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Aula 17
Direito Processual Penal p/ Magistratura
Estadual 2020 (Curso Regular)
Autor:
Leonardo Ribas Tavares
Aula 17
17 de Abril de 2020
 
 
Sumário 
1. Teoria Geral dos Recursos .............................................................................................................................. 3 
1.1 Conceito e características gerais .............................................................................................................. 3 
1.2 Fundamentos ............................................................................................................................................ 5 
1.3 Natureza jurídica ...................................................................................................................................... 7 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................... 8 
2. Princípios ........................................................................................................................................................ 9 
2.1 Duplo grau de jurisdição .......................................................................................................................... 9 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 12 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 14 
2.2 Unirrecorribilidade ................................................................................................................................. 15 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 17 
2.3 Taxatividade ........................................................................................................................................... 18 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 19 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 19 
2.4 Fungibilidade recursal ............................................................................................................................ 20 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 22 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 22 
2.5 Convolação ............................................................................................................................................. 22 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 23 
2.6 Disponibilidade ....................................................................................................................................... 23 
2.7 Voluntariedade ....................................................................................................................................... 25 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 29 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 29 
2.8 Vedação à ‘reformatio in pejus’ ............................................................................................................. 30 
2.8.1 ‘Reformatio in pejus’ indireta ................................................................................................................................ 35 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 44 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 47 
2.8.2 ‘Reformatio in mellius’ .......................................................................................................................................... 47 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 49 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 50 
2.9 Dialeticidade ........................................................................................................................................... 50 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 52 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 52 
2.10 Colegialidade ........................................................................................................................................ 53 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 53 
3. Fases procedimentais dos recursos ............................................................................................................. 55 
3.1 Juízo de admissibilidade ......................................................................................................................... 55 
3.2 Juízo de mérito ....................................................................................................................................... 56 
4. Pressupostos recursais ................................................................................................................................. 57 
4.1 Pressupostos objetivos ou extrínsecos ................................................................................................... 58 
4.1.1 Cabimento ............................................................................................................................................................. 58 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 59 
4.1.2 Regularidade formal .............................................................................................................................................. 61 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 63 
4.1.3 Tempestividade ..................................................................................................................................................... 64 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 68 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 70 
4.1.4 Ausência de fatos impeditivos ou extintivos .........................................................................................................71 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 76 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 77 
Leonardo Ribas Tavares
Aula 17
Direito Processual Penal p/ Magistratura Estadual 2020 (Curso Regular)
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4.2 Pressupostos subjetivos ou intrínsecos .................................................................................................. 78 
4.2.1 Legitimidade .......................................................................................................................................................... 78 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 81 
4.2.2 Interesse recursal .................................................................................................................................................. 83 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 86 
5. Efeitos dos recursos ..................................................................................................................................... 87 
5.1 Efeito obstativo ...................................................................................................................................... 88 
5.2 Efeito devolutivo ..................................................................................................................................... 88 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 90 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 91 
5.3 Efeito suspensivo .................................................................................................................................... 92 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 93 
5.4 Efeito regressivo, iterativo ou diferido ................................................................................................... 94 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 95 
5.5 Efeito extensivo ou expansivo ................................................................................................................ 96 
Doutrina Complementar ................................................................................................................................................. 97 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................... 98 
5.6 Efeito translativo .................................................................................................................................... 99 
Doutrina Complementar ............................................................................................................................................... 100 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................. 100 
5.7 Efeito substitutivo ................................................................................................................................ 100 
Doutrina Complementar ............................................................................................................................................... 101 
Jurisprudência pertinente............................................................................................................................................. 101 
6. Classificação dos recursos .......................................................................................................................... 101 
6.1 Quanto ao objeto ................................................................................................................................. 101 
6.2 Quanto à obrigatoriedade ................................................................................................................... 102 
6.3 Quanto à fundamentação .................................................................................................................... 103 
6.4 Quanto à extensão ou âmbito de devolutividade ................................................................................ 103 
6.5 Quanto ao grau hierárquico ................................................................................................................. 104 
7. Referências bibliográficas .......................................................................................................................... 104 
8. Questões .................................................................................................................................................... 108 
8.1 Questões com comentários .................................................................................................................. 108 
8.2 Questões sem comentários .................................................................................................................. 129 
8.3 Gabarito ............................................................................................................................................... 135 
9. Resumo ....................................................................................................................................................... 136 
9.1 Teoria geral dos recursos ..................................................................................................................... 136 
9.2 Princípios .............................................................................................................................................. 137 
9.3 Pressupostos recursais ......................................................................................................................... 138 
9.4 Efeitos dos recursos .............................................................................................................................. 140 
9.5 Classificação dos recursos .................................................................................................................... 141 
 
 
Leonardo Ribas Tavares
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Direito Processual Penal p/ Magistratura Estadual 2020 (Curso Regular)
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1. TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
1.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS 
Estabelecer conceitos nos mais variados institutos jurídicos nunca é tarefa simples; principalmente porque 
se corre o risco de trazer definição que não seja completa o suficiente. 
De qualquer modo, um dos conceitos que achamos mais apropriados e conhecidos vem da renomada obra 
de professores da USP, “Recursos no Processo Penal”: meio voluntário de impugnação de decisão, utilizado 
antes da preclusão e na mesma relação jurídica processual, apto a propiciar a reforma, a invalidação, o 
esclarecimento ou a integração da decisão (Grinover, et al., 2005). 
Em linhas gerais, considerando o extenso rol de espécies que o compõem, pode-se conceituar recurso como 
“um meio processual de impugnação, voluntário ou obrigatório1, utilizado antes da preclusão, apto a 
propiciar um resultado mais vantajoso na mesma relaçãojurídica processual, decorrente de reforma, 
invalidação, esclarecimento ou confirmação” (Gonçalves, et al., 2017). 
A etimologia da palavra “recurso” decorre do latim re currere, cujo significado representa a ideia 
de retrocesso, volta, isto é, tornar ao curso, voltar ao caminho percorrido. Nesse sentido, 
processualmente falando, quando se recorre de uma decisão, o que se busca é o retorno ao 
ponto gerador do conflito, para que seja reavaliado e o órgão reexaminador se pronuncie, dando 
novo curso à questão (Bonfim, 2013). 
Aliás, no que se refere à definição com base na etimologia, ninguém melhor que DE PLÁCIDO E SILVA, inclusive 
ponderando sobre os dois sentidos do vocábulo (amplo e restrito): 
Do latim recursos, possui o vocábulo, na terminologia jurídica, um sentido amplo e um sentido 
estrito. 
Em sentido amplo, recurso é todo remédio, ação ou medida ou todo socorro, indicados por lei, 
para que se proteja ou se defenda o direito ameaçado ou violentado. É a proteção legal 
assegurada para garantia e integridade dos direitos. Desse modo, ação judicial e recurso, 
 
 
1 Muita gente defende que todo recurso tem de ser voluntário; se não for, não se trata de recurso. 
Falaremos mais sobre isso. 
Leonardo Ribas Tavares
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remédios jurídicos que são contra as 
turbações ou as violações às relações de 
direito, trazem sentido equivalente. As 
ações, as medidas preventivas e 
acauteladoras, as exceções, a 
contestação integram-se no sentido do 
vocábulo, indicando-se recursos ou 
remédios judiciais. 
[...] em sentido restrito, naquele em que 
é tido na linguagem forense, recurso 
corresponde a provocatio dos romanos: 
é a provocação a novo exame dos autos 
para emenda ou modificação da primeira sentença, segundo bem define João Monteiro. Nesta 
razão, o recurso mostra-se o ato pelo qual se encaminha ao próprio juiz, a outro juiz ou ao 
tribunal o conhecimento da questão já decidida, para novo exame, e alteração ou anulação da 
decisão já tomada. Sem fugir, pois, ao sentido genérico de remédio jurídico (remedium juris), é 
propriamente o meio pelo qual a parte, prejudicada por uma decisão judiciária, se dirige à 
autoridade que a prolatou ou à autoridade superior, a fim de obter uma reforma ou anulação da 
decisão, que reputa ofensiva a seus direitos (Silva, 2005). 
“Assim, sempre que o interessado puder insistir no reexame da decisão, seja por um órgão superior ou pelo 
próprio órgão que prolatou a decisão, haverá recurso no sentido estrito da palavra. Pois, em um sentido 
amplo, recurso é todo meio de defesa” (Rangel, 2018). 
Desse conceito é possível extrair-se algumas características básicas atinentes aos recursos no processo 
penal. RENATO BRASILEIRO elenca quatro aspectos: voluntariedade, previsão legal, anterioridade à preclusão ou 
coisa julgada e não instituição de nova relação jurídica. Vejamos cada uma: 
➢ voluntariedade: recorrer é um ato voluntário da parte; é dizer, cabe a ela ponderar acerca da 
necessidade/oportunidade de assim proceder. Recorre somente se assim o desejar. Não há, pois, 
qualquer obrigação imposta às partes em recorrer de determinado pronunciamento judicial. O art. 
574, caput do CPP deixa isso evidente: 
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser 
interpostos, de ofício, pelo juiz: 
I - da sentença que conceder habeas corpus; 
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua 
o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411. 
Quando da análise dos princípios mais adiante, algumas considerações serão feitas em relação às figuras 
excepcionais descritas nesses incisos; 
➢ previsão legal: a existência e cabimento do recurso devem estar previstos expressamente em lei. 
“Portanto, se a lei não prevê recurso contra determinada decisão, significa dizer que tal decisão é 
R
EC
U
R
SO sentido amplo 'remédio' ou proteção 
legal qualquer que seja
sentido estrito
meio específico de 
impugnação de decisão
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irrecorrível, o que, no entanto, não impede que a parte volte a questionar a matéria em preliminar 
de futura e eventual apelação, por meio de habeas corpus ou mandado de segurança” (Lima, 2017); 
➢ anterioridade à preclusão ou coisa julgada: preclusa a decisão judicial, não mais caberá recurso 
contra ela; o recurso necessariamente antecede o trânsito em julgado; 
➢ mesma relação jurídica processual de que se originou a decisão recorrida: o recurso é interposto, 
desenvolvido e apreciado dentro da mesma relação jurídica processual; não é criada outra relação 
apenas para este fim. “Nessa acepção, a ação de impugnação, seja qual for (v.g., habeas corpus e 
revisão criminal), não pode ser tida como recurso, embora também configure meio para impugnar 
uma decisão” (Bonfim, 2013). 
1.2 FUNDAMENTOS 
Vários são os ‘fundamentos’ de existência dos recursos. A começar pela Constituição Federal, o art. 5º, inciso 
LV assim estabelece: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Os recursos também podem ser tidos como decorrência do duplo grau de jurisdição, princípio previsto 
implicitamente na Constituição Federal. “O duplo grau, em última análise, objetiva assegurar a efetiva 
prestação jurisdicional, traduzindo-se como um pressuposto necessário à justa composição da lide. Afinal, é 
evidente que uma segunda análise do contexto fático-jurídico que conduziu à decisão recorrida minimiza os 
riscos de uma eventual injustiça” (Avena, 2017). 
Não se ignora que há decisões irrecorríveis, por exemplo, a denegação da suspensão do processo 
em razão de questão prejudicial (art. 93, § 2.º, do CPP), a admissão ou inadmissão do assistente 
de acusação (art. 273 do CPP), a improcedência das exceções de incompetência, litispendência, 
coisa julgada e ilegitimidade de parte (contrario sensu ao art. 581, III, do CPP) e, mais 
recentemente, o reconhecimento da inexistência de repercussão geral no recurso extraordinário 
(art. 326 do Regimento Interno do STF). Isto, porém, ocorre apenas como exceção no 
ordenamento pátrio, e, mesmo assim, não impede, em alguns casos, em razão do grave ônus 
causado à parte pela decisão judicial, a dedução de ações como o habeas corpus e o mandado 
de segurança como forma de insurgência (Avena, 2017). 
A Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), no art. 8º (que trata das 
garantias judiciais) concebe o direito de recorrer: 
Art. 8º (Garantias Judiciais) 
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se 
comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena 
igualdade, às seguintes garantias mínimas: 
h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. 
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A tudo isso se soma a previsão estrutural que se estabelece para o Poder Judiciário na Constituição Federal, 
dividindo-o em órgão hierarquizado, com possibilidade de revisão de decisões em instâncias e tribunais 
sobrepostos. 
De regra, a interposição de um recurso pressupõe a duplicidade de instâncias, ou seja, uma 
inferior (que prolatou a decisão) e outra superior (revisora da decisão impugnada). A primeira é 
chamada de juízo a quo e, a segunda, de juízo ad quem (Rangel, 2018). 
A possibilidade de erro ou, melhor dizendo, a falibilidade humana é o principal argumento para justificar a 
existência do recurso, na visão do MARQUÊS DE SÃO VICENTE retratadapor PAULO RANGEL. 
Os juízes, pessoas humanas que são, não estão longe de cometer erros. São falíveis como toda e 
qualquer pessoa normal. Assim, sabendo-se de que uma decisão poderá acarretar graves 
prejuízos a qualquer uma das partes e, ainda, tornar-se imutável, estabelece-se a possibilidade 
de se reexaminar uma decisão. 
De regra, o recurso, como dissemos, é levado ao conhecimento de uma instância superior que, 
verificando o erro cometido, poderá reformar a decisão impugnada. Pois, diante do princípio da 
legalidade, nenhum ato estatal pode fugir de controle. 
Assim, torna-se o recurso uma necessidade psicológica de levar a decisão à apreciação de pessoas 
mais experientes e de maior conhecimento jurídico, não significando dizer que estas também 
não possam errar. Podem, porém com uma margem de erro menor, pois, quanto mais pessoas 
puderem ter acesso à decisão para reexaminá-la, melhor para a sociedade, que se sente mais 
segura, mais protegida e livre do arbítrio de uma só pessoa. Trata-se da adoção do princípio da 
certeza jurídica. 
Imagine, em nossa vida pessoal, fazermos uma consulta ao médico e nos submetermos a 
determinados exames e, ao recebermos o resultado, descobrirmos que estamos contaminados 
por determinada doença incurável! Com certeza, não vamos acreditar e, diante da possibilidade 
de erro, vamos fazer outro exame com outro médico, pois vários são os casos de pacientes que 
recebem exames trocados em um hospital ou clínica. Assim é nosso comportamento diante da 
decisão judicial. Há um total inconformismo (Rangel, 2018). 
MADEIRA destaca que a irresignação é da natureza humana; diante desse 
pressuposto, basicamente dois mecanismos de impugnação de decisão 
judiciais foram criados: os recursos e as ações autônomas. “A diferença 
básica entre ambos os mecanismos está na formação de nova relação 
jurídico processual ou não. Enquanto os recursos não dão origem a nova 
relação jurídico processual, as ações autônomas impugnativas sim”. 
A irresignação é da natureza humana. Não se conformar com 
determinada decisão é natural da alma humana. Bem por isso 
foram desenvolvidos mecanismos para a impugnação das decisões. 
Há, basicamente, dois mecanismos de impugnação das decisões 
judiciais, os recursos e as ações autônomas impugnativas. 
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recursosrecursos
ações autônomasações autônomas
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Os recursos são meios voluntários de impugnação das decisões, utilizados antes da preclusão e 
na mesma relação jurídica, aptos a propiciar a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a 
integração da decisão. 
Já as ações autônomas de impugnação, que também funcionam como meio para impugnação de 
decisões judiciais, dão origem a uma nova relação jurídica, com processo e procedimento 
próprio. Podem ser utilizadas antes da formação da coisa julgada, como os recursos, mas também 
podem ser utilizadas após o trânsito em julgado, o que ocorre, por exemplo, na revisão criminal 
(Dezem, 2018). 
“Os recursos se distinguem das ações autônomas de impugnação que, segundo os critérios do direito posto, 
servem à impugnação de decisões judiciais, mas dão causa a um novo processo, com procedimento e relação 
jurídica processual próprios” (Gomes Filho, et al., 2018). 
1.3 NATUREZA JURÍDICA 
São três as correntes doutrinárias que se prestam a definir a natureza jurídica dos recursos: 
➢ recurso como desdobramento do direito de ação ou de defesa: sendo um desdobramento, o recurso 
representa a continuação da relação jurídica processual (dentro do mesmo processo) em razão do 
inconformismo de uma das partes quanto ao teor do provimento jurisdicional obtido. Segundo a 
doutrina, é a visão majoritária, embora seja alvo de críticas. 
As críticas a essa posição são as mais amplas, ao argumento de que ela incorre em mais de um 
desvio de perspectiva: 
o primeiro seria o de confundir o direito de obter tutela jurisdicional com o exercício da ação 
penal, que, por sua vez, não seria assimilado pelo conceito de direito subjetivo. Isso porque a 
ação penal em si não seria um direito, mas simplesmente um agir, não obstante exista o direito 
subjacente de obtenção de pronunciamento judicial válido; 
o segundo desvio de perspectiva é que esse “desdobramento do direito de ação” não é bem 
ajustado quando o recurso é manejado pelo acusado que restou vencido na ação penal 
condenatória, ainda que se utilize do artifício de que ele, ao prolongar a “reação” à ação penal, 
está a prosseguir com o seu “direito” de ação com sinal negativo. 
Sem embargo, a trajetória do recurso perpetua no tempo e no espaço o direito que foi deflagrado 
com a apresentação da inicial acusatória ou, de outro lado, manifesta o exercício defensivo, em 
segundo grau de jurisdição, através da resistência oposta pelo sucumbente contra o conteúdo 
da decisão guerreada (Távora, 2017). 
Adepto dessa visão, juntamente a outros renomados juristas como Ada Pellegrini Grinover e José Frederico 
Marques, PAULO RANGEL assevera: 
Entendemos que a natureza jurídica do recurso é ser ele um novo procedimento dentro da 
mesma relação jurídica processual, porém, agora, em fase recursal. Não há novo processo, pois 
não confundimos este com procedimento. Há, sim, um prolongamento da instância, com o 
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exercício ao duplo grau de jurisdição. Trata-se do mesmo processo, porém com um novo 
procedimento. O inesquecível Florêncio de Abreu, na obra citada acima, dizia: O direito ao 
recurso não é um direito autônomo, mas um desdobramento, uma continuação do direito 
exercido ou exercitável na ação já posta em movimento no juízo penal (Rangel, 2018). 
➢ recurso como nova ação dentro do processo: segundo essa visão, o recurso não representaria um 
desdobramento da relação jurídica já instaurada, mas uma nova ação no mesmo processo. “Assim, 
para os que defendem esta corrente, as pretensões são diversas: na ação, o direito com base num 
fato; no recurso, com fundamento numa sentença que se ataca” (Rangel, 2018). 
Por outro lado, TÁVORA pontua: “No entanto, afirmar que se trata de ação um ato processual que se interpõe 
em ação já em curso, encobre a essência do recurso em si, que é o desdobramento de relação preexistente, 
e não a deflagração de uma nova ação” (Távora, 2017). 
➢ recurso como meio destinado a obter reforma de uma decisão: essa corrente adota uma visão ampla 
de recurso. Para ela, qualquer meio eficaz para buscar a reforma de uma decisão constituiria um 
recurso. Uma revisão criminal ou mesmo um hábeas corpus poderiam ser compreendidos como 
recursos (por essa maneira de pensar). 
Apesar destas três posições, prevalece a que vê nos recursos manifestação do direito de ação (ou 
de defesa) exercido dentro do próprio processo. Além de Ada Pellegrini Grinover, Antonio 
Scarance Fernandes e Antonio Magalhães Gomes Filho, também seguem esta posição José 
Frederico Marques, Giovanni Leone e Aury Lopes Jr. Na doutrina estrangeira esta também é a 
posição prevalente. Assim, por exemplo, na doutrina espanhola esta é a posição de José María 
Rifá Soler, Manuel Richard González e Iñaki Riaño Bruno (Dezem, 2018). 
Doutrina Complementar 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Recurso é a providência legal 
imposta ao juiz ou concedida à parte interessada, consistente em um meio de se obter nova apreciação 
da decisão ou situação processual, com o fim de corrigi-la, modificá-la ou confirmá-la. Trata-se do meio 
pelo qual se obtém o reexame de uma decisão. [...] Em consonância com esta origem etimológica, 
podemos afirmar que: assim como o processo indica movimento para a frente, o recurso denota 
movimentopara trás. O juiz, para decidir, acompanha pari passu o andamento da causa desde o seu início 
até sua conclusão, examinando, do começo para o fim, todos os atos e termos do processo. Quando a 
parte vencida não se conforma com a decisão, pede à instância superior um novo exame da causa, e esse 
pedido constitui o recurso, assim denominado porque o julgador a que se recorre como que deve 
retroceder no exame do processo, voltando para trás a fim de fazer um novo estudo do processo e proferir 
uma nova decisão”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “Em razão do grande número de recursos existentes na legislação nacional, torna-se tarefa árdua 
estabelecer um conceito capaz de abranger todas as nuances dessa pluralidade de instrumentos 
jurídicos. Dentre os vários conceitos existentes, o que nos parece mais adequado é o seguinte: o recurso 
é um meio processual de impugnação, voluntário ou obrigatório, utilizado antes da preclusão, apto a 
propiciar um resultado mais vantajoso na mesma relação jurídica processual, decorrente de reforma, 
invalidação, esclarecimento ou confirmação. A finalidade dos recursos é o reexame de uma decisão por 
órgão jurisdicional superior ou, em alguns casos, pelo mesmo órgão que a prolatou, em face da 
argumentação trazida à baila pelo recorrente”. 
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NORBERTO AVENA (Processo Penal, 9ª edição, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017). “Conforme 
ensina E. Magalhães Noronha, por recurso compreende-se “a providência legal imposta ao juiz ou 
concedida à parte interessada, objetivando nova apreciação da decisão ou situação processual, com o 
objetivo de Corrigi-la, modi-ficá-la ou confirmá-la”. Nada mais é, enfim, do que o reexame de uma decisão”. 
AURY LOPES JR. (Direito processual penal, 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “A partir do momento em que 
se estabelece o processo como um sistema heterônomo de reparto, com um terceiro imparcial como 
poderes decisórios, supraordenado às partes e, portanto, ocupando uma posição fundante da estrutura 
dialética (actum trium personarum – Búlgaro), nasce, como consequência lógica, a necessidade de 
permitir-se o reexame daquela decisão. [...]o conceito de recurso vincula-se à ideia de ser um meio 
processual através do qual a parte que sofreu o gravame solicita a modificação, no todo ou em parte, ou 
a anulação de uma decisão judicial ainda não transitada em julgado, no mesmo processo em que ela foi 
proferida. Excepcionalmente, o recurso pode não ser um ato de parte, senão do ofendido, que venha ao 
processo como assistente não habilitado, exclusivamente para recorrer. O que não se pode admitir é tratar 
como recurso – em sentido próprio – os chamados reexames necessários (no nosso sistema, ainda 
denominados recurso de ofício), previstos no art. 574 do CPP”. 
RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “Tecnicamente, recurso é o 
meio ou instrumento jurídico de impugnação formal das decisões judiciais. Trata-se de faculdade 
conferida à parte, com o objetivo de permitir que, atendidos os requisitos legais, seja determinada decisão 
submetida, total ou parcialmente, à reapreciação de outro órgão judicial de hierarquia superior. Em 
determinados tipos de recursos, o próprio órgão prolator da decisão será instado a reexaminá-la, quando 
então poderá, ele mesmo, mantê-la ou modificá-la. A possibilidade de interpor recurso surge com a 
prolação da decisão impugnável e configura desdobramento jurídico, lógico e natural do direito de ação; 
do direito de postular em juízo com o objetivo de obter a satisfação de um direito lesado ou ameaçado de 
lesão”. 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Os recursos estão 
fundamentados na necessidade psicológica do vencido, na falibilidade humana e no combate ao arbítrio. 
João Monteiro anota que “todo recurso para juiz superior (provocatio dos romanos) corresponde e satisfaz 
a uma tendência irresistível da natureza humana; é a expressão legal do instinto que leva todo homem a 
não se sujeitar, sem reação, ao conceito ou sentença do primeiro censor ou juiz”. Observa também 
Tourinho Filho que, “sabendo os Juízes que suas decisões poderão ser reexaminadas, procurarão eles ser 
mais diligentes, mais estudiosos, procurando fugir do erro e da má-fé. Somente tal circunstância seria 
suficiente para se justificar o recurso. Não houvesse a possibilidade do reexame, os Juízes, muitas e muitas 
vezes, se descuidariam, decidiriam sem maior meticulosidade, pois estariam seguros de que seu erro, sua 
displicência, sua má-fé não seriam objeto de censura pelos órgãos superiores”. – Base constitucional: a 
existência dos recursos tem sua base jurídica no próprio Texto Constitucional, quando este organiza o 
Poder Judiciário em graus diferentes de jurisdição (Título IV – “Da Organização dos Poderes” –, Capítulo III 
– “Do Poder Judiciário” –, arts. 92, 93, III, e 125, § 3º), bem como quando estabelece atribuição 
primordialmente recursal para os tribunais (arts. 102, II e III, 105, II e III, e 108, II). Portanto, se os tribunais se 
destinam a julgar recursos, e se existem instâncias superiores revisoras de decisões, a Constituição 
pressupõe claramente a existência dos recursos”. 
2. PRINCÍPIOS 
2.1 DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
O duplo grau de jurisdição costuma ser visto como uma decorrência do devido processo legal, disposto no 
art. 5º, LV da Constituição Federal: 
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LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Trata-se da possibilidade/garantia da parte de ver rediscutida a matéria fática e de direito por órgão do Poder 
Judiciário hierarquicamente superior àquele que proferiu o pronunciamento jurisdicional vergastado. 
A par da ponderação dos valores da justiça e da segurança jurídica, a doutrina tende a buscar 
argumentos que fundamentem a existência de um sistema recursal. São, assim, citados como 
“fundamentos dos recursos”: 
a) a própria natureza falível do ser humano, e do juiz enquanto tal, não estando isento de 
equívocos; 
b) a necessidade psicológica do homem de ver reapreciada uma decisão desfavorável. Em 
qualquer ramo da atividade humana, a pessoa é vulnerável às dúvidas, sobretudo quando se 
trata do desenvolvimento dos atos judiciais, restando necessário o reexame da questão, através 
do recurso, para suprir as desconfianças naturais do indivíduo; 
c) certa coação psicológica sobre o juiz de grau inferior, que o levaria a “julgar melhor”, sabedor 
da possibilidade de sua decisão ser reexaminada por um órgão superior. Esse fator faz com que 
o julgador seja mais diligente na hora de proferir sua decisão, levando-o a se afastar do erro e do 
arbítrio, bem como o impulsionando à pesquisa e constante aperfeiçoamento para evitar a 
censura do órgão jurisdicional superior; 
d) a possibilidade de a causa ser julgada por um órgão colegiado, formado por juízes de maior 
experiência e saber jurídico. Embora esse fundamento não represente a certeza de melhor 
prestação jurisdicional, não é menos verdade que a vivência alcançada pelos anos oferece uma 
confortável garantia ao recorrente de que a decisão pronunciada na instância superior se 
adequará aos verdadeiros ditames da justiça; 
e) razões históricas (Bonfim, 2013). 
O princípio do duplo grau de jurisdição não é previsto expressamente na Carta Magna, 
fato esse que enseja dissenso doutrinário a respeito de seu fundamento existencial. Para 
TÁVORA, “por tal razão, a afirmação desse princípio é de ser compreendida como de cunho 
histórico,tradição de uma política legislativa que encontra sua raiz nos ideais da Revolução 
Francesa e que se espraiaram na cultura forense brasileira” (Távora, 2017). 
Por outro enfoque, o autor reconhece: 
Parte da doutrina, contudo, entende que o duplo grau de jurisdição é princípio constitucional 
implícito, levando em consideração o sistema como um todo, a partir de sua previsão na 
Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), ratificada pelo 
Brasil em 1992. 
Nesse sentido, Grinover, Scarance e Gomes Filho – embora reconhecendo que o princípio do 
duplo grau, previsto explicitamente na Constituição do Império (art. 158, da Carta de 1824), não 
vem mais expresso na Constituição vigente –, sustentam que se cuida “de regra imanente na Lei 
Maior, que, como as anteriores, prevê não apenas a dualidade de graus de jurisdição, mas até 
um sistema de pluralidade deles”. Desse modo, concluem os autores, é possível afirmar “que a 
garantia do duplo grau, embora só implicitamente assegurada pela Constituição brasileira, é 
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princípio constitucional autônomo, decorrente da própria Lei Maior, que estrutura os órgãos da 
chamada jurisdição superior” (Távora, 2017). 
Nesse mesmo sentido pondera BRASILEIRO, que complementa: 
Para além do fato de ser o recurso um aspecto, elemento, ou modalidade do próprio direito de 
ação e de defesa, parte considerável da doutrina entende que a palavra “recursos” inserida no 
inciso LV do art. 5º da Constituição Federal foi utilizada pelo constituinte originário em seu 
sentido técnico-jurídico. Ademais, a própria previsão constitucional que estabelece que os 
tribunais são dotados de competência originária e em grau de recurso seria uma demonstração 
evidente da constitucionalidade do duplo grau de jurisdição. 
De todo modo, mesmo que não se empreste dignidade constitucional ao duplo grau de jurisdição, 
certo é que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos o assegura de maneira expressa 
em seu art. 8º, § 2º, ‘h’, segundo o qual toda pessoa acusada de delito tem direito de recorrer da 
sentença para juiz ou tribunal superior. É bem verdade que o duplo grau de jurisdição também 
está previsto no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (art. 9º, § 5º). Ocorre que, 
diferentemente da restrição aí concebida (‘em conformidade com a lei’), o Pacto de São José da 
Costa Rica (art. 8º, § 2º, ‘h’) garante o mesmo direito de forma ampla e irrestrita. Logo, por força 
do princípio pro homine, segundo o qual, em matéria de direitos humanos, deve sempre 
prevalecer a norma mais favorável, é a Convenção Americana que deve ter incidência, por se 
tratar de norma mais benéfica (Lima, 2017). 
Imperioso registrar que, não obstante haja essa previsão em convenções 
internacionais, o princípio do duplo grau de jurisdição possui limitações ou 
exceções. Um claro exemplo de mitigação desse princípio diz respeito aos 
processos julgados em sede de foro por prerrogativa de função, como já foi decidido 
pelo STF no RHC 79.785/RJ, cuja leitura (do julgado), aliás, é de todo oportuna. 
Tal conclusão não ressoa incongruente, na medida em que, se a prerrogativa de função tem o 
condão de qualificar o julgamento daquelas pessoas que ocupam cargos públicos relevantes 
(julgadas que são por magistrados com maior conhecimento técnico e experiência, em 
composição colegiada mais ampla), não haveria sentido exigir-se duplo grau de jurisdição, cuja 
essência, além da possibilidade de revisão da decisão proferida por órgão jurisdicional distinto, 
é exatamente a mesma que subjaz ao foro especial, qual seja, o exame do caso por magistrados 
de hierarquia funcional superior, em tese mais qualificados e experientes (Lima, 2017). 
Sobre o ponto, AURY LOPES JUNIOR complementa: 
Há, nesses casos, um completo esvaziamento da garantia do duplo grau de jurisdição em 
benefício da prerrogativa funcional e do julgamento originário por um órgão colegiado. Mas isso 
é constitucional? Prevalece o entendimento de que a Constituição não consagra expressamente 
o duplo grau de jurisdição, mas sim os casos em que haverá julgamento originário pelos tribunais, 
podendo haver, portanto, uma restrição à garantia que decorre da CADH (cujo caráter 
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“supralegal” a coloca abaixo da Constituição). Ademais, ainda que o duplo grau fosse consagrado 
no texto constitucional, poderia haver a supressão ou limitação pelo próprio sistema 
constitucional. FERREIRA MENDES explica que o próprio modelo jurisdicional positivado na 
Constituição afasta a possibilidade de aplicação geral do princípio do duplo grau de jurisdição. 
Prossegue o autor, esclarecendo que “se a Constituição consagra a competência originária de 
determinado órgão judicial e não define o cabimento de recurso ordinário, não se pode cogitar 
de um direito ao duplo grau de jurisdição, seja por força de lei, seja por força do disposto em 
tratados e convenções internacionais”. Importante esclarecer, na lição acima, que quando o 
autor se refere ao não cabimento de recurso ordinário, está fazendo alusão à categoria 
doutrinária de recurso ordinário, ou seja, àqueles meios de impugnação que têm por objeto 
provocar um novo exame (total ou parcial) do caso penal, alcançando tanto as matérias de direito 
como também fáticas. Logo, quando o imputado é julgado originariamente por um tribunal, 
eventual recurso será “extraordinário”, na medida em que os tribunais superiores somente 
podem entrar no exame da aplicação da norma jurídica efetuada pelo órgão inferior, ou seja, um 
juízo limitado ao aspecto jurídico da decisão impugnada (Júnior, 2018). 
De todo modo, é certo que, recentemente, o foro por prerrogativa de função foi fortemente limitado pelo 
Supremo Tribunal Federal2, mas ainda subsiste e evidencia uma clara limitação ao princípio em voga. 
Na lição de MADEIRA, o “duplo grau de jurisdição acaba por contrapor dois outros princípios: o princípio da 
justiça e o princípio da certeza jurídica”. 
De acordo com o princípio da justiça, quanto mais se examinar uma decisão, mais próximos 
estaremos da distribuição da justiça. Assim, haveria estímulo a um contínuo aprimoramento da 
decisão, pela sua revisão constante. Já quanto ao princípio da certeza jurídica, impõe-se a 
brevidade do processo, a exigir que a decisão seja proferida sem procrastinações inúteis. 
Contudo é de se observar que não necessariamente haverá maior justiça pela maior quantidade 
de reanálises da decisão e não necessariamente quanto mais rápido durar o feito mais justa será 
a decisão. Deve-se buscar equilíbrio entre tais princípios, visando-se sempre a melhor decisão 
sem prolongar demasiadamente o andamento processual (Dezem, 2018). 
Doutrina Complementar 
AURY LOPES JR. (Direito processual penal, 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018) “O princípio do duplo grau de 
jurisdição traz, na sua essência, o direito fundamental de o prejudicado pela decisão poder submeter o 
caso penal a outro órgão jurisdicional, hierarquicamente superior na estrutura da administração da 
justiça. Além de garantir a revisão da decisão de primeiro grau, também compreende a proibição de que 
o tribunal ad quem conheça além daquilo que foi discutido em primeiro grau, ou seja, é um impedimento 
 
 
2 Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o foro por prerrogativa 
de função conferido aos deputados federais e senadores se aplica apenas a crimes cometidos no exercício 
do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. 
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à supressão de instância.[...]O fundamento do sistema recursal gira em torno de dois argumentos: 
falibilidade humana e inconformidade do prejudicado (até porque consciente da falibilidade do julgador). 
A possibilidade de revisão das decisões surge, explica ZANOIDE DE MORAES, numa primeira aproximação, 
como forma de se melhorarem os provimentos jurisdicionais através de nova apreciação do problema 
inicialmente discutido. Logo, o fundamento dos recursos passa, sintetiza HINOJOSA SEGOVIA, pelo 
reconhecimento da falibilidade humana, pois se considera que os juízes podem errar ao aplicar ou 
interpretar a lei – processual ou material –, sendo conveniente (se não imprescindível) que as partes 
tenham a possibilidade de solicitar, no próprio processo, que a decisão proferida seja modificada, ou pelo 
mesmo órgão jurisdicional que a elaborou, ou por um órgão superior, colegiado e mais experiente, como 
garantia de uma melhor ponderação das questões. Outro argumento importante é o da “ampliação da 
visibilidade” sobre o processo. Os recursos permitem uma visibilidade compartilhada, uma multiplicidade 
de olhares ao julgar, como bem destaca POZZEBON. Essa ampliação de visibilidade também contribui 
para uma ampliação da legitimidade e reforça a confiabilidade das decisões. E, principalmente, a 
existência dos recursos obedece a razões não de política legislativa, senão de índole constitucional, na 
medida em que representam desdobramentos do devido processo e do direito de defesa”. 
RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “O exercício da ampla defesa 
traz consigo a possibilidade de recorrer a órgãos de superior instância judiciária visando nova apreciação 
da matéria decidida, tal como se extrai da Constituição Federal vigente e está disciplinado no regramento 
inferior. Muito embora atenda à necessidade de satisfação da parte perdedora, naturalmente irresignada, 
o duplo grau de jurisdição não se presta à eternização de demandas judiciais, de modo a violar, inclusive, 
os princípios da duração razoável do processo e da segurança jurídica, de fundamental importância na 
estabilização do sistema judiciário e na pacificação social. Nada obstante o inconformismo da alma e do 
espírito – destino cruel de tantos infelizes – possa não ser superado em tempo algum, o duplo grau sofre 
limitações jurídicas, na medida em que o sistema recursal não permite a infinita reapreciação do meritum 
causae. Haverá um momento em que, embora cabível algum tipo de recurso, o mérito do processo não 
poderá ser rediscutido, conforme veremos ao analisar as espécies recursais, um pouco mais adiante. Há 
ainda limitação jurídica ao duplo grau de jurisdição imposta pela existência de foro privilegiado por 
prerrogativa de função. É o que ocorre, por exemplo, na situação em que um membro do Congresso 
Nacional é julgado e condenado por crime praticado no exercício do mandato, tendo em vista a 
competência originária do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I) e a impossibilidade de recurso 
ordinário a outro órgão superior dotado de competência jurisdicional na estrutura judiciária brasileira, 
porquanto inexistente. O fundamento político do duplo grau de jurisdição está no fato de que, no Estado 
de Direito, todo e qualquer ato estatal se encontra subordinado a controle jurisdicional, e não poderia ser 
de modo diverso em relação às decisões proferidas por determinado órgão judiciário, mesmo que em 
sede de controle interna corporis”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “A doutrina 
processual aduz, quase que de maneira unânime, que os recursos têm por fundamentos “a necessidade 
psicológica do vencido, a falibilidade humana do julgador e as razões históricas do próprio direito”, 
salientando que “a existência dos recursos tem sua base jurídica no próprio texto constitucional, quando 
este organiza o Poder Judiciário em duplo grau de jurisdição com a atribuição primordialmente recursal 
dos tribunais”. Na senda racionalista e iluminista, o “princípio do duplo grau dá maior certeza à aplicação 
do direito, com a proteção ou restauração do direito porventura violado e é por isso que se encontra 
assente nas legislações”. Uma correção de rumo se faz preciso: o duplo grau de jurisdição não é princípio 
sufragado na Constituição de 1988. Há processos penais onde esse duplo grau inexiste, tais como aqueles 
de competência originária do Supremo Tribunal Federal. A garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, 
CF/1988) e a enunciação que preconiza que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes” (art. 5º, LV, CF/1998), não induzem a existência do princípio do duplo grau de jurisdição a nível 
constitucional. Por tal razão, a afirmação desse princípio é de ser compreendida como de cunho histórico, 
tradição de uma política legislativa que encontra sua raiz nos ideais da Revolução Francesa e que se 
espraiaram na cultura forense brasileira. É o reconhecimento de que a revolução francesa efetivamente 
estabeleceu que uma decisão só transita em julgado quando possível o seu exame em dois juízos 
sucessivos. Como no Brasil temos a possibilidade de julgamento de recurso extraordinário pelo STF, bem 
como a apreciação de embargos infringentes de alguns julgados, pode-se entender pela multiplicidade 
ou pluralidade de graus de jurisdição, não apenas duplicidade. Parte da doutrina, contudo, entende que 
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o duplo grau de jurisdição é princípio constitucional implícito, levando em consideração o sistema como 
um todo, a partir de sua previsão na Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da 
Costa Rica), ratificada pelo Brasil em 1992. Nesse sentido, Grinover, Scarance e Gomes Filho – embora 
reconhecendo que o princípio do duplo grau, previsto explicitamente na Constituição do Império (art. 158, 
da Carta de 1824), não vem mais expresso na Constituição vigente”. 
Jurisprudência pertinente 
[...] O acesso à instância recursal superior consubstancia direito que se encontra incorporado ao 
sistema pátrio de direitos e garantias fundamentais. V - Ainda que não se empreste dignidade 
constitucional ao duplo grau de jurisdição, trata-se de garantia prevista na Convenção 
Interamericana de Direitos Humanos, cuja ratificação pelo Brasil deu-se em 1992, data posterior à 
promulgação Código de Processo Penal. VI - A incorporação posterior ao ordenamento brasileiro de 
regra prevista em tratado internacional tem o condão de modificar a legislação ordinária que lhe é 
anterior. VII - Ordem concedida. (HC 88420, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, 
julgado em 17/04/2007, DJe-032 DIVULG 06-06-2007 PUBLIC 08-06-2007 DJ 08-06-2007 PP-00037 
EMENT VOL-02279-03 PP-00429 LEXSTF v. 29, n. 345, 2007, p. 466-474) 
[...] I. Duplo grau de jurisdição no Direito brasileiro, à luz da Constituição e da Convenção Americana de 
Direitos Humanos. 1. Para corresponder à eficácia instrumental que lhe costuma ser atribuída, o duplo 
grau de jurisdição há de ser concebido, à moda clássica, com seus dois caracteres específicos: a 
possibilidade de um reexame integral da sentença de primeiro grau e que esse reexame seja confiado à 
órgão diverso do que a proferiu e de hierarquia superior na ordem judiciária. 2. Com esse sentido próprio 
- sem concessões que o desnaturem - não é possível, sob as sucessivas Constituições da República, erigir 
o duplo grau em princípio e garantia constitucional, tantas são as previsões, na própria Lei Fundamental, 
do julgamento de única instância ordinária, já na área cível, já, particularmente, na área penal. 3. A situação 
não se alterou, com a incorporação ao Direito brasileiro da Convenção Americana de Direitos Humanos 
(Pacto de São José), na qual,efetivamente, o art. 8º, 2, h, consagrou, como garantia, ao menos na esfera 
processual penal, o duplo grau de jurisdição, em sua acepção mais própria: o direito de "toda pessoa 
acusada de delito", durante o processo, "de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior". 4. 
Prevalência da Constituição, no Direito brasileiro, sobre quaisquer convenções internacionais, incluídas as 
de proteção aos direitos humanos, que impede, no caso, a pretendida aplicação da norma do Pacto de 
São José: motivação. II. A Constituição do Brasil e as convenções internacionais de proteção aos direitos 
humanos: prevalência da Constituição que afasta a aplicabilidade das cláusulas convencionais 
antinômicas. 1. Quando a questão - no estágio ainda primitivo de centralização e efetividade da ordem 
jurídica internacional - é de ser resolvida sob a perspectiva do juiz nacional - que, órgão do Estado, deriva 
da Constituição sua própria autoridade jurisdicional - não pode ele buscar, senão nessa Constituição 
mesma, o critério da solução de eventuais antinomias entre normas internas e normas internacionais; o 
que é bastante a firmar a supremacia sobre as últimas da Constituição, ainda quando esta eventualmente 
atribua aos tratados a prevalência no conflito: mesmo nessa hipótese, a primazia derivará da Constituição 
e não de uma apriorística força intrínseca da convenção internacional. 2. Assim como não o afirma em 
relação às leis, a Constituição não precisou dizer-se sobreposta aos tratados: a hierarquia está ínsita em 
preceitos inequívocos seus, como os que submetem a aprovação e a promulgação das convenções ao 
processo legislativo ditado pela Constituição e menos exigente que o das emendas a ela e aquele que, em 
consequência, explicitamente admite o controle da constitucionalidade dos tratados (CF, art. 102, III, b). 3. 
