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Direito Empresarial para FGV volume 8

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Assuntos da Rodada 
DIREITO EMPRESARIAL: Empresário Individual. Microempresa e empresa de pequeno 
porte (Lei Complementar n. 123, de 2006). Prepostos. Teoria da empresa. Atividades 
econômicas civis: cooperativas e profissional intelectual. Atos do registro de empresa. 
Empresário irregular. Estabelecimento empresarial. Nome empresarial. Teoria Geral do 
Direito Societário: conceito de sociedade empresária. Personalização da sociedade 
empresária. Classificação das sociedades empresárias. Desconsideração da pessoa 
jurídica. Constituição das sociedades contratuais: natureza do ato constitutivo da 
sociedade contratual; requisitos de validade do contrato social; cláusulas contratuais; 
forma do contrato social; alteração do contrato social. Sociedade limitada: 
responsabilidade dos sócios, deliberação dos sócios; administração; conselho fiscal. 
Dissolução da sociedade contratual: espécies e causas de dissolução total e parcial; 
dissolução de fato. Sociedades por ações: características gerais da sociedade anônima; 
classificação, constituição; valores mobiliários; ações; capital social; órgãos sociais; 
administração da sociedade; poder de controle; lucros, reservas e dividendos; 
dissolução e liquidação; transformação, incorporação e fusão; sociedade de economia 
mista; sociedade em comandita por ações. Teoria Geral do Direito Cambiário. Nota 
promissória. Cheque. Duplicata. Cédula de crédito bancário. Recuperação judicial e 
extrajudicial. Falência – continuação. 
 
 
Rodada #8 
Direito Empresarial 
 
Professor Carlos Antônio Bandeira 
 
 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
2 
Recados importantes! 
Ø ATENÇÃO: NÃO AUTORIZAMOS a venda de nosso material em qualquer 
outro site. Não apoiamos, nem temos contrato com qualquer prática ou 
site de rateio. 
Ø A reprodução indevida, não autorizada, deste material ou de qualquer parte 
dele sujeitará o infrator a multa de até 3 mil vezes o valor do curso, à 
responsabilidade reparatória civil e à persecução criminal, nos termos dos arts. 
102 e seguintes da Lei n. 9.610, de 1998. 
Ø Tente cumprir as metas na ordem que determinamos. É fundamental para o 
perfeito aproveitamento do treinamento. 
Ø Lembre-se que você poderá fazer mais questões desta disciplina no teste 
semanal online. 
Ø Qualquer problema com a meta, envie uma mensagem para o WhatsApp oficial 
da Turma de Elite (35) 9106 5456. 
Abraços e excelentes estudos! 
Carlos Antônio Bandeira 
 
 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
3 
a. Teoria 
 
Pontos Comuns da Recuperação Judicial e Falência (continuação) 
1. Administrador Judicial - O administrador judicial possui a função de 
administrar a massa falida e auxiliar o juiz na condução do processo de 
recuperação judicial ou de falência. Na legislação anterior, não havia recuperação 
judicial, e havia o síndico. 
1.1. Pessoa física ou jurídica: para exercer essa função, pode ser nomeada uma 
pessoa física ou jurídica, na forma do art. 21, da Lei n. 11.101, de 2005. 
Lei n. 11.101, de 2005: 
“Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, 
preferencialmente advogado, economista, administrador de 
empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. 
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa 
jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o 
nome de profissional responsável pela condução do processo de 
falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem 
autorização do juiz.” 
1.2. O administrador judicial é nomeado pelo juiz: 
a) na recuperação judicial: pelo despacho judicial que determina o 
processamento (art. 52, inciso I, da Lei n. 11.101, de 2005); 
b) na falência: na sentença que decreta a falência (art. 99, inciso IX, da 
Lei n. 11.101, de 2005). 
1.3. Três princípios importantes para o administrador judicial: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
4 
a) logo que for nomeado, será intimado pessoalmente para, em 48 
horas, assinar, na sede do juízo, o termo de compromisso de bem e 
fielmente desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades 
a ele inerentes (art. 33, da Lei n. 11.101, de 2005); 
b) caso não assine o compromisso no prazo, será nomeado outro 
administrador em substituição ao primeiro; 
c) trata-se de função indelegável, pois a lei veda qualquer espécie de 
substituição sem autorização judicial; 
d) será fiscalizado pelo juiz e pelo Comitê, se houver. 
 
1.4. Funções comuns na recuperação judicial e na falência: prescreve o art. 22, 
I, da Lei n. 11.101, de 2005, as seguintes funções comuns: “I – na recuperação 
judicial e na falência: a) enviar correspondência aos credores constantes na 
relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 
ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de 
recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a 
classificação dada ao crédito; b) fornecer, com presteza, todas as informações 
pedidas pelos credores interessados; c) dar extratos dos livros do devedor, que 
merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e 
impugnações de créditos; d) exigir dos credores, do devedor ou seus 
administradores quaisquer informações; e) elaborar a relação de credores de que 
trata o § 2o do art. 7o desta Lei; f) consolidar o quadro-geral de credores nos 
termos do art. 18 desta Lei; g) requerer ao juiz convocação da assembleia geral de 
credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida 
para a tomada de decisões; h) contratar, mediante autorização judicial, 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
5 
profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no 
exercício de suas funções; i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;”. 
1.5. Funções específicas para a recuperação judicial: prescreve o art. 22, II, da 
Lei n. 11.101, de 2005, as seguintes funções específicas: “II – na recuperação 
judicial: a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de 
recuperação judicial; b) requerer a falência no caso de descumprimento de 
obrigação assumida no plano de recuperação; c) apresentar ao juiz, para juntada 
aos autos, relatório mensal das atividades do devedor; d) apresentar o relatório 
sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do 
art. 63 desta Lei;”. 
1.6. Funções específicas para a falência: prescreve o art. 22, II, da Lei n. 11.101, 
de 2005, as seguintes funções específicas: “III – na falência: a) avisar, pelo 
órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua 
disposição os livros e documentos do falido; b) examinar a escrituração do 
devedor; c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa 
falida; d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele 
o que não for assunto de interesse da massa; e) apresentar, no prazo de 40 
(quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por 
igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à 
situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos 
envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei; f) arrecadar os bens e 
documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos arts. 
108 e 110 desta Lei; g) avaliar os bens arrecadados; h) contratar avaliadores, de 
preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens caso 
entenda não ter condições técnicas para a tarefa; i) praticar os atos necessários à 
realização do ativo eao pagamento dos credores; j) requerer ao juiz a venda 
antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável 
 
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desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 
113 desta Lei; l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, 
diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; m) remir, em 
benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhorados 
ou legalmente retidos; n) representar a massa falida em juízo, contratando, se 
necessário, advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados 
pelo Comitê de Credores; o) requerer todas as medidas e diligências que forem 
necessárias para o cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da 
administração; p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10o (décimo) 
dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que 
especifique com clareza a receita e a despesa; q) entregar ao seu substituto todos 
os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade; r) 
prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou 
renunciar ao cargo.”. 
1.7. Remuneração do administrador judicial (art. 24, da Lei n. 11.101, de 2005): 
a) fixação do valor: o juiz fixará o valor e a forma de pagamento da 
remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de 
pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os 
valores praticados no mercado para o desempenho de atividades 
semelhantes; 
b) máximo de 5%: do valor devido aos credores submetidos à 
recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência; 
CUIDADO: pela Lei Complementar n. 147, de 7 de agosto de 2014, “A 
remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois 
por cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte.” 
(art. 24, § 3o, da Lei n. 11.101, de 2005) 
 
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c) reserva de 40% da remuneração: para ser paga após realização de 
todo o ativo, distribuição do produto entre os credores, apresentação 
de suas contas ao juiz e julgamento dessas contas (arts. 154 e 155, da 
Lei n. 11.101, de 2005); 
d) remuneração proporcional pelo trabalho realizado: em caso de 
substituição por outro administrador, no curso dos trabalhos; 
e) perda do direito à remuneração, quando: 
i. renunciar, sem relevante razão; 
ii. for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou 
descumprimento das obrigações fixadas na Lei n. 11.101, de 
2005; ou 
iii. suas contas não forem aprovadas. 
ATENÇÃO: substituição ≠ destituição. 
• SUBSTITUIÇÃO: não há caráter de penalidade! 
Lei n. 11.101, de 2005: 
“Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as 
funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 
(cinco) anos, no exercício do cargo de administrador 
judicial ou de membro do Comitê em falência ou 
recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de 
prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a 
prestação de contas desaprovada. 
§ 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou 
exercer a função de administrador judicial quem tiver 
relação de parentesco ou afinidade até o 3o (terceiro) grau 
com o devedor, seus administradores, controladores ou 
representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou 
dependente. 
 
