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Gestão Educacional Tânia Mara Nogueira © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Revisão Técnica Egle Pessoa Bezerra de Freitas Adrião Mariana Coralina do Carmo Rosângela de Oliveira Pinto Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Nogueira, Tânia Mara N778g Gestão educacional / Tânia Mara Nogueira. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 192 p. ISBN 978-85-522-1133-4 1. Gestão educacional. 2. Sistema de gestão integrado. 3. Liderança. I. Nogueira, Tânia Mara. II. Título. CDD 370 Sumário Unidade 1 Gestão no contexto da educação brasileira ................................................ 7 Seção 1 A gestão da educação brasileira através dos tempos ...................... 9 Seção 2 Sistema educacional brasileiro ........................................................22 Seção 3 Gestão do currículo ..........................................................................34 Unidade 2 Gestão democrática e organização da escola ...........................................51 Seção 1 A organização no contexto escolar .................................................52 Seção 2 Plano a seguir ....................................................................................66 Seção 3 A gestão no contexto escolar ...........................................................81 Unidade 3 Foco na gestão ..............................................................................................97 Seção 1 Gestão de pessoas .............................................................................99 Seção 2 Gestão de processos ......................................................................116 Seção 3 Gestão da sala de aula ...................................................................133 Unidade 4 Gestão de resultados ................................................................................155 Seção 1 Orientações para resultados .........................................................156 Seção 2 Avaliação da Educação Básica .....................................................170 Seção 3 Gestão por fatos e dados ...............................................................180 Palavras do autor Prezado aluno, como bem disse o professor e consultor Peter Drucker (1909/2005), gestão é fazer as coisas do jeito certo, já liderança “é fazer as coisas certas” (DRUCKER, 2005 apud KRAMES, 2010, p. 113). Assim, na disciplina Gestão Educacional, você vai aprender, vivenciar e construir formas de liderar e aplicar as melhores práticas de gestão em insti- tuições escolares, com foco na melhoria dos resultados operacionais e de aprendizagem. Isso será feito por meio da interpretação do contexto educa- cional brasileiro e, também, do emprego do conceito de gestão. Na Unidade 1, você entenderá a gestão no contexto da educação brasi- leira ao longo do tempo, compreendendo as leis, as responsabilidades de cada ente federativo, a forma como é organizado o sistema educacional brasileiro e como é feita a gestão do currículo. A Unidade 2 abordará a gestão democrática e a organização da escola por meio do Sistema de Gestão Integrado (SGI), que é um modelo de gestão desenvolvido pela Fundação Pitágoras, cordialmente cedido por ela para o desenvolvimento deste material. O SGI permite detalhar a forma de alinhar e integrar Secretaria de Educação, escolas, classes e alunos, tendo um plano que foi estabelecido por muitas vozes e gerido por uma Liderança Visionária. A Unidade 3 terá o foco em gestão de pessoas, processos e sala de aula. Você vivenciará práticas eficazes e eficientes para desenvolver as compe- tências dos profissionais de um sistema escolar, para melhorar e inovar os processos e as práticas de trabalho, bem como para saber atuar de forma sistemática e focalizar sempre o aluno, razão de ser da escola. A Unidade 4 enfatizará como administrar os dados das Metas de Aprendizagem e as Metas Operacionais de uma instituição educacional, observando os cases de sucesso advindos das instituições similares, o benchmark e os resultados provenientes das avaliações externas. Para que sua aprendizagem seja de fato o “aprender fazendo”, ressaltamos a importância do autoestudo ao longo do curso para que sua participação seja ativa nesta disciplina. Fique atento às melhores práticas, pois elas serão bons exemplos a serem seguidos em sua trajetória profissional. Unidade 1 Tânia Mara Nogueira Gestão no contexto da educação brasileira Convite ao estudo Estudar a educação brasileira e a forma como sua gestão tem acontecido nos níveis federal, estadual ou municipal ao longo do tempo nos permite refletir sobre seu impacto nos resultados de aprendizagem, sobre a equidade na educação e a valorização dos educadores. Os critérios quantidade e qualidade são importantes para compreen- dermos a gestão da educação brasileira. Ao pensarmos na quantidade, surgem algumas perguntas: todas as crianças têm acesso à escola? Há profes- sores suficientes? As salas de aula têm carteiras, quadro e giz, ou seja, os recursos básicos para seu funcionamento? Essa batalha pela quantidade sempre foi travada nos gabinetes onde se definem práticas e políticas públicas. Considerando as diferenças no Brasil, essa é uma questão que em algumas regiões está mais bem resolvida do que em outras, apesar de as leis serem as mesmas para o país inteiro. Quanto ao critério qualidade, o país ainda espera uma revolução na gestão educacional por meio da qual seja possível garantir altos níveis de aprendizagem para todos os alunos. Pensando nisso, reflita sobre como é possível tornar a gestão de uma escola de fato eficaz e eficiente? Costumamos ouvir que de 4 em 4 anos, ou seja, a cada mudança de governo, há uma ruptura em processos e práticas implementadas no sistema educacional. Não há um plano a seguir a longo prazo, mas, sim, um constante iniciar e reiniciar no que diz respeito à gestão da educação. Assim, tanto o país como as gerações de alunos perdem em termos de qualidade de ensino e aprendizagem. Nesta primeira unidade, aprofundaremos a temática da gestão no contexto da educação brasileira, entendendo em quais termos de organização se baseiam o sistema educacional e o seu currículo, ou seja, onde estamos e como chegamos nesse estágio da educação brasileira. Na primeira seção desta unidade, conheceremos como tem sido realizada a gestão da educação brasileira ao longo do tempo, a quem cabe, em cada época, a liderança e a forma de fazer o ensino/aprendizagem, bem como as leis que a embasam e as responsabilidades da União, dos estados e municípios. Na segunda seção, analisaremos o sistema educacional brasileiro, sua estrutura, as modalidades da Educação Básica e o Plano Nacional de Educação (PNE). Por fim, na terceira seção entenderemos como é feita a gestão do currículo e estudaremos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)e os Temas Transversais. 9 Seção 1 A gestão da educação brasileira através dos tempos Diálogo aberto Ao lembrar de sua trajetória como estudante, é possível que você constate que ao longo dos anos muitas mudanças ocorreram, seja na forma de avaliar, no foco da aprendizagem, na seleção de professores ou na garantia do cumprimento das políticas públicas. Constantemente ocorre uma novidade na área educacional. Considerando que para a conclusão da Educação Básica era preciso, no mínimo, cerca de 13 anos de estudo, você, enquanto aluno, vivenciou três grandes mudanças. Saberia citar quais foram ou falar sobre uma delas? Qual impacto elas tiveram em sua vida estudantil? Sabendo disso, vamos refletir sobre a seguinte situação-problema: imagine um município chamado Maracatu, que conta com 12 escolas municipais, 2 escolas estaduais e 2 creches particulares, as quais atendem crianças de 0 a 3 anos. As escolas estaduais contemplam o Ensino Médio e as municipais atendem da Educação Infantil até o Ensino Fundamental II. Marieta é a nova secretária de educação da cidade. Formada em Pedagogia, ela sempre foi referência de coordenadora pedagógica de forte liderança, pois incenti- vava os professores a direcionarem suas práticas de ensino a uma aprendi- zagem focada no aluno. Em seu primeiro dia de trabalho como secretária, ela quer definir as ações que caberá a ela garantir enquanto gestora da educação municipal. Em que ela deve se basear para buscar tal informação? Que ações ela precisará garantir para o aluno de Maracatu ter uma trajetória educa- cional tranquila e contínua mesmo se mudar de escola ou de rede? Você já deve ter ouvido a expressão “dê a César o que é de César”. Pensando sobre ela, veremos que há responsabilidades específicas a serem cumpridas pelas diferentes esferas governamentais: União, estados, Distrito Federal e municípios. Ajude Marieta a identificar quais são as competências de cada um dos entes federativos, especialmente os que são específicos da rede municipal, da qual ela estará à frente. Nesta seção, estudaremos como a gestão da educação é realizada no Brasil e como ela ocorreu ao longo dos anos, considerando as mudanças e os avanços sociais, políticos e econômicos. Também identificaremos as compe- tências da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. 