Buscar

2-erradicacao-da-pobreza

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO 
Programa de Pós-Graduação em Administração e Programa de Pós-Graduação em 
Economia FEA/PUC-SP 
 
 
 
 
SUSTENTABILIDADE 
 
 
 
 
 
ODS 1 
 
 ERRADICAÇÃO DA POBREZA 
 
 
 
 
 
 
Disciplina Sustentabilidade 1s 2019 
Turma: ADM-NB9 
Prof. Dr. Arnoldo José de Hoyos Guevara 
 
 
Cláudia Menezes, Gabriella Borges, Kerolayne Costa 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2019 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
CAPÍTULO 1. O QUE É A ODS SOBRE A ERRADICAÇÃO DA POBREZA .. 3 
1 - O Que é Pobreza? ................................................................................................... 4 
1.1 - A Erradicação da Pobreza no Brasil ................................................................. 6 
1.1.2 - Objetivos da ONU ........................................................................................... 7 
1.1.2.1 - Objetivos das ODS ......................................................................................... 9 
1.2 - Práticas que Estão Contribuindo para a Aproximação da Erradicação ........ 13 
1.2.1 - Projetos Feitos no Brasil .................................................................................. 16 
1.2.1.1 - Desafio para 2030 .......................................................................................... 17 
1.2.2 - Projetos pelo Mundo ........................................................................................ 17 
CAPÍTULO 2. A ERRADICAÇÃO DA POBREZA COM A SOCIEDADE ........ 19 
2 - Como a Sociedade é Influenciada ......................................................................... 19 
2.1 - O Papel da Sociedade na Erradicação da Pobreza .......................................... 22 
2.2 – Como a Pobreza Excluem Crianças e Adolescentes ......................................... 26 
2.2.1 - De Menores de Idade para Sujeitos de Direito .............................................. 28 
2.2.2 – Escola: Solução ou Reprodução? ................................................................... 29 
2.2.3 - Papel da Desigualdade como Influenciador para Fome ............................... 31 
2.3 - As Responsabilidades do Estado ........................................................................ 31 
CAPÍTULO 3. FORMAS DE CONSCIENTIZAR O CIDADÃO ......................... 34 
3 - Cidadania e Direitos Humanos em Prol da Erradicação .................................. 35 
3.1 - Como Influenciam as Pessoas ........................................................................... 38 
3.2 - Contribuição Individual do Cidadão Auxilia a Sociedade ............................. 43 
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 48 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
Segundo os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), erradicação da pobreza é 
a primeira das ODS, Objetivo de Desenvolvimento Sustentável. Sendo que, as ODS são 
compostas de 17 de objetivos e 169 metas a serem atingidas até 2030 pelos países membro da 
ONU. 
 E o princípio desta ODS, baseia-se em “reduzir pelo menos à metade, até 2030, a 
proporção de homens, mulheres e crianças que vivem na pobreza extrema, em todas as suas 
dimensões” (NAÇÕES UNIDAS, 2016). 
 Embora, o objetivo da 1ª ODS ser amplo, se faz necessária à contextualização, isto é, 
adaptar se à realidade local. Pois, o cenário é diferente em cada uma das áreas analisadas. Por 
exemplo, o Brasil tem uma estrutura que se diferencia de países da Europa, cujo 
desenvolvimento, geralmente, é mais perceptível. 
 Além do mais, a erradicação da pobreza está alinhada a outras esferas, como a 
diminuição da desigualdade social, ou seja, o esforço global para erradicar a pobreza deve estar 
relacionado com a questão social. 
 
CAPÍTULO 1. O QUE É A ODS SOBRE A ERRADICAÇÃO DA POBREZA 
Na última década, mais de 36 milhões de pessoas deixaram a pobreza crônica e 
multidimensional no Brasil, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate 
à Fome (MDS). Em 2005, aproximadamente 7% da população não tinha acesso adequado à 
saúde, educação, habitação e bens e serviços essenciais. Em 2014, esse número caiu para 1%. 
A erradicação da pobreza, deve se correlacionar a outros princípios, tais como: 
crescimento econômico e a sustentabilidade, que forma um tripé para construção de um planeta 
mais sustentável, dentro da agenda 2030. E para o cumprimento dos Objetivos Globais e a 
erradicação da pobreza, a participação de governos, setor privado, academia e sociedade civil 
são fundamentais (NAÇÕES UNIDAS, 2016). 
Em outras palavras, a pobreza está associada a desigualdades e, para alcançar um nível 
sustentável de desenvolvimento, é essencial trabalhar com esses dois conceitos de forma 
integrada (BURSTYN, 2016). 
 As ações para erradicar as pobrezas são diversas, e, podemos destacar uma que foi 
implantado no Brasil, o Bolsa Família; programa de proteção social que visa a transferência de 
renda. Mas, este programa precisa estar alinhado a outras questões de cunho social. 
 
 
 
4 
 
1 - O Que é Pobreza? 
Para Chambers (2006), a construção do significado do conceito de pobreza depende de 
três fatores: quem efetua a pergunta, como esta é entendida e, por fim, como esta é respondida. 
Desta forma, pode-se considerar que a definição de pobreza é nebulosa, relativa e complexa. 
Sobretudo, trata-se de um conceito em construção, cujos pressupostos diferem de acordo com 
os valores e princípios sociais compartilhados (AZEVEDO; BURLANDY, 2010). Rocha 
(2006) corrobora o entendimento de que a pobreza é um fenômeno complexo, contudo a 
conceitua como uma situação na qual as necessidades dos indivíduos não são atendidas de 
forma adequada. Assim, diz-se que a definição de pobreza está associada à análise do padrão 
de vida dos indivíduos e na forma como suas demandas são atendidas frente a determinado 
contexto socioeconômico. 
 Vale destacar que as múltiplas abordagens da pobreza contemplam conceitos 
monetários, não monetários e sociais, incluindo direitos, representatividade e liberdade dos 
indivíduos. É necessário conhecer o aspecto sistêmico destes conceitos para que se possam 
compreender as perspectivas plurais desenvolvidas por pesquisadores e suas consequentes 
divergências, especialmente no que tange aos esforços em mensuração dos graus de pobreza de 
uma sociedade (SEN, 2010). Townsend (2006) salienta que, desde a década de 1880, três 
concepções alternativas de pobreza têm evoluído como base para o trabalho internacional e 
comparativo. Estas concepções embasam-se principalmente nas ideias de subsistência, 
necessidades básicas e privação relativa. 
 Vale destacar que as múltiplas abordagens da pobreza contemplam conceitos 
monetários, não-monetários e sociais, incluindo direitos, representatividade e liberdade dos 
indivíduos. É necessário conhecer o aspecto sistêmico destes conceitos para que se possa 
compreender as perspectivas plurais desenvolvidas por pesquisadores e suas consequentes 
divergências, especialmente no que tange aos esforços em mensuração dos graus de pobreza de 
uma sociedade (SEN, 2010). Townsend (2006) salienta que, desde a década de 1880, três 
concepções alternativas de pobreza têm evoluído como base para o trabalho internacional e 
comparativo. Estas concepções embasam-se principalmente nas ideias de subsistência, 
necessidades básicas e privação relativa. 
 Vale destacar que as múltiplas abordagens da pobreza contemplam conceitos 
monetários, não-monetários e sociais, incluindo direitos, representatividade e liberdade dos 
indivíduos. É necessário conhecer o aspecto sistêmico destesconceitos para que se possa 
compreender as perspectivas plurais desenvolvidas por pesquisadores e suas consequentes 
divergências, especialmente no que tange aos esforços em mensuração dos graus de pobreza de 
 
 
5 
 
uma sociedade (SEN, 2010). Townsend (2006) salienta que, desde a década de 1880, três 
concepções alternativas de pobreza têm evoluído como base para o trabalho internacional e 
comparativo. Estas concepções embasam-se principalmente nas ideias de subsistência, 
necessidades básicas e privação relativa. 
 O conceito de necessidades básicas desempenhou um papel proeminente nos planos 
nacionais de desenvolvimento promovidos pela comunidade internacional, especialmente os 
agenciados pela Organização das Nações Unidas. Outrossim, é a partir desta perspectiva que se 
explicita o caráter multidimensional da vida humana e do próprio fenômeno da pobreza. Da 
mesma forma, é sob esta mesma concepção que se asseveram as indagações sobre como 
proceder com a eleição de quais são as necessidades básicas de cada sociedade, considerando 
suas especificidades, já que estas variam de uma localidade para outra (AZEVEDO; 
BURLANDY, 2010). 
 Ao final do século XX, uma terceira conceptualização da pobreza foi desenvolvida, a 
saber, a de privação relativa. O termo relatividade aplica-se tanto à privação da renda quanto à 
privação de outros recursos materiais e de acesso aos serviços sociais. Como resultado desta 
abordagem, pobres são os indivíduos desprovidos de renda e de outros tipos de recursos, que 
permitem com que tenham uma condição de vida adequada. Portanto, incluem-se na análise as 
condições necessárias para que os indivíduos participem das atividades da vida em sociedade, 
cumpram suas obrigações e estabeleçam relações sociais (TOWNSEND, 1979; 2006). 
 Ressalta-se que a noção de pobreza relativa é estabelecida em consonância ao contexto 
social dos indivíduos, ponderando-se o padrão de vida e a maneira como suas diversas 
necessidades são contempladas em uma dada realidade socioeconômica. Desse modo, a pobreza 
relativa é estabelecida por comparação: o fenômeno é entendido como um estado de carência 
relativamente a outras situações sociais com que é confrontado (CODES, 2008). Rocha (2006) 
elucida que o exercício da definição da pobreza relativa está diretamente relacionado ao ato de 
delimitar um conjunto de indivíduos “relativamente pobres” em sociedades onde o mínimo vital 
já é garantido a todos. Portanto, a pobreza relativa vincula-se frequentemente ao grau de 
distribuição de renda e costumes de determinada localidade. Como exemplo da definição de 
linha de pobreza relativa, cita-se o parâmetro estabelecido pelos países da Organização de 
Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para OCDE, a linha de pobreza é 
calculada através do critério “50% do valor da mediana da renda per capita”. Dessa forma, a 
quantidade de pobres existente em determinada sociedade está sempre associada à distribuição 
de renda do próprio país. 
 