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§ 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público 
poderá requerer ao juiz a substituição do administrador 
judicial ou dos membros do Comitê nomeados em 
desobediência aos preceitos desta Lei. 
§ 3o O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, 
sobre o requerimento do § 2o deste artigo.” 
• DESTITUIÇÃO: é uma penalidade, que inviabiliza o 
ex-administrador judicial de assumir novo 
compromisso. 
Lei n. 11.101, de 2005: 
“Art. 23. O administrador judicial que não apresentar, no 
prazo estabelecido, suas contas ou qualquer dos relatórios 
previstos nesta Lei será intimado pessoalmente a fazê-lo 
no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência. 
Parágrafo único. Decorrido o prazo do caput deste artigo, 
o juiz destituirá o administrador judicial e nomeará 
substituto para elaborar relatórios ou organizar as contas, 
explicitando as responsabilidades de seu antecessor. 
......................................... 
Art. 31. O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado 
de qualquer interessado, poderá determinar a destituição 
do administrador judicial ou de quaisquer dos membros 
do Comitê de Credores quando verificar desobediência aos 
preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, 
negligência ou prática de ato lesivo às atividades do 
devedor ou a terceiros. 
§ 1o No ato de destituição, o juiz nomeará novo 
administrador judicial ou convocará os suplentes para 
recompor o Comitê. 
§ 2o Na falência, o administrador judicial substituído 
prestará contas no prazo de 10 (dez) dias, nos termos dos 
§§ 1o a 6 o do art. 154 desta Lei.” 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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2. Comitê de Credores – A formação do Comitê de Credores é facultativa na 
recuperação judicial e na falência (art. 12, caput, da Lei n. 11.101, de 2005), a ser 
composta por QUATRO classes de credores, cuja formação deverá ocorrer por 
deliberação da Assembleia Geral de Credores. 
ATENÇÃO: a falta de indicação por alguma das classes não impede a formação 
do Comitê! E, caso não venha a ser formado, suas funções serão exercidas pelo 
administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz. 
Lei n. 11.101, de 2005: 
“Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de 
qualquer das classes de credores na assembleia geral e terá a seguinte 
composição: 
I – 1 (um) representante indicado pela classe de credores 
trabalhistas, com 2 (dois) suplentes; 
II – 1 (um) representante indicado pela classe de credores com 
direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) 
suplentes; 
III – 1 (um) representante indicado pela classe de credores 
quirografários e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes; 
IV - 1 (um) representante indicado pela classe de credores 
representantes de microempresas e empresas de pequeno porte, 
com 2 (dois) suplentes. 
§ 1o A falta de indicação de representante por quaisquer das classes 
não prejudicará a constituição do Comitê, que poderá funcionar com 
número inferior ao previsto no caput deste artigo. 
........................................... 
Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador 
judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas 
atribuições.” 
2.1. Regras do Comitê: 
 
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a) quem irá exercer sua presidência: deve ser decidido entre os seus 
próprios membros; 
b) substituição e destituição: mesmas regras do administrador judicial, 
mas com o detalhe de que o suplente deve assumir as funções do 
substituído ou destituído; 
c) responsabilidade e dissidência: os membros do Comitê 
responderão pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou 
aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente em deliberação 
do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da 
responsabilidade (art. 32, da Lei n. 11.101, de 2005); 
d) decisões: serão tomadas por maioria e consignadas em livro de atas, 
rubricado pelo juízo, que ficará à disposição do administrador judicial, 
dos credores e do devedor. 
e) impasse: caso não seja possível a obtenção de maioria em 
deliberação do Comitê, o impasse será resolvido pelo administrador 
judicial ou, na incompatibilidade deste,pelo juiz. 
2.2. Funções comuns à recuperação judicial e à falência (art. 27, I, da Lei n. 
11.101, de 2005): “I – na recuperação judicial e na falência: a) fiscalizar as 
atividades e examinar as contas do administrador judicial; b) zelar pelo bom 
andamento do processo e pelo cumprimento da lei; c) comunicar ao juiz, caso 
detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores; d) apurar e 
emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; e) requerer ao juiz a 
convocação da assembleia geral de credores; f) manifestar-se nas hipóteses 
previstas nesta Lei”. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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2.3. Funções específicas para a recuperação judicial (art. 27, II, da Lei n. 
11.101, de 2005): “II – na recuperação judicial: a) fiscalizar a administração das 
atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua 
situação; b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; c) submeter à 
autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses 
previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de 
ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à 
continuação da atividade empresarial durante o período que antecede a 
aprovação do plano de recuperação judicial.” 
 
3. Assembleia Geral de Credores - A Assembleia Geral corresponde ao colegiado 
formado pelos credores para deliberar sobre matérias pertinentes a seus 
interesses diretos, cuja convocação é: 
a) na recuperação judicial: obrigatória, pois ela irá aprovar o plano de 
recuperação do devedor, salvo nas hipóteses de devedores 
microempresa e empresa de pequeno porte; 
b) na falência: facultativa. 
3.1. Atribuições da Assembleia Geral na recuperação judicial (art. 35, I, da Lei 
n. 11.101, de 2005): “a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de 
recuperação judicial apresentado pelo devedor; b) a constituição do Comitê de 
Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) (VETADO); d) o pedido 
de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei; e) o nome do 
gestor judicial, quando do afastamento do devedor; f) qualquer outra matéria que 
possa afetar os interesses dos credores”. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
12 
3.2. Atribuições da Assembleia Geral na falência (art. 35, II, da Lei n. 11.101, 
de 2005): “a) (VETADO); b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus 
membros e sua substituição; c) a adoção de outras modalidades de realização do 
ativo, na forma do art. 145 desta Lei; d) qualquer outra matéria que possa afetar 
os interesses dos credores.” 
3.3. Edital de convocação: a ser publicado no órgão oficial e em jornais de grande 
circulação nas localidades da sede e filiais, com antecedência mínima de 15 
dias, em duas convocações, sendo que a primeira não pode ocorrer em 
menos de 5 dias da segunda (na primeira convocação, devem estar presentes 
mais da metade dos credores de cada classe; na segunda, qualquer número). 
3.4. Convocações: 
a) pelo juiz (art. 36, caput, da Lei n. 11.101, de 2005), caso em que a 
despesa correrá por conta do devedor ou da massa falida; 
b) por requerimento dos credores que representem 25% do valor 
total dos créditos de uma determinada classe (art. 36, § 2o, da Lei 
n. 11.101, de 2005), caso em que esse arcará com as despesas da 
realização da Assembleia Geral; 
c) pelo Comitê de Credores (art. 27, inciso I, alínea “e”, da Lei n. 11.101, 
de 2005), caso em que esse arcará com as despesas da realização da 
Assembleia Geral; 
d) pelo administrador judicial (art. 22, inciso I, alínea “g”, da Lei n. 
11.101, de 2005), caso em que a despesa correrá por conta do 
devedor ou da massa falida. 
3.5. Presidência da Assembleia Geral: será presidida pelo administrador judicial, 
salvo se o motivo da Assembleia for seu afastamento ou se houver motivo de 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
13 
impedimento, casos em que o credor presente titular do crédito de maior 
valor a presidirá. 
3.6. Lista de presença: para participar da assembleia, cada credor deverá assinar 
a lista de presença, que será encerrada no momento da instalação. 
3.7. Representante de credor: poderá ser representado por mandatário ou 
representante legal, desde que entregue ao administrador judicial, até 24 
horas antes da data prevista no aviso de convocação, documento hábil que 
comprove seus poderes ou a indicação das folhas dos autos do processo em 
que se encontre o documento. 
3.8. Sindicato de trabalhadores: poderão representar seus associados titulares 
de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de 
trabalho que não comparecerem, pessoalmente ou por procurador, à 
assembleia, devendo apresentar ao administrador judicial, até 10 dias antes 
da assembleia, a relação dos associados que pretende representar, e o 
trabalhador que conste da relação de mais de um sindicato deverá esclarecer, 
até 24 horas antes da assembleia, qual sindicato o representa, sob pena de 
não ser representado em assembleia por nenhum deles. 
3.9. A Assembleia Geral será formada em quatro classes: 
a) titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou 
decorrentes de acidentes de trabalho; 
b) titulares de créditos com garantia real; 
c) titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com 
privilégio geral ou subordinados; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
14 
d) titulares de créditos enquadrados como microempresa ou 
empresa de pequeno porte (novidade trazida pela Lei Complementar 
no 147, de 2014). 
3.10. Votações: 
a) por aprovação por maioria de votos favoráveis de credores que 
representem mais da metade do valor total dos créditos 
presentes à Assembleia Geral, salvo nas deliberações sobre: 
i. o plano de recuperação judicial (art. 35, caput, inciso I, da 
Lei n. 11.101, de 2005); 
ii. a composição do Comitê de Credores; ou 
iii. forma alternativa de realização do ativo (art. 145, da Lei n. 
11.101, de 2005). 
b) voto proporcional ao crédito: o voto de cada credor é proporcional 
ao valor de seu crédito (art. 38, da Lei n. 11.101, de 2005); 
c) pessoas sem direito a voto e desconsiderados para fins de 
verificação do quorum de instalação e de deliberação: 
i. sócios do devedor; 
ii. sociedades coligadas, controladoras, controladas; 
iii. sociedades que tenham sócio ou acionista com participação 
superior a 10% do capital social do devedor; 
iv. sociedades em que o devedor ou algum de seus sócios 
detenham participação superior a 10% do capital social; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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v. cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, colateral até o 
2o grau, ascendente ou descendente do devedor, de 
administrador, do sócio controlador, de membro dos 
conselhos consultivo, fiscal ou semelhantes da sociedade 
devedora e à sociedade em que quaisquer dessas pessoas 
exerçam essas funções; 
vi. os titulares dos créditos §§ 3o e 4o do art. 49, da Lei n. 11.101, 
de 2005. 
d) quem pode votar: 
i. os credores elencados no Quadro-Geral de Credores; 
ii. se o Quadro ainda não tiver sido homologado: podem 
votar os credores indicados na relação apresentada pelo 
administrador judicial e os contemplados em decisão judicial. 
 
