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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR INTEGRADO CURSO DE DIREITO NOTURNO – DIREITO EMPRESARIAL II RENATA OLIVEIRA SOCIEDADE ANÔMIMA SÃO PAULO - SP 2016 RENATA OLIVEIRA SOCIEDADE ANÔNIMA Trabalho apresentado no curso de Direito à Disciplina de Direito Empresarial II, orientado pela Professora Augusta Silva. SÃO PAULO-SP 2018 SUMÁRIO 1 CONSTITUIÇÃO…………………………………….…………………………....……..04 2 CAPITAL SOCIAL…..................…………………………………….…………………05 2.1 FORMAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL....................................................................06 2.2 FUNÇÕES............................................................................................................07 2.3 REDUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL.......................................................................07 3 AÇÕES…....................................................................……………………………....08 3.1 TIPOS DE AÇÕES...............................................................................................08 3.2 VALOR NOMINAL................................................................................................09 3.3 PREÇO DE EMISSÃO.........................................................................................10 3.4 VALOR PATRIMONIAL........................................................................................10 3.5 VALOR DE MERCADO........................................................................................10 3.6 VALOR ECONÔMICO..........................................................................................11 4 VALORES MOBILIÁRIOS…..............................................…………...………….....11 5 ÓRGÃOS SOCIETÁRIOS...............................................…………………………....12 5.1 ASSEMBLEIA GERAL..........................................................................................12 5.2 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO....................................................................13 5.3 DIRETORIA..........................................................................................................13 5.4 CONSELHO FISCAL............................................................................................13 6 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS.................................……………………………14 6.1 LUCROS, RESERVAS e DIVIDENDOS..............................................................15 7 DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO.............................................................................17 7.1 TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO..............................18 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...…………………………………….…….…...…20 4 1 CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA A Sociedade Anônima está sujeita a um procedimento de constituição muito mais complexo. Diferentemente de algumas sociedades que se constituem por meio de um contrato social, essa sociedade é constituída através de um ato institucional ou estatutário, o estatuto social, sendo assim uma sociedade institucional. Segundo TOMAZETTE: "No Brasil, o procedimento de constituição como um todo é dividido em três fases: as providências preliminares, a constituição propriamente dita e as providências complementares.” O primeiro passo para a constituição das Sociedades Anônimas é seguir os requisitos preliminares, que estão presentes na Lei 6.404/76 (LSA). O artigo 80 dessa Lei diz: "Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A, ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro." Passada essa fase e atendidas seus requisitos, segue-se para o próximo passo que é a constituição propriamente dita, onde a forma vai depender de qual subscrição foi utilizada. 