabendo disso, Helena, diretora de uma escola municipal que atende Educação Infantil e Ensino Fundamental, está sempre em busca dessas soluções. E nessa procura, ela ficou entusias- mada em constatar que a avaliação formativa é uma prática de sucesso em uma escola no município vizinho. Sendo você o gestor pedagógico dessa escola, quais informações poderá dar a Helena sobre essa prática? Não pode faltar Valor gestão por fatos e dados Um gestor educacional ao tomar as decisões que lhe competem deve se basear em fatos e dados. Gestão por fatos e dados é um valor do Sistema de Gestão Integrado (SGI). Tal valor confere qualidade nas decisões tomadas. Sem dados confiáveis, em que basear as decisões? Em intuição, achismos, feeling ou sexto sentido? Ao tomar decisões em um sistema educacional, elas impactarão a aprendizagem dos alunos, portanto, é arriscado decidir temas tão importantes de forma tão precária e simplória. Exemplificando Marina, professora do 3º ano/EF, quando vai escrever o planejamento detalhado do bimestre sempre faz uma análise dos dados referentes às Metas de Aprendizagem. Se há algum resultado muito discrepante da projeção, a Meta em questão transforma-se em Meta Prioritária, com foco redobrado e Planos de Ação em curso. Os dados é que vão mostrar onde intervir para melhorar. Dado ruim é o dado que não temos – ou que está errado. Todos os outros dados são úteis, porque nos levam a melhorar os processos e produzir grandes resultados. Assim, os dados e as informações de um sistema educacional – Secretaria de Educação, escola ou classe – devem ser: 181 1. Planejados, coletados e processados de forma que se mostrem confiá- veis, claros e seguros (protegidos contra perda). 2. Usados para melhorar o trabalho e as iniciativas das pessoas, nos diversos níveis. 3. Atualizados e disponibilizados, na hora certa, a quem precisa deles para tomar decisões. 4. Comparados com os de escolas similares ou benchmarks (referências) e analisados pela liderança de cada sistema, contando com a colabo- ração dos funcionários e professores nas questões alusivas ao seu trabalho. Se o líder educacional não estiver bem atento em como de fato fazer para vivenciar o valor gestão por fatos e dados, ele pode fazer acontecer um outro valor que não seja este. Quadro 4.5 | Diferença entre a gestão por fatos e dados e outro valor O quê? Gestão por fatos e dados Outro valor Qualidade das decisões Decisões qualificadas. Mais ob- jetivas do que subjetivas: apenas uma parte da decisão é baseada na intuição. Decisões não fundadas em fatos, muito subjetivas: pratica- mente 90% intuição. Pessoalidade/impessoa- lidade da decisão Impessoal. A decisão é isenta de influências de autoridade. Os dados e análises preponderam sobre os cargos. Pessoal. Na ausência de dados, pode prevalecer o peso do “crachá” de quem opina. Acessibilidade dos dados Disponibilizados a tempo e hora (escancarados). Não se aplica. Como não há a cultura da gestão por fatos e dados, não há pressa em dispo- nibilizá-los. Monitoramento do novo desempenho O desempenho desejado pode ser facilmente comparado com o anterior: ambos foram medidos com a mesma métrica. O desempenho desejado não pode ser comparado com nada objetivo: é palpite comparado com palpite. E o palpite pode mudar muito. Motivo da coleta Trampolim para a ação. Os dados são coletados para nortear ações de melhoramento. Todo mundo sabe que, depois dos dados, vêm ações. Variado, mas não para a ação. “Gostamos desses dados”. São mais fáceis de coletar. É neles que a escola vai bem. É neles que a escola vai mal. Tradição: sempre os coletamos. Fonte: elaborado pela autora. Se o valor gestão por fatos e dados não fosse importante, também não haveria muito sentido na coleta de informações. A liderança e as pessoas trabalhando precisam ter esse valor muito presente, porquetomam decisões 182 importantes continuamente. Quando o valor é prevalente, as necessidades e expectativas são levantadas de forma mais objetiva. Com isso, os planos ficam mais calibrados. Com informações sobre seu desempenho e a existência de melhores práticas, os processos de trabalho tendem a melhorar. Os resul- tados se beneficiam dessa cadeia de calibração decorrente da prática do valor. Um exemplo disso é o “Qual é a nota?”. Exemplificando Qual é a nota? Toda quinta-feira, cada aluno usuário do transporte preenche um questionário de quatro perguntas de nome “Qual é a nota?”