Recuperação Judicial 
4. Plano de Recuperação Judicial - O prazo para apresentar o plano de 
recuperação judicial é de 60 dias, contados da publicação da decisão que deferiu 
seu processamento. Esse prazo deve ser respeitado pelo devedor, sob pena de 
convolação (transformação) em falência. 
4.1. Escolha dascondições do plano: o devedor deverá escolher, no plano, 
dentre as opções exemplificadas no art. 50, da Lei n. 11.101, de 2005, ou 
outras existentes, as quais deverão ser devidamente discriminadas, 
juntamente com a demonstração de sua viabilidade econômica, e de laudo 
econômico-financeiro dos bens e ativos da empresa. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
16 
4.2. Prazo para objeções: qualquer credor pode apresentar objeção ao plano, no 
prazo de 30 dias, contados do que tiver ocorrido primeiro: 
a) da publicação do plano de recuperação; 
b) da publicação da relação de credores pelo administrador judicial. 
4.3. Se não houver objeções e a documentação estiver em ordem, será 
concedida pelo juiz a recuperação judicial. 
4.4. Caso tenha ocorrido objeção, o juiz convocará a Assembleia Geral para 
deliberar sobre o plano (art. 45, da Lei n. 11.101, de 2005), a ocorrer no 
máximo em 150 dias, contados do deferimento do processamento da 
recuperação judicial. 
4.5. Deliberação: 
a) o plano deve ter votação favorável nas QUATRO classes; 
i. classe 1 (créditos trabalhistas ou decorrentes de acidente 
de trabalho) e classe 4 (titulares de créditos enquadrados 
como microempresa ou empresa de pequeno porte): 
aprovação por maioria dos credores presentes, 
independentemente do valor de seus créditos (o acréscimo 
relativo à ME e à EPP foi feito pela Lei Complementar no 147, de 
2014); 
ii. classe 2 (crédito com garantia real): deve ser aprovado por 
credores que representem mais da metade do valor total dos 
créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela 
maioria simples dos credores presentes (obs.: os titulares de 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
17 
crédito com garantia real votam até o limite do valor do bem 
gravado); 
iii. classe 3 (créditos quirografários, com privilégio especial ou 
subordinados): da mesma forma que a classe 2, sendo que os 
titulares; 
b) o credor não terá direito a voto e não será considerado 
para fins de verificação de quorum de deliberação: se o 
plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as 
condições originais de pagamento de seu crédito. 
4.6. Resultados possíveis na recuperação judicial: 
a) aprovação do plano, sem alterações; 
b) aprovação do plano, com alterações propostas pelos credores com a 
anuência do devedor (art. 56, § 3o, da Lei n. 11.101, de 2005); 
c) rejeição do plano e decretação da falência do devedor (art. 56, § 3o, da 
Lei n. 11.101, de 2005). 
4.7. Apresentação de certidões negativas: devem ser apresentadas pelo 
devedor, em 30 dias da intimação judicial, caso o plano tenha sido aprovado. 
4.8. Novação: o plano de recuperação judicial implica novação dos créditos 
anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, 
sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50, da Lei n. 
11.101, de 2005. 
4.9. Título executivo judicial: a decisão judicial que conceder a recuperação 
judicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III, do 
caput, do Código de Processo Civil. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
18 
4.10. Expressão "em Recuperação Judicial": em todos os atos, contratos e 
documentos firmados pelo devedor sujeito ao procedimento de recuperação 
judicial deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a referida expressão. 
4.11. Anotação no registro empresarial: o juiz determinará ao Registro Público de 
Empresas a anotação da recuperação judicial no registro correspondente. 
4.12. Recurso de agravo (art. 59, § 2o, da Lei n. 11.101, de 2005): contra a decisão 
que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto 
por qualquer credor e pelo Ministério Público. 
 
5. Administração durante a Recuperação Judicial - Durante o procedimento de 
recuperação judicial, o devedor ou seus administradores serão mantidos no 
comando da atividade empresarial, sob a fiscalização do Comitê, se houver, e do 
administrador judicial. 
5.1. Essa regra não se aplica se (art. 64, da Lei n. 11.101, de 2005): “I – houver sido 
condenado em sentença penal transitada em julgado por crime cometido em 
recuperação judicial ou falência anteriores ou por crime contra o patrimônio, a 
economia popular ou a ordem econômica previstos na legislação vigente; II – 
houver indícios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei; III – houver 
agido com dolo, simulação ou fraude contra os interesses de seus credores; IV – 
houver praticado qualquer das seguintes condutas: a) efetuar gastos pessoais 
manifestamente excessivos em relação a sua situação patrimonial; b) efetuar 
despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao capital ou gênero 
do negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas; c) 
descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao 
seu funcionamento regular; d) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação 
de que trata o inciso III do caput do art. 51 desta Lei, sem relevante razão de 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
19 
direito ou amparo de decisão judicial; V – negar-se a prestar informações 
solicitadas pelo administrador judicial ou pelos demais membros do Comitê; VI – 
tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação judicial.” 
 
6. Encerramento da Recuperação Judicial ou Convolação em Falência - O 
encerramento da recuperação judicial somente ocorre depois de cumpridas as 
obrigações estipuladas para vencer em 2 anos da concessão da recuperação (art. 
62, da Lei n. 11.101, de 2005). 
6.1. Caso houver o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano, 
nesse período, gerará a convolação da recuperação em falência (art. 73, da 
Lei n. 11.101, de 2005). 
6.2. Retorno ao estado anterior dos créditos: com a convolação em falência, os 
credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições 
originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e 
ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação 
judicial. 
 
