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PEDAGOGIA
1 período
CADERNO
DIDÁTICO III
MELHORES
Pedagogia
Universidade Estadual de Montes Claros - Campus Montes Claros
 
UNIVERSIDADES
2008
Abril
EDITORA
Guia
Estudante
do
 
1º PERÍODO 
LÍNGUA
PORTUGUESA
AUTORES
Érica Karine Ramos Queiroz
Doutora em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas - 
Unicamp, especialista em Educação e graduada em Letras pela 
Universidade Federal de Viçosa - UFV. Atualmente é coordenadora de 
Pesquisa do ISEMOC-CRECIH/SOEBRAS e professora do Departamento 
de Letras da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Nely Rachel Veloso Lauton
Especialista em Redação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas 
Gerais – PUC/Minas, graduada em Língua e Literatura Francesa pela 
Associação de Cultura Franco-brasileira e graduada em Letras pela 
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Pollyanne Bicalho Ribeiro
Doutora em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais – PUC/Minas, mestre em Educação, Administração e 
Comunicação pela Universidade São Marcos, graduada em Letras pela 
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e graduada em Direito pelo 
Centro Universitário Fumec. Atualmente é consultora da Consultoria 
Técnica Educacional e professora da Universidade Estadual de Montes 
Claros – Unimontes e da Faculdade da Cidade de Santa Luzia. 
Sandra Ramos de Oliveira
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino de Português pela 
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atualmente é 
professora da Unimontes e professora do Instituto Superior de Educação - 
Isemoc.
Waneuza Soares Eulálio 
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna pelas 
Faculdades Unidas do Norte de Minas – Funorte, especialista em 
Alfabetização pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes e 
graduada em Letras - Português/Inglês pela Universidade Federal de 
Viçosa - UFV. Atualmente é professora da Unimontes e tutora a distância 
da Universidade Aberta do Brasil – UAB. É revisora da Revista Fronteiras do 
Sertão do Departamento de História.
SUMÁRIO
DA DISCIPLINA
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Unidade I: Linguagem, língua, fala e gramática . . . . . . . . . . . . . . 16
1.1 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2 Conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Unidade II: Leitura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.1 Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2 Processos de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.3 Fatores intervenientes no “ato de ler” . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Unidade III: Texto e textualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.1 O que é texto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.2 Fatores de textualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.3 Produção de texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . . . . . 67
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
1.4 Variações lingüísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.5 Níveis de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.6 Linguagem oral e linguagem escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.7 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.5 Vídeos sugeridos para debate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
APRESENTAÇÃO
374
Prezado acadêmico, 
A disciplina “Língua Portuguesa” integra a grade curricular do 1º 
período do Curso de Licenciatura em Pedagogia, com 45 horas-aula.
É sobre essa disciplina que vamos falar, inicialmente, pois é 
necessário que você compreenda a importância do conteúdo a ser 
estudado para tomar sua participação prazerosa e eficaz. 
O Michaelis: moderno dicionário da Língua Portuguesa registra os 
sinônimos “sustentáculo”, “base”, “alicerce” para o substantivo 
“fundamento”. Ora, estudar, então, “Língua Portuguesa” significa rever 
noções básicas de nossa língua materna, discutir e resgatar algumas 
regras, conceitos e definições que a sustentam. Além disso, o 
conhecimento da base de uma língua, de seu alicerce torna seu usuário 
mais competente, mais criativo no trato com as palavras; mais seguro e 
questionador no desempenho de suas atividades cotidianas e no convívio 
com seus pares. 
Compreender os fundamentos da língua – e não apenas conhecê-
los – possibilita ao falante o desenvolvimento de diferentes habilidades, 
como: reconhecer informações, elaborar hipóteses, inferir, relacionar 
conceitos e fatos, desenvolver reflexões mais abrangentes, argumentar e 
defender idéias e, principalmente, possibilita-lhe ser um autor/leitor mais 
completo e consciente do uso das palavras. 
Na disciplina “Língua Portuguesa”, vamos ajudá-lo a 
compreender o funcionamento da Língua Portuguesa nos seguintes 
aspectos:
1. leitura: caracterização, processos, modos de leitura e fatores 
intervenientes no “ato de ler”;
2. concepções de língua, linguagem, fala, gramática e variedades 
lingüísticas; 
3. o processo de comunicação;
4. funções da linguagem;
5. texto e fatores de textualidade;
6. tipos e gêneros textuais; e
7. produção textual. 
375
Nossa intenção é ressaltar que o estudo da língua/linguagem é 
extremamente importante, pois é por meio da linguagem que interagimos 
com os outros, informando ou sendo informados, esclarecendo ou 
justificando nossas opiniões, modificando o ponto de vista de nossos 
interlocutores ou sendo modificados pelo ponto de vista deles. 
É pela linguagem que expressamos nossas certezas, nossas 
angústias, alegrias, tristezas, nossos conhecimentos e opiniões. É a 
linguagem que nos distingue e nos faz capazes de ver a vida com novos 
olhares, principalmente nesta nossa época de globalização, de quebra de 
tabus e preconceitos e de, sobretudo, estabelecimento de novos valores. 
O avanço tecnológico deste milênio reflete uma renovada 
estrutura social em que várias linguagens – verbais, não verbais – se 
entrecruzam, se misturam, se completam e se modificam sem cessar. 
Assim sendo, o conhecimento sobre o funcionamento da língua 
não deve ser algo mecânico e passivo. Pelo contrário, deve-se cruzar esse 
conhecimento com as várias possibilidades de linguagens do mundo atual: 
cinema, fotografia, pintura, charges, quadrinhos, informática, música etc., 
percebendo suas intenções comunicativas, contrastes e afinidades, 
desvelando os “entreditos”, as mensagens e ideologias subjacentes, enfim, 
estabelecendo todas as possíveis interlocuções. 
Pretendemos, pois, que você alcance os seguintes objetivos:
1. refletir sobre os fundamentos da Língua Portuguesa, 
percebendo-os como processo dinâmico de interação social, isto é, como 
forma de realizar ações, de agir e atuar sobre o outro por meio da 
linguagem; 
2. melhorar a gramática de uso, substituindo incorreções e 
inadequações por normas da língua padrão; 
3. elaborar textos adequados ao interlocutore à situação 
comunicativa; e
