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Análise de Tensões e Deformações 7 1. ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES 1.1 INTRODUÇÃO A Resistência dos Materiais, assim como a Teoria da Elasticidade, a Análise Experimental de Tensões e o Método de Elementos Finitos têm como objetivos determinar as tensões que atuam nas faces dos paralelepípedos elementares que representam estes pontos críticos e permitir estabelecer suas tensões e deformações equivalentes com base em critérios de resistência referentes a cada possível modo de falha. Os carregamentos que atuam ou atuarão sobre um sistema mecânico ou sobre seus componentes individuais podem ser previstos ou determinados através dos seguintes modos: Na determinação de carregamentos é importante considerar os seguintes aspectos: • Se o carregamento é estático ou tem natureza vibratória; • Se existem impactos na estrutura; • A história do carregamento no que se refere à sua repetição, sequência de valores e número de ciclos; • A temperatura, sua influência na resposta do material e sua variação ao longo das dimensões e ao longo do tempo para diferentes pontos da estrutura; • A possibilidade de existirem tensões residuais, causadas por fabricação, soldagem, tratamentos térmicos, montagens, sobrecargas, etc; • A natureza determinística ou aleatória do carregamento; • A incerteza associada ao processo de determinação do carregamento. Um corpo deformável, quando submetido a carregamentos (forças externas e internas) responde com um campo de deslocamentos. Este campo pode ser dividido em duas partes, uma correspondente ao movimento de corpo rígido (que também pode ser subdividida numa rotação e numa translação) e outra que corresponde às mudanças relativas entre as posições dos pontos que definem o corpo. Na análise de deformações procura-se estudar esta segunda parte, enquanto que a primeira é focada pela Dinâmica dos Corpos Rígidos. 1.2 OBJETIVO Estudar e determinar as tensões e as deformações sofridas por corpo como os que constituem as estruturas. Análise de Tensões e Deformações 8 1.3 CONCEITOS DE DEFORMAÇÃO E TENSÃO 1.3.1. DEFORMAÇÃO A ação de qualquer força sobre um corpo altera a sua forma, isto é, provoca uma deformação, assim com o aumento da intensidade da força, há um aumento da deformação. Existem dois tipos de deformação: Deformação Elástica (deformação transitória, ou seja, o corpo retomará suas dimensões iniciais quando a força for removida) e Deformação Plástica (deformação permanente, ou seja, o corpo não retornará para suas dimensões iniciais depois de cessado o esforço aplicado). O ponto que separa os dois tipos de deformações é o limite de escoamento. 