Alinhar-se ao consenso em torno da estatura infraconstitucional, na ordem positiva brasileira, dos tratados 
a ela incorporados, não implica assumir compromisso de logo com o entendimento - majoritário em 
recente decisão do STF (ADInMC 1.480) - que, mesmo em relação às convenções internacionais de 
proteção de direitos fundamentais, preserva a jurisprudência que a todos equipara hierarquicamente às 
leis ordinárias. 4. Em relação ao ordenamento pátrio, de qualquer sorte, para dar a eficácia pretendida à 
cláusula do Pacto de São José, de garantia do duplo grau de jurisdição, não bastaria sequer lhe conceder 
o poder de aditar a Constituição, acrescentando-lhe limitação oponível à lei como é a tendência do relator: 
mais que isso, seria necessário emprestar à norma convencional força ab-rogante da Constituição mesma, 
quando não dinamitadoras do seu sistema, o que não é de admitir. III. Competência originária dos 
Tribunais e duplo grau de jurisdição. 1. Toda vez que a Constituição prescreveu para determinada causa a 
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competência originária de um Tribunal, de duas uma: ou também previu recurso ordinário de sua decisão 
(CF, arts. 102, II, a; 105, II, a e b; 121, § 4º, III, IV e V) ou, não o tendo estabelecido, é que o proibiu. 2. Em tais 
hipóteses, o recurso ordinário contra decisões de Tribunal, que ela mesma não criou, a Constituição não 
admite que o institua o direito infraconstitucional, seja lei ordinária seja convenção internacional: é que, 
afora os casos da Justiça do Trabalho - que não estão em causa - e da Justiça Militar - na qual o STM não 
se superpõe a outros Tribunais -, assim como as do Supremo Tribunal, com relação a todos os demais 
Tribunais e Juízos do País, também as competências recursais dos outros Tribunais Superiores - o STJ e o 
TSE - estão enumeradas taxativamente na Constituição, e só a emenda constitucional poderia ampliar. 3 
.À falta de órgãos jurisdicionais ad qua, no sistema constitucional, indispensáveis a viabilizar a aplicação 
do princípio do duplo grau de jurisdição aos processos de competência originária dos Tribunais, segue-se 
a incompatibilidade com a Constituição da aplicação no caso da norma internacional de outorga da 
garantia invocada. (RHC 79785, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 
29/03/2000, DJ 22-11-2002 PP-00076 EMENT VOL-02092-02 PP-00280 RTJ VOL-00183-03 PP-01010) 
Superior Tribunal de Justiça 
[...] A jurisprudência dos tribunais superiores não reconhece incidência do direito ao duplo grau de 
jurisdição em julgamentos proferidos em ações penais de competência originária dos Tribunais. Tal 
compreensão não ressoa incongruente, na medida em que, se a prerrogativa de função tem o condão de 
qualificar o julgamento daquelas pessoas que ocupam cargos públicos relevantes (julgadas que são por 
magistrados com maior conhecimento técnico e experiência, em composição colegiada mais ampla), não 
haveria sentido exigir-se duplo grau de jurisdição, cuja essência, além da possibilidade de revisão da 
decisão proferida por órgão jurisdicional distinto, é exatamente a mesma que subjaz ao foro especial, qual 
seja, o exame do caso por magistrados de hierarquia funcional superior, em tese mais qualificados e 
experientes. Assim, como diz um velho brocardo jurídico, "aquele que usufrui do bônus, deve arcar com o 
ônus". Precedentes. [...] (EDcl no REsp 1484415/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 
julgado em 03/03/2016, DJe 14/04/2016) 
2.2 UNIRRECORRIBILIDADE 
Também denominado de princípio da singularidade ou unicidade, traduz a ideia de que para cada específica 
decisão cabe apenas um recurso, não sendo admissível a interposição de dois (ou mais) recursos da mesma 
parte da decisão. Regra geral, para cada decisão (recorrível) admite-se a interposição de um único recurso. 
Para a doutrina, esse princípio é evidenciado pelo art. 593, § 4º do CPP, ao dispor sobre a não possibilidade 
de manejo do recurso em sentido estrito quando cabível apelação: 
§ 4º Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que 
somente de parte da decisão se recorra. 
Exemplo claro deste princípio se dá na hipótese prevista no art. 593, § 4.º, do CPP: quando cabível 
a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da 
decisão se recorra. Assim, se dentro de uma sentença absolutória ou condenatória, o juiz proferir 
decisão da qual caiba recurso em sentido estrito, o recurso cabível será a apelação, ainda que 
somente desta parte da decisão se deseje recorrer. Há, entretanto, exceções: 
a) a primeira delas refere-se ao recurso extraordinário e recurso especial. Desde que cabíveis, 
um deverá ser interposto para a parte constitucional e outro para a parte infraconstitucional. 
Desta forma seria admissível neste caso dois recursos contra uma única decisão, qual seja, o 
acórdão. 
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b) Embargos infringentes para a parte não unânime e recursos extraordinários para a parte 
unânime da decisão recorrida. Comumente citada como tranquila exceção ao princípio da 
unirrecorribilidade, ocorreria quando a decisão do tribunal tem uma parte não unânime e uma 
parte unânime, sendo então cabível interpor simultaneamente os embargos infringentes contra 
a não unânime e o recurso extraordinário contra a parte unânime (parte constitucional). Porém, 
tal exceção é duvidosa, por força do art. 498 do CPC/1973, que prevê o sobrestamento do prazo 
para recurso extraordinário se forem interpostos embargos infringentes (Dezem, 2018). 
Os recursos especial (ao STJ) e extraordinário (ao STF) representam situação pontual dentro do princípio da 
singularidade, porquanto é admitida a interposição de ambos em face de uma mesma decisão, caso ela 
contrarie, concomitantemente, lei federal/tratado (art. 105, III, “a” da CF) e dispositivo da ConstituiçãoFederal (art. 102, III, “a” da CF), respectivamente. 
Para BONFIM, esse caso retrata verdadeira exceção ao princípio, juntamente à hipótese de desistência de um 
recurso para interposição de outro: 
Esse princípio, contudo, é excepcionado em duas circunstâncias: 
a) pela própria legislação. É exemplo em que há previsão da interposição concomitante de mais 
de um recurso: a interposição simultânea de recurso extraordinário e de recurso especial, caso o 
acórdão contrarie, a um só tempo, preceito constitucional e lei federal; 
b) pelo princípio da variabilidade dos recursos, que faculta à parte a desistência de um recurso 
para a interposição de outro (Bonfim, 2013). 
Não enxergando propriamente uma exceção, muitos defendem que a singularidade prega um único recurso 
para cada parte (ou capítulo) da decisão. Assim, na parte que viola a lei federal caberia o recurso especial; 
na parte que viola norma constitucional caberia o extraordinário. 
Parcela da doutrina afirma que não se trata de exceção à unirrecorribilidade na medida em que 
o recurso é cabível de capítulos distintos da sentença ou do acórdão. Neste sentido é a posição 
de Ada Pelegrini Grinover, Antonio Scarance Fernandes e Antonio Magalhães Gomes Filho bem 
como de Badaró. Assim, no caso de recurso extraordinário e de recurso especial haverá dois 
recursos sobre partes distintas da decisão, de forma que não se falar em violação à unicidade 
para esta parcela da doutrina. 
É importante notar que não se fala em exceção quando mais de uma parte recorre da sentença. 
Assim, caso haja recurso tanto pela acusação quanto pela defesa não haverá exceção à 
unirrecorribilidade, pois esta se refere à mesma parte apresentando mais de um recurso contra 
uma mesma decisão (Dezem, 2018). 
Questão interessante seria a seguinte: o princípio da singularidade permite um único recurso para impugnar 
mais de uma decisão judicial❓ 
Permite. O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de que isso não é comum, mas não 
haveria qualquer impedimento legal a essa prática no ordenamento jurídico. 
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PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. INTERPOSIÇÃO DE UM 
ÚNICO RECURSO PARA ATACAR DUAS DECISÕES DISTINTAS. POSSIBILIDADE. [...] 2. O princípio da 
singularidade, também denominado da unicidade do recurso, ou unirrecorribilidade consagra a 
premissa de que, para cada decisão a ser atacada, há um único recurso próprio e adequado 
previsto no ordenamento jurídico. 3. O recorrente utilizou-se do recurso correto (respeito à 
forma) para impugnar as decisões interlocutórias, qual seja o agravo de instrumento. 4. O 
princípio da unirrecorribilidade não veda a interposição de um único recurso para impugnar 
mais de uma decisão. E não há, na legislação processual, qualquer impedimento a essa prática, 
não obstante seja incomum. 5. Recurso especial provido. (REsp 1112599/TO, Rel. Ministra 
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/08/2012, DJe 05/09/2012) 
Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “(Também 
denominado de princípio da singularidade ou princípio da unicidade): cada espécie de decisão judicial, 
em regra, comporta um único recurso, sendo ônus da parte escolher o recurso adequado para que haja 
seu reexame. O princípio da unirrecorribilidade ou da singularidade recursal expressa que a parte não 
pode manejar mais de um recurso para vergastar a mesma decisão. A concomitância de recurso pode ser 
possível quando a sentença aprecie ao mesmo tempo questões distintas. Com efeito, excepcionalmente 
uma mesma decisão pode comportar mais de um recurso. É o que ocorre, por exemplo, com a 
possibilidade do manejo simultâneo do recurso especial ao STJ e do extraordinário ao STF, quando uma 
mesma decisão ofenda a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional. [...]A título de registro 
histórico, temos o exemplo da possibilidade que havia de interposição de protesto por novo júri (revogado 
pela Lei nº 11.689/2008) e de apelação para combater uma mesma sentença que condenasse o réu a mais 
de um crime, sendo apenado por um deles, isoladamente, a vinte anos ou mais de reclusão. No entanto, 
manejado o protesto por novo júri, a apelação que tivesse por objeto a porção abrangida pelo protesto 
restaria prejudicada, pelo que também aqui a exceção a unirrecorribilidade é aparente, eis que a 
concomitância recursal requer impugnações de capítulos diversos da mesma decisão”. 
VICENTE GRECO FILHO (Manual de processo penal, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “A unirrecorribilidade. A 
cada decisão corresponde um recurso. Atendendo o princípio, o art. 593, § 4º, exclui a possibilidade de 
interposição do recurso no sentido estrito se da decisão cabe apelação. Esta absorve aquele, porque nela 
a matéria será integralmente examinada. O fundamento, aliás, é a economia e a simplificação da forma. 
Assim, por exemplo, se o juiz, na sentença, cassa a fiança, a apelação abrangerá toda a matéria, a de mérito 
e a relativa à fiança. Se a cassação da fiança for decidida fora da sentença, o recurso cabível é o recurso no 
sentido estrito. Há exceções, porém, no caso de decisões complexas, com mais de um dispositivo, previstos 
expressamente em lei, porque a regra é a unirrecorribilidade. Os casos de recursos diferentes 
concomitantes são os seguintes: 1. apelação e protesto por novo júri se, na decisão do júri, um crime 
comporta o protesto, e outro não. A apelação aguardará a nova decisão decorrente do protesto; 2. o 
recurso ordinário constitucional, por parte da defesa, da decisão denegatória de habeas corpus, o recurso 
especial e o recurso extraordinário, por parte da acusação, se a denegação for parcial e houver 
fundamento nas hipóteses constitucionais; 3. o recurso de embargos infringentes, o especial e o 
extraordinário, se a decisão do tribunal, desfavorável ao réu, contiver parte não unânime e parte unânime 
que, em tese, possibilite os recursos aos Tribunais Superiores. Os embargos infringentes serão julgados 
em primeiro lugar, ficando os outros dois recursos aguardando essa decisão. Julgados os embargos, 
caberá outro recurso especial e outro extraordinário quanto à parte decidida nos embargos, se houver 
fundamento constitucional para isso”. 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Como regra geral, a 
lei prevê um único recurso adequado para a impugnação de uma decisão, não permitindo à parte interpor 
mais de um recurso da mesma decisão. Nesse sentido, dispõe o art. 593, § 4º, do CPP que não poderá ser 
usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra, quando cabível a 
apelação. Assim, de sentença condenatória em que tenha sido negada a suspensão condicional da pena 
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caberá apenas a apelação, ainda que da decisão denegatória do sursis caiba recurso em sentido estrito 
(art. 581, XI, do CPP)”. 
2.3 TAXATIVIDADE 
Os recursos devem estar expressamente previstos em lei. Dito de outra forma, não cabe às partes 
manifestarem seu inconformismo senão pelos meios expressamente admitidos. Isso é fundamental para a 
regularidade do procedimento e por segurança jurídica. Se não há recurso previsto não se exerce duplo grau; 
se existir, deverá a parte utilizar aquele que a lei aponta (princípio da correspondência). 
Exemplo: somente cabe recurso em sentido estrito das decisões previstas no art. 581 do CPP, ou 
seja, a lei possibilita às partes utilizar desse recurso somente naquelas hipóteses, taxativamente, 
previstas. Não podem as partes utilizar esse recurso para impugnar uma sentença condenatória 
(cf. art. 581 c/c 593, ambos do CPP) (Rangel,2017). 
A lei, portanto, deve prever a existência do instrumento de impugnação e especificar as hipóteses de seu 
cabimento. Não obstante, BONFIM registra: 
Esse princípio não impede a aplicação analógica nem a interpretação extensiva das normas 
processuais penais, como prevê o art. 3º do CPP. Assim, por exemplo, apesar de não haver 
previsão expressa, admite-se a interposição de recurso em sentido estrito da decisão que rejeita 
o pedido de aditamento da denúncia, embora essa hipótese não esteja incluída no rol do art. 581 
do CPP (Bonfim, 2013). 
Por outro lado, “somente lei federal pode dispor sobre recursos. A lei estadual não pode criar, no âmbito dos 
juizados especiais, recursos não previstos na lei federal. Do mesmo modo os regimentos internos dos 
Tribunais também não podem criar recursos não previstos em lei federal, conforme já decidiu o STF”. 
Não deixa de ser curioso, contudo, que o próprio STF atenue esta regra como, por exemplo, 
quando admite a manutenção dos embargos infringentes previsto apenas no Regimento Interno 
do STF e em nenhuma outra lei. No julgamento da Ação Penal 470/MG [´Mensalão´] o STF teve 
que analisar se os embargos infringentes previstos no regimento interno do STF, mas não na Lei 
8038/90 ainda teriam validade e concluiu, por maioria de votos, pela sua admissibilidade: 
“1. O art. 333, inciso I, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, que prevê o 
cabimento de embargos infringentes na hipótese, jamais foi revogado de modo expresso pela Lei 
8.038/1990. Tampouco existe incompatibilidade, no particular, entre os dois diplomas 
normativos. 2. Embora se pudesse, em tese, cogitar da revogação do dispositivo – em razão de a 
Lei 8.038/1990 haver instituído normas sobre o processamento da ação penal originária –, este 
nunca foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal. Ao contrário, há mais de uma dezena 
de pronunciamentos do Tribunal – em decisões monocráticas e acórdãos, de Turma e do Plenário 
– no sentido de que o art. 333 se encontra em vigor, inclusive no que diz respeito à ação penal 
originária. Tais pronunciamentos correspondem à razão de decidir expressamente adotada pela 
Corte e não podem ser simplesmente desconsiderados, como se nunca tivessem existido. 3. 
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Ademais, Projeto de Lei enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional, em 1998, com o fim 
específico de suprimir os embargos infringentes, foi expressamente rejeitado pela Casa 
Legislativa. Vale dizer: não só o STF, mas também os Poderes Executivo e Legislativo 
manifestaram o entendimento de que os embargos infringentes não foram revogados pela Lei 
8.038/1990. Em deliberação específica e realizada sem a pressão de um processo rumoroso, o 
Congresso Nacional tomou a decisão expressa de manter esse recurso na ordem jurídica. 4. 
Embora se possa cogitar da revogação dos embargos infringentes para o futuro, não seria 
juridicamente consistente a pretensão de fazê-lo na reta final de um processo relevante e 
emblemático como a Ação Penal 470. 5. Incidência dos princípios do Estado de Direito, da 
segurança jurídica, da legalidade e do devido processo legal, que impedem o Tribunal de ignorar 
dispositivo que sempre se considerou vigente a fim de abreviar o desfecho de processo penal 
determinado.” (STF, AP 470 AgR – vigésimo sexto/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 
17.02.2014) (Dezem, 2018). 
Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Para que seja 
possível o manejo de um recurso, é preciso que o ordenamento jurídico o preveja expressamente: o rol 
não é exemplificativo, porém numerus clausus; no processo penal, não se admite recurso inominado ou 
recurso de improviso. A previsão legal é condição necessária para que a decisão seja recorrível, e para que 
o recurso exista. Como adverte Mougenot, o princípio da taxatividade recursal não é óbice à aplicação 
analógica nem à interpretação extensiva das normas processuais penais, na esteira do que dispõe o art. 
3º, do Código. Daí ser admissível a interposição de recurso em sentido estrito contra decisão que rejeita o 
pedido de aditamento da denúncia, malgrado a hipótese não esteja incluída expressamente no rol do art. 
581, CPP, mas é depreendida a partir do enunciado que prevê o manejo desse meio recursal contra a 
decisão que rejeita a denúncia. Também, com base em interpretação sistemática extensiva, é que se 
admite a interposição de embargos infringentes e/ou de nulidade pela defesa contra decisões não 
unânimes proferidas por órgão colegiado de tribunal em sede de agravo em execução. Para tanto, leva-
se em conta que o agravo em execução (art. 197, LEP) foi instituído em substituição a várias hipóteses de 
interposição de recurso em sentido estrito (art. 581, CPP), razão pela qual são cabíveis os embargos 
infringentes e/ou de nulidade que, conforme o texto original do CPP, só poderiam ser opostos pela defesa 
contra decisões não unânimes prolatadas pelo tribunal quando de julgamento de apelação ou de recurso 
em sentido estrito (parágrafo único, do art. 609, CPP)”. 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Os recursos devem 
estar expressamente previstos em lei, não se admitindo que a parte requeira a reforma de uma decisão 
sem que haja previsão legal do meio impugnatório. A taxatividade, assim, fica caracterizada pela previsão 
de lei que enumera os recursos e define suas hipóteses de cabimento”. 
Jurisprudência pertinente 
[...] O Código de Processo Penal brasileiro não prevê o instituto do recurso adesivo, não cabendo, ao 
intérprete, ampliar as modalidades recursais além daquelas previstas em lei, em respeito ao princípio 
da taxatividade. [...] (REsp 1595636/RN, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
02/05/2017, DJe 30/05/2017) 
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2.4 FUNGIBILIDADE RECURSAL 
Imagine que, de determinada decisão judicial, o defensor do acusado tenha interposto o recurso “A”, 
quando, em verdade, deveria ter interposto o “B”. Segundo o princípio da fungibilidade, presentes 
determinados requisitos, o recurso incorreto poderá ser recebido e conhecido como se fosse o devido, 
evitando-se o prejuízo ao recorrente. A intenção é evitar que um excessivo rigorismo formal possa consolidar 
injustiças. 
Por vezes ganha outros nomes – princípio: do recurso indiferente, da permutabilidade dos recursos ou da 
conversibilidade dos recursos. 
Veja o que dispõe o art. 579 do Código de Processo Penal: 
Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso 
por outro. 
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela 
parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível. 
De antemão já se percebe o imprescindível para que se aplique a fungibilidade: a inexistência de má-fé. 
Significa dizer que o equívoco não pode ter sido praticado de maneira proposital ou deliberada. Todavia, é 
impraticável avaliar o ânimo subjetivo da parte recorrente. Dessa forma, para não fazer da parte inicial do 
art. 579 ‘letra morta’, a doutrina traz duas situações em que haveria presunção de má-fé: 
a) quando não for observado o prazo previsto em lei para o recurso adequado: caso a parte 
venha a interpor o recurso errado, porém o fazendo no prazo legal do recurso adequado, 
presume-se que agiu de boa-fé. Por outro lado, se, a título de exemplo, a parte sucumbente, 
diante da perda do prazo para eventual apelação – 5 (cinco) dias, nos termos do art. 593 do CPP 
–, interpor recurso extraordinário para tentar se beneficiar de seu prazo mais elástico – 15 
(quinze) dias –, afigura-se inviável a aplicação doprincípio da fungibilidade, porquanto presumida 
sua má-fé; 
b) erro grosseiro: a aplicação do princípio da fungibilidade só é possível quando houver dúvida 
objetiva sobre o recurso adequado, situação em que o ordenamento jurídico tolera a 
interposição do recurso inadequado, desde que dentro do prazo legal do recurso correto (Lima, 
2018). 
“Como se pode perceber, o princípio da fungibilidade não visa resguardar 
a parte do erro grosseiro do profissional, mas tão somente evitar que 
controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais quanto ao recurso adequado 
causem prejuízo ao recorrente” (Lima, 2017). 
Portanto, para que haja incidência da fungibilidade recursal, é necessária 
a ausência de má-fé no equívoco, ausência essa que se consubstancia no manejo do recurso dentro do prazo 
MÁ-FÉMÁ-FÉ
perda de 
prazo
perda de 
prazo
erro 
grosseiro
erro 
grosseiro
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referente ao recurso adequado e, ao mesmo tempo, na existência de dúvida objetiva quanto à espécie 
recursal apropriada ao caso. 
No mesmo sentido, dispõe TÁVORA, sem prejuízo de apresentar o teor da visão contrária sobre o assunto, 
mais flexível: 
Para a aplicação do princípio da fungibilidade é necessário que o prazo para o recurso correto 
não tenha sido extrapolado quando da interposição da impugnação equivocada. Em acréscimo, 
deve existir dúvida objetiva plausível para que haja o acatamento de um recurso por outro, que 
indique a existência de boa-fé do recorrente, não se aceitando o recurso que consubstancie 
equívoco grosseiro. Pensamos que devem ser exigidos simultaneamente ambos os requisitos, 
ficando evidenciada a má-fé com o ingresso de recurso de prazo maior no lugar de recurso com 
previsão de interposição em menor lapso. Essa a posição da doutrina e jurisprudência 
majoritária. 
Em sentido contrário, Denílson Feitoza se alinha à posição de Nelson Nery Júnior, para entender 
que o princípio da fungibilidade seria exceção ao princípio da preclusão, que não deve incidir 
quando inexistente erro grosseiro ou má-fé, razão pela qual “o recurso impróprio pode ser 
conhecido, mesmo sendo interposto fora do prazo do recurso próprio, desde que haja dúvida 
objetiva quanto ao recurso correto; o contrário significaria negar a própria existência do princípio 
da fungibilidade” (Távora, 2017). 
A fungibilidade recursal “somente se aplica no caso de recursos de fundamentação livre. Se o ato deveria ser 
impugnado por um recurso de fundamentação vinculada (apelação de sentença do tribunal do júri), e foi 
interposto em seu lugar um recurso de fundamentação livre (por exemplo, recurso em sentido estrito), não 
é possível conhecer o recurso errado no lugar do recurso certo, posto que não haverá impugnação nos limites 
estritos da fundamentação exigida para tal situação”. 
Aplicabilidade às ações autónomas de impugnação. Embora o art. 579 esteja localizado nas 
disposições gerais do Título dos Recursos em geral, como o Código trata, ser rigor científico, o 
habeas corpus e a revisão criminal, como recursos, é de se reconhecer a possibilidade de 
aplicação do princípio da fungibilidade recursal também em relação às ações autônomas de 
impugnação. Há muita semelhança entre o habeas corpus e o mandado de segurança. O 
mandado de segurança e o habeas corpus, guardadas suas diferenças, possuem a mesma 
natureza: trata-se de ações constitucionais, de rito expedito, que visam a garantir direitos 
fundamentais do indivíduo. Aliás, como é cediço, o mandado de segurança surgiu na legislação 
brasileira como um desdobramento das hipóteses de cabimento do habeas corpus. Como 
explicam Grinover, Magalhães Gomes Filho e Scarance Fernandes “dada a importância da tutela 
das liberdades e dos direitos fundamentais pela via potenciada das ações constitucionais, os 
tribunais têm admitido a impetração de um remédio pelo outro” (Gomes Filho, et al., 2018). 
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Doutrina Complementar 
VICENTE GRECO FILHO (Manual de processo penal, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “A fungibilidade. O art. 
579 prevê expressamente a possibilidade do conhecimento de um recurso por outro, desde que não haja 
má-fé, como foi explicado na exposição do pressuposto recursal adequação”. 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “A parte não será 
prejudicada pela interposição equivocada de um recurso por outro, desde que não haja má-fé ou erro 
grosseiro. Erro grosseiro, contudo, é conceito que a doutrina ainda não especificou claramente, havendo 
somente os precedentes jurisprudenciais que possam indicá-lo e o fato, a priori, de que haverá erro 
grosseiro toda vez que o recurso correto estiver expressamente indicado em lei e outro for o utilizado. Se 
o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de 
acordo com o rito do recurso cabível (art. 579 e parágrafo único do CPP). O recurso é remédio processual 
de efetivação do princípio do duplo grau de jurisdição, não podendo o recorrente sofrer gravame em razão 
da eleição inadequada do meio de impugnação, desde que evidente o equívoco e não decorra de má-fé. 
Questão controvertida diz respeito ao prazo para a interposição do recurso. Alguns autores entendem que 
o recurso impróprio só deve ser admitido caso tenha sido interposto dentro do prazo do recurso que era 
cabível. Do contrário, estaria evidenciada a má-fé do recorrente. Nesta situação, considera-se a fraude por 
parte do recorrente, uma vez que, esgotado o prazo, o indivíduo propositadamente interpõe outro recurso 
cujo prazo ainda não está vencido. Outra parte da doutrina, em contrapartida, entende que o recurso 
impróprio deve ser admitido, ainda que interposto fora do prazo do recurso cabível, desde que exista 
dúvida doutrinária e jurisprudencial quanto à matéria”. 
Jurisprudência pertinente 
[...] Embora seja possível receber os embargos de declaração como agravo regimental, quando tiverem 
caráter manifestamente infringente, a aplicação do princípio da fungibilidade recursal pressupõe a 
tempestividade do recurso interposto, o que não ocorre na espécie. Precedentes. [...] (AgRg nos EDcl no 
Ag 1366827/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 14/06/2011, DJe 28/06/2011) 
[...] PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INAPLICABILIDADE. ERRO GROSSEIRO. 1. Contra decisão que 
desclassifica o delito imputado ao réu e, como consequência, conclui pela incompetência do juízo, cabe 
recurso em sentido estrito. 2. A interposição, como na espécie, de apelação constitui erro grosseiro, o que 
impede a aplicação do princípio da fungibilidade. 3. Recurso especial improvido. (REsp 611.877/RR, Rel. 
Ministro OG FERNANDES, Rel. p/ Acórdão Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
17/04/2012, DJe 17/09/2012) 
[...] Como é cediço, prevalece no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de que, não 
obstante o princípio da fungibilidade recursal autorizar o recebimento de um recurso por outro, é 
indispensável que se observe o prazo do recurso correto, a existência de dúvida objetiva, bem como 
a não ocorrência de erro grosseiro. Dessa forma, cuidando-se de erro manifesto, uma vez que a hipótese 
retratada não é capaz de gerar qualquer tipo de dúvida objetiva sobre o recurso cabível, tem-se que não 
é possível aplicar ao caso o princípio da fungibilidade. [...] (RHC 42.394/SP, Rel. Ministro REYNALDO 
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 10/03/2016, DJe 16/03/2016) 
[...] A interposição de recurso ordinário em habeas corpus ao invés de recurso especial, contra acórdão 
proferido em sede de recurso em sentido estrito, configura erro grosseiro, apto a impedir a aplicação da 
fungibilidade. Precedentes. [...] (AgRg no RHC37.923/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 
SEXTA TURMA, julgado em 20/11/2014, DJe 12/12/2014) 
2.5 CONVOLAÇÃO 
Convolar significa mudar de um estado para outro – transformar. 
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Embora semelhante, esse princípio não deve ser confundido com a fungibilidade recursal. Por esta, um 
recurso indevido pode ser tomado e conhecido como se fosse o devido, aquele que realmente deveria ser 
interposto. O princípio da convolação, a seu turno, admite que a impugnação corretamente 
apresentada/interposta possa ser conhecida como se outra fosse, não porque equivocada, mas sim 
porquanto isso representa vantagem processual para o autor. 
Pelo princípio da convolação um recurso adequado pode ser recebido e processado como outro, com o fim 
de se evitar prejuízo ao recorrente ou propiciar o emprego da via impugnativa mais vantajosa ao acusado. 
É o que ocorre na hipótese em que, após o recolhimento do acusado à prisão em virtude do 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória, seu advogado ingresse com uma revisão 
criminal pleiteando o reconhecimento de nulidade absoluta do processo ab initio pelo fato de o 
decreto condenatório ter sido proferido por juízo absolutamente incompetente. Nesse caso, é 
plenamente possível que o Tribunal competente conheça da revisão criminal como se fosse um 
habeas corpus, haja vista a maior agilidade do procedimento do writ quando comparado com o 
da revisão criminal (Lima, 2017). 
Resumidamente, para diferenciar uma e outra, podemos pensar assim : 
Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Consiste na 
possibilidade de que um recurso manejado corretamente seja convolado em outro em virtude de se 
revelar mais útil ao recorrente, com viabilidade de maiores vantagens. A convolação se diferencia da 
fungibilidade porque para a aplicação deste princípio é necessário que o recurso tenha sido interposto 
erroneamente, enquanto a incidência da convolação pressupõe acerto na oferta da impugnação. 
Norberto Avena exemplifica esse princípio com o caso em que uma revisão criminal manejada 
corretamente contra uma decisão condenatória transitada em julgado é recebida como habeas corpus, 
por ser este mais célere e dispensar formalidades relativamente à primeira. Embora se trate de ações 
autônomas de impugnação, a argumentação do exemplo é válida se levarmos em consideração que essas 
demandas funcionam, em sentido amplo, como sucedâneos recursais”. 
2.6 DISPONIBILIDADE 
No sentido de que a parte pode ‘dispor’ do recurso - renunciando ou desistindo. “A renúncia é a 
manifestação do desejo de não recorrer pela parte e se opera, portanto, antes da interposição do recurso. 
Já a desistência se opera após interposto o recurso. Neste caso a parte manifesta o desejo de não mais 
continuar com o recurso” (Dezem, 2018). 
•impugnação errada/indevida/inadequada
•considerada como a correta (desde que não haja má-fé)fungibilidadefungibilidade
•impugnação correta/devida/adequada
•tomada por outra mais vantajosaconvolaçãoconvolação
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Desistência do recurso. Tendo a parte o poder de escolher se deseja ou não recorrer, também 
tem o poder correlato de, tendo recorrido, escolher se deseja ou não continuar com o recurso 
interposto para que ele possa vir a ser julgado. A desistência impede o julgamento do recurso já 
interposto. A possibilidade de a parte desistir do recurso interposto é uma decorrência da 
voluntariedade e da disponibilidade dos recursos. O recorrente, que manifestou a vontade de 
recorrer, após ter interposto o recurso, mas antes do seu julgamento, manifesta a vontade de 
que o recurso não mais seja julgado. Vale pela 
revogação da interposição, podendo ser uma 
desistência total ou parcial, desde que 
divisível o objeto do recurso. Assim, por 
exemplo, é possível que o acusado, 
condenado por dois delitos e tendo apelado 
de ambas as condenações, desista do recurso 
apenas quanto ao crime a, mas mantenha-o 
quanto ao b. 
A desistência é ato unilateral, que põe fim ao 
processo, independentemente da vontade do 
recorrido. Com a desistência, extingue-se a fase recursal do procedimento, com o consequente 
trânsito em julgado da decisão recorrida. A desistência é irretratável. Assim, tendo o recorrente 
desistido do recurso já interposto, ainda dentro do prazo recursal, não poderá recorrer 
novamente. 
Renúncia ao direito de recorrer. Além da desistência ao recurso, outra manifestação da 
disponibilidade recursal é a renúncia ao direito de recorrer. Sendo o recurso um ato voluntário, 
um ônus do sujeito prejudicado pela decisão, e não um dever, as partes podem renunciar ao 
direito de recorrer. Quem tem um direito e pode exercitá-lo, em regra, tem também o poder de 
renunciar ao exercício de tal direito. A renúncia é a abdicação do direito de recorrer. Enquanto a 
desistência é um fato extintivo do recurso, pois se opera depois de já interposto o recurso, a 
renúncia é um fator fato impeditivo do direito de recorrer, pois ocorre antes da efetiva 
interposição do recurso (Gomes Filho, et al., 2018). 
Interessante a ponderação feita por GUSTAVO BADARÓ e outros no que diz respeito ao momento da renúncia 
e seus reflexos nas delações premiadas: 
Só é possível renunciar validamente ao direito de recorrer a partir do momento em que ele já é 
exercitável in concreto, não podendo a parte renunciar a um recurso ainda não interponível. E 
para que o recurso seja interponível é necessário que já tenha sido proferida a decisão passível 
de recurso. Antes disso, haverá apenas, nas palavras de Del Pozzo, “uma abstrata titularidade 
subjetiva do direito de impugnar”, mas inexistirá direito de impugnar em concreto, pois o 
provimento a ser atacado não existe. Não há, pois, “renúncia antecipada”, antes de ser proferida 
a decisão recorrida. 
O tema ganhou atualidade com as chamadas cláusulas abusivas das “delações premiadas”, em 
que tem havido a previsão de renúncia antecipada a todos os futuros recursos, e às vezes, até 
mesmo a interposição de habeas corpus. Como não se renuncia a um direito inexistente, e o 
direito de recorrer só surge após a decisão que causa prejuízo à parte, ou não lhe dá toda a 
vantagem possível, é inviável a renúncia do direito futuro de recorrer. Por esse motivo, Bermudes 
renúncia
interposiçã
o recurso
desistência
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afirma que é “nula, pois, qualquer convenção, que implique em renúncia à pretensão recursal, 
antes de proferida a decisão impugnável” (Gomes Filho, et al., 2018). 
Cabe registrar, todavia, que esse princípio não se aplica ao Ministério Público, conforme se depreende da 
dicção do art. 576 do CPP: 
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. 
A proibição é decorrência do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública. Se a ação penal pública é 
obrigatória e o recurso é desdobramento do direito de ação, nada mais natural que o Ministério Público não 
possa desistir de recurso já interposto. 
Este princípio não se aplica ao Ministério Público dada a própria natureza do recurso. Ora, o 
recurso é um prolongamento do direito de ação dentro do mesmo processo. Como o MP não 
pode desistir da ação penal, também não poderá desistir do recurso que tenha sido interposto 
(art. 576 do CPP). O MP não é obrigado a recorrer, mas não poderá renunciar ao recurso ou 
desistir do que tenha sido interposto. 
Esta questão é importante, pois no caso de renúncia será diretamente afetado o prazo do trânsito 
em julgado. Caso fosse admitidaa possibilidade de o MP renunciar ao recurso, o trânsito em 
julgado se daria na data em que efetivada a renúncia. Como isto não é possível, o trânsito em 
julgado ocorre apenas escoado o prazo recursal. 
Assim, caso o Ministério Público não tenha feito qualquer restrição ao recurso na petição de 
interposição, não poderá posteriormente restringi-lo pois isto equivaleria a desistir do recurso 
que haja interposto. Neste sentido o STJ: 
“1. De acordo com a pacífica jurisprudência desta Corte, se o Ministério Público Federal não fez 
nenhuma restrição quanto à abrangência do recurso na petição de interposição, não é possível 
fazê-lo nas subsequentes razões recursais, tendo em vista o disposto no art. 576 do CPP, segundo 
o qual não pode o parquet desistir de recurso que haja interposto” (STJ, AgRg no AREsp 
616052/MS, rel. Min. Rogério Schietti Cruz, DJe 20.04.2016) (Dezem, 2018). 
 MADEIRA chama a atenção para que se analisem esses institutos (da desistência e da renúncia) em conjunto 
com o contraditório e com a ampla defesa. Duas súmulas do Supremo Tribunal Federal vêm a calhar: 
Súmula 705 - A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento 
da apelação por este interposta. 
Súmula 708 - É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi 
previamente intimado para constituir outro. 
2.7 VOLUNTARIEDADE 
Como já mencionado por ocasião das características dos recursos, a impugnação das decisões judiciais é ato 
voluntário da parte, a depender de seu juízo discricionário a respeito da conveniência e oportunidade de 
assim proceder. 
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Relembre o que dispõe o art. 574 do CPP: 
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser 
interpostos, de ofício, pelo juiz: 
I - da sentença que conceder habeas corpus; 
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua 
o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411. 
“A existência de um recurso está subsumida à vontade da parte em recorrer. Assim, os recursos configuram-
se como verdadeiro ônus, pois a parte não é obrigada a recorrer, mas, se não o fizer, arcará com as 
consequências de sua vontade, como o trânsito em julgado da decisão que lhe foi desfavorável” (Dezem, 
2018). 
A voluntariedade seria uma espécie de extensão, na fase recursal, do princípio ne procedat ex officio (o juiz 
não pode agir de ofício). 
Não há obrigatoriedade de recurso nem mesmo para o Defensor Público ou dativo/nomeado, segundo 
reconhece a jurisprudência. 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. 
HOMICÍDIO. NULIDADES. INTIMAÇÃO DO RÉU FORAGIDO, POR EDITAL, PARA A SESSÃO DE 
JULGAMENTO PELO TRIBUNAL DO JÚRI. LEGALIDADE. DEFICIÊNCIA DA DEFESA TÉCNICA. 
PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. [...] 4. Nos termos do art. 
574, caput, do CPP, e da jurisprudência, a falta de interposição de recurso pelo advogado dativo, 
por si só, não é causa de nulidade do processo, por violação do exercício da ampla defesa. Na 
hipótese, somente após a condenação pelo Tribunal do Júri e, decorridos mais de 5 anos da 
pronúncia, é que o paciente aponta a referida nulidade, apesar de ter declarado a sua intenção 
de não recorrer. [...] (HC 361.905/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado 
em 01/06/2017, DJe 09/06/2017) 
Parte da doutrina coloca ressalvas a essa compreensão, sugerindo uma avaliação mais criteriosa e 
abrangente para verificar sobre violação da ampla defesa (e nulidade) nos casos de pessoas em situação de 
vulnerabilidade. 
De nossa parte entendemos que a questão não pode ser analisada pura e simplesmente levando-
se em conta a interposição ou não dos recursos pelo defensor. A não interposição de apelação 
por parte do Defensor Público ou quem lhe faça às vezes, por si só, não é causa de nulidade do 
processo. No entanto, quando analisamos situações em que o histórico de atuação do defensor 
é de não interposição de recursos há clara violação da ampla defesa. 
Não podemos nos esquecer de que estamos tratando, aqui, do chamado vulnerável e que possui 
regras próprias de avaliação no direito convencional pelas “100 regras de Brasília de acesso à 
justiça das pessoas em condição de vulnerabilidade”. Estas regras foram adotadas na IV 
Conferência Judicial Ibero-americana e que decorrem da Carta de Direito das Pessoas Perante a 
Justiça no Espaço Judicial Ibero americano (Cancun, 2002). 
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Ora, pessoa em situação de vulnerabilidade é aquela pessoa que, por razão da sua idade, gênero, 
estado físico ou mental, ou por circunstâncias sociais, econômicas, étnicas e/ou culturais, 
encontram especiais dificuldades em exercitar com plenitude perante o sistema de justiça os 
direitos reconhecidos pelo ordenamento jurídico. 
Diante destas regras a não interposição dos recursos pode vir a violar a regra número 30 
consistente na garantia e assistência de qualidade, especializada e gratuita. Então, é preciso que 
seja analisada pontualmente se houve violação da regra 30 ou não para saber se haverá ou não 
nulidade. Esta análise pontual é feita levando-se em conta o caso concreto (plausibilidade de 
eventual tese a ser invocada pelo defensor perante o Tribunal) e a própria atuação funcional do 
Defensor Público (Dezem, 2018). 
Pela leitura do caput do dispositivo, vislumbram-se duas supostas exceções ao princípio da voluntariedade, 
os denominados recursos de ofício pelo juiz, previstos nos incisos I e II. RANGEL, todavia, assenta: 
A providência do chamado “recurso necessário” ou “obrigatório” (que defendemos sua 
revogação. Cf. item 8.4.2.5.6, supra), prevista no próprio dispositivo legal, não pode autorizar o 
intérprete a pensar que o recurso necessário é exceção ao princípio da voluntariedade. Não. E 
explicamos o porquê. 
A uma, o recurso necessário (cf. arts. 574 do CPP c/c art. 496 do CPC) não é tecnicamente um 
recurso, pois este pressupõe (como estamos estudando) a vontade de recorrer que o juiz não 
tem. 
A duas, o recurso somente poderá ser interposto pelas partes, e o juiz não o é. O juiz é um sujeito 
processual, tal como o autor e o réu. Portanto, o juiz não tem legitimidade para recorrer porque 
não é parte. 
A três, o recurso exige interesse (cf. item 13.9.2.2 infra) na reforma e na modificação da decisão 
(cf. parágrafo único do art. 577), sem o qual não será conhecido, ou seja, não passa no juízo de 
prelibação. 
A quatro, pelo princípio dispositivo, ou da iniciativa das partes, a lei não poderia obrigar alguém 
a litigar em juízo. Assim, a parte não poderia ser obrigada a interpor recurso e, óbvio, o juiz, não 
sendo parte, não poderia ser obrigado a fazer algo em nome daquela (Rangel, 2018). 
Ainda, uma terceira hipótese desse “recurso de ofício” pode ser verificada nas decisões que concedem 
reabilitação criminal, conforme art. 746 do CPP: 
Art. 746. Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício. 
“O reexame necessário remonta ao Século XIV, em que era utilizado para combater a onipotência 
desenfreada dos juízes por força do sistema inquisitivo. Naquele período, criou-se a apelação ex 
officio, que era julgada pelo Monarca, por meio dos ouvidores da corte. No Brasil, somente havia 
para as causas criminais (Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas). Em 1831, foi estendido 
para as causas da Fazenda Pública” (Dezem, 2018). 
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TÁVORA, assim como boa parte da doutrina,considera como imprópria a denominação conferida pela lei ao 
que seriam, em verdade, “hipóteses de reexame necessário”, as quais não se confundem com recursos, mas 
sendo condições para o trânsito em julgado de determinadas decisões: 
Sob outra vertente, o art. 574, CPP, menciona a figura do impropriamente denominado “recurso 
de ofício”, também denominado de “remessa necessária”, “duplo grau de jurisdição obrigatório” 
ou “reexame necessário”. Ao invés de recurso, o reexame obrigatório é condição estabelecida 
legalmente para o trânsito em julgado da sentença ou decisão. 
O reexame necessário tem cabimento nos seguintes casos: 
a) da sentença que conceder habeas corpus, vale dizer, da decisão do juiz singular ao acatar a 
ordem. Não há que se falar, portanto, de recurso de ofício contra deliberação do tribunal acerca 
desse remédio heroico; e, 
b) da sentença que desde logo absolver o acusado com fundamento na existência de 
circunstância que exclua o crime ou isente de pena o acusado, evitando sua submissão a júri 
popular (absolvição sumária). Todavia, para a doutrina majoritária, esta hipótese encontra-se 
revogada, por ausência de previsão no art. 415 do CPP. 
Ainda caberá reexame necessário nas seguintes hipóteses: 
c) da sentença de absolvição ou a deliberação que arquiva os autos do inquérito policial nos 
crimes contra a economia popular e saúde pública (art. 7º, Lei nº 1.521/51); 
d) da decisão que concede a reabilitação criminal (art. 746, CPP); 
e) do indeferimento liminar pelo relator, no tribunal, da ação de revisão criminal, quando o 
pedido não estiver suficientemente instruído (art. 625, § 3º, CPP). 
Na realidade, o CPP denomina de recurso o que, em sua essência, não o é: o chamado “recurso 
de ofício” é melhor explicado como um “reexame necessário” ou “remessa obrigatória”, não 
sendo adequada a expressão “recurso não voluntário” (Távora, 2017). 