. Tudo o que o aluno faz é dar uma nota, de 1 a 3, para cada pergunta do questionário. Ninguém gasta 1 minuto para fazer isso. Cada semana um aluno de cada classe se encarrega de tabular os dados referentes a sua turma e entre- gá-los no setor próprio. O “Qual é a nota?” do transporte pergunta: Qual é a nota do transporte? Esta semana, de 1 a 3, que nota você dá para: Segurança do transporte (velocidade certa, manobras adequadas, alunos sentados, etc.)? Pontualidade (cumprimento do horário de saída e chegada)? Atendimento (boa organização, cortesia do motorista, etc.)? Ambiente (limpeza do veículo, conforto, etc.)? Os gráficos são enviados à Secretaria de Educação mensalmente, quando o processo está sob controle (ou seja, tem nota 2 ou superior). Quando há fortes discrepâncias, o sinal amarelo acende e os dados são analisados prontamente para corrigir problemas. Avaliação formativa O próprio nome indica, ela é formativa, isto é, aquela que acontece durante o processo da construção do ensino-aprendizagem. Além disso, esse tipo de avaliação também é chamado de avaliação contínua ou processual e deve ser realizada no momento certo em que a aprendizagem acontece, estando incorporada no ato de ensinar. Ao agir assim, o educador perceberá 183 as dificuldades e poderá agir rapidamente planejando práticas pedagógicas que facilitarão as construções de novas aprendizagens de forma mais asser- tiva para os alunos. Sobre esse tipo de avalição, Hadji afirma: Uma avaliação formativa informa os dois principais atores do processo; o professor, que será informado dos efeitos reais de seu trabalho pedagógico e poderá regular sua ação a partir disso; e o aluno, que toma consciência das dificuldades que encontra e se torna capaz, na melhor das hipóteses, de reconhecer e corrigir seus próprios erros. (HADJI, 2001, p. 58) Exemplificando Lolla é professora de História do 1o ano do Ensino Médio. Por acreditar que o processo de ensino-aprendizagem é construído diariamente entre educador e alunos, ela não utiliza somente a avaliação somativa, ao longo do bimestre, para saber o que cada aluno aprendeu ou deixou de aprender. Mais do que isso, Lolla usufrui fortemente da avaliação formativa. Portanto, todas as vezes que trabalha um conteúdo novo, ela avalia os alunos pedindo para eles: 1. Explicarem os seus raciocínios sobre o tema aprendido. 2. Parafrasearem as respostas dos colegas. 3. Responderem testes rápidos de múltipla escolha. 4. Escreverem, em poucas palavras, o que aprenderam e quais as perguntas que eles ainda têm sobre o assunto. 5. Completarem um mapa mental. 6. Responderem breves testes orais. Agindo assim ela tem informações rápidas de como e o que aprendem os alunos em suas aulas. Pesquise mais Acesse a página da Ceibal para conhecer o Sistema de Avaliação Online (SEA), que disponibiliza avaliações formativas a serem realizadas por alunos do 3o ano/EF até o EM no Uruguai. Esse sistema existe desde 2007 e as avaliações são elaboradas e validadas por professores de diversas disciplinas. Vale a pena ver. 184 Portfólio Há muitos anos o portfólio sempre foi utilizado por modelos, artistas, jornalistas, etc. para expor os seus trabalhos e qualidades profissionais, desta- cando seus talentos, suas competências e diferenciais no mercado de trabalho. No sistema educacional, o portfólio não é simplesmente uma amostragem das atividades realizadas pelos alunos, ele é, acima de tudo, um instrumento de avaliação. O portfólio do aluno é uma pasta pessoal de dados em que cada aluno guarda seus gráficos de desempenho e as atividades que considera mais importantes durante o seu ano letivo e/ou trajetória escolar em uma determi- nada instituição educacional. Como um placar individual, o uso dos dois (portfólio e Placar da Turma) é interligado, porque a análise do portfólio faz mais sentido quando o aluno compara seu desempenho com o da classe, exposto no placar. É quando essa análise é feita que os alunos tomam decisões consistentes de melhoramento. Alguns definem suas metas assim: “alcançar o nível da turma em leitura”; “melhorar meu desempenho em acentuação gráfica”. Ou seja, eles decidem melhorar relativamente à turma, ou comparativamente ao seu próprio desem- penho. O Placar e o portfólio, apesar de sistemas simples, são muito ágeis e deles decorrem Metas pessoais de melhoramento muito bem definidas. Figura 4.14 | Uso do placar e do portfólio Fonte: acervo da autora. 185 Os componentes do portfólio do aluno são: 1. Folha de rosto com a identificação da escola, educador, turma, aluno, série, ano letivo. 2. Foto da turma com o nome de cada criança escrito pelo aluno. 3. Desenho da criança sobre ela mesma. 