1.3.2 DEFORMAÇÃO UNITÁRIA OU DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (AXIAL) Deformação específica (ε) é a relação entre o alongamento total (∆l ou δ) e o comprimento inicial (l0). 𝜺𝒂 = 𝜹 𝒍𝒐 ε - é adimensional, ou seja, não tem unidade e pode ser expresso em porcentagem multiplicando por 100. 1.4 TENSÃO É definida como sendo a resistência interna de um corpo qualquer, à aplicação de uma força externa por unidade de área, ou seja, é a força por unidade de área. 𝝈 = 𝑭 𝑨 ; (MPa) l Δl 1.1 1.2 Figura 1 / Fonte: Hibbeler (2013) Análise de Tensões e Deformações 9 1.4.1 DIAGRAMA DE TENSÃO x DEFORMAÇÃO Aumentando a tensão, a deformação também vai aumentando e os resultados da experiência podem ser mostrados por um gráfico (σ x ε), marcando em abscissas (eixo “X”) as deformações e em ordenadas (eixo “Y”) as tensões. Ponto P – Tensão Limite de Proporcionalidade (σp): Abaixo deste ponto, a tensão é proporcional à deformação específica (ε), portanto a Lei de Hooke, que estabelece que a tensão é proporcional à deformação, vale somente até este ponto. Ponto E – Tensão Limite de Escoamento (σe): Caracteriza o ponto de escoamento, ou seja, a perda da propriedade elástica do material. Nos aços de médio e baixo teor de 1‘carbono, ocorre um visível alongamento do corpo-de-prova praticamente sem aumento da tensão. Ponto R – Tensão Limite de Resistência (σr): É a maior tensão que o corpo-de-prova pode suportar antes de se romper. Obs.: conceitualmente pode-se admitir que σp = σe 1.5 RELAÇÕES ENTRE TENSÃO E DEFORMAÇÃO 1.5.1. MÓDULO DE ELASTICIDADE A Lei de Hooke, (Robert Hooke 1678), estabelece que até a tensão limite de proporcionalidade (σp), ou seja até o ponto P do Diagrama Tensão x Deformação, a tensão em um material é proporcional à deformação nele produzida. Devido a esta condição de proporcionalidade pode se escrever que: Ruptura σ σt σe σp ε E ε P 1 2 1- Zona elástica 2- Zona plástica Análise de Tensões e Deformações 10 𝝈 = 𝑬. 𝜺 Obs.: Módulo de Elasticidade é a medida de rigidez do material: quanto maior o valor de “E” menor a deformação elástica e mais rígido é o material. Para deformação total, temos: 𝛅 = 𝑭. 𝑳 𝑬. 𝑨 1.5.2 COEFICIENTE DE POISON As experiências demonstram que um material, quando submetido à tração, sofre além da deformação axial (alongamento), uma deformação transversal (afinamento). Poisson demonstrou que estas duas deformações eram proporcionais uma em relação à outra, dentro dos limites da Lei de Hooke (até o ponto P do Diagrama Tensão- Deformação). 