BRASILEIRO, embora não discorde da nomenclatura recurso de ofício, apresenta a mesma conclusão quanto à 
sua natureza: 
Ademais, o reexame necessário só pode ser conceituado como recurso de forma imprópria, 
porquanto falta a ele o pressuposto básico da voluntariedade. Por isso, o recurso de ofício é 
tratado por grande parte da doutrina como condição necessária à preclusão ou trânsito em 
julgado de uma decisão ou sentença. Assim, enquanto o Tribunal não reexaminar e confirmar a 
decisão, não ocorrerá sua preclusão ou trânsito em julgado. Na dicção da Suprema Corte, “o 
recurso de oficio, embora, a rigor, não seja recurso, quando imposto em lei, devolve a instância 
superior o conhecimento integral da causa, impedindo a preclusão do que decidiu a sentença”. 
O recurso de ofício ou necessário funciona, portanto, como providência imposta por lei para que 
se aperfeiçoe a preclusão ou o trânsito em julgado de determinadas decisões judiciais. Em outras 
palavras, nos casos em que a lei exige o reexame necessário, a decisão não produz efeitos 
enquanto não for confirmada pelo Tribunal. Nessa linha, como prevê a súmula nº 423 do 
Supremo, “não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se 
considera interposto ex lege” (Lima, 2017). 
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Enfim, o reexame necessário não seria propriamente um recurso. Estaria mais para condição de eficácia das 
decisões ou, como já se disse na jurisprudência, procedimento de perfectibilização da coisa julgada. Nesses 
termos a Súmula 423 do Supremo Tribunal Federal: 
Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege. 
AURY LOPES JUNIOR vai além e tece críticas a essa figura processual: 
Em suma, a crítica ao recurso de ofício pode ser assim elaborada: – crítica genérica: falta 
legitimidade e interesse ao juiz. Ademais, viola o sistema acusatório, pois é ativismo judicial 
contra o réu (já que é recurso obrigatório de decisões que o beneficiam, ou seja, é um controle 
em relação a tudo o que possa beneficiar o réu). Ademais, o art. 129, I, da Constituição atribui ao 
Ministério Público a titularidade exclusiva da ação penal pública, de modo que tal recurso 
depende de iniciativa do MP. – crítica específica ao art. 574, II: houve revogação tácita pois: 
O art. 411 não trata mais da absolvição sumária. 
Os casos de absolvição sumária foram ampliados, haveria reexame necessário só nesses dois 
casos? Nos demais casos de absolvição sumária não? Não faz sentido. 
A reforma de 2008 mudou o art. 411 para 415 e já estabeleceu, expressamente, no art. 416 que 
o recurso cabível é apelação. Logo, em 2008 muda e já estabelece expressamente que é apelação. 
Se o legislador quisesse manter o recurso de ofício, teria contemplado expressamente no art. 
416 e modificado o art. 574, II. Logo, temos como tacitamente revogado o art. 574, II, e 
substancialmente inconstitucionais os demais casos de recurso de ofício, por violação ao disposto 
no art. 129, I, da CF e da estrutura acusatória-constitucional do processo penal. 
Contudo, a matéria não é pacífica, e os juízes continuam recorrendo de ofício nos casos dos arts. 
574 e 746 do CPP, e os tribunais – com raras e meritórias exceções –, conhecendo e julgando 
(Júnior, 2018). 
Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “O recurso é um ato 
processual decorrente da manifestação de vontade da parte que queira ver reformada ou anulada uma 
decisão. O art. 574, CPP, dispõe que “os recursos serão voluntários”. Está aqui presente a característica 
(princípio) da voluntariedade. O recurso deve ser um ato processual volitivo. Daí ser o recurso um ônus 
processual: não há obrigatoriedade de recorrer, porém, se não exercida essa faculdade, a parte 
sucumbente pode sofrer consequências a ela desfavoráveis. De todo modo, o ônus de recorrer encontra 
mitigações, em favor do acusado, em face da possibilidade de manejo, a qualquer tempo, de ações 
autônomas de impugnação, tal como a revisão criminal e o habeas corpus”. 
Jurisprudência pertinente 
[...] Nos termos do art. 594, caput, do CPP, vigora no sistema processual brasileiro o princípio da 
voluntariedade, o qual faculta à defesa técnica a interposição de recurso contra decisão desfavorável 
ao réu. [...] (HC 266.527/PR, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 
01/08/2017) 
[...] Conforme jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, a ausência de interposição do recurso 
cabível pelo advogado do réu, não constitui nulidade, ante o princípio da voluntariedade dos recursos 
(HC 365.214/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 15/5/2018, 
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DJe 24/5/2018). [...] (AgRg no RHC 97.604/PE, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 
04/09/2018, DJe 12/09/2018) 
[...] 1. O recurso de ofício ou necessário é providência imposta por lei para o reexame das decisões 
judiciais previstas no art. 574, incs. I e II, do CPP, pelos órgãos jurisdicionais superiores, para que se 
aperfeiçoe o trânsito em julgado da sentença. 2. A remessa oficial não fere o princípio do 
contraditório e tão-pouco a alteração do julgado por ela produzida ocasiona prejuízo ao réu, 
porquanto devolve a causa integralmente ao Tribunal revisor, de modo que nada que se decidiu na 
sentença se faz precluso. Precedente do STF. 3. Ordem denegada. (HC 22.795/SP, Rel. Ministra LAURITA 
VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 05/02/2004, DJ 08/03/2004, p. 292) 
[...] Com o advento da Lei n. 11.689/08, ampliou-se o rol de hipóteses de absolvição sumária e dela se 
excluiu a obrigatoriedade do reexame necessário. Assim, tanto a doutrina majoritária quanto a 
jurisprudência entendem que a mencionada lei revogou tacitamenteo art. 574, inciso II, do Código de 
Processo Penal (Precedente). [...] Por força do que dispõe o art. 2º, do Código de Processo Penal, as normas 
processuais possuem aplicação imediata quando de sua entrada em vigor. Portanto, os recursos de ofício 
não remetidos aos Tribunais de 2ª instância ou não julgados por aquelas Cortes até 8 de agosto de 2008, 
data em que a Lei n. 11.689/08 passou a ser exigida, não mais poderão ser apreciados, uma vez que tal 
procedimento, necessário apenas para dar eficácia à sentença de absolvição sumária no procedimento 
do Tribunal do Júri, já não mais estaria em vigor, por força do princípio tempus regit actum. VI - Aplica-se, 
para o caso, mutatis mutandis, o escólio de Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, que 
afirmam que "a remessa necessária não é recurso, mas condição de eficácia da sentença. Sendo figura 
processual distinta da do recurso, a ela não se aplicam as regras de direito intertemporal processual 
vigentes para eles: a) o cabimento do recurso rege-se pela lei vigente à época da prolação da decisão; b) 
o procedimento do recurso rege-se pela lei vigente à época da prolação da decisão. Assim, a Lei n. 
10.352/01, que modificou as causas que devem ser obrigatoriamente submetidas ao reexame do tribunal, 
após sua entrada em vigor teve aplicação imediata aos processos em curso. Consequentemente, havendo 
processo pendente no tribunal enviado mediante a remessa necessária do regime antigo, o tribunal não 
poderá conhecer da remessa se a causa do envio não mais existe no rol do CPC 475" (Código de Processo 
Civil Comentado e Legislação Extravagante. 13ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, p. 859). 
VII - É imperiosa, pois, in casu, a anulação de todos os atos subsequentes ao julgamento do primeiro 
recurso de ofício. Ordem concedida. (HC 278.124/PI, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), Rel. p/ Acórdão Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, 
julgado em 09/06/2015, DJe 30/11/2015) 
2.8 VEDAÇÃO À ‘REFORMATIO IN PEJUS’ 
Esse princípio, por vezes referido como efeito prodrômico da sentença, tem base normativa essencial em 
dois artigos do CPP: 
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 
e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu 
houver apelado da sentença. 
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, 
absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo. 
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão 
revista. 
Desses artigos, naquilo que interessa (em destaque), tiramos as seguintes conclusões literais e imediatas do 
que representaria o princípio em análise: 
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❖ quando somente o réu ‘apelar’ da sentença a sua pena não poderá ser agravada; 
 
❖ na ‘revisão criminal’ (que é exclusiva da defesa) a pena imposta originariamente não poderá ser 
agravada. 
Veja que, pela letra fria da lei, a proibição seria somente de ‘agravamento da pena’ – diante de apelação 
somente do réu ou diante de revisão criminal (por natureza é exclusiva da defesa). 
Ocorre que a doutrina e a jurisprudência, ao longo do tempo, estenderam e muito a abrangência do princípio. 
Hoje em dia é corrente a compreensão de que a vedação da reformatio in pejus se aplica não só em relação 
à ‘apelação’, mas sim para todo e qualquer recurso; não só à ‘revisão criminal’, mas a outras ações 
autônomas de impugnação. Ainda, compreende-se que não é só a ‘pena’ do réu que não pode ser agravada; 
muito mais que isso, praticamente qualquer gravame na situação do réu não pode ocorrer quando houver 
recurso exclusivo dele. 
Em poucas palavras: se somente o réu impugna ou recorre, pior do que está para ele não pode ficar . 
Nitidamente, procura-se não inibir o réu de interpor recurso ou impugnar a decisão. 
Proibição da reformatio in pejus. O princípio da personalidade dos recursos – ou pessoalidade 
dos recursos – determina que o recurso somente poderá beneficiar a parte que recorreu. Por 
outro lado, segundo a proibição de reformatio in pejus, quem recorreu não pode ter sua situação 
agravada no julgamento do recurso. Do ponto de vista psicológico, a proibição da reformatio in 
pejus evita que o acusado que se sinta prejudicado pela decisão se abstenha de recorrer, pelo 
temor de ser punido de um modo mais severo na segunda instância. Há, pois, na vedação da 
reforma para pior, uma escolha de política legislativa destinada a encorajar a iniciativa recursal. 
Embora o dispositivo se refira a réu ter “apelado”, isso não significa que se trata de um princípio 
restrito à apelação, sendo aplicável a todo e qualquer recurso (Gomes Filho, et al., 2018). 
O vetor jurisprudencial é a Súmula 160 do STF: 
É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de 
recurso de ofício. 
Esse princípio é ligado ao sistema acusatório, reforçando a separação entre as funções de julgar e acusar. A 
ideia, simplistamente falando, seria a seguinte: se o órgão acusatório se conformou com a decisão (e não 
impugnou ou recorreu), a situação máxima do réu estaria consolidada e não poderia ser piorada diante de 
recurso que é só dele (acusado); se o Judiciário o fizesse, isso equivaleria a fazer as vezes da acusação em 
nível recursal. Lembre-se: o recurso é tido como um desdobramento da ação. 
Não deixa de ter relação, também, com a vedação do julgamento ultra e extra petita. É expressão de outro 
axioma: tantum devolutum quantum appellatum; ora, se a acusação não recorreu, não teria devolvido à 
instância ad quem o conhecimento de temas que, de qualquer modo, prejudicassem o réu. 
O sistema oposto é o do benefício comum (communio remedii), que permitia a reformatio in 
pejus. Tal modelo, de origem romana, foi aplicado entre nós enquanto vigoraram as Ordenações 
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Filipinas e mesmo em leis posteriores. O recurso levava ao conhecimento do Tribunal a matéria, 
e este poderia decidir em favor da parte que recorreu, mas também em favor da parte contrária. 
A doutrina sustentava, pois, que “a apelação era comum a ambas as partes”. 
Nesse sentido, o princípio da 
proibição da reformatio in pejus é 
uma decorrência do princípio da 
disponibilidade e, mais amplamente, 
uma decorrência do modelo 
acusatório em que há prominência 
da posição das partes, enquanto que 
o poder do tribunal reexamina toda 
a causa, autonomamente, como 
ocorre no modelo de benefício 
comum, e liga-se a uma visão inquisitória do processo, com prevalência do papel do juiz (Badaró, 
2017). 
Nunca perca de vista a premissa fundamental : só se cogita de aplicação do princípio nos casos em que 
houve recurso ou impugnação somente da defesa✔; caso a acusação tenha recorrido esqueça a ne 
reformatio in pejus❗ O princípio não se aplica naquilo que foi objeto de recurso da acusação. 
Portanto, ao Tribunal não é permitido agravar a situação do acusado em recurso exclusivo da 
defesa. Essa reforma para pior só poderá ocorrer na hipótese de haver previsão legal de recurso 
de ofício, em que se devolve ao Tribunal todo o conhecimento da matéria, assim como nas 
hipóteses em que houver recurso da acusação. Neste último caso, há necessidade de que a 
matéria seja expressamente devolvida ao conhecimento do Tribunal pelo recurso da acusação. 
Exemplificando, se, em apelação interposta pelo Ministério Público, este não se insurgir contra o 
regime prisional imposto pela sentença condenatória, dar-se-á preclusão dessa matéria para a 
acusação, motivo pelo qual ao Tribunal não será permitido piorara situação do acusado, 
impondo-lhe regime mais gravoso, sob pena de violação do princípio que veda a reforma para 
pior. 
A propósito, em caso concreto apreciado pelo STJ, determinado acusado fora condenado à pena 
de 18 (dezoito) anos de reclusão em regime inicial aberto pela prática do crime de latrocínio. O 
juízo da execução, todavia, determinou o início do cumprimento da pena em regime fechado ao 
argumento de que o regime aberto fora fixado de forma equivocada. Na visão do STJ, não há 
dúvidas de que se trata de erro material, porquanto o acusado condenado por latrocínio não 
poderia cumprir a pena em regime inicial aberto. Todavia, se o MP, como fiscal da lei, não 
interpôs embargos de declaração, a formação da coisa julgada impede que o regime fixado na 
sentença condenatória, ainda que equivocado, seja modificado pelo juízo da execução (Lima, 
2018). 
Evidente que a procedência da pretensão recursal acusatória poderá agravar, de qualquer modo, a situação 
do réu. Se o Ministério Público pediu, por exemplo, a condenação em crime mais grave; se pediu o 
reconhecimento de uma qualificadora ou qualquer outra circunstância afastada pelo juiz na decisão 
•communio remedii - benefício ou 
apelação comum
•tribunal pode conhecer de toda a 
matéria
sistema 
inquisitivo
sistema 
inquisitivo
•tantum devolutum quantum 
appellatum
•proibe-se reformatio in pejus
sistema 
acusatório
sistema 
acusatório
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recorrida, evidente que a instância revisora poderá dar provimento ao recurso e reconhecer o que seja 
objeto da impugnação (a matéria foi ‘devolvida’ ao conhecimento), mesmo que prejudique o réu. 
Para muitos, para além de consectário da ampla defesa (CF, art. 5°, LV), porquanto serve de 
estímulo à utilização da via recursal, a vedação à reformatio in pejus em detrimento do acusado 
representa uma decorrência lógica do próprio sistema acusatório, cujo princípio máximo vem 
expresso na fórmula ne procedat judex ex officio, ou nemo judex sine actore. Com efeito, se houve 
recurso exclusivo da defesa, deve o juízo ad quem ater-se ao quanto lhe foi pedido. Caso 
contrário, estaria proferindo uma decisão ultra ou extra petitum, em flagrante violação ao 
sistema acusatório. Daí a vedação à reformatio in pejus (Lima, 2018). 
É fácil concluir pela demasiada força e extensão que a doutrina e a jurisprudência outorgam ao princípio da 
reformatio in pejus, com precedentes salvaguardado até os erros materiais. Mas quanto à fundamentação, 
existe alguma limitação para o órgão revisor❓ 
De todo modo, na análise de apelação exclusiva da defesa, o juízo ad quem não está impedido 
de manter a sentença condenatória recorrida com base em fundamentação distinta da utilizada 
em primeira instância, desde que respeitados a imputação deduzida pelo órgão de acusação, a 
extensão cognitiva da sentença impugnada e os limites da pena imposta no juízo de origem. De 
fato, o princípio do ne reformatio in pejus tem por objetivo impedir que, em recurso exclusivo da 
defesa, o réu tenha agravada a sua situação, no que diz respeito à pena que lhe foi impingida no 
primeiro grau de jurisdição. Não se proíbe, entretanto, que, em impugnação contra sentença 
condenatória, possa o órgão de jurisdição superior, no exercício de sua competência funcional, 
agregar fundamentos à sentença recorrida, quer para aclarar-lhe a compreensão, quer para 
conferir-lhe melhor justificação. 
Raciocínio diverso, todavia, há de ser aplicado aos casos nos quais, em ação de habeas corpus, o 
tribunal supre o vício formal da decisão do juízo singular para acrescentar fundamentos que, v.g., 
venham a demonstrar a necessidade concreta de uma prisão preventiva. Nessas situações, tem-
se entendido que os argumentos trazidos no julgamento do habeas corpus original pelo Tribunal 
a quo, tendentes a justificar a prisão provisória, não se prestam a suprir a deficiente 
fundamentação adotada em primeiro grau, sob pena de, em ação concebida para a tutela da 
liberdade humana, legitimar-se o vício do ato constritivo ao direito de locomoção do paciente 
(Lima, 2018). 
A possibilidade de adoção de novos fundamentos é reconhecida pelo STJ, com exceção daquelas situações 
que dizem respeito à decretação da prisão preventiva (Informativo 553): 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. EFEITO DEVOLUTIVO DA APELAÇÃO E PROIBIÇÃO DA REFORMATIO 
IN PEJUS. O Tribunal, na análise de apelação exclusiva da defesa, não está impedido de manter a 
sentença condenatória recorrida com base em fundamentação distinta da utilizada em primeira 
instância, desde que respeitados a imputação deduzida pelo órgão de acusação, a extensão 
cognitiva da sentença impugnada e os limites da pena imposta no juízo de origem. De fato, o 
princípio do ne reformatio in pejus tem por objetivo impedir que, em recurso exclusivo da defesa, 
o réu tenha agravada a sua situação, no que diz respeito à pena que lhe foi impingida no primeiro 
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grau de jurisdição. Não se proíbe, entretanto, que, em impugnação contra sentença 
condenatória, possa o órgão de jurisdição superior, no exercício de sua competência funcional, 
agregar fundamentos à sentença recorrida, quer para aclarar-lhe a compreensão, quer para 
conferir-lhe melhor justificação. E nem seria razoável sustentar essa proibição. Nesse sentido 
grassam diversos julgados dos Tribunais Superiores, notadamente em tema de individualização 
da pena, nos quais, não raro, o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, de fundamentação livre 
e de efeito devolutivo amplo, encontra outros fundamentos em relação à sentença impugnada, 
não para prejudicar o recorrente, mas para manter-lhe a reprimenda imposta no juízo singular, 
sob mais qualificada motivação. A propósito, no HC 106.113-MT, consignou-se que, para se 
cogitar da reformatio in pejus, a decisão do Tribunal "teria que reconhecer, em desfavor do 
Paciente, circunstância fática não reconhecida em primeiro grau, de modo que o recurso da 
defesa causaria prejuízo ao Paciente (...)" (STF, Segunda Turma, DJe 1º/12/2012). No RHC 
116.013-SP, por sua vez, decidiu-se que "O efeito devolutivo inerente ao recurso de apelação 
permite que, observados os limites horizontais da matéria questionada, o Tribunal aprecie em 
exaustivo nível de profundidade, a significar que, mantida a essência da causa de pedir e sem 
piorar a situação do recorrente, é legítima a manutenção da decisão recorrida ainda que por 
outros fundamentos" (STF, Segunda Turma, DJe 21/10/2012). No STJ, por ambas as Turmas que 
compõem a Terceira Seção, a questão tem sido enfrentada. É bem verdade que, na Sexta Turma, 
há julgados conferindo maior limitação à possibilidade de se agregar novos fundamentos à 
sentença (v.g., HC 223.524-SP, DJe 27/9/2013). Entretanto, há diversas decisões em sentido 
permissivo ao afastamento da incidência da ne reformatio in pejus, decidindo-se que essa 
proibição "não vincula o Tribunal aos critérios e fundamentos adotados pelo Juízo monocrático, 
mas apenas o impede de agravar a situação do réu" (HC 218.858-SP, DJe 26/3/2012). A seu turno, 
a Quinta Turma perfilha entendimento - mais pacificado no âmbito do referido órgão julgador - 
de que a proibição da reforma para pior não impede acréscimo de fundamentos (sopesadas as 
mesmas circunstâncias fáticas) pelo Tribunal ad quem, desde que mantida a pena imposta na 
instância original (v.g., HC 133.127-SP Quinta Turma, DJe 13/10/2009). Cabe ressaltar, por fim, 
que o tema em questão não é idêntico aos casos - que têm merecido o correto repúdio do STJ e 
do STF - nos quais, em ação de habeas corpus, o tribunal supre o vício formal da decisão do juízo 
singular para acrescentar fundamentos que, v.g., venham a demonstrar a necessidade concreta 
de umaprisão preventiva. Nessas situações, tem-se entendido que "os argumentos trazidos no 
julgamento do habeas corpus original pelo Tribunal a quo, tendentes a justificar a prisão 
provisória, não se prestam a suprir a deficiente fundamentação adotada em primeiro grau, sob 
pena de, em ação concebida para a tutela da liberdade humana, legitimar-se o vício do ato 
constritivo ao direito de locomoção do paciente" (RHC 45.748/MG, Sexta Turma, DJe 26/5/2014). 
Precedentes citados: HC 68.220-PR, Sexta Turma, DJe 9/3/2009; HC 276.006-SP, Sexta Turma, 
DJe de 8/9/2014; e AgRg no AREsp 62.070-MG, Quinta Turma, DJe 23/10/2013. HC 302.488-SP, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/11/2014, DJe 11/12/2014. 
O STJ persiste no entendimento e destaca que importa verificar, para avaliação se a reforma foi para pior, 
no caso concreto, a “situação final” do recorrente - não os fundamentos. 
[...] 1. A jurisprudência de ambas as Turmas da Terceira Seção deste Sodalício é firme no sentido 
de que o Tribunal de origem, ainda que no julgamento de recurso exclusivo da defesa, pode valer-
se de fundamentos diversos dos constantes da sentença para se manifestar acerca da operação 
dosimétrica e do regime inicial fixado para o cumprimento da pena, para examinar as 
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circunstâncias judiciais e rever a individualização da pena, desde que não haja agravamento da 
situação final do réu e que sejam observados os limites da pena estabelecida pelo Juízo 
sentenciante bem como as circunstâncias fáticas delineadas na sentença e na incoativa. 2. É 
exatamente esta a hipótese dos autos, em que o Tribunal de origem, atento ao efeito devolutivo 
dos recursos, que autoriza a cognição de toda a matéria pelo colegiado em apelação, reconheceu 
a inidoneidade da fundamentação da sentença, mas manteve a basal aplicada, ante a valoração 
da quantidade e da natureza da droga apreendida com o paciente, bem como pelo fato "de o 
colete balístico receptado ser proveniente de órgão público, o que desfavorece a culpabilidade". 
3. Percebe-se que a situação final do recorrente não foi agravada, de modo que não há que se 
falar em reformatio in pejus, ou malferimento ao conteúdo do art. 617 do Código de Processo 
Penal. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no HC 437.108/ES, Rel. Ministro 
ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 25/06/2019, DJe 01/07/2019) 
Nesse contexto de reavaliação de fundamentos, veja-se o precedente do STF, no que diz respeito às 
circunstâncias judiciais (Informativo 922): 
Não viola o princípio da proibição da reformatio in pejus a reavaliação das circunstâncias judiciais 
em recurso de apelação penal, no âmbito do efeito devolutivo, desde que essa não incorra em 
aumento de pena. Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, denegou a 
ordem de habeas corpus. No julgamento em primeira instância, a pena-base foi fixada em dois 
anos e seis meses acima do mínimo legal devido à avaliação de três circunstâncias negativas: 
antecedentes, consequências do crime e culpabilidade. O tribunal de justiça local, ao reavaliar as 
circunstâncias em face de apelação defensiva, retirou a relativa aos antecedentes, por falta de 
sentença transitada em julgado; acrescentou fundamentação, antes omissa, às consequências 
do crime; reafirmou a culpabilidade; e incluiu um terceiro fator, circunstâncias do crime, não 
mencionado anteriormente. Dessa forma, manteve a pena-base. A defesa aduziu a ausência de 
embasamento fático em relação aos aspectos culpabilidade e consequências do crime e afirmou 
o caráter desfavorável da reanálise da sentença ao réu, apesar da não alteração da pena 
(Informativo 877). Vencido o ministro Marco Aurélio (relator), que concedeu a ordem. Ressaltou 
a impossibilidade de decisão prejudicial ao réu em recurso da defesa e, por conseguinte, a 
incoerência quanto à substituição das circunstâncias judiciais (HC – Recurso 140449). 
2.8.1 ‘Reformatio in pejus’ indireta 
A reformatio in pejus pode manifestar-se de forma direta ou indireta: 
❖ reformatio in pejus direta: aquela mais usual e conhecida, na qual o prejuízo decorre do 
conhecimento e julgamento do próprio recurso interposto ou da impugnação apresentada pela 
defesa. Tome-se por simples exemplo uma sentença condenatória que impingiu ao acusado a pena 
de 7 (sete) anos de reclusão em regime semiaberto. Na hipótese de recurso (apelação) exclusivo da 
defesa, é vedado ao tribunal ad quem majorar o quantum de pena, ou fixar regime mais gravoso para 
o seu cumprimento (fechado), justamente em razão da vedação à reformatio in pejus direta. 
A expressão ne reformatio in pejus direta refere-se à proibição de o Tribunal proferir decisão mais 
desfavorável ao acusado, em cotejo com a decisão impugnada, no caso de recurso exclusivo da 
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defesa. Exemplificando, se, na sentença de lª instância, foi deferida ao acusado a substituição da 
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, não é dado ao juízo ad quem cassar referida 
substituição em recurso exclusivo da defesa (Lima, 2018). 
❖ reformatio in pejus indireta: refere-se ao agravamento da situação do acusado por vias oblíquas ou 
indiretas, como consequência de outra decisão que analisou recurso ou impugnação só da defesa. 
Normalmente ela decorre de anulação de decisão anterior. Por exemplo: somente réu apela e obtém, 
pela procedência do seu recurso, a anulação da sentença condenatória; o juiz, ao proferir nova 
sentença, não só condena novamente o réu como também majora a pena (ou de algum modo agrava 
a situação do réu). Repare: o prejuízo não decorreu diretamente do provimento do recurso (da 
anulação da sentença); veio depois, reflexamente, quando o juiz proferiu outra sentença pior para o 
réu – é preciso comparar as sentenças para concluir pelo agravamento da situação. 
A reformatio in pejus indireta é a modificação da decisão recorrida, para pior, mas numa 
comparação que se dá entre duas decisões que foram intermediadas por um ato anulatório do 
primeiro termo da comparação. Mais especificamente, é a comparação, como paradigma, de 
uma decisão inicial que será posteriormente anulada, por força de recurso exclusivo do acusado 
(primeiro acórdão, que representa decisão intermediária), em comparação com a nova decisão 
que substitui a anteriormente anulada, ou mesmo o acórdão posterior que dela decorra. 
Exemplificativamente, o acusado foi condenado em primeiro grau, a uma pena de três anos de 
reclusão. Somente a defesa apela, alegando um error in procedendo. O tribunal dá provimento 
ao recurso, anula o processo desde o ato viciado e, consequentemente, a sentença condenatória, 
determinado o retorno do processo ao primeiro grau. Depois de retomado o seu curso de forma 
regular, nova sentença condenatória é proferida, desta vez, condenando o acusado a uma pena 
de quatro anos de reclusão. Como facilmente se percebe, o prejuízo será indireto: somente 
resultando da comparação da primeira sentença, não com o resultado do julgamento da 
apelação (que anulou a sentença), mas com a segunda sentença, que também condenou o 
acusado, mas a uma pena maior. Aliás, nesse exemplo, o julgamento do recurso em si 
considerado, isto é, diretamente, não prejudica o recorrente. Ao contrário, anulando a decisão 
condenatória, melhora-se a situação do acusado. Entretanto, o acórdão, ao possibilitar que seja 
proferida uma nova sentença, acabou por permitir que o recorrente sofresse uma pena mais 
grave que a imposta no primeiro julgamento (Gomes Filho, et al., 2018). 
Podemos perceber que o CPP nada fala sobre reformatio in pejus indireta; aliás, ele pouco diz sobre a direta! 
Sabemos (diante do art. 617) que é proibida a reforma emprejuízo para o réu diante de recurso exclusivo 
dele, ok. Mas, diante da omissão legislativa, a reformatio in pejus indireta também se considera proibida❓ 
Dois posicionamentos sobre essa questão: 
reformatio in 
pejus
reformatio in 
pejus
DIRETADIRETA
decisão 
impugnada
decisão 
impugnada
recurso reforma 
em prejuízo
recurso reforma 
em prejuízo
INDIRETAINDIRETA
decisão 
impugnada
decisão 
impugnada
recurso anularecurso anula
nova decisão é 
pior que a 1ª
nova decisão é 
pior que a 1ª
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• Minoritário - a reformatio in pejus indireta não é proibida. Principais argumentos dessa tese: a) não 
existe expresso impedimento legal, afinal o art. 617 do CPP proíbe a reforma para pior ‘pelo tribunal’ e não 
pelo juízo a quo; b) a decisão anterior foi anulada, portanto não existe mais, de modo que não há como 
agravar pena ‘anterior’ (ela não tem mais validade ou parâmetro); c) pensar diferente significaria outorgar 
força para decisão que desapareceu em detrimento de outra conferida em harmonia com o sistema jurídico; 
d) o recurso é voluntário, devendo o réu suportar os ônus da medida processual. Ada Pellegrini, Magalhães 
Noronha, Florêncio de Abreu defendem essa posição. 
 
• Majoritário – a reformatio in pejus indireta é também proibida. É adotado pela jurisprudência e pela 
maior parte da doutrina. 
Parte da doutrina extrai a vedação da reformatio in pejus indireta do disposto no art. 626, caput, 
e parágrafo único, do CPP. Inserido no capítulo que trata da revisão criminal, o referido 
dispositivo estabelece que, ''julgando procedente a revisão, o Tribunal poderá alterar a 
classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo. De qualquer 
maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista". Destarte, anulada uma 
sentença mediante recurso exclusivo da defesa, da renovação do ato não poderá resultar para o 
acusado situação mais desfavorável que a que lhe resultaria do trânsito em julgado da decisão 
de que somente ele recorreu: é o que resulta da vedação da reformatio in pejus indireta. 
Como se percebe, esta vedação da reformatio in pejus indireta retrata hipótese excepcional em 
que um ato nulo - sentença anulada pelo Tribunal em recurso exclusivo da defesa - produz o 
singular, mas compreensível efeito de limitar a pena que venha a ser aplicada em decisão 
superveniente (Lima, 2018). 
O Código veda a reformatio in pejus contra o réu no art. 617. Por outro lado, não tem regra 
expressa, quer admitindo, quer vedando, a reformatio in pejus indireta. Porém, como lembra 
Frederico Marques, “pelo princípio da proibição da reformatio in pejus, o juízo ad quem não pode, 
diretamente ou indiretamente, agravar a situação do apelante”. A questão, contudo, está longe 
de ser pacífica, despertando polêmicas na doutrina e na jurisprudência. Florêncio de Abreu 
admite a reformatio in pejus indireta, por considerar que “a sentença anulada não produz efeito 
algum; é juridicamente inexistente; não haveria, assim, o que agravar”. Não é a melhor 
interpretação. A questão não pode ser tratada como uma simples nulidade de direito material, 
resolvida com o brocardo quod nullum est, nullum producit effectum. É preciso analisar que 
houve a admissão, pelo Ministério Público, de um teto de pena, que transita em julgado para a 
acusação. Caso, mesmo diante de uma sentença nula, houvesse inconformismo, com a nulidade 
ou com a pena imposta, caberia ao acusador recorrer. Se não o fez, não será possível, em recurso 
exclusivo da defesa, que o acusado tenha a sua situação piorada, quer direta, quer 
indiretamente. Tem prevalecido, corretamente, o posicionamento que veda a reformatio in pejus 
indireta (Gomes Filho, et al., 2018). 
O entendimento majoritário (de proibição da reformatio in pejus mesmo que indireta) é chancelado em 
decisões do Superior Tribunal de Justiça: 
[...] 2. É entendimento deste Sodalício que a proibição do agravamento da situação do acusado, 
prevista no artigo 617 do Código de Processo Penal, também se estende aos casos em que há a 
anulação da decisão recorrida, por intermédio de recurso exclusivo da defesa ou por meio de 
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impetração de habeas corpus, de tal sorte que o órgão julgador que vier a proferir novo 
julgamento ficará vinculado aos limites da pena in concreto imposta na decisão anulada, não 
podendo, de forma alguma, recrudescer a sanção, sob pena de operar-se a vedada reformatio in 
pejus indireta. 3. Na hipótese, foi anulado o feito pelo Tribunal estadual, em recurso exclusivo da 
defesa, com efeitos ex tunc, desconstituindo-se o édito condenatório por ausência de citação 
válida do acusado, fundado o aresto na inobservância ao regramento plasmado nos arts. 406 e 
408, ambos do CPP. 4. Desse modo, em homenagem ao postulado referido, eventual condenação 
pelo crime de peculato não poderá resultar na imposição de reprimenda mais gravosa do que 
aquela atingida pela decisão anulatória - de 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa -, [...] 
(EDcl no AgRg no AREsp 596.663/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
12/06/2018) 
Ainda dentro do contexto da reformatio in pejus indireta, duas situações devem ser analisadas. 
1) Tribunal do Júri e soberania dos veredictos: na hipótese de 
anulação do julgamento pelo Tribunal do Júri, realizando-se nova 
sessão de julgamento, como se resolverá eventual choque entre 
o princípio da soberania dos veredictos e a vedação à reformatio 
in pejus indireta❓ 
TÁVORA trata do assunto dividindo-o em duas situações distintas, 
e apresenta a atual visão dos tribunais superiores sobre o tema: 
(a) os jurados integrantes do segundo júri reconhecem as mesmas circunstâncias verificadas no 
primeiro julgamento ou (b) os jurados reconhecem nova circunstância prejudicial ao acusado 
(nova qualificadora, por exemplo). 
Na primeira hipótese (mesmas circunstâncias no primeiro e segundo julgamento), a aplicação do 
princípio da reformatio in pejus indireta vincula o magistrado sentenciante, que, na dosimetria 
da pena, não poderá extrapolar a reprimenda imposta na primeira condenação. 
A segunda hipótese (reconhecimento de nova circunstância prejudicial) gerou controvérsia por 
algum tempo em sede jurisprudencial. Ocorre que, diante da soberania dos vereditos (art. 5º, 
XXXVIII, “c”, CF/88), havia entendimento de que a decisão tomada pelos jurados no segundo 
julgamento deveria ser respeitada. A título de exemplo, se o réu fosse condenado a 6 (seis) anos 
por homicídio simples e somente a defesa recorresse, admitia-se a possibilidade de, no segundo 
júri, ser reconhecida uma das qualificadoras do art. 121, § 2º, CP, e, com isso, exasperar-se a 
pena, passando a 12 (doze) anos, por exemplo. 
Atualmente, STF e STJ estão alinhados e têm decidido ser compatível o princípio da vedação à 
reformatio in pejus indireta e a soberania dos vereditos, preservando o “justo processo da lei 
(due process of law), nas cláusulas do contraditório e da ampla defesa”. Deste modo, ainda que 
seja reconhecida nova circunstância no segundo julgamento, realizado após recurso exclusivo 
da defesa, a pena aplicada não poderá ser superior àquela determinada no primeiro 
julgamento anulado (Távora, 2017). 
Em análise aprofundada sobre o caso, AURY LOPES JUNIOR sustenta acerca do acerto de decisões do STJ e STF 
ao aplicarem a limitação ao quantum de pena ao novo julgamento; contudo, entende que a melhor 
non 
reformatio in 
pejus indireta
non 
reformatio in 
pejus indireta
soberania dos 
veredictos
soberania dos 
veredictos
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8fundamentação para o trato do tema é outra, revisando seu antigo entendimento. Vale a integral transcrição 
do trecho: 
Mas esse entendimento deve ser revisado, principalmente após a decisão proferida 
pela 2ª Turma do STF no HC 89.544-1 (julgado em 14/04/2009). Segundo explica o 
Min. CEZAR PELUSO, no corpo do voto condutor que julgava situação similar àquela 
anteriormente narrada, “a proibição de reforma para pior, inspirada no art. 617 do 
Código de Processo Penal, não comporta exceção alguma que a convalide ou legitime, 
ainda quando indireta, tal como se caracterizou no caso. Se, de um lado, a Constituição da 
República, no art. 5º, inc. XXXVIII, letra ‘c’, proclama a instituição do júri e a soberania de seus 
veredictos, de outro assegura aos acusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes (inc. LV do art. 5º)”. Para o relator, tais princípios são cláusulas 
elementares do devido processo e devem ser interpretados à luz do critério da chamada 
“concordância prática”, de modo que no conflito de princípios deve ser adotada uma “solução 
que otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo não acarrete a negação de 
nenhum”. Partindo da unidade orgânica e da integridade axiológica da Constituição, deve haver 
uma coexistência harmônica dos bens tutelados, sem predomínio teórico de uns sobre outros. 
Em suma, segundo o voto, “a regra constitucional da soberania dos veredictos em nada impede 
a incidência da vedação da reformatio in pejus indireta, pois esta não lhe impõe àquela limitações 
de qualquer ordem, nem tampouco despoja os jurados da liberdade de julgar a pretensão 
punitiva, nos termos em que a formule a pronúncia”. Por todos esses argumentos, entendeu o 
STF por reformar a decisão, fixando a pena do paciente (que havia sido condenado pelo júri por 
homicídio doloso, tendo o juiz fixado a pena em 12 anos, regime fechado) em 6 anos (limite 
imposto pelo julgamento anterior, no qual havia o réu sido condenado por homicídio simples). 
Ou seja, manteve o STF a condenação pelo homicídio qualificado, mas fixou a pena igual àquela 
do julgamento anterior, para evitar a reformatio in pejus indireta. No mesmo sentido vai a 
jurisprudência do STJ. Concordamos integralmente com a decisão, mas parece-nos que o 
caminho percorrido na fundamentação é outro, melhor enfrentado por RABELO em trabalho 
sobre o tema. Parte RABELO da necessária constitucionalização do processo penal, sendo, 
portanto, inadequada a afirmação de que o princípio da ne reformatio in pejus seja 
infraconstitucional. Está-se diante de um princípio constitucional implícito, decorrente do 
princípio da ampla defesa e do devido processo legal (art. 5º, LV, da CB). Portanto, a resolução 
da questão, prossegue o autor, “não pode mais se dar com base no critério hierárquico – pois, 
agora, se está diante de dois princípios constitucionais fundamentais –, mas deve ser solucionada 
no âmbito da ponderação de princípios”. E aqui está o diferencial da fundamentação. RABELO 
esclarece que não haveria necessidade de se falar em colisão de princípios constitucionais (como 
fez o STF na decisão analisada), senão uma exegese contextualizada do princípio da soberania 
dos veredictos, situando seu círculo hermenêutico dentro de um contexto protetivo do acusado. 
Em outros termos, deve-se entender o princípio da soberania dos veredictos como garantia 
constitucional do acusado, e não dos jurados. Eis o melhor trato da questão. No momento em 
que o legislador constituinte situa o instituto do Tribunal do Júri na dimensão de direito 
fundamental da pessoa, não se pode desconectar deste círculo hermenêutico, de modo que 
todos os princípios e regras do tribunal do júri devem ser trabalhados no contexto de proteção 
dos direitos individuais do imputado, inclusive a soberania dos julgamentos e a garantia da ne 
reformatio in pejus. Do contrário, teria o legislador inserido apenas uma norma de competência 
(como o fez com a justiça militar, eleitoral, federal, etc.) no capítulo que dispõe sobre o Poder 
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Judiciário. Obviamente, sendo o júri e todas suas regras instrumentos a serviço da eficácia do 
sistema de proteção da Constituição, não pode, qualquer delas, com a soberania das decisões, 
ser utilizada em seu prejuízo. Por fim, conclui com acerto RABELO, “se o princípio da soberania 
dos veredictos fosse compreendido dessa maneira, por certo não haveria necessidade de se falar 
em sua colisão com o princípio da ne reformatio in pejus, nas hipóteses de cassação das decisões 
do tribunal do júri. O que ocorreria é a não incidência do princípio da soberania dos veredictos 
contra o acusado, uma vez que se trata de princípio-garantia do réu de crimes dolosos contra a 
vida”. O resultado prático é o mesmo da decisão do STF, mas com fundamento teórico diverso e 
mais adequado, pensamos. Destarte, o que deve ficar claro é: diante de recurso exclusivo da 
defesa, veda-se que no novo julgamento o resultado seja pior do que aquele proferido no 
julgamento anterior, independentemente de ter havido o reconhecimento de qualificadora 
anteriormente afastada (Júnior, 2018). 
Sobre essa posição mais garantista, vejamos as seguintes ponderações: 
Para NUCCI, a solução indicada para harmonizar as duas disposições, de grande interesse para o 
sistema judiciário democrático, é não impedir que o júri decida como bem entender, incluindo, 
se quiser, a qualificadora antes afastada. Entretanto, no momento da pena, terminado o 
processo, o juiz, lembrando que há impossibilidade de prejudicar o réu em recurso que foi 
exclusivo da defesa, reduzirá a reprimenda até atingir o patamar primário. 
Nesse sentido, já decidiu o STF, considerando que a questão deve ser resolvida à “luz do critério 
da chamada concordância prática”, pelo que os jurados ficariam livres para decidirem conforme 
lhes conviesse, mas que o juiz-presidente, na dosimetria da pena, ficaria vinculado à pena 
imposta no julgamento anterior. Tal solução, contudo, somente na aparência, harmoniza os dois 
princípios, pois, na prática, ao permitir a condenação por um homicídio qualificado, com a pena 
de um homicídio simples, acaba por afastar a vontade soberana dos jurados de ver o acusado 
punido de forma mais severa. Discorda-se. Admitir que o homicídio tem que ser qualificado, mas 
a pena pode ser a do homicídio simples, é um estelionato de etiquetas. Ao decidirem que o crime 
foi de homicídio qualificado, os jurados estão aceitando – e isso costuma ser sempre explorado 
em plenário – que a pena mínima será de 12 anos de reclusão. E nesse ponto, são soberanos. 
Todavia, nesse caso, entre os limites mínimo e máximo de pena, isto é, de 12 a 30 anos, caberá 
a fixação da pena em concreto ao juiz-presidente, que não é soberano, e a quem cabe considerar 
as circunstâncias judiciais e as circunstâncias agravantes e atenuantes. Assim, não haverá como 
aplicar, inteiramente, a vedação da reformatio in pejus indireta. Logo, nesse caso, a forma de 
conciliar a soberania dos veredictos, com a proibição da reformatio in pejus, na medida em que 
poderá ser aplicada, será determinado que a pena se aproxime, ao máximo, do teto do primeiro 
julgamento, no caso, 12 anos. Já se no primeiro caso, entre os limites de 6 a 20 anos, do homicídio 
simples, a pena tivesse sido estabelecida, por exemplo, em 15 anos; no segundo julgamento, por 
homicídio qualificado, o juiz poderia estabelecer a pena entre 12 e 15 anos. Mais garantista é a 
posição de Aury Lopes Jr. que, partindo da ótica de que “deve-se entender o princípio da 
soberania dos veredictos como garantia constitucional do acusado, e não dos jurados”, conclui 
por uma vedação absoluta de reformatio in pejus indireta no Tribunal do Júri (Gomes Filho, et al., 
2018). 
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2) reformatio in pejus indireta e incompetência absoluta: imagine-se o seguinte caso: em decorrência de 
recurso exclusivo da defesa, o tribunal ad quem anula sentença 
condenatória proferida por juízo absolutamente incompetente. 