5 Se for subscrição pública, os subscritores deverão constituir a sociedade em uma assembleia geral, onde, segundo TOMAZETTE "será lido o recibo de depósito e discutido e votado o estatuto da companhia, que só poderá ser alterado pela unanimidade dos subscritores, tendo em vista que o subscritor resolveu ingressar numa sociedade com uma certa configuração. Não havendo oposição de mais da metade dos subscritores, a sociedade será declarada constituída pelo presidente da assembleia." Se a subscrição for particular poderá ser constituída tanto em uma assembleia como também por uma feitura de escritura pública, na qual constem as qualificações dos subscritores, a íntegra do estatuto da companhia, a relação das ações e das entradas, a transcrição do recibo, o laudo de avaliação, se houver, e a nomeação dos administradores e, se for o caso, dos fiscais. Depois de ultrapassadas essas etapas mencionadas acima, ainda é necessário o atendimento das formalidades complementares, que consistem no arquivamento e na publicação dos atos constitutivos, como diz o artigo 94 da LSA: "Art. 94. Nenhuma companhia poderá funcionar sem que sejam arquivados e publicados seus atos constitutivos." Concluímos assim que para uma Sociedade Anônima se estabelecer é preciso atender esse procedimento, pois se começar a funcionar antes de cumpridas as providências será tida como irregular. 2 CAPITAL SOCIAL A Sociedade Anônima tem a possibilidade de obter recursos tanto no mercado financeiro, por meio de empréstimos bancários, como no mercado de capitais, por meio de emissão de valores mobiliários. O capital social é “o valor das entradas que os acionistas declaram vinculado aos negócios que constituem objeto social”, porém nem todas as contribuições dos sócios forma o objeto social, somente aquelas contribuições ligadas à realização do objeto social. Ao subscreve uma ação, o subscritor compromete-se a pagar o preço de emissão da ação. Esse preço tem como patamar mínimo o valor nominal da ação, isto é, a parte correspondente no 6 capital social. Diante disso, podemos dizer que capital social representa uma realidade completamente distinta do patrimônio, representando apenas uma parte escolhida pelo sócio e ligada a realização do objeto social. 2.1 FORMAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL O capital social de uma sociedade deve ser fixado em moeda nacional de acordo com o artigo 5 da LSA, podendo ser formando por dinheiro ou quaisquer bens, desde suscetíveis de avaliação em dinheiro, art. 7 da LSA, exigindo-se apenas os 10% iniciais em dinheiro. A integralização do capital social em créditos, ficando o acionista responsável subsidiariamente pela satisfação do crédito. Podemos destacar que o direito brasileiro não admite as ações de trabalho, isto é, as ações integralizadas em serviços. Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional. Parágrafo único. A expressão monetária do valor do capital social realizado será corrigida anualmente (artigo 167). Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. No casode integralização em bens, estes podem ser transferidos à sociedade a título de propriedade, ou qualquer outro título, presumindo a transferência da sociedade. A fim de resguardar a integridade do capital social, exige que proceda a uma avaliação deve ser feita por três peritos ou por empresa especializada, escolhidos em assembleia dos acionistas ou subscritores, sem a participação daquele que pretende a integralização com os referidos bens. Assim só poderão ser incorporados os bens que tenha uma utilidade efetiva para realização do objeto social. 7 2.2. FUNÇÕES O Capital social exerce três funções para a sociedade: a) Na função de produtividade, o capital social é o fator patrimonial inicial que possibilitará o exercício da atividade empresarial da companhia; b) Na função de garantia, nas sociedades anônimas a responsabilidade dos acionistas é limitada ao preço em emissão das ações, os credores não têm garantia no patrimônio pessoal dos acionistas. Deste modo, a sua garantia incide exclusivamente sobre o patrimônio social; c) Na função de determinação da posição dos sócios, o capital serve de referência para determinação da posição dos acionistas, vale ressaltar que a sua participação no capital social, determinadas faculdades podem ser ou não ser estendidas a eles. 2.3 REDUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL A redução do capital, que afeta mais diretamente os interesses dos credores. Na Lei das Sociedades Anônimas temos dois tipos de redução de capital social, são elas: a) Redução Compulsória: Quando o acionista exerce um direito de retirada, ele faz jus ao pagamento do reembolso de suas ações. Pode ocorrer que a companhia não tenha valores disponíveis para efetuar tal reembolso, devendo fazê-lo às custas do capital social. Assim a sociedade tem 120 dias a contar da data da assembleia, para substituir os acionistas que se retiraram, integrando o valor do capital social, não havendo substituição ocorre a redução do capital social; b) Redução Facultativa, redução decida pela própria sociedade. Os casos de redução facultativa estão no artigo 173 da LSA. A redução só produzirá efeitos 60 dias após a data do arquivamento, permitindo-se que nesse período que os credores se oponham a redução. A oposição não impedirá a redução se o credor for pago ou for depositado judicialmente o valor de seu crédito. 