1.6 TEORIA DAS TENSÕES Como ilustração do conceito de tensão, considera-se um corpo sólido, em equilíbrio, sujeito a um certo número de ações (forças externas), conforme a Figura 2. Figura 2 - Sólido em equilíbrio / Fonte: Hibbeler (2013) Isolando-se uma parte deste sólido, conforme a Figura 2, o equilíbrio é garantido pelo princípio da ação e reação (Lei de Newton), por se tratar de uma parte de um sólido em equilíbrio. 1.3 1.4 Análise de Tensões e Deformações 11 Figura 3 - Ação e reação no sólido / Fonte: Hibbeler (2013) De maneira geral, pode-se dizer que uma área elementar dS é responsável por uma parcela dF daquelas forças transmitidas (ação e reação). Na figura 3 é mostrada a parcela dF segundo suas componentes nos eixos x, y, z, com "origem" no centro da área do elemento dS. O sistema Oxyz é cartesiano. Figura 4 - Decomposição de força / Fonte: Hibbeler (2013) 1.7. ESTADO DUPLO OU PLANO DE TENSÕES Segundo o Beer (2011), Considera-se, agora, um estado de tensão mais geral num elemento onde não só atua tensão normal em uma direção, mas em duas direções. Tal situação é conhecida como tensões biaxiais. Distinguindo-se, assim, da tensão em uma direção, ou uniaxial. As tensões biaxiais aparecem em análise de vigas, eixos, chapas etc. No momento, o interesse é determinar as tensões normais e tangenciais num dado plano de um estado de tensão. Seja, então, uma chapa retangular com espessura unitária com tensões normais e tangenciais atuando sob esta chapa com uma convenção de sinais definida seguindo a figura 5: Análise de Tensões e Deformações 12 Figura 5 - Tensões no estado Plano / Fonte: Hibbeler (2013) Tensão Normal: > 0 → TRAÇÃO < 0 → COMPRESSÃO Tensão Tangencial: Escolhe-se uma face, se for de tração e concordar com o eixo x ou y para ser positivo. Caso seja de compressão e concordar com o eixo x ou y, para ser positivo, terá de discordar do sentido positivo de x ou de y. De um modo geral,o objetivo do estudo é obter as tensões normais e/ou tangenciais em um plano genérico que corta a chapa numa direção qualquer. Graficamente temos: Figura 6 - Tensões no estado Plano / Fonte: Hibbeler (2013) Análise de Tensões e Deformações 13 Figura 7 - Tensões no estado Plano / Fonte: Hibbeler (2013) Após analisar os gráficos, concluimos que: 𝝈𝒙′ = 𝝈𝒙 − 𝝈𝒚 𝟐 + 𝝈𝒙 − 𝝈𝒚 𝟐 𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽 + 𝝉𝒙𝒚 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜽 𝝉𝒙′𝒚 = − 𝝈𝒙 − 𝝈𝒚 𝟐 𝒔𝒆𝒏𝟐𝜽 + 𝝉𝒙𝒚 𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽 Figura 8 – Tensão / Fonte: Hibbeler (2013) A expressão para