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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA MECÂNICA E DURABILIDADE DE CONCRETOS MODIFICADOS COM POLÍMEROS LUCAS EDUARDO LÉO RIBOLI BLUMENAU 2012 LUCAS EDUARDO LÉO RIBOLI RESISTÊNCIA MECÂNICA E DURABILIDADE DE CONCRETOS MODIFICADOS COM POLÍMEROS Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Civil do Centro de Ciências Tecnológicas da Fundação Universidade Regional de Blumenau, como requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Eng. Civil Lúcio Flávio da Silveira Matos BLUMENAU 2012 RESISTÊNCIA MECÂNICA E DURABILIDADE DE CONCRETOS MODIFICADOS COM POLÍMEROS Por LUCAS EDUARDO LÉO RIBOLI Trabalho de Conclusão do Curso aprovado para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Civil, pela Banca examinadora formada por: __________________________________________ Presidente: Prof. Lucio Flavio da Silveira Matos, Dr. Eng., FURB - Orientador __________________________________________ Membro: Prof. Adilson Pinheiro, Dr. Eng., FURB - Coordenador __________________________________________ Membro: Abrahão Bernardo Rohden, M.sc Eng., FURB __________________________________________ Membro: Sheila Klein, M.sc Eng., FURB Blumenau, 10 de Julho de 2012. AGRADECIMENTOS A Deus, pelo direcionamento e oportunidade do cumprimento de mais esta etapa, pela saúde, coragem, graça e confiança na vida. Aos meus pais, Alcy Riboli Filho e Márcia Luíza Léo Riboli, pelo amor e carinho, pela minha criação e ensinamento. Aos meus avós pelo exemplo de vida e também pelos valorosos ensinamentos. A minha noiva, Micheli Schreiber, por toda paciência, dedicação, amor, apoio e suporte em todos os momentos. Ao Sr. Matias Schreiber e a Sra. Evonette Schreiber por todo apoio, ajuda e dedicação. Ao meu orientador Professor Lúcio Flavio pela orientação e ensinamentos transmitidos. A todos os professores do curso de Engenharia Civil pelo conhecimento transmitido. Ao Sr. Adenir Bastos e Jonathan Bastos pelo auxílio, ajuda e apoio. A empresa Águia Química pela disponibilização do polímero. A todos amigos e familiares pelo incentivo e orações. RESUMO Os concretos modificados com látex apresentam a mesma tecnologia de produção referente aos concretos tradicionais, pois além do cimento Portland, utilizam o látex como aglomerante juntamente com os outros materiais no processo de mistura do concreto modificado, sendo assim um material de fácil produção por se tratar da mesma tecnologia já utilizada para concretos tradicionais. Observa-se que, apesar da necessidade de materiais com maiores valores de resistência e durabilidade no Brasil, o concreto polimérico tem sido pouco utilizado, fato que se deve às estimativas de custo elevado e ao desconhecimento das metodologias de produção e propriedades desse material. A pesquisa experimental aborda o aperfeiçoamento da resistência mecânica e durabilidade do concreto em função da ação conjunta do látex acrílico como aglomerante entre os componentes do concreto. Inicialmente, o programa experimental foi desenvolvido tendo como objetivo o estudo da dosagem do polímero utilizado, visando a otimização da resistência mecânica e durabilidade. O estudo foi conduzido através da confecção de cinco traços, sendo um de referência, sem a adição de látex, e os outros com quatro percentagens de látex variando de 5 à 20% em relação à massa de cimento utilizada em todos os traços. A caracterização das propriedades do concreto no estado endurecido se deu através de ensaios de resistência à compressão axial, resistência à tração por compressão diametral e resistência química. Os resultados obtidos nos ensaios experimentais, para a resistência à compressão mostraram-se inferiores aos obtidos na literatura. Já os resultados encontrados para a resistência à tração por compressão diametral se mostraram equivalentes. Em relação ao ensaio de resistência química, todas as amostras confeccionadas com látex apresentaram durabilidade frente à solução ácida, obtendo-se assim a otimização do teor de polímeros com a adição de 15%. Palavras Chave: Cimento Portland, látex, aglomerante. ABSTRACT Latex-modified concretes have the same production technology related to traditional concrete, besides Portland cement, the latex is used to binder together with other materials in the mixture of modified concrete, in such case, an easy material to produce whereas the same technology already used for traditional concrete. In despite of the need of higher strength and durability materials in Brazil, polymer concrete has been less used, due to the high cost estimates and the lack of production methods and properties of this material. The experimental research focuses on the mechanical strength improvement and concrete durability because of the action of acrylic latex as a binder between the concrete components. Initially, the experimental program was developed with the aim to study the dosage of the polymer used, to optimize the mechanical strength and durability. The study was conducted by making five traces, one as reference, without the addition of latex, and the other four latex percentages ranging from 5 to 20% in relation to the cement paste used in all traces. The hardened concrete properties characterization happened through resistance trails for axial compression, tensile strength by diametrical compression and chemical resistance. The results obtained in experiments, for the compression resistance were inferior to those obtained in the literature. Since the results for the tensile strength by diametrical compression proved equivalent. Regarding the chemical resistance test, all samples were prepared using latex durability against the acidic solution, thereby obtaining optimization of the amount of polymer with the addition of 15%. Keywords: Portland cement, latex, binder. LISTA DE FIGURAS Figura 1– Microfotografia eletrônica de concreto modificado com látex e concreto convencional.............................................................................................................................19 Figura 2– Modelo de formação de filme de polímero ..............................................................21 Figura 3- Modelo de modificação ............................................................................................21 Figura 4: Amostra de material utilizado conforme granulometria ...........................................28 Figura 5: Agregado graúdo obtido após processo de peneiramento.........................................29 Figura 6: Equipamento de ensaio Slump Test ..........................................................................33 Figura 7: Execução do ensaio de resistência à tração por compressão diametral ....................34 Figura 8: Corpos-de-prova antes do ensaio de resistência química..........................................34 Figura 9: Ensaio de resistência química ...................................................................................35 Figura 10: Resistência característica à compressão de acordo com o teor da adição aos 28 dias (MPa) ........................................................................................................................................38Figura 11: Execução do ensaio de resistência à compressão axial...........................................39 Figura 12: Resistência à tração por compressão diametral de acordo com o teor da adição....40 Figura 13: Comparação da resistência à tração por compressão diametral em relação à amostra referência ..................................................................................................................................41 Figura 14: Relação das Resistências Mecânicas à Tração e Compressão ................................42 Figura 15: Perda de massa das amostras submetidas ao ataque químico .................................43 Figura 17: Ataque químico dos corpos-de-prova após o ensaio de resistência química ..........44 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Frações do agregado miúdo utilizado .....................................................................28 Tabela 2: Especificações da resina acrílico-estirenada – Dados fornecidos pelo fabricante....29 Tabela 3 – Composição das dosagens testadas por m³ de concreto .........................................31 Tabela 4: Resultados do ensaio de resistência dos corpos-de-prova à compressão aos 28 dias. ..................................................................................................................................................37 Tabela 5: Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral aos 28 dias, em MPa.....................................................................................................................................40 Tabela 6: Efeito da solução de ácido muriático 30% sobre a perda de massa do concreto......42 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 11 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ........................................................................................ 