8 3 AÇÕES As ações são representadas pela menor parcela que divide o capital de uma empresa organizada como uma Sociedade Anônima. São elas que legalizam a participação do sócio na empresa, sendo um título patrimonial que concede direitos e deveres aos acionistas, de acordo com as ações possuídas. Isso acontece porque a ação representa um valor mobiliário, isto é, parte do capital da sociedade anônima. Apesar de todas as companhias terem seu capital dividido em ações, apenas aquelas que tem as ações registradas na CVM podem negociar de forma pública no mercado de valores. Quando elas fazem esse registro são chamadas de companhias abertas. A diferença entre os tipos de ações irá variar de acordo com os benefícios e direitos que garantem aos seus acionistas. No Brasil, elas são divididas em ações ordinárias e ações preferenciais (ambas podem ser de valor nominativo). Além disso, as empresas podem emitir diferentes classes de ações e criar quantas forem necessárias. Essas classes recebem uma letra (A, B, C...), de acordo com os objetivos determinados. Uma ação PN classe A, por exemplo, significa que é preferencial nominativa e o A, pode mostrar que ela possui um dividendo (parcela de dos lucros distribuída entre os detentores de ações) mínimo. Essas características são definidas de acordo com a empresa emissora da ação, no estatuto social, e variam de acordo com a companhia. 3.1 TIPOS DE AÇÕES Os tipos de ações são uma classificação que levam em consideração as vantagens e os diretos do investidor. Existem, nessa classe: as ações ordinárias ou comuns e as preferenciais. a) Ações Ordinárias ou Comuns: dão aos acionistas direitos de sócios comuns, sem restrições ou privilégios. Aquele que possui esse tipo de ação tem o direito de participar das decisões da assembleia geral, ou 9 seja, tem o poder de decidir sobre o futuro da companhia. Quando possui mais da metade dessas ações, ele é o controlador da empresa; b) Ações Preferenciais: ações que conferem aos seus titulares um complexo de direitos diferenciados, como por exemplo, a prioridade na distribuição de dividendo ou no reembolso da capital, com ou sem prêmio etc. Aas Ações preferencias podem ou não conferir o direito de voto aos seus acionistas; c) Ações de Fruição: São aquelas atribuídas aos acionistas cujas ações totalmente amortizadas. O seu titular estará sujeito às mesmas restrições ou desfrutará das mesmas vantagens da ação ordinária ou preferencial amortizada, salvo se os estatutos ou a assembleia geral que autorizar a amortização dispuserem em outro sentindo. Além dessas, também podem ser classificadas como ações segundo as formas de registro: a) Ações Nominativas: são ações registradas no nome do proprietário. O nome do acionista fica inscrito no livro de “Registro das ações nominativas”. Quando são transferidas, deve ser tudo devidamente documentado, pois quem as recebe deve ter o nome registrado; b) Ações Escriturais: para essas, não existe emissão de certificado. Ficam em contas bancárias de instituições autorizadas pela CVM. No caso de transferência, ela se faz como qualquer transferência bancária. 3.2 VALOR NOMINAL O artigo 11 da Lei 6.404/76 afirma que compete ao estatuto definir se as ações terão ou não valor nominal. O estatuto pode definir o capital social, o número de ações e o valor de cada uma, ou apenas o capital social e o número de ações. As ações com valor nominal, quando estabelecido o valor do capital social, ele é dividido pelo número total de ações emitidas pela Sociedade Anônima. A partir dessa operação matemática, sabe-se o valor nominal das ações. A principal função da ação nominal é impedir que o patrimônio do acionista desvalorize porque a Lei não permite que novas ações sejam emitidas com preço menor que o valor nominal. O estatuto da companhia determina se suas ações 10 possuem ou não valor nominal. Segundo a legislação que regulariza as S/A, o valor nominal das ações de sociedade anônima aberta não pode ser menor que o mínimo estabelecido pela CVM. E as sem valor nominal, são ações para as quais não foram fixados valores de emissão; fica estabelecido o preço de mercado das ações por ocasião do lançamento. A constituição da empresa é responsável por dizer se suas ações serão sem valor nominal. Pode-se dizer que o valor dessas ações é flutuante porque sem o valor nominal, elas podem aumentar e diminuir de acordo com o mercado. Investir em uma empresa com ações sem valor nominal pode trazer alguns prejuízos, como a falta de critério para calcular o número de ações a serem emitidas quando o capital aumenta, por causa de incorporações. 