a tensão normal σy′ é obtida substituindo-se θ na Equação de 𝜎𝑥′, pelo ângulo θ + 90º, que p ângulo que o eixo y’ forma com o eixo x, como cos(2θ + 180º ) = -cos 2θ e sen (2θ + 180º ) = - sen 2θ, assim: 𝝈𝒚′ = 𝝈𝒙 + 𝝈𝒚 𝟐 − 𝝈𝒙 − 𝝈𝒚 𝟐 𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽 − 𝝉𝒙𝒚 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜽 1.8 TENSÕES PRINCIPAIS E TENSÃO DE CISALHAMENTO MÁXIMA É importante determinar a orientação dos planos que fazem a tensão normal chegar ao máximo e ao mínimo, bem como a orientação dos planos que fazem a tensão de cisalhamento chegar ao máximo. Para determinar a tensão normal máxima e mínima, temos que diferenciar a equação 𝜎𝑥′ = 𝜎𝑥+𝜎𝑦 2 + 𝜎𝑥−𝜎𝑦 2 𝑐𝑜𝑠 2𝜃 + 𝜏𝑥𝑦𝑠𝑒𝑛 2𝜃 , em relação 1.5 1.6 1.7 Análise de Tensões e Deformações 14 a θ e igualar o resultado a zero; 𝑑𝜎 𝑥′ 𝑑𝜃 = − 𝜎𝑥−𝜎𝑦 2 𝑠𝑒𝑛 2𝜃 + 2𝜏𝑥𝑦𝑐𝑜𝑠 2𝜃 , assim concluímos que: 𝒕𝒈 𝟐𝜽𝟏 = 𝝉𝒙𝒚 (𝝈𝒙 − 𝝈𝒚) 𝟐 𝜃1= é o ângulo que determina qual o plano onde atuam as tensões máximas 2𝜃1= pode ser dois valores e estes estão afastados por 180º. Em um determinado valor de 𝜃′1 atua a máxima tensão normal e em outro valor 𝜃′′1 estando 90º atua a mínima tensão normal Para saber qual o plano em que atua uma determinada tensão, por exemplo o 𝜎𝑥′ basta substituir na formula 𝜎𝑥′ = 𝜎𝑥+𝜎𝑦 2 + 𝜎𝑥−𝜎𝑦 2 cos 2𝜃 + 𝜏𝑥𝑦𝑠𝑒𝑛 2𝜃, o valor de θ por 𝜃1. Para 𝜃1que determina as máximas tensões normais, as tensões tangenciais são nulas. Segundo o Beer (2011), as equações obtidas na seção anterior são as equações paramétricas de uma circunferência. Isso significa que, se escolhermos um sistema de eixos cartesianos ortogonais e representarmos um ponto M de abscissa σx’ e ordenada τx’y’ para um dado valor do parâmetro θ, todos os pontos assim obtidos pertencerão a uma circunferência. Para estabelecer essa propriedade eliminamos θ das equações; e finalmente somando membro a membro as duas equações obtidas dessa forma. Temos: 𝝈𝒎é𝒅 = 𝝈𝒙 + 𝝈𝒚 𝟐 𝒆 𝑹 = √( 𝝈𝒙 − 𝝈𝒚 𝟐 ) 𝟐 + 𝝉𝟐𝒙𝒚 Os planos em que atuam as máximas tensões são chamados de planos principais de tensão e as tensões máximas são chamadas tensões principais. Assim, analisando graficamente podemos deduzir que: √( 𝟏 𝟒 (𝝈𝒙 − 𝝈𝒚) 𝟐 + 𝝉𝒙𝒚²) = √𝒓² Deduzimos que: 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜽′𝟏 = −𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜽 ′ 𝟏 = 𝝉𝒙𝒚 √( 𝟏 𝟒 (𝝈𝒙 − 𝝈𝒚) 𝟐 + 𝝉𝒙𝒚𝟐 ) = − 𝝉𝒙𝒚 𝒓 𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽′𝟏 = −𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽 ′ 𝟏 = 𝟏 𝟐 (𝝈𝒙 − 𝝈𝒚) √( 𝟏 𝟒 (𝝈𝒙 − 𝝈𝒚) 𝟐 + 𝝉𝒙𝒚𝟐 ) = − 𝟏 𝟐 (𝝈𝒙 − 𝝈𝒚) 𝒓 1.8 1.9 1.10 1.11 1.12 Análise de Tensões e