Buscar

Recursos civeis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 91 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 91 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 91 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROFESSOR ALDO SABINO 
Atualizada até 04 de outubro de 2010. 
Incluindo várias questões de concursos nas notas de rodapé. 
De acordo com as Leis 11.969/2009 (“carga rápida”), 
12.016/2009 (nova “Lei do Mandado de Segurança”) e Lei 12.322/2010 (agravo “nos próprios 
autos” ao STF e ao STJ). 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
2 
 
 
Currículo do autor 
 
 
 
 
a) Graduação: 
 
 Bacharel em direito pela Universidade Católica do Estado de Goiás 
(conclusão em 1997). 
 
b) Pós-graduação: 
 
 Especialista em Direito Civil e em Direito Processual Civil pela 
Faculdade Anhanguera (conclusão em 2002). 
 
c) Atividade Profissional: 
 
 No âmbito privado, é professor da Escola Superior da Magistratura 
do Estado de Goiás (nas áreas de Direito Processual Civil e Direito Eleitoral), do Curso 
IGDE (Direito Processual Penal), do Curso Juris (Direito Processual Penal) e do Curso 
Aprobatum-ANAMAGES/MG (Direito Processual Civil). 
 
 É professor convidado de pós-graduação da Universo, da Uni-
Evangélica (Anápolis) e da Universidade Federal de Goiás. 
 
 Na área pública, após concurso público, exerceu o cargo de 
Promotor de Justiça no Estado de Goiás de 1997 a 1999, quando logrou aprovação em 
certame para ingresso na magistratura do mesmo Estado. 
 
 Atualmente, é Juiz de Direito titular do 2
o
 Juizado Especial Cível 
da Comarca de Anápolis, é Presidente da 2ª Turma Recursal Cível-Criminal da 3ª Região 
do Estado de Goiás e exerce a função de Juiz Eleitoral. 
 
d) Obras Jurídicas Publicadas: 
 
 É autor das obras jurídicas “Manual de Processo Civil” (AB 
Editora, 2ª Edição, 2008) e “Direito Processual Penal” (IEPC Editora, 2ª Edição, 2006). 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
3 
 
 
 
 
Sumário breve: 
 
 
 
 
CAPÍTULO I – TEORIA GERAL DOS RECURSOS.......................................................04 
 
 
CAPÍTULO II – APELAÇÃO ...........................................................................................37 
 
 
CAPÍTULO III – AGRAVO .............................................................................................46 
 
 
CAPÍTULO IV – EMBARGOS INFRINGENTES ..........................................................56 
 
 
CAPÍTULO V – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ......................................................60 
 
 
CAPÍTULO VI – RECURSO ORDINÁRIO ...................................................................65 
 
 
CAPÍTULO VII – RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO..........69 
 
 
CAPÍTULO VIII – EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ................................................78 
 
 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................82 
 
 
NOVA LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA (12.016/2009)...................................84 
 
 
LEI DA “CARGA RÁPIDA” (11.969/2009)....................................................................89 
 
 
LEI DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO (12.008/2009)...........................................90 
 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
4 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
CAPÍTULO I – TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
 
1. NOÇÕES: 
 
 Recurso é “o remédio processual que a lei coloca à disposição das 
partes, do Ministério Público ou de um terceiro, a fim de que a decisão judicial possa ser 
submetida a novo julgamento, por órgão de jurisdição hierarquicamente superior, em regra, 
àquele que a proferiu”.1 
 
 O recurso funciona como uma espécie de pedido de continuidade 
da ação formulado pela parte vencida, visando a revisão criteriosa daquilo que foi objeto 
de julgamento e terminou lhe causando prejuízo. 
 
 Mas as decisões judiciais, observe-se bem, podem ser impugnadas 
não só por intermédio de recursos (exs.: recurso ordinário, agravo, embargos infringentes, 
recurso especial etc.), mas também por meio das chamadas “ações autônomas de 
impugnação” (exs.: ação rescisória, mandado de segurança, embargos de terceiro, ação 
declaratória etc.). 
 
 Não que haja uma opção à disposição da parte para manejar um ou 
outro instrumento jurídico. 
 
 Em geral, a lei prevê um recurso determinado para atacar cada 
decisão judicial, ficando a parte sujeita a essa imposição (ex.: da sentença cabe apelação, 
nos termos do art. 513). Todavia, quando a lei não prevê recurso (ou proíbe o mesmo
2
), 
quando a decisão é teratológica ou mesmo quando esta já transitou em julgado (isto é, 
quando o prazo de recurso já se esgotou) poderá ser adequado o manejo das ações 
autônomas. 
 
 A parte prejudicada, destarte, diante de uma decisão ou se vale da 
interposição de recurso nos casos legais, ou, na impossibilidade jurídica deste, lança mão 
de outras medidas judiciais cabíveis e com poder de alteração do julgado. 
 
 Embora ambos visem modificar uma decisão judicial, os recursos 
não se confundem com as ações autônomas de impugnação. É que os recursos atacam a 
decisão no mesmo processo em que foi proferida, mantendo a relação jurídico-processual 
originária (os recursos prolongam a litispendência, conforme veremos à frente); já as 
denominadas ações autônomas de impugnação instauram um novo processo, criando 
uma nova relação jurídico-processual que objetiva discutir a decisão jurisdicional (exs.: 
ação rescisória, mandado de segurança,
3
 embargos de terceiro etc.), inaugurando inclusive 
 
1
 Nery Junior, Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos, p. 173-174. 
2
 Um bom exemplo dessa proibição recursal se tem no art. 527, parágrafo único, com redação outorgada pela 
Lei 11.187/2005. 
3
 O mandado de segurança somente é admitido contra uma decisão judicial (a) quando ela for irrecorrível 
(ex.: decisão interlocutória proferida por juiz do Juizado Especial Cível), (b) quando ele (o mandado de 
segurança) for utilizado para conferir potência (efeito suspensivo) a recurso que não a tenha ou, então, 
excepcionalmente, (c) quando a decisão judicial for teratológica (absurda, manifestamente abusiva, 
incompreensível); caso ele seja impetrado contra ato de juiz de primeira instância, será julgado pelo Tribunal 
de Justiça, pela Turma Recursal (JEC) ou pelo Tribunal Regional Federal, conforme o caso. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
5 
novos autos (ex.: a ação rescisória é aforada originariamente num tribunal, inaugura nova 
relação jurídico-processual, diversa da original e se instala em novos autos, fisicamente 
falando). 
 
 A par disso, os recursos pressupõem decisão não transitada em 
julgado, ou seja, devem ser interpostos antes do fim do prazo marcado na lei (e isso é 
óbvio), sob pena de preclusão. As ações autônomas, diversamente, não exigem (de regra) 
esse requisito, havendo até uma delas que pressupõe justamente o trânsito em julgado da 
decisão que se pretende impugnar. Refiro-me aqui especificamente à ação rescisória, que 
somente cabe contra a sentença de mérito já transitada em julgado, nunca antes disso (art. 
485). 
 
 O assuntoserá abordado com mais profundidade em sala de aula. 
 
2. OS SUCEDÂNEOS RECURSAIS: 
 
 A par dos recursos e das ações autônomas de impugnação, a 
doutrina também comenta a existência de uma terceira categoria denominada de 
“sucedâneos recursais” (José Frederico Marques). 
 
 Os sucedâneos recursais nem são recursos (porque não são 
previstos como tal pela lei federal), nem são ações autônomas (pois não inauguram uma 
nova relação processual), tratando-se de instrumentos geralmente previstos em lei (mas 
nem sempre) que permitem a revisão de uma decisão judicial pelo próprio prolator ou por 
outro órgão superior. 
 
 Encontram-se nessa moldura jurídica o pedido de reconsideração, a 
devolução obrigatória (CPC, art. 475) e o pedido de suspensão de segurança (Lei 
12.016/2009, art. 15), que atacam decisão judicial, mas, reitere-se, não são nem recursos, 
nem ações autônomas de impugnação (Didier Jr). 
 
3. NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO: 
 
 O recurso é uma faculdade, (a) um ônus da parte,
4
 cuja interposição 
só lhe pode trazer benefícios, arcando, de outro lado, a mesma com os prejuízos 
processuais de sua não utilização. 
 
 Sob outra ótica, recurso deve ser encarado como (b) um 
prolongamento do procedimento, “funcionando como uma modalidade do direito de ação 
exercido no segundo grau de jurisdição”,5 sendo este o entendimento dominante na 
doutrina acerca da natureza jurídica do instituto.
6
 
 
 Aliás, esse fator de “prolongamento da mesma relação processual 
distingue os recursos das chamadas ações autônomas de impugnação”,7 as quais geram 
uma nova relação jurídico-processual, como fiz questão de esclarecer anteriormente. 
 
 
4
 Wambier, Curso avançado de processo civil, v. 1, p. 564 e Teodoro Júnior, Curso de direito processual 
civil, v. 1, p. 549. 
5
 Nery Junior, Princípios fundamentais, p. 187. 
6
 Orotavo Neto, Dos recursos cíveis, p. 15 e Nelson Luiz Pinto, Manual dos recursos cíveis p. 23. 
7
 Orotavo Neto, Dos recursos cíveis, p. 11. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
6 
 Para Nelson Luiz Pinto, enfim, o recurso é mesmo “uma extensão 
do direito de ação ou de defesa, e, portanto, apenas prolonga a vida do processo e a 
litispendência existente, dentro da mesma relação processual”.8 Em síntese, o recurso é um 
ônus, mas é também um fator de prolongamento da relação processual instalada 
originariamente. 
 