 
6 
 
 Codes (2008) evidência que a formulação do significado da pobreza relativa é 
consequência do reconhecimento, por parte dos pesquisadores, da interdependência entre o 
fenômeno da pobreza e as estruturas social e institucional vigentes. Esta mudança de 
perspectiva traduz-se na consideração de um maior conjunto de indicadores observáveis de 
privações sociais e materiais, além da avaliação da relação entre as distintas privações ao longo 
do tempo e sob as condições territoriais influentes sobre o fenômeno. 
O enfoque da privação relativa evoluiu substancialmente com as contribuições do 
indiano Amartya Sen, vencedor do prêmio Nobel de Economia no ano de 1999. Sua abordagem 
introduz variáveis amplas e de múltiplas origens, chamando a atenção para o fato de que as 
pessoas podem sofrer privações em diversas esferas da vida. Sob esta concepção, ser pobre não 
implica apresentar somente privação material ou privação de renda, mas também privações no 
tocante ao posicionamento como cidadãos na sociedade (CRESPO; GUROVITZ, 2002). Nas 
próximas subseções, discute-se com maior propriedade a noção de pobreza desenvolvida por 
Amartya Sen e os desafios de operacionalização deste conceito multidimensional e plural. 
 
 
Figura 1. Variação Regional – Percentagem de Pessoas Empregadas 
Fonte: OIT 2008 
 
1.1 - A Erradicação da Pobreza no Brasil 
“O Brasil inovou em proteção social associada à redução da pobreza, ao inserir um 
imenso contingente de pessoas na política de transferência de renda, como é o caso do Bolsa 
Família. Foi seguido por vários países e, sem dúvida, promoveu-se uma formidável redução da 
pobreza extrema, ainda que não tenha sido reduzida a desigualdade. Os Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável abrem uma oportunidade para integrar as três dimensões do 
 
 
7 
 
desenvolvimento: proteger a economia, as pessoas e o ambiente de forma sinérgica” 
(BURSTYN, 2016). 
 No setor privado, o desenvolvimento de projetos inclusivos, focados no empoderamento 
dos trabalhadores e das regiões afetadas pelas atividades das empresas, contribui para a 
erradicação da pobreza. Um exemplo é o desenvolvimento de cisternas de plástico, pela 
Braskem, para levar água aos habitantes do semiárido nordestino. Aproximadamente cinco 
milhões de habitantes possuem, agora, acesso à água de qualidade para o consumo. 
 “Além do investimento e geração de empregos diretos e indiretos, o fortalecimento do 
uso da mão de obra local colabora com o ODS da erradicação da pobreza. Com a oferta de 
soluções de produtos e serviços, apoiamos o desenvolvimento da sociedade, como foi o caso 
das cisternas no semiárido. Na área de investimento social, com o projeto Ser+ realizador, 
apoiamos a inclusão de mais de três mil catadores de recicláveis, apoiando a gestão e 
fomentando as melhorias das instalações das cooperativas, o que gerou o aumento da renda”, 
afirma o diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, Jorge Soto. 
 
1.1.2 - Objetivos da ONU 
 Como já mencionado anteriormente, a erradicação da pobreza está na Agenda 2030, que 
é um documento que objetiva orientar as nações do planeta rumo ao desenvolvimento 
sustentável, além de erradicar a pobreza extrema e reforçar a paz mundial. Para que isso 
aconteça, são sugeridos diversos programas e ações a serem desenvolvidos pelos países 
membros da Organização das Nações Unidas (ONU), no período de 2016 a 2030. 
 Na 1º ODS, o objetivo principal é "Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em 
todos os lugares", mas há um detalhamento de como alcançar esta ODS, por meio de algumas 
resoluções, são elas: 
 Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, 
atualmente há pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia; 
 Até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de 
todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas dimensões, de acordo com as 
definições nacionais; 
 Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados, para 
todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a cobertura substancial dos pobres e 
vulneráveis; 
 Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os pobres e 
vulneráveis, tenham direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a 
 
 
8 
 
serviços básicos, propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, 
herança, recursos naturais, novas tecnologias apropriadas e serviços financeiros, 
incluindo micro finanças; 
 Até 2030, construir a resiliência dos pobres e daqueles em situação de vulnerabilidade, 
e reduzir a exposição e vulnerabilidade destes a eventos extremos relacionados com o 
clima e outros choques e desastres econômicos, sociais e ambientais; 
 Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de 
fontes, inclusive por meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento,para proporcionar meios adequados e previsíveis para que os países em 
desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, implementem 
programas e políticas para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões; 
 Criar marcos políticos sólidos em níveis nacional, regional e internacional, com 
base em estratégias de desenvolvimento a favor dos pobres e sensíveis a gênero, 
para apoiar investimentos acelerados nas ações de erradicação da pobreza. 
(NAÇÕES UNIDAS, 2015) 
 
Figura 2. Objetivos da ONU 
Fonte: Associação Brasileira de Municípios (ABM) 
 
 Ademais, a pobreza gera impactos de longo prazo, por exemplo, segundo relatório da 
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ODCE), apontou que uma 
criança brasileira pobre levaria nove gerações para atingir renda média. Por isso, é essencial 
que tenhamos um olhar sistêmico para o problema (RIBEIRO, 2018). 
 Um dos princípios colocados pela Agenda 2030 é que ninguém seja deixado para trás. 
Isso exige um cuidado muito específico com as regiões do país que apresentam os piores 
indicadores, uma vez que melhorar a média nacional não será suficiente. 
 
 
9 
 
 Em outras palavras, se faz necessário uma análise regional da pobreza, isto é, entender 
as particularidades de cada região do país. Por exemplo, as regiões norte e nordeste 
historicamente "sofrem" de maneira mais intensa com a pobreza, e, por conseguinte, a 
desigualdade. 
 De acordo com o relatório dos resultados dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio 
(ODM), divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil 
foi um dos países que mais contribuíram para o alcance da meta proposta pelo primeiro dos oito 
objetivos da ONU até 2015: acabar com a pobreza extrema e com a fome (RIBEIRO, 2018). 
 Conforme publicação da Fundação Abrinq, enquanto o mundo conseguiu reduzir a 
pobreza extrema pela metade – de 47%, em 1990, para 22%, em 2012 – o Brasil, no mesmo 
período, erradicou a fome e fez com que a população extremamente pobre do país caísse de 
25,5%, em 1990, para 3,5%, em 2012. No ano de 2015, quase 14 milhões de famílias estavam 
inscritas no Programa Bolsa Família (RIBEIRO, 2018). 
 
 
Figura 3. Brasil: projeção de pobres em 2016 (em milhão) 
Fonte: IBGE – PNAD (Elaboração Ipea) 
 
Segundo gráfico do IBGE, a projeção de pobres em 2016 gerou um saldo negativo, em 
relação a 2008. Isto é, a pobreza, em números absolutos, está diminuindo gradativamente, 
porém, se faz necessário uma ação de natureza holística com as demais ODS. 
Ou seja, a erradicação da pobreza deve estar engajada com a questão social, a desigualdade. 
Em outras palavras, a transferência de renda não deve ser uma ação isolada e, sim, em 
consonância com o tripé, supracitado, crescimento econômico e a sustentabilidade. 
 
1.1.2.1 - Objetivos das ODS 
 Para explicitar a importância da ODS tratada nesse trabalho é importante inseri-la em 
um contexto, pois junto com a elaboração desta meta no dia 25 de setembro, durante a 
https://nacoesunidas.org/?post_type=post&s=Objetivos+de+Desenvolvimento+do+Mil%C3%AAnio+%28ODM%29+
https://nacoesunidas.org/?post_type=post&s=Objetivos+de+Desenvolvimento+do+Mil%C3%AAnio+%28ODM%29+
 
 
10 
 
Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), seus 193 Estados membros 
aprovaram, por unanimidade, uma nova agenda global para os próximos quinze anos, baseada 
em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), subdivididos em 169 metas concretas 
que serão monitoradas por 300 indicadores. Os ODS foram traçados de forma abrangente, a 
partir da participação de diversos stakeholders e consultas em mais de 100 países, o que lhes 
confere uma legitimidade e amplitude sem precedentes. Para se ter uma ideia, mais de 8,5 
milhões de pessoas foram ouvidas pelas Nações Unidas, presencialmente ou via web. 
 1. Erradicação da pobreza: Erradicar a pobreza em todas as suas formas segue sendo 
um dos principais desafios que enfrenta a humanidade. Enquanto o número de pessoas 
vivendo em extrema pobreza caiu mais da metade em 1990 e 2015 – de 1.9 bilhão para 
836 milhões –, muitos ainda sofrem para satisfazer necessidades básicas. 
Em nível mundial, mais de 800 milhões de pessoas ainda vivem com menos de 
U$ 1,25 por dia, muitos carecem de acesso a alimentos, água potável e saneamento 
adequado. O crescimento econômico acelerado de países como China e Índia 
tiraram milhões de pessoas da pobreza, mas o progresso tem sido desigual. Mulheres 
estão mais sujeitas a viverem na pobreza do que os homens, devido a falta de 
acesso a trabalhos remunerados, educação e prosperidade. 
O progresso também foi limitado em outras regiões, como o Sul da Ásia e a 
África subsaariana, que são responsáveis por 80 por cento das pessoas que vivem em 
pobreza extrema. Novas ameaças que são resultados da mudança do clima, conflitos e 
insegurança alimentar significam que mais trabalho é necessário para tirar as pessoas da 
pobreza. 
Os ODS são um comprometimento ousado para finalizarmos o que começamos 
e acabar com a pobreza em todas as suas formas e dimensões até 2030. Isso envolve 
focar-nos mais vulneráveis, aumentar o acesso básico a serviços e apoiar comunidades 
afetadas por conflitos e desastres relacionados ao clima. 
 2. Fome Zero e agricultura sustentável: Essa ODS tem a meta de acabar com todas 
as formas de fome e a má-nutrição até 2030, garantindo que todas as pessoas – 
especialmente as crianças – tenham acesso suficiente a comidas nutritivas durante todo 
o ano. Isso envolve promover práticas agrícolas sustentáveis, apoiar pequenos 
agricultores e garantir acesso igualitário à terras, tecnologia e mercados. Também requer 
cooperação internacional para garantir investimentos em infraestrutura para apoiar a 
produção agrícola. Junto com outros objetivos, podemos acabar com a fome em 2030. 
 