Pergunta-se: remetidos os autos ao juízo competente para o 
escorreito processamento e julgamento, estará o magistrado 
adstrito aos limites da sentença condenatória anulada ao prolatar 
a nova sentença❓ 
Aqui também temos duas correntes, bem sintetizadas por MADEIRA: 
Primeira corrente, capitaneada pelo professor EUGÊNIO PACELLI DE OLIVEIRA, o juiz natural não pode 
sofrer limitações em virtude de uma pena fixada por um juiz absolutamente incompetente. Como 
o princípio do juiz natural está previsto na CF, não é cabível admitir que um juiz possa sofrer 
limitação no exercício de sua atuação jurisdicional por força de uma pena fixada por um juiz 
absolutamente incompetente. Assim, o professor PACELLI entende que o juiz federal pode, 
inclusive, fixar uma pena superior. Desta forma, há em tal entendimento uma prevalência ao 
princípio do juiz natural em detrimento do princípio da Non Reformatio in Pejus. 
Já a segunda corrente entende que, mesmo na hipótese de incompetência absoluta, o juiz 
federal que recebe os autos fica obrigado a fixar a pena nos limites daquela anteriormente fixada 
pelo juiz incompetente, sob pena de violar de maneira indireta o princípio da Non Reformatio in 
Pejus (Dezem, 2018). 
RANGEL leciona: 
Neste caso, entende a doutrina que o juiz competente, ao refazer todo o processo, poderá 
proferir uma sentença em que a condenação seja superior ao primeiro julgamento, pois, nessa 
hipótese, todo o processo desaparece, não sendo caso de se limitar a atuação do juiz natural da 
causa. A decisão do juiz absolutamente incompetente não poderia jamais limitar a atuação do 
juiz competente. Seria um contra sensu. Até porque, novas provas (que não foram produzidas na 
primeira vez), poderiam ser trazidas para o processo. Portanto, admissível seria uma condenação 
a um quantum superior. Todavia, há que se estabelecer uma garantia ao acusado, qual seja: o 
tribunal ao cassar a decisão de primeiro grau determinará que outro juiz profira a sentença 
resguardando assim a imparcialidade da jurisdição (Rangel, 2018). 
TÁVORA manifesta-se no mesmo sentido, mas evidencia a visão adotada recentemente pelo STJ no sentido de 
haver sim restrição à nova sentença, ainda que em razão de pronunciamento emanado de juízo 
absolutamente incompetente: 
Se a anulação do primeiro julgado se deu em face da incompetência absoluta do juízo, mesmo 
que por recurso exclusivo da defesa, havendo a remessa ao órgão competente, este não estaria 
adstrito aos limites da primeira decisão, podendo piorar a situação do réu, aplicando-lhe inclusive 
pena maior, como vinha se manifestando o STJ, em respeito à lógica do juiz natural. Todavia, o 
art. 617 do CPP não põe ressalva quanto às hipóteses de nulificação do processo anterior, e 
mesmo que por motivo de incompetência absoluta, deve prevalecer a restrição. O próprio STJ, 
non 
reformatio in 
pejus indireta
non 
reformatio in 
pejus indireta
incompetência 
absoluta e juiz 
natural
incompetência 
absoluta e juiz 
natural
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em decisão mais recente, admitiu o vínculo do juiz competente ao quantitativo de pena fixado 
por seu antecessor (Távora, 2017). 
Vejamos precedente do STJ: 
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME MILITAR. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. APELAÇÃO. 
RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DECLARADA DE OFÍCIO. 
ANULAÇÃO DE TODOS OS ATOS PROCESSUAIS, INCLUSIVE A DENÚNCIA. PROIBIÇÃO DE 
REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA. PLEITO QUE VISA DESCONSTITUIR O ACÓRDÃO, MANTENDO A 
COMPETÊNCIA DO JUÍZO CONDENATÓRIO. PEDIDO QUE SE REVELA MAIS GRAVOSO AO 
PACIENTE. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA EM CONCRETO. 1. A nulidade 
declarada no julgamento de recurso exclusivo da defesa não poderá acarretar prejuízo ao réu, 
sob pena de indevida reformatio in pejus indireta. Precedentes. 2. No caso, o paciente foi 
sentenciado à pena de 3 anos de reclusão, em regime aberto. No julgamento da apelação 
exclusiva da defesa, o Tribunal local declarou, de ofício, a nulidade da ação penal, inclusive da 
denúncia, por incompetência absoluta do Juízo Militar. 3. Mesmo que ofertada nova acusação 
na Justiça comum, a pena do réu já terá um teto fixado, na hipótese, de 3 anos de reclusão. 4. 
Fixada a pena máxima, verifica-se que é o caso de se declarar, de ofício, a ocorrência da 
prescrição, nos termos dos arts. 109, IV, e 110, § 1º, do Código Penal, pois, nulos os marcos 
interruptivos, não há dúvida de que já se passaram 9 anos desde a data do crime (9/9/2002), sem 
que ocorresse a ratificação da denúncia. 5. Habeas corpus não conhecido, em razão de o pedido 
- anulação do acórdão da apelação - revelar-se mais gravoso ao paciente. Cassando-se a liminar, 
declara-se, de ofício, extinta a punibilidade pelo reconhecimento da prescrição da pretensão 
punitiva do Estado. (HC 151.581/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, 
julgado em 22/05/2012, DJe 13/06/2012) 
Já decidiu no mesmo sentido o STF, reconhecendo a vedação ainda que nos casos de incompetência 
constitucional e absoluta: 
Reformatio in pejus indireta: aplicação à hipótese de consumação da prescrição segundo a pena 
concretizada na sentença anulada, em recurso exclusivo da defesa, ainda que por incompetência 
absoluta da Justiça de que promanou. I. Anulada uma sentença mediante recurso exclusivo da 
defesa, da renovação do ato não pode resultar para o réu situação mais desfavorável que a que 
lhe resultaria do trânsito em julgado da decisão de que somente ele recorreu: é o que resulta da 
vedação da reformatio in pejus indireta, de há muito consolidada na jurisprudência do Tribunal. 
II. Aceito o princípio, é ele de aplicar-se ainda quando a anulação da primeira sentença decorra 
da incompetência constitucional da Justiça da qual emanou (HC 75907, Relator(a): Min. 
SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 11/11/1997, DJ 09-04-1999 PP-00002 
EMENT VOL-01945-01 PP-00126). 
Todavia, a mais alta Corte também já decidiu diferente, como bem lembra MADEIRA: 
No âmbito do STF, contudo a questão é tormentosa. Já houve julgamentos em que se entendeu 
da mesma forma que o STJ e outros em que se entendeu que não haveria a produção de qualquer 
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efeito quando se se trata de juiz absolutamente incompetente, ainda que fosse recurso exclusivo 
da defesa: 
“O reconhecimento da incompetência absoluta da Justiça castrense para o julgamento dos 
requerentes não pode implicar risco de imposição de pena mais gravosa, sob pena da 
indisfarçável reformatio in pejus indireta” (STF, Extn no HC 107731/PE, rel. Min. Ayres Britto, DJe 
02.03.2012). 
E também: 
“2. A decisão proferida por juiz absolutamente incompetente não produz efeitos e, por 
conseguinte, não demarca nem vincula a atuação daquele indicado para fazê-lo. 3. A 
competência penal em razão da matéria insere-se no rol de questões de ordem pública, podendo 
ser alegada ou reconhecida a qualquer momento.” (STF, HC 107457/MT, Rel. Min. Carmen Lucia, 
DJe 22.10.2012) (Dezem, 2018). 
Em suma, no que diz respeito ao confronto entre a proibição da reformatio in pejus indireta e a competência 
absoluta do juiz natural ainda não há uma posição definida pela jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Veja como o tema já foi cobrado em questões discursivas: 
 (Promotor de Justiça MPE-PR - 2014 -MPE-PR). Discorra sobre o 
princípio da reformatio in pejus abrangendo a) conceituação, b) 
exemplo prático; c) aplicabilidadeaos casos do Júri e d) exponha 
como ocorre a reformatio in pejus indireta. (máximo de 20 linhas). 
(MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2013). Dissertação. Com 
relação ao tema de recursos no processo penal, discorra sobre os 
seguintes tópicos: I. Vedação da “reformatio in pejus”; II. Vedação 
da chamada “reformatio in pejus” indireta; III. A “reformatio in pejus” e a soberania 
do Tribunal do Júri. 
(MPE-PR – Promotor de Justiça – PR/2012). (máximo de 20 linhas). Em 
determinada comarca, os réus Aristides Pontes e Gilmar Cervante são condenados 
pela prática, em conjunto, de um crime de roubo majorado pelo emprego de arma 
e concurso de pessoas (art. 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal), a idênticas penas 
privativas de liberdade, definitivamente fixadas em 04 (quatro) anos de reclusão. 
Tanto o Ministério Público quanto a defesa apelam da sentença. Ao julgar 
primeiramente o recurso defensivo, o Tribunal de Justiça do Paraná, sem adentrar 
no mérito recursal, anula o processo por inteiro, ab initio, em face de questão 
preliminar suscitada pela defesa, qual seja, a incompetência absoluta do juízo 
condenatório, julgando, por consequência, prejudicado o recurso de apelação 
interposto pelo Ministério Público. Proposta nova denúncia, agora em comarca de 
juízo competente para o caso, após regular processamento, é prolatada nova 
sentença condenatória, agora devidamente fundamentada, sendo mantida a 
quantidade da reprimenda corporal anteriormente fixada, ou seja, 04 (quatro) anos 
de reclusão. Indaga-se: (A) É cabível e pode ser provido novo recurso de apelação 
interposto pelo Ministério Público que pretenda o aumento da carga penal? (B) Era 
possível ao segundo juízo, declarado como competente pelo Tribunal de Justiça, 
aplicar na nova sentença uma pena superior à anulada? Justifique ambas as 
respostas, indicando correntes doutrinárias acerca do tema. 
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Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Se só a defesa 
recorre, tendo a acusação se conformado com o provimento jurisdicional, a situação do réu não poderá 
ser piorada. É o que se chama de proibição da reformatio in pejus direta, ou seja, na relação recursal, a 
situação do réu permanecerá como está, se o recurso foi exclusivo da defesa No que toca a mudança de 
critérios para a fixação do quantitativo da pena quando da utilização do procedimento trifásico, o STF 
reputou, por maioria, que não há que se falar em reformatio in pejus, quando ao final da fundamentação 
para a definição de pena-base e de aplicação de causa de diminuição de modo divergente na instância 
ad quem, a pena total aplicada tenha sido mantida inalterada. No mesmo raciocínio, caso a acusação 
tenha recorrido, não poderá o tribunal reconhecer nulidade contra o réu que não tiver sido suscitada, salvo 
nas hipóteses em que haja recurso de ofício (súmula nº 160, STF). Caso o tribunal anule a decisão anterior, 
em recurso promovido pela defesa, o órgão a quo, recebendo os autos para proferir nova decisão, não 
poderá piorar a situação do demandado, pois se pudesse fazê-lo, indiretamente estaria exasperando a 
situação do réu, quando só a defesa tivesse recorrido. Dessa forma, também está vedada a reformatio in 
pejus indireta. Se o tribunal está apreciando recurso exclusivo da acusação, poderá melhorar a situação 
do réu, mesmo que tenha que julgar extra petita, admitindo-se portanto a reformatio in melius, ou seja, 
a reforma para melhor, mesmo em recurso específico da acusação, pedindo justamente o oposto”. 
VICENTE GRECO FILHO (Manual de processo penal, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “A proibição da 
“reformatio in pejus” ou a regra “tantum devolutum quantum appellatum”. Quem apelou não pode ter 
sua situação agravada em virtude do próprio recurso. O recurso devolve ao tribunal exclusivamente a 
matéria que foi objeto do pedido nele contido, não podendo reverter contra quem recorreu. Questiona-
se a respeito da possibilidade de favorecer a posição do réu, no caso de recurso exclusivo da acusação, 
chamando-se a essa hipótese, inadequadamente, reformatio in mellius, porque é sempre in pejus para 
quem recorreu. Nosso entendimento é o de que o respeito aos limites objetivos do recurso é rigoroso. Se 
houver algo a corrigir em favor do acusado, que se utilize o habeas corpus de ofício. Os tribunais têm 
impedido a chamada reformatio in pejus indireta. Ocorre essa situação se a sentença condenatória é 
anulada em virtude de recurso exclusivo do acusado e, na segunda sentença, vem a ser aplicada pena 
mais elevada. No júri, porém, tal limitação não se aplica se o agravamento da sanção decorre do 
reconhecimento de circunstância de aumento de pena acolhida pelos jurados na segunda decisão. A 
autonomia desta última vem da soberania dos veredictos, que não pode ficar restringida pela decisão 
anteriormente proferida”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). O art. 617 do Código de Processo Penal veda a denominada reformatio in pejus, ou seja, havendo 
recurso apenas por parte da defesa, o tribunal não pode proferir decisão que torne mais gravosa sua 
situação, ainda que haja erro evidente na sentença, como, por exemplo, pena fixada abaixo do mínimo 
legal. De acordo com o referido dispositivo, “o tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao 
disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando 
somente o réu houver apelado da sentença”, razão pela qual poderá a instância recursal, mesmo na 
hipótese de recurso exclusivo da defesa, atribuir ao fato descrito na denúncia definição jurídica diversa e, 
ainda, reconhecer agravantes e circunstâncias judiciais desfavoráveis ao réu, sempre observando, no 
entanto, a impossibilidade de agravar a pena aplicada em primeiro grau. Sobre a possibilidade de 
reestruturação, pela instância recursal ordinária, das circunstâncias desfavoráveis ao acusado, confira-se 
a orientação do Superior Tribunal de Justiça: “A proibição de reforma para pior garante ao recorrente, na 
espécie ora versada, o direito de não ter sua situação agravada, direta ou indiretamente. Não obsta, 
entretanto, que o tribunal, para dizer o direito — exercendo, portanto, sua soberana função de juris dictio 
— encontre motivação própria, respeitada, insisto, a imputação deduzida pelo órgão de acusação, a 
extensão cognitiva da sentença impugnada e os limites da pena imposta no juízo de origem” (STJ — HC 
304.886/SP — 6ª Turma — Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz — julgado em 24.02.2015 — DJe 07.04.2015)326. 
O Supremo Tribunal Federal também já adotou essa orientação: “Ainda que em recurso exclusivo da 
defesa, o efeito devolutivo da apelação autoriza o Tribunal a rever os critérios de individualização definidos 
na sentença penal condenatória para manter ou reduzir a pena, limitado tão-somente pelo teor da 
acusação e pela prova produzida. 3. Inexistência de reformatio in pejus e inviabilidade do pedido de 
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos” (STF — HC 101.917/MS — 1ª Turma — 
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Rel. Min. Cármen Lúcia — julgado em 31.08.2010 — DJe-026 09.02.2011). Há, todavia, decisão da Corte 
Suprema em sentido contrário: “Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Apelação exclusiva da defesa. 
Dosimetria da pena. Configuração de reformatio in pejus, nos termos do art. 617, CPP. A pena fixada não 
é o único efeito que baliza a condenação, devendo ser consideradas outras circunstâncias, além da 
quantidade final de pena imposta, para verificação de existência de reformatio in pejus. Exame qualitativo. 
3. Oaumento da pena-base mediante reconhecimento de circunstâncias desfavoráveis não previstas na 
sentença monocrática gera reformatio in pejus, ainda que a pena definitiva seja igual ou inferior à 
anteriormente fixada. Interpretação sistemática do art. 617 do CPP. 4. Recurso provido para que seja refeita 
a dosimetria da pena em segunda instância” (STF — RHC 126.763/MS — Rel. p/ Acórdão: Min. Gilmar 
Mendes — 2ª Turma — julgado em 01.09.2015 — DJe-018 01.02.2016)”. Reformatio in pejus indireta: apesar 
de não constar expressamente de texto legal, é pacífico que, se for anulada uma decisão em decorrência 
de recurso exclusivo da defesa, no novo julgamento o juiz não poderá tornar a situação do acusado mais 
gravosa do que aquela proferida na decisão inicial tornada sem efeito. Trata-se de criação doutrinária e 
jurisprudencial que visa evitar que o réu possa receber pena maior apenas por ter recorrido da primeira 
decisão. Costuma-se dizer que há uma exceção, referente às decisões do Tribunal do Júri. Entende-se que, 
havendo anulação do primeiro julgamento, no novo plenário os jurados poderão reconhecer crime mais 
grave. Ex.: o réu foi acusado por homicídio qualificado e os jurados desclassificaram para homicídio 
simples. O acusado apela e o tribunal anula o julgamento. No novo plenário, os outros jurados poderão 
reconhecer o homicídio qualificado, em razão do princípio constitucional da soberania dos veredictos. 
Salienta-se, porém, que, se no primeiro julgamento o juiz tinha fixado pena mínima para o homicídio 
simples, no segundo deverá também aplicar a pena mínima para o qualificado. A propósito: “I — A regra 
que estabelece que a pena estabelecida, e não impugnada pela acusação, não pode ser majorada se a 
sentença vem a ser anulada, em decorrência de recurso exclusivo da defesa, sob pena de violação do 
princípio da vedação da reformatio in pejus indireta, não se aplica em relação às decisões emanadas do 
Tribunal do Júri em respeito à soberania dos veredictos (Precedentes). II — Desse modo, e neste contexto, 
tem-se que uma vez realizados dois julgamentos pelo Tribunal popular devido à anulação do primeiro, e 
alcançados, nas referidas oportunidades, veredictos distintos, poderá a pena imposta no segundo ser mais 
gravosa que a fixada no primeiro. Recurso especial provido” (STJ — REsp 1.068.191/SP — 5ª Turma — Rel. 
Min. Felix Fischer — DJe 10.05.2010). Recentemente, contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu de 
forma diversa, entendendo que a interpretação citada inibe os acusados de interpor recurso de apelação 
contra as decisões do Júri, com receio de, em razão de seu inconformismo, acabar recebendo pena maior. 
De acordo com o Pretório Excelso, essa possibilidade de exacerbação da pena fere o princípio da ampla 
defesa e confere natureza acusatória ao recurso exclusivo do réu. Por isso, embora os Jurados possam 
votar como bem entenderem no segundo julgamento, o juiz, ao aplicar a pena, em hipótese alguma 
poderá aplicá-la em patamar superior ao do primeiro. Por essa interpretação, se ao réu tinha sido aplicada 
pena de 6 anos no primeiro julgamento, no segundo a pena não poderá passar desse patamar, ainda que 
os jurados tenham reconhecido homicídio qualificado, cuja pena mínima é de 12 anos. A propósito: 
“Homicídio doloso. Tribunal do Júri. Três julgamentos da mesma causa. Reconhecimento da legítima 
defesa, com excesso, no segundo julgamento. Condenação do réu à pena de 6 (seis) anos de reclusão, em 
regime semiaberto. Interposição de recurso exclusivo da defesa. Provimento para cassar a decisão 
anterior. Condenação do réu, por homicídio qualificado, à pena de 12 (doze) anos de reclusão, em regime 
integralmente fechado, no terceiro julgamento. Aplicação de pena mais grave. Inadmissibilidade. 
Reformatio in pejus indireta. Caracterização. Reconhecimento de outros fatos ou circunstâncias não 
ventilados no julgamento anterior. Irrelevância. Violação consequente do justo processo da lei (due 
process of law), nas cláusulas do contraditório e da ampla defesa. Proibição compatível com a regra 
constitucional da soberania relativa dos veredictos. HC concedido para restabelecer a pena menor. Ofensa 
ao art. 5º, incs. LIV, LV e LVII, da CF. Inteligência dos arts. 617 e 626, do CPP. Anulados o julgamento pelo 
tribunal do júri e a correspondente sentença condenatória, transitada em julgado para a acusação, não 
pode o acusado, na renovação do julgamento, vir a ser condenado a pena maior do que a imposta na 
sentença anulada, ainda que com base em circunstância não ventilada no julgamento anterior” (STF — 
HC 89.544 — 2ª Turma — Rel. Min. Cezar Peluso — DJe-89 — p. 197). Observação: Quando ocorrer a 
anulação de julgamento em virtude da incompetência absoluta do juízo, mesmo por ocasião de recurso 
exclusivo da defesa, o novo julgamento não fica vinculado aos limites da primeira sentença, não havendo 
que se falar em reformatio in pejus indireta, pois a sentença anterior é considerada inexistente”. 
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NORBERTO AVENA (Processo Penal, 9ª edição, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017). “Por 
reformatio in pejus compreende-se o agravamento da situação jurídica do réu em face de recurso 
interposto exclusivamente pela defesa. Sobre este instituto, é necessário diferenciar duas situações – a 
reformatio in pejus direta e a reformatio in pejus indireta, ambas, em tese, igualmente proibidas: 
Reformatio in pejus direta: Corresponde ao agravamento da situação do réu pelo tribunal ao julgar 
recurso exclusivo da defesa. É sempre proibida, conforme se infere do art. 617, 2.ª parte, do CPP. A proibição 
à reformatio in pejus direta refere-se não apenas ao total da pena fixada (pena definitiva), mas também 
ao quantum estabelecido em cada uma das etapas anteriores do cálculo da pena (pena-base e pena 
provisória). Questão também relevante concerne à possibilidade de o Tribunal, no julgamento de recurso 
exclusivo da defesa, proceder, de ofício, em prejuízo do condenado, à correção de erro material existente 
na sentença condenatória. Não há esta possibilidade. A jurisprudência pátria é no sentido de que a 
correção ex officio de erro material na sentença condenatória, em prejuízo do condenado, a partir de 
recurso exclusivo da defesa, implica reformatio in pejus, sendo, portanto, inadmissível. Reformatio in pejus 
indireta: Ocorre na hipótese em que, anulada a sentença por força de recurso exclusivo da defesa, outra 
vem a ser prolatada, agora impondo pena superior, ou fixando regime mais rigoroso, ou condenando por 
crime mais grave, ou qualquer outra circunstância que a torne, de qualquer modo, mais gravosa ao 
acusado. Exemplo: O réu, condenado a oito anos de reclusão, recorre invocando nulidade do processo. O 
Ministério Público não apela da decisão para aumentar a pena. Ao julgar o recurso, o tribunal acolhe o 
inconformismo da defesa e determina a renovação dos atos processuais na origem. Neste caso, não 
poderá a nova sentença, em tese, agravar a situação em que já se encontrava o réu (condenando-o a dez 
anos de prisão, por exemplo), sob pena de incorrer em reformatio in pejus indireta. Trata-se, aqui, do efeito 
prodrômico (alguns falam “podrômico”) da sentença penal condenatória inicialmente prolatada e que 
restou anulada, impedindo que recurso exclusivo da defesa resulte, mesmo que de forma indireta, no 
agravamento da situação jurídica do condenado. Mas, cuidado: a despeito da regra obstativa da 
reformatio in pejus indireta, duas questões, que por muito tempo ressalvaram a proibição, precisam ser 
enfrentadas: a primeira refere-se aos julgamentos pelo júri e, a segunda, à nulidade decorrente da 
incompetência absoluta do juízo. • Julgamentos pelo júri: Anulado o julgamento levado a efeito pelo 
Tribunal do Júri em face de apelação exclusiva da defesa (art. 593, III, a, do CPP), pode ocorrer, por exemplo, 
de,no novo julgamento, serem reconhecidas pelos jurados qualificadoras não aceitas no primeiro júri. 
Nessa hipótese, parte da jurisprudência sustenta que nada impede seja a pena fixada em patamar 
superior à anteriormente atribuída, o que se justifica na soberania dos veredictos do júri. Outros, ao 
contrário, entendem que, mesmo nesse caso, é inviável o agravamento da pena, sob o fundamento de 
que a estabilidade das relações jurídicas impede que o réu seja prejudicado a partir de recurso por ele 
interposto. Nos Tribunais Superiores, apesar de o tema não ser inteiramente pacificado, tem 
compreendido a maioria dos Ministros que, efetivamente, não pode o acusado, na renovação do 
julgamento, ser condenado a pena maior do que a imposta na decisão anulada, ainda que com base em 
circunstância não reconhecida no julgamento anterior. Particularmente, aderimos à primeira posição, 
considerando que o princípio da non reformatio in pejus indireta não incide quando, no segundo júri, 
reconhecerem os jurados, contra o réu, circunstâncias que não foram agasalhadas no primeiro. 
Consideramos que, anulado o primeiro júri, não há como impedir o novo Conselho de Sentença de 
conhecer todos os aspectos da acusação e da defesa e de pronunciar-se livremente sobre cada um deles, 
mesmo porque a vedação à reformatio in pejus decorre de preceito infraconstitucional (art. 617 do CPP), 
ao passo que a soberania do Tribunal do Júri assenta-se em norma incorporada à Constituição Federal 
(art. 5.º, XXXVIII). Logo, dentro dessa soberania, pode ocorrer que venham os jurados a agravar a situação 
jurídica do réu, daí decorrendo, como consectário lógico, o aumento da pena em relação ao júri anterior. 
É o caso, por exemplo, de reconhecerem os jurados, no segundo júri, a qualificadora da traição, que não 
foi admitida no primeiro. Nessa hipótese, não há falar em reformatio in pejus indireta, uma vez que a nova 
pena mais gravosa foi decorrência natural do referido reconhecimento. É importante frisar que a hipótese 
em que admitimos o aumento de pena é aquela em que o Conselho de Sentença, no segundo júri, agrava 
a situação do réu em relação ao que foi decidido no primeiro julgamento, pois, caso contrário, ficará 
vedado ao juiz responsável pela dosimetria da pena aumentá-la em relação à anteriormente fixada”. 
AURY LOPES JR. (Direito processual penal, 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Proibição da Reformatio in 
Pejus e a permissão da Reformatio in Mellius: art. 617 e Súmula n. 160 do STF. Está vedada a reforma para 
pior, ou seja, diante de exclusivo recurso da defesa, não pode o tribunal piorar a situação jurídica do 
imputado. Por outro lado, sempre será permitida a reforma da decisão para melhorar a situação jurídica 
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do réu, inclusive quando ele não recorre. Problemática é a situação da reformatio in pejus indireta nos 
julgamentos pelo Tribunal do Júri, em que, diante de um recurso exclusivo da defesa e a submissão a novo 
julgamento, o resultado não pode ser pior do que o do primeiro júri, independentemente de ter havido o 
reconhecimento de qualificadora antes afastada”. 
Jurisprudência pertinente 
Súmula 160, STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados 
os casos de recurso de ofício. 
[...] O Supremo Tribunal Federal possui entendimento quanto à possibilidade de realização de 
emendatio libelli em segunda instância mediante recurso exclusivo da defesa, contanto que não gere 
reformatio in pejus, nos termos do art. 617 do Código de Processo Penal (v.g. HC nº 103.310/SP, Relator 
para acórdão o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 8/5/15). [...] HC 134872, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, 
Segunda Turma, julgado em 27/03/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 08-10-2018 PUBLIC 09-
10-2018) 
[...] A recente jurisprudência dos Tribunais Superiores firmou entendimento no sentido de que a correção, 
de ofício, de erro material na sentença condenatória, em prejuízo do condenado, quando feito em 
recurso exclusivo da Defesa, constitui inadmissível reformatio in pejus, conforme ocorre na espécie. 
[...] (HC 103.460/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 22/08/2011, 
DJe 08/09/2011) 
[...] Tratando-se, com se trata, de Direito Penal adjetivo não se pode falar em correção ex officio de "erro 
material", máxime contra o réu. Tal instituto é próprio do Direito Processual Civil (art. 463, I, do CPC). [...] 
(HC 176.320/AL, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro JORGE MUSSI, 
QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 17/09/2012) 
[...] A proibição de reforma para pior garante ao réu o direito de não ver sua situação agravada, direta 
ou indiretamente, em recurso exclusivo da defesa, mas não obsta que o Tribunal, para dizer o direito 
- exercendo, portanto, sua soberana função de juris dictio -, encontre fundamentos e motivação 
própria para manter a condenação, respeitadas, à evidência, a imputação deduzida pelo órgão de 
acusação e as questões debatidas na sentença condenatória. 4. Para o exame das fronteiras que 
delimitam a proibição de reforma para pior deve ser analisado cada item do dispositivo da pena e 
não apenas a quantidade total da reprimenda. Assim, se o Tribunal exclui, em apelo exclusivo da 
defesa, circunstância judicial do art. 59 do CP erroneamente valorada na sentença, deve reduzir, 
como consectário lógico, a pena básica e não mantê-la inalterada, pois, do contrário, estará 
agravando o quantum atribuído anteriormente a cada uma das vetoriais. [...] (HC 251.417/MG, Rel. 
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/11/2015, DJe 19/11/2015) 
2.8.2 ‘Reformatio in mellius’ 
Bom, estamos tratando da ‘reforma para melhor’. Ocorreria quando, diante de recurso exclusivo da 
acusação, o tribunal, no julgamento, melhorasse a situação do réu. Por exemplo: réu é condenado por furto 
e somente o Ministério Público recorre da pena mínima; tribunal acaba por absolver. 
Lembre que a vedação legal (art. 617 do CPP) se estabelece em relação a situações em que “somente o réu 
houver apelado da sentença”; não fala nada de recurso exclusivo da acusação. Portanto, a lei não proíbe 
expressamente a reformatio in mellius. 
De qualquer modo, aqui também existem duas correntes, uma sustentando a possibilidade e outra pela 
impossibilidade da reformatio in mellius. 
Possibilidade de reformatio in mellius: é a que prevalece. Razões: 
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• ausência de proibição legal; 
• o Ministério Público também exerce o papel de fiscal da lei, de modo que recurso exclusivo seu não 
impediria o restabelecimento da ordem jurídica; 
• princípio do favor rei e da busca da verdade justificariam a reforma; 
• a regra do art. 617 do CPP foi criada para favorecer e não prejudicar o réu; 
• se o tribunal pode o mais, que seria conceder hábeas corpus de ofício (art. 654, § 2º do CPP), também 
pode o menos que seria favorecer o réu em análise de recurso da acusação. 
Por outro lado, quanto ao recurso da acusação, a despeito de não haver consenso na doutrina, 
prevalece o entendimento de que se aplica o sistema do benefício comum, isto é, do recurso 
interposto pelo Ministério Público, querelante ou assistente da acusação, pode resultar beneficio 
à parte contrária, leia-se, ao acusado. 
Isso porque, nesse caso, aplica-se o princípio da reformatio in mellius. Significa dizer que, no 
recurso exclusivo da acusação, é plenamente possível que o juízo ad quem melhore a situação 
da defesa, seja para aplicar causas de diminuição de pena ou circunstâncias atenuantes não 
reconhecidas pelo juízo a quo, seja para excluir qualificadoras constantes da decisão impugnada, 
podendo, inclusive,absolver o acusado. 
[...] por conta dos princípios do favor rei (ou favor libertatis) e da economia processual, é 
plenamente possível a reformatio in mellius para a defesa no processo penal. Afinal, se a própria 
Constituição Federal dispõe que o devido processo legal é indispensável para que alguém possa 
ser privado de sua liberdade (art. 5°, LIV), é de todo evidente que o juízo ad quem é livre para 
apreciar eventual violação a este bem jurídico indisponível, já que se trata de matéria de ordem 
pública (Lima, 2018). 
Aliás, é comum a aplicação da reformatio in mellius a nível recursal, nas situações em que o tribunal corrige 
a aplicação da pena. Nesse sentido, veja-se precedente do Superior Tribunal de Justiça: 
[...] 4. O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão no sentido de que "é admitida a 
reformatio in melius, em sede de recurso exclusivo da acusação, sendo vedada somente a 
reformatio in pejus." (REsp 628.971/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, DJe 
12/04/2010.) 5. A aplicação das majorantes previstas no art. 40 da Lei n. 11.343/2006, quando 
estabelecida acima da fração mínima, exige motivação concreta, o que não ocorreu na hipótese. 
Readequação do índice para 1/6. (HC 368.973/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA 
TURMA, julgado em 20/02/2018) 
Impossibilidade da reformatio in mellius: posição minoritária que decorreria do princípio tantum devolutum 
quantum apellatum (devolve-se ao tribunal o quanto se apela); o tribunal não poderia julgar sobre o que não 
foi pedido na apelação. Para muitos, esse princípio (de inspiração civil) não se aplicaria no processo penal. 
MIRABETE, citando alguns precedentes antigos do STF, assim pondera: 
De acordo com o princípio ne eat judex ultra petita partium, não pode o tribunal ad quem, em 
recurso exclusivo da acusação, reformar a decisão em favor do réu, seja atenuando-lhe a pena, 
seja beneficiando-o de outra forma. É a orientação do STF que não é possível a reformatio in 
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melius pois há coisa julgada para o réu, e que incide na hipótese o princípio tantum devolutum 
quantum appellatum, o que afasta essa possibilidade (Mirabete, 2005). 
Dessa forma, em análise conjunta com o princípio anterior (non reformatio in pejus), pode-se afirmar: 
❖ em se tratando de recurso exclusivo da defesa, a situação do acusado poderá ser mantida (no caso 
de desprovimento do recurso, por exemplo) ou melhorada, mas nunca agravada, direta ou 
indiretamente, em virtude da incidência do princípio da proibição da reformatio in pejus. 
A propósito, pertinente o registro de BRASILEIRO acerca da amplitude da reanálise da matéria no bojo de 
recurso da defesa, com a ressalva referente ao Tribunal do Júri: 
[...] no recurso da defesa, ainda que tal matéria não tenha sido expressamente impugnada pela 
defesa (v.g., a defesa recorre apenas para diminuir a pena, mas o Tribunal concede ao acusado 
regime prisional mais favorável). Ressalva especial a essa devolução plena recai sobre a apelação 
contra decisões do júri, haja vista o teor da súmula nº 713 do Supremo, segundo a qual “o efeito 
devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua 
interposição”. Com efeito, em sede processual penal, somente a apelação interposta contra a 
sentença do juízo singular tem efeito devolutivo amplo. Nos processos de competência do 
Tribunal do Júri, não é possível conhecer de matéria não ventilada nas razões de apelação 
criminal, pois isso redundaria na vedada supressão de instância, daí a razão de ser da própria 
súmula nº 713 do Supremo (Lima, 2017); 
❖ em sede de recurso exclusivo da acusação, a situação do réu poderá ser mantida (não conhecimento 
ou desprovimento do recurso), agravada (em caso de provimento) ou, ainda, melhorada, com o 
reconhecimento ex officio de ilegalidade ou algum benefício em seu favor, em virtude da incidência 
do princípio da reformatio in mellius. 
Doutrina Complementar 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “Apesar de pequenas divergências, entende-se que, se o recurso for exclusivo da acusação 
(Ministério Público ou querelante), o tribunal pode reconhecer e aplicar ao réu reprimenda mais benéfica 
em relação àquela constante da sentença, na medida em que o art. 617 só proíbe a reformatio in pejus. É 
a opinião de Tourinho Filho e de José Frederico Marques. Na jurisprudência, veja-se o seguinte julgado: 
“Processual penal. Reformatio in mellius. Admissibilidade em doutrina. O recurso de apelação do 
Ministério Público devolve ao Tribunal o exame de mérito e da prova. Nessas circunstâncias, se o tribunal 
verifica que houve erro na condenação ou na dosimetria da pena, não está impedido de corrigi-lo, em 
favor do réu, ante o que dispõe o art. 617, do CPP, que somente veda a reformatio in pejus, não a reformatio 
in mellius. Argumentos de lógica formal não devem ser utilizados, na justiça criminal, para homologar 
erros ou excessos. E não é razoável remeter-se, na hipótese, o interessado para uma revisão criminal de 
desfecho provavelmente tardio, após cumprida a pena, com prejuízos para o indivíduo e para o Estado: 
aquele pela perda da liberdade, a este pela obrigação de reparar o dano (art. 630, do CPP). Recurso especial 
do Ministério Público conhecido pela divergência jurisprudencial, mas improvido” (STJ — REsp 2.804/SP 
— 5ª Turma — Rel. Min. Assis Toledo — DJ 06.08.1990 — p. 7.347)”. 
NORBERTO AVENA (Processo Penal, 9ª edição, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017). “Ocorre a 
reformatio in mellius quando o juízo ad quem, julgando recurso exclusivo da acusação para agravar a 
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situação do réu condenado, atenua a pena, desclassifica a infração penal para outra menos grave ou o 
absolve da imputação pela qual condenado. Pois bem, embora exista posição doutrinária contrária à sua 
aplicação, na atualidade é consolidado o entendimento dos Tribunais no sentido de sua possibilidade, em 
face da inexistência de vedação legal. No STJ, tem-se decidido, reiteradamente, no sentido de que “é 
admitida a reformatio in mellius em sede de recurso exclusivo da acusação, sendo vedada somente a 
reformatio in pejus”. 
Jurisprudência pertinente 
[...] O art. 617 do Código de Processo Penal veda, tão-somente, a reformatio in pejus, sendo admíssivel 
a reformatio in mellius na hipótese sob exame, em que o Tribunal a quo, ao julgar o recurso da 
Acusação, reconheceu a insubsistência do conjunto probatório e absolveu o Réu, com fulcro no art. 
386, inciso VI, do Código de Processo Penal. [...] (REsp 753.396/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA 
TURMA, julgado em 11/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 281) 
[...] Esta Corte firmou compreensão no sentido de que é admitida a reformatio in melius, em sede de 
recurso exclusivo da acusação, sendo vedada somente a reformatio in pejus. [...] (REsp 628.971/PR, Rel. 
Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 16/03/2010, DJe 12/04/2010) 
2.9 DIALETICIDADE 
Por força desse princípio, o recorrente deverá apresentar, no corpo do recurso, as razões e os fundamentos 
de sua irresignação, de modo a viabilizar o exercício do contraditório pelo recorrido. “Aliás, não apenas as 
razões, mas também as contrarrazões devem ser apresentadas para que, em cotejo dialético, possa o 
Tribunal analisar o recurso” (Dezem, 2018). 
Por princípio da dialeticidade deve se entender que o recurso deve ser discursivo, 
argumentativo, dialético. O recorrente deverá expor as razões pelas quais recorre, e a parte 
contrária terá o direito de apresentar contrarrazões. Razões e contrarrazões são indispensáveis. 
A ideia de dialeticidade representa a projeção, em segundo grau de jurisdição,da mesma 
estrutura dialética que se desenvolve em primeiro grau: as razões de recurso representam a tese 
recursal, e as contrarrazões, sua antítese. A matriz do princípio recursal da dialeticidade está, 
portanto, na garantia constitucional do contraditório. Logo, a ausência de razões ou 
contrarrazões inviabiliza o contraditório de partes em segundo grau (Badaró, 2017). 
Dentre os fundamentos da Súmula 707 do Supremo Tribunal Federal está a dialeticidade: 
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, 
não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
BRASILEIRO assim esclarece: 
Dois são os fundamentos do princípio da dialeticidade: 
a) permitir que a parte contrária possa elaborar suas contrarrazões: o princípio do contraditório 
impõe que o recorrente exponha seus fundamentos recursais, apontando qual a injustiça ou 
ilegalidade da decisão impugnada contra a qual se insurge. Somente diante dos argumentos do 
recorrente é que o recorrido poderá refutá-los, o que será feito em suas contrarrazões; 
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b) fixar os limites de atuação do Tribunal na apreciação do recurso: o pedido se mostra essencial 
na formulação de qualquer recurso, haja vista que, ao lado da fundamentação, limita a atuação 
e decisão do Tribunal, considerando-se a regra do tantum devolutum quantum appelatum. De 
fato, como será visto com mais detalhes ao tratarmos do efeito devolutivo, a atividade judicante 
exercida pelo Tribunal por ocasião do julgamento de um recurso está vinculada à pretensão do 
recorrente, exposta em sua fundamentação e em seu pedido, o que corrobora a importância do 
princípio da dialeticidade (Lima, 2017). 
Por outro lado, o próprio Código de Processo Penal mitiga a força desse princípio ao permitir, em certas 
ocasiões, a remessa dos autos ao tribunal ad quem mesmo sem as razões ou contrarrazões do recurso. 
Conforme a dicção do art. 589 do CPP, há a possibilidade de que o recurso em sentido estrito seja instruído 
e remetido à instância superior sem as contrarrazões do recorrido. Ainda, como evidencia o art. 601 do CPP, 
poderá haver a remessa dos autos, em recurso de apelação, sem as próprias razões recursais, acaso escoado 
in albis o prazo para oferecê-las. De mais a mais, ainda em relação à apelação, há previsão legal para que o 
apelante ofereça as razões recursais diretamente ao tribunal ad quem, nos termos do art. 600, § 4º do CPP. 
Observe, in verbis, o teor dos referidos artigos: 
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro 
de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os 
traslados que lhe parecerem necessários. 
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, 
poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. 
Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou 
em traslado. 
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as 
razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que 
o prazo será de trinta dias. 
§ 1º Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem todos 
apelado, caberá ao apelante promover extração do traslado dos autos, o qual deverá ser 
remetido à instância superior no prazo de trinta dias, contado da data da entrega das últimas 
razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a apresentação das do apelado. 
§ 2º As despesas do traslado correrão por conta de quem o solicitar, salvo se o pedido for de réu 
pobre ou do Ministério Público. 
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de 
oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo 
será de três dias. [...] 
§ 4º Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar 
na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às 
partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial. 
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Em relação aos artigos 589 e 601 do CPP, todavia, BRASILEIRO registra: 
A nosso juízo, tal interpretação é incompatível com o princípio da dialeticidade, que condiciona 
a apreciação de um recurso à declinação dos motivos pelos quais o recorrente pretende o 
reexame da decisão, assim como a juntada de contrarrazões, nas quais o recorrido irá apontar os 
fundamentos pelos quais entende que a decisão impugnada deve ser preservada. Não obstante, 
os Tribunais Superiores têm considerado válido o julgamento de um recurso independentemente 
da juntada de razões e/ou contrarrazões. Na dicção do Supremo, “a ausência de razões de 
apelação e de contrarrazões à apelação do Ministério Público não é causa de nulidade por 
cerceamento de defesa, se o defensor constituído pelo réu foi devidamente intimado para 
apresentá-las”. 
O autor conclui: 
Por fim, convém lembrar que nem todo recurso demanda a apresentação de razões e/ou de 
contrarrazões. [...] em se tratando de embargos de declaração, não há necessidade de intimação 
da parte contrária, porquanto referido recurso visa apenas a esclarecer obscuridade, 
ambiguidade, contradição ou omissão da decisão impugnada. No entanto, na hipótese de 
embargos de declaração com efeitos infringentes, ou seja, aqueles que, diante da apreciação de 
ponto omisso da decisão, podem provocar a modificação do sentido do decisum, doutrina e 
jurisprudência são uníssonas em reafirmar a necessidade de se intimar a parte contrária para 
apresentar contrarrazões, em fiel observância ao princípio do contraditório (Lima, 2017). 
Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “O recorrente deve 
expor os fundamentos de sua irresignação, evidenciando os motivos pelos quais pretende ver 
reexaminada a decisão, viabilizando o contraditório recursal (razões e contrarrazões). A motivação dos 
recursos nem sempre é obrigatória no processo penal para que o recurso seja conhecido, especialmente 
quando a impugnação se dirige à decisão de juiz singular. Desse modo, o Código prevê, por exemplo, a 
subida de apelação sem as razões recursais, quando permite a sua apresentação na instância ad quem 
(tribunal), nos termos do § 4º, do art. 600, do CPP. Já no que se refere ao recurso em sentido estrito, o 
mesmo Código admite que ele suba com ou sem resposta, isto é, com ou sem contrarrazões (não sem 
razões!), a teor do caput, do seu art. 589. Embora tolerada pela jurisprudência e sufragada pela legislação 
a apreciação de recursos sem razões, quando para tanto tenha sido intimado o recorrente, e o tribunal 
haja apreciado adequadamente o recurso, entendemos, com Frederico Marques, que “a motivação deve 
ser requisito essencial do recurso, por tratar-se de pressuposto indispensável para a sua admissibilidade”. 