4. OBJETIVOS RECURSAIS: 
 
 Os recursos podem ter por objetivo (a) a anulação da decisão 
(quando se afirma que houve error in procedendo), (b) a reforma da mesma (quando se 
alega que ocorreu error in judicando) ou (c) o simples esclarecimento (ou integração) do 
ato decisório objurgado.
9
 
 
 Segundo ensina Nelson Luiz Pinto, o error in procedendo 
“constitui-se num vício de procedimento que justifica a invalidação da sentença pelo 
tribunal”. O juiz em casos que tais não observa a forma correta de proceder, deixando ele 
que o feito corra sem proclamar eventual nulidade ou sem observar formalidade essencial 
(exs.: juiz lança sentença levando em conta documento novo sem que tenham as partes 
tenham tomado conhecimento dele; juiz profere sentença de procedência sem apreciar o 
pedido da parte ré de produção de provas orais sobre fatos controvertidos; juiz prolata 
sentença sem fundamentação etc.). 
 
 Nesta hipótese, a parte recorrente postulará em seu recurso “não a 
reforma e a substituição da sentença, mas sua invalidação pelo tribunal”,10 devolvendo-se, 
em geral, os autos ao juízo de origem, a fim de que se corrija o defeito formal e se profira 
nova decisão. 
 
 Diversamente, ocorrerá o chamado error in judicando quando o 
juiz se manifestar expressamente sobre a questão (processual ou substancial), mas seu 
julgamento padecer de injustiça. A decisão atacada aqui não padece de nulidade (o juiz 
observa a forma correta de proceder), mas é injusta (o juiz não analisa bem os fatos, as 
provas ou o direito aplicável). 
 
 Em tal caso a decisão contém um erro de apreciação do julgador, o 
que abrange pelo menos três situações distintas, quais sejam, (a) a má aplicação da lei, (b) 
a afronta direta ou indireta à norma, ou (c) a má interpretação das provas e dos fatos da 
causa.
11
 
 
 Ainda de acordo com o doutrinador acima citado, referido vício de 
julgamento (error in judicando) pode decorrer tanto na apreciação e resolução da questão 
de mérito (exs.: juiz profere sentença em ação de investigação de paternidade privilegiando 
a prova testemunhal em detrimento do exame de DNA; juiz, mesmo diante da existência da 
prova cabal da culpa do réu, deixa de condená-lo ao pagamento da indenização postulada 
pelo autor etc.), como de uma questão meramente processual (exs.: má avaliação da 
preliminar de ilegitimidade passiva articulada pelo réu; equívoco no julgamento do 
 
8
 Manual dos recursos cíveis, p. 23. 
9
 Note-se, porém, que apenas os dois primeiros (anulação e reforma), segundo Wambier, constituem 
objetivos típicos dos recursos; este último (o pedido de esclarecimento) é considerado por ele como objetivo 
atípico dos recursos (Curso avançado de processo civil, v. 1, p. 565). 
10
 Nelson Luiz Pinto, Manual dos recursos cíveis, p. 93. 
11
 Nelson Luiz Pinto, Manual dos recursos cíveis, p. 94. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
7 
incidente de impugnação ao valor da causa; erro no julgamento da exceção de 
incompetência relativa etc.). 
 
 Em qualquer destes casos, o recorrente postulará em seu recurso a 
reforma da decisão e a substituição da mesma pelo próprio tribunal, que ditará uma nova 
solução para a questão (art. 512); em tal caso, o próprio tribunal poderá dar uma nova 
conclusão para o caso. 
 
 Enfim, fala-se em pedido de “esclarecimento” ou de “integração” 
da decisão quando ela padecer de omissão, contradição ou obscuridade, caso específico em 
que serão admissíveis os embargos de declaração (arts. 535 a 538). 
 
5. OBJETO DOS RECURSOS: 
 
 Somente as decisões judiciais, consideradas como gênero que 
abrange as decisões interlocutórias, as sentenças (terminativas e definitivas) e os acórdãos, 
são suscetíveis de ataque por recurso, sendo este o seu objeto. 
 
 São, de outro lado, irrecorríveis os despachos (art. 504), salvo se 
ele for teratológico e cause evidente prejuízo para a parte, caso em que se convolará em 
decisão interlocutória, passível naturalmente de impugnação por meio de agravo. 
 
 Com efeito, para Nelson Nery Junior o simples fato de causar 
prejuízo à parte converte o despacho em decisão interlocutória, que passa a ser impugnável 
pelo agravo. Assim, o despacho na visão de referido autor é sempre irrecorrível e quando 
eventualmente cause prejuízo à parte terá natureza de decisão.
12
 
 
 Entendimento diverso tem Nelson Luiz Pinto, para quem o 
despacho neste caso não se convola em decisão, continuando a ser mesmo um “despacho”, 
mas recorrível “pelo regime jurídico da decisão interlocutória, através de agravo”.13 
 
 Embora entenda que a primeira corrente é mais plausível (e 
também mais adotada na doutrina pátria), admito que na prática a adoção de um ou de 
outro entendimento é irrelevante, posto que a conseqüência jurídica será exatamente a 
mesma, isto é, a permissão de impugnação do despacho danoso pelo agravo. 
 
 Convém lembrar que há quem entenda que os despachos, embora 
irrecorríveis, são subordinados aos embargos de declaração, desde que omissos, 
contraditórios ou obscuros.6. RECURSOS EXISTENTES NO PROCESSO CIVIL: 
 
 Estão previstos no Código de Processo Civil como recursos a 
apelação (arts. 513-521), o agravo (arts. 522-529), os embargos infringentes (arts. 530-
534), os embargos de declaração (arts. 535-538), o recurso ordinário (arts. 539-540), o 
recurso especial, o recurso extraordinário (arts. 541-545) e os embargos de divergência 
(art. 546). 
 
 
12
 Código de processo civil comentado, 2002, p. 840. No mesmo sentido, Wambier (Curso avançado de 
processo civil, v. 1, p. 568). 
13
 Manual dos recursos cíveis, p. 28. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
8 
 Existem também recursos previstos em leis especiais como (a) o 
recurso inominado (Lei 9.099/1995, art. 41), (b) os embargos infringentes fiscais (Lei 
6.830/1980, art. 34), (c) os embargos de divergência previstos na Lei Complementar 
35/1979 (art. 101, §§ 1
o
 e 3
o, alínea „a‟) e (d) o pedido de uniformização de interpretação 
de lei federal insculpido no art. 14 da Lei 10.259/2001 (Lei dos Juizados Especiais 
Federais) e agora mais recentemente nos arts. 18-19 da Lei 12.153/2009 (Lei dos Juizados 
Especiais da Fazenda Pública Estadual, Distrital e Municipal). 
 
7. CLASSIFICAÇÕES MAIS COMUNS: 
 
7.1. QUANTO AO MOMENTO: 
 
 No que tange ao momento da interposição, o recurso pode ser 
principal ou adesivo. 
 
 Principal é o recurso interposto dentro do prazo ordinário que a 
parte detém para tal. 
 
 Adesivo é aquele interposto em caso de sucumbência recíproca na 
segunda oportunidade recursal prevista, que é o momento para apresentação das contra-
razões (art. 500, inciso I). O recurso adesivo será objeto de estudo mais aprofundado 
adiante. 
 
7.2. QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO: 
 
 Sob esta ótica, o recurso poderá ter fundamentação livre ou 
vinculada. Nos recursos de fundamentação livre basta que a parte preencha os requisitos 
ordinários de admissibilidade (prazo, preparo, legitimidade, interesse, etc.) para sua 
remessa à instância superior (exs.: apelação, agravo, recurso ordinário) e para seu 
conseqüente conhecimento. 
 
 Já nos recursos de fundamentação vinculada a motivação da 
inconformidade deve obedecer aos requisitos gerais, mas também aos específicos 
constantes na lei ou na Constituição Federal – e esses requisitos geralmente são bem 
rigorosos –, sob pena de não recebimento ou não conhecimento. 
 
 O recurso especial e o recurso extraordinário estão nessa última 
categoria, posto que somente são recebidos e conhecidos quando o recorrente demonstra o 
preenchimento dos requisitos estritos previstos nos arts. 102, inciso III (em rápida síntese, 
a violação constitucional), e 105, inciso III (em suma, a mácula à Lei Federal), da 
Constituição Federal, respectivamente. 
 
7.3. QUANTO AOS EFEITOS: 
 
 Levando-se em conta os seus efeitos, os recursos podem ainda ser 
classificados como suspensivos ou não suspensivos. Serão suspensivos (“recursos 
potentes”) ou não suspensivos (“recursos impotentes”), conforme impeçam ou não a 
execução do julgado na sua pendência na instância superior. 
 
 São recursos tipicamente suspensivos, por exemplo, a apelação (art. 
520) e o recurso ordinário (art. 540), visto que impedem como regra a efetivação provisória 
do que consta no ato recorrido na sua pendência. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
9 
 
 De outro lado, são recursos não suspensivos o agravo (art. 527, 
inciso III), o recurso especial e o extraordinário (art. 542, § 2º). Em geral, esses recursos 
impotentes admitem que a decisão recorrida seja efetivada provisoriamente na sua 
pendência. 
 
7.4. QUANTO AO OBJETO TUTELADO: 
 
 Sob essa ótica, poderão ser ordinários (apelação, agravo etc.) ou 
extraordinários (recurso especial e extraordinário), conforme defendam diretamente o 
direito subjetivo da parte (admitindo a discussão de matérias fáticas) ou o direito objetivo 
(inadmitindo a discussão de matérias fáticas
14
). 
 
8. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS: 
 
 Requisitos de admissibilidade são os pressupostos básicos que um 
recurso deve preencher para que o órgão revisor – um Tribunal de Justiça ou um Tribunal 
Regional Federal, por exemplo – possa apreciar o seu mérito. 
 
 Em termos mais simples, assim como a ação está subordinada a 
condições (“condições da ação”) e o processo está sujeito a diversos pressupostos 
(“pressupostos processuais”), sob pena de extinção do mesmo sem resolução de mérito 
(art. 267, incisos IV e VI), os recursos também têm seu conhecimento subordinado a 
requisitos de admissibilidade, como o interesse do recorrente (só aquele que saiu vencido 
na causa pode recorrer), o preparo (pagamento das despesas exigidas para recorrer) e a 
tempestividade (interposição do recurso no prazo previsto em lei). 
 
 Greco Filho, com sua costumeira didática, chega a sustentar que os 
pressupostos dos recursos “não são mais do que as condições da ação e os pressupostos 
processuais reexaminados em fase recursal e segundo as peculiaridades dessa etapa do 
processo”.15 
 
 São várias as classificações criadas pela doutrina nacional para os 
pressupostos ou requisitos recursais, contudo, a mais didática é a que os subdivide em 
subjetivos e objetivos.
16
 
 
 Os requisitos recursais subjetivos são aqueles que dizem respeito à 
pessoa do recorrente, abrangendo a legitimidade e o interesse recursal. 
 
 Já os pressupostos objetivos “dizem respeito ao recurso em si 
mesmo”,17 e englobam a adequação, a recorribilidade, a tempestividade, o preparo e a 
regularidade formal. 
 
14
 Súmula 7, do STJ: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”. 
15
 Direito processual civil brasileiro, v. 2, p. 266. 
16
 Esta subdivisão é adotada tradicionalmente por Moacir Amaral Santos (Primeiras linhas de direito 
processual civil, v. 3, p. 85), Vicente Greco Filho (Direito processual civil brasileiro, v. 2, p. 266) e 
Humberto Theodoro Júnior (Curso de direito processual civil, v. 1, p. 555), entre outros. Recomenda-se, 
contudo, a análise da interessante classificação capitaneada por Barbosa Moreira (O novo processo civil 
brasileiro, p. 135), que considera a existência de pressupostos recursais intrínsecos (atinentes à própria 
existência do direito de recorrer) e extrínsecos (relativos ao exercício do direito de recorrer), que muito pouco 
se divorcia da referida no texto principal. 
17
 Amaral Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, v. 3, p. 85. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
10 
 
 Por ser essencial à compreensão da matéria, passo ao exame 
individualizado de cada um deles adiante, iniciando pelos requisitos subjetivos 
(legitimidade recursal e interesse recursal) e passando aos requisitos objetivos (adequação, 
recorribilidade, tempestividade, preparo e regularidade formal). 
 
8.1. REQUISITOS SUBJETIVOS: 
 
8.1.1. LEGITIMIDADE: 
 
 Nos termos do art. 499 do Código de Processo Civil, o recurso 
somente pode ser interposto pela parte vencida (autor, réu, interveniente, litisconsorte, 
arrematante etc.), pelo terceiro prejudicado (aquele que tem interesse jurídico na alteração 
da decisão, mas não participou da relação jurídico-processual)
18
 e pelo Ministério Público. 
 
 Esclareça-se desde logo que o “recurso do terceiro prejudicado” é 
uma modalidade facultativa de intervenção de terceiro, somenteadmissível quando esse (o 
não-parte) demonstre a existência do “nexo de interdependência” (art. 499, § 1o) entre o 
seu prejuízo e a sentença (o prejuízo é uma conseqüência da sentença). 
 
 Diz-se que referido instituto constitui uma faculdade porque o 
terceiro bem poderá, ao invés de se valer do recurso regulado no art. 499, § 1º, utilizar 
originariamente os meios autônomos de impugnação para defender seu direito,
19
 como o 
ajuizamento de embargos de terceiro, de ação declaratória ou até mesmo de um mandado 
de segurança (STJ, Súmula 202). 
 
 De acordo com a doutrina predominante qualifica-se como terceiro 
juridicamente interessado a recorrer aquele que poderia ter se habilitado como assistente, 
simples ou litisconsorcial, mas não o fez até a sentença (art. 50),
20
 como seria o caso do 
herdeiro não integrado à relação processual que recorre para afastar a condenação do 
espólio ao pagamento de dívida.
21
 
 
 Defendo, porém, o posicionamento de que deve se dar uma 
interpretação mais ampla ao instituto, permitindo-se o recurso não somente do chamado 
“assistente atrasado” (exemplo citado acima), mas também daquele que poderia ter sido 
denunciado da lide, ou chamado ao processo (mas que não foi), entre outros que sejam 
 
18
 Amaral Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, v. 3, p. 94 e Gilson Delgado Miranda (Marcato, 
p. 1526). 
19
 Cf. Marcato, Código de processo civil interpretado, p. 1526. 
20
 Cf. Nery Junior (Código de processo civil comentado, 2006, p. 717), Gilson Delgado Miranda (Marcato, 
Código de processo civil interpretado, p. 1526) e Nelson Luiz Pinto (Manual dos recursos cíveis, p. 63). 
21
 Essa foi uma das questões da 2ª Fase do Concurso para ingresso na magistratura do Estado de Goiás do ano 
de 2006 (valendo 2,0 pontos), vejamos: “Ulisses, irmão de Orestes, ajuizou em face deste com o objetivo 
de reaver determinado bem, sob fundamento que é titular do domínio. No primeiro grau o pedido foi 
julgado procedente. Hermes, irmão dos contendores, interpõe recurso na qualidade de terceiro 
prejudicado, a fim de que não seja reconhecido o direito de Ulisses, mas o seu. Argumenta que o bem 
objeto da demanda lhe pertence, pois o adquiriu com recursos próprios, através de venda e compra 
celebrada com Zeus. Indaga-se: Hermes está legitimado a recorrer? Justifique” (aparentemente, o 
examinador pretendia que o candidato respondesse que o recurso de terceiro prejudicado – previsto no art. 
499, § 1º do Código de Processo Civil – não era remédio adequado à espécie, pois Hermes tinha uma 
pretensão própria, autônoma, contraposta à dos contendores, daí porque deveria ter apresentado “oposição 
imprópria”, e não recurso de terceiro prejudicado, que é mais adequado para aquele que tem interesse reflexo 
na causa, lutando em favor de alguma das partes, como se fosse um assistente “atrasado”). 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
11 
atacados pela eficácia natural da sentença (exs.: seguradora não denunciada da lide que 
recorre para ver a condenação do segurado ser afastada, evitando ação de regresso; devedor 
principal não chamado do processo pelo fiador que recorre para reverter condenação deste, 
visando também obstar futura ação de regresso etc.). 
 
 Há uma lógica nesse raciocínio posto que esse que poderia ser 
denunciado da lide ou chamado ao processo (mas não foi), teria a faculdade de ingressar no 
feito como assistente, pois dispõe de interesse jurídico em que a sentença seja favorável a 
uma das partes (art. 50). Contudo, não ingressou em tempo oportuno, daí porque reputo 
perfeitamente possível que apresente o comentado recurso na condição de terceiro 
juridicamente prejudicado. 
 
 O Ministério Público terá legitimidade para interpor recurso tanto 
como parte principal, como na condição de interveniente (quando é conhecido como custos 
legis ou fiscal da lei), nos termos da Súmula 99, do Superior Tribunal de Justiça.
22
 
 
8.1.2. INTERESSE (sucumbência): 
 
 Assim como o interesse processual, que é condição da ação, o 
interesse recursal pressupõe a necessidade de interposição de recurso, o que é 
materializado pela “derrota” na decisão recorrida.23 Terá portanto interesse em recorrer 
aquele que não logrou no processo tudo o que poderia ter obtido, figurando, portanto, na 
condição de sucumbente. 
 
 Destarte, a título de exemplo, se o julgamento foi de improcedência 
(pediu R$20.000,00 e não ganhou nada) ou de procedência parcial (pediu R$30.000,00 e 
ganhou apenas R$20.000,00), terá o autor, claramente, interesse em recorrer, pois terá sido 
sucumbente totalmente no primeiro caso e parcialmente no segundo. 
 
 Há, como se vê, uma regra geral que no sistema recursal civil 
brasileiro segundo a qual a sucumbência se afere pelo que consta no dispositivo da decisão, 
da sentença ou do acórdão, pouco importando quais foram os fundamentos utilizados para 
se chegar a essa conclusão. 
 
 Em virtude disso, será “vencedor” o autor que veja o juiz julgando 
seu pedido procedente, ainda que por razões diversas das indicadas em suas petições (ex.: 
autor pede nos memoriais a condenação do réu com base na prova pericial, mas juiz o 
condena com base na prova documental e testemunhal colhida na instrução); da mesma 
forma, não será sucumbente o réu se o juiz julgar o pedido improcedente por motivos não 
apontados na defesa (ex.: réu pede a improcedência por não haver praticado o 
atropelamento, mas o juiz, embora reconhecendo que o réu foi o autor do ilícito, julga 
improcedente o pedido admitindo a insuficiência de prova sobre a culpa do mesmo). 
 
 O autor, no primeiro caso, não poderá recorrer, e o réu, no segundo, 
também não, justamente porque não detém eles interesse no recurso, não tendo figurado 
tecnicamente como sucumbentes. 
 
