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O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E A MEDULA ADRENAL

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O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E A MEDULA ADRENAL
Cap. 61 – Guyton 
Sistema nervoso autônomo: porção do sistema nervoso que controla a maioria das funções viscerais do organismo.
Por exemplo: pressão arterial, motilidade e secreção gastrointestinal, esvaziamento da bexiga, sudorese, temperatura corporal, etc.
Algumas dessas funções são inteiramente controladas, e outras parcialmente.
É importante destacar a rapidez e intensidade com que ele pode alterar as funções viscerais.
ORGNANIZAÇÃO GERAL DO SNA
É ativado, principalmente, por centros localizados na medula espinal, no tronco cerebral e no hipotálamo;
Porções do córtex cerebral (especialmente o límbico) podem transmitir sinais para os centros inferiores, o que pode influenciar o controle autônomo;
Opera, também, por reflexos viscerais: sinais sensoriais subconscientes de órgãos sensoriais podem chegar aos gânglios autônomos, no tronco ou no hipotálamo e, então, retornar como respostas reflexas subconscientes pros órgãos viscerais, controlando as atividades;
Sinais autônomos eferentes transmitidos aos órgãos por meio do sistema nervoso simpático e do sistema nervoso parassimpático.
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO – ANATOMIA
Porções periféricas:
Duas cadeias de gânglios simpáticos paravertebrais, interconectadas com os nervos espinais, ao lado da coluna vertebral;
Gânglios pré-vertebrais (celíaco, mesentérico superior, aórtico-renal, mesentérico inferior e hipogástrico);
Nervos que se estendem dos gânglios aos diferentes órgãos internos;
Fibras nervosas simpáticas: se originam da medula espinal. Projetam-se primeiro para a cadeia simpática e, daí, para os tecidos e órgãos que são estimulados pelos nervos simpáticos.
Neurônios simpáticos pré e pós-ganglionares
Cada via simpática, da medula ao tecido estimulado, é composta de dois neurônios: o neurônio pré-ganglionar e o pós-ganglionar;
Corpo celular de cada neurônio pré-ganglionar se localiza no corno intermediolateral da medula espinal. Sua fibra passa pela raiz ventral da medula para o nervo espinal correspondente;
Nervo espinal deixa o canal espinal fibras simpáticas pré-ganglionares deixam o nervo e passam pelo ramo comunicante branco para um dos gânglios da cadeia simpática;
Fibras podem seguir um dos três percursos:
Fazer sinapse com neurônios simpáticos pós-ganglionares, no gânglio em que entra;
Se dirigir para cima ou para baixo na cadeia e fazer sinapse com outro gânglio da cadeia;
Percorrer distâncias variáveis pela cadeia e, por meio de um dos nervos simpáticos, dirigir-se para fora da cadeia, fazendo sinapse em gânglio simpático periférico.
O neurônio simpático pós-ganglionar origina-se nos gânglios da cadeia simpática ou nos gânglios simpáticos periféricos. As fibras se dirigem para diversos órgãos.
Fibras nervosas simpáticas nos nervos esqueléticos
Algumas fibras pós-ganglionares passam de volta da cadeia simpática para os nervos espinais, pelos ramos comunicantes cinzentos, em todos os níveis da medula;
Fibras simpáticas: finas, do tipo C, estendem-se em todas as partes do corpo por meio dos nervos esqueléticos. Controlam vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas e músculos piloeretores.
Distribuição segmentar das fibras nervosas simpáticas
As vias simpáticas, que se originam nos diferentes segmentos da medula espinal, não são necessariamente distribuídas para as mesmas partes do corpo (como as fibras espinais somáticas dos mesmos segmentos);
Fibras simpáticas do segmento T1: se projetam para cima na cadeia simpática, para terminar na cabeça;
Do segmento T2 para terminar no pescoço;
De T3, T4, T5 e T6 para o tórax;
De T7, T8, T9, T10 e T11 para o abdome;
De T12, L1 e L2 para as pernas
A distribuição dos nervos simpáticos para cada órgão é determinada, parcialmente, pela localização original do órgão no embrião.
Natureza especial das terminações nervosas simpáticas nas medulas adrenais
Fibras pré-ganglionares: se projetam sem fazer sinapse desde o corno intermediolateral da medula, passando pelas cadeias simpáticas, pelos nervos esplâncnicos, para fazer sinapse nas duas medulas adrenais;
Terminam diretamente em células neuronais modificadas que secretam epinefrina e norepinefrina no sangue;
Células secretoras: neurônios pós-ganglionares.
SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO – ANATOMIA 
Fibras parassimpáticas deixam o SNC pelos nervos cranianos III, VII, IX e X;
Fibras parassimpáticas adicionais deixam a parte inferior da medula espinal pelos nervos espinais sacrais II e III (pelo I e IV também);
75% de todas as fibras cursam pelo nervo vago (X par de nervos cranianos), passando para as regiões torácicas e abdominais;
Os nervos vagos suprem de nervos parassimpáticos o coração, os pulmões, o esôfago, o estômago, o intestino delgado, a metade proximal do cólon, o fígado, a vesícula biliar, o pâncreas, os rins e as porções superiores dos ureteres;
Fibras III nervo craniano: vão para o esfíncter pupilar e o músculo ciliar do olho;
Fibras do VII: se projetam para as glândulas lacrimais, nasais e submandibulares;
Fibras do IX: vão para a glândula parótida;
Fibras parassimpáticas sacrais: cursam pelos nervos pélvicos e se distribuem para o cólon descendente, o reto, a bexiga e as porções inferiores dos ureteres; também supre sinais nervosas para toda a genitália externa para causar ereção.
Neurônios parassimpáticos pré e pós-ganglionares
As fibras pré-ganglionares passam de forma ininterrupta por todo o caminho até o órgão que deverá ser controlado;
Os neurônios pós-ganglionares estão localizados na parede do órgão;
As fibras fazem sinapses com esses neurônios, e fibras pós-ganglionares muito curtas deixam os neurônios para inervar os tecidos do órgão.
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA FUNÇÃO SIMPÁTICA E PARASSIMPÁTICA
Fibras colinérgicas e adrenérgicas – secreção de acetilcolina ou noraepinefrina
Fibras que secretam acetilcolina: colinérgicas;
Fibras que secretam noraepinefrina: adrenérgicas;
TODOS os neurônios pré-ganglionares são colinérgicos, em ambos os SN, simpático e parassimpático;
acetilcolina – ou subst. similares – quando aplicada aos gânglios, irão excitar os neurônios pós-ganglionares simpáticos e parassimpáticos;
Todos ou quase todos os neurônios pós-ganglionares do SN parassimpático também são colinérgicos;
Enquanto a maioria dos pós-ganglionares do SN simpático são adrenérgicos;
TE LIGA!!!! fibras nervosas pós-ganglionares simpáticas para as glândulas sudoríparas – e talvez um número escasso de vasos sanguíneos – são colinérgicas;
Assim, quase todas as terminações nervosas do sistema parassimpático secretam acetilcolina; e quase todas as do simpático secretam noraepinefrina, mas poucas secretam acetilcolina.
Acetilcolina: transmissor parassimpático.
Noraepinefrina: transmissor simpático.
Mecanismos de secreção e remoção do transmissor nas terminações nervosas pós-ganglionares
Secreção de acetilcolina e norepinefrina pelas terminações nervosas pós-ganglionares
Muitas das fibras nervosas parassimpáticas e quase todas as simpáticas tocam as células efetoras do órgão à medida que passam;
Ou elas terminam em meio ao tecido conjuntivo adjacente às células que devem ser estimuladas;
Os filamentos que “tocam” têm dilatações bulbosas (varicosidades), onde as vesículas transmissoras de acetilcolina e norepinefrina são sintetizadas e armazenadas;
Nessas vacorisidades existem muitas mitocôndrias, necessárias para fornecer o ATP usado para a síntese.
Síntese de acetilcolina, sua destruição após secreção e sua duração
Síntese: nas terminações nervosas e nas varicosidades da fibra colinérgica;
É secretada permanece no tecido por alguns segundos enquanto realiza sua função decomposta em íon acetato e em colina, na reação catalisada pela acetilcolinesterase;
A colina formada é transportada de volta para a terminação nervosa, onde é usada repetidamente para a síntese de nova acetilcolina.
Síntese de norepinefrina, sua remoção e sua duraçãode ação 
Síntese: começa no axoplasma das fibras, mas é completada na vesícula secretória;
Após a secreção, é removida de três formas:
Recaptação para a terminação nervosa adrenérgica – transporte ativo;
Difusão para fora das terminações nervosas para os fluidos corporais adjacentes e, então, para o sangue;
Destruição de pequenas quantidades por enzimas teciduais.