Deformações 15 Substituindo na equação geral de transformação de tensão no plano, temos: 𝝈𝟏,𝟐 = 𝝈𝒙+𝝈𝒚 𝟐 ± √( 𝝈𝒙−𝝈𝒚 𝟐 )² + (𝝉𝒙𝒚)² Onde 𝜎1 >σ2 , sendo σ1 a tensão máxima e σ1 a tensão mínima, e ambas são as tensões principais no estado de tensão biaxial. Caso seja o estado triaxial 𝜎1 >𝜎2>𝜎3 Desse modo concluímos que: Figura 9 - Análise gráfica de tg 1 / Fonte: Hibbeler (2013) EXEMPLO 1: Para o estado de tensão dado, determine as tensões normal e de cisalhamento depois que o elemento mostrado sofreu uma rotação de (a) 25° no sentido horário e (b) 10° no sentido anti-horário. 80 MPa 50 MPa 1.13 Análise de Tensões e Deformações 16 RESOLUÇÃO: 1º passo: analisar e calcular as tensões σx = 0 / σy = -80 Mpa / 𝜏𝑥𝑦 = -50 Mpa 𝜎𝑚é𝑑 = 𝜎𝑥 ± 𝜎𝑦 2 = ± 40𝑀𝑃𝑎 𝜎𝑥′ = 𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 2 + 𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 2 𝑐𝑜𝑠 2𝜃 + 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛 2𝜃 𝜏𝑥′𝑦 = − 𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 2 𝑠𝑒𝑛2𝜃 + 𝜏𝑥𝑦 𝑐𝑜𝑠 2𝜃 𝜎𝑦′ = 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 2 − 𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 2 𝑐𝑜𝑠 2𝜃 − 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛 2𝜃 2º passo: Calcular para o ângulo de 25° no sentido horário 𝜃 = −25° 2𝜃 = −50° 𝜎𝑥′ = −40 + 40𝑐𝑜𝑠(−50°) − 50𝑠𝑒𝑛(−50°) → 𝜎𝑥′ = 24𝑀𝑃𝑎 𝜏𝑥′𝑦′ = − 40 − 40 𝑠𝑒𝑛(−50°) − 50 𝑐𝑜𝑠(−50°) → 𝜏𝑥′𝑦′ = −1,5 𝑀𝑃𝑎 𝜎𝑦′ = − 40 − 40𝑐𝑜𝑠(−50°) + 50 𝑠𝑖𝑛(−50°) → 𝜎𝑦′ = −104 𝑀𝑃𝑎 3° passo: Calcular para o ângulo 10° no sentido anti-horário. 𝜃 = 10° 2𝜃 = 20° 𝜎𝑥′ = −40 + 40𝑐𝑜𝑠(20°) − 50𝑠𝑒𝑛(20°) → 𝜎𝑥′ = −19,5𝑀𝑃𝑎 𝜏𝑥′𝑦′ = − 40 − 40 𝑠𝑒𝑛(20°) − 50 𝑐𝑜𝑠(20°) → 𝜏𝑥′𝑦′ = 60,7 𝑀𝑃𝑎 𝜎𝑦′ = − 40 − 40𝑐𝑜𝑠(20°) + 50 𝑠𝑖𝑛(20°) → 𝜎𝑦′ = 60,5 𝑀𝑃𝑎 EXEMPLO 2: Resolva o exemplo 1 usando o círculo de Mohr. RESOLUÇÃO: 1º passo: analisar e calcular as tensões σx = 0 / σy = -80 Mpa / 𝜏𝑥𝑦 = -50 Mpa 𝜎𝑚é𝑑 = 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 2 = − 40𝑀𝑃𝑎 Análise de Tensões e Deformações 17 2º passo: Pontos para o círculo de Mohr. 2.1- Coordenadas X: (0,50) Y: (-80,-50) C: (-40,0) 2.2. Tangente e raio 𝑡𝑔 2𝜃1 = 𝐹𝑋 𝐶𝐹 = 50 40 = 1,25 2𝜃1 = 51,34° R = √𝐶𝐹2 + 𝐹𝑋2 = √(−40)2 + 502 = 64,03 𝑀𝑃𝑎 3º passo: Calcular para o ângulo de 25° no sentido horário e montar o círculo de Morh 𝜃 = −25° 2𝜃 = −50° Φ = 51,34° - 50° = 1,34° (horário) σx' = σ + Rcosφ = 24 Mpa 𝜏𝑥′𝑦′= -Rsenφ = -1,5 Mpa σy’ = σ - Rcosφ = -104 Mpa 4º passo: Calcular para o ângulo de 10° no sentido anti-horário e montar o círculo de Morh. 