22
 “O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda 
que não haja recurso da parte”. 
23
 Para Alexandre Freitas Câmara o interesse recursal abrange, além da necessidade (sucumbência), também 
a adequação do recurso interposto (Lições de direito processual civil, v. 2, p. 68). Na classificação adotada no 
texto principal, porém, a adequação figura entre os requisitos objetivos dos recursos (infra). 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
12 
 
 Em suma, percebe-se que a sucumbência se mede pelo dispositivo, 
e não pelos motivos da decisão, de sorte que somente cabe recurso para aquele que teve um 
dispositivo prejudicial ao seu interesse. Essa é, como já disse, a regra de nosso código. 
 
 Contudo, existem pelo menos duas exceções a essa restrição. Há 
efetivamente dois casos em que o réu, embora tenha saído “vencedor” quanto ao 
dispositivo da sentença (vale dizer, ocorreu o julgamento de improcedência do pedido 
principal), pode recorrer para obter uma alteração de fundamentação. 
 
 Refiro-me às hipóteses previstas nos arts. 18, da Lei 4.717/1965 
(conhecida como “Lei da Ação Popular”),24 e 16 da Lei 7.347/1985 (chamada “Lei da 
Ação Civil Pública”),25 nas quais haverá uma sucumbência especial do réu se o pedido for 
julgado improcedente por insuficiência de provas. 
 
 É que este fundamento utilizado para a sentença de improcedência 
– a “insuficiência de provas” – admite que a ação popular e a ação civil pública sejam 
novamente intentadas mesmo que já tenha havido o trânsito em julgado, caso algum dos 
legitimados logre encontrar novas provas, conforme prevêem aludidos artigos de lei.Em 
casos que tais, a coisa julgada vem, por assim dizer, acompanhada de uma cláusula rebus 
sic standibus, de modo que será ela dotada de uma imutabilidade relativa, passível de 
alteração se o contexto probatório for alterado. 
 
 Mas se outro for o fundamento da improcedência, como por 
exemplo o reconhecimento da legalidade do ato praticado pelo réu, a sentença, após o 
trânsito em julgado, se tornará efetivamente imutável, sem possibilidade de alteração pelos 
meios ordinários, mesmo que haja nova prova. A coisa julgada material, afora sua 
característica erga omnes, será aquela tradicionalmente tratada no art. 467 do código. 
 
 Nota-se, então, que haverá pleno interesse de o réu recorrer contra 
a sentença de improcedência na ação popular ou na ação civil pública, se o seu fundamento 
tiver sido a insuficiência de provas, objetivando a sua alteração (poderá pedir, por 
exemplo, que a improcedência seja mantida, mas com base na licitude do ato, como visto 
acima), o que trará o benefício de proibir o autor, após o trânsito em julgado, de renovar a 
ação, mesmo que tenha novas provas. 
 
 É como nos ensina Marcos Vinicius Rios Gonçalves: 
 
 “Em casos excepcionais, quando a fundamentação repercutir sobre 
a situação jurídica das partes, e até sobre a formação da coisa julgada, admitir-se-á 
a interposição de recurso, com o exclusivo fim de alterá-la. É o que ocorre nas 
ações coletivas, em que há coisa julgada secundum eventum litis (...). Por isso, 
deve-se reconhecer ao réu a possibilidade de apelar de sentença de improcedência, 
 
24
 “A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação 
julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra 
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova” (destaque meu). 
25
 “A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, 
exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer 
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova” 
(destaquei). 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
13 
fundada em insuficiência de provas, para alterar-lhe a fundamentação, de sorte que 
o provimento fique sujeito à autoridade da coisa julgada material”.26 
 
 Passando ao exame da figura do Ministério Público, tudo que se 
disse se aplica ao mesmo, quando funcione na condição de parte principal (órgão agente). 
Mas quando participa da relação processual como fiscal da lei predomina o entendimento 
de que prescinde-se de “demonstração de interesse recursal, ou seja: pode recorrer ainda 
que contra os interesses do pólo da relação processual que justificou sua intervenção”,27 
desde que o faça com fundamento em interesse público ou da sociedade, não sendo ele 
obrigado a defender o “mau direito”.28 
 
 Concordo em parte com tal raciocínio. Admito que o Ministério 
Público, como fiscal da correta aplicação da lei, não pode mesmo ficar a mercê dos 
interesses daquele que legitimou a sua intervenção, tendo ele independência funcional 
garantida na Constituição Federal (art. 127, § 1º). Agora, o que entendo pertinente 
estabelecer é que essa atuação contrária à parte “protegida” deve ser sempre excepcional, 
somente levada a cabo quando presente uma situação de violação à ordem pública e aos 
bons costumes, e nunca em favor de interesses meramente patrimoniais da parte contrária. 
 
 Poder-se-ia imaginar um exemplo em que o incapaz, que legitimou 
a intervenção do Ministério Público, pleiteasse quantia devida em razão de dívida oriunda 
de tráfico de drogas ou de alguma origem ilícita similar, e obtivesse ganho de causa. 
Obviamente seria de se admitir o recurso ministerial, visto que evidente essa mácula à 
norma cogente. 
 
 Agora, um recurso do Ministério Público alegando a prescrição em 
desfavor do incapaz seria inadmissível, não se podendo identificar a existência de interesse 
recursal em tal situação prática. 
 
 Interessante posição – ligeiramente mais restritiva que a minha, 
diga-se de passagem – defende Hugo Nigro Mazzilli, cujos argumentos faço questão de 
transcrever: 
 
 “É protetiva a atuação ministerial, quando decorra da qualidade da 
parte (...). Não pode, porém, argüir prescrição de direitos patrimoniais em favor da 
parte contrária, pois estaria defendendo interesses disponíveis, de pessoa maior e 
capaz; se recorresse em favor da parte contrária, estaria zelando por interesses 
patrimoniais disponíveis que não lhe incumbe defender. Isso não impede que possa 
opinar livremente, caso regularmente argüida prescrição ou interposto recurso 
contra os interesses do incapaz. Eventual proteção não significa auxílio para 
locupletação ilícita do incapaz. O que não pode é tomar iniciativa de impulso 
processual (exceções, embargos, recursos) em favor de interesses disponíveis da 
parte contrária, maior e capaz”.29 
 
8.2. REQUISITOS OBJETIVOS: 
 
8.2.1. ADEQUAÇÃO: 
 
26
 Novo curso de direito processual civil, v. 2, p. 45-46. 
27
 Nelson Luiz Pinto, Manual dos recursos cíveis, p. 27. 
28
 Câmara, Lições de direito processual civil, v. 2, p. 67. 
29
 Introdução do Ministério Público, p. 166 (o destaque não consta no texto original). 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
14 
 
 Adequação recursal – ou “cabimento” do recurso – é a 
possibilidade jurídica do recurso. Existe um recurso próprio para cada espécie de decisão. 
 
 Diz-se, por isso, que o recurso é cabível, próprio ou adequado 
quando corresponda à previsão legal para a espécie de decisão impugnada (exs.: da 
sentença caberá apelação nos termos do art. 513 e da decisão interlocutória caberá agravo, 
na forma do art. 522). 
 
 O eventual erro do recorrente na escolha do recurso gerará, 
portanto, a inadmissibilidade do mesmo, salvo se for possível a aplicação do conhecido 
“princípio da fungibilidade recursal”. 
 
 Embora o Código de Processo Civil de 1973 seja omisso a respeito 
do assunto, é certo que a jurisprudência tem efetivamente admitido, em alguns casos, o 
recebimento de um recurso (equivocado) por outro (o correto), como decorrência desse 
princípio da fungibilidade, que era previsto no Código de Processo Civil de 1939 (art. 
810). 
 
 A incidência desse princípio, que autoriza o recebimento de um 
recurso por outro, entretanto, somente tem sido admitida quando evidenciada a inexistência 
de má-fé da parte, a existência de dúvida objetiva sobre o recurso cabível (como ocorre no 
caso previsto no art. 395 do Código de Processo Civil e na concessão da antecipação de 
tutela no bojo da sentença de mérito) e desde que o prazo do recurso correto tiver sido 
observado. 
 
 Caso concreto de aplicação do princípio poderia ser um daqueles 
em que a parte, com dúvida acerca sobre o recurso cabível contra a decisão do incidente de 
falsidade (art. 395),
30
 apresentasse uma apelação, quando correto seria o agravo. Aqui seria 
possível que se recebesse um recurso (a apelação) como se agravo fosse desde que 
apresentada dentro do prazo menor (o do agravo, que é de dez dias), procedendo-se as 
necessárias adaptações. 
 
8.2.2. RECORRIBILIDADE: 
 
 Somente os atos judiciais impugnáveis é que podem ser atacados 
por recurso. Sendo assim, somente as decisões interlocutórias, sentença e acórdãos podem 
ser objurgados por recursos, mas nunca os despachos, que são irrecorríveis(art. 504, já 
com redação outorgada pela Lei 11.276, de 07 de fevereiro de 2006). 
 
 É bom, porém, notar que existem também algumas decisões 
interlocutórias (arts. 519, parágrafo único, e 543, §§ 2º e 3º) e sentenças (art. 865) 
irrecorríveis por força de lei. 
 
 Enfim, em que pese a afirmada irrecorribilidade de despachos, 
parte da doutrina admite a oposição de embargos de declaração contra os simples 
despachos (destaque para Luiz Rodrigues Wambier e Fredie Didier Jr). 
 
