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Resenha Cap IV - Pobreza como privação de capacidades

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Resenha
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade, S. Paulo: Cia. das Letras, 2000 (Cap.IV- Pobreza como privação de capacidades).
Economista e filósofo indiano, formado na Universidade de Cambridge, onde hoje é reitor, Amartya Sen contribuiu imensamente para estabelecer uma nova compreensão acerca de conceitos tais como miséria, pobreza, fome e bem-estar social, sendo premiado, por tais contribuições, com o prêmio Nobel de 1998. Nascido em Santiniketan em 1933, é autor também de, entre outras importantes obras, “Desenvolvimento como Liberdade” e “Sobre Ética e Economia”.
Sen começa o capitulo fazendo uma afirmação interessante, “(...) a pobreza deve ser vista como privação de capacidades básicas em vez de meramente como baixo nível de renda”. Isso nos faz pensar já que o nível de renda é o critério tradicionalmente usado para identificação e classificação da pobreza. Dizendo isso ele não está querendo negar a relação da renda baixa com a pobreza, mas sim nos alertar que essa não é a única e exclusiva causa da mesma.
O autor destaca os seguintes argumentos, do seu ponto de vista, em favor da abordagem da pobreza como privação de capacidades, são eles 1) concentra-se em privações que são intrinsicamente importantes; 2) existem outras influências sobre a privação de capacidades além da renda; 3) a relação instrumental entre baixa renda e baixa capacidade é variável entre comunidades e até mesmo entre famílias e indivíduos. 
O terceiro ponto é mais amplamente discutido e nessa discussão Sen discorre sobre as variações que existem entre os indivíduos que podem afetar de forma direta e indireta a sua “pobreza”. No que se refere a essas variações ele destaca:
A relação entre renda e capacidade, que seria afetada pela idade da pessoa, pelos papéis sexuais e sociais, pela localização, pelas condições epidemiológicas e por outras variações sobre as quais a pessoa pode não ter controle ou ter um controle apenas limitado;
A possibilidade de um certo “acoplamento” de desvantagens entre privação de renda e adversidade na transformação de renda em funcionamentos, sendo que desvantagens como idade, incapacidade ou doença reduzem as chances do indivíduo para adquirir renda, tornando mais difícil converter renda em capacidade;
A distribuição dentro da família traz complicações adicionais na abordagem da pobreza baseada na renda, pois se ela é usada de forma desproporcional para favorecer os interesses de alguns membros da família em detrimento de outros o grau de privação dos membros negligenciados pode não se refletir adequadamente pela renda familiar. Um exemplo disso, que é dado no texto, é a preferência das famílias em favorecer os meninos em detrimento das meninas, prática muito comum em regiões da Ásia e África.
A privação relativa de renda pode resultar em privação absoluta de capacidades, pois segundo o autor há dificuldades que alguns grupos de pessoas, que são relativamente pobres, mas em pais ricos, enfrentam para “participar da vida da comunidade”. Um exemplo disso é a pressão, que a sociedade exerce, para se ter os equipamentos eletrônicos mais modernos porque assim você será mais feliz, mais “descolado”, você será notado e reconhecido como alguém na sociedade.
Sen fala que embora seja importante distinguir o conceito de noção de pobreza como inadequação de capacidade da noção de pobreza como baixo nível de renda, essas duas perspectivas estão fortemente ligadas, uma vez que a renda é um meio importantíssimo de obter capacidades. Ele também fala que quanto mais inclusivo for o alcance da educação básica e dos serviços de saúde, maior será a probabilidade de que mesmo os potencialmente pobres tenham uma chance maior de sair da pobreza. 
No texto ele cita seu trabalho recente na Índia com Jean Dréze examinando reformas econômicas. Ele fala que essas reformas abriram importantes oportunidades econômicas ao povo indiano. É citado também o desenvolvimento humano no país e que ele é bastante diversificado de região para região.
Após uma discussão sobre a diversidade do desenvolvimento na Índia Sen fala que embora seja importante ressaltar as relações entre pobreza de renda e pobreza de capacidades, torna-se também importante considerar que a redução da pobreza de renda não pode, em si, ser a motivação suprema de políticas de combate à pobreza. Para ele é um perigo ver a pobreza pela perspectiva limitada da privação de renda e a partir daí justificar investimentos em educação, serviços de saúde etc. com o argumento de que são bons para atingir o fim da pobreza de renda. Fazer isso seria um erro terrível, pois seria confundir os fins com os meios. 
Na parte Desemprego e privação de capacidades, Sen faz uma comparação entre como o desemprego é tratado nos EUA e na Europa. Na Europa a taxa desemprego atingi casas de dois dígitos, mas é compensada com auxilio-renda dado pelo governo e também assim como no Brasil a saúde é considerada um direito do cidadão por isso há investimento do governo na saúde pública o que melhora a vida dos indivíduos desses países mesmo uma grande parte estando desempregada. Diferente dos EUA que considera uma taxa de desemprego de dois dígitos inaceitável e onde a saúde das pessoas é de responsabilidade delas mesma não havendo assim um sistema público de saúde para atender as necessidades de toda a população.
Ao longo do capitulo Sen ainda fala sobre a natureza da privação na Índia e na África subsaariana através de uma comparação entre morte prematura, subnutrição e analfabetismo nessas regiões. Uma informação espantosa que é apresentada nessa parte é que tanto da Índia quanto na África subsaariana, de cada dois adultos um é analfabeto.
Há também uma discussão sobre desigualdade entre os sexos e mulheres faltantes. Sen novamente discorre sobre o assunto utilizando comparações, mas dessa vez entre países de primeiro mundo (Reino Unido, França, EUA) com países de terceiro mundo, especialmente da Ásia e África (Egito, Bangladesh, Índia, Paquistão).
O autor fala sobre um termo interessante nessa parte do capitulo, que é mulheres faltantes. Com o decorrer da discussão Sen explica que mulheres faltantes são aquelas mulheres que deveriam existir, mas que por algum motivo de relativa negligência com a saúde e a nutrição femininas, especialmente durante a infância, deixaram de “existir”.
Esse capitulo da obra de Sen é bastante interessante, pois ajuda a desfazer a ideia de que pobreza esta somente ligada a baixa renda. Ele também amplia nossa visão das possíveis causas desse mal que é a pobreza e nos faz pensar na pobreza não somente do nosso país, mas também de outros países e no que ela pode trazer de prejuízos para o indivíduo e para a sociedade.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO: BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNLÓGICAS
CAMPUS: CRUZ DAS ALMAS
RESENHA CRÍTICA
Cruz das Almas-BA
2017.1
Fernando de Souza Bonsucesso
RESENHA CRÍTICA
Desenvolvimento como liberdade 
Capítulo IV – Pobreza como privação de capacitação
Trabalho solicitado a UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como requisito para a aprovação parcial na disciplina de Fundamentos de Filosofia. Turma T02 – Quinta-feira, 8:00hrs.
 
 Orientador (a): Maria Nilza de Jesus.
	
Cruz das Almas – BA
2017.1

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