𝜃 = 10° 2𝜃 = 20° Φ = 51,34° + 20° = 71,34° (anti-horário) B A Y X C F φ 2θ1 θ Digite a equação aqui. 2θ Digite a equação aqui. Análise de Tensões e Deformações 18 σx' = σ + Rcosφ = -19,5 Mpa 𝜏𝑥′𝑦′= -Rsenφ = -60,7 Mpa σy’ = σ - Rcosφ = -60,5 Mpa 1.9 EQUAÇÕES GERAIS DE TRANSFORMAÇÃO NO PLANO DE DEFORMAÇÃO Com base do Beer (2011); o estado geral de deformação em um ponto em um corpo é representado por uma combinação de três componentes de deformação normal Ɛ𝑥, Ɛ𝑦, Ɛ𝑧, e três de deformação por cisalhamento 𝛾𝑥𝑦, 𝛾𝑥𝑧, 𝛾𝑦𝑧. Essas seis componentes tendem a deformar cada face de um elemento do material, e como ocorre com a tensão, as componentes da deformação normal e da deformação por cisalhamento no ponto variarão de acordo com a orientação do elemento. Assim, como na tensão, a deformação é estudada no plano onde não consideramos os efeitos das componentes Ɛ𝑧, 𝛾𝑥𝑧, 𝛾𝑥𝑧. 1. Deformações normais são produzidas por mudanças no comprimento do elemento nas direções x e y 2. Deformações por cisalhamento resultam da rotação relativa de dois lados adjacentes do elemento. 3. Estado plano de deformação ≠ estado plano de tensão 4. Mesmo as deformações plana tendo duas componentes de deformação normais Ɛ𝑥, Ɛ𝑦 e uma de cisalhamento 𝛾𝑥𝑦 e estando no mesmo plano que as tensão plana, as tensões não causaram deformação plana por conta do efeitode Poisson (υ) impedindo a ocorrência simultânea de tensão plana e deformação plana. Como o coeficiente de Poisson só afeta as deformações normais, logo as condições 𝛾𝑥𝑧= 𝛾𝑥𝑧 = 0 é valida Y X Y’ X’ φ 2θ1 2θ σ (mpa) 𝜏 (mpa) Análise de Tensões e Deformações 19 𝝉𝒙𝒚 𝟐 𝝉𝒙𝒚 𝟐 Figura 10- estado plano de deformação / Fonte: Beer (2011) 1. 9.1. DEFORMAÇÕES NORMAL E POR CISALHAMENTO Para desenvolver as equações de transformação da deformação e determinar Ɛ𝑥′, temos de determinar o alongamento de um segmento 𝑑𝑥′ que está no eixo 𝑥′ sujeito a uma deformação Ɛ𝑥, Ɛ𝑦, 𝛾𝑥𝑦. 𝒅𝒙= 𝒅𝒙′ 𝐜𝐨𝐬 𝜽 𝒅𝒚= 𝒅𝒙′ 𝐬𝐞𝐧 𝜽 Quando ocorre a deformação normal positiva Ɛ𝑥, a reta 𝑑𝑥 sofre um alongamento Ɛ𝑥𝑑𝑥 que provoca na reta 𝑑𝑥′ um alongamento Ɛ𝑥𝑑𝑥 𝑐𝑜𝑠𝜃. Analogamente acontece o mesmo procedimento com a deformação Ɛ𝑦, onde a reta 𝑑𝑦 sofre um alongamento Ɛ𝑦𝑑𝑦 provocando um alongamento Ɛ𝑦𝑑𝑦 𝑠𝑒𝑛𝜃 na reta 𝑑𝑥′ A deformação por cisalhamento 𝛾𝑥𝑦 que é provocado pela mudança no ângulo entre 𝑑𝑥 𝑒 𝑑𝑦 , que provoca um deslocamento 𝛾𝑥𝑦𝑑𝑦 para a direita da extremidade da reta dy, isso acarreta o alongamento 𝛾𝑥𝑦𝑑𝑦 𝑐𝑜𝑠𝜃 na reta dx’dy’ y x x y dx dy 𝜀𝑥𝑑𝑥 dx 𝜀𝑦𝑑𝑦 dx y x Figura 11 - estado plano de deformação / Fonte: Beer (2011) 1.14 1.15 Análise de Tensões e Deformações 20 Pode concluir que: Ɛ𝒙′= Ɛ𝒙𝒄𝒐𝒔²𝜽 + Ɛ𝒚𝒔𝒆𝒏²𝜽 + 𝜸𝒙𝒚𝒔𝒆𝒏𝜽𝒄𝒐𝒔𝜽 Após fazer a análise trigonometrica, a equação é dada por: 𝜺𝒙′ = 𝜺𝒙 + 𝜺𝒚 𝟐 + 𝜺𝒙 − 𝜺𝒚 𝟐 𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽 + 𝜸𝒙𝒚 𝟐 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜽 Como nas equações gerais de transformação de tensão, analogamente o processo para achar o Ɛ𝑦′ é o mesmo, onde substitui 𝜃 = 𝜃 + 90; que é o ângulo formado pelo eixo 𝑦′ e x. 