30
 Veja-se que o art. 395, do Código de Processo Civil, realmente induz o intérprete a concluir que o 
incidente de falsidade é julgado por sentença, o que nem sempre é verdade (conforme já afirmei 
anteriormente, quando examinei o tema), pelo que há uma dúvida objetiva sobre se cabe apelação ou agravo 
para questionar o ato decisório. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
15 
 
8.2.3. TEMPESTIVIDADE: 
 
 Todo recurso tem um prazo (ou um momento) para ser interposto e 
a sua inobservância pelo recorrente acarreta naturalmente o não recebimento ou o não 
conhecimento do inconformismo. O prazo é, pois, um dos requisitos objetivos de 
admissibilidade do recurso. 
 
 Este prazo, no processo civil, é geralmente de 15 (quinze) dias (art. 
508), mas existem previsões excepcionais como a referente ao agravo (10 ou 5 dias, 
conforme sua natureza – arts. 522 e 545)31 e aos embargos de declaração (5 dias, conforme 
dita o art. 536). 
 
 Devem ser naturalmente observadas as exceções subjetivas 
previstas nos arts. 188 (prevê prazo em dobro para o Ministério Público e para a Fazenda 
Pública recorrerem
32
),
33
 191 (estabelece prazo em dobro para os litisconsortes com 
procuradores diferentes), do Código de Processo Civil, e 5
o
, § 5
o
 da Lei 1.060/1950 
(concede prazo em dobro para o Defensor Público ou quem exerça cargo equivalente). 
 
 Todavia, é bom registrar quanto à ampliação prevista no art. 191 do 
Código de Processo Civil que não “se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um 
dos litisconsortes haja sucumbido” (STF, Súmula 641).34 
 
 Qualquer que seja o prazo para recurso contar-se-á o mesmo (a) da 
leitura da decisão em audiência, (b) da intimação das partes, quando não proferida em 
audiência ou (c) da publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial (art. 506, já com 
redação outorgada pela Lei 11.276, de 7 de fevereiro de 2006). 
 
 Esclareça-se, por oportuno, que se reputa “intimado o advogado na 
audiência quando nela é publicada a sentença, fluindo daí o prazo recursal”, sendo 
irrelevante o fato do eventual não comparecimento, desde que tenha havido prévia 
intimação, através do causídico, para o ato.
35
 
 
 Caso a intimação se dê pelo “Diário da Justiça Eletrônico” (Dje), 
será considerado como data da “publicação” o primeiro dia útil seguinte ao da 
disponibilização da informação; nesta hipótese, os prazos processuais terão início o 
 
31
 Não é demais lembrar neste particular que o “agravo retido oral obrigatório”, previsto no art. 523, § 3º, do 
Código de Processo Civil, deve ser interposto não em dez ou em cinco dias, mas “imediatamente” após a 
prolação da decisão que prejudicou a parte recorrente, sob pena de preclusão. 
32
 Apenas para efetivamente “recorrer” (interpor recurso), mas não para “contra-arrazoar” (responder) o 
recurso interposto pela parte contrária, conforme entendimento predominante. 
33
 Inclusive a “Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para interpor agravo regimental 
no Superior Tribunal de Justiça” (STJ, Súmula 116). 
34 (Concurso para ingresso na magistratura do Estado de Goiás, 2004, questão 49) Assinale a alternativa 
incorreta: (a) O prazo para o litisconsorte recorrer será contado em dobro, ainda que apenas um tenha sido 
sucumbente (alternativa incorreta no gabarito oficial – sugere-se a leitura da Súmula 641 do STF, bem 
como os arts. 182, 184 e 192 do Código de Processo Civil); (b) São dilatáveis, a critério do juiz, quaisquer 
prazos, dilatórios ou peremptórios, nas comarcas onde for difícil o transporte; (c) Feita a intimação no 
domingo, o primeiro dia do prazo, havendo expediente na segunda-feira, será a terça-feira; (d) Quando a lei 
não assinalar outro prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento depois de decorridas vinte e 
quatro horas. 
35
 TJGO, APC n. 82.463-3/188, Rel. Des. Leobino Valente Chaves, acórdão de 23.11.2004. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
16 
primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação (Lei 11.419/2006, art. 
4º, §§ 3º e 4º). 
 
 Convém enfim observar que para o réu revel, pessoalmente citado, 
o prazo recursal correrá independentemente de qualquer intimação, a partir da simples 
publicação da sentença em cartório ou em audiência (art. 322, já com redação outorgada 
pela Lei 11.280/2006).
36
 
 
 Para que se evitem omissões, registre-se enfim que sendo comum 
às partes o prazo, “só em conjunto ou mediante prévio ajuste por petição nos autos, 
poderão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a obtenção de cópias para a 
qual cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora 
independentemente de ajuste” (art. 40, § 2º).37 
 
 A parte final do preceito transcrito se encarregou, finalmente, de 
regulamentar a chamada “carga rápida”, criando o direito de retirada dos autos de cartório 
por uma hora, ainda que se trate de caso de prazo comum às partes, que geralmente existe 
na hipótese de sucumbência recíproca (já estudada anteriormente). 
 
8.2.4. PREPARO: 
 
 Preparo é o pagamento das custas relativas à interposição do 
recurso, quando exigidas por norma legal ou regimental. 
 
 Atualmente, a comprovação do preparo – inclusive “porte de 
remessa e de retorno” dos autos – deverá ser feita no ato de interposição,38 sob pena de 
preclusão consumativa
39
 (art. 511),
40
 pelo que se diz na doutrina que houve adoção do 
sistema do “preparo imediato” ou do “preparo simultâneo”.41 
 
 A falta de efetivação do preparo ou de sua comprovação nos autos 
acarreta a deserção (art. 511, caput), com a decorrente negação de seguimento ao recurso, 
salvo hipótese excepcional de relevação da pena de deserção na forma do art. 519 do 
Código de Processo Civil. 
 
 
36
 (Concurso para ingresso na magistratura do Estado de Goiás, 2000, questão 23) O prazo recursal para o réu 
capaz e revel citado pessoalmente: (a) Correrá mesmo sem intimação (resposta certa segundo o gabarito 
oficial – recomenda-se consulta ao art. 322 do Código de Processo Civil); (b) Somente começa a correr a 
partir da intimação do curador especial; (c) Só começa a correr a partir do primeiro dia útil após o edital de 
intimação; (d) N. D. A. 
37
 O preceito já está com sua nova redação outorgada pela Lei 11.969/2009, mas o destaque não consta no 
original. 
38
 Não se deve olvidar que nos Juizados Especiais Cíveis vige regra diversa segundo a qual o preparo recursal 
deverá ser efetuado não no ato de protocolo da petição de recurso, mas “nas 48 (quarenta e oito) horas 
seguintes à interposição, independentemente de intimação” (Lei 9.099/1995, art. 42, § 1o). 
39
 STJ, REsp 631.111-RN, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. em 9.8.2005, REsp 474.085-RS, DJ de 
25.2.2004, REsp 177.539-SC, DJ de 13.3.2000 e TJGO, APC n. 92.663-3/188, Rel. Des. João Waldeck Félix 
de Sousa, DJ de 16.01.2006. 
40
 (Magistratura-GO, 2009, prova A01, tipo 004, questão 18) O preparo deveser comprovado no ato de 
interposição do recurso. Se este se der em momento diverso, dar-se-á: (a) Preclusão lógica; (b) Preclusão 
consumativa; (c) Prescrição; (d) Decadência; (e) Perempção (a alternativa “b” está correta, nos termos do 
ensinamento constante no texto principal). 
41
 Câmara, Lições de direito processual civil, v. 2, pp. 73-74. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
17 
 Independem, todavia, de preparo os embargos de declaração (art. 
536), o agravo retido (art. 522, parágrafo único) e o agravo nos próprios autos contra a 
inadmissão de recurso especial e extraordinário (CPC 544 § 2º). 
 
 Também serão dispensados do preparo os recursos interpostos 
pelas Fazendas Públicas, pelo Ministério Público e pelos beneficiários da assistência 
judiciária (Lei 1.060/1950); os recursos interpostos nas causas que tramitam pelo Juizado 
da Infância e da Juventude também são isentos de preparo, nos termos do art. 141, § 2º, da 
Lei 8.069/1990 (“Estatuto da Criança e do Adolescente”). 
 
8.2.5. REGULARIDADE FORMAL: 
 
 No termo “regularidade formal” estão abrangidas a interposição do 
recurso por petição escrita (salvo o caso do agravo retido oral, regulado no art. 523, § 3º), a 
formulação de pedido de reforma ou invalidação da decisão, a juntada de peças 
obrigatórias no agravo (art. 525, inciso I), a apresentação clara das razões recursais, a 
comprovação da existência do acórdão paradigma no caso do art. 541, parágrafo único, 
dentre outras obrigações processuais relevantes que devem ser examinadas tendo em conta 
o recurso especificamente. 
 
 Trata-se da “vala comum” alusiva a todas as demais exigências 
gerais e específicas dos recursos. 
 
 Já se admite, sem que se possa falar em irregularidade formal, a 
interposição de recursos por fac-símile, desde que o original seja entregue em juízo até 
cinco dias após o fim do prazo originalmente previsto (Lei 9.800/1999, art. 2º, caput), 
ainda que o fac-símile tenha sido remetido e recebido no curso desse prazo.
42
 
 
 Há divergência sobre se o recurso em autos físicos pode ser 
interposto por e-mail, existindo julgados admitindo (STJ, Edcl 389.941-SP e TST, AIRR 
n 1.164/2002017-15-40.9, desde que se envie o original em cinco dias) e outros recusando 
essa possibilidade (STJ, REsp 675.863 e AgRg no Ag 425.792-MG); registre-se, porém, 
que se estivermos diante do Processo Judicial Digital (“PROJUDI”) o recurso somente 
poderá ser interposto pela via eletrônica, não se admitindo o protocolo “em papel” (Lei 
11.419/2006, art. 10). 
 