Recuperação Judicial Especial (ME e EPP) 
7. Recuperação Judicial Especial (ME e EPP) - Os empresários das microempresas e 
empresas de pequeno porte podem utilizar o plano de recuperação judicial que 
tratamos nos itens anteriores, ou podem fazer o uso do plano especial, mais 
simplificado, previsto no art. 70, da Lei n. 11.101, de 2005. 
7.1. Destaca-se que somente podem ser contemplados os créditos existentes na 
data do pedido (obs.: após, as mudanças dadas pela Lei Complementar n. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
20 
147, de 2014, esse plano especial não mais se limita aos créditos 
quirografários), exceto dos repasses relacionados com os créditos previstos 
nos §§ 3o e 4o do art. 49, da Lei n. 11.101, de 2005. 
7.2. O prazo para apresentação do plano será de 60 dias da decisão que 
determinar o processamento do pedido de recuperação judicial e deverá ser 
apresentado segundo as regras do art. 73, da Lei n. 11.101, de 2005: “I – 
abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os decorrentes 
de repasse de recursos oficiais e os previstos nos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; II – 
preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e 
sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de 
Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta de 
abatimento do valor das dívidas ⎯ essa nova fórmula de juros e abatimento 
dada pela Lei Complementar no 147, de 2014, substituiu a seguinte previsão: 
“corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de12% a.a. (doze por 
cento ao ano)” ⎯; III – preverá o pagamento da 1a (primeira) parcela no prazo 
máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de 
recuperação judicial; IV – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após 
ouvido o administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar 
despesas ou contratar empregados”. 
7.3. Esse pedido não gera suspensão: nem da prescrição, nem das ações e 
execuções por créditos não abrangidos pelo plano. 
7.4. Não há convocação de Assembleia Geral, para aprovação do plano (art. 72, 
da Lei n. 11.101, de 2005). 
7.5. O próprio juiz aprovará ou não o plano. 
CUIDADO: é possível parcelamento de créditos da Fazenda Pública e do 
INSS, com prazos vinte por cento maiores para as MEs e EPPs! 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
21 
Lei n. 11.101, de 2005: 
“Art. 68. As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro 
Social – INSS poderão deferir, nos termos da legislação específica, 
parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação judicial, de 
acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei n. 5.172, de 25 de 
outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. 
Parágrafo único. As microempresas e empresas de pequeno porte 
farão jus a prazos 20% (vinte por cento) superiores àqueles 
regularmente concedidos às demais empresas.” (Incluído pela Lei 
Complementar no 147, de 2014) 
7.6. Objeções ao plano (art. 72, parágrafo único, da Lei n. 11.101, de 2005): 
podem ser apresentadas em 30 dias da publicação do edital preparado pelo 
administrador judicial (art. 55, da Lei n. 11.101, de 2005). 
7.7. Decretação de falência: o juiz decretará a falência do devedor se houver 
objeções por parte de credores titulares de mais da metade de qualquer 
uma das classes de créditos previstos no art. 83, computados na forma 
do art. 45 da Lei n. 11.101, de 2005 (novidade trazida pela Lei Complementar 
no 147, de 2014). 
 
Recuperação tudicial 
8. Recuperação Extrajudicial - A recuperação extrajudicial é o pedido de 
homologação judicial de acordo, por escrito, realizado entre o credor e seus 
devedores, em que é estipulado um plano de pagamento das dívidas empresariais 
sob novas condições (arts. 161/167, da Lei n. 11.101, de 2005). 
8.1. Quem pode pedir a recuperação extrajudicial: somente as pessoas que 
podem pedir a recuperação judicial podem requerer a recuperação 
extrajudicial. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
22 
8.2. Requisitos do requerimento e do plano: 
a) requisitos: além dos previstos no arts. 48, da Lei n. 11.101, de 
2005, já comentados nesta aula (tópico “II”, item 1), o devedor não 
poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver 
pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido 
recuperação judicial ou homologação de outro plano de 
recuperação extrajudicial há menos de 2 anos; 
b) créditos excluídos da recuperação extrajudicial: 
i. créditos de natureza tributária; 
ii. créditos derivados da legislação do trabalho; 
iii. os créditos mencionados no art. 49, § 3o, e 86, inciso II, da Lei 
n. 11.101, de 2005, que são direitos relacionados com 
transações sobre propriedades sobre móveis e imóveis, e 
sobre contrato de câmbio para exportação; 
c) vedação de previsão de pagamento antecipado: o plano de 
pagamento não poderá contemplar o pagamento antecipado de 
dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não 
estejam sujeitos; 
d) o requerimento não gera suspensão de direitos, de ações ou 
execuções; 
e) também não impede o pedido de decretação de falência pelos 
credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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8.3. Duas hipóteses de requerimento: a Lei n. 11.101, de 2005 trata de duas 
hipóteses de requerimento de plano de homologação de recuperação 
extrajudicial: 
a) Na primeira, basta que apresente pedido de homologação de plano 
de recuperação extrajudicial, por petição ao juiz, juntamente com o 
plano de recuperação que deve ser assinado por todos os credores 
que a ele aderiram (art. 162, da Lei n. 11.101, de 2005). 
b) Há uma segunda possibilidade de requerimento (art. 163, da Lei 
n. 11.101, de 2005): o devedor poderá requerer a homologação de 
plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores 
por ele abrangidos, desde que assinado por credores que 
representem mais de 3/5 (três quintos) de cada classe de créditos 
de cada espécie por ele abrangido (art. 163, da Lei n. 11.101, de 
2005). Nesse caso, a homologação atingirá os créditos constituídos até 
a data do requerimento. 
ATENÇÃO: o tipo plano da segunda hipótese obriga a todos os 
credores nele mencionados, mesmo que não tenham todos esses 
credores assinado o acordo, sendo que essa modalidade alcança 
apenas os créditos que forem constituídos até a data do pedido 
de homologação! 
8.4. A documentação exigida é mais complexa: situação patrimonial do 
devedor, demonstrações contábeis atualizadas e prova de poderes e 
identificação dos credores que assinaram o plano para fazer acordo, e 
especificações da origem e classe de seus créditos. 
8.5. Viabilidade de desistência do pedido de homologação: pode haver 
desistência do plano de recuperação, mas deve ser exercida antes da 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
24 
distribuição do pedido de homologação, salvo com a anuência expressa 
dos demais signatários, inclusive do devedor. 
8.6. Procedimento: 
a) ao receber o pedido, o juiz ordenará a publicação de edital, em 
órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional das localidades 
da sede e das filiais do devedor, convocando todos os credores do 
devedor para apresentação de suas impugnações ao plano de 
recuperação extrajudicial, em 30 dias, juntamente com a prova de seu 
crédito; 
b) no prazo do edital, o devedor deverá comprovar o encaminhamento 
de carta a todos os credores sujeitos ao plano, domiciliados ou 
sediados no país, informando a distribuição do pedido, as condições 
do plano e prazo para impugnação; 
c) matérias que podem ser opostas contra o plano de recuperação 
(art. 164, § 3o, da Lei n. 11.101, de 2005): “I – não preenchimento do 
percentual mínimo previsto no caput do art. 163 desta Lei; II – prática de 
qualquer dos atos previstos no inciso III do art. 94 ou do art. 130 desta Lei, 
ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei; III – descumprimento 
de qualquer outra exigência legal.; 
d) havendo impugnação, abre-se o prazo de 5 dias para que o devedor 
sobre ela se manifeste; 
e) decisão sobre a impugnação e sobre o plano: após a manifestação 
do devedor, o juiz decidirá, inclusive sobre acerca do plano de 
recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença se entender 
que não implica prática de atos previstos no art. 130 desta Lei e que 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
25 
não há outras irregularidades que recomendem sua rejeição, e se 
houver prova de simulação de créditos ou vício de representação dos 
credores que subscreverem o plano, a sua homologação será 
indeferida; 
f) homologação: o plano de recuperação extrajudicial produz efeitos 
após sua homologação judicial, via de regra; 
g) produção de efeitos antes da homologação: se as partes 
estipularem a produção de efeitos anteriores à homologação, desde 
que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma 
de pagamento dos credores signatários, e o plano seja 
posteriormente rejeitado pelo juiz, devolve-se aos credores 
signatários o direito de exigir seus créditos nas condições originais, 
deduzidos os valores efetivamentepagos. 
8.6.1. Alienação de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor: 
se o plano prever esse tipo de adoção de medidas, o juiz ordenará a sua 
realização, observado, no que couber, o disposto no art. 142, da Lei n. 
11.101, de 2005. 
8.6.2. Efeitos da sentença que homologa o requerimento: constitui título 
executivo judicial. Ou seja, pode ser objeto de execução por quantia 
certa em juízo. 
8.6.3. Outras modalidades de acordo: a lei não impede que se façam outras 
modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores. 
 