3.3 PREÇO DE EMISSÃO O preço de emissão é o valor cobrado pela subscrição da ação, isto é, é o valor que tem que ser despendido pelo acionista em troca das ações, seja na constituição da sociedade, seja na emissão de novas ações, em virtude do aumento do capital social. A responsabilidade dos acionistas se limita pelo preço de emissão. Significa que os acionistas só assumem o risco de perder o valor investido, não pondo em risco o restante de seu patrimônio pessoal. 3.4 VALOR PATRIMONIAL Através do desenvolvimento das atividades pela companhia, o capital socialperde muito da sua importância, na medida em que vai se desenvolvendo o patrimônio social, que é a garantia para os credores e de referência para o exercício de uma série de direitos dos acionistas. Daí fala-se em patrimônio bruto. Se forem abatidas as obrigações do patrimônio bruto, chegamos ao patrimônio liquido da sociedade. O valor patrimonial da ação é aquele equivalente à divisão do patrimônio líquido pelo numero de ações. 3.5 VALOR DE MERCADO O valor de mercado da ação é valor pelo qual ela é negociada no mercado de capitais, determinado por diversas condicionantes, como por exemplo, a situação patrimonial da sociedade, o momento econômico do país e de outros países e expectativas de rendimento da sociedade. 11 3.6 VALOR ECONÔMICO O valor econômico que leva em conta uma perspectiva da futura rentabilidade da sociedade. Trata -se de um valor que deve ser levado pericialmente para iniciar quanto provavelmente pagaria por tal ações. Os critérios adotados na lei da sociedade anônima atualmente para apuração do valor econômico das ações são: as comparações por múltiplos, isto é, a comparação com valores relativos à negociação de empresas congêneres e o fluxo de caixa descontado, que leva em conta a capacidade da sociedade de produzir dinheiro. 4 VALORES MOBILIÁRIOS Títulos de investimento amplo, rápido e flexível onde a Sociedade Anônima emite para a obtenção dos recursos que esteja precisando para a construção do seu capital social, com vistas a obter lucros além de tornar a sociedade em um grande instrumento do capitalismo. Quando a Sociedade Anônima precisa de recursos ela tem duas fontes: mercado financeiro e mercado de valores mobiliários. Na primeira fonte a sociedade obtém empréstimos junto a instituições financeiras, já na segunda a sociedade pode emitir os valores mobiliários diretamente junto ao investidor. A sociedade é classificada de companhia fechada, quando seus valores mobiliários não são admitidos no mercado de valores mobiliários (CVM). Quando é classificada de companhia aberta, os seus valores mobiliários são admitidos no mercado de valores mobiliários. No Direito Brasileiro são valores mobiliários: as ações, debêntures, bônus de subscrição, cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramentos decorrentes de tais títulos, os certificados de depósitos de valores mobiliários, cédulas de debêntures, cotas de fundos de investimento, os contratos de investimento coletivo e contratos derivados (art. 2 da Lei 6.385/76). 12 Sendo quatro principais valores mobiliários: a) Debêntures, a companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver do certificado. (art. 52 da Lei 6.404/76); b) Partes beneficiárias, previsto no art. 46, a companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social; c) Os bônus de subscrição, de acordo com o art. 75, acontecem quando houver futuro aumento de capital social, são valores mobiliários emitidos pela Sociedade Anônima para alienação onerosa ou atribuição gratuita como vantagem adicional aos subscritores de suas ações; d) Nota promissória, a CVM disciplinou pela instrução 134/90, tratando de um valor mobiliário a captação de recursos a curto prazo (30 dias no mínimo e 360 no máximo).Também chamado de Commercialpaper . 