 
11 
 
 3. Saúde e bem-estar: Apesar do incrível progresso, mais de seis milhões de crianças 
continuam morrendo, anualmente, antes de completarem o quinto aniversário. Essas 
mortes podem ser evitadas por meio da prevenção e do tratamento, educação, 
campanhas de imunização e cuidados de reprodução sexual. Os Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável estabelecem um comprometimento ousado para acabar 
com a epidemia de AIDS, tuberculose, malária e outras doenças transmissíveis até 2030. 
O foco é alcançar o acesso universal à saúde, fornecer acesso a medicamentos 
acessíveis e de qualidades e vacina para todas e todos. Apoiar a pesquisa e o 
desenvolvimento de vacinas é parte essencial desse processo. 
 4. Educação de qualidade: Alcançar a educação de qualidade e inclusiva para todas e 
todos reafirma a crença de que a educação é a mais poderosa ferramenta para o 
desenvolvimento sustentável. Esse objetivo garante que meninas e meninos completem, 
gratuitamente, as escolas primária e secundária até 2030. Também oferece acesso 
igualitário e a baixo custo para formação profissional para eliminar a disparidade de 
riquezas, e alcançar o acesso universal para uma educação de qualidade. 
 5. Igualdade de gênero: Os ODS buscam ampliar os alcances já feitos para garantir 
que acabe a discriminação com mulheres e meninas em todas as partes. Ainda há 
grandes desigualdades no mercado de trabalho em algumas regiões, sendo negado, 
frequentemente, o direto às mulheres do igual acesso aos trabalhos. Violência e 
exploração sexual, a divisão desigual sobre as obrigações domésticas e a discriminação 
pública continua como grandes barreiras a serem vencidas. 
 6. Água potável e saneamento: Garantir o acesso universal e seguro à água potável até 
2030 requer investimento em infraestrutura adequada, acesso a saneamento e fomentar 
a higiene em todos os níveis. Proteger e recuperar ecossistemas que vivem dependem 
da água como florestas, montanhas, pântanos e rios é essencial se nós queremos mitigar 
a escassez de água. Uma maior cooperação internacionaltambém é necessária para 
fomentar e apoiar o uso correto da água por meio do tratamento adequado, com a 
colaboração da tecnologia, em países em desenvolvimento. 
 7. Energia acessível e limpa: Garantir o acesso universal à energia e a um preço justo 
até 2030 significa investir em fontes de energia limpa, como a energia solar, eólica e 
térmica. Adotar padrões de custos sustentáveis para uma vasta gama de tecnologia 
também pode reduzir o consumo global de energia em 14 por cento. Isso significa 1300 
centrais elétricas a menos no planeta. Expandir a infraestrutura e modernizar a 
 
 
12 
 
tecnologia para fornecer energia limpa em todos os países em desenvolvimento é um 
objetivo crucial para que o crescimento econômico colabore com o meio ambiente. 
 8. Trabalho descente e crescimento econômico: Os ODS promovem o crescimento 
econômico sustentável, maiores níveis de produção e a inovação tecnológica. O 
empreendedorismo será fundamental para criarmos vagas de trabalho, assim como 
medidas efetivas para erradicar o trabalho forçado, a escravidão e o tráfico de humanos. 
Com essa perspectiva, o objetivo é alcançar o pleno emprego e o trabalho decente para 
todas as mulheres e homens até 2030. 
 9. Industria, inovação e infraestrutura: O progresso tecnológico é chave para 
encontrarmos soluções definitivas para desafios econômicos e ambientais, assim como 
gerar novos empregos e promover a eficiência energética. Promover indústrias 
sustentáveis e investir em pesquisa científica e inovação são formas importantes de 
facilitar o desenvolvimento sustentável. 
 10. Redução das desigualdades: A desigualdade de renda é um problema global e 
requer soluções globais. Isso envolve melhorar a regulação e monitorar os mercados 
financeiros e as instituições, encorajando a assistência ao desenvolvimento e o 
investimento internacional direto em regiões mais necessitadas. Facilitar a migração 
segura e a mobilidade de pessoas também é chave para diminuir as desigualdades. 
 11. Cidades e comunidades sustentáveis: A pobreza extrema é frequentemente 
concentrada em espaços urbanos e governos nacionais e locais sofrem para acomodar a 
população crescente nessas áreas. Tornar as cidades mais seguras e sustentáveis 
significa garantir o acesso a moradias adequadas e a preços acessíveis e melhorar a 
qualidade de áreas degradadas, principalmente das favelas. Também envolve 
investimento em transporte público, criação de espaços verdes e melhoria no 
planejamento urbano e no gerenciamento de forma participativa e inclusiva. 
 12. Consumo e redução sustentável: O gerenciamento eficiente dos nossos recursos 
naturais compartilhados, e a forma que nós descartamos lixo tóxico e poluentes, são 
importantes metas para alcançarmos esses objetivos. Estimular indústrias, setor privado 
e consumidores a reciclar e reduzir o desperdício é igualmente importante, assim como 
apoiar os países em desenvolvimento a alcançarem uma economia de baixo consumo 
até 2030. 
 13. Ação contra a mudança global do clima: Ajudar regiões mais vulneráveis, assim 
como países sem saída para o mar, países menos desenvolvidos e pequenas ilhas em 
desenvolvimento, a se adaptarem à mudança do clima deve ser compromisso 
 
 
13 
 
fundamental nos esforços para integrar políticas de redução de desastres em estratégias 
nacionais. Isso ainda é possível, com coordenação política e apoio da tecnologia, para 
limitar o aumento da temperatura global do planeta em até 2º Celsius até 2050. E isso 
requer ações coletivas urgentes. 
 14. Vida na água: Os ODS garantem o gerenciamento sustentável e a proteção dos 
ecossistemas marinhos e costeiros, assim como combater os impactos da acidificação 
dos oceanos. Intensificar a conservação e o uso dos recursos marítimos por meio de leis 
internacionais também irá colaborar com a mitigação dos desafios para termos oceanos 
limpos e sustentáveis. 
 15. Vida terrestre: Os ODS buscam conservar e restaurar o uso do ecossistema 
terrestre, como das florestas, pântanos, zonas secas e montanhas até 2020. Deter o 
desmatamento também é vital para mitigar o impacto da mudança do clima. Ações 
urgentes precisam ser tomadas para reduzir a perda de ambientes naturais e 
biodiversidade, que são parte do nosso patrimônio comum. 
 16. Paz, Justiça e instituições eficazes: Os ODS buscam reduzir significativamente 
todas as formas de violência e trabalhar com governos e comunidades para encontrar 
soluções duradouras para conflitos e insegurança. Fortalecer o estado de direito e a 
promoção dos direitos humano é essencial para esse processo, assim como reduzir o 
tráfico de armas ilícitas e fortalecer a participação de países em desenvolvimento em 
instituições de governança global. 
 17. Parceria e meios de implementação: Os ODS buscam aprimorar a cooperação 
Norte-Sul e Sul-Sul com o apoio a planos nacionais para o alcance de todos os 
Objetivos. Promover o comércio internacional e ajudar países em desenvolvimento a 
aumentar suas exportações é parte essencial para alcançarmos um sistema universal de 
comércio que seja justo e aberto para todos. 
 
1.2 - Práticas que Estão Contribuindo para a Aproximação da Erradicação 
 O objetivo da ONU é reduzir até a metade de 2030 a porção de homens e mulheres que 
vivem na extrema pobreza. De acordo com as realidades nacionais, cada país deverá assumir o 
compromisso de cumprir a meta e colaborar com o desenvolvimento local. 
 No Brasil, o tema faz parte da agenda de trabalho de diversos segmentos: governo, setor 
privado, academia e sociedade civil organizada. Na última década, mais de 36 milhões de 
pessoas deixaram a pobreza crônica e multidimensional no Brasil, de acordo com o Ministério 
de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Em 2005, aproximadamente 7% da 
 
 
14 
 
população não tinha acesso adequado à saúde, educação, habitação e bens e serviços essenciais. 
Em 2014, esse número caiu para 1%. 
Com o propósito de avançar em seu principal objetivo a ONU decidiu que para a conquista tão 
sonhada foi necessário não tratar a pobreza como um fenômeno natural. 
 A ONU acredita que o Estado tem um papel fundamental para a conquista dessa meta 
não só aportando ações como a construção de um piso social, como é o caso da Bolsa Família 
o Brasil. 
 A ODS 1 estabelece que a mobilização significativa de recursos a partir de uma 
variedade de fontes, incluindo a cooperação para o desenvolvimento, é essencial ao 
cumprimento das metas. Outro foco é a construção da resiliência dos pobres e daqueles em 
situação de vulnerabilidade, com acesso às novas tecnologias e serviços financeiros, incluindo 
micro finanças. 
 O alcance dessa meta formaria o tripé para a construção de um planeta mais sustentável 
nos próximos 15 anos. 
 Para o cumprimento dos Objetivos Globais e a erradicação da pobreza, a participação 
de governos, setor privado, academia e sociedade civil são fundamentais. 
 Para Jeffrey D. Sachs, Autor de o “Fim da Pobreza” e Diretor do Instituto Columbia e 
assessor especial do secretário geral da ONU para as Metas de Desenvolvimento do Milênio, 
há duas medidas que são essenciais e de extrema importância para o comprimento da meta da 
ONU. São elas: 
 Mindset Imaginação moral de cada indivíduo: Significa ter o conhecimento e a 
experiência que há realmente países que vivem na extrema pobreza. Sentir essa 
realidade com os próprios olhos faz com que vire uma responsabilidade para cada 
indivíduo. 
 2. Mudança das estruturas que causam a extrema pobreza: Como por exemplo- Há 
plantadores de algodão na África que vivem na extrema pobreza devido aos subsídios 
dados aos produtores americanos e europeus. O que faz com que o algodão venha a 
valer menos do que os custos de produção. 
 Fortalecendo os pontos apontados por Sachs, a estratégia da ONU é buscar incluir as 
áreas nas quais os Objetivos do Milênio fracassaram. A começar pelo problema da 
desigualdade.A meta neste caso é que o progresso "não deixe ninguém para trás", segundo ressaltou 
nesta segunda-feira o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em entrevista coletiva. 
 