11 1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA................................................................................ 12 1.3 QUESTÕES DE PESQUISA ............................................................................................ 12 1.4 HIPÓTESES...................................................................................................................... 12 1.5 OBJETIVO........................................................................................................................ 13 1.5.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 13 1.5.2 Objetivos Especificos...................................................................................................... 13 1.6 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA................................................................................. 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 15 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CONCRETOS POLIMÉRICOS ................................. 15 2.2 CLASSIFICAÇÃO E APLICAÇÕES DOS CONCRETOS POLÍMEROS ..................... 15 2.2.1 PIC (Concreto Impregnado por Polímero)...................................................................... 15 2.2.2 PC (Concreto Polímero).................................................................................................. 16 2.2.3 PMC (Concreto Modificado por Polímero) .................................................................... 16 2.2.4 Polímeros mais usados .................................................................................................... 17 2.2.5 Concreto modificado com látex (CML).......................................................................... 18 2.2.6 Principio de Modificação do Látex ................................................................................. 20 2.3 PROPRIEDADES DOS CONCRETOS MODIFICADOS COM LÁTEX ...................... 22 2.3.1 Consistência/Trabalhabilidade ........................................................................................ 22 2.3.2 Teor de Ar Incorporado................................................................................................... 22 2.3.3 Tempo de Pega................................................................................................................ 23 2.3.4 Resistência à compressão................................................................................................ 23 2.3.5 Resistência a Tração........................................................................................................ 23 2.3.6 Módulo de Elasticidade................................................................................................... 24 2.3.7 Retração por Secagem..................................................................................................... 24 2.3.8 Aderência a Armadura .................................................................................................... 24 2.3.9 Permeabilidade/Absorção ............................................................................................... 24 2.3.10Resistência a Ciclos Gelo/Degelo .................................................................................. 25 2.3.11Resistência a Carbonatação / Permeabilidade a Cloretos............................................... 25 2.4 DOSAGEM DOS CONCRETOS MODIFICADOS COM POLÍMEROS....................... 25 2.5 PROCESSO PRODUTIVO............................................................................................... 26 2.5.1 Mistura e Adensamento ...................................................................................................26 2.5.2 Cura do Concreto ............................................................................................................ 26 2.5.3 Limpeza dos Equipamentos ............................................................................................ 26 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 27 3.1 ESCOLHA E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS................................................ 27 3.1.1 Materiais.......................................................................................................................... 27 3.1.1.1 Cimento Portland do Tipo CP V – ARI........................................................................ 27 3.1.1.2 Agregado Miúdo........................................................................................................... 27 3.1.1.3 Agregado Graúdo.......................................................................................................... 28 3.1.1.4 Polímero........................................................................................................................ 29 3.1.1.5 Água.............................................................................................................................. 30 3.2 MÉTODOS EMPREGADOS............................................................................................ 30 Os métodos empregados foram divididos em dosagem, preparo, moldagem e cura................ 30 3.2.1 Método de Dosagem do Concreto Modificado por Polímero ......................................... 30 3.2.2 Preparo do Concreto........................................................................................................ 31 3.2.3 Moldagem e Cura............................................................................................................ 31 3.3 METODOLOGIA DOS ENSAIOS DO CONCRETO ..................................................... 32 3.3.1 Ensaio Determinação da Consistência pelo Abatimento de Tronco de Cone -Trabalhabilidade do Concreto Fresco....................................................................................... 33 3.3.2 Ensaio de Resistência à Compressão Axial .................................................................... 33 3.3.3 Ensaio de Resistência à Tração por Compressão Diametral ........................................... 33 3.3.4 Resistência Química do Concreto ................................................................................... 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 36 4.1 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA................................................................... 36 4.1.1 Resistência à Compressão ............................................................................................... 36 4.1.2 Resistência à Tração por Compressão Diametral............................................................ 40 4.1.3 Relação das Resistências Mecânicas à Tração e Compressão ........................................ 41 4.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA QUÍMICA......................................................................... 42 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................................ 