5 ÓRGÃOS SOCIETÁRIOS As Sociedades Anônimas possuem uma estrutura complexa, composta de diversos órgãos, cada um com suas funções específicas. A divisão existe para que atribuições específicas sejam remetidas aos órgãos competentes, havendo maior eficiência administrativa. A LSA se preocupa com os órgãos de cúpula da companhia que são: a assembleia geral, o conselho de administração, a diretoria e o conselho fiscal. Esses órgãos são regulados pela Lei, que os disciplinam sua estrutura, composição, funcionamentos e atribuições. 5.1 ASSEMBLEIA GERAL Órgão máximo de deliberação da Sociedade Anônima, possuindo aptidão para tratar sobre qualquer assunto relacionado ao objeto social, tem como objetivo 13 reunir os acionistas para discutir os interesses da companhia e através de eleições é possível tomar decisões e decidir sobre o futuro da empresa. Existem, ainda, a assembleia geral ordinária e assembleia geral extraordinária. A primeira é obrigatória, deve ocorrer anualmente, nos quatro primeiros meses após o fim do exercício social e visa discutir matérias pré- estabelecidas. A segunda pode ser convocada a qualquer momento e não é obrigatória, serão realizadas sempre que houver necessidade. Com o objetivo de modernizar o contato entre os acionistas, foi permitido a transmissão de assembleias gerais de companhias abertas pela internet, procuração eletrônica por parte dos acionistas, permitindo a participação mesmo a distância, podendo até realizar votações. Elas são chamadas de assembleias eletrônicas ou assembleia geral virtual. 5.2 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Órgão deliberativo que trata das matérias relacionadas à gestão dos negócios da Sociedade Anônima, tendo a função de orientar os negócios da empresa, fiscalizar, eleger e acompanhar os diretores, entre outros. É um órgão facultativo, exceto se a sociedade for dualista, ou seja, além da assembleia geral existe outro órgão com poder de fiscalizar a diretoria, no caso, o conselho de administração. 5.3 DIRETORIA Pode ser composta por no mínimo duas pessoas, que podem ser naturais, acionistas ou não, eleitos pela assembleia geral ou conselho de administração, caso exista. A diretoria é incumbida de desempenhar a gestão dos negócios sociais, assim os diretores são responsáveis pela direção e pela representação legal da Sociedade Anônima. 5.4 CONSELHO FISCAL Órgão interno de fiscalização dos atos dos administradores, além de assessoramento da assembleia geral. Na Sociedade Anônima é um órgão de 14 existência obrigatória, mas de funcionamento facultativo. O conselho fiscal fará parte de toda companhia, cabendo ao estatuto dispor o seu funcionamento. 6 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS A LSA estabelece o dever de a companhia levantar, ao término do exercício social, um conjunto de demonstrações contábeis, com vistas a possibilitar o conhecimento, pelos acionistas e por terceiros, de sua situação patrimonial, econômica e financeira, bem como dos resultados positivos ou negativos alcançados pela Empresa. Demonstrações que não são úteis apenas para o direito societário comercial, servindo também a finalidades preceituadas pela Legislação tributária. Instrumentos valiosos, por outro lado, para a administração da sociedade e o controle gerencial, desempenhando funções não jurídicas também. O estudo das demonstrações pelo Direito Comercial restringe-se aos dados relevantes para o tratamento das relações entre os acionistas e destes com órgãos de administração. Exercício social é o período de um ano definido pelos Estatutos (LSA, art. 175). Para sua fixação, pode-se optar por qualquer lapso anual, embora, na grande maioria dos casos, e por conveniência, defina-se o fim do exercício social em 31 de Dezembro, mas no ano em que a Companhia foi constituída ou em que houve alteração estatutária, o exercício social poderá ser menor ou maior. No fim do exercício social,a diretoria providenciará o levantamento das demonstrações financeiras. Quando a companhia é fechada, são quatro instrumentos contábeis a serem providenciados: a) Balanço patrimonial; b) Lucros ou prejuízos acumulados; c) Resultado do exercício; d) Fluxos de caixa (LSA, art. 176, I a IV). 