 
15 
 
 Entre outras coisas, as Nações Unidas querem acabar com "todas as formas de 
discriminação contra as mulheres e meninas" e garantir que ninguém seja marginalizado por 
idade, cor da pele, etnia, origem ou religião. 
 A ONU visa fazer com que a renda das classes mais desfavorecidas cresça a um ritmo 
maior que a média, a fim de reduzir as enormes disparidades econômicas vividas em muitos 
países. 
 A nova agenda também dá mais atenção à proteção do planeta, com campanhas contra 
a mudança climática, para um uso sustentável dos recursos naturais e a conservação dos 
ecossistemas marítimos e terrestres. 
 Segundo Ban, os objetivos têm as pessoas como foco, mas são "sensíveis com o 
planeta". 
 Ao todo, a estratégia inclui 17 grandes objetivos e 169 metas mais concretas, número 
bastante superior ao das bases dos Objetivos do Milênio. 
 Isso ocorre, em grande parte, porque desta vez todos os países do mundo puderam 
participar do processo de negociação, que no ano 2000 havia sido mais restrito. 
 Embora a ONU tenha dito que ainda é cedo demais para saber exatamente quanto custará 
para a implementação da estratégia, as estimativas apontam a que nos países em vias de 
desenvolvimento seria preciso investir entre US$ 3,3 trilhões a US$ 4,5 trilhões ao ano, quantias 
muito superiores aos cerca de US$ 1,4 trilhões atualmente dedicados a esse fim. 
 Com o objetivo de dispersar o conhecimento da ODS o Projeto “Todo mundo” (Project 
Everyone, em inglês) desenvolvida pelo cineasta Richard Curtis em parceria com a ONU estão 
espalhando as causas da Extrema Pobreza e medidas de prevenção em Sites, TVs, rádios, mídias 
sociais, mídia impressa, telas em locais públicos, caixa de leite, quadro de anúncio, newsletters, 
cinemas e redes de telefonia móvel. 
 As mensagens buscam sensibilizar e envolver o maior número possível de pessoas para 
que propaguem a missão da campanha e alerte políticos para a necessidade de resolver grandes 
questões da humanidade o quanto antes. 
“A melhor chance para as metas globais da ONU serem cumpridas é se todos estiverem 
cientes delas, e é aí onde o Projeto Todo Mundo entra, juntamente com o apoio dos seus muitos 
parceiros” (CURTIS, Richard) 
 Como um exemplo dessa comunicação desenvolvida por Curtis no Brasil, por exemplo, 
mais de 2.600 telas de LED foram distribuídas em metrôs, restaurantes, bares e cafés de grandes 
metrópoles brasileiras divulgam a iniciativa para cerca de 20 milhões de brasileiros por dia. 
 
 
16 
 
 A ação é possível graças a uma parceria entre o Projeto Todo Mundo e a agência 
Posterscope Brasil, que exibem imagens de impacto em Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), 
Curitiba (PR), Goiânia (GO), Imperatriz (MA), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) 
e São Paulo (SP). 
 
1.2.1 - Projetos Feitos no Brasil 
 Em 2015, o Banco Mundial elogiou o Brasil por reduzir mais rapidamente do que seus 
vizinhos na América Latina a porcentagem de pessoas que viviam com menos de US$ 2 dólares 
americanos por dia. 
 O trabalho “Prosperidade Compartilhada e Erradicação da Pobreza na América Latina 
e Caribe“, publicado naquele ano, apontava que o Brasil, como nenhuma outra nação vizinha, 
tinha praticamente erradicado a extrema pobreza, ponderando que o desempenho brasileiro era 
fruto de três motivos: crescimento econômico que tornou o país mais estável do que o registrado 
nas duas décadas anteriores; aumento das taxas de emprego e, em terceiro lugar, políticas 
públicas com foco na erradicação da pobreza, como Bolsa Família e Brasil sem Miséria. 
 O Brasil não apenas conseguiu aumentar a inclusão de renda, mas também combater a 
pobreza multidimensional que, na metodologia do Banco Mundial, significa o grupo de pessoas 
que, além da falta de renda, não possui acesso a serviços básicos como água potável, energia 
elétrica, saneamento básico, saúde, habitação digna e bens e serviços primordiais para a 
segurança alimentar e promoção de renda, como geladeira, celular e internet. 
 O método utilizado pelo então governa para conquistar esse patamar foi estabelecer 
grupos de trabalho interministeriais para atacar diferentes tipos de déficits de serviços sociais 
sempre utilizando mapas para direcionar obras onde a população era mais carente. 
 A metodologia incluía desviar o olhar dos números gerais que o Brasil tinha alcançado 
para focar na situação dos mais pobres. 
 Por exemplo, em 2002, quase 97% da população brasileira tinha acesso à energia 
elétrica, mas quando se observava a situação dos 5% mais pobres do país verificava-se que 
18,7% não tinha acesso a esse serviço básico. 
 No setor privado, o desenvolvimento de projetos inclusivos, focados no empoderamento 
dos trabalhadores e das regiões afetadas pelas atividades das empresas, contribui para a 
erradicação da pobreza. 
 Um exemplo é o desenvolvimento de cisternas de plástico, pela Braskem, para levar 
água aos habitantes do semiárido nordestino. Aproximadamente 5 milhões de habitantes 
possuem, agora, acesso à água de qualidade para o consumo. 
https://nacoesunidas.org/relatorio-banco-mundial-afirma-que-brasil-conseguiu-praticamente-erradicar-extrema-pobreza/
https://nacoesunidas.org/relatorio-banco-mundial-afirma-que-brasil-conseguiu-praticamente-erradicar-extrema-pobreza/
 
 
17 
 
 Jorge Soto, Diretor do Desenvolvimento Sustentável da Braskem, afirma que além do 
investimento e geração de empregos diretos e indiretos, o fortalecimento do uso da mão de obra 
local colabora com o ODS da erradicação da pobreza; e com a oferta de soluções de produtos e 
serviços, se apoia o desenvolvimento da sociedade, como foi o caso das cisternas no semiárido. 
Na área de investimento social, com o projeto Ser+ realizador, se apoia a inclusão de mais de 
três mil catadores de recicláveis, apoiando a gestão e fomentando as melhorias das instalações 
das cooperativas que consequentemente fez coque houvesse o aumento da renda. 
 
1.2.1.1 - Desafio para 2030 
Apesar de o Brasil ter reduzido a extrema pobreza, o país continua sendo um dos mais 
desiguais do mundo. Tereza Campello, Ministra da ONU; de fato ainda há grandes diferenças 
entre a população pobre e a população rica. 
 Superamos a fome como um problema endêmico no país, mas ainda temos públicos em 
situação de fome: comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhos e populações isoladas. “E 
também aliar a agenda da pobreza com o aumento dos anos de escolaridade da população é o 
grande desafio dos próximos anos”. 
 O representante do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA) junto ao 
Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC), Rafael Osório, afirma 
que a erradicação da pobreza deve ser formulada de maneira integrada para o cumprimento dos 
ODS: “Para atingirmos as metas da Agenda 2030, é necessário pensarmos em uma estratégia 
nacional integrada, com planejamento que envolva todas as dimensões do desenvolvimento: a 
ambiental, a social e econômica”. 
 
1.2.2 - Projetos pelo Mundo 
 Diante do crescimento da fome em diversos países do continente africano, o Ministério 
Engel está lançando o Projeto Daniel, com o objetivo de ajudar continente com maior número 
de pessoas afetadas pela fome. 
 O projeto nasceu no coração do Apóstolo Joel Engel em 2016, durante uma viagem 
missionária pela África. O objetivo do projeto é fornecer as crianças africanas infraestruturas 
com igreja, creches, escolas, hospitais e refeitórios. Tudo isso com o objetivo de minimizar os 
problemas de fome, desnutrição, assistência médica e aconselhamento espiritual. 
 Neste mês de novembro o Projeto Daniel ganha um site exclusivo, onde os interessados 
poderão encontrar todas as informações sobre as ações na África. 
 