10 Não pode faltar Historicamente, ao observarmos a educação no Brasil, percebemos que houve mudanças significativas em relação à gestão educacional. Isso não necessariamente quer dizer que tais mudanças geraram melhorias nos resultados de aprendizagem ou a realização de um projeto de excelência em educação. Pelo contrário, os resultados existentes demonstram claramente que a gestão tem sido ineficaz. Ao longo das décadas, a gestão da educação brasileira tem sido feita de diversas formas e por diversas lideranças, com pensamentos e propostas políticas e ideológicas adversas, muitas vezes demonstrando uma fragmen- tação entre os entes federativos e uma descontinuidade de projetos, programas e políticas públicas. Vamos compreender, então, o percurso da educação brasileira sob a óptica da gestão. Antes da chegada dos portugueses no Brasil, em 1500, a educação dos povos indígenas acontecia de maneira informal, no núcleo familiar, onde havia a transferência de conhecimentos dos mais velhos para os mais novos, tanto para homens como para mulheres (GHIRALDELLI, 2009). Com o início da colonização, surgiu então a sistematização da educação por meio da metodologia de gestão dos jesuítas. Eles chegaram ao Brasil e construíram suas escolas, as quais foram chamadas de “Casas de Bê-á-bá”, onde inicialmente os índios eram educados. Com o passar dos anos, os filhos dos senhores de engenho também tiveram uma educação formal nesses locais. Essa educação se resumia a ensinar a ler, escrever e catequizar no catolicismo. Às mulheres era negado o acesso à escola formal (LOPES, 2011). Exemplificando Segundo Lopes (2011, p. 44): “O que as letras fazem estudar? O Ratio Studiorum, que organizava os estudos da Companhia, estabelecia em pormenores o currículo do colégio. A Gramática Média; a Gramática Superior; as Humanidades; a Retórica. Havia ainda a Filosofia e a Teologia para quem se preparasse para o sacerdócio”. Os jesuítas administraram a educação brasileira entre os séculos 16 e 18, implantando diversos colégios pelo território e catequizando os índios com os quais tinham contato. 11 Figura 1.1 | Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo. Retrata a ação jesuíta no Brasil em seu período colonial. Localizado em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul Fonte: https://pixabay.com/pt/miss%C3%B5es-jesu%C3%ADtas-jesu%C3%ADticas-2437957/. Acesso em: 22 out. 2017. Com a expulsão dos jesuítas após a reforma pombalina empreendida por Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777, toda a estrutura e o sistema de ensino então vigente foram desmontados em um processo que levou cerca de 30 anos para se efetivar. A partir de então, paliativamente foram instituídas as Aulas Régias, ministradas por professores contratados para essa finalidade. Elas deveriam substituir o ensino dos extintos colégios, principalmente para a parcela da população que daria continuidade aos estudos na Europa (XAVIER; RIBEIRO; NORONHA, 1994). Tal medida, contudo, não garantiu a expansão das escolas brasileiras, especialmente se for considerada a demanda da população, que até então havia se favorecido do ensino jesuíta. Até que fosse feita a transição dos jesuítas para a proposta do governo, as famílias abastadas contratavam professores particulares para os seus filhos. Diante desse contexto, a Coroa Portuguesa interveio no ensino da Colônia e houve a oferta de aulas apenas para homens. Essas aulas eram ministradas por professores, em casa, os quais, na verdade, eram pessoas que demonstravam certo conhecimento dos conteúdos exigidos, como escrita, humanidades e cálculos. Havia uma insatisfação quanto aos salários, pois eles eram pagos (quando isso acontecia) de acordo com o nível de ensino em que atuavam. A gestão do trabalho desses professores, no tocante à atribuição das aulas, conteúdos e salários, era realizada por inspetores determinados pelo governo vigente (LOPES, 2011). https://pixabay.com/pt/miss%C3%B5es-jesu%C3%ADtas-jesu%C3%ADticas-2437957/ 12 Pesquise mais Para saber mais sobre como era feita a educação das mulheres no período colonial, leia o texto “Mulheres educadas na Colônia”, de Arilda Inês Miranda Ribeiro. Ele está disponível nas páginas 79 a 90 do livro a seguir: TEIXEIRA, Eliane Marta et al. 500 anos de educação no Brasil. 5. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. Em 1808, com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, o Rio de Janeiro passou a ser a sede do reino português, e, com D. João VI no país, era neces- sário promover melhorias na educação para que de fato houvesse uma Corte. No Império, o ensino foi estruturado em três níveis: primário, secundário e superior. Também aconteceram diversas tentativas de sistematizar a educação brasileira, desde trazer modelos existentes na Europa até determinar outros formatos por meio de leis. A Corte retornou para Portugal em 1821, mas D. Pedro I permaneceu no Brasil como príncipe regente. Em 1822 ocorreu a Independência do Brasil e em 1824 foi promulgada a primeira Constituição do país, na qual foi estabe- lecida a gratuidade da educação para todos os brasileiros. A partir de então, foram criadas as Escolas de Primeiras Letras pelo país, mas, apesar disso, o sistema educacional avançou a passos lentos devido à falta de alunos, porque as famílias não enviavam seus filhos para as escolas após terem aprendido a ler, escrever e calcular, pois precisavam deles para o trabalho rural, que era a base da economia do país (ARANHA, 2006). Figura 1.2 | O Colégio Pedro II é uma das instituições mais antigas de ensino básico do Brasil, com mais de 180 anos de fundação. Está localizadona Avenida Marechal Floriano, no centro do Rio de Janeiro-RJ Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Pedro_II#/media/File:Col%C3%A9gio_Pedro_II_-_Rio_ de_Janeiro.jpg. Acesso em: 22 out. 2017. 13 Houve dois destaques nesse período. O primeiro deles foi a criação do Colégio Pedro II como modelo de escola de ensino secundário, mas que se tornou uma instituição que preparava os alunos para a universidade. O outro destaque foi a Reforma Leôncio de Carvalho, em 1879, que instituiu a liber- dade de ensino, em que o aluno podia aprender com quem desejasse e depois se submetia às provas das escolas autorizadas. Reflita Segundo Ghiraldelli (2009, p. 30), “O ensino brasileiro deixou de ser um projeto educacional público e se tornou um sistema de exames, deixando vestígios até na atualidade como no caso da incapacidade que temos de fazer o ensino secundário funcionar sem o parâmetro dado pelos exames vestibulares”. Com a Proclamação da República em 1889, o ensino público se tornou um direito dos cidadãos e um dever do Estado. Porém, com a desorgani- zação política e social ainda presente, surgiram diversas formas de organizar as escolas como grupos escolares, em que as crianças eram divididas por série e idade. As pessoas mais letradas tornavam-se professores e depois a elas era proporcionado o acesso às Escolas Normais para que pudessem aprimorar a forma de ensinar. Os educadores que davam aula para as crianças que cursavam o primário eram todas mulheres, as quais, por sua vez, ganhavam menos que os homens. Aos homens cabia as funções de educar os alunos maiores e de dirigir as escolas construídas. Nas zonas rurais, apesar de bem povoadas, as escolas eram escassas; no entanto, quando existiam, ofereciam apenas uma turma, com alunos de diversas idades (LOPES, 2011). Ao avançarmos no tempo para o século XX veremos que, na década de 1920, a educação para todos tornou-se um lema da escola, cuja pretensão era ser pública, laica e gratuita. Porém, essa escola não conseguiu alcançar a população cujo índice de analfabetismo chegava a 80%. Assimile Ao longo do tempo, o Brasil tem procurado acabar com o alto índice de analfabetismo, criando programas como Mobral, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Brasil Alfabetizado. Porém, por falta de continuidade, investimentos e vontade política, ainda há um número expressivo de analfabetos no país. 14 Em 1932, Anísio Teixeira e outros educadores lançaram o Manifesto dos Pioneiros da Educação, que apontava os caminhos que a educação deveria seguir para que o Brasil alcançasse a modernidade, em uma perspectiva de defesa de uma escola que fosse única, pública, laica, obrigatória e gratuita (MEC, 2017). Mesmo com a Proclamação da República em 1889, o Brasil não conseguiu instituir uma política educacional que atendesse às demandas exigidas pelo