Falência 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
26 
9. Falência - Podemos conceituar o instituto da	 falência como uma execução 
especial, onde são reunidos todos os credores de um devedor insolvente em único 
processo, para a execução conjunta. 
9.1. Uma vez decretada a falência, arrecadam-se os bens do devedor (exceto os 
impenhoráveis), realiza-se o ativo (venda dos bens arrecadados) e pagam-se os 
credores. 
9.2. Na prática, é uma medida severa, porque retira do empresário o controle de 
seus negócios. A falência é regida por dois princípios básicos: 
a) princípio da preservação da empresa: deve procurar manter a 
empresa em atividade, mesmo com o afastamento do devedor; e 
b) princípio da maximização dos resultados: deve buscar a utilização 
produtiva dos ativos da empresa, afinal de contas, uma das formas de 
arrecadar recursos para pagar a dívida, é a venda do estabelecimento, 
conforme o art. 140, inciso I, da Lei n. 11.101, de 2005). 
9.3. Devemos lembrar que as regras do processo de falência (previsto na Lei de 
Falências) disciplinam a sequência de atos relacionados com a execução 
coletiva contra devedores empresários (pessoas físicas ou jurídicas). 
9.4. Por que execução coletiva? Na verdade, um mesmo devedor empresário é 
capaz de ter vários credores ao mesmo tempo (fornecedores, empregados, 
Fisco, etc.). Esses credores serão chamados no processo falimentar para 
receber, segundo a ordem legal, o dinheiro que lhe couber na fase de 
pagamento, que é feita após a venda dos bens do devedor para satisfação 
das obrigações do falido perante seus credores (realização do ativo). 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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9.5. Quem pode sofrer falência: para estar sujeito a sofrer falência, você precisa 
guardar a lista do art. 2o da Lei n. 11.101, de 2005. Não podem sofrer 
processo falimentar, nem pedir recuperação judicial: 
a) empresa pública e sociedade de economia mista; 
b) instituição financeira pública ou privada; 
c) cooperativa de crédito; 
d) consórcio; 
e) entidade de previdência complementar; 
f) sociedade operadora de plano de assistência à saúde; 
g) sociedade seguradora; 
h) sociedade de capitalização; e 
i) outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
9.6. Quem pode requerer a falência: quem pode pedir a falência do devedor (art. 
97, da Lei n. 11.101, de 2005): 
a. o próprio devedor: é o caso da autofalência, uma vez conscientizado 
de seu estado de insolvência e julgue não atender aos requisitos para 
pleitear sua recuperação judicial; 
b) sócio de sociedade em comum que pratique atividades 
empresariais: essas sociedades despersonalizadas estão sujeitas à 
falência e seus sócios podem requerer sua falência (art. 105, inciso IV, 
da Lei n. 11.101, de 2005, e art. 81, da Lei n. 11.101, de 2005); 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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c) cônjuge sobrevivente, herdeiro ou inventariante do empresário 
individual: que notarem o estado de insolvente do falecido 
empresário; 
d) sócio (acionista ou cotista) de sociedade empresária: ocorre 
quando os demais sócios não concordarem em fazer o pedido de 
falência, esse sócio pode fazê-lo sozinho; 
e) credor não empresário: qualquer credor dessa natureza pode pedir 
a falência do devedor; 
f) credor empresário: o credor dessa natureza pode pedir a falência do 
devedor desde que comprove ser regularmente inscrito na Junta 
Comercial, por certidão; 
g) credor estrangeiro: deve prestar caução para garantir a hipótese de 
pagamento de custas e indenização por pedido de falência doloso que 
for denegado (art. 101, da Lei n. 11.101, de 2005). 
ATENÇÃO: o STJ interpreta que a Fazenda Pública não pode pedir 
falência, sob o argumento de que ela já teria a possibilidade da Lei de 
Execuções Fiscais (Lei n. 6.830, de 22 de setembro de 1980), para 
cobrar os seus créditos. 
9.7. Foro competente: Já dissemos que será competente para o pedido 
recuperação judicial, extrajudicial e de falência, o juízo do local do 
“principal estabelecimento do devedor”, ou seja, do local onde se 
concentrar o maior volume de negócios da empresa (art. 3o, da Lei n. 11.101, 
de 2005). A doutrina afirma que a lei presume que lá estariam a maioria de 
seus credores. Lembre-se que a distribuição acarreta a prevenção do juízo 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
29 
para outros pedidos baseados na Lei n. 11.101, de 2005, exceto o da 
recuperação extrajudicial, porque nada disse a lei a respeito. 
 
10. Insolvência - Esse termo é importante para a identificação do fato relevante que 
justifica o pedido de falência do devedor. Na prática, esse termo pode possuir dois 
significados (o que interessa à Lei n. 11.101, de 2005 é o significado jurídico): 
a) econômico: o patrimônio do devedor é menor do que o valor das dívidas; 
b) jurídico: é suficiente que qualquer das situações descritas na Lei n. 11.101, 
de 2005 autorizem o credor a pedir a falência do devedor (entendimento 
acolhido pelo STJ). Em outras palavras, uma vez configurada a 
impontualidade injustificada do devedor ou os atos de falência, 
enumerados na Lei n. 11.101, de 2005, justifica-se o pedido falimentar 
contra o devedor. 
ATENÇÃO: o entendimento do STJ sobre a possibilidade ou não de utilizar 
o pedido de falência como meio de cobrança é dividido (não é pacífico). Ora 
entende que sim, ora entende que não. 
• Explico melhor: há juízes que indeferem liminarmente pedidos de 
falência com características de cobrança do devedor. Quando o 
assunto chega ao STJ, há jurisprudência nos dois sentidos, quais 
sejam, o de apoiar ou indeferimento ou não. 
• A doutrina também se divide nesse aspecto. 
• Detalhe: o devedor que é citado para se defender em processo de 
pedido de falência, pode fazer o depósito elisivo (pagamento da 
dívida), para evitar a decretação de sua falência. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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11. Motivos para Pedido de Falência - Precisamos abordar os motivos enumerados 
no art. 94, da Lei n. 11.101, de 2005, que facultam o credor a pedir a falência do 
devedor: 
a) impontualidade injustificada: ocorre quando o credor, sem 
relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja 
soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos na data do 
pedido de falência; 
ATENÇÃO: credores podem se reunir para alcançar esse valor mínimo 
(art. 94, § 1o)! 
• Protesto: indispensável para instruir o pedido de falência. 
• Protesto especial: é o caso de dívidas fundadas em títulos que 
não comporta o protesto cambial (próprio dos títulos de 
crédito). 
• O STJ já entendeu que é possível o protesto especial de 
sentença condenatória para instruir pedido de falência. 
• Para duplicata não aceita: além do protesto, é necessária a 
comprovação da entrega da mercadoria. 
• Duplicata de serviços não aceita, Súmula 248 do STJ: 
“Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, 
mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência.” 
•Identificação da pessoa que recebeu o protesto, Súmula 361 do 
STJ: “A notificação do protesto, para requerimento de falência 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
31 
da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a 
recebeu.” 
Obs.: os atos que veremos a seguir, são chamados pela 
doutrina de atos de falência. 
b) execução frustrada: quando o devedor é executado por quantia 
certa e não toma nenhuma das três providências a seguir (deve 
comprovar por certidão do cartório por onde se processa a execução): 
i. não paga; 
ii. não deposita o montante da dívida; 
iii. nem nomeia bens à penhora; 
c) prática uma das seguintes condutas, salvo se estiver em 
recuperação judicial: 
i. desfazimento precipitado de seu patrimônio: procede à 
liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
ii. espécie de fraude ou tentativa de fraude contra os 
credores: realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com 
o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, 
negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de 
seu ativo a terceiro, credor ou não; 
iii. trespasse sem consentimento: transfere estabelecimento a 
terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os 
credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu 
passivo; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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iv. dificulta o acesso dos credores ou da fiscalização, 
mediante simulação: simula a transferência de seu principal 
estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a 
fiscalização ou para prejudicar credor; 
v. aumento de garantia: dá ou reforça garantia a credor por 
dívida contraída anteriormente, sem ficar com bens livres e 
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
vi. abandono de estabelecimento: ausenta-se sem deixar 
representante habilitado e com recursos suficientes para 
pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta 
ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu 
principal estabelecimento; 
vii. falha em obrigação assumida no plano de recuperação 
judicial: deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação 
assumida no plano de recuperação judicial. 
 