 
18 
 
 O site conta comárea de fotos, notícias, contato e doações. Também é possível assistir 
a vídeos que mostram as ações do Ministério Engel no continente africano. 
 Um projeto piloto estará sendo lançado em Kampala, capital de Uganda, onde uma 
creche receberá estrutura para formar crianças, alimentar, oferecer tratamento médico e 
espiritual. Uma equipe deverá entregar os primeiros donativos ao projeto e ajudar na 
organização das primeiras ações no continente. 
 Nos próximos dias o Apóstolo Joel Engel estará viajando a África, acompanhado de 
parceiros e voluntários para o início dos trabalhos. 
 O líder do Ministério Engel também pretende levar uma equipe para ensinar a população 
a plantar e criar animais, com o objetivo de obterem sustento para as famílias. 
Um especialista em medicina molecular e toxigenética irão desenvolver suplementação 
alimentar com farelos e pastas orgânicas que servirão como base alimentar para as crianças. O 
doutor José Valdair de Sousa é uma autoridade neste tipo de abordagem nutricional e tornou-
se voluntário para o projeto. 
 No site do Projeto Daniel será possível acompanhar o desenvolvimento das 
microcidades que serão construídas nos próximos anos. 
 A ideia inicial do projeto é oferecer infraestruturas com água, luz e saneamento básico 
onde pastores e missionários atuarão no atendimento das crianças. 
 País como Gana Camarões e Mail tem feito projetos também de combate à extrema 
pobreza reduzindo o número absoluto de pessoas com fome em 50 por cento ou mais. 
 A maioria dos alimentos da África é cultivada por pequenos agricultores, e melhorar o 
acesso deles ao crédito e a insumos como fertilizantes é crucial para aumentar a produção local 
e criar postos de trabalho. 
 Uma em cada quatro pessoas em toda a África subsaariana ainda está subnutrida, a maior 
proporção de qualquer região do mundo, de acordo com o relatório da FAO de 2014 "Estado 
da Insegurança Alimentar no Mundo". 
 Para cumprir as metas para a redução da fome, os líderes africanos assinaram a 
Declaração de Malabo no ano passado, estabelecendo uma série de metas, incluindo: aplicar 10 
por cento dos gastos públicos na agricultura; dobrar a produtividade agrícola; elevar o 
crescimento de economias agrícolas em pelo menos 6% a.a.; e triplicar o comércio de bens e 
serviços agrícolas na África. 
 
 
 
19 
 
CAPÍTULO 2. A ERRADICAÇÃO DA POBREZA COM A SOCIEDADE 
O objetivo primordial de qualquer pessoa preocupada com o bem-estar alheio deveria 
ser o de aumentar a renda total de cada indivíduo, e não reduzir as diferenças de renda entre 
cada indivíduo. Isto é, a preocupação com as desigualdades é de suma importância, mas não 
deve ser a única, os países devem se preocupar em alinhar estas duas questões, ou seja, que 
caminhem lado a lado. 
A maneira o qual o indivíduo irá utilizar seus recursos é distinta, a os quem preferem 
reinvestir parte da renda, a também, os que escolhem, ou por necessidade, utilizam toda a renda 
adquirida, ou seja, a redistribuição das riquezas, da renda não é garantia de uma sociedade 
plenamente ‘desenvolvida’, e sim, a desigualdade é primordial, no entanto, não deve ser 
buscada isoladamente, mas em consonância com outras estratégias, atividades. 
 
2 - Como a Sociedade é Influenciada 
 A sociedade é influenciada constante, pois a erradicação está ‘integrado’ no nosso dia a 
dia. Em outras palavras, a erradicação da pobreza permeia as relações, em âmbito micro e 
macro, ou seja, a população tem demostrado interesse nesta ODS, por se tratar de um dos tripés 
da sociedade atual. 
 No entanto, é bem comum a associação entre desigualdade e erradicação da pobreza, 
porém, é necessário um tratamento distinto entre ambas as colocações, de fato, a correlação 
entre a erradicação da pobreza e desigualdade é essencial, mas a erradicação da pobreza está 
intimamente ligada à questão de recursos disponibilizados para o desenvolvimento do ser 
humano, suas necessidades. Desde alimentação até lazer, passando por educação, saúde, bem-
estar etc. Todavia, a desigualdade faz parte do âmbito de distribuição de renda (RALLO, 2017). 
 Inclusive, a erradicação da pobreza está diminuindo com o passar dos anos, por 
exemplo, em 1820, aproximadamente 95% da população viviam na pobreza, com uma 
estimativa de que 85% viviam na pobreza "abjeta", sórdida. Em 2015, menos de 10% da 
humanidade continua a viver em tais circunstâncias. Além do mais, a renda per capita aumentou 
antes a renda mundial era de US$1130,00, em 1820, para US$ 15600 em 2015 (RALLO, 2017). 
 Mas, há muito a ser feito, por isso, o esforço global é de extrema importância para que 
a erradicação da pobreza de fato ocorra, visto que, sem cooperativismo das nações, é quase 
impossível eliminar uma questão social, de convívio, de desenvolvimento humano. 
 Além do mais, é comum a interpretação de que é para acabar com a erradicação da 
pobreza basta, apenas, redistribuir as riquezas, porém é uma falácia acreditar que redistribuição 
das riquezas é a solução de todos os problemas, das questões relacionadas à erradicação da 
http://www.worldbank.org/en/news/press-release/2015/10/04/world-bank-forecasts-global-poverty-to-fall-below-10-for-first-time-major-hurdles-remain-in-goal-to-end-poverty-by-2030
http://www.worldbank.org/en/news/press-release/2015/10/04/world-bank-forecasts-global-poverty-to-fall-below-10-for-first-time-major-hurdles-remain-in-goal-to-end-poverty-by-2030
 
 
20 
 
pobreza, por exemplo, Albânia, Bielorrússia, Iraque, Cazaquistão, Kosovo, Moldávia, 
Tajiquistão e Ucrânia são sociedades que apresentam uma distribuição de renda muito mais 
igualitária que a da Espanha, mas são muito mais pobres (RALLO, 2017). 
É essencial a existência dos empresários, dos que são “detentores” de capital, pois eles 
são responsáveis pelo desenvolvimento econômico, claro que não em sua totalidade, outros 
participantes do mercado também são essenciais para seu desenvolvimento, mas eles 
demandam mão de obra, e essa mão de obra é vendida pelas massas em troca de salários 
(RALLO, 2017). 
Ou seja, quanto maior a riqueza de empreendedores e capitalistas, maior será a produção 
e a oferta de bens e serviços. Consequentemente, maior será a demanda por mão de 
obra. Consequentemente, maior será o padrão de vida de todos ou, pelo menos é o que se espera 
ao gerar empregos, que a economia, como um todo, seja ampliado (RALLO, 2017). 
Portanto, podemos aferir que a sociedade é, de fato, influenciada pela erradicação da 
pobreza. Isto é, as ações que praticamos, em âmbito global inclusive, são de suma importância. 
Em outras palavras, o homem é receptível e ‘ativo’ na propagação das ODS. Além do mais, a 
ODS 1 que trata de: "acabar com a pobreza em todas suas formas, em todos os lugares" seja o 
mais abrangente consenso da nossa época. E houve progressos de 2000 a 2015 quando vigoram 
os objetivos de desenvolvimento do milênio (ODM), tanto no Brasil como no mundo 
(SUSTENTÁCULOS, 2019). 
Há um novo desafio pela frente: considerava-se na pobreza extrema quem vivia com 
1,25 dólares por dia; o Banco Mundial elevou este valor para 1,90 dólares. Ou seja, vai aumentar 
muito o número oficial de pobres no mundo (SUSTENTÁCULOS, 2019). 
 
Figura 4. Foto 
Fonte: YouTube 
 
 
 
21 
 
Também já é consenso na comunidade internacional que a pobreza não se reduz à falta 
de renda. Quem enfrenta privações em múltiplas áreas, principalmente em saúde e educação, é 
considerado pobre (SUSTENTÁCULOS, 2019). 
Sendo que, como já visto anteriormente, a ODS 1 é de suma importância por diversos 
fatores, mas podemos destacar alguns: 
 1. Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, 
atualmente medida como pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia; 
 2. Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados, 
para todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a cobertura substancial dos pobrese 
vulneráveis; 
 2.a Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de 
fontes, inclusive por meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento, para 
proporcionar meios adequados e previsíveis para que os países em desenvolvimento, 
em particular os países menos desenvolvidos, implementem programas e políticas para 
acabar com a pobreza em todas as suas dimensões. 
Ou seja, este ODS está intimamente ligada às questões sociais, de desenvolvimento 
humano, isto é, condição essencial para preservar a vida. Por exemplo, a Organização de Ajuda 
Humanitária, o Médico Sem Fronteiras, é uma ilustração de como o subdesenvolvimento é 
prejudicial a todos. A partir de fotos, vídeos, entre outras divulgações, é possível identificar 
como há muitos que ainda sofrem por não terem o mínimo de recursos para subsidiar sua 
existência. 
Ademais, o Médico Sem Fronteiras é essencial para milhares de pessoas que estão 
vivendo em condições desumanas, onde nem o governo têm subsidiado o apoio necessário para 
desenvolvimento da população, em países tais como: África do Sul, Madagascar, Quênia, Serra 
Leoa, Brasil, Colômbia, México, Camboja, China, Iêmen, Rússia, Síria, França, Itália, Papua 
Nova Guiné, entre outros. 
Sendo que, a atuação dos Médicos Sem Fronteiras além de perceptível é mensurável, 
em dados quantitativos: 
 10.648.300 consultas ambulatoriais realizadas; 
 2.520.600 casos de malária tratados; 
 2.095.000 pessoas vacinadas contra sarampo em resposta a surtos; 
 749.700 internações (pessoas hospitalizadas); 
 216.700 pessoas em tratamento antirretroviral de primeiras e segundas linhas; 
 81.300 crianças com desnutrição grave recebidas em programas de nutrição. 
 