De tal maneira, apresentado o recurso de forma leiga pelo acusado, é indispensável a intimação de seu 
advogado constituído ou defensor para arrazoá-lo. Caso haja conflito entre autodefesa e defesa técnica, 
deve o magistrado oportunizar a constituição de novo advogado pelo réu, assinando prazo, após o que 
deve nomear defensor dativo, se não for o caso de assistência pela Defensoria Pública”. 
Jurisprudência pertinente 
Súmula 431, STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, 
salvo em "habeas corpus". 
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[...] A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a ausência de razões 
de apelação e de contra-razões à apelação do Ministério Público não é causa de nulidade por 
cerceamento de defesa, se o defensor constituído pelo réu foi devidamente intimado para apresentá-
las. Precedentes. [...] (HC 91251, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 19/06/2007, 
DJe-082 DIVULG 16-08-2007 PUBLIC 17-08-2007 DJ 17-08-2007 PP-00059 EMENT VOL-02285-04 PP-
00824 RT v. 96, n. 866, 2007, p. 580-583) 
[...] Não há nulidade no julgamento da apelação interposta pelo Ministério Público se a defesa, 
regularmente intimada para apresentar contrarrazões, queda-se inerte. Precedentes. [...] (RHC 133121, 
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado 
em 02/08/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-239 DIVULG 19-10-2017 PUBLIC 20-10-2017) 
[...] O efeito devolutivo do recurso de apelação criminal encontra limites nas razões expostas pelo 
recorrente, em respeito ao princípio da dialeticidade que rege os recursos no âmbito processual 
penal pátrio, por meio do qual se permite o exercício do contraditório pela parte que defende os 
interesses adversos, garantindo-se, assim, o respeito à cláusula constitucional do devido processo 
legal. [...] (HC 351.325/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe 
29/08/2018) 
[...] 1. As razões de recurso são indispensáveis, para garantir ao réu o exercício concreto do direito à 
ampla defesa, constitucionalmente previsto (art. 5º, inciso LV). 2. Apelação interposta por termo nos 
autos pelo próprio réu, e, embora intimado seu Defensor para apresentar as razões de recurso, a 
ausência destas obrigaria o juízo a nomear defensor dativo ou defensor "ad hoc", não sem antes 
intimar o réu a constituir outro defensor. [...] (HC 126.035/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA 
TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 08/02/2010) 
2.10 COLEGIALIDADE 
Decorrente do princípio do duplo grau de jurisdição, a colegialidade diz respeito ao direito da parte 
recorrente de ter o seu recurso apreciado e julgado por um órgão colegiado, formado, naturalmente, por 
mais de um julgador. 
Esse princípio não é ofendido pela possibilidade de julgamento de um recurso de forma 
monocrática, por membro de tribunal, relator, haja vista que das decisões monocráticas pode a 
parte sucumbente pleitear, por simples agravo, o julgamento pelo órgão fracionário, colegiado, 
que competir o exame do assunto. O afastamento da colegialidade pela possibilidade de 
julgamento monocrático é tão somente aparente (Távora, 2017). 
Esse princípio não se aplica a todas as espécies recursais, entretanto. Basta que se analise, por exemplo, os 
embargos de declaração, uma espécie de recurso com o fito de que seja sanada, pelo próprio prolator da 
decisão – embora também possa incidir em sede colegiada –, alguma obscuridade, contradição, ambiguidade 
ou omissão no bojo do decisum. 
Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “É outorgada ao 
recorrente para que a matéria recorrida seja objeto de apreciação por órgão colegiado, integrado por mais 
de um julgador. [...] Sem embargo, esse princípio não é absoluto, pois alguns recursos não ensejam a 
possibilidade de exame colegiado, a exemplo dos embargos de declaração. Ademais, a colegialidade 
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decorre do princípio do duplo grau de jurisdição, eis que possibilita a reavaliação do caso por um corpo 
de juízes. O Pacto de São José da Costa Rica, ratificado pelo Decreto nº 678/1992, ampara sua existência 
em seu art. 8, item “2”, alínea “h”. Vale destacar que o princípio da colegialidade recursal não é encontrado 
no julgamento de primeira instância dos crimes dolosos contra a vida, de competência do tribunal do júri. 
O júri não examina recurso, porém julga os fatos concernentes a sua competência para apreciar os crimes 
dolosos contra a vida. De tal modo, a colegialidade do júri, restrita aos sete jurados (leigos) que formam a 
composição do conselho de sentença, e que não se estende ao juiz-presidente (togado), não se confunde 
com a colegialidade dos recursos”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “É possível que haja 
integração do recurso já interposto toda vez que a decisão recorrida for modificada supervenientemente, 
tanto em razão de correção de erro material, como de provimento de outro recurso, em virtude do 
exercício de retratação pelo juiz. Nas hipóteses em que o juiz alterar a decisão (juízo de retratação ou 
retificação de erro material) que repercuta nos fundamentos do recurso que já tinha sido interposto, deve 
haver “a renovação do prazo recursal para a apresentação de novo recurso, adequado às modificações 
operadas na nova decisão”. A nova impugnação é autorizada se a matéria recorrida tiver sido objeto de 
alteração do julgado. Imaginemos que as partes tenham sido intimadas da sentença e a defesa 
apresentou, de pronto, apelação, ao passo em que o MP apresentou embargos declaratórios, para que a 
omissão do julgado fosse suprida. Ocorrendo a alteração da sentença em face do julgamento dos 
embargos declaratórios, deve a defesa ser admitida a complementar o recurso que já tinha sido 
apresentado, adaptando-o à nova realidade, após a apreciação dos embargos”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Sustentado por 
corrente minoritária, consiste na possibilidade do interessado, enquanto estiver em andamento o prazo 
recursal, interpor mais de um recurso contra a mesma decisão. A variabilidade dos recursos tem o 
propósito de autorizar que o recorrente amplie os limites de seu primeiro recurso, com a interposição de 
outra impugnação para, por exemplo, abranger outros pontos da decisão recorrida. Entendemos, todavia, 
que tal princípio não deve ser aplicado no âmbito do processo penal. Isso porque pensamos que, uma vez 
interposto o recurso pela parte sucumbente, especialmente quando delimitada a sua abrangência pela 
petição recursal, ocorrerá preclusão consumativa, constitutiva de óbice à admissibilidade de recurso 
ulterior daquele sujeito processual interessado. No sentido por nós sustentado, Elmir Duclerc obtempera 
que a regra da variabilidade é “de aplicação duvidosa no âmbito do nosso sistema recursal” e que “teria 
amparo, segundo alguns autores, na norma do antigo art. 809 do CPC de 1939, que, todavia não foi 
repetida no texto atual e tampouco no CPP”. Veja-se que se distinguem os princípios da variabilidade 
(mesmo recurso, manejado pelo mesmo recorrente, contra uma mesma decisão, dentro do mesmo 
prazo), da complementariedade (manejo do mesmo recurso em razão da devolução do prazo recursal, 
diante de alteração superveniente da decisão) e da suplementariedade (possibilidade de interposição de 
recurso diverso contra a mesma decisão já impugnada anteriormente pelo mesmo recorrente). Note-se, 
ainda, que não é hipótese de aplicação do princípio da variabilidade dos recursos quando as interposições 
sucessivas de um mesmo recurso ocorrem dentro do prazo recursal, embora feitas por legitimados 
recursais diversos, ainda que em favor do mesmo réu. A título de exemplo temos a possibilidade de 
interposição autônoma de apelação por um motivo pelo advogado do acusado e por outro fundamento 
pelo próprio acusado, nos casos de conflito de interesse recursal entre defesa técnica e autodefesa”. 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Permite-se ao 
recorrente a desistênciade um recurso já interposto para a interposição de um novo, desde que se 
observe o prazo legal. Parte da doutrina entende que esse princípio deixou de existir na legislação 
brasileira, infirmado pelo fenômeno da preclusão consumativa, que implica a perda do direito de recorrer 
mais de uma vez da mesma decisão. Dessa forma, a prática de ato processual anterior extingue a 
possibilidade de se exercitar novamente o direito ao recurso, mesmo que interposto tempestivamente”. 
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3. FASES PROCEDIMENTAIS DOS RECURSOS 
Podemos compreender que os recursos normalmente comportam duas fases procedimentais: juízo de 
admissibilidade (prelibação) e juízo de mérito (delibação). 
3.1 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE 
Em juízo de admissibilidade se verifica, como o 
próprio nome sugere, o cabimento ou a 
admissibilidade do recurso interposto, com base em 
seus pressupostos. Em juízo de mérito se conhece da 
pretensão recursal, analisando-se o objeto do 
recurso. Tudo isso dentro de uma lógica: primeiro se 
analisa a possibilidade de recurso (de acordo com os 
requisitos legais) para, depois e se for o caso, conhecer da sua pretensão, do seu mérito. 
Para que um recurso possa ser recebido, conhecido e julgado, é necessário que certos requisitos ou 
pressupostos sejam cumpridos e observados. A verificação desse cumprimento é realizada em sede de uma 
análise preliminar, denominada de juízo de prelibação, que antecede o juízo de delibação, em que se 
analisará o mérito. Essa prelibação é exercida, em um primeiro momento, pelo próprio juízo contra o qual 
se recorre (chamado de ‘juízo a quo’); posteriormente, em se admitindo o recurso (constatada a presença 
dos pressupostos), será também exercida pelo juízo ad quem (para o qual se recorre). 
Atente-se que, ao definirmos prelibação como o juízo de admissibilidade, tratamos dessa 
expressão, exclusivamente, em matéria de recursos criminais. Contudo, o termo também possui 
outro significado, muito especialmente quando faz parte das expressões “juízo de estrita 
prelibação” ou “juízo de mera prelibação”. Neste caso, a palavra nada tem a ver com recursos, 
referindo-se, isto sim, àquelas decisões que realizam um exame superficial do mérito, sem 
demandarem aprofundamento no caderno probatório. É o caso, por exemplo, da decisão de 
pronúncia, que se restringe à abordagem superficial da prova angariada aos autos para não 
interferir no convencimento dos jurados (Avena, 2017). 
Desta forma, verificar-se-á, a título provisório — eis que tal análise não vincula, logicamente, a 
superior instância —, se o recurso é plausível de apreciação, ou seja, se se mostra pertinente e 
cabível. Tal decisão tem efeito precipuamente declaratório, de conteúdo positivo ou negativo. 
Pergunta-se, assim, se existe um “direito ao recurso”, para depois responder-se qual é o “direito 
em recurso” (questão de mérito) (Bonfim, 2013). 
Portanto, é plenamente possível que um recurso seja recebido em primeira instância, mas não seja 
conhecido pela segunda, caso entenda o juízo ad quem pela ausência de algum pressuposto essencial. 
Imagine-se, para ilustrar, que, diante de sentença condenatória, o réu ingresse com apelação 
junto à Vara Criminal em que proferida a decisão, sendo o recurso considerado tempestivo pelo 
juiz. Recebida a insurgência e encaminhada ao Tribunal, pode ocorrer de, naquela instância, a 
juízo de 
admissibilidade
•análise de 
pressupostos 
recursais
juízo de mérito 
(delibação)
•conhecimento 
da pretensão 
recursal
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Câmara Recursal vir a considerá-lo intempestivo e, por isso, decida por não conhecê-lo (Avena, 
2017). 
Ademais, cabe registrar que, na hipótese de o juízo a quo não receber o recurso, caberá à parte impugnar 
referida decisão perante a segunda instância, com o fim de que o recurso em si seja admitido e remetido ao 
juízo ad quem, para análise do mérito. 
[...] se o juízo recorrido não admite o seguimento do recurso de apelação, o recorrente pode 
levar a matéria ao conhecimento da segunda instância, que fará novo juízo de prelibação através 
de recurso em sentido estrito (art. 581, XV), o mesmo acontecendo no caso de denegação do 
recurso em sentido estrito, frente a possibilidade de apresentação de carta testemunhável (art. 
639), podendo albergar os pressupostos de admissibilidade recursivos previamente negados 
(Bonfim, 2013). 
Aliás, a título de complementação, quanto à correta terminologia empregada para se referir às decisões 
sobre a admissibilidade dos recursos, TÁVORA muito bem sintetiza: 
Sobre a terminologia a ser usada quando se vê a falta de pressuposto ou de requisito para que o 
recurso seja apreciado em seu mérito, impende dizer que eles são usados a depender da 
qualidade do órgão jurisdicional que impeça, liminarmente, o processamento da impugnação: 
a) quando é o juiz de primeiro grau que verifica a ausência de pressuposto recursal, diz-se que 
ele “não recebe” o recurso; 
b) quando se trata de membro de tribunal que decide, monocraticamente, sem apreciar o mérito 
do recurso, fala-se que ele “nega seguimento” ao recurso interposto; 
c) já quando a decisão é proferida pelo órgão colegiado (tribunal, turma, câmara etc.), o termo 
técnico a ser usado é o de que o órgão, por unanimidade ou por maioria, decidiu por “não 
conhecer” do recurso (Távora, 2017). 
3.2 JUÍZO DE MÉRITO 
Normalmente, “a competência para o juízo de mérito é apenas do órgão superior. Excepcionalmente, o 
próprio órgão que proferiu a decisão recorrida também realiza o juízo de mérito, nos casos em que há juízo 
de retratação (por exemplo, no recurso em sentido estrito)”. 
O objeto do juízo de mérito é o próprio conteúdo do recurso, isto é, a matéria impugnada e em 
relação à qual se pede a reforma da decisão (por exemplo, absolvição ou redução da pena). Pode 
ocorrer que o objeto do juízo de mérito do recurso seja matéria relativa a questões processuais 
(por exemplo, o recurso contra a decisão de rejeição da denúncia, porque o Ministério Público é 
parte ilegítima para a ação penal). Nesse caso, o mérito do recurso será matéria que, em relação 
ao processo, é considerada questão preliminar (por exemplo, a ilegitimidade de parte do 
Ministério Público). Em suma, o mérito do recurso poderá ser, em relação ao processo em si, 
tanto questão preliminar quanto questão de mérito (Badaró, 2017). 
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No que diz respeito ao resultado temos a seguinte equação: 
✓ juízo de mérito positivo = provimento do recurso; 
✓ juízo de mérito negativo = improvimento do recurso. 
Podemos identificar e sistematizar dois tipos de vícios nas decisões: 
× de procedimento (error in procedendo) – gera anulação/cassação; 
× de julgamento (error in judicando) – gera reforma/modificação. 
No caso de provimento do recurso, no que tange à consequência do juízo de mérito, ela 
dependerá do vício alegado pelo recorrente. Se na sentença houver um error in iudicando (erro 
de julgamento), o Tribunal deverá reformar a decisão, proferindo outra que irá substituí-la (por 
exemplo, a sentença absolveu o acusado e o Tribunal deu provimento ao recurso para condená-
lo). Já no caso de error in procedendo (erro na aplicação do direito processual), o Tribunal deverá 
reconhecer o vício e anular o processo a partir do ato defeituoso, baixando o processo para que 
o juiz de primeiro grau refaça tais atos de forma regular. Não pode o Tribunal substituir a decisão 
recorrida, porque estaria suprimindo o primeiro grau de jurisdição (Badaró, 2017). 
Se for conhecido o recurso, com o seu julgamento de mérito, a disciplinasobre a sobreposição das decisões 
dentro de um mesmo processo é buscada no Código de Processo Civil: 
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver 
sido objeto de recurso. 
Havendo o julgamento do mérito recursal, o acórdão proferido em seu julgamento sempre 
substitui a decisão recorrida, mesmo quando ela é “confirmada” pelo acórdão (CPC, art. 1.008). 
Tanto que, se em face da decisão recorrida for interposto novo recurso (por exemplo, recurso 
especial em face do acórdão da apelação), o ato impugnado será o acórdão proferido no 
julgamento do recurso, e não o ato originariamente recorrido (a sentença). Da mesma forma, se 
o acórdão apenas “confirmou” a sentença condenatória de primeiro grau, a revisão criminal 
deverá ser interposta contra o acórdão, e não contra a sentença (Badaró, 2017). 
4. PRESSUPOSTOS RECURSAIS 
Alguns chamam de requisitos. 
“O exercício da ação penal, cuja compreensão mais simplificada seria como o direito à provocação da 
jurisdição, é condicionado à superação de determinados requisitos, alguns ligados ao próprio veículo da 
atuação jurisdicional, o processo (pressupostos processuais), e outros à ação mesma (as chamadas condições 
da ação). 
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Tanto como ocorre ali, também no campo dos recursos o que estará sendo exercitado é a iniciativa penal, 
ou o direito à provocação da jurisdição. Nesse caso, da jurisdição de hierarquia superior. 
Por isso, e para que a utilização das vias recursais não se transforme em instrumento de abuso de direito ou 
de mera satisfação de curiosidade acadêmica, a lei estabelece alguns requisitos mínimos para o 
conhecimento do recurso pelo tribunal ad quem, isto é, o tribunal com competência revisional da matéria 
impugnada”. 
Há uma distinção a ser feita desde logo, diante da gravidade de suas consequências. Existem duas 
fases inteiramente distintas na apreciação do recurso: a de seu conhecimento e a de seu 
provimento, ou, ainda, em ambos os casos, do juízo negativo, ou seja, do não conhecimento e 
do não provimento. 
Quando se conhece do recurso, é ele admitido. Admitido no sentido de preencher os requisitos 
legais para o seu exame pela instância recursal. 
Já o seu provimento, como intuitivo e acessível pela simples compreensão do vocábulo, significa 
o reconhecimento da procedência da impugnação, com a reforma ou a anulação do julgado 
anterior. No caso de reforma, a nova decisão substituirá inteiramente a anterior, ainda quando 
o provimento do recurso seja parcial. A confirmação de parte do julgado não significa 
substituição parcial: a decisão do tribunal configura nova solução da matéria, em substituição 
àquele objeto do recurso. Na hipótese de anulação, haverá desconstituição da decisão anterior, 
renovando-se a competência do juiz para novo julgamento. 
A distinção é relevante, no exato ponto em que o não conhecimento do recurso implicará a 
manutenção da decisão recorrida, tal como ela tiver sido proferida. Não conhecido o recurso, 
prevalecerá, em sua inteireza, a decisão impugnada. 
Com isso, identificado o responsável pela decisão, estará definida a competência para uma 
possível e eventual ação de revisão criminal e para a impetração de habeas corpus. Nos termos 
do art. 102, I, j, compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento da ação de revisão criminal 
de seus julgados. Ora, a competência da Suprema Corte somente poderá afirmar-se na hipótese 
de conhecimento do recurso ali aviado, quando aquele tribunal, efetivamente, apreciará o fato 
e o direito da questão penal. Não conhecido o recurso, a competência será do tribunal que tiver 
proferido a decisão então impugnada (Pacelli, 2018). 
4.1 PRESSUPOSTOS OBJETIVOS OU EXTRÍNSECOS 
São pressupostos que se referem ao próprio 
recurso. Costuma-se apontar quatro pressupostos 
objetivos, quais sejam: 
4.1.1 Cabimento 
Simplistamente falando, diz respeito à 
possibilidade legal de se recorrer, com um meio 
adequado para isso. 
cabimento
regularidade formal
tempestividade
ausência de fatos impeditivos/extintivos
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Significativa parcela da doutrina opta por conceber o cabimento como a conjugação de dois elementos: a 
recorribilidade e a adequação; embora alguns autores prefiram considerar a adequação como um requisito 
separado. 
A recorribilidade diz respeito à possibilidade de recurso para determinada decisão, possibilidade essa que é 
evidenciada expressamente pela própria lei, ao dispor que ‘de tal decisão caberá recurso’, bem como qual 
será esse meio impugnatório. 
“Se a lei nega a possibilidade de se interpor recurso (cf. art. 273 do CPP) e a parte, mesmo assim, interpuser 
um, o recurso que for interposto não será conhecido por ausência de um requisito extrínseco do juízo de 
admissibilidade, qual seja: cabimento” (Rangel, 2017). 
Por sua vez, a adequação refere-se ao manejo da modalidade recursal correta em relação à decisão 
recorrida. Exemplifica-se: de uma sentença condenatória proferida por juiz singular deverá ser interposta 
apelação, nos termos do art. 593, I do CPP – e não recurso em sentido estrito. 
Contudo, como tratado por ocasião dos princípios, “se a doutrina aponta a adequação como pressuposto 
objetivo de admissibilidade recursal, também costuma dizer que referido pressuposto não tem caráter 
absoluto, sendo mitigado pelo princípio da fungibilidade, nos exatos termos do art. 579 do CPP” (Lima, 2017). 
Em suma, o cabimento, ou taxatividade, deve ser visto sob um duplo aspecto: (i) a lei estabelece 
os atos recorríveis e (ii) a lei estabelece o recurso adequado para impugnar cada ato. Ou seja: 
cabimento = recorribilidade + adequação. Por exemplo, uma sentença condenatória é recorrível, 
portanto é um ato que a lei admite recurso, e estabelece como adequado para impugna-lo 
apelação. Se uma sentença condenatória for impugnada por meio de recurso em sentido estrito, 
faltará o requisito do cabimento. Assim como também é elementar, não será cabível qualquer 
recurso contra despachos porque esses atos judiciais, não tendo conteúdo decisório, são 
irrecorríveis (Badaró, 2017). 
Doutrina Complementar 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “O recurso deve estar previsto 
em lei. Logo, de nada adianta interpor um recurso que inexiste no direito processual penal, como, por 
exemplo, o agravo de instrumento. O recurso deve ser adequado à decisão que se quer impugnar, pois, 
para cada decisão, a lei prevê um recurso adequado. Apesar disso, por força do princípio da fungibilidade 
dos recursos, também chamada de teoria do recurso indiferente, a interposição equivocada de um 
recurso pelo outro não impede o seu conhecimento, desde que oferecido dentro do prazo correto e 
contanto que não haja má-fé do recorrente. Aplica-se também o princípio da unirrecorribilidade das 
decisões, expressamente previsto no art. 809 do Código de Processo Penal anterior, segundo o qual, para 
cada decisão, só existe um único recurso adequado. A fim de evitar confusões, convém aclarar: quando 
for previsto expressamente o recurso em sentido estrito para determinada decisão, este é o recurso a ser 
recorribili-
dade
adequação cabimento
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interposto, e não a apelação, que é residual. Assim, se a decisão estiver prevista em um dos incisos do art. 
581 do CPP, o recurso oponível será o em sentido estrito, diante do critério da especialidade (o recurso 
previsto para o caso específico prevalece sobre o recurso genérico). A apelação fica para todas as 
sentenças definitivas ou com força dedefinitivas, desde que não contempladas no rol do art. 581. Esse 
princípio é mitigado por algumas exceções legais, em que é possível o cabimento simultâneo de dois 
recursos da mesma decisão. Por exemplo: interposição simultânea de recurso extraordinário ao Supremo 
Tribunal Federal e de recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça. Finalmente, há o princípio da 
variabilidade dos recursos, que permite desistir de um para interpor outro, desde que no prazo. Vale 
lembrar que o Ministério Público não pode desistir dos recursos por ele interpostos (CPP, arts. 42 e 576)”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “O cabimento é 
pressuposto atrelado à característica dos recursos conhecida por taxatividade. É necessária a autorização 
pelas leis de processo para se ter como cabível algum recurso. As possibilidades de interposição de 
recursos são informadas pelo princípio da unirrecorribilidade das decisões judiciais. Daí que “a parte 
necessita respeitar o recurso exato indicado na lei para cada tipo de decisão impugnada, não lhe sendo 
cabível eleger o recurso que bem entenda”. Em outras palavras, os recursos são aqueles expressamente 
gizados na lei processual penal, não havendo possibilidade de criação de impugnação recursal pela parte 
ou pelo juiz. Isso não impede que a parte se valha do manejo de sucedâneos recursais, a exemplo das 
ações autônomas de impugnação de mandado de segurança e de habeas corpus, quando da decisão não 
couber recurso algum”. 
VICENTE GRECO FILHO (Manual de processo penal, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Esta exigência 
corresponde à previsão legal do recurso para a decisão recorrida. Corresponde à recorribilidade da 
decisão, porque há decisões irrecorríveis, como os despachos de mero expediente e as decisões 
interlocutórias não relacionadas no art. 581 ou que não tenham força de definitivas. É irrecorrível, também, 
a última decisão, uma vez esgotados os recursos legalmente possíveis, ocorrendo, então, a preclusão ou a 
coisa julgada, que decorrem exatamente da inexistência de recurso legal cabível. No caso de decisões 
interlocutórias irrecorríveis, a questão nela resolvida poderá ser reexaminada por ocasião do recurso 
cabível que se seguir, como a apelação que, em preliminar, admite o reexame das interlocutórias 
irrecorríveis proferidas em primeiro grau de jurisdição, isso porque, se a interlocutória é irrecorrível não 
ocorre a sua preclusão até o recurso cabível da decisão seguinte. Ressalva-se, apenas, a hipótese de 
sanação, prevista no art. 572, por falta de alegação no momento oportuno. Havendo alegação, a matéria 
pode voltar a ser apresentada como preliminar do recurso seguinte. [...] Os recursos têm determinada 
previsão de hipóteses de cabimento. A cada tipo de decisão cabe um tipo de recurso, devendo ser 
interposto o recurso adequado. Todavia, a exigência da adequação é abrandada pelo princípio da 
fungibilidade, previsto no art. 579. O tribunal poderá conhecer um recurso por outro, desde que não haja 
má-fé. A má-fé estaria caracterizada, por exemplo, pela tentativa de, mediante a utilização de recurso 
impróprio, se tentar obter maior prazo, quando o recurso adequado tinha prazo menor, ou se pretender, 
com isso, obter efeito diferente. Nas hipóteses de cabimento de recurso no sentido estrito ou apelação a 
questão do prazo não se coloca, porque ambos têm o prazo idêntico de 5 dias para a interposição, o que 
facilita a aplicação da fungibilidade. À má-fé equipara-se o erro grosseiro, caracterizado pela afronta literal 
à lei, se cometido por quem não poderia fazê-lo. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do 
recurso, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “A interposição de recurso só é possível quando existe dispositivo legal prevendo seu cabimento. 
Ex.: da decisão que rejeita a denúncia ou queixa cabe recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, I, 
do Código de Processo Penal. Ao contrário, da decisão que as recebe não cabe qualquer recurso por 
ausência de previsão legal. No caso de surgimento de lei nova que crie ou extinga determinado tipo de 
recurso, considerando o princípio da aplicação imediata da lei processual penal (art. 2º do CPP), deve-se 
levar em conta a data em que foi proferida a decisão da qual se pretende recorrer e não a data do fato 
criminoso. [...] Alguns autores elencam também a adequação (interposição do recurso correto pela parte 
no caso concreto) como pressuposto recursal autônomo. A adequação, entretanto, é decorrência lógica 
da previsão legal. Ora, se a lei descreve que determinado recurso é cabível contra certa decisão, é óbvio 
que deve ser ele o interposto no caso concreto. Além disso, mesmo que a parte interponha o recurso 
errado, o juiz, ao perceber o equívoco, pode recebê-lo e mandá-lo processar como o correto. Trata-se do 
chamado princípio da fungibilidade recursal, consagrado no art. 579 do Código de Processo Penal. Ex.: 
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contra a sentença de pronúncia, o recurso cabível é o em sentido estrito. Suponha-se, então, que a parte, 
por erro, interponha uma apelação. O juiz, percebendo o equívoco, recebe-o como recurso em sentido 
estrito. O princípio da fungibilidade não se aplica, entretanto, quando fica caracterizada má-fé por parte 
de quem recorreu (art. 579, caput, do CPP). A má-fé presume-se quando já se havia escoado o prazo do 
recurso correto e a parte interpõe recurso que admite maior prazo apenas para tentar ludibriar o juiz”. 
NORBERTO AVENA (Processo Penal, 9ª edição, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017). “É preciso 
que o recurso seja cabível para atacar a decisão em relação à qual tenha sido interposto. O cabimento 
envolve a conjugação de duas condições: a recorribilidade e a adequação. A recorribilidade significa que 
a decisão impugnada deve estar sujeita a recursos. Deve-se ter atenção a esse aspecto, eis que existem 
diversas situações de irrecorribilidade no processo penal, como o indeferimento da suspensão do 
processo em virtude de questão prejudicial facultativa (art. 93, § 2.º, do CPP); a admissão ou não do 
assistente de acusação (art. 273 do CPP); a decisão na exceção de suspeição de perito ou serventuário da 
justiça (art. 105 do CPP): a decisão que conclui pela inexistência de repercussão geral no recurso 
extraordinário (art. 326 do Regimento Interno do STF) etc. A adequação, por sua vez, traduz-se como a 
necessidade de que o recorrente utilize a via impugnativa correta para atacar a decisão, entre as previstas 
em lei. Não é a adequação, entretanto, uma condição inflexível, pois a própria lei processual prevê no art. 
579 uma exceção denominada princípio da fungibilidade, que possibilita ao juízo a quo receber e ao juízo 
ad quem conhecer do recurso errado como se fosse o recurso certo”. 
AURY LOPES JR. (Direito processual penal, 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Intimamente relacionada ao 
cabimento está a adequação, no sentido de ser eleito pela parte interessada o meio de impugnação 
adequado para atacar aquela decisão específica. Adequação assim é a compatibilidade entre a decisão 
proferida e o recurso interposto para impugná-la. Portanto, é manifestamente inadequado o recurso em 
sentido estrito que pretender impugnar uma sentença penal condenatória, por exemplo, pois recurso 
cabível e adequado é a apelação. É na dimensão da adequação que incide o Princípio da Fungibilidade 
Recursal, relativizando-a, em casos excepcionais, conforme já explicado. Significa dizer que, 
excepcionalmente, pode ser aceito o recurso “inadequado”, como se adequado fosse, desde que não 
exista erro grosseiro e seja respeitada a tempestividade do recurso correto. Mas a adequação também 
abrange a regularidadeformal da interposição dos recursos, de modo que não basta a correta eleição do 
recurso; deve a parte corretamente interpô-lo. Há que se observar estritamente a forma e os formalismos 
exigidos pela Lei para o recurso escolhido, sob pena de sequer ser conhecido”. 
4.1.2 Regularidade formal 
Refere-se à necessidade de o recurso ser manejado em atendimento às formas previstas em lei. Para RANGEL, 
esse pressuposto engloba, por exemplo, a necessidade de oferecimento das razões recursais pelo recorrente, 
ou mesmo o pagamento das custas processuais/preparo em determinados recursos (Rangel, 2018), 
conforme art. 806, § 2º do CPP, que dispõe: 
Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou 
diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório a importância das custas. [...] 
§ 2º A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados pelo juiz, 
importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso interposto. 
TÁVORA, assim como boa parte da doutrina, trata sobre esse pressuposto em relação à forma de interposição 
do recurso, e tece as seguintes considerações: 
Alguns recursos devem ser interpostos exclusivamente por petição, seguida de razões. Outros 
podem ser apresentados não só por petição, como também por termo nos autos (art. 578, CPP): 
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a interposição mediante termo nos autos é admitida no recurso em sentido estrito (art. 587, CPP) 
e na apelação (art. 600, CPP), que pode ser assinado pelo acusado ou subscrito por duas 
testemunhas a rogo. 
Na prática forense, a forma aceita para a interposição válida do recurso é a seguinte: (1) para os 
recursos interpostos perante o juízo singular (em processo de conhecimento ou de execução), a 
regra é que sejam por petição ou por termo nos autos; (2) para os recursos interpostos perante 
os órgãos colegiados, os recursos devem ser interpostos sempre por petição, que deve estar 
sempre acompanhada de razões recursais. 
O entendimento que prevalece para os recursos manejados em primeiro grau de jurisdição é o 
de que a interposição ocorra sem apego a formalidades rígidas, ou seja, sem forma sacramental 
fechada. Daí se tem admitido como válida a interposição de recurso por cota nos autos quando 
inequívoca a intenção de recorrer do julgado (Távora, 2017). 
No que se refere aos meios eletrônicos, assim pontua BADARÓ: 
Por outro lado, a Lei 11.419/2006 passou a permitir a interposição de recursos – e a prática de 
atos processuais em geral – por meio eletrônico, mediante o uso de assinatura digital (art. 2.º, 
caput). Para tanto, é necessário um prévio cadastramento junto ao Poder Judiciário (art. 2.º, § 
1.º). Uma grande vantagem de tal sistema é que os atos processuais serão considerados 
tempestivos se a transmissão ocorrer até as 24 horas do seu último dia (art. 3º, parágrafo único). 
Assim, mesmo que o protocolo para os atos já esteja encerrado, com o término do expediente 
forense, ainda será possível a prática do ato por meio eletrônico até a meia noite do dia em que 
venceria o prazo. 
No STF, o processo eletrônico é regulamentado pela Resolução STF 427, de 10.04.2010, que trata 
do e-STF. No STJ, a Resolução STJ 10, de 06.10.2015, que regulamenta do processo judicial 
eletrônico, determina que petições iniciais e incidentais sejam recebidas e processadas 
exclusivamente de forma digital (art. 10, caput). São processados eletronicamente: o mandado 
de segurança (inc. II), o recurso especial (inc. XVII), o recurso em mandado de segurança (inc. 
XIX), o agravo em recurso especial (inc. XX). Por outro lado, não há necessidade de 
peticionamento eletrônico nos casos de “processos e procedimentos de investigação criminal 
sob publicidade restrita” (art. 10, parágrafo único), bem como nos casos de habeas corpus (inc. 
I), recurso em habeas corpus (inc. II), ação penal (inc. III), inquérito (inc. IV) e revisão criminal 
(inc. VII) (Badaró, 2017). 
Com efeito, a regularidade formal deve ser aferida sem rigorismos excessivos e desnecessários, considerando 
que, no processo penal, excepcionadas as situações em que constitua própria garantia ao acusado e ao 
devido processo legal, a forma deve ser vista como meio a se alcançar determinada finalidade ou 
providência, e não o fim em si mesma. Trata-se da instrumentalidade das formas, sobre a qual pontua 
BRASILEIRO: 
Esse pressuposto, todavia, é mitigado pelo princípio da instrumentalidade das formas, segundo 
o qual a existência do ato processual não é um fim em si mesmo, cumprindo apenas a função de 
proteger algum interesse ou atingir algum fim. Por isso, esse pressuposto vem sendo 
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interpretado com maior elastério e sem rigorismos, resguardando-se, assim, o princípio do duplo 
grau de jurisdição e a possibilidade de controle das decisões judiciárias (Lima, 2017). 
Doutrina Complementar 
VICENTE GRECO FILHO (Manual de processo penal, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “O recurso deve ser 
interposto segundo a forma legal, sob pena, sempre, de não ser conhecido. Em primeiro grau, deve ser 
interposto por petição ou por termo perante o escrivão, valendo, contudo, qualquer manifestação de 
vontade de recorrer em se tratando da sentença condenatória, que facilita a interposição. Assim, se o réu, 
intimado da sentença, diz ao oficial de justiça que quer recorrer, e essa manifestação de vontade vai 
consignada na certidão de intimação, o recurso está interposto. Em segundo grau, porém, para os 
Tribunais Superiores, será sempre interposto por petição, e sua regularidade procedimental é escrita, não 
sendo conhecido, por exemplo, recurso sem razões ou com razões confusas ou incoerentes. Em primeiro 
grau, o recurso pode subir com as razões ou sem elas (arts. 589 e 601), apesar de existirem decisões, de 
toda a pertinência, que entendem que as razões são peça importante para a defesa e dever funcio-nal 
para o Ministério Público. A falta, porém, não será motivo de não conhecimento, voltando os autos para 
que sejam elaboradas, se assim entender o tribunal. Para os Tribunais Superiores, todavia, não será 
conhecido recurso sem razões adequadas”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “A apelação e o recurso em sentido estrito devem ser interpostos por petição ou por termo. O 
recurso extraordinário, o recurso especial, os embargos infringentes, os embargos de declaração, a carta 
testemunhável, o habeas corpus e a correição parcial só podem ser interpostos por petição. A interposição 
por termo se dá quando manifestada oralmente pelo interessado (em geral, o réu) e é certificada por 
escrito (reduzida a termo) por quem tenha fé pública. No mais das vezes, ocorre quando o oficial de justiça 
intima o acusado da sentença e ele declara que quer recorrer, hipótese em que o oficial de justiça elabora 
uma certidão declarando que o réu manifestou sua intenção de ver reapreciada a decisão. Pode acontecer 
também de o réu comparecer ao Cartório Judicial para saber do andamento do feito e ser cientificado da 
sentença condenatória no próprio balcão, hipótese que poderá declarar sua intenção de recorrer ao 
escrevente (ou outro funcionário) que reduzirá a termo tal manifestação de vontade, juntando-a aos autos. 
De ver-se, porém, que o acusado pode optar por não se manifestar de imediato, preferindo refletir sobre 
o tema ou conversar com seu defensor. Quando a sentença é proferida em audiência, as partes, caso dela 
discordem, podem, imediatamente, declarar intenção de contra ela recorrer, hipótese em que o juiz a 
reduzirá a termo na própria audiência. É evidente que, também nesse caso, as partes podem preferir 
refletir acercada conveniência do recurso e nada declarar ao término da audiência, fazendo uso do prazo 
que a lei confere para a interposição ou não do recurso por petição. Na jurisprudência, prevalece a 
orientação de que, quando possível a interposição por termo, não se exigem formalidades especiais para 
que se exercite o direito de recorrer, bastando a inequívoca manifestação de vontade, por parte do 
vencido, quanto ao desejo de recorrer, daí por que devem ser processados os recursos quando interpostos 
(...)”. 
NORBERTO AVENA (Processo Penal, 9ª edição, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017). “O art. 578 
do CPP estabelece que os recursos serão interpostos por petição ou por termo nos autos. Importante 
lembrar que, diferentemente do que ocorre na esfera cível, no âmbito penal alguns recursos têm a sua 
interposição propriamente dita realizada em momento distinto daquele em que devem ser oferecidas as 
razões. Portanto, quando refere o citado artigo do Código de Processo Penal que a interposição será feita 
por petição ou por termo, não está se referindo às razões, mas tão somente ao ato da parte, manifestando, 
a quem de direito, seu desejo de ver reexaminada a decisão recorrida por um órgão jurisdicional superior. 
Logo: •Petição: é a manifestação escrita quanto à vontade de recorrer, ou seja, aquela realizada sob a forma 
de um requerimento, vulgarmente conhecida como a “folha de rosto” do recurso. •Termo: compreende-
se como tal a manifestação oral de inconformidade, reduzida a escrito por quem tenha fé pública (v.g., 
escrivão e oficial de justiça) ou presunção de autenticidade (como é o caso do juiz). Exemplo: Ao ser 
intimado da sentença condenatória pelo oficial de justiça, manifesta o réu sua vontade de recorrer”. 
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4.1.3 Tempestividade 
Deverá o recurso ser interposto dentro do prazo legal, sob pena de não recebimento/conhecimento pela 
intempestividade (preclusão temporal). 
Porém, quando a impugnação tiver o fito de destrancar outro recurso não admitido na origem, o 
órgão recebedor da petição não poderá negar-lhe seguimento (é o que ocorre, por exemplo, com 
a interposição de carta testemunhável ou com a de recurso em sentido estrito que, pelos seus 
objetivos, não podem ter seguimento negado com arrimo na intempestividade, eis que extrapola 
a competência do juiz de primeiro grau, a quo, aferir juízo de admissibilidade desses recursos, 
cabendo, exclusivamente, ao órgão ad quem) (Távora, 2017). 
O prazo recursal tem natureza processual, de forma que será contabilizado nos estritos termos do art. 798 
do CPP, in verbis: 
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se 
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. 
§ 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado 
findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a 
correr. 
§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil 
imediato. 
§ 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial 
oposto pela parte contrária. 
§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão: 
a) da intimação; 
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte; 
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho. 
Assim, exemplificando, se o defensor for intimado de uma decisão na sexta-feira, o seu prazo recursal apenas 
se iniciará no próximo dia útil, ou seja, na segunda-feira (desde que essa segunda-feira não seja um dia 
feriado). Se o último dia do prazo recair em um sábado, domingo ou feriado, será prorrogado para o próximo 
dia útil. Note-se, por oportuno, que dias não úteis e feriados que incidam durante o prazo recursal, afora em 
dias de início e fim, são irrelevantes, porquanto, como evidencia o caput do dispositivo supracitado, os prazos 
são contínuos e peremptórios. 
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Em relação à contagem dos prazos, imperioso notar que os prazos serão computados em dobro para os 
membros da Defensoria Pública, nos termos da Lei Complementar 80/1994, que dispõe: 
Art. 44. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União: 
I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, intimação 
pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes 
em dobro todos os prazos; [...] 
Art. 89. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos 
Territórios: 
I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, intimação 
pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes 
em dobro todos os prazos; [...] 
Art. 128. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do Estado, dentre outras que a 
lei local estabelecer: 
I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, intimação 
pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes 
em dobro todos os prazos; [...] 
Sobre esse assunto, BRASILEIRO observa a não incidência dessa regra aos defensores dativos, nem ao 
Ministério Público no processo penal: 
A prerrogativa de prazo em dobro concedida ao defensor público não se estende ao 
defensor dativo, que não integra o serviço estatal de assistência judiciária. 
Quanto ao prazo em dobro para o Ministério Público, há de se ficar atento à diferença 
entre o processo civil e o penal: se, naquele, o Ministério Público tem prazo em dobro 
para recorrer quando atua como parte (CPC, art. 188, in fine), no âmbito processual 
penal, o Ministério Público não faz jus ao prazo em dobro para recorrer (Lima, 2017). 
Hoje o prazo em dobro para o parquet é previsto no Código de Processo Civil no art. 180, nos seguintes 
termos (inaplicáveis no processo penal, que tem regramento próprio): 
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá 
início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º. 
Art. 183. § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. 
Ainda quanto a prazos para o Ministério Público e para a Defensoria Pública, importante perceber que a 
contagem só deve ter início, quando houver remessa, quando da entrada na repartição correspondente. 
Nesse sentido, veja-se Informativo nº 466: 
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[...] este Superior Tribunal, consoante o que assentou o STF no HC 83.255-5, DJ 20/8/2004, 
consolidou o entendimento, privilegiando o princípio da igualdade ou da paridade de armas, de 
fixar o dies a quo da contagem dos prazos, seja em face da Defensoria Pública ou do Ministério 
Público, no dia útil seguinte à data da entrada dos autos no órgão público ao qual é dada a vista. 
(AgRg no AgRg no Ag 656.360-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 15/3/2011) 
Pois bem. Como visto, um recurso será tempestivo quando interposto dentro do respectivo prazo legal. 
Nesta senda, TÁVORA faz pertinente apontamento em relação à aferição de tempestividade de recurso 
interposto anteriormente ao início da contagem do prazo recursal (antes da publicação do decisum), situação 
verificável sobretudo nos recursos contra acórdãos: 
O prazo recursal é contado a partir da data em que se considera intimada a parte interessada da 
decisão, sentença ou acórdão publicado(dies a quo). Isso significa dizer que o recurso, em regra, 
é interposto após a publicação do decisum a ser vergastado. 
Até então, fundando-se em questão lógica, diante da necessidade de se conhecer as razões do 
acórdão para fundamentar o recurso, não se admitia a apresentação de recursos antes da 
publicação e conferência do respectivo acórdão. Era o acórdão que servia de base para sustentar 
a impugnação recursal. Nesse sentido, o entendimento sumulado do STJ, no verbete nº 418, que 
dispõe que “é inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos 
embargos de declaração, sem posterior ratificação”. 
No entanto, a evolução jurisprudencial, considerando o conhecimento prévio dos argumentos 
que possivelmente serão consignados no acórdão e o acesso ao julgamento, inclusive pela 
publicidade digital (sistemas de consulta processual), inverteu tal cenário. 