46 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 47 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA O concreto de cimento Portland é o material estrutural mais usado na construção civil, por sua versatilidade, facilidade de moldagem e benefícios como baixo custo e estética agradável. Estima-se que o consumo atual de concreto no mundo seja da ordem de 11 bilhões de toneladas métricas por ano (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Devido à importância deste material na construção civil, o mesmo tem sido foco de diversas pesquisas, visando aperfeiçoar as características principais como resistência mecânica e durabilidade através da utilização da adição de polímeros nos componentes do concreto. A utilização de polímeros no concreto tem como objetivo principal maximizar qualidades relacionadas a porosidade do concreto, propiciando a sua diminuição e maior durabilidade e resistência mecânica, evitando patologias ocorridas com frequência, principalmente, em meios agressivos, o que acarreta desconforto visual além da degradação dos elementos estruturais. Apesar de ser um material relativamente novo, o concreto composto por polímeros possui ótima resistência mecânica, durabilidade e excelente desempenho, reduzindo a incidência das suas patologias e a consequente necessidade de manutenção. O emprego de materiais poliméricos em matrizes cimentícias ocorre através dos seguintes processos: • Impregnação por polímero: Se dá através de processos de secagem do elemento de concreto com ou sem pressão para a retirada da água e do ar dos vazios e imersão do elemento em solução polimérica até a saturação por impregnação; • Concreto polímero: O aglomerante utilizado junto aos agregados é a resina, material que substitui o cimento, sendo que este pode ser utilizado como agregado neste caso. O desempenho deste tipo de concreto depende exclusivamente do tipo de polímero utilizado e seu traço mediante os agregados de mistura. • Modificado por polímero: O polímero é aplicado na água de amassamento junto ao concreto. 12 Segundo BALLISTA (2003), os polímeros mais utilizados são os polímeros de látex, pois são materiais de dispersão em água em conjunto com a água de amassamento do concreto que se polimerizam após sua mistura e possuem a capacidade de evitar a coagulação. Outra vantagem na utilização do látex se dá através do controle da quantidade de proporções utilizadas facilitando a análise das quantidades na resistência à compressão e processos de cura rápida. Os látexes mais utilizados com cimento Portland são: Látex de resina epóxi; Copolímeros de estireno-butadieno (SBR); Copolímeros acrílicos; Acetato de polivinila (PVA); Copolímeros estireno-acrílicos; Neste trabalho se optou pelo uso da técnica do concreto modificado com látex. Segundo o AMERICAN CONCRETE INTITUTE – ACI, a utilização dessa técnica visa melhorar propriedades como ligação entre o concreto e o substrato, melhorar a resistência ao impacto, à penetração de água e sais dissolvidos e a ação de congelamento e degelo. O presente trabalho experimental inclui o estudo de um concreto modificado em que é utilizado o látex acrílico na sua composição, visando a otimização da resistência mecânica e durabilidade. 1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA Observa-se que, apesar da necessidade de materiais com maiores valores de resistência e durabilidade no Brasil, o concreto modificado tem sido pouco utilizado, fato que se deve as estimativas de custo elevado e ao desconhecimento das propriedades desse material. Também, existe pouca bibliografia em profusão sobre a metodologia de produção desses concretos, principalmente, sobre a dosagem e polímeros mais adequados a esse fim. 1.3 QUESTÕES DE PESQUISA 1) Qual o traço mais adequado ao concreto modificado com polímeros de látex? 2) Como a adição de látex ao concreto pode incrementar a sua resistência mecânica? 3) Como a adição de látex ao concreto pode melhorar a sua durabilidade? 1.4 HIPÓTESES 1) O traço será definido experimentalmente utilizando como parâmetros de referência a resistência à compressão em função da dosagem dos vários componentes; 13 2) O incremento da resistência mecânica se dá pela formação do filme polimérico gerada pela hidratação do cimento e pela coalescência das partículas de polímero, preenchendo os vazios da matriz de cimento, diminuindo a sua porosidade e consequentemente os vazios. 3) A adição de látex diminui a absorção de água, permeabilidade e índice de vazios, dificultando a penetração de agentes agressivos; 1.5 OBJETIVO 1.5.1 Objetivo Geral Definir a dosagem de látex em emulsão acrílica visando a otimização da resistência mecânica e durabilidade do concreto. 1.5.2 Objetivos Especificos • Caracterizar os agregados; • Estudar as dosagens do concreto modificado com látex (acrílico), em termos de cimento: agregado: polímero: água; • Preparar dosagens experimentais no laboratório com a moldagem de corpos de prova cilíndricos; • Testar a resistência à compressão axial, tração por compressão diametral e resistência química dos corpos de prova, aos 28 dias de idade; • Analisar os resultados dos testes realizados. 1.6 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA A monografia de TCC apresenta cinco capítulos cujo conteúdo é resumido a seguir: • Capítulo 1- Introdução: Abordagem do assunto escolhido com apresentação do problema e objetivos; • Capítulo 2- Revisão bibliográfica: análise das publicações correntes (artigos científicos), tipos de pesquisas e desenvolvimento. 14 • Capítulo 3- Materiais e Métodos: Engloba a caracterização dos materiais e descreve os procedimentos de pesquisa e análise adotados. • Capítulo 4- Resultados e discussões: onde são apresentados e discutidos os resultados obtidos com base nos ensaios descritos no capítulo 3; • Capítulo 5- Conclusões e sugestões: resume as conclusões assumidas na análise de resultados e faz recomendações para futuras pesquisas de TCC. 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CONCRETOS POLIMÉRICOS Atualmente pode-se observar uma vasta gama de estudos relacionados à ciência dos materiais, a qual tem buscado a associação das propriedades de concretos de cimento Portland com diversos materiais como a sílica ativa, cinzas volantes, as escórias de alto forno, as fibras naturais e sintéticas,os superplastificantes e os polímeros. Da adição de polímeros, alguns resultados positivos têm sido encontrados relacionados às propriedades físicas, mecânicas e de durabilidade dos concretos conforme TORGAL (2009); AMERICAN CONCRETO INSTITUTE – ACI (1995). O emprego desses materiais tende a preencher certas deficiências, as quais são apresentadas na composição do cimento Portland, e tendem a gerar diminuição da resistência à tração na flexão, ataque de agentes agressivos, absorção de água, abrasão, etc. Visando combater as patologias apresentadas pelo concreto, novas tecnologias têm sido desenvolvidas, dentre as quais podemos citar a adição de polímeros a estas composições por apresentarem resultados satisfatórios (TEZUKA apud STORTE, 1992). 2.2 CLASSIFICAÇÃO E APLICAÇÕES DOS CONCRETOS POLÍMEROS Segundo GORNINSKI (1996), uma das áreas de maior interesse relacionadas à ciência dos materiais é o desenvolvimento de compósitos de alto desempenho, produtos estes, resultantes da combinação inteligente de dois ou mais materiais. Nesse contexto, os concretos com compósitos poliméricos têm recebido atenção considerável pelo setor da construção civil nos últimos 60 anos. Os concretos compostos por compósitos poliméricos possuem em sua constituição a substituição total ou parcial do cimento Portland por resinas poliméricas. Conforme as propriedades e aplicações os mesmos são classificados em três categorias diferentes. 