4. ser leitor crítico e reflexivo.
Neste primeiro período, nossa disciplina apresenta as seguintes 
unidades
Unidade I
1. Linguagem, língua, fala e gramática
1.1. Conceitos básicos
1.2. Processos comunicativos 
1.3. Funções da linguagem
1.4. Variações Lingüísticas
1.5. Níveis de fala
1.6. Linguagem oral e linguagem escrita
Apresentação UAB/Unimontes
376
Unidade II
1. Leitura
1.1. Caracterização
1.2. Processos de leitura
1.3. Fatores intervenientes no “ato de ler”
Unidade III
1. Texto e Textualidade 
1.1. O que é texto
1.2. Fatores de textualidade
1.3. Produção de texto
Tipologia e Gêneros Textuais
Esperamos de você uma participação ativa, engajada e proveitosa 
para desenvolver suas potencialidades e realizar, com o devido mérito, seus 
estudos de graduação que lhe permitirão vencer barreiras intelectuais, 
profissionais e sociais. 
De nossa parte, desejamos-lhe sucesso e estamos juntos neste 
desafio, torcendo por você e a seu dispor. 
Seja bem-vindo aos estudos da “Língua Portuguesa”. 
Um abraço, 
Os autores
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
A
B
G
GLOSSÁRIO
PARA REFLETIRDICAS
C
F
E ATIVIDADES
377
1UNIDADE 1LINGUAGEM, LÍNGUA, FALA E GRAMÁTICA
1.1 APRESENTAÇÃO 
Esta é a primeira unidade da disciplina Fundamentos da Língua 
Portuguesa e esperamos que você a inicie com muita vontade de ampliar 
os seus conhecimentos sobre a língua portuguesa. Então, vamos lá!
O principal objetivo aqui, é que você reflita sobre a importância da 
linguagem para a comunicação humana e conheça os principais 
elementos que constituem o processo comunicativo.
Ao ler o texto, temos a certeza de que você aprenderá os conceitos 
fundamentais de linguagem, língua, fala e de gramática, percebendo a 
relevância destes aspectos lingüísticos para que o processo comunicativo 
aconteça de maneira eficiente. 
Nesta unidade vamos estudar também as funções da linguagem 
que nos permitirão compreender como o emissor e o receptor se 
relacionam linguisticamente através de um canal que permite a 
interpretação de uma mensagem.
Outro assunto de extrema relevância nesta unidade é a variação 
lingüística. Há muito tempo, na escola só se atribuía à língua as 
características de “certo” ou de “errado”. Hoje, porém com o 
conhecimento das diversas formas de se falar, já se considera também o 
diferente, ou seja, há usos da língua que são errados (aqueles que não 
estão de acordo com a organização que a língua nos possibilita) mas há 
também usos que, apesar de não estarem de acordo com essa 
organização, são apenas diferentes, não constituem erro.
Bem, de acordo com o que propomos aqui, esta primeira unidade 
abordará os conceitos básicos de Linguagem, Língua, Fala e Gramática e 
terá as seguintes subunidades: 
1.1 linguagem, língua, fala, gramática:conceitos básicos;
1.2 processos comunicativos;
1.3 funções da linguagem;
1.4 variação lingüística;
1.4.1 níveis de fala;
1.5 linguagem oral e linguagem escrita.
É importante que você tenha sempre à mão um bom dicionário e 
que não se esqueça de que as atividades sugeridas, os glossários que 
complementam o texto e os pontos de reflexão apresentados são 
essenciais para que você compreenda satisfatoriamente o texto.
Mãos à obra! Vamos começar a leitura.
378
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
1.2 CONCEITOS BÁSICOS
O interesse pela linguagem é antigo e remonta ao séc. IV, a.C. 
quando os hindus estudaram sua língua com o objetivo de evitar que os 
textos sagrados, reunidos no Veda, sofressem modificações ao serem 
falados. 
Atualmente, a lingüística moderna define a linguagem como 
manifestação de algo mais específico: a língua. A linguagem pertence ao 
domínio individual e social, porque é propriedade inata ao ser humano e é 
social, porque só existe em sociedade. Sendo assim, a linguagem é 
compreendida como expressão do pensamento e veículo de comunicação 
social e pode referir-se à linguagem dos animais, à música, dança, pintura, 
mímica etc., assinalando que cada uma dessas linguagens tem suas 
especificidades de manifestação.
O lingüista Ferdinand de Saussure, considerado o pai da 
lingüística moderna, separa a linguagem em Língua e Fala. A língua, para 
Saussure, é “um sistema de signos” – um conjunto de unidades que se 
relacionam dentro de um todo e é a parte social da linguagem, exterior ao 
indivíduo; não pode ser modificada pelo falante e obedece às leis do 
contrato social estabelecido pelos membros da comunidade. A fala é um 
ato individual; resulta das combinações feitas pelo sujeito falante 
utilizando o código da língua; expressa-se pelos atos de fonação 
necessários à produção dessas combinações.
Analisando o conceito de Saussure concluímos que: a língua é 
ampla, coletiva e está à disposição de todos os falantes da comunidade. A 
língua obedece a padrões criados pela própria comunidade, logo, um 
falante não pode modificá-la. Ela serve a toda a comunidade e não a um 
membro isolado. É a parte social da linguagem. 
A fala, ao contrário, é individual, representa o uso particular que se 
faz da língua. O falante tem a liberdade de buscar na língua os recursos 
que ela oferece e combinar esses recursos, conforme suas necessidades e 
intenções. E é por isso que a fala é individual e tem caráter dinâmico e a 
língua é coletiva e tem caráter mais fixo. 
A lingüística tem como objeto de estudo a linguagem verbal em 
uso, ou seja, para o lingüista interessa descrever e explicar os fatos de 
linguagem sem estabelecer juízo de valor do uso. A perspectiva de estudo 
da gramática tradicional é contrária à do lingüista, pois a gramática tem 
como finalidade ditar normas e prescrever os fatos de linguagem. 
A gramática não reconhece a diferença entre fala e escrita e 
considera a escrita como modelo de correção para a língua falada. A 
posição da gramática é normativa ao dizer o que é a língua e como deve 
ser, isto é, a gramática dita regras para o uso considerado correto da 
língua. 
Como falantes de uma língua, sabemos que a língua escrita não é 
modelo para a língua falada, pois a diferença entre essas duas 
Línguas naturais (Inglês, 
Português, Russo, Italiano, 
Chinês etc.) são sistemas 
de signos lingüísticos. Os 
signos lingüísticos são os 
elementos de significação 
(significante e significado) 
nos quais se baseiam as 
línguas.
Para você entender melhor 
os conceitos de significante 
e significado, acompanhe 
esta exemplificação: 
O significante é o suporte 
para a idéia, é a seqüência 
de sons que se combinam 
nas palavras: flor, fleur, 
fiori, flower, kukka (em 
Português, Francês, 
Italiano, Inglês e Finlandês, 
respectivamente) e, 
significado é a idéia, o 
conteúdo.
Observe que, em todas as 
línguas do exemplo, o 
significado é o mesmo: 
“flor”, parte da planta. 
Hindu: natural ou 
habitante da Índia. 
Veda: conjunto de textos 
sagrados da tradição 
religiosa e filosófica da 
Índia.
a.C: antes de Cristo. 
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
379
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