 
22 
 
 
Figura 4. Foto 
Fonte: Livraria Florence 
 
Diante dos dados, supracitados, podemos aferir que, as ações devem ser coordenadas, 
melhor dizendo, os esforços em prol da erradicação da pobreza devem caminhar lado a lado. 
Desde as ações mais "simples" até as de âmbito global, se não forem bem estruturadas e 
projetadas não serão satisfatórias. 
 Portanto, é recomendável que a população, como um todo, possa 'enxergar' os impactos 
que geramos no meio social, nossas ações são sentidas no próximo, nas gerações futuras. A 
criança de hoje é o reflexo do adulto de ontem. O que queremos deixar para a geração futura, 
para os nossos filhos? 
 Melhor dizendo, o que devemos fazer a fim de conscientizar nossos similares, qual 
atitude cada um de nós poderíamos tomar no dia a dia para erradicar a pobreza. A 
responsabilidade não é só dos governos, mas de todos, em diferentes proporções, ou seja, 
desempenhar uma atitude cidadã para com o outro. 
 
2.1 - O Papel da Sociedade na Erradicação da Pobreza 
 Brasil sem Miséria é a mais recente iniciativa adotada pelo governo federal para 
erradicar pobreza extrema. Combinando ações de municípios, estados e federação, a meta 
oficial é acabar com carências mais acentuadas até 2014 (BELIEL, 2011) 
 O pacto que a sociedade brasileira selou entre suas diversas classes e setores sociais 
depois da ditadura militar, a Constituição de 1988, tem uma série de prioridades ainda não 
realizadas. Erradicar a pobreza, classificada como “princípio fundamental”, é uma delas, apesar 
de avanços importantes na última década. 
 
 
23 
 
Desde 2003, 48 milhões de brasileiros, o equivalente a toda a população da Espanha, 
entraram para as classes C, B e A, segundo o mais recente estudo sobre o tema, divulgado no 
fim de junho pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A classe média tornou-se majoritária 
(55%) (BELIEL, 2011). 
Apesar das estatísticas animadoras, mais de 16 milhões de brasileiros ainda vivem na 
miséria, à espera do dia em que o Estado obedecerá ao mandamento constitucional. Passados 
23 anos e seis presidentes desde a promulgação da “Constituição Cidadã”, o governo decidiu 
colocar como uma de Suas metas prioritárias a materialização daquele preceito constitucional. 
No dia 2 de junho, a presidenta Dilma Rousseff anunciou a intenção de tirar da 
indigência 8,5% da população que sobrevive com no máximo R$ 70 mensais e tem baixo acesso 
a serviços públicos básicos como água e luz. 
Para concretizá-lo, convocou uma espécie de mutirão nacional com o qual busca 
envolver governadores, prefeitos e sociedade civil. “O plano tem o efeito de gritar, o de afirmar 
para todos nós que a miséria ainda existe no Brasil”, disse a presidenta, ao lançar o Brasil Sem 
Miséria. “A luta contra a miséria é (...) antes de tudo, um dever do Estado”, reforçou (BELIEL, 
2011). 
A Solidariedade expandiu-se do luminoso campo da ética e apresenta-se como uma 
estratégia, de modo em que o ser humano possa alcançar a própria sobrevivência. 
O valor da Caridade é indispensável- E observem que não é de hoje que a tese de que 
“a Caridade não resolve nada” tem a defesa de alguns que atribuem a ela e acreditem que a 
manutenção do status quo, em que a pobreza e a miséria são apenas maquiadas por uma 
ineficiente ação assistencialista (NETTO, 2017). 
 Vale notar, entretanto, que a defesa da inoperância dela, mesmo equivocada, chama a 
atenção para o combate à inércia e à covardia de muitos que, podendo auxiliar no incentivo e 
no crescimento social dos povos, preferem esquivar-se com parcas e míseras esmolas. Se bem 
que, para aquele que está com fome, toda ajuda é bem-vinda. 
Ao trabalharmos pela erradicação da pobreza, promovendo prosperidade às populações, 
é essencial que primeiro modifiquemos a mentalidade dos seres humanos. Mas em que bases? 
Nas do Espírito, desde que não considerado uma simples projeção da mente. É preciso, antes 
de tudo, depositar plena confiança na capacidade das gentes. E mais: ver as criaturas com Boa 
Vontade se quisermos formar cidadãos corretos, felizes, competentes, produtivos, em termos 
nacionais e planetários, proporcionando-lhes efetivas oportunidades. Devemos destacar suas 
virtudes e corrigir, com educação eficaz, aquilo que mereça acerto (NETTO, 2017) 
 
 
24 
 
 Segundo Eleanor Roosevelt (1884-1962), a notável presidente da Comissão dos Direitos 
Humanos: “Para alcançarmos a Paz, devemos reconhecer a verdade histórica de que já não 
podemos viver separados do resto do mundo; Devemos também reconhecer o fato de que a Paz, 
assim como a liberdade, não é obtida de uma única vez e em definitivo; é uma batalha diária 
por mais territórios e o resultado de muitos esforços individuais” (NETTO, 2017). 
 A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) 
realizou importante pesquisa que monitorou, durante os anos de 1965 a 2010, a relação entre 
Educação e erradicação da pobreza. 
 O recém-lançado estudo “Reduzindo a pobreza global através das educações primária e 
secundária” revelou: “Alcançar a conclusão do ensino primário e secundário na população 
adulta ajudaria a tirar mais de 420 milhões de pessoas da pobreza, assim reduzindo em mais da 
metade o número de pessoas pobres no mundo. Os efeitos seriam particularmente grandes na 
África Subsaariana e no sul da Ásia, onde uma redução da pobreza em quase dois terços é 
esperada”, registra a página 11 do documento. Segundo informa a Unesco, “se as tendências 
atuais continuarem, dos 61 milhões de crianças em idade escolar atualmente fora da escola, 17 
milhões nunca pisarão numa sala de aula”. (NETTO, 2017) 
 Esses dados são muito alarmantes e chamam todos à responsabilidade de não apenas 
combater efeitos, mas atuar nas causas, o que conduzirá a resultados mais sólidos e sustentáveis 
na luta contra a miséria, que vergonhosamente ainda campeia pelo orbe. (NETTO, 2017) 
Um dos maiores desafios atuais das nações emergentes ou das que já atingiram o mais alto 
patamar de crescimento material de suas economias é o do desenvolvimento sustentável. 
 Contudo, se desejamos ver o progresso partilhado com todos,acreditamos e temos 
proposto que o desenvolvimento solidário deva, antes de tudo, iluminar as atitudes dos 
habitantes da Terra e de suas futuras gerações ( do maior ao menor) de nossa morada coletiva. 
(NETTO, 2017). Portanto, além de uma política pública eficaz, o planeta exige o compromisso 
com uma consciência nova, firmada em princípios que garantam a continuidade da Vida e a 
coexistência humana acima de todos os outros interesses. (NETTO, 2017) 
 Tal mentalidade fomenta ações conjuntas entre os países que visem ao socorro dos 
povos urgentemente necessitados de alguém que lhes estenda as mãos. 
 O combate à inércia e à covardia de muitos que, podendo auxiliar no incentivo e no 
crescimento social dos povos, preferem esquivar-se com parcas e míseras esmolas. Se bem que, 
para aquele que está com fome, toda ajuda é bem-vinda. (NETTO, 2017) 
 Ao trabalharmos pela erradicação da pobreza, promovendo prosperidade às populações, 
é essencial que primeiro modifiquemos a mentalidade dos seres humanos. Mas em que bases? 
 
 
25 
 
Nas do Espírito, desde que não considerado uma simples projeção da mente. É preciso, antes 
de tudo, depositar plena confiança na capacidade das gentes. E mais: ver as criaturas com Boa 
Vontade se quisermos formar cidadãos corretos, felizes, competentes, produtivos, em termos 
nacionais e planetários, proporcionando-lhes efetivas oportunidades. Devemos destacar suas 
virtudes e corrigir, com educação eficaz, aquilo que mereça acerto. (NETTO, 2017) 
 Contudo, é preciso não perder de vista: liberdade sem responsabilidade e Fraternidade 
Ecumênica é condenação ao caos. E mais: a tão pretendida mudança estrutural deve contar com 
o poder da razão e com o melhor do sentimento da criatura. Caso contrário, ela continuará 
expressando a vontade nefelibata em que, por vezes, quase se transformou. Urge, pois, aliar 
mente e coração para atingir os nobres propósitos sob os auspícios das mais elevadas aspirações. 
Que fitem os olhos as alturas, mas convém que os pés no chão permaneçam firmados. (NETTO, 
2017) Madame Curie (1867-1934) vencedora do Prêmio Nobel de Física de 1903 e de Química 
de 1911 que com esforços e sacrifícios incontáveis, levou a Ciência a tantas conquistas, do alto 
de sua perseverança afirmou: “Jamais devemos sonhar em construir um mundo melhor sem o 
aperfeiçoamento dos indivíduos. Para esse fim, cada um de nós precisa trabalhar pelo próprio 
progresso e, ao mesmo tempo, compartilhar a responsabilidade geral por toda a Humanidade”. 
 A Economia não pode ser o reino do egoísmo. Ora, ela está aí para beneficiar todos os 
povos, compartilhando decentemente os bens da produção planetária. Se isso, porém, não 
ocorre, é porque se faz necessária uma mudança espiritual-ética de mentalidade, principalmente 
pelo prisma do Novo Mandamento de Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, pois 
ensina que nos devemos amar como Ele nos tem amado (Evangelho, segundo João, 13:34). 
 Senão, os predadores das multidões podem ganhar a batalha, que a eles no devido tempo, 
da mesma forma, consumirá. 
 O desprezo às massas populares é multiplicação de desesperados. Certamente, alguém 
já concluiu que quem faz o pão deve igualmente ter direito a ele. 
 Haveremos de assistir ao dia em que a Economia terrestre será bafejada pelo espírito de 
Caridade, porque a Luz de Deus avança pelos mais recônditos ou soturnos ambientes do 
pensamento e da ação humanos. 
 A desumanidade gera desumanidade. Aí está, em resumo, a explicação do estado atual 
nas diversas regiões do planeta. Porém, com a riqueza de nosso Espírito, podemos edificar um 
amanhã mais apreciável. (NETTO, 2017). Entretanto, nenhuma reforma será duradoura se não 
houver o sentido de Caridade, o respeito ao ser humano e o bom comando das gentes atuando 
no coração. 
 