 Além de tudo que foi dito, o recurso deve ser subscrito por 
advogado com procuração nos autos, sob pena de ser considerado inexistente, nos termos 
do entendimento estampado na Súmula 115, do Superior Tribunal de Justiça, que deve 
reger qualquer espécie de recurso, e não apenas o especial.
43
 
 
9. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS: 
 
 Vistos os requisitos de admissibilidade dos recursos, passemos ao 
estudo do juízo de admissibilidade dos recursos. 
 
 O juízo de admissibilidade consiste no exame procedido pelo juízo 
a quo e pelo juízo ad quem acerca do preenchimento, pelo recorrente, dos requisitos 
 
42
 Nesse sentido: STJ, EREsp 640.803-RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgados em 19.12.2007. 
43
 Nelson Luiz Pinto, Manual dos recursos cíveis, p. 225. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
18 
previstos na lei processual para admissão e processamento do recurso eventualmente 
interposto. 
 
 Nessa oportunidade, primeiramente o juízo prolator e, em seguida, 
a instância superior procede rigorosa análise da obediência aos requisitos subjetivos 
(legitimidade e interesse) e objetivos (preparo, tempestividade, adequação etc.) relativos ao 
recurso interposto, podendo o mesmo ser recebido (juízo de admissibilidade positivo) ou 
denegado (juízo de admissibilidade negativo). 
 
9.1. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE POSITIVO: 
 
 O juízo de admissibilidade positivo abrange o recebimento e o 
conhecimento do recurso interposto, para posterior investigação de mérito. 
 
 “Recebimento” é ato do juízo de interposição, praticado antes, 
evidentemente, da remessa do recurso ao órgão julgador. 
 
 O “conhecimento” é o mesmo juízo de admissibilidade positivo, 
mas agora levado a efeito no órgão julgador (coletivamente), imediatamente antes de 
examinar o seu mérito.
44
 
 
 Um exemplo simples esclarecerá o que foi dito acima: numa 
apelação cível, o juízo a quo (juiz prolator) a “receberá” se presentes os pressupostos de 
admissibilidade, determinando a remessa ao tribunal; no tribunal, a câmara competente, se 
também se convencer da presença dos requisitos de admissibilidade do recurso, o 
“conhecerá” e passará ao exame de mérito, ocasião em que poderá provê-lo (dar “ganho” 
ao apelante, reformando ou anulando a sentença) ou improvê-lo (manter a sentença, dando 
“ganho de causa” ao apelado). 
 
9.2. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NEGATIVO 
 
 Por outro lado, pode a negação do recurso ocorrer no juízo a quo 
(fala-se tecnicamente em “não recebimento”) ou no juízo ad quem (situação que se 
denomina de “não conhecimento”), tendo o efeito em qualquer caso de não permitir o 
seguimento do recurso rumo ao julgamento de seu mérito. 
 
9.3. SÚMULA IMPEDITIVA DE RECURSO: 
 
 Também é uma espécie de juízo negativo do recurso de apelação a 
aplicação da chamada “súmula impeditiva de recurso” prevista no art. 518, § 1º, do Código 
de Processo Civil. 
 
 Com base em aludido preceito, o juiz deixará de receber o recurso 
de apelação “quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior 
Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal” (exs.: a apelação contra a sentença 
 
44
 (8º Concurso para ingresso na Procuradoria do Estado de Goiás, questão 51) Sobre o conhecimento e o 
provimento de recurso é possível afirmar que: (a) São conseqüências do julgamento recursal sem diferença 
de conteúdo; (b) Ambos dizem respeito ao juízo de admissibilidade; (c) Só o conhecimento é juízo de 
admissibilidade (alternativa correta no gabarito oficial – deve-se lembrar que, como dito no texto 
principal, “conhecimento” é a declaração formal do órgão colegiado de que o recurso preenche os 
requisitos de admissibilidade; “provimento” significa que o órgão julgador acolheu as razões de mérito 
do recurso); (d) Só o provimento é juízo de admissibilidade. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
19 
que julgou o pedido improcedente com base no entendimento consolidado na Súmula 214 
do STJ
45
 não será recebida; o mesmo ocorrerá com a apelação interposta contra a sentença 
que julgou o pedido parcialmente procedente aplicando a Súmula 246 do mesmo 
tribunal
46
). 
 
 Sendo assim, a par de verificar os requisitos recursais de 
admissibilidade tradicionais (exs.: interesse recursal, legitimidade, tempestividade, preparo 
etc.), o juiz de primeira instância poderá também analisar se o recurso confronta com 
súmula de tribunal superior para efeito de “barrar” a sua remessa à segunda instância. 
 
 Existem dois entendimentos sobre a natureza desse exame 
negativo. Para Cássio Scarpinella Bueno, trata-se de parte integrante do juízo de 
admissibilidade (é análise de cunho formal), primeiro por interpretação gramatical, 
segundo porque o modelo constitucional brasileiro poderia estar sendo violado.
47
 
 
 Para Luiz Rodrigues Wambier,o recurso no caso não é indeferido 
por ausência de pressuposto de admissibilidade, “já que saber se a sentença está ou não em 
consonância com um entendimento sumulado pelo STF ou pelo STJ é uma questão 
atinente ao juízo de mérito do recurso”.48 
 
9.4. JUÍZO NEGATIVO DE MÉRITO E PROVIMENTO MONOCRÁTICO: 
 
 Atualmente, poderá também o relator, nos termos do art. 557, caput 
(com redação determinada pela Lei 9.756/1998), monocraticamente, negar seguimento a 
recurso manifestamente inadmissível (intempestividade, falta de preparo, falta de interesse 
etc.), improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência 
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. 
 
 A par disso, se “a decisão recorrida estiver em manifesto confronto 
com a súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de 
Tribunal Superior, o relator poderá” também singularmente “dar provimento ao recurso” 
(art. 557, § 1
º
-A, com redação dada pela Lei 9.756/1998). 
 
 Em tais casos, deve-se ver que o relator julgará monocraticamente 
(singularmente, isoladamente, “em gabinete”) o recurso, deixando de levar os autos à 
apreciação colegiada na turma, câmara ou seção, o que constitui exceção em nosso sistema 
de julgamentos coletivos nos tribunais. 
 
 As disposições aludidas aplicam-se ainda ao reexame necessário, 
nos termos da Súmula 253 do Superior Tribunal de Justiça. 
 
 Contra estes atos do relator, caberá agravo interno no prazo de 5 
(cinco) dias dirigido ao órgão colegiado competente para o julgamento do recurso 
originário (art. 557, § 1
º
). Não havendo retratação, o relator apresentará o processo em 
mesa, proferindo voto. 
 
 
45
 “O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”. 
46
 “O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada”. 
47
 A nova etapa da reforma do código de processo civil, v. 2, p. 35. 
48
 Breves comentários à nova sistemática processual civil, v. 2, p. 226. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
20 
 Sendo manifestamente inadmissível ou infundado o agravo tratado 
acima, será possível a imposição da pena de multa entre 1% a 10% do valor corrigido da 
causa, “ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do 
respectivo valor” (art. 557, § 2º). 
 
 O Superior Tribunal de Justiça tem como predominante o 
entendimento de que as pessoas jurídicas de direito público (federal, estadual, distrital e 
municipal) são isentas do pagamento da multa prevista no art. 557, § 2º, do Código de 
Processo Civil,
49
 posto que tem a mesma natureza do depósito previsto no art. 488 do 
mesmo diploma. 
 
10. EFEITOS DOS RECURSOS: 
 
 Embora a doutrina tradicional se limite a catalogar dois efeitos dos 
recursos, o devolutivo e o suspensivo (os chamados efeitos da interposição),
50
 
modernamente tem sido obrigatoriamente comentados, além dos efeitos devolutivo e 
suspensivo, o impeditivo, o regressivo, substitutivo, o translativo e o expansivo.
51
 
 
 Seguindo, então, essa hodierna vertente, passo à análise específica 
dos efeitos dos recursos. 
 
10.1. EFEITO IMPEDITIVO: 
 
 Fala-se na doutrina no relevante efeito impeditivo dos recursos. De 
fato, deve-se reconhecer que o recurso, uma vez formalizado e interposto corretamente, 
obstará a ocorrência da preclusão ou mesmo da coisa julgada com referência à decisão 
recorrida. 
 
 Todos os recursos, desde que admissíveis, detém implicitamente 
esta importante força impeditiva da formação da res judicata,
52
 “sendo uma característica 
comum a todos eles”.53 
 
 Conforme ensinam Nery Junior e Barbosa Moreira, todavia, em 
rigor o recurso não impede tecnicamente o trânsito em julgado, mas apenas adia (retarda) a 
ocorrência desta circunstância, que é inevitável juridicamente (algum dia ocorrerá). 
 
 Somente após o fim desta eficácia impeditiva será eventualmente 
admissível o ajuizamento da ação rescisória, passando-se a contar o prazo de 2 (dois) anos, 
previsto no art. 495 do Código de Processo Civil, cabendo, contudo, lembrar do 
entendimento pacificado na Súmula 401 do Superior Tribunal de Justiça (“O prazo 
decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do 
último pronunciamento judicial”). 
 