2.2.1 PIC (Concreto Impregnado por Polímero) FOWLER apud Gorninski (1996) afirma que este tipo de compósito consiste em um concreto de cimento hidratado e curado, que quando recebe o monômero, polimeriza por 16 radiação ou catálise térmica. Este tipo de concreto apresenta resistência à compressão quatro vezes maior do que concretos convencionais, maior resistência à tração na flexão e ótima durabilidade. Este tipo de impregnação consiste na entrada forçada do polímero no concreto já endurecido de forma a preencher os vazios proporcionando assim, aumento da resistência e durabilidade através da diminuição da absorção e permeabilidade. 2.2.2 PC (Concreto Polímero) Este tipo de concreto é caracterizado por não possuir cimento Portland como aglomerante, sendo que este pode ser usado como agregado ou filler. Conforme o AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), o concreto polímero como compósito constituído de uma matriz de polímero e fíller. Este compósito é preparado diante da mistura completa da matriz polimerizável e agregados. Por apresentar bom desempenho mecânico e resistência à oxidação, este tipo de concreto tem sido utilizado em reparos e reabilitações em concretos convencionais, pavimentações, obras e peças industriais, etc. 2.2.3 PMC (Concreto Modificado por Polímero) O concreto modificado por polímero é resultado da formação de dois tipos de aglomerantes, o cimento Portland e um polímero. Geralmente os polímeros utilizados são apresentados na forma de resinas látex que podem ser na forma de emulsão, solução de polímeros ou na forma de monômeros solúveis que se polimerizam após a mistura. O polímero de maior uso é o látex que possui a capacidade de estabilizar os polímeros na presença de íons de cimento evitando assim o processo de coagulação. A formação da matriz aglomerante do PMC se caracteriza pela hidratação do cimento e pela coalescência das partículas de polímero formando assim um filme. 17 Diante disto, a matriz aglomerante é formada por duas fases, a matriz de cimento hidratado e o filme polimérico, o qual preenche parcialmente os vazios da matriz de cimento (OHAMA, 1987). Este tipo de concreto é caracterizado por apresentar ao longo do tempo o aumento das resistências mecânicas e durabilidade, melhoria das propriedades adesivas e diminuição da permeabilidade. 2.2.4 Polímeros mais usados Segundo o AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), há muitos tipos de látex no mercado, mas aproximadamente 5% destes compósitos podem ser utilizados como aglomerantes hidráulicos, sendo que o restante, 95%, poderão coagular na combinação com o cimento. Algumas das formulações utilizadas com cimento portland são: • Acetato de polivinila (PVA); • Copolímeros acrílicos; • Copolímeros estireno-acrílico; • Copolímeros acetato de vinila-etileno (VAE); • Copolímeros cloreto de vinilideno-cloreto de vinila; • Copolímeros estireno-butadieno (SBR); • Látex de resina epóxi. 18 2.2.5 Concreto modificado com látex (CML) Em 1932 foi sugerida pela primeira vez a utilização de borracha sintética visando a modificação de concretos. (TEZUKA, 1988). Segundo TEZUKA (1979, 1988), os concretos modificados com látex apresentam a mesma tecnologia de produção referente aos concretos tradicionais, pois além do cimento Portland, utilizam também o látex como aglomerante juntamente com os outros materiais no processo de mistura do concreto modificado, sendo assim um material de fácil produção por se tratar da mesma tecnologia já utilizada para concretos tradicionais. A facilidade de mistura se dá por ser o látex um polímero de suspensão coloidal em água podendo ser adicionado normalmente sem a necessidade de novas tecnologias. Além disso, o processo de polimerização da mistura ocorre naturalmente por secagem ou por perda de água. As reações de hidratação que ocorrem nos concretos tradicionais e nos concretos com compostos poliméricos são as mesmas, sendo que, a matriz aglomerante é constituída de duas fases, a matriz de cimento hidratado e o filme polimérico, que por sua vez é responsável por preencher os vazios da matriz de cimento. Quando o látex é incorporado ao concreto, as suas partículas reduzem a quantidade de movimentação de água provocando o bloqueio dos capilares. Quando ocorre a fissuração, o filme de látex polimérico tem a função de restringir o processo de fissuração pois age de forma adesiva fechando os canais de fissurados. Esta ação pode ser observado na figura 1. 19 Figura 1– Microfotografia eletrônica de concreto modificado com látex e concreto convencional FONTE: AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995). Conforme o AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), a ação do filme polimérico e a redução da movimentação de água resulta no incremento de resistência à flexão. Da mesma forma, não há a movimentação de fluídos, o que acaba por maximizar a proteção a ataques de agentes químicos e resistência ao congelamento. Ainda segundo o AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), a otimização da mistura de látex ao concreto situa-se dentro das porcentagens de mistura de 5% e 10% do teor de sólidos por peso de cimento. Adições utilizadas em menor proporção não proporcionam mudanças significativas nas propriedades dos concretos modificados, o que também não beneficia a redução significativa da quantidade de água na mistura do compósito, visto que, os látex no estado fresco possuem propriedades plastificantes. Deve-se observar no entanto que o uso de materiais sólidos em excesso inviabiliza o processo de otimização da mistura pois pode causar elevada incorporação de ar, ou pode fazer com que o polímero compósito fique preenchido com agregados e cimento, descaracterizando o processo de modificação do concreto. Através de estudos realizados por BALLISTA (2003) e ROSSIGNOLO (2003), constatou-se que o tempo de trabalhabilidade do concreto modificado por látex é menor do que para os concretos convencionais. Devido a isto o intervalo entre o fim da mistura e o inicio do lançamento deste material deve ser abreviado. 20 Em relação à cura, diversas pesquisas relatam sobre o bom desempenho dos processos de cura úmida com intervalos de tempos menores do que em concretos convencionais, efeito este que ocorre em virtude da altaumidade nas primeiras idades, o que retarda a aglutinação do polímero presente na mistura. Conforme TEZUKA (1988), a cura úmida do concreto modificado por látex apenas nas primeiras 24 horas após a desmoldagem foi o processo que apresentou melhor desempenho das propriedades. 2.2.6 Principio de Modificação do Látex O principio do processo de modificação do concreto se da a partir da hidratação do cimento e da formação do filme polimérico, conhecido como coalescência. Primeiramente ocorre o processo de formação do filme polimérico e após este processo inicia-se a hidratação do cimento. Conforme OHAMA (1987) apresenta as três etapas principais do processo de modificação, sendo descritas em etapas e ilustradas conforme figuras 2 e 3. Primeira Etapa: “Quando o látex é misturado ao concreto ou argamassa de cimento Portland, suas partículas são dispersas uniformemente na pasta de cimento. Na pasta de cimento e polímero, o gel de cimento é gradualmente formado pela hidratação do cimento e a parte líquida é saturada com hidróxido de cálcio formado durante a hidratação, enquanto as partículas de polímero depositam-se parcialmente na superfície do gel já formado e das partículas ainda não hidratados de cimento” (OHAMA, 1987). Segunda Etapa: A partir do desenvolvimento do gel, as partículas do polímero confinam-se gradualmente nos poros capilares formando uma camada contínua que envolve o gel de cimento e as partículas não hidratadas. Após este processo as partículas aderem às camadas de silicatos formadas na superfície dos agregados e as partículas de polímero preenchem os macro poros existentes. Terceira Etapa: Como no processo de hidratação do cimento ocorrem processos de remoção de água bem como a evaporação natural do processo, as partículas de látex se juntam (coalescem) através de filmes e membranas, envolvendo o cimento hidratado dando formação a uma co-matriz que reveste os agregados alojando-se nos vazios. 