Deveras, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento de embargos de 
declaração (convertidos em agravo regimental) no agravo de instrumento nº 703269, mudou a 
direção dos recursos que eram considerados intempestivos por conta da interposição anterior à 
publicação do acórdão. Alterou, dessa forma, a jurisprudência da Corte para afastar o conceito 
de intempestividade para os recursos apresentados antes da publicação do acórdão, data esta 
que era, até então, considerada marco temporal do início do prazo para a interposição de 
embargos declaratórios ou de agravos. Considerou-se, na linha sustentada pelo Relator, Ministro 
Luiz Fux, que não pode ser considerado intempestivo um recurso apresentado dentro do prazo, 
ainda que antes da publicação do acórdão (Távora, 2017). 
A aferição da tempestividade de cada recurso deverá ser analisada de acordo com a sua modalidade, tendo 
em vista que diversas são as espécies de recursos admitidos no processo penal brasileiro, assim como o são 
os respectivos prazos legais. BRASILEIRO faz um conveniente apanhado a respeito dessa variedade de prazos, 
cuja integral transcrição é deveras oportuna: 
 a) 48 (quarenta e oito) horas: carta testemunhável (CPP, art. 640). Para que um prazo possa ser 
contado em horas, é indispensável que conste do mandado lavrado pelo Oficial de Justiça a exata 
hora em que ocorreu a intimação; caso contrário, esse prazo de 48 (quarenta e oito) horas será 
contado em dias – 02 (dois); 
b) 02 (dois) dias: embargos de declaração opostos na 1ª e na 2ª instância, ex vi dos arts. 382 e 
619, respectivamente. Ademais, segundo o art. 263 do Regimento Interno do Superior Tribunal 
de Justiça, aos acórdãos proferidos pela Corte Especial, pelas Seções ou pelas Turmas, poderão 
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ser opostos embargos de declaração, no prazo de 5 (cinco) dias, em se tratando de matéria cível, 
ou no prazo de 2 (dois) dias, em se tratando de matéria penal, contados de sua publicação, em 
petição dirigida ao Relator, na qual será indicado o ponto obscuro, duvidoso, contraditório ou 
omisso, cuja declaração se imponha; 
c) 05 (cinco) dias: apelação (CPP, art. 593, caput), apelação subsidiária do assistente, caso este já 
esteja habilitado, RESE (CPP, art. 586, caput), revogado protesto por novo júri (CPP, revogado art. 
607, § 2º), embargos de declaração nos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95, art. 83, § 
1º), embargos de declaração no Supremo Tribunal Federal (Regimento Interno do STF, art. 337, 
§ 1º), recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supremo Tribunal Federal 
contra as decisões denegatórias de habeas corpus (Lei nº 8.038/90, art. 30, caput, e art. 310 do 
Regimento Interno do STF, respectivamente), correição parcial (Lei nº 5.010/66, art. 6º, inciso I) 
e agravo em execução (LEP, art. 197). Acerca do agravo em execução, eis o teor da súmula nº 
700 do Supremo: “É de 5 (cinco) dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz 
da execução penal”. 
d) 10 (dez) dias: embargos infringentes e de nulidade (CPP, art. 609, parágrafo único) e apelação 
nos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95, art. 82, § 1º); 
e) 15 (quinze) dias: recurso extraordinário e recurso especial (art. 1003, § 5º, do novo CPC), 
recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça contra as decisões denegatórias de 
mandado de segurança (Lei nº 8.038/90, art. 33); apelação subsidiária do ofendido, caso este 
ainda não esteja habilitado (CPP, art. 598, parágrafo único). Especificamente em relação ao 
agravo contra a decisão que denega o recurso extraordinário ou especial (art. 1042, I, in fine, do 
novo CPC) em sede processual penal, há de ser dispensada atenção redobrada à súmula nº 699 
do STF: “O prazo para interposição de agravo, em processo penal, é de cinco dias, de acordo com 
a Lei nº 8.038/90, não se aplicando o disposto a respeito nas alterações da Lei nº 8.950/94 ao 
Código de Processo Civil”. Como se percebe, a jurisprudência sempre se orientou no sentido de 
que o prazo para a interposição do agravo de instrumento no processo penal seria de 5 (cinco) 
dias, pouco importando, aliás, as alterações produzidas no art. 544 do antigo CPC pela Lei nº 
12.322/2010. No entanto, com o advento do novo Código de Processo Civil, parece-nos que, 
enfim, o prazo para a interposição do agravo em recurso especial e extraordinário no processo 
penal deverá ser semelhante àquele aplicável ao processo civil. Explica-se: o prazo de 5 dias para 
a interposição de agravo no processo penal tinha como fundamento legal o art. 28, caput, da Lei 
nº 8.038/90. Ocorre que este dispositivo foi expressamente revogado pelo novo Código de 
Processo Civil (art. 1072, IV). Ora, se houve a revogação expressa do fundamento legal da súmula 
nº 699 do STF, forçoso é concluir que, doravante, deve ser aplicado o mesmo prazo para a 
interposição do agravo no âmbito cível, qual seja, 15 (quinze) dias, consoante disposto no art. 
1003, § 5º, do novo CPC (“Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os 
recursos e para responder-lhes é de quinze dias”). 
f) 20 (vinte) dias: RESE contra lista dos jurados, cujo prazo começa a fluir a partir da data da 
publicação definitiva da lista de jurados (CPP, art. 586, parágrafo único) (Lima, 2017). 
Por fim, observe o teor das seguintes súmulas dos tribunais superiores a respeito da tempestividade recursal: 
Súmula 216, STJ. A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo da 
Secretaria e não pela data da entrega na agência do correio. 
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Súmula 310, STF. Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo 
judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se 
seguir. 
Súmula 320, STF. A apelação despachada pelo juiz no prazo legal, não fica prejudicada pela demora da juntada por culpa do 
cartório. 
Súmula 428, STF. Não fica prejudicada a apelação entregue em cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente. 
Súmula 448, STF. O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo 
do Ministério Público. 
Súmula 710, STF. No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta 
precatória ou de ordem. 
Doutrina Complementar 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “A interposição do recurso 
deve ser feita dentro do prazo previsto em lei. No processo penal, em regra, o prazo é de cinco dias, embora 
existam variações. [...] De acordo com o que dispõe o art. 798 do Código de Processo Penal, os prazos 
recursais são fatais, contínuose peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou feriado, salvo 
se houver impedimento do juiz, força maior ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária (CPP, art. 
798, § 4º). Os prazos só começam a correr a partir do primeiro dia útil após a intimação, e, de acordo com 
os precisos termos da Súmula 310 do STF: “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação 
com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se 
não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir”. Assim, intimada a parte 
na sexta-feira, o seu prazo só começa a correr a partir da segunda. Encerrado o prazo em domingo ou dia 
de feriado, considera-se prorrogado até o primeiro dia útil imediato (CPP, art. 798, § 3º). O termo a quo 
(data a partir da qual o prazo começa a correr) dos recursos, de acordo com o art. 798, § 5º, é o primeiro 
dia útil subsequente à intimação pessoal do defensor dativo e do representante do Ministério Público”. 
VICENTE GRECO FILHO (Manual de processo penal, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Todo recurso tem um 
prazo legal e deve ser interposto nesse lapso temporal. O recurso no sentido estrito e a apelação têm o 
prazo de 5 dias, os embargos infringentes têm 10, os embargos de declaração 2, o recurso ordinário 5 e o 
recurso especial e o extraordinário 15. O prazo é preclusivo, entendendo-se, porém, que motivo de força 
maior pode relevar sua perda. O ônus da parte é o de apresentar sua manifestação de vontade de recorrer 
no prazo, não sendo prejudicado o seu recurso se a omissão da administração judiciária retardar seu 
processamento. Vale a data do protocolo, porque, uma vez atendido o ônus processual, a parte não pode 
responder pelos atrasos da máquina burocrática”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “O recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto na lei. Os prazos são peremptórios e a perda 
implica o não recebimento da impugnação. Será considerado tempestivo o recurso interposto antes do 
termo inicial do prazo (art. 218, § 4º, do NCPC). Ex.: após o julgamento pela Corte, mas antes da publicação 
do respectivo acórdão. No processo penal, a regra é o prazo de 5 dias (apelação, recurso em sentido estrito). 
Há, entretanto, vários outros prazos: embargos de declaração (2 dias), carta testemunhável (48 horas), 
embargos infringentes (10 dias), recurso extraordinário e especial (15 dias). Para a revisão criminal e o 
habeas corpus, em razão de suas características especiais, não há prazo para a interposição. Devem ser 
feitas, contudo, algumas observações: 1) Se a intimação for feita em uma sexta-feira ou véspera de feriado, 
o dia inicial da contagem será o primeiro dia útil subsequente. 2) Se o último dia do prazo cair em fim de 
semana ou feriado, ficará automaticamente prorrogado até o primeiro dia útil seguinte (art. 798, § 3º). 3) 
Os prazos consideram-se suspensos em caso de recessos forenses, conforme prevê o art. 2º da Resolução 
n. 8/2003 do Conselho Nacional de Justiça. Em geral esses recessos são decretados no período de 20 de 
dezembro a 6 de janeiro, período em que os prazos se suspendem. Do mesmo modo, em caso de greve 
dos funcionários do Poder Judiciário ou de qualquer outra razão excepcional de paralisação das 
atividades, os prazos também se consideram suspensos. 4) O prazo para o Ministério Público recorrer se 
inicia da data em que os autos ingressam na secretaria da Instituição e não a partir da aposição do ciente 
pelo representante ministerial. É o que decidiu o Supremo Tribunal Federal, por seu Plenário, no 
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julgamento do HC 83.255-5, em 5 de novembro de 2003. 5) Considerando que o defensor e o réu devem 
ser intimados da sentença, o prazo começa a correr a partir da última intimação e, caso tenha sido 
determinada a intimação do acusado por edital, correrá também a partir do que ocorrer por último: 
intimação do defensor ou último dia do edital. Se a sentença for proferida em audiência e o réu estiver 
presente, o prazo se iniciará concomitantemente para ambos (acusado e seu defensor). A Lei n. 9.800/99 
passou a permitir que as partes utilizem sistema de transmissão de dados e imagens do tipo fac-símile 
para a prática de atos processuais que dependam de petição. Nesse caso, os originais deverão ser 
entregues em juízo em até 5 dias após o término do prazo (arts. 1º e 2º)”. 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Sempre se considerou que o 
início do prazo recursal para o órgão ministerial começaria a fluir com o ajuntamento da data em que 
apõe o seu “ciente” nos autos, e não da data constante do livro de carga do cartório, devendo-se presumir 
a veracidade do conteúdo dessa declaração (data em que realmente se inteirou da decisão), por se tratar 
de uma autoridade pública (nesse sentido, STJ, 5ª T., rel. Min. Flaquer Scartezzini, DJU, 27 set. 1993, p. 19826; 
STJ, 5ª T., RE 33.122-9, rel. Min. Assis Toledo, j. 6-9-1993, v. u., DJU, 20 set. 1993, p. 19190; 6ª T., REsp 51.362-
6/MG, rel. Min. Anselmo Santiago, m. v., DJ, 11 mar. 1996; STF, RT, 637/331, 636/381, 635/423, 608/422, 601/441; 
STF, RTJ, 54/148, 75/440, 81/361, 89/310, 102/584 e 509). No mesmo sentido: “A Lei Orgânica Nacional do 
Ministério Público (Lei n. 8.625, de 12-2-1993, art. 41, IV) e o Estatuto do Ministério Público da União (Lei 
Complementar n. 75/93, art. 18, II, h) dispõem de forma clara e inequívoca que a intimação do órgão do 
Ministério Público deve ser pessoal e tem início na data da aposição do ciente pelo representante do 
Parquet. Precedentes do STJ. Recurso conhecido e provido” (STJ, 5ª T., REsp 511.179/TO, rel. Min. José 
Arnaldo da Fonseca, j. 7-10-2003, DJ, 10 nov. 2003, p. 208). No entanto, o Supremo Tribunal Federal, 
revisando a jurisprudência predominante, passou a decidir que: “Recurso. Prazo. Termo inicial. Ministério 
Público. A entrega de processo em setor administrativo do Ministério Público, formalizada a carga pelo 
servidor, configura intimação direta, pessoal, cabendo tomar a data em que ocorrida como a da ciência 
da decisão judicial. Imprópria é a prática da colocação do processo em prateleira e a retirada à livre 
discrição do membro do Ministério Público, oportunidade na qual, de forma juridicamente irrelevante, 
apõe o ‘ciente’, com a finalidade de, somente então, considerar-se intimado e em curso o prazo recursal. 
Nova leitura do arcabouço normativo, revisando-se a jurisprudência predominante e observando-se 
princípios consagradores da paridade de armas – precedente: Habeas corpus n. 83.255/SP. Pleno, julgado 
em 5 de novembro de 2003” (STF, 1ª T., HC 84.159/SP, rel. Min. Marco Aurélio, j. 18-5-2004, DJ, 6 ago. 2004, 
p. 42). No mesmo sentido: “Na linha do julgamento do HC 83.255 (rel. Min. Marco Aurélio), a intimação 
pessoal do Ministério Público se dá com a carga dos autos na secretaria do Parquet. 2. Se houver 
divergência entre a data de entrada dos autos no Ministério Público e a do ‘ciente’ aposto nos autos, 
prevalece, para fins de recurso aquela primeira. 3. Ordem concedida, para cassar o acórdão atacado” (STF, 
1ª T., HC 83.821/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 1º-6-2004, DJ, 6 ago. 2004, p. 41). O Superior Tribunal de 
Justiça, na mesma linha de entendimento do STF, passou a decidir no sentido de que: “1. O prazo de 
recurso para o Ministério Público começa a fluir de sua intimação pessoal, formalidade que se opera 
mediante entrega dos autos com vista (art. 18 da Lei Complementar n. 75/93 e art. 41, IV, da Lei n. 8.625/93). 
2. Criando, contudo, o Ministério Público, setor de apoio próprio a realizar precipuamente a atividade de 
recebimento dos autos a serem entregues a seus Membros, a Instituição, ela mesma, avoca, para si, o ônus 
da entregaimediata e, em consequência, os gravames do tempo consumido em eventual entrave 
burocrático, especialmente pela impossibilidade da intimação ser procedida diretamente na pessoa física 
do integrante do Parquet. 3. Entender em contrário será admitir o controle do prazo pelo Poder Público, 
o que, por certo, infringe a Constituição da República, nos próprios do princípio do contraditório. 4. 
Precedente do Plenário do Supremo Tribunal Federal (HC 83.255/SP, rel. Min. Marco Aurélio, j. em 5-11-
2003). 5. Recurso especial não conhecido” (STJ, 6ª T., REsp 498.285/SP, rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 2-3-
2004, DJ, 3 maio 2004, p. 221). No mesmo sentido: STJ, 6ª T., EDREsp 303.353/SP, rel. Min. Hamilton 
Carvalhido, j. 18-9-2003, DJ, 28 out. 2003, p. 367; STJ, 6ª T., AgREsp 430.553/SP, rel. Min. Hamilton Carvalhido, 
j. 2-3-2004, DJ, 3 maio 2004, p. 219. E, ainda: STJ, Corte Especial, REsp 628.621/DF, rel. Min. Carlos Alberto 
Menezes Direito, j. 4-8-2004, DJ, 6 set. 2004, p. 155; STJ, 3ª Seção, EREsp 343.540/SP, rel. Min. Gilson Dipp, j. 
23-6-2004, DJ, 16 ago. 2004, p. 13; STJ, 5ª T., REsp 590.180/PE, rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, j. 1º-6-2004, 
DJ, 28 jun. 2004, p. 406; STJ, 5ª T., REsp 554.545/DF, rel. Min. Laurita Vaz, j. 9-12-2003, DJ, 14 jun. 2004, p. 270; 
STJ, 5ª T., EDREsp 535.094/SP, rel. Min. Laurita Vaz, j. 5-2-2004, DJ, 7 jun. 2004, p. 268”. 
NORBERTO AVENA (Processo Penal, 9ª edição, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017). “Inicia-se a 
fluência a partir da intimação pessoal. Trata-se, pois, de exceção à regra geral de que a contagem do prazo 
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para o Ministério Público inicia-se a partir do termo de vista (arts. 370, § 4.º, 798, § 5.º, a, e 800, § 2.º, todos 
do CPP). “Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para a interposição do 
recurso (art. 798, § 5.º)”. O art. 798, § 5.º, por sua vez, estabelece que, “salvo os casos expressos, os prazos 
correrão: a) da intimação; b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver 
presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou 
despacho”. Questão discutível refere-se ao termo inicial do prazo recursal, nos casos em que, a despeito 
de certificada pelo cartório a entrega dos autos em carga ao Ministério Público em determinada data, 
apõe ele o termo de “ciência” em data posterior àquele momento. Há duas posições: uma, no sentido de 
que eficaz o termo de ciência do representante do Ministério Público como marco inicial do prazo recursal, 
o que traduzia a posição do STJ até meados de 2003. Outra, que representa o atual entendimento do STF 
e do STJ, no sentido de que o referido prazo inicia-se para o Ministério Público a partir da data, certificada 
pela escrivania, de entrada do processo nos serviços administrativos do Ministério Público. Consigne-se, 
por fim, que o Ministério Público não possui prazo em dobro para recorrer na esfera do processo penal, ao 
contrário do que ocorre no processo civil, ex vi do art. 180 do CPC/2015”. 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Os defensores públicos, em 
ambas as instâncias, devem ser intimados pessoalmente e gozam de prazo em dobro para interpor 
recurso (Lei n. 7.871, de 8-11-1989). É irrelevante a ordem em que são intimados da sentença defensor e réu, 
pois o prazo para recorrer só tem início após a última intimação. Portanto, se, por exemplo, a última 
intimação se deu em 17 de abril de 1998 (sexta-feira), recaindo os dois dias subsequentes no sábado e no 
domingo, feriados forenses, o início do prazo recursal somente se dará no dia 20, sendo irrelevante a data 
da primeira intimação (nesse sentido: STJ, 5ª T., REsp 57.875-2/SC, rel. Min. Jesus Costa Lima, v. u., DJ, 25 
set. 1995; 6ª T., REsp 53.009-1/SP, rel. Min. Adhemar Maciel, v. u., DJ, 29 maio 1995). Havendo dúvida quanto 
à tempestividade do recurso, a dúvida se resolve em favor do recorrente, em atenção ao princípio da 
pluralidade dos graus de jurisdição (nesse sentido: STJ, 5ª T., REsp 68.761-0/PR, rel. Min. José Arnaldo da 
Fonseca, v. u., DJ, 16 set. 1996). Os prazos contam-se da intimação (excluindo-se o dia do começo), e não 
da juntada do mandado aos autos”. 
Jurisprudência pertinente 
Súmula 700, STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal. 
[...] Sob o ângulo da oportunidade, a publicação do acórdão impugnado é elemento neutro, podendo 
a parte, ciente da decisão proferida, protocolar o recurso. (HC 113826, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, 
Primeira Turma, julgado em 10/04/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-108 DIVULG 30-05-2018 PUBLIC 01-
06-2018) 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. MATÉRIA CRIMINAL. FORMA DE CONTAGEM. DIAS 
CORRIDOS. ART. 798, DO CPP. INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO. NÃO CONHECIMENTO. 1. O prazo para 
interposição do agravo que visa destrancar o recurso extraordinário é de 05 (cinco) dias. 2. A 
contagem dos prazos no processo penal está prevista em regra específica e se dá de forma contínua 
e peremptória, nos termos do art. 798 do CPP. 3. É intempestivo o agravo, em matéria criminal, 
interposto após o prazo de 05 (cinco) dias corridos. 4. Agravo não conhecido. (ARE 993407, Relator(a): 
Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em 25/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 
04-09-2017 PUBLIC 05-09-2017) 
[...] Não se concede prazo em dobro às defesas dos acusados quando os autos estão digitalizados e, 
portanto, acessíveis concomitantemente a todas as partes. Questão de ordem julgada neste feito neste 
sentido e, portanto, prejudicada (Inq 3980- QO, DJe 30.6.2016). [...] Inq 3980, Relator(a): Min. EDSON 
FACHIN, Segunda Turma, julgado em 06/03/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-113 DIVULG 07-06-2018 
PUBLIC 08-06-2018) 
[...] RECURSO – E-MAIL – ORIGINAL – APRESENTAÇÃO. Ocorrendo a apresentação do original no prazo 
de 5 dias a partir da transmissão de dados via e-mail, previsto na Lei nº 9.800/1999, cumpre ter o 
recurso por tempestivo, não o prejudicando a utilização do meio eletrônico revelado por e-mail. (HC 
121225 ED, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 15/05/2018, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 20-09-2018 PUBLIC 21-09-2018) 
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[...] Embargos de declaração no agravo regimental no recurso extraordinário. Efeitos infringentes. 
Possibilidade, em casos excepcionais. Corte de origem. Recebimento de petição. Erro do próprio órgão 
judiciário no processamento do recurso. Recurso de apelação tempestivo. 1. No caso concreto, o 
recebimento da petição de apelação no Tribunal a quo não poderia dar ensejo à declaração de 
intempestividade do recurso, haja vista ter sido protocolado dentro do prazo previsto em lei. 2. O erro não 
pode ser atribuído exclusivamente ao advogado do apelante, sendo da responsabilidade, também, do 
setor que recebeu a petição do recurso indevidamente. 3. A Turma acolheu os embargos de declaração 
para, atribuindo a eles excepcionais efeitos infringentes, dar provimento ao agravo regimental e, em 
consequência, prover o recurso extraordinário, tão somente para que a Corte de origem, afastada a 
premissa de intempestividade, prossiga no exame do recurso de apelação. (RE 755613 AgR-ED, Relator(a): 
Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 22/09/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-240 DIVULG 
26-11-2015 PUBLIC 27-11-2015) 
[...] A jurisprudência desta Corte é pacífica quanto ao entendimento de que não há prerrogativa do 
Ministério Público e Fazenda Pública em relação à contagem em dobro dos prazos processuais 
quando se trata de matéria penal, à exceção da Defensoria Pública e aos serviços estatais de 
assistência judiciária.[...] (AgInt no REsp 1696793/RS, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA 
TURMA, julgado em 19/06/2018, DJe 28/06/2018) 
[...] APELAÇÃO CRIMINAL. INTEMPESTIVIDADE. RAZÕES APRESENTADAS FORA DO PRAZO LEGAL. MERA 
IRREGULARIDADE. INTERESSE DE RECORRER MANIFESTADO NA ATA DA SESSÃO DE JULGAMENTO. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A jurisprudência desta Corte de 
Justiça firmou entendimento no sentido de que a apresentação das razões de apelação fora do prazo 
legal constitui mera irregularidade, não caracterizando a intempestividade do recurso, motivo pelo 
qual não pode ser óbice ao conhecimento do inconformismo (Precedentes STJ). 2. Nos termos do artigo 
577 do Código de Processo Penal, "o recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo 
querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor". 3. Constatando-se que o paciente manifestou 
de forma expressa o seu interesse de recorrer por ocasião da assinatura da ata da sessão de julgamento 
pelo Tribunal do Júri, não se pode falar em intempestividade do apelo. 4. Ordem concedida, nos termos 
do voto do Relator. (HC 204.099/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/10/2011, DJe 
28/10/2011) 
[...] A apresentação extemporânea das razões da apelação interposta pelo Ministério Público constitui 
mera irregularidade, não implicando o reconhecimento da intempestividade do recurso. [...] (AgRg no 
REsp 953.143/GO, Rel. Ministro HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), 
SEXTA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe 18/10/2010) 
[...] O lapso para a interposição do agravo no âmbito criminal não foi alterado pelo Novo Código de 
Processo Civil. Assim, aplica-se o disposto no art. 39 da Lei nº 8.038/90, que fixa o prazo de cinco dias 
para a interposição do agravo. [...] (AgInt no CC 145.748/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/04/2016, DJe 18/04/2016) 
4.1.4 Ausência de fatos impeditivos ou extintivos 
O requisito, perceba, é negativo. Cuida da inexistência de determinadas condições concretas que impeçam 
processamento ou o prosseguimento do recurso. Ausência de qualquer fato que represente impedimento 
ou a própria extinção da pretensão recursal. 
Fatos impeditivos 
Como exemplos de fatos impeditivos temos a renúncia e a preclusão do direto de recorrer. A renúncia 
decorre do princípio da voluntariedade, sendo verificada quando a parte abdica, previamente – o que a 
diferencia da desistência, que ocorre após a interposição –, do seu direito de recurso. 
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Há certa controvérsia em torno da possibilidade de o Ministério Público renunciar ao direito 
de recorrer. Há quem entenda que o Parquet não pode renunciar à faculdade de recorrer, 
porquanto tal renúncia violaria o princípio da indisponibilidade da ação penal pública. A nosso 
ver, é plenamente possível que o Ministério Público renuncie ao direito de recorrer. Em primeiro 
lugar, porque o art. 576 do CPP limita-se a dizer que o Ministério Público não poderá desistir de 
recurso que haja interposto. Fosse o princípio da indisponibilidade da ação penal pública 
aplicável à hipótese, como se explicar que o referido dispositivo tenha se limitado a vedar 
expressamente apenas a desistência do recurso interposto pelo MP? Se assim o fez, depreende-
se que esse silêncio eloquente aponta para a possibilidade de o Ministério Público renunciar ao 
direito de recorrer (Lima, 2017). 
A renúncia pode ser manifestada tanto pelo defensor quanto pelo próprio réu. Mas em caso de discordância 
entre os dois❓ Qual vontade deverá prevalecer❓ Segundo a doutrina, deverá prevalecer a vontade do 
defensor. Em verdade, a jurisprudência tem dado prevalência para a vontade daquele legitimado que 
pretende recorrer, em ênfase à ampla defesa. RANGEL elenca uma série de argumentos nesse sentido: 
Sem embargo de opiniões em contrário, entendemos que deve prevalecer a vontade do 
defensor do réu, pelas seguintes razões: 
A uma, porque a defesa técnica cabe ao defensor do réu, que tem melhores condições de avaliar 
a viabilidade do recurso no segundo grau de jurisdição. Quem conhece o direito é o defensor, e 
não o réu. 
A duas, porque o recurso é inerente ao direito de ampla defesa e, sendo esta ampla, com todos 
os meios e recursos a ela inerentes, a vontade do defensor deve prevalecer sobre a vontade do 
réu, em regra, leigo no direito. 
A três, porque pode ser que somente a defesa tenha recorrido e, nesse caso, não poderá haver 
reformatio in pejus (cf. art. 617). 
A quatro, porque é a própria lei que legitima o defensor a recorrer, quando diz que o recurso 
poderá ser interposto pelo réu, seu procurador ou defensor (cf. art. 577). 
A cinco, porque o direito à defesa técnica é indispensável no processo penal, pois nenhum 
acusado ausente ou foragido pode ser processado sem defensor (cf. art. 261). Nesse caso, cabe 
ao defensor levar às últimas consequências a defesa do réu. 
A seis, porque, se o tribunal pode conceder ao réu, ex officio, habeas corpus, portanto, sem que 
ninguém peça, por que não poderia o defensor do réu levar ao tribunal o conhecimento de uma 
lesão ou ameaça a direito? A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário esta lesão e, 
por isso, legitima o defensor a recorrer (cf. art. 577 do CPP). 
A sete, porque, se o Ministério Público pode impetrar ordem de habeas corpus a favor do réu (cf. 
art. 654 do CPP c/c art. 32, I, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público – no 8.625/1993), 
mesmo, portanto, que ele não queira, porque não poderia seu defensor recorrer em seu favor, 
visando a correta aplicação da lei? Seria, pensamos, um absurdo, pois o órgão da acusação (e 
também custos legis) poderia fazê-lo e não o poderia a própria defesa (Rangel, 2018). 
Outrossim, fique atento ao teor das Súmulas 705 e 708 do STF: 
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A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação 
por este interposta. 
É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente 
intimado para constituir outro. 
Por sua vez, a preclusão diz respeito à perda da faculdade recursal pela verificação de específicas situações 
fáticas que impedirão a parte de recorrer. Não é à toa que a anterioridade à preclusão ou coisa julgada, como 
já visto, é justamente uma das características inerentes a todos os recursos. BRASILEIRO a concebe em três 
diferentes frentes ou momentos, a depender do fato que a originou: preclusão temporal, lógica ou 
consumativa: 
a) preclusão temporal: decorre do não exercício da faculdade, poder ou direito processual no 
prazo determinado. Em sede de recursos, a preclusão temporal ocorre quando transcorre in albis 
o prazo para recorrer, ou quando a impugnação apresentada pela parte é intempestiva; 
b) preclusão lógica: decorre da incompatibilidade da prática de um ato processual com relação 
a outro já praticado. Com relação aos recursos, a preclusão lógica ocorre, por exemplo, com a 
renúncia, que se apresenta incompatível com a interposição do recurso do qual a parte abriu 
mão; 
c) preclusão consumativa: ocorre quando a faculdade já foi validamente exercida. Em relação 
aos recursos, a preclusão consumativa está relacionada aos princípios da unirrecorribilidade e da 
variabilidade dos recursos, anteriormente estudados (Lima, 2017). 
Veja como o tema já foi cobrado em questão discursiva: 
(MPF/23). Leia, com atenção, o enunciado adiante: Acusado de cometer o delito de 
moeda falsa, L constituiu B, advogado de sua confiança, para patrocinar sua defesa. 
No final, foi condenado no mínimo da pena prevista para o delito. 
TempestivamenteB apelou da decisão, mas L encaminhou ao Juiz um 
requerimento renunciando ao direito de recorrer. Responda, explicando em 20 
linhas no máximo, à seguinte questão: Apesar da renúncia de L, deverá ter 
seguimento e ser conhecido o recurso interposto por B? 
Fatos extintivos 
Fatos que, uma vez constatados, ensejarão a extinção do recurso que já tenha sido interposto. Podem ser 
citadas a desistência e a deserção. 
A desistência está relacionada ao princípio da disponibilidade; ou seja, à possibilidade de a parte desistir do 
recurso já interposto, acarretando a sua extinção sem o julgamento do mérito. Também se vislumbra a sua 
relação com o princípio da voluntariedade, pois, como assevera RANGEL, “se a parte recorre se quiser, é claro 
que, uma vez interposto o recurso, dele pode desistir” (Rangel, 2018). 
Da mesma forma como visto em relação ao fato impeditivo renúncia, tanto o acusado quanto o seu defensor 
podem desistir do recurso. Em havendo convergência de vontades, procede-se como desejado e 
manifestado. Na hipótese de discordância entre acusado e defensor quanto à desistência, também se 
entende que deverá prevalecer a vontade do defensor, em prestígio à ampla defesa, uma vez que no pior 
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dos cenários, a situação do acusado permanecerá a mesma – non reformatio in pejus. Valem as mesmas 
considerações de RANGEL colacionadas por ocasião da abordagem da renúncia. De qualquer forma, como 
complementação, confira os escólios de CAPEZ e AURY LOPES JUNIOR sobre o tema: 
A jurisprudência tem entendido que, tanto no caso da desistência quanto no da renúncia, deve 
prevalecer a vontade do defensor técnico sobre a do acusado leigo, em atenção ao princípio 
da ampla defesa (nesse sentido: STF, HC 77.159-4/RJ, rel. Min. Ilmar Galvão, DJU, 18 set. 1998, 
p. 6; STJ, 5ª T., REsp 153.362/DF, rel. Min. Edson Vidigal, DJU, 11 maio 1998, p. 142143). “O 
conflito de vontades entre o acusado e o defensor, quanto à interposição de recurso, resolve-se, 
de modo geral, em favor da defesa técnica, seja porque tem melhores condições de decidir da 
conveniência ou não de sua apresentação, seja como forma mais apropriada de garantir o 
exercício da ampla defesa” (STF, 2ª T., REsp 188.703-6, rel. Min. Francisco Rezek, DJU, 13 out. 
1995) (Capez, 2018). 
Quanto ao imputado, poderá haver a desistência do recurso, desde que seja um ato consensual 
do réu e de seu defensor. Havendo a desistência de um deles, sem a concordância do outro, deve 
prevalecer a ampla defesa, com a manutenção do recurso (até porque é vedada a reformatio in 
pejus) (Júnior, 2018). 
Ao demais, relembre-se de que, por expressa vedação legal, essa disponibilidade não se estende ao 
Ministério Público, conforme art. 576 do CPP: 
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. 
De outro vértice, a deserção, uma espécie de sanção processual, hoje está relacionada ao não pagamento 
das despesas processuais necessárias ao processamento do recurso (denominadas de preparo), quando 
forem exigidas. 
“Na sistemática recursal, o preparo abrange tanto as custas do juízo e do tribunal, relativamente 
ao processamento do recurso, bem como o porte de remessa e de retorno. A deserção é, 
portanto, a ‘sanção para a falta de preparo no prazo legal’” (Badaró, 2017). 
Hipótese de deserção pela falta de preparo pode ser constatada no já aludido art. 806, § 2º do CPP, que 
dispõe: 
Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligência 
se realizará, sem que seja depositada em cartório a importância das custas. 
§ 1º Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da defesa será realizado, sem o prévio 
pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre. 
§ 2º A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados pelo juiz, importará 
renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso interposto. 
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§ 3º A falta de qualquer prova ou diligência que deixe de realizar-se em virtude do não-
pagamento de custas não implicará a nulidade do processo, se a prova de pobreza do acusado 
só posteriormente foi feita. 
Por fim, algumas observações devem ser feitas quanto ao preparo: 
1) o preparo não será devido quando comprovada a situação de pobreza do acusado; 
2) somente será devido nas ações penais exclusivamente privadas ou personalíssimas; “afinal, em se tratando 
de ação penal privada subsidiária da pública, na medida em que o querelante atua no lugar do Ministério 
Público, não se pode dele exigir o recolhimento das custas, porquanto o interesse em discussão é de natureza 
pública” (Lima, 2017); 
3) para parte da doutrina, o preparo somente pode ser exigido, dentro das ações penais citadas no item 
anterior, do querelante (ofendido), mas nunca do querelado (réu). 
Na mesma direção das observações acima traçadas, AVENA: 
Nesse contexto, conclui-se que apenas ao querelante, na ação penal privada, assiste a obrigação 
de preparo dos recursos, sob pena de deserção. Dúvida há se tal obrigatoriedade existe tanto na 
ação penal privada exclusiva quanto na subsidiária. Concordamos com a posição de que o dever 
existe apenas na ação penal privada exclusiva. Isso porque, na ação penal subsidiária, 
considerando que atua o querelante em lugar do Ministério Público, não pode ser submetido ao 
pagamento de custas ou outras despesas, uma vez que o interesse que está em discussão, em 
última análise, é o público e não o privado (Avena, 2017). 
BONFIM registra os dois entendimentos existentes sobre o tema: 
Há entendimento doutrinário no sentido de que a falta de preparo impedirá o conhecimento 
apenas dos recursos manejados em ação penal privada, quando o réu não for reconhecidamente 
pobre. 
Outros autores, na mesma linha do entendimento anterior, discordam da necessidade de 
recolhimento das custas, ainda que o réu [não] seja reconhecidamente pobre, vez que, estando 
em jogo a liberdade do réu, seria temerária a exigência de pagamento de custas como condição 
do recurso. 
Vale dizer, para essa corrente, a única hipótese possível de deserção por ausência de preparo é 
quanto à interposição de recurso pelo querelante na ação penal privada (Bonfim, 2013). 
Perfilhando-se à segunda visão, BRASILEIRO sustenta: 
O dispositivo refere-se à necessidade do recolhimento das custas apenas nas hipóteses de ação 
penal de iniciativa privada. Isso pode levar à conclusão equivocada de que a 
necessidade de comprovação do preparo seria aplicável tanto ao recurso interposto 
pelo querelante quanto àquele interposto pelo querelado (leia-se, acusado). Porém, é 
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certo que o querelado, na condição de acusado em um processo penal, não pode ser tolhido 
em seu direito ao duplo grau de jurisdição em face do não recolhimento das custas. Por isso, a 
interpretação dada ao art. 806, § 2º, do CPP, é no sentido de que a falta de preparo ocasiona a 
deserção do recurso apenas em relação ao querelante, e desde que ele não seja beneficiário da 
Justiça Gratuita. O querelado, ainda que dotado de boa condição financeira, não é obrigado a 
efetuar o preparo do recurso para que seu recurso seja conhecido (Lima, 2017). 
Sintetizando : ações penais públicas não dependem de preparo/custas; ações exclusivamente privadas 
dependem, desde que a parte não seja comprovadamente pobre ou beneficiária de justiça gratuita. Tem 
gente que entende (diferente do que estabelecido em lei) que o querelado, em razão da ampla defesa, jamais 
pode ser prejudicado pela ausência de preparo. 
Nosso CPP, até o advento daLei 12.403/2011, previa outra espécie de deserção – aquela decorrente da fuga 
do réu condenado. 
Art. 595. Se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será declarada deserta a apelação. 
(Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Ou seja: antigamente, caso o réu tivesse interposto apelação e nesse meio tempo fugisse, sua fuga fazia com 
que o seu recurso não fosse conhecido, era julgado deserto, o que ocasionava o trânsito em julgado da 
sentença condenatória. Grosso modo, portanto, a situação do réu (de foragido) tinha interferência direta no 
desfecho do seu recurso. 
Hoje isso não acontece mais. Os recursos não sofrem nenhuma influência diante da situação prisional do 
condenado. O fato de ele estar preso, solto ou foragido em nada reflete no resultado do seu recurso, que 
deverá ser conhecido e julgado normalmente. 
Aliás, mais que isso, hoje a condenação (mesmo que em pena privativa de liberdade) sequer impõe a prisão, 
medida excepcional e de natureza cautelar que, para ser aplicada, deverá ser necessária e ter 
fundamentação específica – não é automática, como se fosse uma consequência da sentença condenatória. 
Doutrina Complementar 
VICENTE GRECO FILHO (Manual de processo penal, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Há fatos que impedem 
ou extinguem o exercício das vias recursais, não podendo o recurso ser conhecido se ocorrer algum deles. 
São fatos impeditivos: 1. a renúncia, que é a manifestação de vontade de não recorrer. O Ministério Público 
não pode renunciar à faculdade de recorrer, porque não pode condicionar sua opinião ocasional à 
necessidade do interesse público. O querelante, porém, pode renunciar. O acusado, também, pode 
renunciar à faculdade de recorrer, desde que se verifique que essa decisão é livre e consciente. Há decisões 
de tribunais rejeitando a renúncia ou desistência ao recurso por parte do acusado, mas em casos em que 
há dúvida quanto ao discernimento da decisão. À vontade livre e consciente da pessoa, dentro do critério 
do razoável, não se pode contrapor a autoridade estatal, ainda que para, hipoteticamente, beneficiá-la. A 
intenção do defensor de recorrer não pode prevalecer sobre a vontade livre, consciente e justificável do 
acusado, inclusive por razões de ordem moral. O mesmo vale para a desistência. Não há previsão legal, no 
processo penal, de renúncia tácita, que seria a decorrente da prática de ato incompatível com a vontade 
de recorrer. Aliás, ao contrário, na dúvida, deve-se interpretar pela vontade de rever a decisão desfavorável. 
A renúncia tácita é, pois, figura não aceitável no processo penal, nos crimes de ação penal pública, 
admitindo-se, somente, a renúncia expressa nos casos e condições acima expostos. Seria, porém, 
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sustentável a possibilidade de renúncia tácita do querelante nos crimes de ação penal privada, em virtude 
do princípio da disponibilidade da ação nesses casos. 2. o não recolhimento à prisão nos casos em que a 
lei exige. [não mais aplicável] Há hipóteses previstas em lei, como, por exemplo, a do art. 59 da Lei n. 
11.343/2006, ou se o próprio juiz assim decidiu, conforme previsto, entre outros casos, no art. 2o, § 2o, da Lei 
n. 8.072/90, que definiu os crimes considerados hediondos, em que o acusado não pode apelar em 
liberdade, ficando o recurso condicionado ao recolhimento à prisão. O não cumprimento desse ônus é 
fato impeditivo do conhecimento do recurso eventualmente interposto sem ele. São fatos extintivos das 
vias recursais 1. a desistência, que é a manifestação de vontade de retirar o recurso já interposto. O 
querelante, o querelado e o acusado podem desistir. Não pode, porém, desistir o Ministério Público (art. 
576). Pode ele deixar de recorrer, mas, uma vez interposto o recurso, o seu processamento e exame será 
irreversível. 2. a deserção, que é uma hipótese de extinção das vias recursais que impede o conhecimento 
do recurso em virtude da ocorrência de determinado ato, positivo ou negativo, da parte. Há, no processo 
penal, um caso de deserção. Haverá, também, deserção se o querelante deixar de efetivar o preparo do 
recurso, que é o pagamento das custas correspondentes. O art. 806, § 2o, que prevê a deserção por falta 
de pagamento das custas do recurso, é interpretado no sentido de sua aplicabilidade apenas ao 
querelante, porque a exigência do pagamento de custas ao querelado violaria o princípio constitucional 
da ampla defesa”. 
Jurisprudência pertinente 
Súmula 705, STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o 
conhecimento da apelação por este interposta. 
Súmula 115, STJ: Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos. 
Súmula 347, STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão. 
[...] Recolhimento do paciente à prisão como requisito de admissibilidade de recurso. Ofensa aos 
princípios constitucionais da presunção de inocência, ampla defesa, contraditório e duplo grau de 
jurisdição. Constrangimento ilegal caracterizado. 3. Ordem concedida. (HC 103986, Relator(a): Min. 
GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 08/02/2011, DJe-037 DIVULG 23-02-2011 PUBLIC 24-02-2011 
EMENT VOL-02470-01 PP-00128 RT v. 100, n. 907, 2011, p. 409-417) 
[...] 1. Contraria o direito à ampla defesa a declaração da deserção da apelação em razão do não-
recolhimento do condenado à prisão, ou da sua fuga depois de ter apelado. 2. Entendimento 
consubstanciado pela jurisprudência do Supremo Tribunal no sentido de que é inconstitucional a 
exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e direitos como condição de admissibilidade de 
recurso administrativo (ADI n. 1.976, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ 18.5.2007), e pelas alterações produzidas 
pela Lei n. 11.719/08, que alteraram a interpretação e a aplicação do art. 595 do Código de Processo Penal, 
pois, além de se revogar expressamente o art. 594 desse diploma legal, alterou-se o seu art. 387, que 
passou a estabelecer competir ao juiz decidir, "fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o 
caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da 
apelação que vier a ser interposta" (parágrafo único do art. 387). 3. Ordem concedida. (HC 85369, Relator(a): 
Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 26/03/2009, DJe-079 DIVULG 29-04-2009 PUBLIC 30-04-
2009 EMENT VOL-02358-02 PP-00388) 
[...] É incabível a prisão do réu como condição para o recebimento de recurso contra a sentença de 
pronúncia. [...] (HC 101244, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 
16/03/2010, DJe-062 DIVULG 08-04-2010 PUBLIC 09-04-2010 EMENT VOL-02396-02 PP-00321) 
[...] A deserção, por falta de pagamento do valor devido pelas fotocópias para formação do traslado, 
quando se trate de ação penal pública, traduz rigor formal excessivo na medida em que impede ou 
impossibilita o exercício da ampla defesa e, via de consequência, constitui afronta ao art. 5º, inc. LV, 
da Constituição Federal (HC 95.128, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe de 05/03/2010; RTJ 601/427; HC 
74.338, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ de 23/06/2000). [...] (HC 116840, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira 
Turma, julgado em 15/10/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-217 DIVULG 30-10-2013 PUBLIC 04-11-2013) 
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[...] Não comporta conhecimento o recurso ordinário interposto sem procuração. Ainda que se 
considere que no habeas corpus não seja exigida a apresentação de instrumento, uma vez que qualquer 
um do povo pode impetrar o remédio heroico, tal faculdade não se estende à interposição do recurso 
ordinário. Incide, no caso, o óbice previsto na Súmula n. 115/STJ: "Nainstância especial é inexistente 
recurso interposto por advogado sem procuração nos autos." [...] (RHC 51.062/TO, Rel. Ministro FELIX 
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe 29/11/2017) 
[...] 1. O princípio constitucional do duplo grau de jurisdição concretiza-se processualmente na 
possibilidade da parte impugnar, por meio do recurso, a decisão judicial da qual não se conforma. Nesse 
sentido, a voluntariedade constitui característica do recurso, estabelecido no art. 574 do CPP. 2. A 
desistência ao recurso é possibilitada à defesa, desde que regularmente manifestada. É dizer, ao 
patrono constituído, exige-se representação com poderes especiais para "confessar, (...) desistir" 
(arts. 38 do CPC c.c. 3º do CPP); ao Defensor Público, demanda-se a manifesta anuência do réu 
juntamente ao petitório. 4. Na hipótese de interesses colidentes entre réu e defensor, isto é, há 
desistência por um e não por outro, o recurso seguirá seu curso normal, em consagração ao princípio 
da ampla defesa. [...] (HC 190.056/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2011, 
DJe 29/08/2011) 
[...] I. Hipótese em que o paciente não manifestou pessoalmente o desejo de apelar da sentença 
condenatória, mas sua defesa técnica interpôs recurso de apelação em seu favor, do qual, posteriormente, 
valendo-se de instrumento procuratório firmado pelo réu com poderes específicos para desistir, 
requereu desistência. II. Não se reconhecem vício na desistência do recurso, manifestada pelo réu, por 
intermédio de seu patrono constituído, pois, nos termos do art. 574 do Código de Processo Penal, o 
direito de apelar é disponível. Precedente do STJ. [...] (HC 39.048/PE, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA 
TURMA, julgado em 17/02/2005, DJ 07/03/2005, p. 311) 
4.2 PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS OU INTRÍNSECOS 
Se os pressupostos objetivos dizem respeito ao recurso em si, os subjetivos 
referem-se à figura do próprio recorrente. São eles: a) legitimidade; e b) 
interesse recursal. 