10.2. EFEITO DEVOLUTIVO: 
 
 
49
 Nesse sentido: STJ, EREsp 907.919-PR, julgado em 19.08.2009, EREsp 695.001-RJ e EREsp 808.525-PR. 
50
 Nesse sentido: Amaral Santos (Primeiras linhas de direito processual civil, v. 3, p. 98) e Theodoro Júnior 
(Curso de direito processual civil, v. 1, p. 565). 
51
 Cf. Nery Junior, Código de processo civil comentado, 2006, pp. 707-709. 
52
 Câmara, Lições de direito processual civil, v. 2, p. 76. 
53
 Orotavo Neto, Dos recursos cíveis, p. 81. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
21 
 Por esse efeito entende-se que o recurso interposto pela parte 
entrega ao tribunal ad quem o conhecimento da matéria efetivamente impugnada (cf. art. 
515, caput). 
 
 Em outras palavras, com a apresentação do recurso o Tribunal 
respectivo passa a ter competência para reapreciar as todas questões decididas em primeira 
instância, desde que expressamente impugnadas. 
 
 Basicamente todos os recursos, em maior ou menor escala, detém 
este efeito. 
 
 Conhecem-se três espécies de recurso quanto à devolutividade, (a) 
os reiterativos (ou devolutivos típicos), que são os apreciados apenas pelo órgão superior, 
como é o caso geral da apelação e do recurso extraordinário, (b) os iterativos, em que a 
apreciação se dá pelo próprio juízo prolator, como ocorre nos embargos de declaração (art. 
536) e nos embargos infringentes previstos no art. 34 da Lei 6.830/1980, e (c) os mistos, 
que são aqueles em que há permissão para o exercício do juízo de retratação pelo órgão 
prolator, mas a apreciação se dá por órgão superior, como se vê no agravo de instrumento 
(art. 529) ou na apelação contra o indeferimento liminar da petição inicial (art. 296, caput). 
 
10.3. EFEITO TRANSLATIVO: 
 
 Translativo é o efeito que “autoriza o tribunal a julgar fora do que 
consta das razões ou contra-razões do recurso, ocasião em que não se pode falar em 
julgamento ultra, extra ou infra petita. Isto ocorre normalmente com as questões de 
„ordem pública‟, que devem ser conhecidas de ofício pelo juiz e a cujo respeito não se 
opera a preclusão”.54 
 
 Funda-se o mesmo nos arts. 515 e 516, segundo os quais o Tribunal 
somente deve conhecer, ordinariamente, das questões expressamente impugnadas pela 
parte recorrente (efeito devolutivo e princípio dispositivo), salvo em se tratando de 
matérias de ordem pública (exs.: pressupostos processuais, condições da ação, decadência 
etc.), sobre as quais deve se manifestar ainda que omisso o interessado, como decorrência 
da mencionada translação obrigatória do recurso. 
 
 Em termos mais simples, é possível dizer que em virtude da 
existência do efeito translativo é como se o recurso transportasse para o tribunal todas as 
questões de ordem pública, ainda que a parte recorrente não tenha formulado pedido 
expresso nesse sentido. 
 
 Seria uma espécie de “pedido implícito recursal” vertente sobre 
todas as matérias de ordem pública (ex.: o autor, vencido parcialmente na primeira 
instância, interpõe apelação pedindo a reforma da sentença para lhe outorgar toda a sua 
pretensão;o tribunal reconhece de ofício a incompetência absoluta do juízo de primeira 
instância, anulando a sentença). 
 
Discute-se se os recursos excepcionais (recurso especial, recurso extraordinário e 
embargos de divergência) também são dotados de efeito translativo, sendo certo que (a) há 
quem sustente que eles não têm efeito translativo (Marcos Vinicius Rios Gonçalves),
55
 
 
54
 Nery Junior, Código de processo civil comentado, p. 821. 
55
 Novo curso de direito processual civil, v. 2, p. 85. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
22 
pois é certo que a matéria não foi objeto de prequestionamento (STF),
56
 (b) há os que 
dizem que eles têm efeito translativo, mas a matéria de ordem pública, para ser acatada, 
deve ser sido prequestionada (Dinamarco)
57
 e (c) existem quem diga que o efeito 
translativo existe e autoriza o reconhecimento da matéria de ordem pública (ainda que não 
prequestionada), desde que o recurso excepcional tenha sido conhecido com base no 
preenchimento do requisito previsto na Constituição Federal (violação federal ou 
constitucional, conforme o caso) (Didier Jr),
58
 este é o entendimento do Superior Tribunal 
de Justiça.
59
 
 
10.4. EFEITO REGRESSIVO: 
 
 Regressivo é o efeito excepcional que permite ao próprio órgão 
prolator da decisão reexaminá-la em caso de interposição de determinados recursos; trata-
se do efeito que permite que o juízo prolator exare do chamado “juízo de retratação”. 
 
 Por esse efeito, passa o juízo a quo a ter competência para exarar o 
já mencionado juízo de retratação, podendo eventualmente reconsiderar o ato recorrido, 
acatando as razões do recorrente. 
 
 Diz-se que o efeito regressivo é excepcional na medida em que ao 
publicar a sentença o juiz não pode mais alterá-la (esta é a regra), salvo para corrigir erros 
materiais e nos embargos de declaração (art. 463). A permissão para eventual 
reconsideração da decisão figura, então, como uma terceira exceção ao lado dessas duas 
outras. 
 
 Detém efeito regressivo no processo civil, a título exemplificativo, 
(a) o agravo (art. 529), (b) a apelação de sentença terminativa por indeferimento da petição 
inicial (art. 296), (c) a apelação interposta contra a sentença liminar de mérito (art. 285-A, 
§ 1º, com redação outorgada pela Lei 11.277/2006) e (d) a apelação nas causas do Estatuto 
da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990, art. 198, incisos VII e VIII). 
 
10.5. EFEITO SUSPENSIVO: 
 
 Efeito suspensivo é aquele que impede que a decisão objurgada 
produza sua eficácia durante a tramitação do recurso. Assim, detendo este efeito o recurso, 
a sua interposição impedirá que a efetivação do julgado (seja condenatório, constitutivo ou 
declaratório) se inicie durante a sua tramitação; ao contrário, se o recurso não tiver efeito 
suspensivo, será possível a efetivação provisória do julgamento, mesmo na pendência do 
recurso (CPC, art. 475-O). 
 
 Diz-se, portanto, que recurso que tem força de impedir a execução 
provisória da decisão objurgada é potente (recurso com efeito suspensivo), enquanto que 
aquele que não impede a execução na sua pendência é impotente (recurso sem efeito 
suspensivo). 
 
 Como já afirmado, dispõem de efeito suspensivo como regra, 
exemplificativamente, a apelação e o recurso ordinário (arts. 520, caput e 540). Não têm 
 
56
 STF, AI-AgR 633.188-MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 02.10.2007. 
57
 Instituições, pp. 632-635. 
58
 Nesse sentido: STJ, 36.943-6-RS, Rel. Min. Pádua Ribeiro, julgado em 17.11.1993. 
59
 STJ, REsp 949.204-RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 11.11.2008. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
23 
efeito suspensivo, em contrapartida, o agravo (art. 527, inciso II, a contrário senso), o 
recurso especial, o recurso extraordinário (art. 542, § 2
o
) e o recurso inominado interposto 
perante os Juizados Especiais Cíveis (Lei 9.099/1995, art. 43). 
 
10.6. EFEITO SUBSTITUTIVO: 
 
 Por força do efeito substitutivo a decisão sobre o recurso que se 
fundamente no error in judicando, seja ela (a) de provimento para reformar a sentença, 
seja (b) de improvimento (“confirmação da sentença”), substitui a decisão recorrida no que 
tiver sido objeto do recurso. É justamente isso que determina o art. 512, segundo o qual o 
“julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que 
tiver sido objeto do recurso”. 
 
 Mas se o tribunal, diversamente, dá provimento ao recurso para 
invalidar a decisão recorrida (alegação de error in procedendo) não haverá, obviamente, 
substitutividade, pois a determinação será apenas de que outra decisão seja proferida pelo 
juízo a quo. O acórdão em tal caso não substitui a decisão, mas apenas a anula (por vício 
de condução processual) e restitui os autos à origem para continuidade do feito, corrigindo-
se o defeito formal praticado. 
 
10.7. EFEITO EXPANSIVO: 
 
 Incide o chamado “efeito expansivo” ou “extensivo” quando a 
apreciação do recurso interposto ensejar a prolação de acórdão mais abrangente do que o 
reexame da matéria impugnada, podendo atingir outros objetos (expansão objetiva) ou 
outras pessoas (expansão subjetiva). Podemos, então, falar em efeito expansivo objetivo 
(interno ou externo) e subjetivo. 
 
 O efeito expansivo objetivo é uma espécie de pedido implícito 
recursal, que pode produzir efeitos internos ou externos. 
 
 Existirá efeito expansivo objetivo interno, por exemplo, quando o 
Tribunal, ao apreciar apelação interposta contra sentença de mérito, dá-lhe provimento e 
acolhe preliminar de litispendência, julgamento que atingirá todo o ato impugnado 
(sentença). 
 
 De outro lado, haverá o efeito expansivo objetivo externo quando o 
julgamento do recurso atingir outros atos além do impugnado, o que ocorre com o 
provimento do agravo, que atinge todos os atos processuais que foram praticados 
posteriormente à sua interposição (como decorrência do princípio da propagação ou da 
causalidade). Esse fenômeno costuma ser denominado também de “efeito retrooperante”. 
 