A norepinefrina e a epinefrina, secretadas no sangue pela medula adrenal, permanecem ativas até que se difundam para algum tecido.
Receptores nos órgãos efetores
Antes que os neurotransmissores possam estimular um órgão efetor, devem primeiro se ligar a receptores específicos nas células efetoras;
Receptor: na parte exterior da membrana, ligado como grupamento proteico a uma molécula proteica que atravessa essa membrana;
Ligação: faz uma alteração conformacional a molécula alterada inibe ou excita a célula causa alteração da permeabilidade ou ativa/nativa enzima;
Dois tipos principais de receptores de acetilcolina:
Muscarínicos: proteína G – metabotrópico. Encontrados em todas as células efetoras estimuladas pelos neurônios colinérgicos pós-ganglionares (simpático e parassimpático);
Nicotínicos: canais iônicos – ionotrópico. Se encontram nos gânglios autônomos nas sinapses entre os neurônios pré e pós-ganglionares dos dois sistemas. Também estão presentes em muitas terminações nervosas não autônomas.
Receptores adrenérgicos:
Alfa: alfa 1 e alfa 2. Se ligam a diferentes proteínas G.
Beta: beta 1, beta 2 e beta 3. Também utilizam proteínas G para a sinalização.
A norepinefrina excita principalmente os receptores alfa, mas excita os receptores beta em menor grau;
A epinefrina excita ambos de forma igual;
Assim, a ação desses neurotransmissores tem efeitos relativos nos órgãos efetores, determinados pelo tipo de receptor.
Ações excitatórias e inibitórias da estimulação simpática e parassimpática
A estimulação pode causar efeito inibitório ou excitatório, dependendo do órgão;
Geralmente, quando a estimulação simpática excita, a parassimpática inibe, e vice-versa (agem antagonicamente).
Estimulação nos olhos: 
abertura das pupilas:
simpática: contrai as fibras meridionais da íris e causa dilatação da pupila (midríase)
parassimpática: contrai o músculo ciliar da íris e causa constrição da pupila (miose)
foco do cristalino: quase todo controlado pelo parassimpático, que contrai o músculo ciliar, permitindo que o cristalino fique mais convexo, promovendo a focalização.
Estimulação nas glândulas
Nasais, lacrimais, salivares e muitas gastrointestinais são estimuladas pelo parassimpático, resultando em abundantes quantidades de secreção aquosa
Células glandulares digestivas: simpático;
Sudoríparas: secretam muito suor quando nervos simpáticos são estimulados;
Glândulas apócrinas na axila: estimulação simpática.
Plexo nervoso intramural do sistema gastrointestinal (sistema nervoso entérico)
Localizado nas paredes do intestino;
Ambas as estimulações podem afetar a atividade;
Parassimpática: aumenta o grau de atividade total do trato gastrointestinal (peristaltismo, relaxamento dos esfíncteres);
Simpática: quando é forte, inibe o peristaltismo e aumento o tônus dos esfíncteres.
Coração
Estimulação simpática eleva a atividade total – aumenta frequência e força de contração;
Parassimpática causa efeitos opostos – diminui o bombeamento do coração.
Vasos sanguíneos sistêmicos
A maioria é contraída pela estimulação simpática;
A parassimpática quase não tem efeitos;
Em algumas condições, pode ocorrer dilatação pela função beta dos simpáticos – mais raro.
Efeito da estimulação simpática e parassimpática na pressão arterial
Simpática: aumenta;
Parassimpática: diminui.
Efeitos da estimulação em outras partes do corpo
Maioria das estruturas de origem endodérmica (ductos biliares, vesícula, uretra, bexiga, brônquios) – inibidas pela estimulação simpática, excitadas pela parassimpática;
Estimulação simpática – efeitos metabólicos: liberação de glicose pelo fígado, eleva glicose sanguínea, aumenta a glicogenólise, aumenta a força de contração musculoesquelética, aumenta metabolismo basal e atividade mental;
Simpática e parassimpática também participam na execução dos atos sexuais.