12. Defesa - A defesa deve ser apresentada pelo devedor no prazo de 10 dias (art. 98, 
da Lei n. 11.101, de 2005) da citação, quando este poderá fazer o pedido de 
recuperação judicial ou invocar alguma das seguintes matérias: 
a) falsidade de título; 
b) prescrição; 
c) nulidade de obrigação ou de título; 
d) pagamento da dívida; 
 
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33 
e) qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a 
cobrança de título; 
f) vício em protesto ou em seu instrumento; 
g) cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido 
de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de 
Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao 
ato registrado. 
ATENÇÃO: 
• Não será decretada a falência de sociedade anônima após 
liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 ano da 
morte do devedor. 
• As defesas previstas nas letras “a” a “d” não impedirão a 
decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não 
atingidas pelas defesas em montante superior a 40 salários 
mínimos. Explico mais: se sobrarem títulos não prescritos 
superiores a 40 salários mínimos, é decretada a falência do 
devedor. 
 
13. Depósito Elisivo - Se o pedido de falência for fundado na impontualidade 
injustificada ou na execução frustrada, o devedor pode depositar, dentro do 
prazo de contestação, o valor devido, monetariamente corrigido e acrescido de 
juros e honorários de advogado, para evitar a falência (art. 98, parágrafo único, da 
Lei n. 11.101, de 2005). 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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13.1.1. A isso, chama-se de depósito elisivo, que deverá evitará a falência 
fundados na impontualidade e na execução frustrada. Só que, se por 
algum motivo, for decretada a falência, o juiz ordenará o levantamento 
do valor desse depósito pelo autor. 
 
14. Denegação da Falência- Vejamos que o juiz poderá denegar o pedido de falência: 
a) por improcedência do pedido de falência: nesse caso, poderá condenar 
o autor (ou autores, solidariamente) a indenizar o devedor (art. 101, da Lei 
n. 11.101, de 2005), quando entender que houve dolo manifesto (intenção 
de prejudicar o empresário), sendo que até o terceiro poderá reclamar 
prejuízos sofridos contra os responsáveis pelo pedido de falência, em ação 
própria; ou 
b) quando houver o depósito elisivo da falência. 
 
15. Decretação da Falência - A decretação da falência é o tipo de decisão que possui 
natureza constitutiva, pois é ela que constitui o devedor no estado falimentar. 
15.1. Antes dessa decretação, o processo é chamado pré-falimentar. Com a 
decretação da falência, instaura-se o procedimento falimentar, 
propriamente dito. 
15.2. Entre as matérias que podem ser contidas nessa decisão (art. 99, da Lei n. 
11.101, de 2005), ressaltam-se as seguintes hipóteses: 
a) fixação do termo legal da falência (possibilita investigação de 
atos que vão ser considerados ineficazes), pelo juiz, no máximo 
até 90 dias, anteriores: 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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i. ao pedido de falência: conta-se para os pedidos de falência 
fundados em atos de falência; 
ii. ao pedido de recuperação judicial: se for proferido por 
descumprimento de obrigação prevista em recuperação 
judicial); ou 
iii. ao primeiro protesto por falta de pagamento, excluindo-se, 
para esta finalidade, os protestos que tenham sido 
cancelados. 
b) poder geral de cautela: o juiz poderá adotar medidas para 
salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a 
prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando 
requerida com fundamento em provas da prática de crime falimentar; 
c) explicitará o prazo para as habilitações de crédito; 
d) ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o 
falido: salvo as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o da Lei n. 
11.101, de 2005; 
e) proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de 
bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização 
judicial e do Comitê: salvo os bens cuja venda faça parte das 
atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória 
da empresa; 
f) publicidade da sentença: ordenará ao Registro Público de Empresas 
que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que 
conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a 
inabilitação inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas 
obrigações; 
g) nomeará o administrador judicial; 
h) busca por bens do falido: determinará a expedição de ofícios aos 
órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a 
existência de bens; 
i) continuação provisória da atividade: pronunciar-se-á a respeito da 
continuação provisória das atividades do falido com o administrador 
judicial ou da lacração dos estabelecimentos; 
j) constituição do Comitê de Credores: determinará, quando entender 
conveniente, a convocação da Assembleia Geral de credores para essa 
constituição, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê 
eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando 
da decretação da falência; 
k) ampla divulgação aos órgãos públicos: intimação doMinistério 
Público e comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de 
todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver 
estabelecimento. 
l) publicação de edital: conterá a íntegra da decisão que decreta a 
falência e a relação de credores. 
 
16. Recursos (art. 100, da Lei n. 11.101, de 2005): 
a) pela denegação da falência: cabe apelação; 
b) pela decretação da falência: cabe agravo de instrumento. 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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17. Habilitação - A partir daqui, quando houver a decretação da falência, são 
aplicáveis as regras comentadas no tópico anterior, relativas à habilitação do 
crédito. A ordem de classificação será estudada em tópico específico. 
 
18. Massa Falida Objetiva e Subjetiva - A doutrina faz a seguinte distinção: 
a) massa falida objetiva: conjunto de bens do falido e do sócio com 
responsabilidade ilimitada arrecadados no processo falimentar, para serem 
vendidos e os recursos serem utilizados para distribuição entre os 
credores. 
b) massa falida subjetiva: conjunto de credores do falido ou do sócio 
ilimitadamente responsável do falido. 
 
19. Efeitos sobre Obrigações e Contratos do Devedor - Vamos ver as consequências 
jurídicas decorrentes da falência: 
a) vencimento antecipado das dívidas do falido e dos sócios 
ilimitada e solidariamente responsáveis (art. 77, da Lei n. 11.101, 
de 2005): deve ser calculado o abatimento proporcional dos juros, já 
que, em alguns casos, a dívida estará vencendo antecipadamente; 
b) conversão de todos os créditos em moeda estrangeira para a 
moeda do País (art. 77, da Lei n. 11.101, de 2005): pelo câmbio do 
dia da decisão judicial; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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c) serão entregues ao administrador todos os bens do falido (art. 
116, inciso I, da Lei n. 11.101, de 2005): exceto os considerados 
impenhoráveis; 
d) será suspenso o exercício do direito de retirada ou de 
recebimento do valor de cotas ou ações (art. 116, inciso II): por 
parte dos sócios da sociedade falida; 
e) sujeita todos os credores do falido e do sócio ilimitadamente 
responsável: às regras da falência (art. 115, da Lei n. 11.101, de 2005); 
f) os contratos firmados pelo falido se tornam ineficazes, salvo, se 
autorizados pelo Comitê: 
i. os contratos bilaterais (art. 117, da Lei n. 11.101, de 2005): 
que podem ser continuados, na medida em que puderem 
gerar mais recursos ou para evitar que sejam causados mais 
prejuízos para a massa falida, ou ainda quando necessários à 
manutenção e preservação de seus ativos; 
ii. os contratos unilaterais (art. 118, da Lei n. 11.101, de 2005): 
que também puderem ser continuados com o propósito de 
evitar maiores prejuízos para a massa falida. 
g) efeitos contratuais especificados pela Lei n. 11.101, de 2005 (art. 
119): 
i. o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas 
ao devedor e ainda em trânsito, se o comprador, antes do 
requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à 
vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues 
ou remetidos pelo vendedor; 
 