modalidades da linguagem se deve à sua organização e ao uso social. Para 
o lingüista não há uso melhor ou pior, rico ou pobre, visto que seu objetivo é 
descrever e não prescrever. De acordo com a lingüística, as línguas naturais 
são simplesmente diferentes e, desde que atendam às necessidades de 
comunicação entre seus falantes, já estão exercendo sua função: 
COMUNICAR. Os estudos sobre as línguas concluem que todas elas 
possuem um sistema de comunicação estruturado, complexo emuito 
desenvolvido.
Outros estudos sobre a linguagem a consideram também como 
atividade, como ação que tem objetivo socialmente definido: o de 
estabelecer vínculos e compromissos anteriormente inexistentes. A 
linguagem é responsável pela interação entre os indivíduos, estabelecendo 
pactos interindividuais e exigindo respostas em forma de reações e 
comportamentos dos falantes. 
Estudar, então, a língua é buscar detectar os compromissos que se 
criam através da fala (ato individual) e buscar preencher as condições 
exigidas por uma situação de comunicação. 
Processos Comunicativos
1.2.1 Importância da comunicação humana
Como você sabe, na sociedade em que vivemos é de fundamental 
importância que saibamos comunicar de maneira clara e eficiente. 
Comunicação, pensamento e a própria vida são fatores que se 
complementam e até se misturam, já que estamos a todo tempo nos 
comunicando, ora através da fala, ora da escrita, de um gesto, de 
expressões faciais, sorrisos, da leitura de um texto, de um documento, de 
revistas e jornais etc.
É preciso ter em mente que só através de uma comunicação clara, 
segura e objetiva podemos nos aprofundar nos níveis de conhecimento 
pessoal, tecnológico e social.
A comunicação é o centro de todas as atividades humanas. Com 
certeza nada acontece sem que haja prévia comunicação. Comunicar bem 
não é só transmitir ou receber bem uma informação. COMUNICACÃO é 
uma troca de CONHECIMENTOS E DE ENTENDIMENTO e ninguém 
entende ninguém sem considerar além das palavras, sem considerar 
também as emoções, o contexto e a situação em que se tenta trocar 
Fonte: Folha de São Paulo – 05 de setembro de 2008. P. E 11
Figura 1: A língua se concretiza pela fala.
O homem é um “animal 
político”. Assim afirma 
Aristóteles na sua obra 
Política, distinguindo o 
homem (único dotado de 
linguagem) dos outros 
animais (que possuem voz). 
Com a voz (“phone”), os 
animais exprimem dor e 
prazer; mas, com a palavra 
(“logos”), o homem 
exprime o bom e o mau, o 
justo e o injusto. 
Ser um “animal político” 
significa, pois, compartilhar 
valores com outros 
indivíduos, o que torna 
possível a vida social, cívica 
e política dos homens.
Exerça sua cidadania 
através, também, do uso da 
linguagem. 
PARA REFLETIR
380
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
conhecimentos, idéias ou qualquer outra mensagem, seja ela verbal (que 
utiliza palavras) ou não-verbal (que se dá através de gestos, cores, imagens 
etc.).
Para comunicar-se, o homem utiliza a linguagem que é o conjunto 
de símbolos significativos (léxico) somado a métodos também significativos 
de combiná-los (sintaxe). Esses símbolos são diferentes de um idioma para 
outro e foram escolhidos por acaso, variando de acordo com cada cultura. 
O homem inventou a linguagem para exprimir seus sentimentos, suas 
intenções e vontades, fazendo com que as pessoas interajam e convivam 
em sociedade.
O que é comunicar?
Se você pensar um pouco, vai perceber que COMUNICAR é 
estabelecer uma relação com alguma coisa ou alguém, transmitindo sinais 
através de um código que pode ser convencionado (linguagem humana) 
ou natural (sinais fisiológicos: dor, febre etc.).
A comunicação deve acontecer de maneira lógica, clara e 
coerente, pois ela é a base das relações entre os homens que, a partir e 
através dela, se tornam agentes, influenciam o meio em que vivem e 
afetam as pessoas que estão à sua volta, o seu ambiente físico e a si 
mesmos, produzindo reações. 
Para que uma mensagem seja transmitida com sucesso, é preciso 
que o falante esteja atento a fatores, como habilidade comunicativa, 
atitude, nível de conhecimento do ouvinte e as posições ocupadas dentro 
do sistema sócio-cultural. Assim, ele deverá produzir uma mensagem 
adequada ao contexto, ao grupo social do receptor e ao momento em que 
ocorre a comunicação. Para uma mensagem que chame a atenção do 
receptor, o falante deverá utilizar signos que sejam do seu conhecimento e 
também do conhecimento do receptor que ficará interessado na 
informação.
1.2.3 O processo de Comunicação 
Processo de comunicação é o fenômeno que ocorre quando o 
Elementos da Comunicação
emissor (a pessoa que fala, o codificador) emite uma mensagem 
(informação ou sinal) ao receptor (a pessoa que ouve ou decodificador), 
através de um canal (instrumento ou meio). O receptor interpretará a 
mensagem e, a partir daí, dará a resposta que demonstrará se as 
informações foram captadas (feedback), completando o processo de 
comunicação.
Para ampliar seus 
conhecimentos sobre esse 
assunto, assista ao 
videodocumentário “Um 
buraco branco no tempo”, 
uma produção de Peter 
Russel, com base em uma 
obra romântica. Duração: 
27 minutos. Veja sinopse 
do videodocumentário no 
fim deste caderno. 
Léxico: conjunto de 
vocábulos que formam 
uma língua (vocabulário).
Sintaxe: estudo da 
combinação lógica das 
palavras em uma frase.
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
PARA REFLETIR
381
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
No processo comunicativo são utilizados os elementos presentes 
no esquema anterior (código, mensagem, referente, emissor, receptor e 
canal). Conheça cada um deles: 
CÓDIGO: pode ser definido como qualquer conjunto de 
símbolos usados na transmissão e recepção de uma mensagem de 
maneira a ter significação para alguém, como as palavras de um idioma 
(língua); 
Ÿ MENSAGEM: expressão de idéias (conteúdo transmitido por 
um emissor) através de uma forma determinada (tratamento) pelo 
emprego de um código;
Ÿ REFERENTE: é o contexto em que estão insertos o emissor e o 
receptor. É também o conjunto de atitudes e reações dos sujeitos 
envolvidos no processo de comunicação;
EMISSOR ou EMITENTE: quem transmite uma idéia, emite; 
quem transforma a mensagem em código (uma pessoa, uma empresa, 
Ÿ
Ÿ
uma emissora de televisão, estação de rádio etc.);
Ÿ RECEPTOR, RECEBEDOR ou DESTINATÁRIO: pessoa que 
recebe, decodifica a mensagem (um indivíduo ou um grupo); e
Ÿ CANAL: é o meio através do qual fazemos uma mensagem 
chegar a outra pessoa, uma espécie de "veículo da mensagem", como as 
ondas sonoras, na linguagem oral (fala), ou um bilhete, na linguagem 
escrita, por exemplo.
É muito importante escolher o canal capaz de transmitir sua 
mensagem com maior qualidade e há elementos que podem impedir a 
Leia outros textos sobre 
comunicação e reflita sobre 
a importância deste 
aspecto para a vida 
humana. 
Pense no estreito laço que 
liga a comunicação à 
cultura e anote suas 
conclusões.
 
