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MALINOWSK PARTE I

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MALINOWSKI, Bronislaw, Crime e costume na sociedade selvagem. Parte I – A lei primitiva e a ordem.
RESENHA
Sabrina Vitória de Araújo Alves
Direito 2018.2 (M) – UFRN
Na obra, o autor, Bronislaw Malinowski, introduz expondo a curiosidade que existe sobre as sociedades selvagens, devido seus costumes exóticos de superstições e práticas alheias as nossas realidades. O foco principal se refere ao estudo dos elementos que envolvem todo o comportamento social, religião, economia e suas regras que são semelhantes a códigos de leis, em uma espécie de acordo social.
	Segue-se à primeira parte do livro – A lei primitiva e a ordem- , questionando pois, que por mais duras e severas as ordens impostas eram assim obedecidas e afirma que o selvagem obedeceria pois respeita profundamente sua tradição e seu costume, através de uma submissão instintiva, e a lei não precisaria ser imposta, mas espontaneamente o selvagem a seguiria, o qual seria o método inconsciente de regular a vida social, todavia, seria um pensamento falso.
	É citado o exemplo da canoa no texto, antes citada como um sistema comunista e posteriormente refutada, pois é entendido como sistema de cooperação que tinha como objetivo de alcançar melhores resultados se todos juntos desempenhassem papeis no trabalho e posteriormente em consequência, receberem seu lucro. Ou seja, com o exemplo da canoa, possibilita a identificação de regras de ordem eficazes na sociedade primitiva estudada.
	Através de um serviço de mútuo, em tribos diferentes, colaboravam entre si através de uma espécie de moeda de troca com os produtos que cada tribo possuía especificamente em abundância, favorecendo a todos. Havia uma reciprocidade duradoura, devido a necessidade dos dois grupos, oportunizando-os. As trocas ocorriam de forma organizada, criavam-se parceiros de trocas e se auto supervisionavam o cumprimento da obrigação do outro, coibindo a quebra dessa espécie de contrato.
	Outro fator para evitar o rompimento da prestação mútua é a ambição e a vaidade na exibição de suas riquezas, quando se dá presentes eles sentem que aumenta o seu vigor e sua personalidade e essas cerimonias que eram públicas possuiam força coercitiva de realização, reforçando a segurança de suas leis.
	Os ritos religiosos também possuem reciprocidade, a exemplo da viúva citada, em que após a morte do marido, tem o dever de manifestar seu luto e carregar o maxilar do morto por um período, porém, receberá gratificações da família por isso, ou seja, firmando o vínculo entre a mulher e o marido, conjugado com sua família. Já no casamento, os atos também são em conjunto com a família, mais precisamente com o irmão, que cuida da irmã desde o nascimento até depois do casamento, fornecendo alimentos e cuidando dos filhos, pois é alvo de julgamentos na comunidade se seu trabalho não for bem-sucedido, sendo humilhado e penalizado. Todavia, de forma recíproca, o marido da sua irmã é encarregado de fornecer presentes, e seus futuros filhos estarão diretamente sob sua autoridade. Ou seja, a ambição e a reciprocidade sempre prevalecem nas relações.
	Já no aspecto legal, o funcionamento social é um real mecanismo de leis, que funcionam por força da coerção social e psicológica, sendo exposto a uma grande desonra pública caso não cumprida a obrigação e possuindo consciência disso, não por instinto, mas pelo funcionamento detalhado de um sistema de complexas concessões mútuas que se equilibram ao longo da vida ao serem executadas dentro dessa ordem econômica e social. Todos baseados no princípio do status legal.
	Ainda nas leis, o conjunto de regras nessa sociedade podem ser comparáveis a uma espécie de “Lei Civil”, pois aglomeraria obrigações que são corretas e reconhecidas por ambos os grupos, através da reciprocidade social já existente, pois não apresenta apenas penalidades pelo não cumprimento, mas reciprocamente, prêmios pelo bom desempenho e por esse fato, são consideradas leis elásticas, seu principal método de persuasão é justamente, os sentimentos sociais e pessoais.
	No último capítulo dessa primeira parte, o autor reafirma que, saindo do chamado por ele, “bolo de costumes” no qual a força do costume e a tradição não seriam fortes o suficiente para impedir os interesses próprios e não transgredir as normas. Mas que, as forças vinculantes da lei civil estão baseadas nos serviços mútuos e na reciprocidade.

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