 Marcos Vinicius Rios Gonçalves esclarece bem essa última 
situação: 
 
 “Por exemplo, se uma das partes requereu a produção de perícia, e 
o juiz a indeferiu, caso em agravo seja alterada essa decisão, o processo retornará à 
fase de instrução, para a realização da prova anteriormente indeferida. Com isso, os 
atos subseqüentes, incompatíveis com a nova decisão perderão sua eficácia. 
 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
24 
 Pode ser que, nesse ínterim, tenha havido sentença, que não 
subsistirá, porque o processo retorna à fase em que a decisão atacada fora proferida. 
Retrocede à instrução, e os atos subseqüentes perdem a eficácia”.60 
 
 Incidirá, enfim, o efeito expansivo subjetivo quando o julgamento 
do recurso atingir outras pessoas além do recorrente e recorrido, conforme estabelece o art. 
509, segundo o qual o “recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, 
salvo se distintos ou opostos os seus interesses” (ex.: um dos fiadores recorre da sentença e 
obtém o reconhecimento da prescrição da obrigação principal, resultado que beneficiará a 
todos os demais, mesmo que não tenham recorrido). 
 
11. RECURSO ADESIVO (art. 500): 
 
 O recurso adesivo – em que pese sua nomenclatura – não é 
considerado modalidade autônoma “recurso”,mas sim uma forma de interposição de 
apelação, embargos infringentes, recurso extraordinário e recurso especial em momento 
diverso do original.
61
 
 
 O fundamento do recurso adesivo consiste permitir que a parte, no 
caso de sucumbência recíproca (tanto o autor quanto o réu “perdem”), aguarde sem 
prejuízos até o último momento que o adversário não recorra; caso este eventualmente 
apresente seu recurso, remanescerá para aquele o direito de formular também um recurso 
adesivo. 
 
 Como ensina Didier Jr: 
 
 “O recurso adesivo visa evitar, portanto, a interposição precipitada 
do recurso pelo parcialmente vencido, graças à certeza de que terá nova 
oportunidade de impugnar a decisão. Ambas as partes vêem-se incentivadas a 
abster-se de impugnar a decisão, pois, recorrendo imediatamente, poderiam 
provocar a reação de um adversário em princípio disposto a conservar-se inerte. É 
um contra-estímulo ao recurso”.62 
 
 É comum criticar-se a nomenclatura deste fenômeno jurídico, 
porquanto na verdade a parte realmente não adere ao recurso da outra, mas sim apresenta 
recurso próprio e contraposto, mas subordinado ao conhecimento do recurso principal (art. 
500, inciso III). Por isso é que se sugere na doutrina, como mais apropriada, a 
denominação de recurso “subordinado” ou “contraposto”,63 ou então “incidente de 
adesividade”.64 
 
11.1. LEGITIMIDADE: 
 
 Somente estão legitimados a interpor recurso adesivo, (a) o autor, 
(b) o réu e (c) o Ministério Público (quando atue como órgão agente), desde que sejam 
sucumbentes em algum ponto (art. 500, caput). 
 
 
60
 Marcos Vinicius Rios Gonçalves, Novo curso de direito processual civil, v. 2, p. 35. 
61
 Nery Junior, Código de processo civil comentado, 2006, p. 719. 
62
 Didier Jr, Curso de direito processual civil, v. 3, p. 89. 
63
 Ary Ferreira de Queiroz, Direito processual civil, processo de conhecimento, p. 283. 
64
 Luiz Rodrigues Wambier, Curso avançado de processo civil, v. 1, p. 654. 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
25 
 Não se admite, de outro lado, que o Ministério Público, quando 
atue na condição de mero fiscal da lei, e o terceiro prejudicado interponham o recurso 
adesivo,
65
 primeiro porque o citado art. 500, caput, é claro ao restringir a interposição a 
“autor e réu” e, em segundo lugar, porque não figuram esses entes tecnicamente como 
sucumbentes.
66
 
 
 Quanto ao terceiro prejudicado, deverá ele, caso queira impugnar a 
decisão proferida entre outras partes, interpor recurso autônomo. 
 
11.2. PRAZO: 
 
 O recurso adesivo deve ser interposto no prazo que a parte tem para 
responder o recurso principal (art. 500, inciso I), sendo este denominado doutrinariamente 
de “prazo adesivo”; não é mister que o recurso adesivo e as contrarrazões sejam 
apresentados simultaneamente, basta que sejam aforados no prazo legal.
67
 
 
 O prazo para resposta ao recurso adesivo será o mesmo 
originariamente previsto para contra-razões do recurso principal. 
 
 A Fazenda Pública terá prazo em dobro também para apresentar 
recurso adesivo, conforme entendimento predominante.
68
 
 
11.3. ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ADESIVO: 
 
 O recurso adesivo, como já visto, se subordina (a) à existência de 
sucumbência recíproca (ambas as partes são vencedoras e vencidas, reciprocamente), (b) a 
não interposição de recurso por uma das partes no prazo legal e (c) a existência de recurso 
principal da parte contrária no que tange ao seu prejuízo. 
 
 Somente se admite a interposição de recurso adesivo em sendo o 
recurso principal de apelação, de embargos infringentes, recurso especial e recurso 
extraordinário (art. 500, inciso II).
69
 
 
 Não cabe recurso adesivo no “recurso inominado” interposto contra 
a sentença proferida pelos juízes de Juizados Especiais Cíveis, conforme afiança a doutrina 
(Daniel Assumpção) e o Enunciado 88 do FONAJE. 
 
 Parte da doutrina admite a interposição de recurso adesivo nos 
casos de recurso ordinário constitucional (CF, arts. 102, inciso II e 105, inciso II), que é 
 
65
 Nesse sentido: Daniel Assumpção, Manual de direito processual civil, p. 573. 
66
 Câmara, Lições de direito processual civil, v. 2, pp. 84-85. 
67
 Daniel Assumpção, Manual, p. 574. 
68
 Nesse sentido: na jurisprudência, STJ, REsp 171.543-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJU de 14.08.2000 e, 
na doutrina, Theotonio Negrão, Código de processo civil e legislação processual civil em vigor, 2002, p. 537, 
bem como Fredie Didier Jr, v. 3, p. 85, Daniel Assumpção, Manual, parágrafo único 574 e ainda Barbosa 
Moreira. 
69
 (Concurso para ingresso na magistratura do Estado de Goiás, 2000, questão 14) Sobre o recurso adesivo é 
correto dizer: (a) É admissível nos agravos de instrumento e nos embargos infringentes; (b) Está sujeito ao 
preparo, assim como o agravo retido, por ficarem subordinados ao recurso principal; (c) É cabível no caso de 
apelação, agravo, RE e REsp; (d) N. D. A (alternativa correta segundo o gabarito oficial – recomenda-se 
a leitura do art. 500 do Código de Processo Civil). 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS CÍVEIS – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
26 
verdadeira apelação interposta nos tribunais,
70
 mas o Superior Tribunal de Justiça já se 
manifestou em sentido contrário.
71
 
 
 Não se admite, contudo, a interposição recurso adesivo ao recurso 
principal interposto por terceiro prejudicado, ainda que este se enquadre em algum dos 
casos indicados acima.
72
 
 
 Enfim, indaga-se o que é “recurso extraordinário/especial adesivo 
cruzado”? 
 
 Ele ocorre no caso em que o acórdão do tribunal foi num 
determinado sentido baseando-se na lei federal e rejeitando a questão constitucional; o 
sucumbente apresenta o REsp e o ganhador o RE (condicional) para o caso de alteração do 
acórdão no STJ ter chance de ver reapreciada a questão constitucional rechaçada; trata-se 
do recurso extraordinário e especial adesivo cruzado (Didier Jr, curso, v. 3, p. 88). 
 
11.4. PROCEDIMENTO: 
 
 O recurso adesivo é sempre dependente do principal pelo que 
somente será conhecido e julgado se o principal o for. Deste modo, em havendo, quanto ao 
recurso principal, desistência, deserção ou inadmissibilidade por qualquer motivo, o 
recurso adesivo também verá naturalmente seu seguimento obstado por força do art. 500, 
inciso III, do Código de Processo Civil.
73
 
 
 O recurso adesivo submete-se exatamente ao mesmo procedimento 
e condições de admissibilidade do recurso principal (art. 500, par. único), de sorte que se 
há exigência de preparo para este, o adesivo também deve ser preparado. 
 
 Entretanto, as condições pessoais alusivas ao preparo do recurso 
não aproveitam ao recorrente adesivo, de modo que “se o recorrente principal está isento 
de preparo, por gozar de assistência judiciária, esta isenção não aproveita ao recorrente 
adesivo”.74 
 
 Como ensina Nery Junior, o recurso adesivo “fica subordinado à 
sorte da admissibilidade do recurso principal”, pelo que para que possa ele ser julgado pelo 
mérito é preciso que (a) o recurso principal seja conhecido e (b) o adesivo preencha os 
requisitos de admissibilidade.
75
 
 
12. PRINCÍPIOS RECURSAIS: 
 
 
70
 Câmara (Lições de direito processual civil, v. 2, p. 83), Amaral Santos (Primeiras linhas de direito 
processual civil, v. 3, p. 201) e Dinamarco (A reforma da reforma, p. 213). 
71
 STJ, RMS 5.085-SP, Rel. Min.

Outros materiais