15 Sendo a companhia aberta, exige-se, além dessas demonstrações, também a do “valor adicional” (art. 176, V). Tais demonstrações, chamadas pela Lei de financeiras, devem basear-se na escrituração mercantil da Sociedade Anônima e serão publicadas para oportuna apreciação na Assembleia Geral Ordinária (art. 132, I), juntamente com o relatório dos Administradores. Na escrituração mercantil da companhia, prevê a Lei, que deverá ser observado o regime de competência. Tratando de conceito fundamental da Contabilidade, pelo qual se define que as apropriações contábeis das operações e as mutações patrimoniais decorrentes serão feitas no exercício correspondente ao da constituição da obrigação e não ao de sua liquidação. Não se admite a adoção do regime de caixa, também denominado regime de gestão, em que a apropriação contábil coincide com o pagamento da obrigação e não como seu ano de nascimento. Balanço Patrimonial, demonstração financeira que informa o ativo, passivo e patrimônio líquido da Sociedade Anônima. Sendo importante no cálculo do reembolso pelo valor patrimonial das ações. A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados informa as parcelas dos lucros aferidos pela companhia e não distribuídos aos acionistas ou prejuízos não absorvidos pela sua receita. Instrumento de grande importância para a definição da política empresarial de investimentos, adotada na sociedade. A Demonstração do Resultado do Exercício apresenta dados sobre o desempenho da companhia durante o último exercício e possibilita ao acionista avaliar não somente o grau de retorno do investimento, como a eficiência dos atos da administração. Na Demonstração dos Fluxos de Caixa visa evidenciar os ingressos e desembolsos do caixa da Sociedade Anônima, isto é, suas disponibilidades liquidadas. Demonstração de Valor Adicionado é a medida contábil da riqueza gerada pela companhia. 6.1 LUCROS, RESERVAS E DIVIDENDOS O resultado do exercício, revelado na respectiva demonstração financeira, tem a sua destinação em parte definida pela Lei. Desse modo, após a absorção de 16 prejuízos acumulados, a provisão para o Imposto de Renda (LSA, art. 189) e o pagamento das participações estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias (art. 190), o lucro líquido gerado pela Empresa durante o último exercício terá dois possíveis destinos: ficará em mãos da própria sociedade ou será distribuído entre os acionistas, a título de dividendos. Mas, uma parcela dos lucros permanecerá obrigatoriamente na companhia, reserva legal, sendo a outra distribuída aos acionistas, dividendo obrigatório, restando à Assembleia Geral Ordinária deliberar quanto à destinação restante do resultado (LSA, art. 192). Abrindo se três alternativas: constituição de reserva de lucro, distribuição de dividendos ou capitalização. Existem seis categorias de reservas de lucros, são elas: a) Reserva legal, constituída por 5% do lucro líquido, não ultrapassando 20% do capital social (LSA, art. 193), mantendo obrigatoriamente esta reserva para aumento de capital ou absorção de prejuízos; b) Reserva estatutárias, definida pelos Estatutos para atendimento de necessidades específicas; c) Reserva para contingências, destinada à compensação, em exercício futuro, de diminuição de lucro derivada de evento provável; d) Reserva de incentivos fiscais, destina se a excluir da base de cálculo dos dividendos a parcela do lucro da sociedade proveniente de doações ou subvenções governamentais para investimento; e) Reserva de retenção de lucros, tem o objetivo de atender às despesas previstas em orçamento de capital aprovado em Assembleia; f) Reserva de lucros a realizar, visa impedir a distribuição entre os acionistas de recursos que somente irão ingressar no caixa da sociedade em exercícios futuros. Além das Reservas de lucro, há a de capital. Encontrando se contas que, embora não integrem o capital social da companhia, guardam relação com ele (LSA, art. 182, § 1º). Estes recursos somente poderão ser utilizados pela companhia em determinadas situações (art. 189, § único), o resgate de partes beneficiárias ou o pagamento de dividendos preferenciais, se prevista tal possibilidade (art. 200, III e V). 