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Texto para Discussão Exemplo das Abordagens Causation e Effectuation Dois empreendedores identificaram a mesma oportunidade de abrir uma loja de animais em uma pequena cidade do interior. Ambos perceberam que a única loja existente não conseguia atender toda a demanda de animais domésticos porque seu principal mercado compreende os fazendeiros e sitiantes da região. O primeiro empreendedor, vamos chama-lo de Lucas, é formado em Administração e fez uma pós-graduação em Gestão de Negócios. Assim, a primeira coisa que ele faz é escrever um plano de negócios, onde ele faz todo o planejamento da implantação da sua loja. Faz as projeções financeiras, estabelece metas de curto e longo prazos, conduz pesquisa de mercado, faz curso na área, estabelece contato com especialistas e, finalmente, abre a loja quando consegue aprender o suficiente, possui capital, encontrou um ótimo ponto comercial e tem todo negócio planejado. O outro empreendedor, Diogo, vem de uma família de empreendedores, mas não tem uma formação acadêmica completa, pois teve de abandonar os estudos para ajudar os pais na pequena mercearia que tinham. Quando ele identifica a oportunidade, conversa com um veterinário, cliente da mercearia e pede um dinheiro emprestado do pai para montar a loja. Como o dinheiro é curto, teve que se contentar com um espaço longe do Centro, alugado de uma tia. Contrata como funcionário um primo distante. Compra os produtos de acordo com o que acha que é fundamental, pois não pode comprometer muito capital em estoque. Faz um mutirão com a família e amigos para reformar e limpar o espaço e abre a loja. Lucas executa seu planejamento, prepara o material de marketing, divulga a loja nos jornais, oferece serviços, diversifica a oferta de produtos e contrata mais funcionários. Com o passar do tempo, na medida em que as vendas vão aumentando, ele consegue renegociar contratos com fornecedores, amplia sua margem de lucro e consegue obter o retorno sobre o capital investido três meses antes do planejado. Cinco anos depois de abrir, a loja de Lucas é a principal pet shop da região e Lucas já pensa em abrir mais duas lojas em cidades vizinhas. Diogo enfrenta muitas dificuldades no começo. Não consegue atrair mais clientes para sua loja e as finanças não estão em dia. Pensa em oferecer alguma coisa diferente, como serviços veterinários, mas descobre que o veterinário que contratou não é competente e só faz perder mais clientes ainda. Ele percebeu que alguns clientes perguntaram se ele oferece serviços de banho e tosa. Relutou no começo, mas com a necessidade de gerar caixa para manter os custos e o fato de gostar e saber tratar de animais, acaba aceitando fazer o serviço. Embora faça um bom trabalho, não consegue atingir o ponto de equilíbrio, pois seu serviço não tem diferencial nenhum com relação aos outros. Para aumentar as vendas de serviços, aceita buscar e levar os animais. Percebe que este diferencial tem grande valor para os clientes que procuram comodidade. Resolve então investir neste mercado e pede para um amigo, funileiro, adaptar a van de entrega do seu pai para servir como pet shop móvel. Diogo acertou na mosca. O serviço se mostrou um grande sucesso com cada vez mais chamados para atendimento em domicílio. Os pedidos aumentam e ele é obrigado a comprar uma segunda van e estabelecer horários de atendimento. Ao final de cinco anos, Diogo possui uma bem-sucedida rede com mais de 20 vans espalhadas por seis cidades fazendo serviços de banho e tosa em domicílio. Não vamos dizer que Lucas não sofreu percalços. Aconteceram muitas coisas diferentes do seu planejamento. Obter crédito dos fornecedores foi mais difícil do que imaginava, obrigando-o a se endividar com o banco sob juros altíssimos. Mas ele adaptou seu plano de negócios para este novo cenário e criou alternativas para suplantar esta limitação. Outras surpresas aconteceram por conta da sua inexperiência, mas ele sempre dava um jeito de voltar ao seu planejamento original e adaptado às circunstâncias emergentes. Fonte HASHIMOTO, Marcos. Espírito Empreendedor nas Organizações: Aumentando a Competitividade através do Intraempreendedorismo. São Paulo: Saraiva, 2010. Quadro 1.17 (página 41).
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