 
26 
 
 Caridade é a comprovação do supremo poder da Alma ao construir épocas melhores de 
vida material e espiritual para os países e seus povos, os Cidadãos do Espírito. Resta às criaturas 
aprender em definitivo a enxergar essa realidade e a desenvolver a compaixão, aliada à Justiça. 
 Desse modo, com o passar das eras, o mundo abandonará a doença que, pelos milênios, 
lhe tem feito tanto mal: a pouca atenção que dá à força do Amor Fraterno, “princípio básico do 
ser, fator gerador de vida, que está em toda parte e é tudo”. (NETTO, 2017). Sobre o sublime 
ato de se doar ao próximo e suas consequências sociais, assim se manifestou o pensador político 
francês Alexis de Tocqueville (1805-1859), autor de A Democracia na América: “A caridade 
individual se dedica às maiores misérias, procura o infortúnio sem publicidade e, de maneira 
silenciosa e espontânea, repara os males. Ela se faz presente onde quer que haja um infeliz a 
ser resgatado e cresce junto com o sofrimento. Pode produzir somente resultados benéficos. (...) 
Alivia muitas misérias, sem produzir nenhuma”. 
 
 2.2 – Como a Pobreza Excluem Crianças e Adolescentes 
 A exclusão decorrente das desigualdades sociais e da pobreza pode ser analisada por 
diversos ângulos, contudo nenhum deles poderá se dar sem que sejam discutidas as políticas 
públicas implementadas pelo Estado. Nascimento e Scheinvar (2005), na linha do que é 
discutido por Robert Castel (1996), sinalizam que a noção de exclusão social vem sendo 
utilizada de maneira muito inflacionada e heterogênea (...) cobrindo realidade A exclusão 
decorrente das desigualdades sociais e da pobreza pode ser analisada por diversos ângulos, 
contudo nenhum deles poderá se dar sem que sejam discutidas as políticas públicas 
implementadas pelo Estado. 
 Nesse cenário, as crianças e adolescentes em situação de rua são atores sociais que 
sobram diante de tal política educacional. Na perspectiva de Bauman (2005, p. 12), são 
excluídos os que se encaixam na categoria de refugo humano, seres sobrantes. Sendo assim, a 
educação enquanto controle de massas não capta essas crianças. Por outro lado, poderia assumir 
um caráter de instrumento de libertação, mas, também nesse caso, ainda não as alcança e nem 
as enxerga como indignado se revela Paulo Freire em suas reflexões sobre classes sociais e o 
capitalismo. A partir de uma abordagem sócio histórica, sob a perspectiva da necessária 
intersetorialidade entre as políticas públicas de educação, saúde e assistência social e da 
interseccionalidade, principalmente entre classe e raça/cor, o objetivo deste artigo foi 
compreender como a educação formal (ou a ausência dela) marca a vida das crianças e 
adolescentes em situação de rua, observando e analisando a realidade da pobreza, exclusão 
 
 
27 
 
social e produção de infâncias desiguais, a partir da experiência de um projeto de extensão de 
uma universidade pública localizada no estado do Rio de Janeiro. 
 Sem a pretensão de se traçar um percurso completo, desde que os padres jesuítas aqui 
chegaram para iniciar uma intervenção pedagógico-doutrinária das crianças indígenas, o que se 
configurou mais como uma catequese do que um processo de escolarização, faz-se necessário 
demarcar algumas concepções e práticas que, desde então, foram dirigidas às crianças, 
adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade social, ou seja, que fizeram e continuam 
a fazer parte da infância excluída no Brasil. A infância, enquanto uma construção sócio histórica 
e dentro da sociedade brasileira no período colonial, que priorizava a disciplina e a moral, teve 
como dispositivo central a educação religiosa. Porém, desde o começo, seguindo princípios da 
sociedade de classes, o ensino teve propostas e práticas diferenciadas: enquanto as crianças das 
famílias mais abastadas eram educadas ao lado dos pais e para ocuparam funções de mando, as 
das famílias mais pobres, muitas delas negras e filhas de escravos, eram enviadas a instituições 
totalitárias nas quais eram preparadas para servir. 
 No Rio de Janeiro Imperial, por volta de 1850, as crianças pertencentesà chamada ‘’ 
Infância abandonada’’ eram alvos de preocupação na medida em que precisavam ser 
produtivas, pois o que importava era a sua formação enquanto cidadãos disciplinados e úteis à 
pátria. Nesse sentido, representantes da elite, no caso os fazendeiros, passam a oferecer o ensino 
primário para as crianças, aliado ao conhecimento agrícola, de modo a proporcionar mão de 
obra. Dessa forma, as crinças pobres, abandonadas, órfãs, vagabundas e ingênuas educadas 
pelos senhores fazendeiros, em instituições asilares de ensino agrícola (SCHUELER, 1999; 
FRANCISCO, 2013). A preocupação da Corte e dos senhores fazendeiros era garantir a 
segurança de quem já usufruía da propriedade e do bem-estar da sociedade instituída. 
 Segundo Ligia Costa Leite (2009), uma inovação se deu quando foi inaugurada a 
primeira instituição a ser totalmente administrada pelo Estado, a Escola XV de Novembro, já 
na República Velha, a qual tornou-se modelo na educação e assistência social de crianças que 
se encontravam nas ruas. Embora orientada por uma proposta pedagógica inovadora para a 
época, a mesma acabou não conseguindo romper com o modelo tradicional de internato, sendo 
que, nos muitos anos de funcionamento, esteve vinculada aos setores da Assistência Social e da 
Justiça, mas nunca ao da Educação, o que reforça a visão hegemônica de que os mesmos 
deveriam ser assistidos, enquanto abandonados, ou punidos, enquanto jovens transgressores. 
Com o tempo, o número de instituições que abrigavam os filhos da pobreza passou a 
não ser suficiente para a quantidade de crianças e adolescentes, que acabavam nas ruas. Já no 
século XIX, esse grupo social era considerado como um perigo para a sociedade e alvo de 
 
 
28 
 
mecanismos de exclusão e repressão, que tinham como propósito evitar a desordem e a 
perturbação social (LEITE, 2009). Desse modo, a criminalização da pobreza é um processo 
construído, social e politicamente, que predomina até hoje. Assim, meninos e meninas pobres, 
frutos de um projeto político excludente e injusto, foram, durante muito tempo, trancafiados e 
isolados para serem moldados em nome de uma ressocialização planejada para eles. A 
sociedade tenta reconduzir aquilo que ela produziu como um perigo ameaçador. 
 
2.2.1 - De Menores de Idade para Sujeitos de Direito 
 Para Molina (2012), ao se discutir política pública, é necessário considerar quatro 
conceitos fundamentais: direitos, Estado, movimentos sociais e democracia. Na busca por 
políticas alternativas que integrassem as crianças ao meio social, somente na década de 1980, 
e na articulação desses quatro conceitos, foi possível se avançar no fortalecimento dos 
questionamentos direcionados à lógica manicomial e excludente de institucionalização de 
crianças e adolescentes, vigente no Brasil (RIZZINI; RIZZINI, 2004). Vale ressaltar o contexto 
de abertura política do Brasil, no qual, a partir de debates, manifestações, articulações e 
movimentos sociais, incluindo os de meninos e meninas de rua, foram possíveis construir 
mudanças e avançar no campo das políticas sociais e legislações. 
No âmbito dos direitos de crianças e adolescentes, destaca-se a promulgação do Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, que determina a proteção integral e especial, sem 
discriminação, para todas as crianças e adolescentes, como prioridade absoluta do Estado e da 
sociedade. No entanto, apesar dos avanços, ainda há muitos desafios na estruturação de políticas 
públicas que garantam os direitos que são assegurados pela legislação, uma vez que é possível 
perceber que muitas delas, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade associada à 
pobreza e ao racismo, ainda se encontram com pouco ou nenhum acesso à educação, lazer, 
saúde, alimentação, dentre outros direitos. 
O Estado, apesar de ser responsável pela criação e execução de políticas voltadas à 
promoção, proteção e garantia de direitos, continua exercendo práticas que produzem e 
reproduzem a exclusão, violando seus direitos básicos, à margem das políticas públicas. Nesse 
contexto, é importante destacar que o Ministério da Saúde (2001, p. 15) define: violência contra 
crianças e adolescentes como quaisquer atos omissões dos pais, parentes, responsáveis, 
instituições e, em última instância, da sociedade em geral, que redundam em dano físico, 
emocional, sexual e moral ás vítimas’’. Assim, tais violações, ao serem negligenciadas pelo 
Estado e pela sociedade em geral, são violências praticadas inclusive pela instituição escolar 
contra as Crianças-problemas, que na verdade, denunciam os limites do modelo educacional 
 
 
29 
 
vigente, e, ao não serem ouvidas, pouco a pouco são e/ou sentem-se excluídas, encontrando na 
rua uma saída. 
 