21 Figura 2– Modelo de formação de filme de polímero FONTE: ROSSIGNOLO (2003) Figura 3- Modelo de modificação FONTE: ROSSIGNOLO (2003) 22 “Geralmente, a hidratação do cimento ocorre primeiro e como as partículas hidratadas de cimento se estabilizam e a mistura endurece, as partículas do látex concentram- se nos espaços vazios” (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 1995). 2.3 PROPRIEDADES DOS CONCRETOS MODIFICADOS COM LÁTEX 2.3.1 Consistência/Trabalhabilidade BALLISTA apud STORTE (1992), afirma que concretos modificados com látex, são caracterizados por possuir maior trabalhabilidade com relação a concretos convencionais, fato que se deve ao efeito dispersante dos componentes do látex que atuam quando combinados a àgua. As partículas poliméricas possuem ação plastificante, o que tende a aumentar consideravelmente a trabalhabilidade das misturas em função da relação água/cimento, promovendo benefícios como: • Redução da quantidade de água de amassamento; • Aumento da resistência mecânica referente a redução de água; • Melhor trabalhabilidade para uma mesma relação agua/cimento em relação a concretos convencionais; 2.3.2 Teor de Ar Incorporado De acordo com (STORTE, 1992), os vazios preenchidos por ar dentro do concreto ocorrem através de bolhas de ar incorparado ou de vazios de ar aprisionado, provocando a diminuição nas propriedades de resistência mecanica. Frente a isto, a adição de látex tende a diminuir essa proporção pois possuem em sua composição agentes antiespumantes que já são comercializados misturados ao látex. Segundo afirma STORTE (1992), o teor de ar incorporado nos concretos de cimento e polímero são da ordem de 2%, valores próximos a proprorções de misturas convencionais. 23 2.3.3 Tempo de Pega Segundo o AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), o tempo de pega não deve ser confundido com o tempo de trabalhabilidade que pela ação do látex começa a formar filmes (coalescer) em poucos minutos, diferentemente da pega que é função da hidratação do cimento. Quando ocorre a formação da membrana sobre o concreto denominada coalescência do polímero, normalmente a superfície da mistura encontra-se muito seca, devido principalmente aos fatores ambientais como a velocidade do vento, umidade do ar e temperatura. Conforme o AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), o tempo disponivel para o lançamento do concreto, geralmente é de 15 a 30 minutos após a mistura, sendo que após este período a trabalhabilidade da mistura começa a ser afetada. 2.3.4 Resistência à compressão A resistência à compressão é influenciada pelo traço da mistura referente ao teor de sólidos além do tipo de látex utilizado na mistura e a quantidade de monômeros presentes em sua composição. O aumento da resistência à compressão dos concretos com utilização de látex apresentou resultados pouco significativos e com até redução dos valores dessa propriedade frente à incorporação excessiva de ar. (TEZUKA, 1988). 2.3.5 Resistência a Tração Segundo BALLISTA, (2003), em comparação aos concretos tradicionais, os concretos modificados por látex apresentaram aumento significativo dos valores de resistência à tração, fato que se deve a redução da relação agua/cimento, aos valores de resistência a tração de algumas variedades de látex e ao aumento da aderência entre a matriz do cimento e o agregado. 24 Nas pesquisas realizadas por TEZUKA (1979,1988) foram obtidos resultados de resistência a tração por compressão diametral entre 13 e 18% referente dos valores de resistência a compressão, valores estes superiores aos concretos convencionais, geralmente com valor de 10% abaixo da resistência à compressão. Já referente à resistência a tração na flexão, foram obtidos resultados entre 10 e 40% dos valores referentes aos convencionais. 2.3.6 Módulo de Elasticidade O módulo de elasticidade do concreto modificado é de 80% do concreto convencional. 2.3.7 Retração por Secagem Segundo o AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), quando os concretos modificados por polímero não são submetidos a processos de cura eficazes, ficam mais suceptíveis a retração inicial. 2.3.8 Aderência a Armadura A aderência à armadura aumenta na proporção direta da taxa de polímero do traço e é maior em 154% da tensão de aderência de concretos convenciais. 2.3.9 Permeabilidade/Absorção O filme polimérico que se forma durante o processo de cura preenche os vazios do concreto reduzindo a permeabilidade e a absorção de água. (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 1995). 25 2.3.10 Resistência a Ciclos Gelo/Degelo Conforme o AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), a excelente resistência à permeabilidade e absorção da água faz com que danos gerados pela ação do gelo/degelo não ocorram. 2.3.11 Resistência a Carbonatação / Permeabilidade a Cloretos OHAMA apud AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995) obteve estudos referente aos concretos modificados com látex estireno-butadieno expostos a gás carbônico e a soluções de dióxido de carbono onde os corpos de prova foram submetidos a testes e abertos para análise. O resultado mostrou que os ataques químicos foram de intensidade reduzida. No mesmo sentido foi conduzido por OHAMA (1987), testes de permeabilidade onde os corpos de prova foram submersos em soluções de sais por 28 e 91 dias, sendo obtidos resultados positivos referentes aos concretos modificados com o látex estireno-butadieno contra absorção e permeabilidade a cloretos. 2.4 DOSAGEM DOS CONCRETOS MODIFICADOS COM POLÍMEROS Nos concretos modificados por látex ocorre a diminuição da quantidade de água referente a uma derterminada consistência/abatimento, sendo que a propriedade de dispersão do látex aumenta a fluidez e a consequente trabalhabildadeda mistura. A mistura terá suas propriedades afetadas no estado endurecido através de duas formas: • Quantidade de látex adicionado à mistura; • Quantidade de água retirada da mistura; Segundo ROSSIGNOLO (2003), as relações teor de sólidos/cimento, giram em torno de 0,15. Através de traços pilotos é possivel realizar o efeito das adições em misturas. 26 Segundo AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1995), os cimentos utilizados na dosagem são os Cimentos Portland tipos I, II e III (ASTM). Para a aplicação em concretos devem ser especificados consumos mínimos de cimento que gira em torno de 390kg/m3. 2.5 PROCESSO PRODUTIVO Em relação ao processo de fabricação dos concretos convencionais, o concreto composto por polímero difere apenas na adição de um componente, o látex. 2.5.1 Mistura e Adensamento O lançamento do concreto deve ocorrer de 15 a 30 minutos para evitar fissuração. Além deste tempo deve ser usado retardador de pega. 2.5.2 Cura do Concreto Segundo OHAMA (1987), o concreto polímero requer um metodo de cura diferente devido a adição de polímero. A otimização das propriedades se dá de forma a uma combinação de cura úmida por determinado número de dias e cura seca a temperatura ambiente. Já a otimização da resistência se dá através da hidratação de uma quantidade razoável de cimento em condições úmidas por certo período de tempo nos primeiros estágios de vida do concreto com a consequente temperatura ambiente em condições secas, buscando assim desenvolver a formação do filme polimérico devido à coalescência do látex. 2.5.3 Limpeza dos Equipamentos Como o látex é um material aderente e de secagem rápida, os equipamentos devem ser limpos logo após o uso. 27 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 ESCOLHA E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS O presente capítulo apresenta os materiais utilizados na confecção do concreto modificado por polímero deste estudo, bem como suas caracterizações. Em seguida, são descritos os parâmetros adotados para mistura, moldagem e cura, assim como os ensaios realizados no concreto modificado por polímero. Por fim, são apresentadas as análises prévias desenvolvidas para determinação do traço da composição deste estudo. 