MENSAGEM
 
 
 
 
 
 
 
EMISSOR RECEPTOR
 
 
 
 
 
 
CANAL 
CÓDIGO
 
Realidade 
Referente (contexto) 
 
Preste muita atenção aos 
comerciais transmitidos 
pelo rádio e pela televisão e 
verifique se eles atendem 
às condições apresentadas 
no texto que você acabou 
de ler (Chamam a atenção 
do receptor? Usam uma 
linguagem adequada? 
Estão de acordo com o 
canal onde são veiculados? 
Levam em consideração o 
momento e a situação em 
que o receptor está 
inserto?)
PARA REFLETIR
ATIVIDADES
eficiência comunicativa como:
Ÿ o RUÍDO: que é uma interferência indesejada na transmissão 
de uma mensagem (na fala pode ser um barulho e na escrita, um rabisco 
ou uma letra ilegível, por exemplo); 
Ÿ a AMBIGÜIDADE, refere-se à desorganização da mensagem 
(período fragmentado, ordem inversa, inadequação vocabular etc.); e
Ÿ a REDUNDÂNCIA, que consiste na repetição desnecessária de 
palavras ou termos.
Ao decodificar uma mensagem, você a está percebendocomo um 
estímulo. Ao codificar uma nova mensagem, você está dando uma 
resposta ao estímulo, mostrando como ele foi percebido e interpretado por 
você. A comunicação compreende, na maioria das vezes, uma ação e 
uma reação, pois a ação do emissor afeta a reação do receptor e a reação 
do receptor afeta a subseqüente reação do emissor, tornando o processo 
circular. Às vezes, quando são utilizados dois canais simultâneos, a 
qualidade da mensagem aumenta (ver e ouvir, por exemplo, é melhor do 
que só ver ou só ouvir), mas se o falante não souber utilizar bem esses 
canais, ele pode prejudicar o sucesso da sua comunicação. Se um 
conferencista apresenta um trabalho usando um data-show, por exemplo, 
e não consegue combinar sua fala com as transparências apresentadas, 
ele pode tornar mais difícil a compreensão do conteúdo pelos 
expectadores).
Sempre que comunicamos algo, pensamos no nosso receptor, em 
quem queremos atingir com o que dizemos, assim, tanto o emissor cria 
expectativas sobre o receptor quanto o receptor em relação ao emissor. 
Quando duas pessoas interagem, põem-se no lugar uma da outra, 
procurando perceber o mundo como a outra o percebe, tentando predizer 
a resposta da outra e esse processo possibilita o ideal da comunicação que 
é a interação humana. 
1.3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Agora que você já trabalhou os Processos Comunicativos e já 
conhece as noções da Teoria da Comunicação, vamos fazer algumas 
considerações sobre as Funções da Linguagem. 
382
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Em síntese:
Em uma sala de aula (referente), se o professor (emissor) 
expõe oralmente (canal) um assunto (mensagem), e o aluno 
(receptor) ouve com atenção, ele consegue dar resposta (feedback) 
ao ser questionado. 
Mas, quando há barulho, por exemplo, conversa paralela 
(ruído), a compreensão fica comprometida.
O Filme “Nell”, do Diretor 
Michael Apted, é muito 
interessante para você 
analisar o importante papel 
desempenhado pela 
linguagem na comunicação 
humana. 
Nell é o nome da jovem 
que é encontrada em uma 
casa na floresta, onde vivia 
com sua mãe eremita. O 
médico que a encontra, 
após a morte da mãe, 
constata que ela se 
expressa em um dialeto 
próprio, evidenciando que 
até aquele momento ela 
não havia tido contado 
com outras pessoas. 
Intrigado com a descoberta 
e ao mesmo tempo 
encantado com a inocência 
e a pureza da moça, ele 
tenta ajudá-la a se integrar 
na sociedade.
 Assista ao filme e 
tente relacioná-lo aos 
conceitos estudados sobre 
“Processos Comunicativos” 
e “Funções da 
Linguagem”. 
DICAS
383
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Leia a seguinte tira humorística:
A tira exemplifica uma situação de comunicação. Numa situação 
de comunicação há, pelo menos, duas pessoas interagindo por meio da 
linguagem: quem fala (locutor ou emissor) e aquele com quem se fala 
(interlocutor ou receptor). 
Tradicionalmente, o processo de comunicação verbal está 
baseado em seis elementos: o emissor, o receptor, a mensagem, o código, 
o canal e o referente.
Tomando a tira como exemplo, vamos rever esses elementos:
Ÿ O emissor (locutor, remetente) é Helga, a esposa de Hagar;
Ÿ O receptor (interlocutor, destinatário) é Hagar;
Ÿ A mensagem é representada pelas falas de Helga; trata-se de 
um alerta para que o marido se comporte bem e beba com moderação;
Ÿ O código é a língua portuguesa (linguagem verbal) usada por 
Helga e Hagar. 
Ÿ O canal (contato) é o som produzido pelo código (língua oral); 
e
Ÿ O referente (contexto) é a situação ou contexto em que Helga e 
Hagar estão e é também o assunto da mensagem, isto é, o conjunto de 
atitudes e reações do emissor e do receptor. Repare que o casal está em 
uma reunião social e como Helga conhece bem o marido, mesmo estando 
de costas para ele, ela o alerta para que “tenha modos” e não se exceda 
com a bebida. 
A cada um desses seis elementos corresponde uma função da 
linguagem. 
De acordo com a Teoria da Comunicação, toda mensagem tem 
uma finalidade, uma intenção predominante que orienta sua produção. A 
mensagem pode ter a finalidade de informar, persuadir, provocar humor, 
emocionar etc.
A partir dessas finalidades é que classificamos a função da 
linguagem predominante nos textos. Essas funções são: expressiva, 
conativa, referencial, fática, metalingüística e poética. 
1.3.1 Funções expressiva (ou emotiva)
Fonte: HOJE EM DIA, 7/9/2008
Figura 2: tira humorísticaPara reforçar seu 
conhecimento sobre as 
funções da linguagem, 
acesse: 
www.portrasdasletras.
com.br
O estudo das funções da 
linguagem é muito 
importante para 
percebermos diferenças e 
semelhanças entre os vários 
tipos de mensagem. 
Analisar como essas 
funções se organizam nos 
textos alheios, permite-nos 
perceber as finalidades que 
orientam a elaboração 
desses textos.
Aplicando o conhecimento 
de funções da linguagem 
nos textos que produzimos, 
poderemos planejar o que 
escrevemos e fortalecer a 
eficácia e a expressividade 
das mensagens. 
DICAS
PARA REFLETIR
384
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
A função expressiva ou emotiva está centrada no emissor 
(remetente ou locutor) e expressa sua atitude, sua emoção, seu estado de 
espírito em relação ao que fala.
Exemplificando
Observe que o poema está centrado na expressão dos 
sentimentos, emoções e estado de alma do “eu-lírico”. É um texto 
subjetivo, pessoal. Nele aparecem pronomes de primeira pessoa: “Eu não 