4. Missão da Escola. 5. Missão da Classe. 6. Combinados da classe. 7. Missão pessoal do aluno. 8. Expectativas (pais ou responsáveis, professor e o próprio aluno). (Anual.) 9. Metas de Aprendizagem da escola/classe. 10. Metas pessoais do aluno. (Bimestral.) 11. Gráficos com os resultados das Metas de Aprendizagem da classe e do aluno. (Bimestral.) 12. Autoavaliação do aluno. (Bimestral.) 13. Principais atividades (redações, desenhos, testes, tarefas, etc.) selecio- nadas pelo aluno. (mensal.) Foco nos resultados versus foco nos processos Um bom gestor precisa ter foco no resultado ou no processo? É preciso focar os dois simultaneamente. Um bom resultado não acontece sozinho ou cai de paraquedas, ele vem por meio da implementação de processos robustos que precisam ser melhorados dia a dia. É ingenuidade pensar, por exemplo, que podemos conseguir resultados melhores fazendo a mesma coisa. O ditado da informática “entra lixo, sai lixo”, atribuído a George Fuechsel, técnico da IBM, resume isso muito bem. Resultados superiores são as respostas de pessoas muito capazes no que fazem, usando processos afiados. Ao esperar melhores resultados é preciso se perguntar: vou mudar alguma coisa para chegar lá? Se a resposta for não, então não perca tempo. O resultado é o seu velho conhecido. 186 Exemplificando Podemos exemplificar da seguinte maneira: Andreza é professora do 5o ano/EF. Ela se destaca por ter sempre um olho nos resultados e outro nos processos que utiliza em sua classe, sendo um deles o “Alinhando Contri- buições”. Nesse processo, a diretora e o coordenador pedagógico visitam a sala dela e preenchem o +/ (Positivo/Delta) dos itens mostrados no quadro a seguir. Quadro 4.6 | Processo “Alinhando Contribuições” ALINHANDO CONTRIBUIÇÕES Preenchido por: Data: ___/___/___ Itens + (Positivo) (Delta) Atividade proposta estava alinhada com as Metas Interação dos alunos Material utilizado Relacionamento da professora com as crianças Avaliação da atividade Avaliação da sala Ambiente propício à aprendizagem Painel de Desempenho Canais de acesso Observações Fonte: acervo da autora. Melhores práticas Nos sistemas (secretaria/escolas e classes) é preciso ficar atento às melhores práticas que andam sendo realizadas, aquelas que precisam ser conhecidas por mais pessoas, que devem ser colocadas em escala e copiadas. Porque, afinal, o que é bom e está dando certo em outra classe ou escola deve ser disseminado. Conheça a seguir formas de fazer circular as melhores práticas. 187 Quadro 4.7 | Boas práticas Boas práticas Relato de melhores práticas Registro de uma prática diferenciada, inovadora e muito eficaz, usan-do uma matriz predefinida. Melhor Roda O professor conhece as melhores práticas em curso nas escolas e classes que têm um desempenho superior às suas turmas. Feira de melhores práticas A Secretaria organiza em praça pública da cidade uma feira onde cada escola tem um stand para apresentar as suas melhores práticas. Blog de sucessos A escola cria um blog no qual os educadores postam as suas melhores práticas. Trocando figuri- nhas A escola cria um grupo no WhatsApp e os educadores compartilham as boas práticas por meio de fotos. Fonte: acervo da autora. Exemplificando Melhor Roda O professor Luciano Campos, da E.E. “Alceu Amoroso Lima”, tem um sistema chamado “Melhor Roda”, pelo qual ele conhece as melhores práticas em curso nas escolas e classes que têm um desempenho superior ao de suas turmas. Luciano aplica esse sistema duas vezes ao ano: em junho e em setembro, logo que saem os resultados da Ficha Avaliativa. Inicialmente, o professor consegue, com o diretor do Alceu, os nomes dos três professores do mesmo ano escolar, em qualquer escola da rede, com desempenho melhor do que o de suas turmas nas Metas medidas pela Ficha Avaliativa da Secretaria. Luciano, neste ponto, não tenta justificar nada: ele está atrás de boas ideias. Se alguma turma está fazendo algo que deu muito certo, ele quer saber o que foi. Assim, Luciano visita e entrevista seus colegas e monta um manual de práticas diferenciadas, ao qual se refere coloquialmente como “Pulos do gato”. Ele vai testando essas dinâmicas vitoriosas e incorpora aquelas que produzem os melhores resultados em suas turmas. Sem medo de errar Quando Helena, diretora de uma escola municipal que atende a Educação Infantil e Ensino Fundamental, fica atenta em buscar as melhores soluções por meio de boas práticas, ela demonstra ser uma Líder Visionária. Um Líder Visionário é aquele que tem uma visão de longo prazo para a