4.2.1 Legitimidade 
Avalia-se, no ponto, a pertinência subjetiva dos recursos. Alude à titularidade do direito de recorrer, ou seja, 
quem poderá exercer legitimamente esse direito. Na sistemática do CPP, verifica-se a presença dos 
denominados legitimados gerais e legitimados especiais ou restritos. 
Os legitimados gerais apresentam, como a denominação evidencia, legitimidade recursal ampla, podendo 
se utilizar de todas as espécies de recurso admitidas em lei; são as próprias partes do processo. Estão eles 
previstos no art. 577, caput do CPP: 
Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo 
réu, seu procurador ou seu defensor. 
Sobre o dispositivo, BADARÓ minudencia: 
legitimidade
interesse
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Os legitimados gerais são as partes. Alguns esclarecimentos devem ser feitos a essa afirmação 
genérica. Trata-se das partes principais, em ação penal de iniciativa pública, isto é, Ministério 
Público e acusado; ou ação penal de iniciativa privada, no caso, querelante e querelado. 
O Ministério Público, seja como parte principal, no caso, na ação penal pública, seja como 
interveniente necessário, na ação penal privada, tem legitimidade recursal ampla. 
O ofendido, na ação penal de iniciativa privada, seja ela exclusivamente privada ou subsidiária, 
na qualidade de querelante e, portanto, parte principal, também tem legitimidade ampla e 
irrestrita. 
O réu tem legitimação própria para recorrer, podendo fazê-lo pessoalmente e não só por 
intermédio de seu defensor. Isso é particularmente relevante no caso da apelação e do recurso 
em sentido estrito, nos quais a interposição se dá por meio de simples manifestação de vontade 
de recorrer, sem a necessidade, nesse primeiro momento, de apresentação das razões recursais. 
Consequência disso é que, neste caso, é de se reconhecer que o CPP lhe outorga capacidade 
postulatória. Porém, para que seja implementada a defesa técnica e assegurada a paridade de 
armas, haverá necessidade de que o procurador ou defensor seja intimado para apresentar 
razões ao recurso interposto pessoalmente pelo acusado. 
O defensor também tem legitimidade própria para recorrer. Não se trata de mera representação 
processual do acusado. A lei prevê que o recurso poderá ser interposto “pelo réu, seu procurador 
ou seu defensor”. Não se prevê o réu, por seu procurador ou defensor. Pode, pois, o defensor 
recorrer em seu nome próprio. Há que se compreender, contudo, que não se trata de dois 
direitos autônomos de impugnação, um do réu e outro do defensor. O que o art. 577, caput, 
estabelece é um único direito de recorrer, com dois legitimados concorrentes. Assim, o mesmo 
direito ao recurso pode ser exercido pelo réu ou por seu defensor. Mas, desde já, é bom que se 
esclareça: o defensor também é legitimado a recorrer, não para defender um interesse próprio, 
mas para garantir o interesse do acusado. Assim, embora haja uma legitimidade concorrente, 
em termos de interesse, há um só: o do acusado! (Badaró, 2017). 
De outro lado, os legitimados especiais ou restritos estão limitados a determinadas espécies de recursos, 
uma vez que, não sendo efetivamente partes, atuam de maneira pontual nos processos, e, apenas nesses 
pontos poderão exercer o direito recursal (isso se houver previsão legal nesse sentido). 
Como sujeito principal dentro dos legitimados especiais está o ofendido, seja não habilitado, seja habilitado 
(ou seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão) como assistente de acusação como se verá logo mais. 
Aliás, em relação ao assistente de acusação, convém relembrar que sua legitimação recursal advém do art. 
271, caput do CPP, in verbis: 
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às 
testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos 
interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598. 
 A doutrina elenca três hipóteses em que se admite o recurso por legitimado especial: 
Apelação de sentença em crimes de competência do Tribunal do Júri e do juiz singular, pelo ofendido ou por 
seu cônjuge, descendente, ascendente ou irmão (art. 31 do CPP), na hipótese do art. 598 do CPP: 
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Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não 
for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das 
pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá 
interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo. 
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia 
em que terminar o do Ministério Público; 
Apelação contra sentença de impronúncia, nos termos do art. 584, § 1º, primeira parte, c/c art. 598 do CPP: 
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de 
livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. 
§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do nº VIII do art. 581, aplicar-
se-á o disposto nos arts. 596 e 598. [...] 
Há que se ter atenção nesse caso. Pela simples leitura do referido artigo, que pertence ao Capítulo II 
(referente ao recurso em sentido estrito – RESE), poder-se-ia entender que realmente se trata de hipótese 
de RESE. Contudo, pela redação atual do art. 416 do CPP, dada pela Lei 11.689/2008, contra sentença de 
impronúncia caberá apelação, e não mais recurso em sentido estrito: 
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação; 
Recurso em sentido estrito contra sentença que decretar a prescrição ou julgar, poroutro modo, extinta a 
punibilidade (inciso VIII do art. 581 do CPP), conforme art. 584, § 1º, segunda parte, c/c arts. 581, VIII e 598 
do CPP: 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: [...] 
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de 
livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. 
§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do nº VIII do art. 581, aplicar-
se-á o disposto nos arts. 596 e 598. [...] 
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Indo além, AVENA elenca outras hipóteses recursais admitidas (ou que o deveriam ser) ao assistente de 
acusação3: 
Há, ainda, previsão sumular do cabimento do recurso do assistente de acusação em relação ao 
recurso extraordinário, mas unicamente naqueles casos em que poderia ele recorrer das 
decisões do juiz singular, acima citados. Trata-se da Súmula 210 do STF, dispondo que “o 
assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos 
casos dos arts. 584, § 1. º, e 598 do Código de Processo Penal”. Registre-se que a citada súmula, 
hoje, deve ser interpretada extensivamente ao recurso especial, que nela não está previsto, 
unicamente, porque à época de sua edição não existia esse recurso, introduzido que foi a partir 
da Constituição Federal de 1988. 
Embora não haja expressa previsão legal, entendemos que é preciso facultar legitimação recursal 
ao assistente, também, na hipótese de absolvição sumária prevista nos arts. 397 e 415 do CPP. 
Afinal, se pode o assistente se insurgir contra a decisão de impronúncia, que não impede o 
oferecimento de nova ação penal contra o réu se outras provas surgirem, por que não poderá 
voltar-se ele, também, contra a absolvição sumária, que se reveste de caráter definitivo e, uma 
vez transitada em julgado, é imodificável mesmo diante de novos elementos? 
Por fim, deve ser admitida a legitimação do assistente ministerial para usar dos recursos cabíveis 
na hipótese de a sua apelação (art. 598) ou de o seu recurso em sentido estrito (art. 584, § 1. º) 
não serem recebidos pelo juiz. Do contrário, ficaria o assistente à mercê da vontade do 
magistrado, pois, eventualmente denegados os recursos que a lei lhe faculta ingressar, nada 
poderia opor. Assim, não recebida, por exemplo, uma apelação, faculta-se ao assistente atacar 
essa decisão com recurso em sentido estrito fulcrado no art. 581, XV, do CPP. Denegado, por 
outro lado, recurso em sentido estrito interposto pelo assistente, nada lhe obsta a utilização de 
carta testemunhável (art. 639, I, do CPP) para insurgir-se contra essa decisão, pois a carta é o 
recurso cabível contra a decisão do juiz que não recebe o RSE (Avena, 2017). 
Doutrina Complementar 
AURY LOPES JR. (Direito processual penal, 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “A legitimação recursal é um 
pressuposto do interesse em impugnar, leciona ZANOIDE DE MORAES, pois não se pode conceber um 
interesse (recursal penal) que não possua, antes, uma pessoa que o porte. Deve ser vista a partir da 
situação jurídica instaurada, em que se define quem ocupa a parte passiva e ativa. No polo passivo do 
processo penal está o acusado, ou seja, aquele sob o qual pende a acusação da prática de um fato delitivo. 
Já no polo ativo, a situação varia conforme a iniciativa atribuída pela Lei para o exercício da ação processual 
penal. Nos delitos de ação penal de iniciativa pública, a legitimidade é do Ministério Público, para formular 
a acusação e também para recorrer. Nos delitos de ação penal de iniciativa privada, a legitimidade ativa é 
da vítima ou de seu representante legal, estando ela igualmente legitimada para recorrer daquelas 
 
 
3 Para AVENA, o assistente de acusação compõe uma categoria própria dentro do pressuposto da 
legitimidade, qual seja, a de legitimado subsidiário ou supletivo, para além do legitimado especial. Fato 
é que a doutrina costuma concentrar as hipóteses recursais dos artigos 584 e 598 do CPP dentro dos 
legitimados especiais ou restritos. 
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decisões que a prejudiquem. Portanto, os legitimados a recorrer são as partes ativa ou passiva do processo. 
Mas, neste tema, é importante recordar a figura do assistente da acusação, pois ele também tem 
legitimidade para recorrer”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “É pressuposto 
recursal que decorre da legitimidade ad causam ou ad processum. A legitimidade recursal é a pertinência 
subjetiva que exige a sucumbência (pois “somente a parte que sofreu gravame é que poderá recorrer”) e 
a qualidade de parte da relação processual ou autorizativo legal para sujeito que não integre essa relação 
jurídica recorrer (como acontece com as previsões de interposição de recursos pelo assistente do 
Ministério Público). Em outras palavras, “o recurso precisa ser oferecido por quem é parte na relação 
processual, estando capacitado a fazê-lo, ou quando a lei expressamente autorize a interposição por 
terceiros”. Os legitimados recursais podem ser gerais ou especiais: I) gerais: (a) o acusado pessoalmente 
(em postulação leiga); (b) o defensor/advogado do acusado (em seu próprio nome, ainda que conflite sua 
vontade de recorrer com a do réu de não interpor recurso) ou representando o acusado em sua defesa); e 
(c) o Ministério Público ou o querelante (acusação), a depender da natureza da ação penal; II) especiais: o 
assistente da acusação (legitimado em caso de inércia do Parquet – legitimidade subsidiária ou supletiva, 
subsistente com o advento da CF/1988, na senda do STJ e do STF – e de forma restrita aos casos previstos 
no CPP) ou o assistente da defesa”. 
VICENTE GRECO FILHO (Manual de processo penal, 9ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Podem recorrer, 
respeitada a sucumbência, o querelante, o querelado, o acusado e seu defensor, o assistente, o ofendido 
ou sucessores do ofendido e o Ministério Público. Há situações, porém, para cada uma dessas partes que 
precisam ser examinadas. O assistente somente pode recorrer da decisão de impronúncia, da absolvição, 
em primeiro ou segundo grau, e da que decreta a extinção da punibilidade. Sobre o recurso do assistente 
há três Súmulas do Supremo Tribunal Federal, a 208, a 210 e a 448 e a restrição de sua atividade recursal 
àquelas hipóteses decorre da aplicação do art. 271 combinado com os arts. 584, § 1º, e 598. Em resumo, o 
assistente, no caso de impronúncia, absolvição ou decretação da extinção da punibilidade, pode recorrer, 
inclusive extraordinariamente; não pode oferecer recurso extraordinário (e, no mesmo sentido, recurso 
especial), no caso de decisão concessiva de habeas corpus, porque não é uma das hipóteses 
anteriormente apontadas; o prazo do assistente é o mesmo das partes (5 dias para a apelação e o recurso 
no sentido estrito) e conta-se a partir da intimação; o ofendido não habilitado como assistente, ou seus 
sucessores, pode recorrer, nas mesmas hipóteses, no prazo de 15 dias a contar do fim do prazo do 
Ministério Público. O Ministério Público pode recorrer como parte e como fiscal da lei. Pode recorrer para 
a correta aplicação da lei penal, inclusive se a apelação vier a beneficiar o réu, como, por exemplo, se o juiz 
aplicou pena de reclusão e a pena cominada ao crime era a de detenção. Não pode o Ministério Público 
recorrer em favor do acusado, se a matéria é de prova, quanto à justiça ou injustiça da decisão no plano 
fático. Também não pode o Ministério Público recorrer nos crimes de ação penal exclusivamente privada, 
ainda que na qualidade de fiscal da lei, se a sentença foiabsolutória e o querelante não recorreu. Prevalece, 
no caso, o princípio da disponibilidade da ação exclusivamente privada ao qual nem o Ministério Público 
pode se sobrepor, porque o condicionamento à oportunidade da ação penal é de direito material, que à 
solução processual somente cabe acatar. Diferente é a hipótese se a decisão foi condenatória, podendo o 
Ministério Público apelar para aumentar a pena; essa função é de fiscal da lei e não se submete à 
disponibilidade da ação penal exclusivamente privada, porque não há disponibilidade sobre a quantidade 
da penal. Tanto o acusado quanto seu defensor podem recorrer autonomamente. Ambos podem levar a 
questão ao conhecimento do tribunal. Conforme acima sustentamos, na dúvida, prevalece a vontade de 
recorrer. Todavia, a vontade livre e consciente do acusado, colhida com todas as cautelas, prevalece sobre 
a vontade do defensor”. 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Nos termos do art. 
577, caput, têm legitimidade para recorrer: I — o Ministério Público. O representante do parquet tem 
legitimidade para recorrer também em benefício do réu, no cumprimento de sua função institucional de 
zelar pela correta aplicação da lei. Esta é a posição do STF e assim também entendemos. Pode o Ministério 
Público recorrer postulando a condenação do réu, se o pedido formulado por outro membro do Parquet 
em sede de alegações finais reclamara a absolvição e este fora integralmente acolhido em sede de 
sentença? Conquanto divirja parte da doutrina, a nosso ver a resposta é claramente positiva no sentido 
da possibilidade recursiva. Desse modo, se um membro do Ministério Público postula a absolvição em 
sede de alegações finais e o magistrado acata referido pedido, nada obsta que outro membro do 
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Ministério Público venha a interpor recurso, visando a condenação; II — o querelante; III — o réu. Além de 
legitimação, confere a lei capacidade postulatória ao acusado, que poderá recorrer independentemente 
da intervenção de seu defensor; IV — o procurador ou o defensor do acusado. O estatuto processual penal 
estabeleceu uma legitimação autônoma e concorrente entre o réu e seu defensor para recorrer. O 
defensor, dativo ou constituído, está autorizado a interpor recurso, independentemente da anuência do 
réu. Obviamente, essa dupla legitimação pode ocasionar conflito entre acusado e advogado, quanto à 
necessidade de recorrer de determinada solução. Quando há colidência entre as vontades do réu e de seu 
defensor, por exemplo, na hipótese de decidir o advogado pela interposição de recurso, não obstante a 
renúncia do acusado, põe-se a questão de qual vontade deve prevalecer. Doutrina e jurisprudência não 
são unânimes a esse respeito, prevalecendo a opinião de que deve preponderar a vontade de recorrer. A 
renúncia do réu somente prevalecerá quando tomada por termo nos autos, diante de seu advogado. De 
acordo com a Súmula 705 do STF, “a renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência 
do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta”. A lei confere legitimação 
também: V — ao ofendido e seus sucessores; Por força do art. 598, caput, do CPP, o ofendido ou qualquer 
das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor 
apelação, nos crimes de competência do Tribunal do Júri ou do juiz singular, se da sentença não for 
interposta apelação pelo Ministério Público. Poderá, também, interpor recurso da decisão de impronúncia 
e da decisão que julgar extinta a punibilidade, de acordo com o art. 584, § 1º. Vale ressaltar que é cabível o 
recurso de apelação contra a decisão de impronúncia (art. 416 do CPP, com redação dada pela Lei n. 
11.689/2008). VI — a qualquer do povo, da decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; VII — 
a terceiro que tenha prestado a fiança, nos casos de quebramento ou perda de seu valor; VIII — as 
associações dedicadas à tutela do consumidor, na condição de assistente do MP (art. 80 da Lei n. 
8.078/90)”. 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “O recurso deve coincidir com 
a posição processual da parte. Podem interpor recursos o Ministério Público, o querelante, o réu ou seu 
defensor (CPP, art. 577). A defensoria pública tem legitimidade para recorrer em favor do réu revel, mesmo 
que este, em face de sua ausência, não tenha ratificado o recurso (RTJ, 84/317). O Ministério Público é parte 
ilegítima para apelar da sentença absolutória na ação penal exclusivamente privada, pois o querelante 
pode dispor como quiser da ação, perdoando o ofensor ou simplesmente conformando-se com o decreto 
absolutório (RT, 597/267 e 556/318). Apelação interposta por réu leigo deve ser conhecida, porque ele é 
parte legítima para recorrer (RJTJSP, 126/443). Em atendimento ao princípio da ampla defesa, tem-se 
admitido, inclusive, a interposição por advogado sem procuração, com mandato verbal, ou por defensor 
dativo, sem a anuência do réu preso”. 
4.2.2 Interesse recursal 
Traduzido no binômio necessidade + utilidade. Necessidade verificada na ausência de outros meios viáveis 
para melhora da situação do recorrente. Utilidade verificada na praticidade, na adequação do recurso para 
reformar a decisão em favor do recorrente. 
Verifica-se na necessidade, interesse da parte de buscar, via jurisdicional (recurso), a reforma ou modificação 
de uma decisão. A doutrina costuma relacionar, de maneira intrínseca, o interesse recursal com a figura da 
sucumbência; ou seja, a desconformidade, mesmo que parcial, entre o que foi requerido e o que foi 
concedido. Nesse sentido, MADEIRA: 
Assim, para que haja o interesse recursal, é necessário que haja a ocorrência de sucumbência da 
parte, sem a qual não é cabível qualquer tipo de impugnação. Não basta portanto que o interesse 
seja meramente acadêmico, não havendo relevância concreta no pleito da parte, não haverá 
interesse recursal (Dezem, 2018). 
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 Por outro lado, alguns autores entendem ser possível desvincular esses institutos em determinados casos, 
podendo subsistir o interesse recursal mesmo que não haja sucumbência. Com esse pensamento, RANGEL 
afirma e exemplifica: 
Sucumbência é a desconformidade entre o que se pediu e o que foi concedido. Portanto, pode 
haver interesse em recorrer sem que tenha havido sucumbência. [...] o Ministério Público pleiteia 
a condenação, e o réu é condenado; porém, a sentença encontra-se eivada de vício de 
procedimento ou de julgamento. Nesse caso, surge o interesse da sociedade em reintegrar a 
ordem jurídica violada através da atuação da instituição que lhe representa: o Ministério Público. 
Não houve sucumbência, porém há o interesse em recorrer (Rangel, 2018). 
A propósito, e a título de complementação, podem-se elencar várias espécies de sucumbência, a depender 
de seu grau de incidência na matéria. GUILHERME MADEIRA, citando o magistério de JOSÉ FREDERICO MARQUES, 
elenca: 
José Frederico Marques apresenta várias modalidades de sucumbência: 
a) sucumbência única – ocorre nos casos em que apenas uma das partes é sucumbente, ou seja, 
nos casos em que uma das partes foi inteiramente vencida. 
b) sucumbência múltipla – a sucumbência atinge diversas partes. Divide-se em sucumbência 
paralela e recíproca. 
 b1) sucumbência múltipla paralela – aquela em que o gravame atinge partes que integram o 
mesmo polo. Assim, caso haja corréus e ambos sejam condenados, fala-se em sucumbência 
múltipla paralela. 
 b2) sucumbência múltipla recíproca – o gravame atinge os polos opostos da relação processual. 
A sucumbência atinge acusação e réu, criando para amboso interesse recursal. 
c) sucumbência direta – ocorre quando a sucumbência atinge diretamente uma das partes, seja 
o Ministério Público, seja o acusado. 
d) sucumbência reflexa – é a sucumbência que atinge pessoas fora da relação processual, por 
exemplo, aquelas que permitem recurso por parte do assistente de acusação. 
e) sucumbência total – é aquela em que a parte sucumbe integralmente. Por exemplo, quando 
o réu é condenado nos moldes do pedido do Ministério Público. 
f) sucumbência parcial – ocorre quando apenas parte do pedido não é atendido (Dezem, 2018). 
De todo modo, o pressuposto em voga encontra seu fundamento no art. 577, parágrafo único do CPP, que 
dispõe: 
Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo 
réu, seu procurador ou seu defensor. 
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma 
ou modificação da decisão. 
Algumas situações pontuais a respeito do interesse recursal merecem atenção: 
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a) interesse recursal da defesa contra sentença absolutória: a doutrina entende ser plenamente possível 
que a própria defesa recorra de sentença absolutória. Basta imaginar hipótese na qual, por meio de recurso, 
busque-se alterar o fundamento da absolvição, tendo em vista a possibilidade de isso repercutir 
negativamente na esfera cível do acusado, como nos casos de cabimento de ações civis ex delicto. 
Supondo que o acusado tenha sido absolvido com base na insuficiência de provas (CPP, art. 386, 
VII), na medida em que tal decisão não faz coisa julgada no cível, caso a defesa demonstre que 
se insurge contra o decreto absolutório porque pretende modificar seu fundamento, a fim de 
que seja reconhecida a existência de legítima defesa real, que teria o condão de repercutir no 
cível, há de se reconhecer a presença de interesse recursal, autorizando o conhecimento do 
recurso por ela interposto (Lima, 2017). 
Minudencia AURY LOPES JUNIOR, diferenciando duas situações que podem ocorrer nesse ponto: 
Assim, por exemplo, a apelação interposta pela defesa em face de uma sentença absolutória 
pode ser conhecida ou não, conforme se demonstre um interesse juridicamente tutelável ou não. 
Se o apelo tem por fundamento a pretensão de modificação da capitulação legal da sentença 
absolutória para inibir os efeitos de uma ação civil ex delicti, estamos diante de um interesse 
manifesto. É o caso de o réu ter sido absolvido com base no art. 386, inciso II (não haver prova 
da existência do fato), que não impede a ação civil ex delicti, quando toda a resistência (defesa) 
foi no sentido de sustentar estar provada a inexistência do fato (inciso I do art. 386). Logo, o 
eventual acolhimento do recurso conduzirá a uma nova decisão que diminui o prejuízo (gravame) 
causado pela sentença. Noutra dimensão, inexiste interesse na apelação de réu absolvido que 
pretende apenas o reconhecimento de alguma tese jurídica que em nada afeta os efeitos 
principais ou secundários da sentença. Tratar-se-ia de um recurso movido por outros interesses, 
que não aqueles juridicamente tutelados pelo sistema recursal, até porque não existe a 
demonstração de um gravame que possa ser – juridicamente – eliminado ou reduzido (Júnior, 
2018). 
b) interesse recursal do Ministério Público contra sentenças absolutórias e condenatórias: segundo a 
doutrina, em consideração às incumbências constitucionais do órgão do Parquet (art. 127 da CF – defesa da 
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis), é de se 
reconhecer o seu interesse recursal não só contra sentenças absolutórias – com a pretensão de que seja o 
acusado condenado –, mas inclusive em relação às sentenças condenatórias, quando entender que o 
decisum é, por exemplo, injusto ou equivocado, almejando o restabelecimento da ordem jurídica. 
Evidentemente, para que o Ministério Público possa recorrer em favor do acusado, há de se 
verificar se houve sucumbência por parte do órgão ministerial. Se, por ocasião de suas alegações 
orais, o Ministério Público pugnar pela absolvição do acusado, sendo proferida, no entanto, 
sentença condenatória (CPP, art. 385), houve sucumbência por parte do Promotor de Justiça, daí 
por que deve ser conhecida eventual apelação por ele interposta. 
A contrario sensu, se o órgão ministerial pugnar pela absolvição do acusado, sendo proferido 
decreto absolutório nos exatos termos em que pleiteado pelo órgão ministerial, significa dizer 
que não houve sucumbência, pois o pedido ministerial foi acolhido pelo juízo. Logo, não haverá 
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interesse de agir por parte do Ministério Público. Apesar de não haver consenso na doutrina, 
pensamos que, nessa hipótese, não haverá interesse de agir por parte do Ministério Público, 
ainda que a apelação seja interposta por membro diverso. É sabido que, entre os princípios 
fundamentais do Ministério Público, expressos no art. 127, § 1º, da Constituição Federal de 1988, 
figuram a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, de onde se extrai que os 
membros do Parquet integram um só órgão, sob a mesma direção, podendo, todavia, serem 
substituídos uns pelos outros sem que haja alteração subjetiva na relação jurídica processual, 
não havendo hierarquia funcional entre eles, concluindo-se, portanto, que, mesmo atuando em 
nome de um único órgão, os membros do Ministério Público que se substituírem no processo 
não estão vinculados às manifestações anteriormente apresentadas pelos seus antecessores. Os 
princípios acima explicitados, todavia, não podem se contrapor ao disposto no parágrafo único 
do art. 577 do Código de Processo Penal, no sentido de que “Não se admitirá, entretanto, recurso 
da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão”. Ora, se não houve 
sucumbência, porquanto o pedido absolutório formulado pelo Promotor de Justiça foi acatado 
pelo magistrado, não haverá interesse de agir por parte do Ministério Público, ainda que a 
apelação seja interposta por membro diverso (Lima, 2017). 
Especificamente em relação à sucumbência do Parquet nesse caso, BONFIM afirma: 
O representante do parquet tem legitimidade para recorrer também em benefício do réu, no 
cumprimento de sua função institucional de zelar pela correta aplicação da lei. Esta é a posição 
do STF e assim também entendemos. Perguntar-se-ia: Mas onde há sucumbência como 
pressuposto do recurso? Entendemos que nesse caso o órgão ministerial sucumbe não como 
parte propriamente dita, mas como fiscal da lei, na medida em que não foi atendido o 
pressuposto por ele reclamado de fiel e estrita observância à lei, gerando, destarte, o necessário 
interesse recursivo. Assim, sucumbência é qualquer situação em que as partes, o Ministério 
Público ou terceiro sofram desvantagem na relação processual, não podendo ficar restrita à 
compreensão de prejuízo suportado apenas interpartes em relação ao pedido (Bonfim, 2013). 
Doutrina Complementar 
AURY LOPES JR. (Direito processual penal, 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “O recorrente deve ainda ter 
interesse, ou seja, deve existir um gravame gerado pela decisão impugnada. Inspirados em 
GOLDSCHMIDT, entendemos que todo recurso supõe, como fundamento jurídico, a existência de um 
gravame (prejuízo) para a parte recorrente, isto é, uma diferença injustificada (na perspectiva de quem 
recorre, é claro), desfavorável para ela, entre sua pretensão (ou resistência, no caso do réu) e o que foi 
reconhecido e concedido na sentença impugnada. Cabe ao recorrente alegar o prejuízo para que o 
recurso seja conhecido e deve motivá-lo de forma legal para que seja fundado. [...] Ademais, o interesse 
“adimpugnare” deve ser visto desde uma dimensão jurídica, e não psíquica ou moral, por exemplo, de 
modo que o gravame situa-se na dimensão de prejuízo jurídico, e não de um prejuízo de qualquer outra 
natureza. Dessarte, o interesse está vinculado ao prejuízo, ao gravame, que o titular do poder de impugnar 
(íntima correlação com a legitimação) sofre no caso concreto. É o prejuízo a mola propulsora do interesse 
ao exercício do direito de recorrer. O poder de impugnar não é genérico ou incontrolável, senão o 
reconhecimento de um poder relacionado a um efetivo interesse no controle da decisão judicial”. 
RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “A ideia de interesse é conexa 
à de sucumbência, pressuposto fundamental de todo e qualquer recurso. Não se admite recurso da parte 
que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão (CPP, art. 577, parágrafo único). Ademais, 
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como ensinou Manzini, o interesse de impugnar deve fundar-se não em um interesse ético ou científico, 
mas processual. Se da decisão não decorrer qualquer prejuízo que legitime o desconformismo do 
acusado, para ele não se verifica sucumbência, e bem por isso em relação a ele não se identificará legítimo 
interesse jurídico para interpor recurso. Note-se, por oportuno, que, mesmo diante de sentença 
absolutória, poderá ser identificado interesse do acusado em recorrer, quando a pretensão tiver por 
objetivo mudar o fundamento da decisão. Exemplo clássico: acusado absolvido por falta de provas que 
pretende ter reconhecido em seu favor que agiu em legítima defesa (nesse caso, a mudança de 
fundamento tem também implicações extrapenais). No que tange ao autor da ação penal, a questão da 
sucumbência e a identificação do interesse recursal comportam ressalva em relação ao Ministério Público, 
visto que, em razão de suas elevadas funções Constitucionais, este órgão pode (e deve) recorrer em favor 
do acusado diante de algumas situações, dada sua posição como custos legis. É dizer: ainda que o Estado-
acusador requeira a procedência da ação e a consequente condenação do acusado, poderá recorrer em 
favor deste se considerar que a sentença proferida foi por alguma razão injusta (pena excessiva, regime 
muito severo, não substituição da privativa de liberdade por restritivas de direitos etc.)”. 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “O interesse exigido não é o 
interesse moral, mas o interesse processual. Tal interesse decorre sempre da necessidade do recurso para 
a parte obter uma situação processual mais vantajosa. Para tanto, é preciso que tenha havido 
sucumbência, ou seja, o desacolhimento total ou parcial de sua pretensão no processo. Deste modo, só 
há interesse em recorrer quando a parte pretende algo no processo que lhe tenha sido negado pelo juiz, 
gerando-lhe prejuízo. Não se concebe a utilização do recurso apenas para obter afirmação de conteúdo 
meramente doutrinário. Nessa mesma linha de pensamento, conclui Bento de Faria que “não se verifica, 
portanto, esse interesse quando: o recorrente alega razões respeitantes à outra parte, ou a decisão não é 
suscetível de ocasionar-lhe prejuízo, ou, ainda, quando a decisão, embora injusta, lhe seja vantajosa”. Desta 
forma só tem interesse recursal quem teve desacolhida, no processo, alguma pretensão, desejando, com 
o recurso, obter um provimento jurisdicional mais favorável. Questão altamente controvertida é a do 
interesse do Ministério Público em recorrer da sentença condenatória, em favor do réu. Nosso 
entendimento: o Ministério Público é parte imparcial, e, mesmo quando ocupa o polo ativo da relação 
jurídica processual, não deixa de ser fiscal da lei. No entanto, se o representante ministerial pede a 
condenação e o juiz, acolhendo integralmente esse pedido, condena o réu, faltaria sucumbência, e, por 
conseguinte, interesse para o recurso em favor do condenado. Não pode, portanto, a nosso ver, recorrer o 
Ministério Público, se o seu pedido formulado nas alegações finais, seja pela condenação, seja pela 
absolvição, tiver sido integralmente acolhido pelo juiz na sentença. O problema aqui é puramente de falta 
de sucumbência e, por conseguinte, de interesse recursal”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “O art. 577, parágrafo único, do Código de Processo Penal dispõe que só pode recorrer aquele que 
tenha algum interesse na reforma ou modificação da decisão. O interesse em recorrer, portanto, está 
ligado à ideia de sucumbência e prejuízo, ou seja, diz respeito àquele que não obteve com a decisão 
judicial tudo o que pretendia. O Ministério Público possui regras próprias e pode recorrer em favor do 
réu/querelado; porém, se houver recurso idêntico por parte da defesa, aquele interposto pelo Ministério 
Público ficará prejudicado. O Ministério Público não pode recorrer em prol do querelante na ação privada 
exclusiva, pois, nesse caso, a legitimidade é somente do autor da referida ação penal. Um acusado não 
pode recorrer pleiteando a condenação de corréu que foi absolvido, exceto se for vítima do crime 
praticado por aquele”. 
5. EFEITOS DOS RECURSOS 
Trata-se dos efeitos e consequências que podem advir após o exercício da pretensão recursal. Vejamos quais 
são: 
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5.1 EFEITO OBSTATIVO 
Bastante singelo, parte da doutrina nem faz referência a ele. A interposição de recurso obsta a preclusão 
temporal e/ou o trânsito em julgado da decisão recorrida até o julgamento dessa impugnação. 
BADARÓ refere a conceito de BARBOSA MOREIRA sobre trânsito em julgado: 
Eis o conceito de Barbosa Moreira: “por ‘trânsito em julgado’ entende-se a passagem da sentença 
da condição de mutável à de imutável. (...) O trânsito em julgado é, pois, fato que marca o início 
de uma situação jurídica nova, caracterizada pela existência da coisa julgada – formal ou material, 
conforme o caso”. E Machado Guimarães explica que “há, portanto, uma relação lógica de 
antecedente-a-consequente (não de causa-e-efeito) entre o trânsito em julgado e a coisa 
julgada”. E conclui: “A decisão trânsita em julgado cria, conforme a natureza da questão decidida, 
uma das seguintes situações: a) a coisa julgada formal, ou b) a coisa julgada substancial” (Badaró, 
2017). 
5.2 EFEITO DEVOLUTIVO 
A nomenclatura tem raízes do sistema inquisitivo. Na época o recurso fazia com que a questão decidida 
retornasse (fosse ‘devolvida’) ao soberano. 
É o efeito mais elementar dos recursos, dizendo respeito à ‘devolução’ da matéria impugnada, de regra ao 
juízo ad quem, para reanálise. Costuma-se dizer que o efeito devolutivo opera a regra tantum devolutum 
quantum appellatum, ou seja, que a amplitude da matéria a ser devolvida para reapreciação é delimitada no 
corpo do próprio recurso. No entanto, como se verá pouco mais adiante, essa regra é mitigada em relação à 
defesa do acusado no processo penal. 
Afirmou-se que a matéria é devolvida, em regra, ao órgão judicial hierarquicamente superior, porquanto o 
efeito devolutivo pode se manifestar, também, em relação ao próprio juízo a quo, como nos casos de 
embargos de declaração. Nesse sentido, BRASILEIRO: 
Em regra, a devolução do conhecimento da matéria impugnada é feita para órgão jurisdicional 
de hierarquia superior distinto daquele que prolatou a decisão impugnada. No entanto, o efeito 
devolutivo também estará presente nas hipóteses em que a devolução da matéria impugnada 
for feita para o mesmo órgão jurisdicional prolator da decisão (v.g., embargos de declaração). 
Por isso, aliás, é que a doutrina costuma dizer que todo recurso é dotado de efeito devolutivo, 
que varia apenasem sua extensão e profundidade (Lima, 2017). 
A devolução pode ser compreendida sob três enfoques: extensão, profundidade e, para parte da doutrina, 
âmbito de impugnação. 
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► extensão ou devolutividade horizontal: está relacionada à amplitude da matéria a ser devolvida e 
reanalisada; poderá ser total (hipótese em que todas as matérias poderão ser reexaminadas) ou 
parcial (limitando-se o reexame a questões pontuais), a depender da pretensão do recorrente. 
Importante ressaltar que essa limitação da matéria deve evidente observância aos princípios que norteiam 
o processo penal brasileiro, mormente o sistema recursal, como os princípios da reformatio in mellius e da 
vedação à reformatio in pejus. Desta forma, ainda que não seja objeto do recurso interposto, poderá o juízo 
ad quem apreciar ex officio questões que representem possível melhora na situação do acusado. Exemplifica 
TÁVORA: 
Como exemplo, a apelação do acusado contra o capítulo da sentença condenatória que rejeitou 
a alegação de prescrição de um dos delitos não impede que o tribunal reconheça, de ofício, a 
atipicidade de outros crimes e profira decisão absolutória. De outro giro, o recurso do Ministério 
Público pleiteando a majoração de pena do acusado, não obsta que o tribunal reconheça 
nulidade absoluta que favoreça a defesa (Távora, 2017). 
Não se olvide, todavia, da exceção retratada pela Súmula 713 do STF, no âmbito de apelação contra decisões 
do júri: 
O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição. 
Essa exceção deriva da soberania dos veredictos no Tribunal do Júri, garantia constitucional prevista no art. 
5º, XXXVIII da Carta Magna que impõe limites ao campo de análise da apelação interposta nesse 
procedimento. 
Pela via inversa, e em virtude dos mesmos princípios, não poderá o juízo ad quem acolher nulidade contra o 
acusado que não tenha sido arguida pelo Ministério Público em seu recurso. Aqui há incidência da regra 
tantum devolutum quantum appellatum, ao menos quanto a matérias que sejam prejudiciais à situação do 
réu, como se pode perceber do teor da Súmula 160 do STF, in verbis: 
É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de 
recurso de ofício. 
► profundidade ou devolutividade vertical: refere-se aos elementos e argumentos possíveis de serem 
empregados e considerados na reapreciação da matéria. A doutrina entende que a profundidade do 
efeito devolutivo é ilimitada, “podendo o órgão de segundo grau (ou o próprio órgão prolator, nos 
recursos a ele submetidos) se valer de todo e qualquer elemento para julgar, não importando se foi 
ou não trazido à colação pelo recorrente em seu arrazoado” (Bonfim, 2013). 
 
► âmbito de impugnação do recurso: parte da doutrina, em especial PAULO RANGEL, ainda analisa o 
efeito devolutivo em relação ao âmbito de impugnação do recurso, que nada mais é do que o limite 
de apreciação a que se submete o órgão jurisdicional superior. Surgem, pois, as figuras dos recursos 
de instância iterada e de instância reiterada. 
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c.1) recursos de instância iterada: devolve-se ao tribunal o conhecimento de decisão com cunho 
estritamente processual, hipótese na qual referido tribunal estará adstrito à análise de apenas essa decisão. 
RANGEL ilustra: 
Exemplo: decisão que concede liberdade provisória; que pronuncia ou impronuncia o réu; que 
declara extinta a punibilidade. Neste caso, eventual recurso em sentido estrito devolve ao 
tribunal apenas o reexame da decisão impugnada, não lhe sendo lícito apreciar o conteúdo de 
direito material de todo o processo. As decisões que iteram a instância são as interlocutórias 
mistas ou com força de definitiva. O recurso em sentido estrito é exemplo típico de recurso de 
instância iterada (Rangel, 2018). 
c.2) recursos de instância reiterada: a matéria é devolvida ao tribunal em sua integralidade, de modo que 
haverá seu total reexame, concedendo-se ampla liberdade ao juízo ad quem. “As decisões que reiteram a 
instância, através do recurso, são decisões de mérito, decisões definitivas. A apelação é exemplo típico deste 
recurso” (Rangel, 2018). 
Doutrina Complementar 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “É comum a todos os recursos. 
Consiste em transferir à instância superior o conhecimento de determinada questão. Trata-se da 
devolução ao órgão jurisdicional para o reexame da matéria objeto da decisão. Há recursos em que o 
reexame da matéria é devolvido ao próprio órgão recorrido, como é o caso dos embargos declaratórios. 
Estes recursos são chamados de iterativos. Outros, só devolvem a questão para o órgão jurisdicional ad 
quem, como é o caso da apelação. São os chamados recursos reiterativos. E, por fim, há os recursos mistos, 
nos quais a questão é reexaminada pelo próprio órgão recorrido e, também, pelo órgão de instância 
superior, como é o caso do recurso em sentido estrito e do agravo em execução”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “É efeito comum a todos os recursos. Significa que a interposição reabre a possibilidade de análise 
da questão combatida no recurso, mediante novo julgamento”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Significa que o 
recurso “devolve” a matéria recorrida para ser novamente apreciada pelo Poder Judiciário. A entrega da 
matéria impugnada, para reexame, é em regra dirigida a órgão com grau de jurisdição superior. No 
entanto, existem recursos cujo efeito devolutivo consiste na abertura de uma segunda apreciação da 
parte impugnada da decisão pelo mesmo órgão prolator, tal como se dá com os embargos declaratórios 
ou com os embargos infringentes ou de nulidade. Será efeito iterativo (quando a devolução cabe ao 
mesmo órgão que proferiu o julgado) ou reiterativo (quando a devolução da matéria é endereçada ao 
órgão ad quem). Essa distinção decorre da noção de instância, adotada por Frederico Marques, que a 
entende não no sentido atual, mas como equivalente a “ação” (sendo o recurso desdobramento da 
demanda). Na lição do autor, se “o recurso tem por objeto, através do reexame que provoca, a decisão de 
todo o litígio, diz-se que há reiteração da instância; e fala-se em iteração da instância, quando o recurso 
incide apenas sobre algum ato decisório do procedimento de primeiro grau. O recurso de instância 
reiterada é sempre contra sentença definitiva, ao reverso do que sucede com o de instância iterada, que 
só abrange o ato decisório de que se recorre, ou seja, uma decisão terminativa ou interlocutória”. A partir 
dessas noções, exemplos de recurso de instância reiterada são aqueles recursos de cognição ordinária, 
plena, como a apelação contra sentença condenatória ao tribunal ad quem e o recurso ordinário ao STF 
interposto contra decisão do juiz federal que julga o crime político (há devolução parcial ou total da 
matéria decidida ao tribunal de grau superior, nos limites do tantum devolutum quantum appellatum). 
Exemplo de recurso de cognição iterada são os embargos declaratórios contra decisão terminativa de 
primeiro grau, que são julgados pelo próprio juiz de primeiro grau de jurisdição (órgão a quo)”. 