tinha”... “minha face”?
São comuns também na função emotiva a presença de 
interjeições e pontuação marcada por exclamações e reticências. 
1.3.2 Função Conativa (apelativa)
A função conativa é aquela que está centrada no destinatário. 
Também chamada apelativa, essa função estimula o receptor a tomar uma 
atitude, tentando persuadi-lo, tentando influenciar seu comportamento. 
Observe a presença da função conativa neste folheto:
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, 
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra. 
Eu não dei por esta mudança, 
Tão simples, tão certa, tão fácil:
 Em que espelho ficou perdida a minha 
face?
(Cecília Meireles)
385
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Você observou que a intenção principal é estimular o receptor a 
utilizar um serviço diferenciado de lavagem de carro. Para isso, o texto da 
propaganda emprega verbo no imperativo “Aguarde!”, que faz um apelo 
direto ao destinatário. Além disso, a mensagem tenta sensibilizá-lo quanto 
à questão do uso racional da água. Isso sinaliza que, se o receptor for uma 
pessoa com consciência social, ele buscará o serviço oferecido. 
1.3.3 Função referencial (denotativa)
Classificamos de referencial a função que tem por objetivo 
transmitir informações. Ela é também chamada denotativa, está centrada 
no contexto. 
A mensagem apresenta linguagem clara, direta, procurando 
traduzir a realidade objetivamente. 
O anúncio a 
seguir, com conteúdo 
e s s e n c i a l m e n t e 
i n f o r m a t i v o , 
exemplifica a função 
referencial.
A o l e r o 
anúncio, você percebe 
c l a r a m e n t e s e u 
objetivo: informar aos 
leitores do Jornal Hoje 
em Dia o que significa e 
de que se encarrega a 
Associação Mineira de 
Figura 3: Volante distribuído a visitantes e consumidores do Montes 
Claros Shopping Center
Figura 4: Hoje em Dia (7-9-2008)
386
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Rádioe Televisão, AMIRT.
A linguagem aponta para um significado único, não dando 
margem à dupla interpretação.
A função referencial aparece em seus livros de estudos, livros 
técnicos e científicos, bulas de remédios, manuais de instruções etc. 
1.3.4. Função Fática
A função fática encontra-se centrada no contato (canal) e nela 
predomina o cuidado de estabelecer ou de manter a comunicação, isto é, 
manter o contato entre o emissor e o receptor.
Nas conversas telefônicas, o tradicional “alô”, os cumprimentos 
habituais são maneiras de iniciar o contato com o recebedor. As frases-
feitas, os clichês de abertura de diálogos: “Olá, como vai?”, “Oi, tudo 
bem?”, têm também a finalidade de estabelecer contato.
A função fática está representada por palavras, frases, ou 
expressões que denotam a necessidade ou o desejo de iniciar, manter ou 
cortar a comunicação. 
Exemplificando:
A função fática está bastante evidente nos quadrinhos. Observe o 
emprego de frases-feitas: “Romeu, há quanto tempo!”, “O que tem feito?” 
Essas frases não têm necessariamente um conteúdo informativo preciso, 
apenas pretendem criar condições para uma interação verbal. Outras 
expressões comuns à função fática também aparecem nas falas dos 
quadrinhos: E aí... Hem... Ih... Isso!
Na verdade, nesse reencontro casual, os amigos nada disseram, 
apenas mantiveram um contato superficial. 
In: ABAURRE et alli – Português. Língua e Literatura. 
São Paulo: Moderna, 2003
Figura 5:
387
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
1.3.5 Função metalingüística 
 1.3.6 Função poética
A função metalingüística está centrada no próprio código, isto é, 
centrada na língua. O emissor usa a língua (código) para dar alguma 
explicação, fazer ressalvas, apresentar uma definição, um conceito etc. 
No fragmento a seguir, intitulado “Bisbilhotice”, de Luís Fernando 
Veríssimo, o autor define, primeiramente, a palavra “bisbilhotar” para, 
depois, introduzir o tema propriamente dito: discussão sobre o uso de 
grampos em telefones de magistrados e políticos brasileiros. 
Observe a função metalingüística no 1º parágrafo do artigo.
Os dicionários são obras de caráter metalingüístico, neles usa-se a 
língua (código lingüístico) para definir a própria língua.
A função poética enfatiza a mensagem. Se, ao ler um texto, você 
perceber que o objetivo da mensagem é mostrar um trabalho de 
elaboração da linguagem, então, você está diante da função poética.
Anúncios publicitários (e políticos) recorrem freqüentemente à 
função poética da linguagem. Neles é comum um trabalho com o signo 
Bisbilhotice
“Bisbilhotar” vem, se não me falha o etimológico, 
do italiano “bisbigliare”, que não é bisbilhotar no nosso 
sentido, mas quase o seu oposto. Os sinônimos de 
“bisbigliare” no meu dicionário italiano são “mormorare”, 
“sussurrare”, “dire sottovoce”. Ou seja, o que se faz para 
evitar a bisbilhotice dos outros. Um bisbilhoteiro brasileiro 
e um “bisbigliatore” italiano, conforme o dicionário, não 
teriam diálogo, um tentando desesperadamente ouvir o 
que o outro murmura ou sussurra.
O que aproximaria os dois seria o fato de que é 
tão difícil encontrar um italiano falando baixo quanto um 
brasileiro. O sottovoce não pegou em nenhum dos dois 
povos. E o que sempre agrava as crises brasileiras – como 
essa dos grampos, ou da bisbilhotice banalizada e 
oficializada – é que ninguém, do presidente ao gari, 
passando por ministros e comentaristas, se segura na hora 
de dizer bobagens. Se ao menos as dissessem sottovoce, o 
dano seria menor. (...)
Veríssimo. HOJE EM DIA. 7/9/2008. P. 8 - PLURAL
388
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
lingüístico (rimas, jogo de palavras, neologismos, aliterações, assonâncias) 
com o objetivo de provocar algum efeito de sentido no receptor. 
A função poética não abrange somente a poesia, embora, na 
poesia, a função poética seja predominante e, em outras formas de 
expressão lingüística, ela seja acessória. 
Veja os exemplos de função poética nos textos abaixo:
Nos versos de Drummond, o trabalho com a linguagem (criação 
das rimas: amada/nada; medida/vida) produz efeito melódico.
No texto de propaganda, percebe-se o jogo de palavras entre 
“dourados” e “cromados” para referir-se ao material empregado no 
produto anunciado (moto) e remeter à idéia de liberdade propiciada pela 
moto, ícone dos anos dourados. Houve, portanto um trabalho intencional 
de linguagem.
 