𝜺𝒚′ = 𝜺𝒙 + 𝜺𝒚 𝟐 − 𝜺𝒙 − 𝜺𝒚 𝟐 𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽 − 𝜸𝒙𝒚 𝟐 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜽 A equação de transformação da deformação para determinar γx′y′ pode ser desenvolvida considerando-se a quantidade de rotação que cada um dos segmentos de reta 𝑑𝑥′ 𝑒 𝑑𝑦′ sofre quando submetido às componentes da deformação Ɛ𝑥, Ɛ𝑦, 𝛾𝑥𝑦. 𝜸𝒙′𝒚′ 𝟐 = − ( 𝜺𝒙 − 𝜺𝒚 𝟐 ) 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜽 = 𝜸𝒙𝒚 𝟐 𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽 1. 9.2 DEFORMAÇÕES PRINCIPAIS Como ocorreu com a tensão, a orientação de um elemento em um ponto pode ser determinada de modo tal que a deformação do elemento seja representada por deformações normais, sem nenhuma por cisalhamento. Quando isso ocorre, as deformações normais são denominadas deformações principais, isso supondo que o material é homogêneo e isotrópico. Para isso, relacionado a equação de 𝜀𝑥′, em relação ao ângulo θ e igualar o resultado a zero 𝜺𝒙′ 𝒅𝜽 = 𝜺𝒙 + 𝜺𝒚 𝟐 + 𝜺𝒙 − 𝜺𝒚 𝟐 𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜽 + 𝜸𝒙𝒚 𝟐 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜽 = 𝟎 1.16 1.17 1.18 1.19 1.20 Análise de Tensões e Deformações 21 Com isso, concluímos que: 𝒕𝒈 𝟐𝜽𝟏 = 𝜸𝒙𝒚 𝜺𝒙 − 𝜺𝒚 𝟐 Onde, 𝜃1= é o ângulo que determina qual o plano onde atuam as tensões máximas 2𝜃1= pode ser dois valores e estes estão afastados por 180º. Em um determinado valor de 𝜃′1 atua a máxima tensão normal e em outro valor 𝜃′′1 estando 90º atua a mínima tensão normal. Para saber qual o plano em que atua uma determinada tensão, por exemplo o 𝜎𝑥′ basta substituir na formula, Ɛ𝐱+Ɛ𝐲 𝟐 + Ɛ𝐱−Ɛ𝐲 𝟐 cos 2𝜃 + 𝛄𝐱𝐲 2 𝑠𝑒𝑛 2𝜃 o valor de θ por 𝜃1. Para 𝜃1que determina as máximas tensões normais, as tensões tangenciais são nulas. Como o procedimento é igual ao da tensão, a equação das deformações principais é Ɛ𝟏,𝟐 = 𝜺𝒙 + 𝜺𝒚 𝟐 ± √( 𝜺𝒙 − 𝜺𝒚 𝟐 ) 𝟐 + ( 𝝉𝒙𝒚 𝟐 ) 𝟐 1.9.3 DEFORMAÇÃO POR CISALHAMENTO MÁXIMA NO PLANO O mesmo procedimento pode ser seguido para a determinação da deformação cisalhante máxima. Fazendo-se um estudo análogo ao das tensões principais, a tensão tangencial em qualquer plano q é dada por: 𝒕𝒈 𝟐𝜽𝟐 = (𝝈𝒙 − 𝝈𝒚) 𝟐𝝉𝒙𝒚 Assim, 𝜃2 indica qual plano a deformação tangencial é máxima. Concluímos desse modo que os planos para deformação de cisalhamento máxima podem ser determinados orientando um elemento a 45° em relação a posição de um elemento que define os planos da deformação principal. 