contexto social do período. Os estados obtiveram grande autonomia com o regime federativo a partir da República, o que permitiu que institucionalizassem a escola primária. Contudo, isso ocorreu de forma muito característica dentro de cada estado, tendo em vista as diferenças socioeconômicas e culturais de cada região (VIEIRA, 2006). A Constituição de 1934 determinou que a educação era um direito de todos e dever do poder público, mas ainda estava ligada às crenças religiosas das famílias. Nesse período, surgiu então a escola pública com até cinco ou mais salas de aula, divididas em Primário, Ginásio e Colegial. No Primário, as aulas eram ministradas por professoras a turmas mistas com meninos e meninas. Já no Ginásio e Colegial, as aulas eram ministradas pelos homens a turmas separadas de homens e mulheres. Reflita A escola em que você estudou durante a Educação Básica difere muito da escola projetada pela Constituição Federal de 1934? Em 1948, começou-se a pensar em uma lei de âmbito federal que indicasse as diretrizes para a educação do país, a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), que de fato só foi aprovada em 1961, pois os interesses das escolas privadas, dos pensadores da educação e dos políticos precisavam ser contemplados por meio de verbas governamentais para escolas privadas, manutenção do ensino religioso católico e uma diversidade de propostas curriculares (VEIGA, 2007). Reflita “Não pode ser uma escola de tempo parcial, nem uma escola somente de letras, nem uma escola de iniciação intelectual, mas uma escola sobretudo prática, de iniciação ao trabalho, de formação de hábitos de pensar, hábitos de fazer, hábitos de trabalhar e hábitos de conviver e parti- cipar em uma sociedade democrática, cujo soberano é o próprio cidadão”. (TEIXEIRA, 1994, p. 63) 15 Podemos dizer que esse ainda é um discurso atual na educação brasileira? O Ministério da Educação e Cultura (MEC) foi instituído em 1953, quando se desvinculou do Ministério da Saúde. Até 1960, ele era um órgão bastante centralizador, determinando a forma como deveria ser a educação nos estados, municípios, territórios e Distrito Federal. Em 1961, com a aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 4.024/1960, ocorreu uma descentralização do MEC, e, com isso, houve um ganho de autonomia das esferas administrativas no que diz respeito à gestão da educação, principalmente no âmbito estadual. Em 1964, com o início do regime militar, estabeleceu-se a obrigatoriedade da educação voltada para a profissionalização, que foi revogada na década de 1970, e a gestão do ensino de 1º grau foi transferida para os municípios. A segunda LDB, aprovada em 1971, determinava o ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos, com um currículo comum para o primeiro e segundo graus e uma parte diversificada para atender às diferenças regionais (BRASIL, 2017). Com o término do regime militar, iniciou-se a elaboração da nova Constituição Federal, aprovada em 1988, que estabeleceu a educação como direito de todos, independentemente da idade. Devido à necessidade de mais investimentos em educação, definiu-se a vinculação de recursos para a educação, determinando a aplicação de 25% da receita dos impostos arreca- dados pelos municípios e estados e 18% pela União. Assimile Ao discorrermos sobre vinculação de recursos para a educação, estamos falando da determinação governamental de se locar um percentual mínimo obrigatório para a manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e modalidades. Em 1995, o MEC passou a ser responsável somente pela educação, não incluindo mais as pastas da cultura e dos esportes. Quem assumiu o minis- tério foi o economista e professor Paulo Renato de Souza, que, de 1995 a 2002, liderou a implementação de um modelo de gestão na educação brasileira chamado “Revolução Gerenciada”, o qual trazia para o país a cultura de uma gestão sistemática e pensada a curto, médio e longo prazos (SOUZA, 2005). Em 1996, foi promulgada a nova LDB, Lei nº 9.394/1996, que, entre outras questões, determinou que a formação do professor deveria ser feita preferencialmente em curso superior. Ela também estabeleceu que o Ensino Fundamental fosse de responsabilidade dos municípios e que a 16 Educação Infantil passasse a integrar a Educação Básica. Na confluência das reformas, por meio da Lei nº 9.294/1996 foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), um fundo contábil exclusivo para atender à educação, o qual deveria funcionar como um mecanismo de redistribuição de recursos finan- ceiros educacionais para que o Ensino Fundamental contasse com verbas específicas. O cálculo dessas verbas era fundamentado no número de alunos matriculados por município, de acordo com o Censo Escolar do ano anterior ao do repasse dos recursos. Em linhas gerais, o Fundef trouxe benefícios, como a diminuição da diferença do custo por aluno entre os governos estaduais e municipais, além de ter impactado a remuneração docente em regiões cujos salários eram diminutos. Por meioda obrigatoriedade da formação de Conselhos de Acompanhamento e Controle, aumentou a transparência do financiamento e diminuiu os desvios das verbas vinculadas (MONLEVADE, [s.d]). Por outro lado, como os recursos do Fundef abrangiam o Ensino Fundamental e deixavam de fora a Educação Infantil e o Ensino Médio, isso desencadeou uma dificuldade operacional na gestão das escolas, porque as instituições que ofertavam outros níveis de ensino (Educação Infantil ou Ensino Médio) não recebiam recursos que às atendessem. Isso gerou uma situação difícil para o gestor escolar, afinal, como atender alguns alunos com o que era preciso e outros não? Tendo em vista o impacto das medidas empre- endidas pelo ministro Paulo Renato na educação brasileira, cabe destacar algumas providências por ele determinadas, tais como: • Reforma do Ensino Médio: nova proposta curricular em que o ensino profissionalizante passa a ser complementar ao Ensino Médio, e não mais uma modalidade de ensino. • Gestão colegiada: reuniões sistemáticas com lideranças do ministério para validar metas, monitorar resultados e planejar avanços. • Fortalecimento das parcerias público-privadas: implantação dos programas Acorda, Brasil. Está na hora da escola!; Comunidade Solidária; e Alfabetização Solidária. • Programa Bolsa Escola Federal: visa assegurar a crianças socialmente vulneráveis sua permanência na escola e erradicar o trabalho infantil. • Qualidade na Educação Básica: avaliação do livro didático, munici- palização da merenda escolar, definição de parâmetros curriculares nacionais, criação da TV Escola, Programa Dinheiro Direto na Escola, Programa Aceleração Escolar. 17 • Sistema Avaliação Educacional: criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), participação do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Exemplificando Na página do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) você encontra informações sobre o PISA e dados que exemplificam a importância da participação brasileira no programa para a melhoria das práticas e dos processos de aprendizagem. • Sistema de informações: revitalização do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que se tornou desde então gestor e guardião dos dados educacionais de todo o país. • Provão: avaliação do Ensino Superior para que ele se tornasse maior, melhor e mais competitivo. Em 2005, foi criada a Prova Brasil, com o objetivo de avaliar a Educação Básica em suas séries finais nas disciplinas de Matemática e Português e complementar o Saeb. Já em 2007, com a criação do Índice da Educação Básica (Ideb), ela passou a ser um de seus componentes. Desde então o Ideb tem a finalidade de medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino. Em 2007, com o término do período de vigência do Fundef, esse mecanismo transitou para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, com vigência prevista de 2007 a 2020, cujo objetivo é ampliar os recursos para todos os níveis de escola- ridade, aumentar o acesso às escolas e melhorar os índices nas avaliações externas. Também foi criado o programa Mais Educação, com o objetivo de ampliar a carga horária dos alunos nas escolas. Saiba mais A principal diferença entre o Fundef e o Fundeb era que o primeiro só contemplava o Ensino Fundamental, já o segundo ampliou o atendi- mento para a Educação Infantil e o Ensino Médio, contemplando assim toda a Educação Básica. 18 Aprovado em 2014, o Plano Nacional da Educação (PNE) apresenta 20 metas desafiadoras que vêm como um norte para a educação pública brasi- leira. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que começou a ser discutida em 1998, teve sua versão final entregue ao Conselho Nacional de Educação (CNE) em abril de 2017 e foi aprovada em dezembro desse mesmo ano. O CNE deu os devidos encaminhamentos, entre eles a implementação da Base por todas as escolas brasileiras até o início do ano letivo de 2020 e sua revisão de 5 em 5 anos. Exemplificando Um exemplo das questões a serem pensadas sobre o Ensino Médio pode ser vistas no filme Nunca me Sonharam, do Instituto Unibanco. É importante ressaltar que nos últimos anos a educação brasileira tem avançado devido à cobrança e participação ativa dos brasileiros, afinal, como bem diz o Movimento Todos pela Educação, “uma única criança sem educação de qualidade é uma derrota para toda a nação”. Sem medo de errar Sabemos que no Brasil, a cada eleição realizada, seja em nível federal, estadual ou municipal, ocorre uma ruptura em práticas e processos imple- mentados na educação. Isso acontece porque as lideranças políticas eleitas, ao verificarem as políticas públicas implementadas no governo anterior, quase sempre determinam a descontinuidade delas para não caracterizar perda de poder ou vulnerabilidade na gestão, demonstrando, assim, que se conti- nuar com algo que está dando certo do governo anterior estará validando um projeto político que não é seu. Vimos que essa postura acontece desde a saída dos jesuítas, quando a vontade política foi começar uma nova proposta de educação para o país sem considerar os pontos fortes dessa gestão educa- cional. E assim tem acontecido sucessivamente ao longo do tempo nas diversas esferas políticas. Quem perde com isso é o cidadão brasileiro, que ao longo de sua traje- tória educacional vivencia inúmeras políticas públicas educacionais, na maioria das vezes fragmentadas, episódicas e não sistematizadas, longe de se tornar políticas de Estado, em que independentemente do governo há a continuidade do que está dando certo. Na disciplina Gestão Educacional você compreenderá que é preciso garantir uma gestão eficaz, sistemática e eficiente em cada esfera educacional, 19 por meio do fortalecimento do papel das lideranças, da sistematização de boas práticas e do monitoramento dos resultados. Ao imaginar a situação-problema vivenciada por Marieta, a nova secre- tária de educação de Maracatu, você perceberá que essa é uma questão recor- rente na prática profissional de todos os gestores de Secretarias de Educação ou de escolas, pois, ao tomarem posse, seja por eleição ou indicação política, e receberem as chaves e o CNPJ da instituição, não sabem o que fazer com os domínios e acessos recebidos, visto que muitas vezes anteriormente ocupavam outro papel muito diferente na escola ou secretaria. Para solucionar a situação-problema vivenciada por Marieta, sugere-se que ela tenha um olhar especial para toda a cidade e a perceba como um território educativo, cujos estudantes (crianças e jovens) podem frequentar escolas municipais, estaduais ou privadas. É preciso que o aluno, foco da razão de ser de todo ensino-aprendizagem, seja o norte para a definição de todas as ações a serem implantadas e executadas no município. Assim, é fundamental que Marieta conheça as responsabilidades de cada ente federativo, atue fortemente na realização das competências que lhe são cabíveis enquanto liderança municipal e busque uma “sintonia fina” com as demais redes, para que, juntas, possam implementar ações em comum, como o calendário escolar único e o fortalecimento de parcerias. Avançando na prática Organizando a gestão de uma Secretaria de Educação observando a LDB Imagine uma situação em que você é um dos pedagogos que fazem parte, junto a Marieta, da equipe de liderança da rede municipal de educação de Maracatu. Seu desafio é atender à Meta Operacional das “Diretrizes Estratégicas da Secretaria de Educação” para o próximo ano, que é ampliar o acesso à Educação Infantil na rede municipal. Observando o que determina a LDB, aponte qual processo ou prática deve ser implementado nas escolasque receberão turmas de Educação Infantil. Resolução da situação-problema Para atender à referida meta, as ações a serem implementadas devem ser: 20 1. Levantar, junto ao setor responsável da SME, a relação de alunos de 4 e 5 anos que não conseguiram ser matriculados na cidade. 2. Organizar listas de alunos por turma e proximidade entre a residência do aluno e o endereço das escolas. 3. Orientar as escolas na organização da Educação Infantil, observando as seguintes regras: • Avaliação mediante o acompanhamento e o registro do desenvolvi- mento das crianças, sem o objetivo de promoção. • Carga horária mínima anual de 800 horas, distribuídas em no mínimo 200 dias letivos. • Atendimento à criança de, no mínimo, 4 horas diárias em turno parcial. • Frequência mínima de 60% do total de horas. • Expedição de documento que permita atestar os processos de desen- volvimento e aprendizagem da criança. Faça valer a pena 1. O Fundeb é um importante fundo para investimentos na educação que é distribuído para as redes municipais e estaduais de ensino de acordo com o número de alunos matriculados. É um grande avanço na busca de uma educação de qualidade. A quem se destina o Fundeb? a. A escolas públicas e conveniadas de estados, municípios e do Distrito Federal. b. A escolas públicas de estados e municípios. c. A escolas públicas, com exceção das conveniadas, de estados, municí- pios e do Distrito Federal. d. A escolas públicas, com exceção daquelas presentes no Distrito Federal. e. A escolas públicas e particulares de estados, municípios e do Distrito Federal. 21 2. Conforme Título IV da LDB, que trata da organização da Educação Nacional, o artigo 8º ressalta: “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino”. Entende-se por organização em regime de colaboração: a. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios executam as mesmas ações conjuntamente. b. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios articulam os diferentes níveis e sistemas de ensino em uma mesma direção. c. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios articulam suas demandas com base nas responsabilidades de cada ente federativo, promovendo a gestão e a operacionalização da educação no local onde ela se realiza. d. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios fazem a organização e coordenação para aplicar o Fundeb. e. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios definem, em conjunto, a forma de atuação de cada ente federativo. 3. Desde os anos 1990, percebe-se no Brasil uma intencionalidade na busca de uma política pública de gestão alinhada com uma regulação eficaz e eficiente de educação no país. São fatores determinantes para que de fato aconteça uma educação de quali- dade e com equidade para todas as crianças e os jovens brasileiros: a. Vontade política e aplicação da legislação vigente. b. Vontade política, cumprimento da LDB e valorização do professor. c. Gestão pública eficaz e aplicação correta dos investimentos. d. Vontade política, aplicação eficaz e eficiente dos recursos públicos, monitoramento constante da sociedade e gestão interdependente entre os entes federativos. e. Vontade política, gestão independente entre os entes federativos e uma gestão pública eficaz e eficiente. 22 Seção 2 Sistema educacional brasileiro Diálogo aberto Imagine que você, já graduado, assuma um papel em uma instituição escolar. Para saber como atuar, fazer melhor, investir na forma certa de realizar projetos e práticas exitosas, é preciso que você saiba como é formado o sistema educacional brasileiro. Qual é sua estrutura? Quais são os níveis e as modali- dades de ensino? Há um sistema nacional de educação? O que propõe o Plano Nacional de Educação? Qual será o seu espaço para atuar na rede? Pensando nisso, convidamos você a refletir sobre a seguinte situação-pro- blema: você já conhece Marieta e sabe que ela é uma pedagoga experiente que assumiu o cargo de secretária de educação no município de Maracatu. No momento, ela está traçando seu plano de trabalho e já fez o levantamento do perfil da rede municipal, estadual e privada do município. Conhece a clien- tela que cada uma dessas redes atende, a responsabilidade de cada uma na educação do município e como os alunos da cidade transitam nesse grande território educativo. Com essas informações coletadas, Marieta pretende traçar um plano de ação para atender às metas do Plano Nacional de Educação (PNE) para o município nas três esferas de atendimento, mas levando em consideração seu poder de atuação e sua competência operacional. Quais metas ela deve focalizar? Quais dessas metas precisam ser acompanhadas e monitoradas nos níveis federal e estadual? De quais metas ela será guardiã para que de fato sejam alcançadas na cidade? Nesta seção, vamos estudar como é formado o sistema educacional brasi- leiro, os níveis e as modalidades de ensino ofertados para a Educação Básica, as metas de seu Plano Nacional de Educação e como opera esse sistema em nível territorial em um país tão grande e com tantas singularidades regionais. Não pode faltar A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, são norteadoras da educação, fazendo que os sistemas União, Estados, Distrito Federal e municípios alinhem suas forças individuais na direção do mesmo foco, ou seja, todos empenhados 23 para conquistar o elevado desempenho de cada aluno. A partir desses dois documentos, vamos entender um pouco mais sobre a nossa educação. O sistema educacional brasileiro se organiza em três esferas distintas: federal, estadual e municipal. A cada uma cabe organizar os sistemas e as instituições educacionais que administra. O ensino é estruturado em Educação Básica e Ensino Superior, e ambos são oferecidos pelas redes de ensino federal, estadual, municipal e privada em todo o território nacional, sendo que a Educação Básica tem sua maior parcela de alunos nas redes públicas, enquanto no Ensino Superior a maior concentração de alunos está na rede privada. O Ensino Superior é composto por Graduação (bacharelado, licen- ciatura e formação tecnológica) e Pós-Graduação (especialização, MBA, mestrado e doutorado). Confira, a seguir, as etapas e modalidades de ensino da Educação Básica. Figura 1.3 | Etapas da Educação Básica Fonte: elaborada pela autora. 