1.4 VARIAÇÕES LINGÜÍSTICAS
Aliteração: repetição da 
mesma consoante no 
interior de um ou mais 
versos. 
“Quem com ferro fere, com 
ferro será ferido.” 
(provérbio)
Assonância: repetição da 
mesma vogal no interior de 
um ou mais versos.
Nos versos abaixo, há 
assonância das vogais a e 
o nasais. 
“E bamboleando em ronda 
dançam bandos tontos e 
bambos de pirilampos”.
(Versos de Guilherme de 
Almeida)
“O meu tempo e o teu, amada,
Transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
Amar é o sumo da vida.
(In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se aprende 
amando. São Paulo: Record, 1990)
(REVISTA VEJA, 5/12/2007. p. 120)
Figura 6
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
389
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se 
um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da 
idade; se uma matrona autoritária ou uma ama delicada; 
se um mercador errante ou um lavrador de pequeno campo 
fértil, [...]. (Horácio, Arte Poética)
Após o estudo dos conceitos de língua, linguagem, fala, 
gramática e das funções da linguagem, será mais fácil e proveitoso 
trabalhar com as variações lingüísticas, pois são conteúdos intimamente 
relacionados.
A língua é um valioso instrumento de ação social e seu uso, 
conforme seja adequado ou não, pode facilitar ou comprometer nosso 
relacionamento com as demais pessoas. 
Além disso, o uso individual da língua apresenta valores que vão 
além de nossa intenção de transmitir informações, idéias e pontos de vista. 
A escolha que fazemos das palavras, certas expressões que 
empregamos, nossas preferências por determinadas construções frasais 
têm o poder de revelar, de “denunciar” quem realmente somos, quais são 
nossas crenças, em que região do país nascemos, que nível social e de 
estudos possuímos, qual é nossa profissão, dentre muitos outros aspectos. 
Isso ocorre porque a língua é um sistema dinâmico, 
extremamente flexível, que se modela com naturalidade a diversos fatores 
que envolvem o falante, como religião, classe social, região geográfica, 
sexo, idade e a própria evolução histórica da língua e, ainda, o grau de 
formalidade/informalidade do contexto em que se dá a situação de fala ou 
Marcos Bagno é professor de lingüística da 
Universidade de Brasília (UnB), é um 
pesquisador que se dedica a criticar a 
idéia. Senso-comum, de que o brasileiro 
fala e escreve mal o próprio idioma. Essa 
visão atinge principalmente as camadas 
pobres da sociedade, por estarem 
distanciadas do padrão ensinado na 
escola. O preconceito lingüístico, porém, 
revela um outro preconceito: o social. “A 
língua, a maneira de falar, é apenas uma desculpa que as outras 
pessoas usam para discriminar, para excluir”, afirma Bagno. 
Mineiro de Cataguases, ele é autor de vários livros que desfazem 
mitos em torno do português falado e escrito no Brasil, como A 
Língua de Eulália (1997), Preconceito lingüístico – o que é, como se 
faz (1999), Português ou Brasileiro? (2002) e A norma oculta 
(2003).
www.sergipe.com.br/balaiodenoticias/linguistica.htm 
Figura 7: Marcos Bagno
390
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
escrita. 
Nosso contato diário com outrosfalantes em ambientes diversos – 
rua, clube, escola, trabalho, restaurante etc. – confirma que não há 
uniformidade no uso da língua. As pessoas se expressam de maneiras 
diferentes e isso é perfeitamente natural no interior de uma mesma língua, 
como é o caso da Língua Portuguesa. 
Essas diferenças podem se manifestar em relação ao vocabulário, 
à pronúncia, à morfologia e à sintaxe. Elas aparecem fortemente ligadas 
ao falante e são justificadas por motivos culturais, sociais, históricos, 
religiosos, geográficos e outros. 
A essas diferenças no uso da língua dá-se o nome de Variações ou 
Variantes Lingüísticas.
Antes de prosseguirmos no estudo das Variações Lingüísticas, é 
bom que se esclareça que não há uma “variedade” melhor ou pior, certa ou 
errada, elegante ou feia, de prestígio ou sem prestígio. Essas diferenças 
lingüísticas são como um distintivo dos indivíduos e grupos sociais e, por 
isso, elas são constituintes de sua identidade. Ora, eleger uma variedade 
lingüística como melhor significa desprezar as outras. Ao agirmos assim, 
expressamos um juízo de valor (nesse caso, inaceitável) e prejulgamos os 
falantes, usando essas diferenças lingüísticas naturais como pretexto para 
a discriminação social dos indivíduos.
Portanto, todas as Variações Lingüísticas são perfeitamente 
adequadas à realidade do grupo social e do contexto em que surgiram, 
desde que permitam a interação verbal entre os indivíduos, isto é, desde 
que permitam aos indivíduos expressarem suas necessidades 
comunicativas e cognitivas. 
1.4.1 Tipos de variações lingüísticas
As variações lingüísticas ocorrem devido a fatores geográficos 
(diatópicos), sócio-culturais (diastráticos), históricos ou de época 
(diacrônicos) e contextuais (diafásicos).
1.4.1.1 Variação geográfica
A variante lingüística mais evidente no Brasil é a geográfica.
Essa variante se caracteriza, principalmente, pelo acento 
lingüístico (altura, timbre, intensidade do som), isto é, pela maneira de 
pronunciar as palavras. Os habitantes de cada região apresentam 
“melodias” frasais diferentes, desenvolvem formas de realização 
lingüística que lhes são próprias e os distinguem dos falantes de outras 
regiões. 
Ao conjunto de características comuns da pronúncia de cada 
região denomina-se “sotaque”: sotaque mineiro, sotaque goiano, sotaque 
nordestino etc. ou “dialeto” regional: dialeto mineiro, dialeto nordestino 
391
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
etc. 
Alguns aspectos fonéticos regionais bastante conhecidos dos 
brasileiros são, por exemplo, a pronúncia do “s” chiado do carioca; a 
abertura das vogais pelos nordestinos; a entoação particular dos gaúchos e 
o “r” bem marcado no interior de São Paulo.
Exemplificando:
A letra da música “Cuitelinho”, composta por Paulo Vanzolini, 
mostra uma variação regional, própria do espaço geográfico rural de 
alguns estados brasileiros.
Nela, há também a influência da variação sócio-cultural, 
percebida no emprego de: “bera” por “beira”, “navaia” por “navalha”, 
“oio” por “olhos” (aspectos fonológicos) e “os oio se enche d'água por “os 
olhos se enchem d'água; “As garça dá...” por “As garças dão...” (aspecto 
morfológico).
Observe, ainda, que o compositor “brinca” com as rimas para 
efeito melódico. 
A variação geográfica ocorre também no vocabulário, em 
Os romances “O tempo e o 
Vento (de Érico Verissimo) e 
“Vidas Secas” (de 
Graciliano Ramos), por 
exemplo, são obras em que 
você encontra vocabulário 
típico da região geográfica 
em que o enredo se situa. 
Morfologia: Estudo do 
signo lingüístico reduzido à 
sua expressão mais simples 
(morfema) e a combinação 
entre esses morfemas 
formando unidades 
maiores como a palavra e o 
sintagma. 
Cuitelinho: Diminutivo de 
cuitelo. Nome popular dos 
beija-flores. 
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto 
Onde as onda se espaia. 
As garça dá meia volta, 
Senta na bera da praia. 
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia. 
Quando eu vim de minha terra, 
Despedi da parentaia. 
Eu entrei no Mato Grosso, 
Dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução, 
Enfrentei fortes bataia. 
A tua saudade corta
Como o aço de navaia. 
O coração fica aflito, 
Bate uma, a outra faia.
E os oio se enche d'água
Que até a vista se atrapaia.