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ii. se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador 
judicial resolver não continuar a execução do contrato, 
poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as 
coisas já recebidas, pedindo perdas e danos; 
iii. não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado 
serviço que vendera ou contratara a prestações, e 
resolvendo o administrador judicial não executar o contrato, 
o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe 
própria; 
iv. o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa 
móvel comprada pelo devedor com reserva de domínio do 
vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, 
exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores 
pagos; 
v. tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação 
em bolsa ou mercado, e não se executando o contrato pela 
efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á 
a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época 
da liquidação em bolsa ou mercado; 
vi. na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a 
legislação respectiva; 
vii. a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na 
falência do locatário, o administrador judicial pode, a 
qualquer tempo, denunciar o contrato; 
 
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viii. caso haja acordo para compensação e liquidação de 
obrigações no âmbito do sistema financeiro nacional, nos 
termos da legislação vigente, a parte não falida poderá 
considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese 
em que será liquidado na forma estabelecida em 
regulamento, admitindo-se a compensação de eventual 
crédito que venha a ser apurado em favor do falido com 
créditos detidos pelo contratante; 
ix. os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento 
de destinação específica, obedecerão ao disposto na 
legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e 
obrigações separados dos do falido até o advento do 
respectivo termo ou até o cumprimento de sua finalidade, 
ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a 
favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o 
crédito que contra ela remanescer.”; 
h) mandato conferido pelo devedor, antes da falência, para a 
realização de negócios: cessará seus efeitos com a decretação da 
falência, cabendo ao mandatário prestar contas de sua gestão; 
i) mandato conferido para representação judicial do devedor: 
continua em vigor até que seja expressamente revogado pelo 
administrador judicial; 
j) mandato ou comissão que o falido recebeu antes da falência: 
cessam os efeitos, salvo os que versem sobre matéria estranha à 
atividade empresarial; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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k) contas correntes do devedor: são encerradas no momento de 
decretação da falência, verificando-se o respectivo saldo; 
l) a compensação de dívidas (p. ex., quando o falido for credor e 
devedor ao mesmo tempo de outra pessoa) pode ocorrer sobre as 
dívidas vencidas até o dia da decretação da falência, provenha o 
vencimento da sentença de falência ou não, obedecidos os requisitos 
da legislação civil, salvo as dívidas relacionadas com: 
i. os créditos transferidos após a decretação da falência, 
exceto em caso de sucessão por fusão, incorporação, cisão 
ou morte; 
ii. os créditos, ainda que vencidos anteriormente, transferidos 
quando já conhecido o estado de crise econômico-financeira 
do devedor ou cuja transferência se operou com fraude ou 
dolo. 
j) haveres de participação do falido em sociedade: devem ser 
apurados na forma estabelecida no contrato ou estatuto sócia, ou, se 
o contrato ou o estatuto social nada disciplinar a respeito, a apuração 
far-se-á judicialmente, salvo se, por lei, pelo contrato ou estatuto, a 
sociedade tiver de liquidar-se, caso em que os haveres do falido, 
somente após o pagamento de todo o passivo da sociedade, entrarão 
para a massa falida; 
k) condomínio indivisível de que participe o falido: o bem será 
vendido e deduzir-se-á do valor arrecadado o que for devido aos 
demais condôminos, facultada a estes a compra da parte do falido 
nos termos da melhor proposta obtida; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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l) juros vencidos após a decretação da falência: não são exigíveis 
contra a massa falida, previstos em lei ou em contrato, se o ativo 
apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados, 
salvo os juros das debênturese dos créditos com garantia real, mas 
por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que 
constituem a garantia; 
m) falência do espólio (quando o falido estiver falecido): suspende o 
processo de inventário, cabendo ao administrador judicial a realização 
de atos pendentes em relação aos direitos e obrigações da massa 
falida; 
n) relações patrimoniais não reguladas expressamente nesta Lei: 
cabe ao juiz decidir o caso atendendo aos princípios da unidade, da 
universalidade do concurso e da igualdade de tratamento dos 
credores, observado o disposto no art. 75 da Lei n. 11.101, de 2005; 
o) credor de coobrigados solidários falidos: pode concorrer, em cada 
uma delas, pela totalidade do seu crédito, até recebê-lo por inteiro, 
quando então comunicará ao juízo, salvo se já tiverem sido extintas, 
por sentença, as obrigações do falido (art. 159, da Lei n. 11.101, de 
2005), cabendo o direito de regresso entre os devedores e o dever de 
restituição do excesso pelo credor que receber a mais, na forma dos 
parágrafos do art. 127, da Lei n. 11.101, de 2005; 
p) coobrigados solventes e os garantes do devedor ou dos sócios 
ilimitadamente responsáveis (são os codevedores e os 
garantidores de dívidas dos falidos): podem habilitar o crédito 
correspondente às quantias pagas ou devidas, se o credor não se 
habilitar no prazo legal; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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q) concessionárias de serviços públicos: a decretação da falência 
implica extinção da concessão, na forma da lei (art. 195, da Lei n. 
11.101, de 2005). 
ATENÇÃO: situação de sócios com a falência da sociedade: 
• Sócio com responsabilidade ilimitada: também é 
considerado falido, quando é decretada a falência da 
sociedade (art. 81, § 1o, da Lei n. 11.101, de 2005). 
• Sócio de responsabilidade ilimitada que tenha se retirado 
voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, 
há menos de 2 anos: também são considerados falidos 
quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da 
alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas até 
a data da decretação da falência. 
• Sócio de responsabilidade limitada, dos controladores e 
dos administradores da sociedade falida: não são 
considerados falidos, com a decretação da falência, e sua 
responsabilidade deve ser apurada no próprio juízo da 
falência, independentemente da realização do ativo e da 
prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, observado o 
procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil. 
• Essa ação prescreverá em 2 anos, contados do trânsito em 
julgado da sentença de encerramento da falência, sendo 
que, nela, o juiz poderá, de ofício ou mediante requerimento 
das partes interessadas, ordenar a indisponibilidade de bens 
particulares dos réus, em quantidade compatível com o dano 
provocado, até o julgamento da ação de responsabilização. 
 
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• Essa ação também serve para obrigar o sócio de 
responsabilidade limitada a integralizar as ações que 
subscreveu e não pagou. 
 
20. Restrições e Deveres Impostos ao Falido - A decretação da falência impõe as 
seguintes restrições ao falido (art. 102, da Lei n. 11.101, de 2005): 
a) inabilitação para exercer qualquer atividade empresarial: a partir da 
decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações e, 
caso seja condenado por crime falimentar, essa restrição pode durar por 5 
anos ou até que ocorra a reabilitação penal (§ 1o do art. 181, da Lei n. 
11.101, de 2005); 
b) direito de administrar os seus bens ou deles dispor: a partir da 
decretação da falência ou do sequestro (o sequestro retira da posse do 
devedor os seus bens, como medida acautelatória do juízo falimentar). 
c) fiscalizar a administração da falência: o falido poderá requerer as 
providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens 
arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou 
interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos 
cabíveis. 
20.1. A decretação da falência impõe ao falido a seguinte lista de deveres ao 
falido: “I – assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de 
comparecimento, com a indicação do nome, nacionalidade, estado civil, endereço 
completo do domicílio, devendo ainda declarar, para constar do dito termo: a) as 
causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores; b) 
tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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controladores, diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto 
social e a prova do respectivo registro, bem como suas alterações; c) o nome do 
contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios; d) os mandatos que 
porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço do 
mandatário; e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no 
estabelecimento; f) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato; 
g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em 
andamento em que for autor ou réu; II – depositar em cartório, no ato de 
assinatura do termo de comparecimento, os seus livros obrigatórios, a fim de 
serem entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por termos 
assinados pelo juiz; III – não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem 
motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, 
sob as penas cominadas na lei; IV – comparecer a todos os atos da falência, 
podendo ser representado por procurador, quando não for indispensável sua 
presença; V – entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao 
administrador judicial, indicando-lhe, para serem arrecadados, os bens que 
porventura tenha em poder de terceiros; VI – prestar as informações reclamadas 
pelo juiz, administrador judicial, credor ou Ministério Público sobre circunstâncias 
e fatos que interessem à falência; VII – auxiliar o administrador judicial com zelo e 
presteza; VIII – examinar as habilitações de crédito apresentadas; IX – assistir ao 
levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros; X – manifestar-se 
sempre que for determinado pelo juiz; XI – apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a 
relação de seus credores; XII – examinar e dar parecer sobre as contas do 
administrador judicial.: 
20.2. Crime de desobediência: se o falido faltar com algum dos deveres que a Lei 
n. 11.101, de 2005 lhe impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o 
falido por crime de desobediência. 
 