3.1.1 Materiais 3.1.1.1 Cimento Portland do Tipo CP V – ARI Sendo esta pesquisa de TCC de curta duração e com a necessidade de obtenção de resultados quantificáveis nas primeiras idades de cura do concreto, optou-se pelo cimento portland CP V- ARI. Conforme informado pelo fabricante este tipo de cimento possui alta resistência inicial desde as suas primeiras idades podendo atingir as seguintes resistências: 28 MPa em 24 horas de idade, 39 MPa em 3 dias, 44 MPa em 7 dias e 51 MPa em 28 dias. Recomenda-se o uso deste material em obras em que seja necessário a desforma rápida de peças de concreto armado. A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5733. 3.1.1.2 Agregado Miúdo O agregado miúdo utilizado é a areia natural de mistura, essencialmente quartzosa, proveniente do Rio Itajaí-Açú, com granulometria de 0,075 mm a 2,4 mm. O agregado coletado foi colocado em formas metálicas e seco em estufa a uma temperatura média de 100ºC. Após seco, o mesmo foi peneirado em peneiras com malha de aço, para se obter a granulometria separadamente conforme frações da areia da tabela 1. Após o processo de peneiramento, a areia foi lavada e novamente seca em estufa pelo período de 24 horas para seu pronto uso conforme ilustra a figura 4. 28 Tabela 1 – Frações do agregado miúdo utilizado Peneira (mm) % Utilizada 1,68 8 1,18 27 0,60 33 0,15 20 0,075 12 Fonte: Autor Figura 4: Amostra de material utilizado conforme granulometria Fonte: Acervo - Autor 3.1.1.3 Agregado Graúdo Para a produção do concreto modificado por polímero será utilizado brita número zero de basalto, de diâmetro de 4,8 mm, proveniente do município de Pouso Redondo. A massa unitária da brita compactada é de 1450 kg/m³. O material utilizado foi peneirado em peneira com malha de aço 25 mm, 19 mm, 12,7mm, 9,5 mm e 4,8mm. Posteriormente à separação granulométrica, o agregado foi lavado e seco em estufa com temperatura média de 100ºC pelo período de 24 horas. A figura 5 ilustra o agregado utilizado. 29 Figura 5: Agregado graúdo obtido após processo de peneiramento Fonte: Acervo – Autor 3.1.1.4 Polímero O polímero empregado neste trabalho é um produto industrializado e possui base estirenada e de dispersão aquosa aniônica de um copolímero acrílico-estirenado conforme informado pelo fornecedor. A adição da emulsão polimérica consiste na substituição de parte da água de amassamento por 5%, 10%, 15% e 20% de emulsão em relação à massa de cimento. Na tabela 2 são discriminadas as especificações do polímero utilizado na produção do concreto modificado do presente trabalho. Tabela 2: Especificações da resina acrílico-estirenada – Dados fornecidos pelo fabricante Sólidos 48 a 50% Viscosidade Brookfield 6000 – 12000 cps pH 8,0 – 9,5 Spindle 6/20 RPM Fonte: Águia Química (2012) 30 3.1.1.5 Água Foi utilizado água proveniente da rede pública. Neste caso, os seguintes limites máximos deveriam ser atendidos, conforme NBR 6118: • Matéria orgânica (expressa em oxigênio consumido) → 5mg/dm³ • Resíduos sólidos → 5000mg/dm³ • Sulfatos (expresso em íons SO4) → 300mg/dm³ • Cloretos (expresso em íons Cl) → 500mg/dm³ • Açúcar → 5mg/dm³ 3.2 MÉTODOS EMPREGADOS Os métodos empregados foram divididos em dosagem, preparo, moldagem e cura. 3.2.1 Método de Dosagem do Concreto Modificado por Polímero Para a dosagem do concreto modificado por polímero foi utilizado traço conforme tabela 3 utilizando 10 corpos de prova para cada traço. 31 Tabela 3 – Composição das dosagens testadas por m³ de concreto Materiais Referência Polímero 5% Polímero 10% Polímero 15% Polímero 20% Cimento (kg) 350 350 350 350 350 Água (kg) 202,3 171,15 166,25 161 157,5 Areia (kg) 900 900 900 900 900 Brita (kg) 920 920 920 920 920 Polímero (kg) 0 17,5 35 47,5 70 A/C 0,578 0,489 0,475 0,460 0,450 P/C 0,05 0,10 0,15 0,20 Corpos de prova (unidade) 10 10 10 10 10 Fonte: Autor 3.2.2 Preparo do Concreto O concreto foi preparado em laboratório conforme preconiza a NBR 12821 (ANBT, 2009b). O equipamento utilizado para preparo da mistura foi uma betoneira convencional de 120l. A mistura dos componentes foi feita colocando-se o agregado graúdo, 60% da água de amassamento, cimento e agregado miúdo. Visando uma melhor diluição e aproveitamento do polímero, o mesmo foi misturado junto de 35% da água de amassamento, sendo em seguida acrescentado junto ao material misturado em betoneira. O restante de 5% de água foi adicionado até que a mistura apresentasse homegeineidade e trabalhabilidade adequados sendo regulados pelo ensaio de abatimento do tronco de cone conforme item 3.3.1. 3.2.3 Moldagem e Cura Foram moldados 10 corpos de prova para cada traço, totalizando 50 corpos de prova de dimensão cilíndrica, de 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura. O processo de confecção seguiu os parâmetros estabelecidos segundo a NBR 5738 (ABNT, 2003). Primeiramente os 32 corpos de prova foram untados com uma camada fina de óleo diesel antes de sua moldagem. A moldagem se deu em duas camadas iguais de concreto, sendo o adensamento realizado manualmente utilizando-se uma barra de aço cilíndrica, sendo executados 12 golpes para cada camada. Após o adensamento, procedeu-se o acabamento dasuperfície do corpo de prova com colher de pedreiro. A desmoldagem ocorreu após o período de 24 horas, sendo efetuado em seguida um capeamento com a pasta do mesmo cimento utilizado na pesquisa. Para se obter a planicidade do corpo de prova foi utilizado colarinho metálico para aplicação da pasta. Após o processo de capeamento, o corpo de prova foi colocado com o capeamento para baixo em superfície plana por período de 24 horas, sendo após esse período, os colarinhos removidos e os corpos de prova colocados em processo de cura mista pelo período de 28 dias. A forma, como a cura é executada, tem influência direta nas propriedades dos elementos confeccionados com látex: “Normalmente, estes elementos requerem um método de cura diferente devido à adição do polímero. As propriedades quase ótimas dos sistemas modificados são alcançadas por uma combinação de cura úmida e cura seca, isto é, cura úmida por um determinado número de dias, seguida de cura seca à temperatura ambiente”. A resistência ótima é obtida alcançando-se uma quantidade razoável de hidratação do cimento sob condições úmidas nos primeiros estágios, seguido de condições secas, para promover a formação do filme de polímero devido à coalescência do látex (OHAMA, 1987). 3.3 METODOLOGIA DOS ENSAIOS DO CONCRETO Para atingir os objetivos deste estudo, foram utilizados os seguintes ensaios: ensaio de determinação da consistência do concreto fresco pelo abatimento de tronco de cone; e, para o concreto endurecido: ensaios de resistência mecânica (resistência à compressão axial e à tração na compressão diametral) e ensaio de durabilidade por resistência química. 33 3.3.1 Ensaio Determinação da Consistência pelo Abatimento de Tronco de Cone - Trabalhabilidade do Concreto Fresco Este ensaio foi realizado em todos os traços do presente trabalho e ocorreu antes da moldagem dos corpos de prova, sendo executado conforme a NBR 7223 (ABNT, 1982). A figura 6 ilustra o equipamento de ensaio. Figura 6: Equipamento de ensaio Slump Test Fonte: Acervo – Autor 3.3.2 Ensaio de Resistência à Compressão Axial Após o período de 28 dias de cura (úmida e seca), os corpos de prova foram ensaiados na prensa de compressão seguindo a norma NBR 5739 (ABNT, 2007b). O Ensaio procedeu-se em prensa automática. Os resultados foram gerados a partir de 7 amostras para cada traço. 3.3.3 Ensaio de Resistência à Tração por Compressão Diametral O ensaio de tração por compressão diametral conhecido também como ensaio de resistência à tração indireta consiste em posicionar o corpo de prova com o eixo horizontal entre os pratos da prensa sendo aplicada uma força até a sua ruptura por tração indireta (ruptura por fendilhamento). Foram ensaiados 2 corpos de prova para cada traço. A resistência à tração indireta é determinada no ensaio de compressão diametral prescrito na NBR 7222/2010. A figura 7 ilustra o ensaio de resistência à tração por compressão diametral sendo executado para um concreto com adição polimérica, o que não apresenta diferença aparente em relação ao convencional. 