(In: Marcos Bagno. A língua de Eulália São Paulo: Contexto, 
1997. p. 45-6.) 
Figura 8: Cuitelinho
DICAS
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
392
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
algumas estruturas frasais e nas designações diferentes para o mesmo 
significado, que uma palavra pode adquirir de uma região para outra.
Assim é que usamos “mandioca”, “aipim” ou “macaxeira”; 
“pernilongo” ou “mosquito”, dependendo de nossa região de origem. 
Em Montes Claros, Minas Gerais, por exemplo, o objeto escolar 
onde se guardam lápis, borracha e canetas chama-se “estojo”, no Paraná 
é “penal” (de pena + al) estojo para guardar penas, lápis etc. Embora a 
palavra “penal” conste do dicionário como um regionalismo de Minas 
Gerais, ela não é usada entre os mineiros. 
E as variações geográficas se concretizam nas expressões típicas 
dos nordestinos: “OXENTE, BICHINHO (indicando admiração); VISSE? 
(ouviste), CABRA MACHO DA MULESTA (indivíduo corajoso, valentão); 
no “BAH, TCHÊ” dos gaúchos ou no uso freqüente do diminutivo pelos 
mineiros: “COITADINHO, TADINHO” (coitado) ou mesmo na redução 
desses diminutivos: “TADIN” (coitadinho), “BONZIN” (bonzinho) etc.
Exemplificando:
Abaixo, apresentamos-lhe um texto de Luís Fernando Veríssimo, 
escritor gaúcho, como exemplo de variação geográfica. 
Observe o emprego de palavras e expressões peculiares aos 
falantes gaúchos nos diálogos encenados pelo analista e seu paciente. 
1.4.1.2 Variação sócio-cultural
Apócrifo: não autêntico, 
 falso, suposto
Bombacha: calças largas, 
apertadas acima dos 
tornozelos por meio de 
botões; vestimenta típica 
do gaúcho campeiro.
Pelego: Pele de carneiro 
com a lã.
Abancar: tomar assento à 
banca 
 ou à mesa.
Marca: cada um dos 
passos ou 
 evoluções de uma dança.
Charlar: tagarelar, falar à 
toa. 
Pereba: pequena ferida, 
sarna. 
O Analista de Bagé 
Certas cidades não conseguem se livrar da reputação 
injusta que, por alguma razão, possuem. Algumas das pessoas 
mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vêm de Bagé, 
assim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas 
não adianta. 
Estas histórias do psicanalista de Bagé são 
provavelmente apócrifas (como diria o próprio analista de Bagé, 
história apócrifa é mentira bem educada) mas, pensando bem, 
ele não poderia vir de outro lugar.
Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é 
forrado com um pelego. Ele recebe os pacientes de bombacha e 
pé no chão.
— Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho. 
— O senhor quer que eu deite logo no divã?
— Bom, se o amigo quiser dançar uma marca, antes, 
esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vivente estendido e charlando 
que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.
— Certo, certo. Eu... 
C
A
B
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G
GLOSSÁRIO
As condições sociais influenciam decisivamente o modo 
de falar dos indivíduos. A idade, a experiência de vida do falante, seu grau 
de maturidade condicionam sua atuação lingüística. 
A variação sócio-cultural corresponde, principalmente, a 
diferenças que se percebem na fonologia (“muié” por “mulher”, 
“lâmpida” por “lâmpada”, “frecha” por “flecha”, “isquentá” por 
“esquentar”) e na morfologia (“nós vamu”, por “nós vamos, “as pessoa” 
por “as pessoas”).
Exemplificando:
Nos quadrinhos, para opor, humoristicamente,“céu” e “inferno”, 
o autor se vale da linguagem popular, com bastante criatividade. 
As variedades faladas pelos indivíduos de classe social menos 
393
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
— Aceita um mate?
— Um quê? Ah, não. Obrigado. 
— Pos desembucha.
— Antes, eu queria saber. O senhor é freudiano?
— Sou e sustento. Mais ortodoxo que reclame de xarope. 
— Certo. Bem. Acho que o meu problema é com a 
minha mãe
— Outro.
— Outro?
— Complexo de Édipo. Dá mais que pereba em 
moleque. 
— E o senhor acha...
— Eu acho uma pôca vergonha. 
— Mas...
— Vai te metê na zona e deixa a velha em paz, tchê!
Texto extraído do livro "O gigolô das palavras", L&PM Editores – 
Porto Alegre, 1982, pág. 78
O filme “Carlota Joaquina, 
Princesa do Brasil”, de 
Carla Camurati, (1995) 
representa uma ótima 
oportunidade de se verificar 
as diferenças entre o modo 
de falar de portugueses e 
brasileiros.
 www.portalimpacto.com.br
Figura 9: Quadrinhos
Usou-se (pre)conceitos 
para salientar que, de 
acordo com a 
sociolingüística, todas as 
variações se correspondem, 
todas são adequadas às 
mais diferentes situações 
sociais de que 
participamos. Seja qual for 
a variante usada, ela 
possibilita que os membros 
de uma sociedade 
estabeleçam relações 
comunicativas, afetivas e 
humanas.
DICAS
PARA REFLETIR
394
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
favorecida são denominadas populares, enquanto as variedades cultas 
associam-se às classes de maior prestígio e servem de referência para a 
norma escrita. 
Existe, no Brasil, uma tendência à discriminação da variante 
popular, geralmente fundamentada nos (pre)conceitos de que seus 
falantes não dominam a norma padrão, usam seus próprios recursos para 
se comunicarem, cometem “erros” que viciam e empobrecem a língua 
Outros fatores responsáveis pelas variantes sócio-culturais são: a 
idade do falante, a classe social a que pertence, a raça, a religião, a 
profissão. 
Variações lingüísticas referentes ao sexo também ocorrem no 
Português. É mais comum às mulheres, por exemplo, o uso de diminutivos: 
“comidinha”, “nenenzinho”, “belezinha” e mais freqüente que os homens 
usem aumentativos: “amigão”, “Fernandão”, “partidão” (referindo-se a 
uma boa partida de futebol).
Além desses exemplos, algumas palavras e expressões de nossa 
língua se destinam exclusivamente ao uso pelas mulheres (“obrigada”, 
“grata”, “eu mesma”, “eu própria”) e outras, apenas ao uso do sexo 
masculino (“obrigado”, “grato”, “eu mesmo”, “eu próprio”). 
No Brasil, a variação sócio-cultural é bastante evidente. Quanto 
mais cultura o cidadão tiver, mais bem estruturadas serão suas frases, mais 
rico seu vocabulário, ao contrário do falar das pessoas com pouco ou 
nenhum estudo. Um enfermeiro ou um técnico em enfermagem, por 
exemplo, dominam um vocabulário específico de sua área e são capazes 
de sustentar um diálogo eficiente com os demais profissionais com quem 
convivem. A profissão condiciona o falante ao uso de expressões típicas de 
sua área de atuação.
Profissionais da área médica, por exemplo, têm gírias específicas 
com as quais interagem, mesmo à vista do paciente leigo no assunto, sem 
que este compreenda de que trata. 
Do vocabulário específico dos profissionais se formam as gírias, 
que facilitam a comunicação entre eles e os caracterizam. As gírias ligadas 
a profissões ou determinados grupos sociais (estudantes, capoeiristas, 
internautas) são denominadas “jargão”.
A idade é outro fator que influencia as diferenças sócio-culturais 
Vários fatores como a 
profissão, a idade, o sexo, a 
religião, dentre outros e o 
convívio no meio social 
determinam as escolhas e 
os hábitos lingüísticos das 
pessoas. 
Você se importa com a 
impressão que causa nos 
outros, quando usa uma 
linguagem inadequada ao 
contexto?
São alguns 
exemplos de jargões 
médicos “Evoluir o 
paciente” (fazer anotações, 
descrições no prontuário); 
“CT de crânio” (tomografia 
computadorizada); 
“Bexigoma” (repleção ou 
distensão vesical.
A gíria inexiste no 
dicionário)
Gírias 
populares:
 