2.2.2 – Escola: Solução ou Reprodução? 
O desafio colocado nas indagações acima pode ser constatado na pesquisa das autoras 
que, entre 69 publicações e produções acadêmicas revisadas, buscou levantar como vem sendo 
abordada a relação entre a educação formal e a situação de pobreza. A pesquisa identificou 13 
diferentes tipos de relação, sendo que as duas mais frequentes foram as que, sob uma 
perspectiva positiva, colocam a educação formal como condição para o rompimento do círculo 
de pobreza e as que, com um olhar negativo, reconhecem a mesma como reprodutora da ordem 
social (YANNOULAS; ASSIS; FERREIRA, 2012, p. 339). 
Com seus direitos básicos negados, como foi o caso da adolescente, destacado 
anteriormente, a educação, a alimentação e habitação são elementos que vão sendo destituídos 
e cada vez menos acessados. Essas crianças e adolescentes desenvolveram um comportamento 
de sobrevivência. A experiência da Escola Tia Ciata, destinada a alfabetização de crianças e 
jovens entre 12 e 20 anos que estavam em situação de rua no Rio de Janeiro nos anos 80. A 
criatividade, nesse caso, está ligada à resistência em busca da preservação da vida, valor que só 
acaba com a morte. Esse modo de viver denuncia não só a ausência do Estado, mas sim de toda 
a sociedade, pautada na valorização do consumo exacerbado, na aquisição de bens e posses e 
na coisificaça6o da vida, ou seja, a redução à condição de objeto de crianças e adolescentes, 
interditadas na sua dimensão do ser. 
Esse comportamento guerrilheiro, irreverente e agressivo, reflexo do que sofrem nas 
ruas, torna-se o ponto de partida para qualquer trabalho pedagógico e de cuidado em saúde com 
elas e eles. No caso do projeto de extensão, existe uma aposta, por meio da territorialização 
afetiva, que busca transpor os estigmas existentes sobre a população em situação de rua, por 
meio da ocupação de espaços públicos e da luta política em espaços coletivos de reivindicação 
de direitos. 
Muitas formas de exclusão social estão presentes nas cidades, e talvez seja possível 
conceber que o processo de organização das cidades é originalmente excludente, tendo em vista 
que historicamente tem por base a divisão do trabalho, além de se realizar por meio de trocas, 
o que exige que se possua elementos de negociação, tais como força de trabalho (o próprio 
corpo), bens de consumo, entre outros. Nesse sentido, aos sem posse fica reservado o lugar de 
resto, o lugar dos desenquadrados, dos que não cabem na foto, na escola, no mundo, cada vez 
mais estigmatizados. Nesse meio, se confunde a pobreza e a vitimização com a delinquência e 
 
 
30 
 
a transgressão das normas, mas é preciso deixar claro que a pobreza e as desigualdades de hoje 
são também fonte de injustiças e de problemas sociais no futuro (CAMPOS, 2014). 
Um fato frequentemente reproduzido pelo setor de educação e outros setores da política 
pública, é o discurso da atribuição da exclusão social a fatores individuais, ou seja, pessoas que 
tiveram seus direitos sociais negados são reduzidas a responsáveis pelo seu processo de 
exclusão, em uma sociedade que converte padecedores em culpados. No trabalho voltado às 
crianças e adolescentesem situação de rua, histórias de desamarração dos vínculos, rupturas de 
suas relações afetivas, se repetem: primeiro o alinhavo dos vínculos familiares se rompe, dando 
início à permanência no território de origem, a partir de certa cegueira/impossibilidade de 
serviços territorializados (Escola, Estratégia Saúde da Família - ESF, Centro de Referência da 
Assistência Social - CRAS). Assim, o afastamento gradual se concretiza, indo da casa para 
escola, da escola para casa; da casa para rua, da escola para rua; da rua para rua. 
Passo a passo os distanciamentos se agravam, e a produção do não lugar se consolida, 
já não mais a escola formal, a Atenção Básica em Saúde, o CRAS, o acolhimento institucional, 
pois agora entram na cena a internação socioeducativa, a internação compulsória e a morte, 
convocando-se os especialistas da exclusão. Por outro lado, como apontam Yannoulas, Assis e 
Ferreira (2012), detecta-se uma ausência de incorporação nas escolas e na educação formal de 
adolescentes em liberdade assistida, abrigados. Enfim, como (não) se articulam educação, 
assistência social e saúde! É preciso e urgente afirmar que não se trata de construir saídas 
espetaculares, saberes especializados, e sim de produzir relações sociais menos excludentes e 
desiguais, de educação e cuidado ampliados dentro e fora de sala de aula. Pois, como diz o 
provérbio africano e que passou a ser um lema do projeto de extensão, ‘’é preciso uma cidade 
inteira para cuidar de uma criança! ’’. 
 As situações vivenciadas na esfera de uma ação extensionista e abordadas neste artigo, 
que trata da relação entre a educação formal e crianças e adolescentes em situação de rua, 
simbolizam apenas um sintoma do processo de exclusão social vivido pelos mais pobres desde 
o Brasil Colônia. Os atores sociais priorizados nas reflexões aqui colocadas - meninos e 
meninas em situação de rua/vulnerabilidade - escapam da política educacional brasileira, e, da 
mesma forma, quando estão nas instituições escolares sofrem a reprodução da violência 
estrutural que está no cotidiano das grandes cidades. Tal complexidade histórico-social de 
crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade passa pela domesticação dos corpos 
iniciativas de catequização dos povos originários, em seguida pelo racismo que produz e 
reproduz violências contra as crianças negras, logo depois pela organização excludente das 
 
 
31 
 
cidades; e, por fim, na manutenção do ordenamento social vigente onde não há lugar para o 
rompimento do círculo de pobreza instaurado sobre os povos mais pobres e periféricos. 
 
2.2.3 - Papel da Desigualdade como Influenciador para Fome 
 Pobreza refere-se à falta de recursos por parte de um indivíduo ou população. Em termos 
de indicadores, embora muitos incluam as variáveis: educação, saúde, habitação e salário, é esta 
última a mais utilizada na mensuração do fenômeno (Pieterse, 2002). Em estudos de saúde, 
pode atuar enquanto uma variável independente ligada à determinação da morbimortalidade. 
 Fome é um estado de desconforto físico relacionado à carência de alimentos. A fome 
não é um conceito clínico. Não está presente na Décima Revisão da Classificação Internacional 
de Doenças (OMS, 2000), nem como patologia, nem como sinal ou sintoma. Não obstante, há 
inúmeros estudos clínicos e epidemiológicos do efeito da fome sobre populações humanas. 
Contudo, muito mais que a pobreza que também pode ser generalizada, a fome adquire na 
literatura não científica a dimensão de uma carência generalizada com forte conteúdo moral 
que a associa às injustiças sociais. 
 Em primeiro lugar, para tratar a fome é importante atacar também a pobreza. De acordo 
com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o crescimento 
econômico dos países é um dos fatores chaves para a redução da fome mundial. Entretanto, é 
necessário que esse desenvolvimento seja feito de maneira inclusiva, que abranja as populações 
vulneráveis, promova mais oportunidades de desenvolvimento, melhore a produtividade e a 
renda dos pequenos produtores e dê mais meios para o sustento de sua subsistência. Assim, a 
desigualdade social tende a diminuir conforme a distribuição de renda interna aumenta, 
principalmente no campo. 
 
2.3 - As Responsabilidades do Estado 
 A palavra cidadania é originária do latim civitas, que quer dizer cidade. Foi usada na 
Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que a mesma tinha ou 
podia exercer. O artigo 6º da Constituiçãodispõe sobre os direitos sociais de todo cidadão como 
os direitos "à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança", entre outros. Já 
o artigo 196 da Constituição , determina que" A saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e 
de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para a sua promoção, 
proteção e recuperação." 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641309/artigo-6-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/920107/artigo-196-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
 
 
32 
 
 Diante deste preâmbulo, podemos afirmar, sem qualquer sombra de dúvida, que o 
direito à saúde é um dos direitos fundamentais conferidos à cidadania previstos firmemente em 
nossa Constituição de 1988 e, como corolário, o Estado tem a obrigação de prover o sistema de 
saúde pública de recursos e infra-estrutura necessários para atender a todas estas normas. É de 
conhecimento geral que a saúde pública no Brasil tem sido, numa escalada perversa, relegada 
a plano secundário e não vem recebendo os investimentos necessários para garantir assistência 
a população. Em Pernambuco, a situação vem piorando a cada dia e a expectativa de que 
houvesse uma melhora na infraestrutura e uma remuneração mais condizente para os médicos 
- como foi garantido, um ano atrás, diante do movimento que levou ao pedido de demissão de 
dezenas de profissionais - acabou frustrada. 
 Este descaso com a dignidade humana fere os olhos de quem chega, por exemplo, no 
Hospital da Restauração onde, em 2 de junho último, havia 20 pessoas aguardando tratamento 
intensivo. Durante uma visita, neste dia, em que a OAB-PE acompanhou o Cremepe e o Simepe, 
foram encontrados 200 leitos improvisados na emergência, em macas, cadeiras e lençóis no 
chão. O problema se repete nas emergências dos outros hospitais do Estado. Pacientes idosos, 
com problemas de fratura passam semanas aguardando uma cirurgia e, com isso, correndo risco 
de morte. E o pior é que, muitas vezes, pasmem, essas deficiências provocam não só o óbito do 
paciente como ainda levam médicos e enfermeiros a serem processados por negligência. 
 Os médicos que pediram demissão do serviço público estadual (em 2007) estão 
buscando não apenas pressionar o Estado a atender suas muito legítimas reivindicações. Mas, 
principalmente, alertar a sociedade para o descumprimento pelo Poder Público dos deveres que 
lhe são impostos por comandos e princípios constitucionais, como o Princípio da Dignidade 
Humana. 
 A intolerável omissão estatal em face de suas obrigações morais e éticas não pode ser 
negada com tergiversações e sofismas - como atribuir esta situação de calamidade pública ao 
fim da CPMF. Vale lembrar que segundo o 1º do art. 198 , também da Constituição , o Sistema 
Único de Saúde (SUS) será financiado com o orçamento da seguridade social, da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos municípios e de outras fontes. Ou seja, não se pode remeter 
ao fim da CPMF. As fontes de financiamento previstas,

Continue navegando