34 Figura 7: Execução do ensaio de resistência à tração por compressão diametral Fonte: Acervo – Autor 3.3.4 Resistência Química do Concreto Para cada traço estudado, avaliou-se a resistência química do concreto aos 28 dias de idade para um 1 corpo de prova de cada traço, através da perda de massa por imersão em solução aquosa de 30% de ácido muriático. O ciclo compreende em pesar o corpo de prova seco, colocar o corpo de prova em solução química por 3 dias, retirar da solução e pesar o corpo de prova. Depois de verificado o peso, colocar em estufa e pesar de 8 em 8 horas para verificação de perda de massa acompanhando o processo até que o peso se mantenha constante. Em análise a figura 8, que ilustra o aspecto visual dos corpos de prova antes do ataque químico, destaca-se a uniformidade dos corpos de prova para as diferentes amostras que não apresentam diferenças visuais frente à adição de polímeros em sua composição. Figura 8: Corpos-de-prova antes do ensaio de resistência química Fonte: Acervo - Autor 35 O início do ciclo de resistência ao ataque químico é ilustrado na figura 9. Figura 9: Ensaio de resistência química Fonte: Acervo – Autor 36 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo são apresentados os resultados dos ensaios de resistência mecânica e química obtida em laboratório através do presente estudo. Como forma de organizar os resultados para as diferentes composições dos corpos-de- prova, os mesmos foram rotulados com as seguintes siglas: 0 = Para amostras produzidas com traço referência 0% de polímero (sem adição); 5 = Para amostras produzidas com adição de 5% de polímero em relação à massa de cimento; 10 = Para amostras produzidas com adição de 10% de polímero em relação à massa de cimento; 15 = Para amostras produzidas com adição de 15% de polímero em relação à massa de cimento; 20 = Para amostras produzidas com adição de 20% de polímero em relação à massa de cimento; 4.1 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA 4.1.1 Resistência à Compressão A tabela 4 apresenta os resultados parciais obtidos do ensaio e a resistência característica obtida dos 7 corpos de prova para as adições de polímero utilizadas no estudo para a idade de 28 dias do concreto. Visando a obtenção de um concreto coeso e de boa trabalhabilidade, optou-se por regular o slump do concreto do presente estudo buscando um concreto entre 25 a 50mm de slump como referência. A partir do valor de referência encontrado, foi regulado a relação a/c para os traços compostos por polímeros a fim de se reduzir para cada traço a quantidade de água acrescentada em virtude da quantidade de polímeros acrescentados para cada traço na forma de emulsão. Os valores do Coeficiente de Variação calculados no presente estudo correspendente a Tabela 4, identificam uma dispersão fraca dos resultados obtidos para os traços de 0%, 15% e 20% de adição de polímero, ao passo que para as adições de 5% e 10%, a dispersão foi média, considerando-se a seguinte classificação da dispersão de acordo com os conceitos da estatística básica: 37 • Fraca < 15% • Média > 15%; <30% • Forte > 30% Essa diferença de dispersão nos resultados, com dois valores insatisfatórios do CV, foi devida certamente a deficiências de compactação na moldagem dos corpos de prova. Tabela 4: Resultados do ensaio de resistência dos corpos-de-prova à compressão aos 28 dias. Resultados do ensaio de resistência à compressão axial (MPa) Corpo de prova AMOSTRA 0 AMOSTRA 5 AMOSTRA 10 AMOSTRA 15 AMOSTRA 20 1 43 16 21 22 19 2 43 17 24 26 21 3 43 15 26 25 18 4 35 17 15 21 19 5 43 21 22 25 15 6 37 16 18 22 14 7 37 30 19 19 17 Média (MPa) 40 19 21 23 18 S (Mpa) 4 5 4 3 3 CV% 9 28 18 12 15 Resistência Característica aos 28 dias Fck (MPa) 34 10 15 18 13 Fonte: Autor A figura 10 ilustra a resistência característica obtida das amostras referentes à resistência à compressão axial apresentadas na tabela 4 para os compósitos referência (sem adição polimérica) e com adição polimérica e seus correspondentes teores. 38 Figura 10: Resistência característica à compressão de acordo com o teor da adição aos 28 dias (MPa) Fonte: Autor Segundo os dados obtidos dos ensaios de resistência à compressão axial na tabela 4 e às resistências características apresentadas na figura 9, sobressaem duas conclusões muito importantes: 1) a adição de polímeros induziu de modo geral a uma acentuada redução da resistência à compressão, relativamente ao concreto convencionalde referência sem adição polimérica; 2) os maiores valores encontrados para a resistência foram aqueles com 0% adição (referência) e 15% de adição de polímero. O acréscimo da adição polimérica, conforme se apresentou na tabela 3 de dosagem, induziu a uma gradativa redução da quantidade de água da mistura, o que certamente é devido à formação do filme polimérico que, por sua vez, é responsável por preencher os vazios da matriz de cimento. Além disso, nota-se que esta redução gradativa de relação A/C não conduziu de forma consistente a um aumento da resistência à compressão, contrariando os conceitos convencionais, havendo até uma redução significativa do concreto com 0% de polímero para o concreto com adição de 5%, ou seja, uma queda para menos de 1/3 da resistência característica; no espectro dos concretos com adições poliméricas, a resistência subiu gradativamente até a adição de 15%, para descer a partir dessa porcentagem de relação polímero/cimento (P/C). Assim, foi observado que a composição de 15% de adição polimérica teve seu resultado próximo do valor ótimo da composição polimérica estudada, em termos de polímero/cimento (P/C), caracterizando-se, assim, no intervalo de 10% a 15% a otimização da porcentagem da resina e o ponto ideal de modificação de látex sobre a massa de cimento. 39 Em relação às amostras com 5% e 20% de adição polimérica, pode ser observado na figura 8 que foram composições que apresentaram menores valores de resistência à compressão axial. Dessa forma, as composições com essas porcentagens tenderam à menores resultados demonstrando que a adição destas proporções não possuem ação significativa frente à resistência mecânica. A figura 11 ilustra o ensaio de resistência à compressão axial sendo executado. Esta ilustração demonstra um padrão de ruptura do concreto com polímeros em tudo similar ao do concreto convencional. Figura 11: Execução do ensaio de resistência à compressão axial Fonte: Acervo - Autor No estudo de BALLISTA (2003), os valores encontrados para a resistência à compressão axial com as adições foram: • 0% = 23,76 MPa; • 10% = 31 MPa; • 20% = 24,48 MPa; Foi constatado que os valores encontrados pelo pesquisador supracitado foram mais elevados do que os do presente estudo, tendo até verificado um acréscimo da resistência dos 40 concretos com adições de polímeros em relação ao de referência, o que certamente foi devido ao tipo de polímero testado. 4.1.2 Resistência à Tração por Compressão Diametral A tabela 5 apresenta os resultados individuais obtidos do ensaio e a média obtida das duas amostras para o ensaio de resistência a tração por compressão diametral. Tabela 5: Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral aos 28 dias, em MPa. Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral aos 28 dias (MPa) Corpo de prova AMOSTRA 0 AMOSTRA 5 AMOSTRA 10 AMOSTRA 15 AMOSTRA 20 1 3,5 1,8 1,8 3,5 2,5 2 3,6 2,2 2,2 3,2 3,0 Média 3,6 2,0 2,0 3,3 2,7 Fonte: Autor A figura 12 ilustra as médias obtidas referentes à resistência à tração por compressão diametral conforme valores apresentados na tabela 5 para os compósitos referência (sem adição polimérica) e com adição polimérica e seus correspondentes teores. Figura 12: Resistência à tração por compressão diametral de acordo com o teor da adição Fonte: Autor 41 Para os concretos com adição polimérica, o valor da resistência à tração por compressão diametral foi aumentado sobremaneira com a combinação de 15% de adição polimérica. No entanto a amostra referência apresentou uma melhor resistência à tração. Foi verificado que o ponto ideal de modificação, ocorreu com a adição de 15% de látex sobre a massa de cimento. O valor da amostra ensaiada se posiciona próximo ao valor da amostra referência (sem adição polimérica) conforme verificado na figura 13. Figura 13: Comparação da resistência à tração por compressão diametral em relação à amostra referência Fonte: Autor No estudo de BALLISTA (2003), os valores encontrados para a resistência à tração por compressão com 5% para cura mista aos 28 dias foi 3,8 MPa e para 10% foi 4,1 MPa. Assim, constatou-se que os valores encontrados pelo pesquisador anteriormente citado foram mais elevados do que os do presente estudo. Estes resultados devem-se ao fato tipo de polímero testado. 4.1.3 Relação das Resistências Mecânicas à Tração e Compressão Nas pesquisas realizadas por TEZUKA (1979,1988) foram encontrados resultados de resistência à tração por compressão diametral entre 13 e 18% referente dos valores de resistência à compressão, que segundo o autor, valores estes, superiores aos concretos convencionais, geralmente com valor de 10% abaixo da resistência à compressão. A figura 14 ilustra o comparativo realizado entre a resistência de compressão e tração dos corpos de prova contendo 15% de adição polimérica. 42 Figura 14: Relação das Resistências Mecânicas à Tração e Compressão Fonte: Autor Em análise à figura 14, foi observado que os resultados encontrados foram da ordem de 16,9% de resistência da tração por compressão diametral, em relação à resistência de compressão, coincidindo com os parâmetros encontrados por TEZUKA (1979,1988). 4.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA QUÍMICA Foi determinada a resistência química dos corpos de prova expostos à solução de 30% de ácido muriático, o que resultou nos valores expressos na tabela 6. Tabela 6: Efeito da solução de ácido muriático 30% sobre a perda de massa do concreto. Identificação do corpo de prova; % Resina Solução Massa Inicial seca (g) Massa Final seca(g) ∆ Massa (IA)Perda de Massa % 0 Hcl 3505 3410 -95 2,79 5 Hcl 3270 3205 -65 2,03 10 Hcl 3400 3330 -70 2,10 15 Hcl 3535 3470 -65 1,87 20 Hcl 3210 3135 -75 2,39 Fonte: Autor Através da equação 1, determinou-se o IA (Índice de Alteração por perda de massa, %), sendo os resultados expressos na figura 15. 43 IA = Eq. 1 Figura 15: Perda de massa das amostras submetidas ao ataque químico Fonte: Autor As amostras compostas por polímeros e submetidas ao ataque da solução 30% de ácido muriático sofreram menor agressão em relação à amostra referência a qual teve perda de massa significativa. Segundo GORNINSKI (1996), os concretos de cimento Portland, quando submetidos ao ataque químico comumente têm grande perda de massa. Além da perda de massa significativa para o concreto referência deste estudo, o ataque ao agente agressivo pode ser observado e comparado aos concretos com compostos poliméricos que além de sofrerem menor agressão, visualmente apresentaram melhor aspecto. Em função disto, é possível observar o resultado obtido referente à perda de massa para a amostra referência (A-0) sem adição de polímeros em comparação com as amostras com diferentes teores de polímeros, conforme a figura 17. Analisando os resultados apresentados na tabela 6 e na figura 17, foi observado que os corpos de prova imersos na solução de 30% de ácido muriático apresentaram valores máximos de perda de massa de 2,79%. Esse resultado está relacionado à amostra sem composição polimérica e indica a forte agressão pela falta de polímeros no composto. 44 Em uma análise geral dos resultados obtidos, observa-se que os concretos com 15% de polímero apresentaram melhor desempenho de resistência ao agente agressivo quando comparados com a amostra referência, fato que demostra a sua maior durabilidade em meio agressivo do que o concreto tradicional representado neste estudo pela amostra referência. Os resultados satisfatóriosencontrados para a amostra com 15% de polímero se devem provavelmente à incorporação do polímero incorporado ao concreto, ação que reduz a quantidade de água nas partículas provocando o bloqueio dos capilares. A composição apresentou menor relação de perda de massa na ordem de 1,87% resultando assim na otimização da adição. Dessa forma, por não haver a movimentação de fluídos devido à ação do filme polimérico formado durante o processo de cura, ocorre a maximização da proteção à agentes químicos. Após o encerramento do ciclo de resistência química da amostra referência e das amostras com adições poliméricas, foi observado que além da perda de massa apresentada pela amostra referência, a amostra com adição de 20% também apresentou a segunda maior perda de massa. O resultado encontrado contradiz a hipótese de quanto maior a quantidade de polímeros adicionado ao composto maior a resistência à reagentes químicos. A figura 17 ilustra o visual dos corpos de prova após o ataque químico e a durabilidade das amostras expostas ao reagente químico. Observou-se que mesmo não sofrendo um desgaste exterior e apresentando bom aspecto a amostra de 20% apresentou a segunda maior perda de massa conforme dados da tabela 6. Figura 167: Ataque químico dos corpos-de-prova após o ensaio de resistência química Fonte: Acervo - Autor 45 A pesquisa realizada por ROSSIGNOLO (2003) apresentou resultados satisfatórios relacionados ao uso de polímeros frente à resistência química do concreto ao ataque de agentes agressivos. Em comparação ao estudo realizado pelo autor citado acima, os resultados encontrados no presente estudo foram equivalentes. 46 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O presente estudo teve como objetivo definir a dosagem de polímeros em emulsão acrílica visando a otimização da resistência mecânica e durabilidade do concreto. Com a adição polimérica, de um modo geral, houve uma acentuada redução da resistência à compressão, comparando-se ao concreto convencional de referência sem adição polimérica. A otimização do traço contendo adição polimérica ficou em torno de 15% de adição. Com o acréscimo da adição polimérica houve significativa redução da água de amassamento. A redução gradativa da relação A/C, não induziu o aumento da resistência mecânica, visto que nos concretos convencionais tem a tendência do aumento da resistência mecânica conforme a redução da relação A/C. Em relação à durabilidade dos concretos com adição polimérica, o traço contendo 15% de adição, apresentou eficiência em relação ao ensaio de resistência química, destacando-se em relação às amostras estudadas, pela menor perda de massa quando submetido ao agente químico. Com base nos resultados obtidos, o concreto contendo 15% de adição polimérica, pode ser considerado o ponto ideal de modificação de látex sobre a massa de cimento proporcionando a maior resistência mecânica e durabilidade entre as amostras poliméricas pesquisadas. Recomenda-se para futuras pesquisas a introdução de aditivos com intuito de reduzir a relação A/C, buscando uma combinação de melhores valores para a resistência mecânica. Seria ideal o uso e comparação com outras composições poliméricas na proporção de 15% buscando uma nova composição que ofereça melhorias quanto à resistência mecânica e durabilidade. 47 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5733: Cimento Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro, 1991. 5 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2003. 6 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto – Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007b. 9 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2007c. 221 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados para concreto - Especificação . Rio de Janeiro, 2009a. 9 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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