24 Quadro 1.1 | Modalidades da Educação Básica Fonte: elaborado pela autora. 25 Exemplificando Uma boa prática sobre a Educação no Campo é feita pelo Programa Escolas Rurais Conectadas, da Fundação Telefônica | Brasil. Sendo a estrutura da educação brasileira constituída por sistemas, níveis, etapas e modalidades de ensino, faz-se necessário realizar algumas ações importantes, como o Plano Nacional de Educação (PNE), com vigência de 10 anos e, portanto, o primeiro a contemplar mais de uma gestão gover- namental. Para chegar a ele, desde 2010 houve uma ampla discussão com todas as Partes Interessadas, tais como setores governamentais, educacionais, empresariais, sociais e sociedade civil. Assimile O PNE tem como finalidade direcionar esforços e investimentos para a melhoria da qualidade da educação no país, sendo o articulador do sistema nacional de educação. Esse plano define metas e estratégias que devem nortear a União, os estados, o Distrito Federal e os municí- pios, alinhados entre si para a definição dos rumos da educação. Cada município, estado e Distrito Federal deve construir seu plano de forma alinhada ao PNE. O PNE tem 20 metas, as quais são divididas em seis grupos: Grupo 1: estruturantes para a garantia do direito à Educação Básica com qualidade (Metas 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10 e 11). São metas que dizem respeito ao acesso à escola, à universalização da alfabetização e à ampliação da escola- ridade e das oportunidades educacionais. Esse grupodefende a importância do investimento na Educação Infantil, a garantia do acesso de crianças e jovens de 6 a 17 anos aos ensinos fundamental, médio e profissional, bem como a melhoria da qualidade da aprendizagem educacional. Quadro 1.2 | Garantia do direito à Educação Básica com qualidade Meta Tema O que pretende 1 Educação Infantil Universalizar, até 2016, a Educação Infantil na Pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de Educação Infan- til em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE. 26 2 Ensino Fundamental Universalizar o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quator- ze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. 3 Ensino Médio Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85% (oitenta e cinco por cento). 5 Alfabetização infantil Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do Ensino Fundamental. 6 Educação integral Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas pú- blicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos alunos da Educação Básica. 7 Qualidade da Educação Básica / Ideb Fomentar a qualidade da Educação Básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as se- guintes médias nacionais para o Ideb: 6,0 nos anos iniciais do Ensino Fundamental; 5,5 nos anos finais do Ensino Fundamental; 5,2 no Ensino Médio (Média 6 do Ideb). 9 Alfabetização de Jovens e Adultos Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabe- tismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional. 10 EJA integrada Oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de Educação de Jovens e Adultos, nos ensinos Fundamental e Médio, na forma inte- grada à educação profissional. 11 Educação profissional Triplicar as matrículas da Educação Profissional Técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf 27 Grupo 2: redução da desigualdade e valorização da diversidade (Metas 4 e 8). São metas que oportunizam a equidade, em que os sistemas educacio- nais devem ser inclusivos, atendendo às pessoas com diversas necessidades especiais de aprendizagem, o que pode ser oferecido em redes públicas de ensino ou em escolas conveniadas de serviços especializados. Quadro 1.3 | Redução das desigualdades e valorização da diversidade 4 Inclusão Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação, o acesso à Educação Básica e ao atendimento educacional especializado, preferen- cialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de re- cursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. 8 Elevação da escolarida-de/diversidade Elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcan- çar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. Grupo 3: valorização dos profissionais da educação (Metas 15, 16, 17 e 18). São metas consideradas estratégicas para que as metas anteriores sejam alcançadas. Portanto, é preciso investir fortemente nos profissionais da educação, de forma que eles tenham o perfil necessário à melhoria da quali- dade da Educação Básica pública. Quadro 1.4 | Valorização dos profissionais da educação 15 Profissionais de educação Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, as- segurado que todos os professores e as professoras da Educação Básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf 28 16 Formação Formar, em nível de Pós-Graduação, 50% (cinquen- ta por cento) dos professores da Educação Básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da Educação Básica formação continuada em sua área de atuação, con- siderando as necessidades, demandas e contextuali- zações dos sistemas de ensino. 17 Valorização dos profis-sionais do magistério Valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de Educação Básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE. 18 Planos de carreira Assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de carreira para os(as) profissionais da Educação Básica e Superior pública de todos os sis- temas de ensino e, para o plano de carreira dos(as) profissionais da Educação Básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissio- nal, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. Grupo 4: Ensino Superior (Metas 12, 13 e 14). São metas que não se referem à Educação Básica, mas, sim, ao Ensino Superior, cuja respon- sabilidade cabe aos governos federal e estaduais. Por ser o local onde os professores da Educação Básica são formados, é preciso que ocorra um investimento focado no aumento do acesso à Graduação e na ampliação da pesquisa educacional. Quadro 1.5 | Ensino Superior 12 Educação Superior Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Supe- rior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas no segmento público. http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf 29 13 Qualidade da Educação Superior Elevar a qualidade da Educação Superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docen- te em efetivo exercício no conjunto do sistema de Educação Superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores. 14 Pós-Graduação Elevar gradualmente o número de matrículas na Pós-Graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000(vinte e cinco mil) doutores. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. Grupo 5: Gestão (Meta 19). Meta que determina a efetivação da gestão democrática, por meio da implementação de conselhos municipais de educação, conselhos de administração das verbas da educação, colegiados escolares e participação ativa da comunidade escolar nas instituições escolares. Quadro 1.6 | Gestão democrática 19 Gestão democrática Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da edu- cação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. Grupo 6: Investimentos (Meta 20). Meta que ressalta a importância do investimento público para que todas as demais metas sejam realizadas satisfa- toriamente. São investimentos feitos por meio do público total em proporção do PIB, o investimento público direto em proporção do PIB e o investimento público direto por aluno. Quadro 1.7 | Investimentos 20 Financiamento da educação Ampliar o investimento público em educação pú- blica de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto (PIB) do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio. Fonte: elaborado pela autora com base em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas. pdf. Acesso em: 2 ago. 2019. http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf 30 Pesquise mais Para saber mais sobre o PNE, leia o texto: BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a próxima década: conhe- cendo as 20 metas do Plano Nacional de Educação. Brasília: MEC, 2014. Ao considerarmos todas as diferenças regionais em um país tão grande como o Brasil, faz-se necessário pensar em um Sistema Nacional de Educação (SNE). Segundo o professor Jamil Cury, o SNE foi previsto na Constituição Brasileira na Emenda 59 de 2009. Mas em que ele consiste? Desde 1932, com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, já se falava na necessidade de a educação brasileira ser de fato um sistema. Em 2010, a Conferência Nacional de Educação (CONAE) estabeleceu que instituir um Sistema Nacional de Educação é agenda obrigatória para o país. Reflita Em um país de grandes dimensões como o Brasil, qual é a importância de se estabelecer um Sistema Nacional de Educação? Alguns tentam comparar esse sistema com o Sistema Único de Saúde, que desde 1988, de norte a sul do país, tem os mesmos procedimentos para as demandas necessárias, sendo um sistema hierarquizado, com normas, padrões e protocolos. Porém, não devemos adotar o mesmo modelo, pois a educação tem especificidades em sua atuação. Assim, o Sistema Nacional de Educação não pode ser hierarquizado, pois diversos sistemas o compõem, como o federal, estadual e municipal, tem peculiaridades que devem formar um conjunto coeso que realiza a educação brasileira buscando atuar de forma interdependente, colaborativa e equitativa. A Lei nº 13.005/2014 estabeleceu em seu artigo 13 que: O poder público deverá instituir, em lei específica, contados 2 (dois) anos da publicação dessa Lei, o sistema Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de educação. (BRASIL, 2014, [s.p.]) 31 Urge cumpri-la, pois, como afirma o documento da secretaria de articu- lação com os sistemas de ensino − SASE/ME: A ausência de um SNE tem resultado em graves fragilidades para a educação nacional, como a ausência de referências nacionais de qualidade capazes de orientar a ação supletiva para a busca da equidade, a descontinuidade de ações, a fragmentação de programas e a fata de articulação entre as esferas de governo. Esses fatores não contribuem para a superação das históricas desigualdades econômicas e sociais do país. (BRASIL, 2015, [s.d.]) Por fim, procure saber se o SNE já foi aprovado, em qual data e se já está sendo cumprido. Sem medo de errar Um profissional da educação no exercício de sua função em uma rede pública de ensino precisa estar atento à legislação vigente da área em que atua. Necessita conhecer qual é a proposta da União sobre a questão a ser executada por ele e qual a orientação e a interpretação que a rede de ensino em que atua define sobre o tema a ser trabalhado. Dessa forma, ele será capaz de garantir o alinhamento dos sistemas e o desdobramento das práticas e dos processos trabalhados. É o fazer certo de forma certa. Na situação-problema proposta, Marieta, como secretária de educação do município de Maracatu e enquanto líder visionária, deve pensar a sua cidade como um grande território educativo, de modo que as redes munici- pais e estaduais comunguem uma proposta de alinhamento educacional que permita ao aluno/cidadão transitar de uma rede a outra, de uma escola a outra, sem perdas na qualidade de sua aprendizagem. Portanto, Marieta deve centralizar esforços em seu Plano de Ação no que diz respeito ao acompanhamento das 20 metas propostas no PNE. De modo especial, deve tomar para si a determinação de, enquanto gestora, investir amplamente no cumprimento das Metas 1 a 10, 15, 17, 18. 32 Avançando na prática Metas do PNE em ação Marieta, ao terminar seu Plano de Ação para acompanhamento das 20 metas do PNE no município em que é secretária de educação, percebeu a necessidade de intensificar o monitoramento e o cumprimento das metas. O que ela pode fazer para envolver sua equipe, otimizar tempo e garantir resultados satisfatórios? Resolução da situação-problema Marieta pode convidar um representante da rede estadual, da rede privada, do Conselho de Educação do município e do Conselho de Acompanhamento do Fundeb, um professor e um diretor de escola para juntos formarem um Time de Meta (TM) para monitorar e investir fortemente em cada uma das metas, melhorando assim seu desempenho e seus resultados. Eles podem se reunir bimestralmente para fazer a avaliação do painel de gestão das metas e estabelecer os próximos passos. Faça valer a pena 1. Na aprovação do PNE, alguns grandes pensadores da educação brasileira disseram que o Plano resultou em uma enorme “lista de Papai Noel”, pois não se muda a sociedade com planos grandiosos e metas genéricas. Por outro lado, outros afirmaram que as 20 metas propostas são as urgências mínimas a serem garantidas para a educação do Brasil em uma década. Qual é a importância do PNE para a evolução da educação no Brasil? a. Garantir a articulação entre os entes federativos na melhoria e organi- cidade da educação nacional. b. Prever o percentual do Produto Interno Bruto (PIB). c. Focar na aprendizagem. d. Apontar alternativas de atuação nas redes públicas de ensino. e. Canalizar as ações a serem feitas nas salas de aula. 33 2. Os dados mostram que há uma grande evasão dos alunos depois que terminam o Ensino Fundamental II. Muitos alunos não veem sentido nessa nova fase por entenderem “que é mais do mesmo”; outros precisam traba- lhar; e alguns outros não têm como projeto de vida a continuidade de seus estudos. Os que conseguem seguir em frente, ao concluir o Ensino Médio, não enxergam perspectiva de continuidade. Diante disso, que resultado a nação obtém com essa ruptura no processo de ensino de um cidadão? a. Mais vagas sobrando nas escolasestaduais e federais. b. Aumento de trabalhadores na área de serviços. c. Falta de perspectiva a curto, médio e longo prazo. d. Aumento acentuado na desigualdade social e maior necessidade de investimentos públicos. e. Aumento de impostos. 3. O Sistema Nacional de Educação deve fixar normas da cooperação federativa entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. O que cabe à União fazer na cooperação federativa proposta no PNE? a. Determinar propostas de atuação. b. Estabelecer pactos operacionais, normatizando as diretrizes e bases da educação, investindo no desenvolvimento das pessoas e na melhoria das práticas de ensino. c. Garantir a aplicação dos recursos públicos em educação, assegurando o padrão de qualidade e equidade, bem como o fortalecimento de parcerias internas e externas na articulação dos diferentes níveis e sistemas de educação. d. Normatizar as diretrizes e bases da educação, garantindo a aplicação eficaz e eficiente dos recursos públicos em educação e a melhoria dos resultados de aprendizagem. e. Coordenar a política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas de educação, exercendo função normativa, distribu- tiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. 34 Seção 3 Gestão do currículo Diálogo aberto Em um país com um território tão grande e com uma população tão diversificada como o Brasil, é necessário garantir que o currículo tenha uma sinergia entre o que será ensinado em cada “cantinho” do país e o seu todo, oportunizando, assim, uma base comum curricular alinhada com a apren- dizagem dos saberes específicos locais. Dessa forma, é possível garantir com equidade o direito de aprendizagem a todos os alunos. Com base nesse contexto, vamos refletir sobre a seguinte situação-pro- blema: Miguel, Anna e Teresa são os coordenadores da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II, respectivamente. Junto a Marieta, secretária de educação, formam a liderança da rede municipal de ensino na cidade de Maracatu. No plano de trabalho deles, está previsto que, uma vez ao ano, o currículo trabalhado nas escolas municipais seja minuciosamente revisto. Considerando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os temas transversais a serem abordados, quais cuidados devem ser tomados para que o currículo não se torne um texto vazio e desconexo? Nesta seção, estudaremos os documentos disponibilizados pelo Ministério da Educação para a formulação do currículo de estados, Distrito Federal, municípios e escolas. Também compreenderemos como é feita a interseção entre esses documentos, de forma a agregar mais valor ao trabalho de ensino- -aprendizagem realizado nas escolas. Não pode faltar Após a definição de como deve ser um sistema de ensino, sua estrutura e sua organização, é