17 Dividendos obrigatórios, parcela de lucro líquido da sociedade, determinado em Lei a sua distribuição (LSA, art. 202). A distribuição do dividendo somente não será feita em duas hipóteses: se os órgãos da administração informarem que a situação financeira da companhia não é compatível com o seu pagamento, ou por deliberação da Assembleia de companhia fechada. Os dividendos prioritários são devidos aos titulares de ações preferenciais, podem ser, de acordo com a previsão estatutária, fixos ou mínimos. Os fixos atribuem ao acionista o direito ao recebimento de valor, estipulado em moeda nacional, percentual do capital ou do preço de emissão. Já os mínimos atribuem o recebimento de valor nunca inferior a certa importância ou percentual. Lembrando que, a Legislação previdenciária proíbe a Sociedade Anônima de distribuir dividendos entre os acionistas enquanto se encontrar em débito perante o INSS (Lei 8.212/91, art. 52). Verificando se a hipótese, a autarquia não terá o direito de reclamar dos acionistas os valores recebidos indevidamente, onde a sanção para o descumprimento é apenas a imposição de multa. Assim, se a fiscalização constatar, pelo exame da escrituração de uma Sociedade Anônima, que ela distribui lucros a despeito da existência de débito previdenciário, esta será apenada, e não os acionistas. 7 DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO Diz o art. 219 da LSA que a Sociedade Anônima se extingue pelo encerramento da liquidação, que se segue à dissolução, ou pela incorporação, fusão e cisão com versão de todo patrimônio em outras sociedades. A Sociedade Anônima, em virtude de sua natura institucional, está sujeita ao regime dissolutório previstos nos arts. 206 a 218 da LSA, onde a dissolução pode dar-se de pleno direito, por decisão judicial ou de autoridade administrativa competente. As causas determinantes na primeira modalidade de dissolução: término do prazo de duração, os casos previstos em estatuto, deliberação da assembleia geral, unipessoalidade incidente e extinção da autorização para 18 funcionar, já na dissolução judicial a anulação, poderá ser proposta por acionista, a irrealizabilidade do objeto social, provada em ação por acionista que detêm 5% ou mais, e finalmente, a falência. A dissolução por vontade dos acionistas não exige a unanimidade, onde esta dissolução poderá ser decidida por quem represente metade do capital votante (LSA, art. 136, VII). À dissolução segue-se a liquidação, que será judicial pedido por qualquer acionista, ou do Representante do Ministério Público, quando não houver liquidação amigável. Na liquidação irregular, poderá ser responsabilizado o liquidante ou o acionista, prescrevendo a correspondente ação judicial em 1 ano (LSA, art. 287, I, b). 7.1 TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO Os procedimentos de reorganização das Empresas que envolverem pelo menos uma Sociedade Anônima devem atender à disciplina da LSA. Não havendo sociedade deste tipo, a disciplina é a CC (arts. 1.113 a 1.122). São quatro operações, pelas quais as sociedadesmudam de tipo, aglutinam-se ou dividem-se. A transformação é a operação de mudança de tipo societário: a sociedade limitada torna-se anônima, ou vice versa. O procedimento deve obedecer às mesmas formalidades preceituadas para a constituição da sociedade do tipo resultante. A incorporação é a operação pela qual uma sociedade absorve outra ou outras, não se confundindo com a incorporação de ações que está disciplinada no art. 252 da LSA. A fusão consiste na união de duas ou mais sociedades, para dar nascimento a uma nova. E a cisão é a transferência de parcelas do patrimônio social para uma ou mais sociedades, já existentes ou constituídas na oportunidade. Essas três submetem-se a regras comuns de procedimento. 19 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Sociedade Anônima permite através da ação, ou seja, uma parte de seu capital social uma livre circulação. A sua constituição pode ser por subscrição pública ou particular, e se classificam em abertas ou fechadas de acordo com os seus valores mobiliários. Diferente da sociedade limitada (LTDA.) que tem sócios para investirem no capital da empresa, a Sociedade Anônima tem como seu capital social dividido em ações. A S/A para obter mais recursos capta a poupança popular utilizando-se das debêntures, commercial papers obtendo alternativas para captar recursos de diversas pessoas. 20 Referências Bibliográficas COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 28ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. São Paulo: Método, 2014, p. 294 - 301. TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2017, páginas 333 - 335,347,360,452,453,459- 460, 541 - 545.
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