FUNÇÃO DAS MEDULAS ADRENAIS
Estimulação dos nervos simpáticos, que vão até as medulas adrenais: liberação de norepinefrina e epinefrina no sangue circulante vão para tecidos do corpo;
A norepinefrina e epinefrina circulantes tem quase os mesmos efeitos nos diferentes órgãos, e são removidos mais lentamente (2 a 4 minutos)
Medulas adrenais liberam epinefrina e norepinefrina no mesmo momento em que os diferentes órgãos são estimulados diretamente pela ativação simpática generalizada – ou seja, estimulados duas vezes;
Qualquer um dos meios pode substituir o outro;
A epinefrina e a norepinefrina tem capacidade de estimular estruturas do corpo que não são inervadas por fibras simpáticas diretas.
Relação entre a frequência de estimulação e o grau dos efeitos simpáticos e parassimpáticos
Um só impulso já é o suficiente para manter os efeitos normais;
Somente a baixa frequência de estimulação é necessária para a ativação completa dos efetores autônomos.
“Tônus” simpático e parassimpático = intensidade da atividade basal
Normalmente, os sistemas estão continuamente ativos;
O tônus permite a um só sistema nervoso aumentar ou diminuir a atividade do órgão estimulado;
Muito do tônus total do sistema nervoso simpático resulta da secreção basal de epinefrina e norepinefrina, além do tônus resultante da estimulação simpática direta;
Secção do nervo simpático ou parassimpático órgão inervado perde seu tônus simpático ou parassimpático;
Se esse tônus é perdido, existe uma compensação intrínseca, espécie de adaptação biológica.
SUPERSENSIBILIDADE DE DESNERVAÇÃO DOS ÓRGÃOS SIMPÁTICOS E PARASSIMPÁTICOS APÓS DESNERVAÇÃO
Secção do nervo o órgão inervado fica mais sensível à norepinefrina ou à acetilcolina;
A causa da supersensibilidade só é conhecida parcialmente;
Acredita-se que a resposta se deve ao fato de que o número de receptores nas membranas pós-sinápticas das células efetoras aumenta quando a norepinefrina e a acetilcolina não é mais liberada nas sinapses – processo de upregulation dos receptores.
REFLEXOS AUTÔNOMOS
Cardiovasculares: ajudam a controlar a pressão do sangue arterial e a frequência cardíaca. Por exemplo: reflexo barroreceptor (de estiramento);
Gastrointestinais
Entre outros
ESTIMULAÇÃO DISCRETA E EM MASSA PELOS SISTEMAS SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO
Sistema simpático – às vezes responde por descarga em massa
Quase todas as porções descarregam simultaneamente como uma unidade completa;
Ocorre geralmente em respostas de alarme ou de estresse (hipotálamo é ativado por medo, terror, dor);
Ocorre durante o processo de regulação do calor – simpáticos controlam a sudorese e o fluxo sanguíneo na pele;
Ocorre em “reflexos locais”;
Ocorre em reflexos simpáticos que controlam funções gastrointestinais.
Sistema parassimpático – usualmente causa respostas localizadas específicas
Exemplo: reflexos parassimpáticos cardiovasculares só agem no coração para aumentar ou diminuir a frequência dos batimentos;
TE LIGA! Muitas vezes há associação entre funções parassimpáticas intimamente conectadas.
RESPOSTA DE “ALARME” OU “ESTRESSE” DO SN SIMPÁTICO
Pressão arterial eleva;
Fluxo sanguíneo para os músculos ativos aumenta, e para os órgãos não necessários para a rápida atividade motora ele diminui;
Metabolismo celular aumenta no corpo todo;
Concentração de glicose sanguínea aumenta;
Glicólise aumenta no fígado e no músculo;
Força muscular aumenta;
Atividade mental aumenta;
Velocidade/intensidade da coagulação sanguínea eleva
CONTROLE BULBAR PONTINO E MESENCEFÁLICO DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
Controlam funções como: pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória – mais importantes;Além de controlarem secreção glandular e peristaltismo no trato gastrointestinal e o grau de contração da bexiga;
Transecção do tronco acima do nível médio-pontino: permite o controle basal da PA continuar como antes, mas impede sua modulação pelos centros nervosos superiores;
Transecção abaixo do bulbo: faz com que a PA caia para menos da metade do normal;
Sinais do hipotálamo e do telencéfalo podem afetar as atividades de quase todos os centros de controle autônomos do tronco;
Assim, os centros autônomos do tronco servem como estações de retransmissão para controlar atividades iniciadas em níveis superiores do encéfalo.

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