necessário determinar o que os alunos devem aprender. É o que chamamos de currículo, que vem da palavra latina scurrere, um caminho que deve ser percorrido. O currículo é a base que determina o alinhamento de processos e práticas pedagógicas, bem como o desdobramento dessas práticas em níveis e modalidades de ensino. Cabe ao currículo nortear toda a ação de ensino-aprendizagem, contemplando o que deve acontecer desde a Secretaria de Educação até cada sala de aula. Quanto mais unificado o currí- culo, maior a garantia de que os alunos tenham as mesmas oportunidades de aprendizagem, seja em uma escola pública estadual, municipal, federal 35 ou privada. A equidade que tanto desejamos na educação deve começar pela garantia de um currículo comum no território nacional. Assimile Segundo Moreira e Candau (2007, p. 18): “São cinco os pontos que a noção de currículo deve comportar: a lista de conteúdos a serem ensinados e apren- didos; as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos; os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais; os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino; e os processos de avaliação que terminam por influir nos conte- údos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização”. No Brasil, a gestão do currículo é pautada pelos seguintes documentos: Quadro 1.8 | Documentos base para a definição do currículo no Brasil Documento Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) Referenciais Curricula- res (RCN) Temas transversais Base Nacio- nal Comum Curricular (BNCC) O que é Conjunto de princípios, normas, fundamen- tos e proce- dimentos Referências curriculares Subsídios adicionais aos PCN para a Educação Infantil e Educação Profissional de Nível Técnico Conceitos e valores básicos à cidadania Conhe- cimentos e compe- tências essenciais Fonte: Moreira e Candau (2007). Como educadores, o que precisamos saber sobre cada um desses documentos? Qual é a importância deles para nossa atuação profissional como gestores de uma instituição educacional? Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, determinou que a União, em colaboração com os estados, o Distrito federal e os municípios, 36 deveria estabelecer competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, as quais norteariam os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum. Assim, para cumprir tal incumbência, a União e as diversas representativi- dades dos setores público e privado, como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), pesquisadores da área educacional, Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (CONSED), entre outros, definiram as Diretrizes Curriculares Nacionais. Conheça, a seguir, os principais objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais. Figura 1.4 | Objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) Fonte: adaptada de Brasil (2012, p. 7-8). 37 Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais especificam o Projeto Político-Pedagógico e o Regimento Escolar como os elementos constitutivos necessários para sua operacionalização. Também destacam que a avaliação compreende três dimensões básicas: avaliação da aprendizagem, avaliação institucional interna e externa e avaliação de redes de Educação Básica. Assimile Segundo Pacheco (2009, p. 68), “Regimento Escolar é a constituição da escola, onde devem constar as normas gerais que regularão as práticas escolares disciplinares e pedagógicas”. Pesquise mais Saiba mais sobre Projeto Político-Pedagógico (PPP): LOPES, Noêmia. O que é o projeto político-pedagógico. Nova Escola Gestão, 1 dez. 2010. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) podem ser definidos como referenciais de qualidade para a educação brasileira [e] podem ser utilizados em diferentes ações educacionais como entre outras a formação de professores, elaboração de material didático, reelaboração curricular, desenvolvimento de projetos educativos nas escolas (BRASIL, 1997, p. 13). 38 Os PCN são organizados da seguinte forma: Figura 1.5 | Organização dos Parâmetros Curriculares Nacionais Fonte: adaptada de PCN (1997). Assimile Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são referenciais curricu- lares, portanto são diferentes das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que são as leis que orientam como deve ser cada modalidade e nível de ensino. 39 Temas transversais Os temas transversais não estão associados especificamente a nenhuma disciplina, mas atravessam e são pertinentes a todas elas. Referem-se a propostas de temas que estão relacionados à vida cotidiana dos alunos, como: saúde, orientação sexual, pluralidade cultural, meio ambiente e ética. Cabe a cada educador trabalhar esses temas (e outros que também achar convenientes) de forma transversal em sala de aula. Não é um tema que necessita de uma aula específica, a ponto de parar o conteúdo de geografia, porexemplo, para abordá-lo. Por isso, é importante não confundir interdisci- plinaridade com transversalidade. Enquanto a interdisciplinaridade refere-se à forma como as disciplinas integram-se, fazendo que os alunos consigam fazer conexões entre os temas trabalhados, a transversalidade diz respeito à organização do trabalho didático e ao currículo, sistematizando os conheci- mentos adquiridos sobre a realidade e sobre o aprendizado de questões da realidade e que nela refletem. Exemplificando A TV UNIVESP fez um programa para mostrar como os temas transversais podem ser trabalhados nas aulas de Educação Física. Não deixe de conferir! D-19: Educação Física: Temas Transversais. 2012. 1 vídeo (16min02). Publicado pelo canal TV UNIVESP. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Orientada pelos princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e pela LDB, a Base Nacional Comum Curricular normatiza o conjunto de conhecimentos e competências que todos os alunos brasileiros devem construir ao longo das modalidades e etapas da Educação Básica em todas as escolas do país, públicas e privadas. A BNCC oportuniza a equidade do ensino ao oferecer a todos a mesma oportunidade de aprender. Ela não é o currículo. É a base para a construção do currículo a ser trabalhado em cada unidade de ensino, mostrando o que ensinar. Agora, a forma e o como ensinar devem estar no currículo de cada instituição ou sistema educacional. O registro sobre o que ensinar envolve três elementos: verbo (indica a ação que envolve o processo cognitivo), objeto (os conteúdos e conceitos a serem aprendidos) e modificador (informações sobre o contexto da aprendi- zagem esperada). 40 A BNCC foi elaborada com a contribuição de 12 milhões de brasileiros, entre eles estudantes, educadores, pensadores da educação, instituições públicas, privadas etc. As competências gerais da BNCC estão indicadas na Figura 1.6. 41 Figura 1.6 | Competências gerais: BNCC Fonte: Porvir (2017). Disponível em: http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-na-- cional-comum-curricular/. Acesso em: 18 nov. 2017. http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-nacional-comum-curricular/ http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-nacional-comum-curricular/ 42 As competências gerais da BNCC servem de referência para organizar as etapas de ensino da seguinte forma: 1. Educação Infantil: campos de experiências (o eu, o outro e nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; oralidade e escrita; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações) em seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. 