sua instituição e fixa altas expectativas com relação ao desempenho dela, especialmente com relação à aprendizagem dos alunos. Na situação-problema apresentada, Helena fica feliz em constatar que a avaliação formativa é uma prática de 188 sucesso em uma escola no município vizinho, justamente uma que Helena já levantou o perfil e percebeu que apresenta os melhores resultados de apren- dizagem. Com certeza a boa prática da avaliação formativa é um diferencial. E ao procurar a escola para “beber da fonte” ou para saber como trabalhar de forma certa a avaliação formativa, ela verificou que essa instituição tem o processo “5 Minutos”, em que nos cinco minutos finais de cada aula, de cada um dos professores, marcados por um dos alunos em um despertador, a turma faz uma das seguintes atividades sobre o assunto trabalhado no dia: 1. Responder uma pergunta em um quarto de folha A4. 2. Ouvir três perguntas feitas oralmente pelo professor e, para cada uma, escrever em uma tirinha de papel as opções que achar serem corretas. 3. Escrever um parágrafo sobre o que aprendeu no dia. Vale destacar que, em todas as atividades propostas, o aluno é estimulado em sua capacidade de síntese a dizer muito com pouco. Além disso, os professores recolhem as respostas e corrigem cada uma com a legenda do sinal de trânsito (estrela verde: perfeito; estrela amarela: faltou algo; e estrela vermelha: atenção). Depois disso, os professores devem anotar o nome dos alunos que tiraram estrelas vermelhas. Para estes, na aula seguinte, junto do resultado da correção, ele entrega também um texto extra, ou a dica de um filme, etc. com o intuito de o aluno saber mais sobre o tema trabalhado. Ao receber o retorno da correção, cada estudante deve anotar o seu resul- tado no gráfico de desempenho da matéria que está em seu portfólio. Ao final do mês, os alunos que conquistarem mais estrelas verdes recebem um reconhecimento. Faça valer a pena 1. A diretora explica assim o nível de satisfação dos pais: “tudo leva a crer [leia-se, não há dados] que a maioria dos pais [51%?; 90%?] está muito [Quanto é muito?] satisfeita”. Assim, percebe-se claramente na fala da diretora, que o valor gestão por fatos e dados não acontece e que todas as oportunidades de melhorias são justificadas por “achismos”. A escola depende de fatos para melhorar seu desempenho. Nas opções a seguir, são evidências de fatos, com exceção de:] a. O planejamento pedagógico da escola. b. Atividades de educação e treinamento de professores e funcionários. c. O trabalho da liderança. d. O conhecimento das necessidades e expectativas das Partes Interessadas. e. Melhorias no prédio da escola. 189 2. No dia a dia na gestão de um educador em sua sala de aula ele deve saber o momento oportuno de utilizar os diversos tipos de avaliação, visto que avaliar é aliar valor e dar significado à aprendizagem acontecida. Assim, ao introduzir um novo conteúdo ele utilizará a avaliação_______________; após o término de um determinado assunto trabalhado a avaliação será ________________________ e quando encerrar a unidade em que o conteúdo foi trabalhado a avaliação será _____________________________. Complete as lacunas, marcando a opção cuja resposta está correta. a. formativa; somativa; diagnóstica. b. formativa; diagnóstica; somativa. c. diagnóstica; formativa; somativa. d. diagnóstica; somativa; formativa. e. somativa; formativa; diagnóstica. 3. Carla é uma professora do 4o ano/EF. Este é o seu portfólio: Figura | Portfólio da professora Carla Fonte: acervo da autora. Qual a importância de o professor também ter o seu portfólio? a. Para destacar, avaliar, refletir, melhorar e inovar suas práticas. b. Para ser exemplo aos alunos. c. Para colar tudo de importante que fizer. d. Como memória de sua atuação. e. Como comprovante da realização de seu trabalho. Referências ARAUJO, J. B. O sucesso de Sobral. [S.l.], 2015. Disponível em: https://alfaebeto.org.br/ wp-content/uploads/2015/12/Sobral-IAB-20150106.pdf. Acesso em: 1 ago. 2019. ATLAS do Desenvolvimento Humano no Brasil. Atlas Brasil. [S.l.], [2013]. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/. Acesso em: 1 ago. 2019. BIBIANO, B.; PAVÃO JÚNIOR, J. IDEB 2013 revela estagnação no ensino fundamental e médio. [S.l.], 5 set. 2014. Disponível em: https://veja.abril.com.br/educacao/ideb-2013-revelao- -estagnacao-no-ensino-fundamental-e-medio/. Acesso em: 2 ago. 2019. BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Brasília, DF, 25 jun. 2014. 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