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21. Ineficácia de Atos Praticados antes da Falência - O termo legal da falência 
serve para fixar a data retroativa a partir da qual são considerados ineficazes os 
atos praticados pelo falido, com ou sem a intenção de fraudar credores. 
ATENÇÃO: para a declaração de ineficácia não é necessário provar a 
intenção de causar dano. 
21.1. Diferentemente é a figura da ação revocatória (a ser comentada mais adiante). 
A ineficácia pode ser declarada de ofício (pelo juiz) ou pode ser alegada 
pelo interessado em ação própria ou incidentalmente no curso de 
processo de falência. 
21.2. Lista de atos ineficazes (art. 129, da Lei n. 11.101, de 2005), salvo se 
estiverem contemplados no plano de recuperação judicial ou 
extrajudicial: 
a) o pagamento de dívidas não vencidas: realizado pelo devedor 
dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de 
crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; 
b) o pagamento de dívidas vencidas e exigíveisrealizado dentro do 
termo legal: por qualquer forma que não seja a prevista pelo 
contrato; 
c) a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, 
dentro do termo legal: tratando-se de dívida contraída 
anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras 
posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor 
da hipoteca revogada; 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
	
	
	
	
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d) venda ou transferência de estabelecimento feita sem o 
consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a 
esse tempo existentes: se não tiver restado ao devedor bens 
suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 dias, 
não houver oposição dos credores, após serem devidamente 
notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e 
documentos. 
21.3. Restante da lista de atos ineficazes (art. 129, da Lei n. 11.101, de 2005): 
a) a prática de atos a título gratuito: desde 2 anos antes da 
decretação da falência (vejam bem que esse prazo ultrapassa o 
termo legal!); 
b) renúncia à herança ou a legado: até 2 anos antes da decretação da 
falência; 
c) registros de direitos reais e de transferência de propriedade 
entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação 
relativa a imóveis realizados após a decretação da falência: salvo 
se tiver havido prenotação anterior. 
 
22. Revogação dos Atos Realizados antes da Falência - Para revogar atos realizado 
antes da falência com o intuito de prejudicar, pode-se usar a ação revocatória 
(art. 130, da Lei n. 11.101, de 2005), desde que se comprove: 
a) a intenção fraudulenta (conluio) entre o devedor e o terceiro; 
b) efetivo prejuízo para a massa falida. 
 
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22.1. Nesse caso, a ação pode ser interposta além do prazo termo legal da 
falência. 
22.2. Quem pode ajuizar ação revocatória: 
a) administrador judicial; 
b) por qualquer credor; ou 
c) pelo Ministério Público, no prazo de 3 (três) anos contado da 
decretação da falência. 
22.3. Não podem ser revogados os seguintes atos previstos e realizados no 
plano de recuperação: 
a) o pagamento de dívidas não vencidas: realizado pelo devedor 
dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de 
crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; 
b) o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do 
termo legal: por qualquer forma que não seja a prevista pelo 
contrato; 
c) a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, 
dentro do termo legal: tratando-se de dívida contraída 
anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras 
posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor 
da hipoteca revogada; 
d) venda ou transferência de estabelecimento feita sem o 
consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a 
esse tempo existentes: se não tiver restado ao devedor bens 
suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 dias, 
 
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não houver oposição dos credores, após serem devidamente 
notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e 
documentos. 
22.4. Ato praticado com base em decisão judicial: pode ser declarado ineficaz ou 
revogado o ato, ainda que praticado com base em decisão judicial, observado 
a lista anterior (art. 131, da Lei n. 11.101, de 2005), e, se for revogado o ato ou 
declarada sua ineficácia, ficará rescindida a sentença que o motivou. 
22.5. A ação revocatória é ajuizável contra: 
a) todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, 
garantidos ou beneficiados; 
b) contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se 
criar o direito, da intenção do devedor de prejudicar os credores; 
c) contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas nas alíneas 
anteriores. 
22.6. Juízo competente e procedimento: o juízo da falência e obedecerá ao 
procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil. 
22.7. Sequestro de bens: o juiz poderá, a requerimento do autor da ação 
revocatória, ordenar, como medida preventiva, na forma da lei processual 
civil, o sequestro dos bens retirados do patrimônio do devedor que estejam 
em poder de terceiros. 
22.8. Sentença: 
a) em relação à massa falida: se for procedente, a ação revocatória 
determinará o retorno dos bens à massa falida em espécie, com 
todos os acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos das perdas e 
danos; 
 
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b) em relação aos contratantes: reconhecida a ineficácia ou julgada 
procedente a ação revocatória, as partes retornarão ao estado 
anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens 
ou valores entregues ao devedor; 
c) terceiro de boa-fé: a qualquer tempo, pode propor ação por perdas e 
danos contra o devedor ou seus garantes. 
d) securitização de créditos do devedor: não será declarada a 
ineficácia ou revogado o ato de cessão em prejuízo dos direitos dos 
portadores de valores mobiliários emitidos pelo securitizador. 
ATENÇÃO: da sentença cabe recurso de apelação (e não agravo!). 
 
23. Arrecadação e Custódia dos Bens: 
a) Arrecadação: é o ato que administrador executa para entrar na posse de 
todos os bens, livros fiscais e documentos do devedor falido e do sócio 
ilimitadamente responsável. Essa providência é consequência do fato de 
que o devedor perde o direito de administrar seus bens e deles dispor (art. 
103, da Lei n. 11.101, de 2005). 
b) Avaliação: feita a arrecadação, deve-se fazer a avaliação dos bens no 
momento do ato, ou em 30 dias contados da apresentação do auto de 
arrecadação. 
c) Bens impenhoráveis: não podem ser arrecadados. 
d) Bens de propriedade alheia: também são arrecadados os bens que 
estiverem na posse do devedor (bens locados, p.ex.), cuja restituição ao 
proprietário deve ser decidida pelo juiz. 
 
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e) Bens do falido em posse alheia: também devem ser arrecadados. 
f) Custódia: os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador 
judicial ou de pessoa por ele escolhida (pode ser depositário o próprio 
falido ou um representante do falido). 
g) Estabelecimento: deve ser lacrado sempre que houver risco para a etapa 
de arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou dos 
interesses dos credores. 
h) Remoção dos bens: os bens poderão ser removidos para melhor guarda 
ou conservação, permanecendo sob a responsabilidade do administrador 
judicial, mediante compromisso. 
i) Auxílio policial: pode ser requerido quando houver algum tipo de 
resistência para o procedimento de arrecadação, inclusive para 
arrombamentos, p. ex. 
j) Ocultação de bens: constitui crime (art. 173, da Lei n. 11.101, de 2005). 
k) Destruição ou ocultação de documentos contábeis: constitui crime de 
fraude a credores (art. 168, da Lei n. 11.101, de 2005). 
l) Auto de arrecadação: o administrador deve relacionar os bens 
arrecadados em inventário e laudo de avaliação dos bens. 
m) Exibição de certidões de imóveis: em 15 dias, após a arrecadação, que já 
deverão conter todas as anotações devidas em relação à falência. 
n) Locação: o administrador pode, com autorização do Comitê, alugar ou 
celebrar outro contrato referente aos bens da massa falida, com o objetivo 
de produzir renda. Essa locação não pode gerar ao locatário o direito de 
preferência na compra) e o bem locado pode ser alienado, a qualquer 
 
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tempo, sem direito a multa, salvo

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