𝛄𝐦á𝐱 𝟐 = ±√( 𝛆𝐱 − 𝛆𝐲 𝟐 ) 𝟐 + ( 𝛄𝐱𝐲 𝟐 ) 𝟐 𝐞 𝛆𝐦é𝐝 = 𝛆𝐱 + 𝛆𝐲 𝟐 Assim como ocorre nas tensões, na deformação utilizamos a análise gráfica do círculo de morh para visualizar as componentes de deformação de acordo com a orientação do plano em que atuam. 1.21 1.22 1.23 1.24 Análise de Tensões e Deformações 22 Figura 12: analise gráfica do círculo de morh para a deformação / Fonte: Beer (2011) 1.9.4 TEORIA DO CRITÉRIO DE FALHA DE MORH Em alguns materiais frágeis, as propriedades sob tração e sob compressão são diferentes. Nesses casos usamos a teoria de falha de morh, para aplicar esse critério é necessário realizar o ensaio de tração (𝜎𝑟), o ensaio de compressão (𝜎𝑟), e o ensaio de torção para determinar a tensão de cisalhamento (𝜏𝑟). Estabelecidos os limites de ruptura das tensões normais, é construído um circulo de morh para cada tensão. 𝜎1=𝜎2=0 e 𝜎3= −𝜎𝑟 (tensão limite de ruptura a compressão) 𝜎1=𝜎2=0 e 𝜎3= 𝜎𝑟 (tensão limite de ruptura a tração) 𝜏 = 𝜏𝑟 (estado de tensão de cisalhamento puro) Após estabelecer as tensões limites e criar os círculos de morh para cada tensão, esses três círculos são contidos em um envelope de falha, o qual é a tangente a todos os círculos. 𝑹 = √( 𝜺𝒙 − 𝜺𝒚 𝟐 ) 𝟐 + ( 𝜸𝒙𝒚 𝟐 ) 𝟐 1.25 Análise de Tensões e Deformações 23 EXEMPLO 3: Uma força axial centrada P e uma força horizontal Q são ambas aplicadas ao ponto C da barra de seção retangular mostrada na figura. Uma roseta de deformação de 45° na superfície da barra no ponto A indica as seguintes deformações: 𝜀1 = −75𝜇; 𝜀2 = 300𝜇; 𝜀3 = 250𝜇 Sabendo que E = 200 GPa e v = 0,30, determine as intensidades de P e Q x. RESOLUÇÃO: 1º passo: analisar as deformações 𝜀𝑥 = 𝜀1 = −75𝑥10(−6) 𝜀𝑦 = 𝜀3 = 250𝑥10(−6) γxy = 2 ∗ ε2 − ε1 − ε3 = 425x10(−6) 2° passo: analisar as tensões σx = 𝐸 1 − 𝑢2 (𝜀𝑥 + 𝑢𝜀𝑦) → 𝜎𝑥 = 200𝑥109 1 − 0,32 (−75 + 0,3 ∗ 250)𝑥10(−6) → 𝜎𝑥 = 0 σy = 𝐸 1 − 𝑢2 (𝜀𝑦 + 𝑢𝜀𝑥) → 𝜎𝑦 = 200𝑥109 1 − 0,32 (250 + 0,3 ∗ (−75))𝑥10(−6) → 𝜎𝑦 = 50 𝑀𝑝𝑎 𝜎𝑦 = 𝑃 𝐴 → 𝑃 = 𝐴𝜎𝑦 → 𝑃 = (50 ∗ 150) ∗ 50 → 𝑃 = 375 𝑘𝑁 3° passo: calcular os esforços atuantes 𝐺 = 𝐸 2(1 + 𝑈) → 200𝑋109 2(1 + 03) → 𝐺 = 76,92 𝐺𝑃𝑎 𝜏𝑥𝑦 = 𝐺𝛾𝑥𝑦 → (76,92𝑥109)(495𝑥10(−6)) → 𝜏𝑥𝑦 = 32,69 𝑀𝑃𝑎 Análise de Tensões e Deformações 24 I = 𝑏ℎ3 12 → 𝐼 = 50 ∗ 1503 12 → I = 14062500mm4 Q = Ay → 75 ∗ 50 ∗ (75/2) = 140625mm3 t = 50mm 𝜏𝑥𝑦 = 𝑉𝑄 𝐼𝑡 → 𝑉 = 𝐼𝑡𝜏𝑥𝑦 𝑄 → 𝑉 = (14062500) ∗ (50) ∗ (32,69) 140625 → 𝑉 = 163,45 𝑘𝑁 𝑸 = 𝑽 = 𝟏𝟔𝟑, 𝟒𝟓 𝒌𝑵
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