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RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “Comum a toda e qualquer 
espécie recursal, é por força de sua incidência que se permite ao próprio juiz prolator ouà instância 
superior rever a matéria atacada no recurso. Por ele, devolve-se à apreciação judicial o conteúdo das 
razões do desconformismo e também se permite ao órgão julgador a declaração ex officio de eventual 
nulidade absoluta que favoreça o acusado. Ensinou Fenech que “Toda impugnación tiene como efecto 
primordial el devolver el conocimiento de su objeto al Juez o Tribunal ad quem”. 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “Efeito devolutivo 
confunde-se com a própria finalidade do recurso de obter um novo pronunciamento sobre determinada 
decisão, modificando-a, anulando-a ou integrando-a. Dessa feita, o efeito em tela estabelece a 
transferência da matéria decidida ao órgão ad quem para reapreciação, nos exatos limites do pedido de 
reforma, que está contido na interposição. O âmbito de devolutividade do recurso é classificado da 
seguinte forma: em razão da extensão, isto é, o quantum de matéria se submete à reapreciação; e quanto 
à profundidade, que se traduz no material a ser utilizado para julgar. A extensão é limitada pelo pedido de 
reforma, sendo vedado o julgamento ultra ou extra petita, salvo no que concerne às questões que devam 
ser decididas de ofício. Outrossim, a profundidade é ilimitada, podendo o órgão de segundo grau (ou o 
próprio órgão prolator, nos recursos a ele submetidos) se valer de todo e qualquer elemento para julgar, 
não importando se foi ou não trazido à colação pelo recorrente em seu arrazoado. As decisões judiciais 
podem ser atacadas por error in judicando (erro de julgamento) ou error in procedendo (erro de 
procedimento). O primeiro refere-se, por exemplo, à errônea apreciação de uma prova, à fixação de pena 
em desconformidade com o merecido etc. Já o erro de procedimento denuncia a ocorrência de um vício 
processual (v.g., nulidade absoluta por cerceamento do direito de defesa). Se o erro for de julgamento, o 
juízo ad quem profere uma decisão substitutiva; caso se trate de erro de procedimento, o tribunal anula 
os atos, determinando que sejam refeitos. É corolário do efeito devolutivo a proibição da reformatio in 
pejus, que pode ser direta ou indireta: i) direta: trata-se da reforma em prejuízo do recorrente, em 
julgamento de seu próprio recurso; ii) indireta: é a imposição de situação mais gravosa ao recorrente, que 
obteve anulação de uma decisão, em nova sentença proferida em substituição àquela. A decisão anulada 
fixa o limite que poderá alcançar a condenação”. 
Jurisprudência pertinente 
[...] Se é certo que o efeito devolutivo inerente ao recurso de apelação permite que o Tribunal aprecie 
em exaustivo nível de profundidade, o mesmo não ocorre quanto a sua extensão (limite horizontal), 
que deve se adstringir - sobretudo em se tratando de recurso da acusação - à matéria questionada e 
ao pedido formulado na petição recursal, ressalvada sempre a possibilidade de concessão de ordem 
de ofício. Assim, padece de ilegalidade julgado do Tribunal de apelação que agrava a situação processual 
do réu (exasperação da pena) sem que a própria acusação a tenha almejado. [...] (HC 112382, Relator(a): 
Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 04/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-204 
DIVULG 09-10-2015 PUBLIC 13-10-2015) 
[...] Não tendo o Parquet paulista apelado quanto a modificação da sentença na parte do crime 
tentado para crime consumado, não poderia o Tribunal "a quo" concluir pelo agravamento da pena 
por entender tratar-se de delito consumado, incorrendo em ofensa ao princípio do "tantum 
devolutum quantum appellatum". [...] (HC 73399, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Segunda Turma, 
julgado em 23/02/1996, DJ 03-05-1996 PP-13902 EMENT VOL-01826-03 PP-00432) 
[...] O efeito devolutivo da apelação devolve ao tribunal o conhecimento amplo da matéria suscitada, 
permitindo ainda o exame das matérias de ofício que ainda não tenham sido resolvidas, o que 
fragiliza sobremaneira o argumento da deficiência da defesa técnica no caso sub judice. 4. É que “o 
efeito devolutivo, tomado em profundidade, permite ao tribunal examinar aspectos ou tópicos não 
apreciados pelo juiz inferior: a profundidade do conhecimento do tribunal é a maior possível: pode 
levar em consideração tudo que for relevante para a nova decisão” (Ada Pellegrini Grinover et alii, 
Recursos no Processo Penal, São Paulo, RT, 1996, p. 52, nº 25; p. 156, nº 95). 5. Parecer do Ministério Público 
Federal pela denegação da ordem. 6. Ordem denegada. (HC 105897, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, 
Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 13/09/2011, PROCESSO ELETRÔNICO 
DJe-189 DIVULG 30-09-2011 PUBLIC 03-10-2011) 
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[...] 1. Em processo penal, só há efeito devolutivo amplo na apelação interposta contra sentença 
proferida por Juiz singular. Já nos processos da competência do Tribunal do Júri, não se aplica a 
orientação desta Corte no sentido de ser possível conhecer de matéria não ventilada nas razões da 
apelação criminal. 2. Tal exame configuraria vedada supressão de instância, conforme entendimento 
sedimentado na súmula n.º 713 do Excelso Pretório: "[o] efeito devolutivo da apelação contra decisões do 
Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição". [...] (AgRg no HC 162.481/BA, Rel. Ministra LAURITA 
VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 31/05/2011, DJe 14/06/2011) 
APRECIAÇÃO DO RECURSO ESPECIAL DE FORMA MONOCRÁTICA, COM FULCRO NO ART. 557 DO CPC, 
C.C O ART. 3º DO CPP. [...] - Conforme a lei processual em vigor (art. 557, caput e § 1º-A do CPC, c.c o art. 
3º do CPP), o relator está autorizado a apreciar o mérito do recurso de forma monocrática, com 
fundamento na jurisprudência dominante. [...] (AgRg no REsp 1379348/RS, Rel. Ministra MARILZA 
MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), SEXTA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe 
18/06/2014) 
[...] O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão no sentido de que, consumando-se o lapso 
prescricional (prescrição subsequente ou superveniente) na pendência de recurso especial, deve-se 
declarar, preliminarmente, a extinção da punibilidade, com prejuízo do exame do mérito da causa. 
[...] (REsp 908.863/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 08/02/2011, DJe 25/04/2011) 
[...] INSURGÊNCIA NÃO INDICADA NA PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DA APELAÇÃO CRIMINAL. ALEGAÇÃO 
DELIMITADA E DEBATIDA NAS RAZÕES RECURSAIS. POSSIBILIDADE DE EXAME. [...] Embora no 
momento da interposição do recurso de apelação o Órgão Ministerial tenha deixado de especificar a 
irresignação, merece o tema ser alvo de exame pelo Tribunal, porquanto bem delimitado e debatido 
nas razões recursais, onde definido de modo claro o limite do acesso recursal. [...] (HC 263.087/SP, Rel. 
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2016, DJe 05/04/2016) 
5.3 EFEITO SUSPENSIVO 
Essa espécie de efeito acarreta a suspensão da eficácia da decisão recorrida; ou seja, não poderá ela ser 
executada até que seja julgado o respectivo recurso. 
Segundo a doutrina, a bem da verdade, o efeito suspensivo não advém da interposição do recurso, mas da 
própria previsão legal do cabimento de recurso dotado desse efeito contra a decisão proferida. Em outras 
palavras: se é cabível recurso com efeito suspensivo contra determinada decisão, o decisum já ‘nascerá’ com 
a eficácia suspensa, que irá perdurar, acaso interposto o recurso, até o seu julgamento; ou, ao menos, até o 
decurso in albis do prazo recursal, i.e., sem a sua interposição. “A interposição do recurso apenas prolonga 
tal ineficácia, até que ocorra o seu julgamento” (Dezem, 2018). 
 Veja, a propósito, que não haveria qualquer lógica, por exemplo, em se conferir eficácia a uma decisão, 
executando-a, para poucos momentos depois vir ela a ser suspensa pelo manejo do meio impugnatório 
dotado do efeito suspensivo. Ainda mais no âmbito do Direito Penal! 
Note-se, todavia,que não são todos os recursos dotados de efeito suspensivo. “É a própria lei (e somente 
ela) que diz quando o recurso tem efeito suspensivo, pois, no seu silêncio, entende-se que o recurso tem 
apenas efeito devolutivo e não suspensivo” (Rangel, 2018). 
Em cotejo com cada espécie de decisão recorrível, TÁVORA concebe um esclarecedor panorama acerca da 
incidência do efeito suspensivo. Afirma o autor: 
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Em processo penal, portanto, o efeito suspensivo incidirá consoante particularidades da decisão 
recorrida, da seguinte forma: 
a) se a decisão for penal condenatória ou absolutória imprópria (que aplica medida de 
segurança), os recursos contra ela dirigidos, ainda que se dirijam ao STJ ou ao STF, são recebidos 
no efeito suspensivo, só cabendo a imposição de prisão em razão de fundamentação expressa 
nesse sentido (art. 312, CPP), em face do estado de inocência4; 
b) se a decisão for absolutória própria (isto é, que julga improcedente a pretensão punitiva 
estatal, sem a imposição de medida de segurança), os recursos não serão recebidos no efeito 
suspensivo, não subsistindo sequer, à absolvição, medida cautelar eventualmente imposta; 
c) se a decisão ordenar a soltura de acusado, em processo condenatório ou de execução penal, 
os recursos contra ela interpostos não terão efeito suspensivo; 
d) se a decisão decretar medida cautelar, cerceadora de liberdade ou não, os recursos 
interpostos não terão efeito suspensivo; 
e) os embargos declaratórios têm um efeito suspensivo específico, eis que obstam o curso do 
prazo para a interposição de outros recursos contra a decisão impugnada (interrompem o prazo, 
via de regra, diante da aplicação analógica do art. 538, CPC) (Távora, 2017). 
Doutrina Complementar 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “O recurso funciona como 
condição suspensiva da eficácia da decisão, que não pode ser executada até que ocorra o julgamento 
final. No silêncio da lei, o recurso não tem efeito suspensivo. A apelação da sentença absolutória não tem 
efeito suspensivo. Estando presentes os requisitos da preventiva, em caso de sentença condenatória, o 
juiz ordenará o recolhimento do acusado à prisão, ou, já se encontrando preso, recomendá-lo-á à prisão 
em que se encontra. Nessa mesma linha, é o teor do art. 492, I, e, que trata da sentença condenatória no 
procedimento do Júri e que dispõe que o juiz-presidente, no caso de condenação, “mandará o acusado 
recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão 
preventiva”. 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “O efeito suspensivo 
impede que a decisão seja executada até o julgamento do recurso, devendo ser consignadas na lei suas 
hipóteses, por se tratar de medida excepcional. Em outras palavras, o comando emergente da decisão 
não surte efeitos até que o recurso seja apreciado. Em âmbito processual penal, como regra, o efeito 
suspensivo está ligado umbilicalmente à possibilidade de se poder realizar a constrição da liberdade do 
réu quando sobrevier, contra ele, decisão desfavorável, condenando-o pela prática de determinado delito. 
Cumpre observar que exceção ao efeito suspensivo será a sentença absolutória de réu que se encontrava 
preso. Neste caso, ainda que o Ministério Público interponha recurso da decisão, o réu deverá ser colocado 
imediatamente em liberdade, tal como disposto no art. 596 do CPP”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “É o que tem o fito 
de paralisar a eficácia da decisão recorrida. É importante sublinhar que o efeito suspensivo não recai sobre 
a tramitação do processo: não há suspensão do andamento do processo em face do efeito suspensivo. O 
que tecnicamente ocorre é a suspensão da produção dos efeitos da decisão impugnada, devendo o 
processo seguir seus trâmites normais. É assim que não será iniciado o processo de execução da sentença 
 
 
4 Lembre-se que o STF, ao permitir a execução provisória da condenação, mitigou esse raciocínio. 
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enquanto não transitada em julgado a condenação, com fundamento no princípio da presunção de 
inocência. No entanto, pode ocorrer suspensão do andamento do feito se assim o determinar o juiz ou 
quando houver impossibilidade lógica ou previsão legal expressa no tocante a determinado ato. Destarte, 
no caso de recurso em sentido estrito contra a decisão de pronúncia de acusado de crime doloso contra 
a vida, enquanto não precluso esse julgado pelo encerramento da via recursal, o julgamento pelo tribunal 
do júri não poderá ocorrer. Aliás, nos termos do § 2º, do art. 584, CPP, “o recurso da pronúncia suspenderá 
tão-somente o julgamento” pelo tribunal do júri”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “Significa que a interposição de determinado recurso impede a eficácia (aplicabilidade) da decisão 
recorrida. Veja-se, porém, que a regra no processo penal é a não existência do efeito suspensivo. Assim, 
um recurso somente terá tal efeito quando a lei expressamente o declarar”. 
RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “Excepcional que é, a rigor deve 
incidir apenas quando estiver expressamente previsto para certa espécie recursal. Por meio dele, 
suspende-se o comando emergente da decisão ou sentença, de maneira a tornar impossível a execução 
do julgado enquanto a matéria recursal não for decidida. Em alguns casos, mesmo diante da ausência de 
previsão expressa, pode ser alcançado por meio de provimento judicial específico, em sede de mandado 
de segurança, 628 com vistas a evitar prejuízo de difícil ou impossível reparação. Há situações em que, 
mesmo sem previsão autorizadora, o inconformado deve ingressar com o recurso adequado e postular os 
dois efeitos, justificando a necessidade do efeito suspensivo imprevisto. Negado este, deverá impetrar 
mandado de segurança com o único objetivo de consegui-lo, inclusive em sede de liminar”. 
5.4 EFEITO REGRESSIVO, ITERATIVO OU DIFERIDO 
Refere-se à possibilidade de o juiz prolator da decisão atacada, em sede de recurso em sentido estrito – 
RESE (art. 589 do CPP), carta testemunhável (art. 643 do CPP) ou agravo em execução (que possui o mesmo 
rito do RESE), realizar juízo de retratação, após o recebimento do meio impugnatório, reformando parcial ou 
integralmente o decisum vergastado, ou mantendo-o em sua inteireza. 
É importante que se entenda adequadamente este efeito: o magistrado pode ou não rever a sua 
decisão, mas precisará fazer a reanálise da matéria à luz dos argumentos trazidos pelo 
recorrente. Assim, o magistrado é forçado a reavaliar a sua decisão à luz dos argumentos 
apresentados pela parte nas razões recursais e pode ou não alterar sua decisão (Dezem, 2018). 
Vejamos os arts. 589 e 643 do Código de Processo Penal: 
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de 
dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os 
traslados que lhe parecerem necessários. 
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, 
poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. 
Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em 
traslado. 
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Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nosarts. 588 a 592, no 
caso de recurso em sentido estrito, ou o processo estabelecido para o recurso extraordinário, se 
deste se tratar. 
Da presença (ou não) do efeito iterativo (regressivo ou diferido) sobressai a classificação dos 
recursos em iterativos, reiterativos e mistos. Os primeiros são aqueles em que se permite ao 
próprio órgão prolator da decisão reexaminá-la (v.g., embargos de declaração). Nos recursos 
reiterativos, o reexame compete, exclusivamente, ao órgão ad quem (v.g., apelação). Por fim, 
nos recursos mistos, admite-se o reexame da decisão tanto pelo juízo a quo quanto, 
eventualmente – leia-se, no caso de confirmação da decisão –, pelo juízo ad quem (v.g., recurso 
em sentido estrito (Lima, 2017). 
Doutrina Complementar 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “O efeito regressivo 
tem lugar no recurso em sentido estrito e no agravo em execução, referindo-se à possibilidade de o juiz 
prolator da decisão, ao receber o recurso, reformar seu ato total ou parcialmente (juízo de retratação) ou 
mantê-lo (juízo de sustentação), antes da subida dos autos ao tribunal. A possibilidade de retratação 
permite ao magistrado reconhecer eventual erro ou injustiça que cometeu ao julgar, devendo, com 
sobriedade e hombridade, modificar sua decisão. Os procedimentos nos casos de juízo de sustentação e 
juízo de retratação serão analisados detalhadamente quando do exame dos recursos em que têm 
cabimento”. 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “É o efeito que possibilita o 
juízo de retratação por parte do órgão recorrido, possibilitando, assim, ao prolator da decisão, a 
possibilidade de alterá-la ou revogá-la parcial ou inteiramente (p. ex.: recurso em sentido estrito)”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “A interposição faz com que o próprio juiz prolator da decisão tenha de reapreciar a matéria, 
mantendo-a ou reformando-a, total ou parcialmente. Poucos recursos possuem o efeito regressivo. Como 
exemplo, podemos citar o recurso em sentido estrito (art. 589 do CPP) e os embargos de declaração (arts. 
382 e 619 do CPP)”. 
RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “Fala-se ainda em efeito 
devolutivo inverso, regressivo ou iterativo, quando a espécie recursal permitir que o próprio juiz prolator 
reveja sua decisão antes que ela seja reapreciada por outro órgão judiciário de instância mais elevada, 
ocasião em que poderá reconsiderá-la e, neste caso, o recurso não terá seguimento por ter perdido seu 
objeto”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Chamado 
impropriamente de efeito diferido, postergado, de retratação, reiterativo ou iterativo (as duas últimas 
denominações são também referidas como espécies do efeito devolutivo, como visto). Cuida-se efeito 
atribuível a recursos em que a lei autoriza que o mesmo órgão que proferiu a decisão judicial, exerça o 
juízo de retratação, modificando-a. Não sendo a hipótese de exercer a retratação, o juiz sustentará a 
decisão, pelo que manifestará juízo de sustentação. O recurso em sentido estrito tem naturalmente o 
efeito regressivo. Desse modo, o juiz que vier a proferir uma sentença de pronúncia poderá, quando do 
recebimento do recurso em sentido estrito, verificar equívoco seu no que atine ao exame dos fatos e 
resolver por impronunciar o réu. O agravo contra despacho denegatório de recurso especial ou 
extraordinário, o agravo em execução e a carta testemunhável também permitem juízo de retratação. 
Para aqueles que entendem que a correição parcial tem natureza recursal, com rito do agravo de 
instrumento85, incide também o efeito regressivo. Para nós, a correição parcial não é recurso, mas 
providência administrativo-jurisdicional, razão pela qual não há que se falar em efeito regressivo. No 
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entanto, é possível ao juiz, tomando conhecimento da correição parcial, rever seu ato objetivo da 
correição, conduta esta análoga ao juízo de retratação”. 
5.5 EFEITO EXTENSIVO OU EXPANSIVO 
Regra geral o recurso deverá afetar “tão somente aquele que recorreu da decisão e contra quem se recorreu 
(recorrente e recorrido portanto)” (Dezem, 2018) – efeito subjetivo. 
No processo penal, entretanto, existem situações em que a decisão proferida no recurso interposto em favor 
de um réu tutela também o interesse de outro acusado (que não recorreu) – essencialmente quando o objeto 
do recurso não seja de caráter pessoal. 
Na eventualidade de provimento de recurso interposto por um dos acusados do mesmo crime, os seus 
efeitos se estenderão aos demais, ainda que não tenham recorrido, contanto que se encontrem em idêntica 
situação jurídica. 
Tal regra não prevê uma extensão do recurso interposto por um dos corréus a outro corréu que 
não tenha recorrido. Não se trata de extensão do recurso, mas de extensão da decisão proferida 
no julgamento do recurso. Se houvesse extensão do recurso, o corréu que não recorreu seria 
intimado a apresentar razões, poderia fazer sustentação oral, recorrer da decisão proferida no 
julgamento do recurso etc. Entretanto, nada disso ocorre (Badaró, 2017). 
O efeito extensivo é evidenciado pelo art. 580 do CPP, que prevê: 
Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto 
por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, 
aproveitará aos outros. 
A respeito da visão dos tribunais superiores acerca desse efeito, DEZEM registra, com propriedade: 
O efeito extensivo tem aplicação em todos os recursos e também ao Habeas Corpus e à Revisão 
Criminal. Embora estes últimos dois não sejam recursos, a ampla defesa e a instrumentalidade 
do processo justificam sua adoção como tem sido feito na jurisprudência: 
“1. A teor do art. 580 do Código de Processo Penal, o deferimento do pedido de extensão exige 
que o corréu esteja na mesma condição fático-processual daquele já beneficiado. 2. Caso em que 
o Juízo singular decretou a prisão preventiva do recorrente e do ora requerente sob a mesma 
fundamentação, sem individualizar as condutas e sem fundamentação concreta suficiente a 
justificar a imprescindibilidade da medida. Identidade de situação entre os corréus que autoriza 
o deferimento do pedido de extensão. Parecer ministerial pelo deferimento. Precedentes. 3. 
Pedido de extensão deferido”. (STJ, PExt no RHC 70.066/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da 
Fonseca, DJe 23.09.2016) 
Posteriormente houve outro acórdão do STF que explicita melhor ainda o tema do efeito 
extensivo: 
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“Inicialmente, observou que o art. 580 (2) do Código de Processo Penal (CPP) é norma processual 
penal garantidora de tratamento jurídico isonômico para os corréus que apresentam idêntica 
situação jurídica à do réu beneficiado em seu recurso. De acordo com a referida norma, no caso 
de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um deles aproveitará aos demais 
quando seus fundamentos não forem de caráter exclusivamente pessoal. Essa regra da teoria 
geral dos recursos é aplicável ao habeas corpus, porque, embora não seja recurso, é ação 
autônoma de impugnação e deve receber o mesmo tratamento legislativo. 
A Turma asseverou defluir, ainda, do art. 580 do CPP que a extensão somente pode alcançar os 
que integram a mesma relação jurídico-processual daquele que foi beneficiado em seu recurso 
ou ação. Em razão disso, duas hipóteses de ordem objetiva não legitimam a invocação do 
dispositivo legal: 
(a) quando o requerente da extensão não participa da mesma relação jurídico-processualdaquele que foi beneficiado por decisão judicial da Corte, o que evidencia a sua ilegitimidade; 
(b) quando se invoca extensão de decisão para outros processos que não foram examinados pela 
Corte, o que denuncia fórmula de transcendência dos motivos determinantes, com o propósito 
de promover a análise per saltum do título processual pelo Supremo Tribunal Federal, e expõe a 
risco o sistema de competências constitucionalmente estabelecido. 
Desse modo, o Colegiado entendeu haver, em relação a um dos pedidos formulados, legitimidade 
do requerente, haja vista ele figurar como corréu do paciente beneficiado com a ordem em duas 
ações penais. Entretanto, julgou ser inviável a extensão na forma do art. 580 do CPP”. (STF, HC 
137728 Extn/PR, rel. Min. Dias Toffoli, j. 30.05.2017) (Dezem, 2018). 
Repare como o tema já foi cobrado em questão discursiva: 
(Vunesp – Defensor Público – MS/2008). O que se entende por efeito extensivo 
recursal? Há exceções para a aplicação desse efeito? Quais os demais efeitos 
recursais? Explique-os. 
Doutrina Complementar 
FERNANDO CAPEZ (Curso de processo penal, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). “Está previsto no art. 580 do 
Código de Processo Penal. No caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos 
réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos demais. 
Exige que as situações processuais sejam idênticas (RTJ, 67/685). Em caso de recurso, a decisão do tribunal 
só pode estender-se ao corréu que não apelou nos seguintes casos: “inexistência material do fato, 
atipicidade do fato ou este não constituir crime, e causa de extinção da punibilidade que não seja de 
caráter pessoal” (RT, 518/346). Por exemplo: “No caso de concurso de agentes, em que a acusação que se 
colocou na denúncia foi absolutamente a mesma para ambos os réus, a absolvição em recurso interposto 
por somente um deles, fundada na atipicidade do fato, aproveitará ao outro, ainda que desmembrado o 
processo, posto se tratar de motivo de caráter geral e não pessoal” (RT, 692/258). Este efeito pode ser 
aplicado à apelação, revisão criminal, habeas corpus, recurso em sentido estrito e aos recursos em geral”. 
ALEXANDRE CEBRIAN ARAÚJO REIS et al. (Direito processual penal esquematizado, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2017). “De acordo com o art. 580 do Código de Processo Penal, havendo dois ou mais réus, com idêntica 
situação processual e fática, se apenas um deles recorrer e obtiver benefício, será este aplicado também 
aos demais que não impugnaram a sentença ou decisão. Ex.: João e José são condenados por terem 
cometido furto qualificado pela escalada. Somente João recorre e o Tribunal entende que o portão que 
eles pularam é de pequeno porte, o que não configura a qualificadora, de modo que desclassifica o crime 
para furto simples em relação a João e estende o benefício a José, que não havia apelado. Esse efeito, 
evidentemente, não se aplica quando se trata de circunstância de caráter pessoal. Ex.: Paulo e Pedro 
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cometem um crime e recebem pena acima do mínimo legal. Pedro recorre e obtém uma redução da 
pena por ser menor de 21 anos na data do fato (atenuante genérica). Como Paulo possuía 30 anos na data 
do crime, não poderá ser beneficiado”. 
EDILSON MOUGENOT BONFIM (Curso de processo penal, 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). “O efeito extensivo, 
também chamado de iterativo, estabelece, no caso do concurso de agentes (art. 29 do CP), o 
aproveitamento de uma decisão a corréu não recorrente, desde que seja favorável e os motivos que a 
ensejaram não forem de caráter exclusivamente pessoal (v.g., redução do prazo prescricional pela metade 
se o réu, à data da sentença, for maior de 70 anos, nos termos do art. 115 do CP). Aplicável o efeito extensivo 
a todos os recursos e às ações impugnativas autônomas de habeas corpus e revisão criminal. Registre-se, 
ainda, a posição da doutrina (Tourinho Filho, entre outros) no sentido de que o efeito extensivo não é 
propriamente um efeito, mas sim mera consequência da decisão. Nesse sentido, a doutrina e a 
jurisprudência apontam existir somente três casos de extensão do julgado, quais sejam: 1º) inexistência 
material do fato; 2º) atipicidade do fato ou este não constituir crime; 3º) extinção da punibilidade (RT, 
518/346)”. 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Também chamado 
de efeito expansivo, este efeito se dá em hipótese de concurso de agentes, mormente quando “a decisão 
do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente 
pessoal, aproveitará aos outros”, isto é, “quando um dos corréus recorre alegando matéria de caráter que 
não seja exclusivamente pessoal, este recurso irá beneficiar o consorte que não recorreu”. A ideia central 
do efeito extensivo é impossibilitar a existência de decisões conflitantes, evitando que mais de um 
acusado, sob condições idênticas relativamente a um mesmo fato submetido ao crivo judicial, tenham 
tratamento diverso, sem justificativa plausível. Vale dizer, que o efeito extensivo incide sob circunstâncias 
objetivas, não sendo aplicável com base em fundamentos exclusivamente pessoais, a exemplo da 
reincidência ou da idade que implique redução do parâmetro do prazo prescricional. O efeito extensivo 
também pode ser aplicado, de maneira imprópria, às ações autônomas de impugnação, cujo julgamento 
pode se estender ao comparsa do impetrante ou autor da ação, quando benéfica a decisão ao corréu com 
base em circunstância objetiva não pessoal ou com arrimo em outra circunstância pessoal (subjetiva), 
desde que esta seja elementar do tipo penal (art. 30, CP)”. 
RENATO MARCÃO (Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017). “Verdadeira ampliação do efeito 
devolutivo do recurso, havendo corréus em idêntica situação, a decisão que favoreça qualquer deles a 
todos se estenderá. Diz-se extensivo o efeito porque termina por alcançar corréu interessado, que não 
recorreu. Não se trata, todavia, de efeito do recurso, mas da decisão a seu respeito proferida. Tal se verifica 
por força do disposto no art. 580 do CPP, segundo o qual, havendo concurso de agentes (CP, art. 29), “a 
decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter 
exclusivamente pessoal”, aproveitará aos demais. Sua razão de ser está na necessidade de tornar efetiva 
a garantia de equidade; destina-se à concreção do princípio da igualdade, bem por isso o Supremo 
Tribunal Federal tem admitido sua aplicação mesmo quando a decisão favorável não decorrer de recurso 
propriamente dito, tal como se verifica com aquelas alcançadas em sede de revisão criminal ou em 
habeas corpus. Necessário enfatizar, entretanto, que a decisão, mesmo quando favorável, não terá efeito 
extensivo nas hipóteses em que o recurso estiver fundamentado em razões ligadas exclusivamente à 
pessoa do recorrente (estado civil, valoração da personalidade etc.). De igual maneira, não alcançará o 
corréu que tenha seu recurso improvido, pois só se estende a quem não tenha recorrido”. 
Jurisprudência pertinente 
[...] Possibilidade de extensão da decisão, nos termos do art. 580 do Código de Processo Penal, em favor 
de corréu ainda não julgado pelo Tribunal do Júri. [...] É possível a extensão de decisão benéfica em 
processo penal a corréu mesmo se proferida em sede não recursal, considerando-se que tal 
dispositivo tem como objetivo dar efetividade, no plano jurídico, à garantia de equidade (precedentes 
do STF). [...] Ausência de ofensa à competência do Tribunal de Júri, considerando-se que a decisão que 
beneficiou o corréu, desclassificando o crime a ele imputado, de delito de homicídio tentado para lesão 
corporal grave, foi proferida pelo Tribunal popular. [...] (RHC 67.383/SP, Rel. Ministra MARIATHEREZA DE 
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ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/05/2016, 
DJe 16/05/2016) 
5.6 EFEITO TRANSLATIVO 
“Consiste na devolução ao juízo ad quem de toda a matéria não atingida pela preclusão. Diz-se dotado de 
efeito translativo o recurso que, uma vez interposto, tem o condão de devolver ao Tribunal o poder de 
apreciar qualquer matéria, em favor ou contra qualquer das partes” (Lima, 2017). 
A doutrina elenca como única hipótese de incidência do referido efeito o (impropriamente) denominado 
“recurso ex officio”, ou seja, as hipóteses de reexame necessário ou remessa obrigatória (art. 574, I e II, e 
art. 746 do CPP). 
Para RENATO BRASILEIRO, em análise a contrario sensu da Súmula 160 do STF, o efeito translativo permite que 
o juízo ad quem, em razão da devolução integral da causa, profira decisão em qualquer sentido, até mesmo 
em desfavor da defesa: 
Nessa linha, segundo a súmula nº 160 do Supremo, “é nula a decisão do Tribunal que acolhe, 
contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de 
ofício”. Como se percebe, a interpretação a contrario sensu da súmula nº 160 do STF autoriza a 
conclusão no sentido de que, nos casos de recurso de ofício, é possível que o Tribunal profira 
decisão em qualquer sentido, inclusive em desfavor da defesa, sem que se possa falar em 
reformatio in pejus (Lima, 2017). 
No mesmo sentido entende AVENA, que exemplifica, com a lucidez que lhe é costumeira, casos de não 
incidência e de incidência do aludido efeito: 
Para melhor ilustrar, considerem-se as seguintes hipóteses: 
a) Diante de sentença condenatória a pena de oito anos de reclusão por um crime de roubo, 
insurge-se a defesa postulando a absolvição e, como teses sucessivas, a anulação do processo e 
a redução da pena imposta. A acusação, por sua vez, não recorre. Neste caso, ao julgar o apelo 
defensivo, não poderá o Tribunal, por exemplo, aumentar a pena imposta. Isso porque o recurso 
da defesa não devolve ao Tribunal o conhecimento de toda a matéria discutida nos autos, mas 
unicamente a faculdade de decidir em favor do réu ou manter a decisão recorrida. Conclui-se, 
então, que o recurso da defesa não possui efeito translativo. 
b) Diante de sentença que absolve o réu de crime de furto, recorre o Ministério Público 
postulando apenas a condenação do réu, sem mencionar a ocorrência de nulidade absoluta 
havida no curso do processo e que causou grave prejuízo à acusação. Nesta hipótese, o Tribunal, 
ao julgar o recurso acusatório, estará restrito, no aspecto que contrariar os interesses do réu, ao 
pedido realizado pelo promotor: a condenação. Assim, ou condena o réu ou deixa-o absolvido, 
não podendo reconhecer, oficiosamente, a nulidade não arguida pela acusação, ainda que ela 
seja absoluta (Súmula 160 do STF). Portanto, também o recurso da acusação não possui efeito 
translativo. 
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c) Ao sentenciar processo por crime contra economia popular, decide o juiz por absolver o réu. 
Desta decisão não recorre o Ministério Público. Tendo em vista tratar-se de decisão que exige 
reexame (art. 7. º da Lei 1.521/1951), o juiz, ex officio, determina o seu encaminhamento ao 
Tribunal de Justiça, para confirmação ou reforma. Neste caso, por ocasião do julgamento do 
recurso de ofício, poderá o Tribunal tanto manter a decisão absolutória como reformá-la e, em 
consequência, condenar o réu. Poderá, também, reconhecer nulidades, mesmo que isso venha 
contra os interesses do réu (Súmula 160 do STF, in fine). Depreende-se daí que o recurso ex 
officio possui efeito translativo, pois devolve ao Tribunal o poder de manifestar-se sobre 
qualquer matéria, não levando em conta se isto importa em beneficiar a acusação ou a defesa 
(Avena, 2017). 
Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Faceta do efeito 
devolutivo, “consiste na devolução, ao órgão ad quem, de toda matéria não atingida pela preclusão. Em 
outras palavras, possui efeito translativo o recurso que, uma vez interposto, confere ao tribunal julgador o 
poder de adotar qualquer decisão em favor ou contra qualquer das partes no processo criminal”. Como 
exemplo desse efeito recursal, geralmente é apontado o impropriamente chamado recurso ex officio 
(remessa obrigatória, a teor dos casos do art. 574, CPP). Como não se trata de recurso, estaríamos diante 
de um efeito estranho aos recursos relativamente ao reexame necessário. No entanto, é possível perceber 
a existência desse efeito nos recursos interpostos exclusivamente pela acusação, porque não vigora para 
ela o princípio tantum devolutum quantum appellatum. É que o tribunal pode, por exemplo, reconhecer 
nulidades não arguidas pela acusação em seu recurso toda vez que forem benéficas ao acusado. De outro 
lado, em recurso exclusivo da acusação, o tribunal não poderá acolher nulidade contra o réu, ainda que 
absoluta, toda vez que não houver requerimento específico (Súmula nº 160, STF). 
Jurisprudência pertinente 
[...] O recurso de oficio, embora, a rigor, não seja recurso, quando imposto em lei, devolve a instância 
superior o conhecimento integral da causa, impedindo a preclusão do que decidiu a sentença: donde 
a impossibilidade de cogitar-se de "reformatio in pejus". (HC 68922, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA 
PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 24/09/1991, DJ 11-10-1991 PP-14250 EMENT VOL-01637-02 PP-00327 
RTJ VOL-00138-01 PP-00239) 
5.7 EFEITO SUBSTITUTIVO 
A decisão proferida pelo juízo recursal, desde que conhecido ou recebido o recurso, substitui a decisão 
atacada, pelo menos em relação à matéria objeto de impugnação. 
Vale a referência, mais um vez, ao disposto no art. 1.008 do Código de Processo Civil: 
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver 
sido objeto de recurso. 
Só há falar em aplicação do efeito substitutivo quando o recurso é conhecido ou recebido pelo 
juízo ad quem. Na hipótese de não conhecimento do recurso, o julgamento do Tribunal não terá 
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o condão de tomar o lugar da decisão recorrida, que se mantém íntegra para todos os fins 
jurídicos, notadamente para se estabelecer o juízo competente para o julgamento de eventual 
revisão criminal e/ou habeas corpus (Lima, 2017). 
Doutrina Complementar 
NESTOR TÁVORA (Curso de direito processual penal, 11ª ed., Salvador: JusPodivm, 2016). “Trata-se do efeito 
natural de todo recurso, que consiste na sucessão de atos que decorrem da sua interposição. Com a 
instauração da instância recursal, é seguido um procedimento específico que alarga, distende o rito. No 
magistério de Aranha, “ao ser pedido o reexame, temos, em primeiro lugar, uma ampliação do 
procedimento na relação processual, formando toda uma nova fase denominada procedimento recursal”. 
Jurisprudência pertinente 
Súmula 709, STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, 
desde logo, pelo recebimento dela. 
6. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS 
Os recursos podem ser classificados de acordo com variados critérios. Vejamos, pois, algumas classificações 
propostas pela doutrina: 
6.1 QUANTO AO OBJETO 
➢ recursos ordinários: são os recursos que admitem (re)discussão de matérias de fato e de direito. 
Exemplos: recurso em sentido estrito e apelação; 
Recursos ordinários: trata-se de impugnações que aceitam qualquer espécie de argumentação. 
Assim, podem ser analisados tanto aspectos relativos àprova angariada aos autos quanto temas 
jurídicos. Relativamente ao direito invocado, também não há qualquer restrição, podendo ser de 
ordem estadual, federal ou constitucional, indistintamente. Exemplo: a apelação da sentença 
condenatória, em que o apelante pode não apenas invocar direito federal e constitucional, como 
também analisar em seu favor toda prova coligida ao processo (Avena, 2017). 
➢ recursos extraordinários: transcendem os interesses subjetivos das partes, tendo “como objeto 
imediato a proteção e a preservação da boa aplicação do direito. Tais recursos estão previstos no 
ordenamento pátrio apenas para viabilizar no caso concreto uma melhor aplicação da lei federal e 
constitucional, permitindo que por meio deles se preservem tais normas” (Lima, 2017). 
Recursos extraordinários: nesta espécie de recursos, há limitações quanto à argumentação a ser 
utilizada pelo recorrente, sob pena de não admissão ou não conhecimento da impugnação. É o 
que ocorre, por exemplo, com os recursos especial e extraordinário, que não serão admitidos 
caso invocados aspectos relativos à prova dos autos (Súmulas 07 do STJ e 279 do STF, 
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respectivamente). Além disso, no recurso especial, a abrangência da fundamentação é restrita à 
violação da lei federal, não sendo possível o seu manejo para questões concernentes ao 
malferimento de dispositivo constitucional (art. 105, III, a, da CF). Já o recurso extraordinário não 
se presta para enfrentar temas relacionados à violação direta da lei federal, mas sim de aspectos 
pertinentes à ofensa à Constituição Federal (art. 102, III, da CF) (Avena, 2017). 
[...] quanto ao critério do bem jurídico tutelado os recursos podem ser ordinários e 
extraordinários. Recursos ordinários são aqueles que admitem discussão de matéria de fato e de 
direito, como, por exemplo, a apelação. Recursos extraordinários, por sua vez, são aqueles que 
só admitem discussão de matérias de direito, como o recurso extraordinário e tutelam o direito, 
portanto (Dezem, 2018). 
Como exemplos de recursos extraordinários podem ser citados os recursos especial (ao STJ) e extraordinário 
(ao STF). 
Sobre esse critério de classificação, sintetiza BADARÓ: “Consequência disso, ou o que seria o outro lado da 
moeda, é que os recursos ordinários se prestam a proteger o direito subjetivo das partes litigantes contra os 
vícios da decisão, enquanto que os recursos extraordinários têm como objetivo imediato a tutela do direito 
objetivo, no caso brasileiro, a Constituição, a lei federal e os tratados” (Badaró, 2017). 
6.2 QUANTO À OBRIGATORIEDADE 
➢ recurso voluntário: tendo em vista que a voluntariedade é, ao mesmo tempo, característica e 
princípio afetos ao gênero “recurso”, pode-se afirmar que todos os recursos serão voluntários (art. 
574, caput do CPP); 
 
➢ recurso obrigatório: refere-se à figura do “recurso ex officio” – para se utilizar a expressão empregada 
pelo Código de Processo Penal; embora, em verdade, trate-se de hipóteses de reexame necessário 
ou de remessa obrigatória (art. 574 do CPP). Parte da doutrina concebe essas hipóteses como 
verdadeiras condições para o trânsito em julgado das decisões; entendimento esse que é 
corroborado pela Súmula 423 do STF: 
Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege. 
matéria
quanto ao objeto
classificação recursos
ordinários
de fato
de 
direito
extraordinários
de 
direito
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6.3 QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO 
➢ recursos de fundamentação livre: não há limitação determinada e expressa quanto aos fundamentos 
possíveis de serem empregados como razão da impugnação. À parte é possibilitado recorrer de todas 
as questões de fato e de direito que lhe digam respeito (interesse). A apelação é um grande exemplo 
de recurso de fundamentação livre. 
Nos recursos de fundamentação livre, apesar de não haver limitações estabelecidas em abstrato 
pelo legislador, tal como ocorre nos recursos de fundamentação vinculada, sempre haverá, no 
caso concreto, algum tipo de limitação lógica e/ou jurídica, porquanto o recorrente só terá 
interesse em alegar matéria aplicável ao caso sub judice, devendo respeitar, ademais, os limites 
objetivos da demanda e o sistema de preclusões. Por isso, não se admite, em processo criminal 
cuja denúncia imputa ao acusado a prática de furto simples, que o Ministério Público interponha 
recurso de apelação objetivando a condenação do acusado pelo crime de furto qualificado, sob 
pena de indevida violação a diversos princípios, dentre eles o da correlação entre acusação e 
sentença (Lima, 2017). 
➢ recursos de fundamentação vinculada: a própria lei define os limites da fundamentação do recurso. 
São exemplos o recurso em sentido estrito, em que a fundamentação fica vinculada à situação 
jurídica definida no inciso e os recursos extraordinário e especial, em que o fundamento do 
recurso fica restrito à matéria definida no dispositivo legal (por exemplo, no recurso especial, a 
interposição com base no art. 105, III, “a”, limita a fundamentação à demonstração de que a 
decisão contrariou tratado ou lei federal, ou negou-lhe vigência, conforme o caso). Também são 
um recurso de fundamentação vinculada os embargos infringentes, em que a limitação vem dada 
não pela lei, mas pela matéria objeto do voto vencido. Ou seja, a fundamentação dos embargos 
infringentes está limitada e circunscrita pelo voto vencido, não podendo ir além dele (ou melhor, 
do objeto da divergência) (Júnior, 2018). 
6.4 QUANTO À EXTENSÃO OU ÂMBITO DE DEVOLUTIVIDADE 
➢ total: impugna-se a totalidade da matéria discutível (em havendo a respectiva sucumbência). Nas 
palavras de AURY LOPES JUNIOR, há a “plena impugnação de todo o campo legalmente reexaminável” 
(Júnior, 2018). Exemplo de recurso total pode ser verificado na apelação, a qual permite ampla 
rediscussão fática e de direito. 
Como destaca a doutrina, recurso total não significa recurso que tenha como objeto a 
integralidade da decisão impugnada, porque havendo uma parcial procedência da pretensão, 
haverá parcela da decisão para a qual faltará à parte vitoriosa interesse recursal. Nessa linha, 
segundo Daniel Assumpção, “o que determina ser um recurso total ou parcial não é a identidade 
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plena entre o objeto do recurso e da decisão impugnada, mas a identidade do objeto recursal 
com a sucumbência gerada pela decisão impugnada (Lima, 2017). 
➢ parcial: hipótese na qual o recorrente, embora pudesse impugnar outras ou mesmo todas as 
questões em que foi sucumbente, opta por exercer o seu direito de recurso contra uma parte delas. 
Quando o réu é condenado, por exemplo, pela prática de um crime sem violência ou grave 
ameaça, a uma pena inferior a 4 anos, mas que não foi substituída (indevidamente) por pena 
restritiva de direitos, poderá apelar de toda ou de parte da decisão. Se optar por discutir, 
exclusivamente, a recusa por parte do juiz em substituir a pena, abrindo mão de buscar o 
reexame da prova e da própria condenação, estará fazendo um recurso parcial (Júnior, 2018). 
6.5 QUANTO AO GRAU HIERÁRQUICO 
Segundo AURY LOPES JR., os recursos ainda podem ser classificados, quanto ao seu grau hierárquico, em: 
➢ recursos horizontais: são analisados e julgados pelo mesmo órgão jurisdicional de que emanou a 
decisão atacada. Claro exemplo de recurso horizontal são os embargos de declaração, que serão 
julgados pelo próprio prolator da decisão recorrida. 
➢ recursos verticais: apreciados por órgão judicial hierarquicamente superioràquele que proferiu a 
decisão recorrida. Exemplos: apelação, recurso extraordinário, recurso especial, dentre outros. 
Ao demais, o aludido autor registra: “Finalizando a análise das várias classificações possíveis aos recursos, 
esclarecemos que essas categorias podem se combinar, eis que não são excludentes, de modo que o recurso 
de apelação, por exemplo, será um recurso ordinário, total (ou parcial, se for o caso), de fundamentação 
livre, vertical e voluntário” (Júnior, 2018). 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Almeida, Joaquim Canuto Mendes de. 1973. Princípios fundamentais do processo penal. São Paulo : RT, 
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