2. Ensino Fundamental: áreas do conhecimento (linguagens: Língua Portuguesa, Artes, Educação Física e Língua Inglesa; Matemática; Ciências da Natureza; e Ciências Humanas (Geografia e História)). Reflita Como a gestão pode dispor das definições curriculares para alcançar uma educação de alto desempenho sem recair na aplicação fria da lei sem resultados expressivos? Sem medo de errar Enquanto gestor de uma rede de ensino ou de uma instituição escolar, você será o guardião do currículo a ser trabalhado pelos educadores. A você caberá assegurar o direito de uma aprendizagem de alto desempenho a todos os alunos, observando as competências de aprendizagem definidas para cada ano escolar e em cada etapa de ensino. Você será o garantidor de um trabalho bem realizado por toda a equipe, de forma a evidenciar os melhores resultados. Sabemos que o papel da liderança é fundamental para assegurar e garantir que o processo de ensino-aprendizagem ocorra conforme o planejado. Feitas essas constatações, percebemos que a situação-problema vivenciada pela equipe de liderança da Secretaria de Educação de Maracatu – garantir que o currículo das escolas municipais esteja alinhado com os documentos deter- minados pelo Ministério da Educação, a BNCC e os temas transversais – é um passo importante para o desdobramento e alinhamento de práticas e processos que impactarão nos resultados do município e de cada um de seus alunos. É importante direcionar as formas de atuação da Secretaria e escolas no desenvolvimento profissional de seus educadores, fazendo-os buscar as melhores práticas de ensino, as quais deverão estar alinhadas com o que ensinar, já determinado na proposta curricular de Maracatu. Para que o currículo não vire “uma sopa de letrinhas”, Marieta e os pedagogos que compõem a sua equipe farão uma análise do currículo 43 existente, fazendo um checklist de quais pontos convergem e quais pontos divergem da proposta da BNCC. Em seguida, executarão as seguintes ações: a. Criar um “grupo focal”, formado por educadores atuantes e aposen- tados que sejam referência no município, pais de alunos, alunos e ex-alunos, funcionários, representantes de diversos órgãos públicos, de instituições privadas de ensino, de escolas estaduais, bem como de instituições de ensino superior. Junto a eles, fazer um levantamento sobre o que é preciso garantir no currículo das escolas municipais que devem estar de acordo com as demandas e os interesses locais. b. Marieta vai determinar um “time de meta”, formado por cinco pessoas para fazer a proposta do novo currículo, ajustado à BNCC e tendo também como material de apoio o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da rede municipal, as matrizes de referência das avaliações externas do Ensino Fundamental e bons exemplos de currículos de outros municípios. c. Apresentação da nova proposta de currículo, feita pelo time de meta para Marieta e demais membros da equipe de liderança da Secretaria de Educação, para que eles possam validar, fazer ajustes finos e aprovar o documento final. d. Apresentação do novo currículo a todas as partes interessadas (prefeito, educadores, alunos, funcionários, famílias e comunidade em geral). Para cada público, a estratégia será diferenciada. e. Iniciar a implantação do novo currículo em toda a rede municipal, monitorando-o semanalmente. Avançando na prática Gestão do currículo das turmas do Ensino Fundamental II de uma escola Você é a pedagoga da E. M. Rubem Alves, onde responde pelo trabalho junto aos professores das 6 turmas do Ensino Fundamental II. Após receber as orientações determinadas pela Secretaria de Educação de Maracatu sobre a atualização do currículo considerando a BNCC, escreva o processo e a prática que serão realizados junto aos professores. 44 Resolução da situação-problema 1. Aplicar o “SQA” junto ao grupo de professores sobre o currículo: (S = o que eles sabem? Q = o que eles querem saber? A = o que poderíamos fazer para que eles aprendam melhor?) 2. Analisar as respostas e focar o tema a ser trabalhado no quesito: o que os professores querem saber e aprender a fazer melhor. 3. Realizar uma apresentação em forma de TED (20 minutos) sobre a nova proposta curricular, de forma que todos tenham uma visão holística sobre ela. Saiba mais TED é uma organização internacional cujo lema é apresentar ideias que merecem ser espalhadas. Durante a apresentação, a pessoa fala, convence e emociona a todos em um tempo máximo de 20 minutos. Saiba mais lendo o texto: ANDERSON, Chris. Como arrasar na apresentação. Harvard Business Review, 10 jun. 2013. 4. Dividir os educadores em grupos e fazer o treinamento: • Professores da mesma disciplina podem conhecer juntos a nova proposta para sua disciplina. • Elaboração do plano de ação sobre como será trabalhada a nova proposta curricular. 5. Realizar encontros com os professores divididos por disciplina para que, juntos, possam fazer os ajustes finos na forma como vão traba- lhar o novo currículo. Faça valer a pena 1. Urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino-apren- dizagem no Ensino Fundamental, favorecimento da compreensão da reali- dade e participação social foram os critérios que determinaram a escolhados temas transversais. Eles foram propostos para garantir uma educação orien- tada para o desenvolvimento da dignidade da pessoa humana, da igualdade de direitos, da participação enquanto cidadão atuante e na corresponsabili- dade pela vida social. 45 Saúde e ética são temas transversais. Quais são os outros três? a. Meio ambiente, pluralidade cultural e orientação sexual. b. Globalização, meio ambiente e promoção da igualdade racial. c. Pluralidade cultural, orientação sexual e globalização. d. Promoção da igualdade racial, globalização e meio ambiente. e. Orientação sexual, promoção da igualdade racial e meio ambiente. 2. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz a estrutura geral a ser trabalhada em cada escola pública ou privada do território nacional. Ela não é currículo, é o mínimo de competências a serem trabalhadas. Cabe a cada rede de ensino desenvolver a parte diversificada do currículo, observando as questões que lhe são pertinentes na região onde está situada, bem como as modalidades e etapas de ensino que atende. Qual é o propósito das dez competências gerais da BNCC? a. Garantir a construção de uma sociedade mais ética, democrática, respon- sável, inclusiva, sustentável e solidária, que respeite e promova a diversi- dade e os direitos humanos, sem preconceitos de qualquer natureza. b. Contribuir para o respeito e a promoção do outro, acolhendo e valori- zando a diversidade sem preconceitos, reconhecendo-o como parte de uma coletividade com a qual o aluno deve se comprometer. c. Promover a autonomia e a responsabilidade, de forma que o aluno saiba agir pessoal e coletivamente com flexibilidade, resiliência e determinação. d. Contribuir para a construção de uma sociedade mais ética, democrá- tica, responsável, inclusiva, sustentável e solidária, que respeite e promova a diversidade e os direitos humanos, sem preconceitos de qualquer natureza. e. Reconhecer, valorizar e fruir as diversas manifestações sociais, de forma a garantir uma sociedade mais ética, democrática e solidária. 3. Considerando que o currículo é o norte a ser trilhado em busca de uma ____________ de ____________ para todos os alunos, de modo que a ____________ seja focada no aluno e o ensino seja realizado de forma sistemática e coerente com a proposta, cabe ao líder de cada ____________ (Secretaria de Educação, diretor de escola ou professor) ser o guardião do 46 currículo, para garantir que de fato “o que ensinar” seja respeitado, garan- tido e avaliado de forma satisfatória. Nesse sentido, o ____________ é a espinha dorsal de qualquer rede de ensino porque estabelece o que ensinar, o que aprender e quando isso deve acorrer, garantindo uma unidade entre as classes e escolas de uma mesma rede de ensino. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: a. Educação; qualidade; aprendizagem; sistema; currículo. b. Aprendizagem; educação; quantidade; sistema; estrutura. c. Educação; aprendizagem; excelência; estrutura; planejamento. d. Aprendizagem; qualidade; quantidade; sistema; planejamento. e. Aprendizagem; educação; qualidade; currículo; sistema. Referências ANDERSON, Chris. Como arrasar na apresentação. Harvard Business Review, 10 jun. 2013. Disponível em: http://hbrbr.uol.com.br/como-arrasar-na-apresentacao. Acesso em: 18 nov. 2017. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia – geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, 2012. BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4024.htm. Acesso em: 22 out. 2017. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 22 out. 2017. BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011- 2014/2014/Lei/L13005.htm. Acesso em: 9 nov. 2017. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes para a Educação Básica. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados- -82187207/12992-diretrizes-para-a-educacao-basica. Acesso em: 18 nov. 2017. BRASIL. Ministério da Educação. Instituir um sistema nacional de educação: agenda obriga- tória para o país. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/images/pdf/SNE_junho_2015.pdf. Acesso em: 9 nov. 2017. BRASIL. Ministério da Educação. PCN Ensino Fundamental: 5ª a 8ª série. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/pnaes/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/ 12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series. Acesso em: 18 nov. 2017. BRASIL. Ministério da Educação. PCN ensino médio. Disponível em: http://portal.mec.gov. br/programa-saude-da-escola/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/ 12598-publicacoes-sp-265002211. Acesso em: 18 nov. 2017. BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a próxima década – Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhe- cendo_20_metas.pdf. Acesso em: 9 nov. 2017. BRASIL. Ministério da Educação. PNE em Movimento. Disponível em: http://pne.mec.gov.br. Acesso em: 9 nov. 2017. BRASIL. 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