bafafá: confusão;
patavina: nada;
araque: sem valor, mentira;
 
arco da velha: muito 
antigo;
 etc. 
Advogados usam 
“peticionar”; eu, sua 
professora de Português, 
uso “pedir” ou “solicitar”, 
porque, na minha 
profissão,“ não entro com 
uma ação perante o juiz.
PARA REFLETIR
395
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
de adolescentes e idosos. Os jovens são, comumente, mais abertos a 
inovações lingüísticas advindas do avanço tecnológico, enquanto os idosos 
se mostram mais reservados a isso, são mais conservadores das estruturas 
e usos já internalizados.
Todos os fatores mencionados comprovam que o uso da língua 
está subordinado ao nível social e cultural das pessoas. Nossa fala é o 
produto de tudo aquilo que nos fez chegar ao que somos hoje: o convívio 
com nossa família, com os amigos, os livros que lemos, os filmes a que 
assistimos, a religião que praticamos, nossas crenças e valores, enfim, é 
nossa experiência de vida que determina nossas escolhas e essas escolhas 
nos dão identidade. 
1.4.1.3 Variação histórica 
Incluem-se, também, no âmbito das variações lingüísticas, 
aquelas denominadas históricas ou de época.
São variações que ocorrem por um processo natural de 
desenvolvimento e enriquecimento das línguas, ocasionado pelo avanço 
social, político, tecnológico, científico e cultural das sociedades. 
Assim é que algumas palavras “envelhecem”, entram em desuso, 
passam a figurar apenas nos dicionários, porque aquilo que elas 
designavam também deixou de ser usado ou foi substituído por algo mais 
eficiente. É o caso, por exemplo, da palavra “escarradeira”. Se ela já foi 
utensílio de destaque na sala de visitas das famílias patriarcais 
(literalmente significando “cuspideira”, “vaso em que se escarra”), hoje 
essa palavra é inteiramente desconhecida das gerações mais jovens. 
Motivo? Desapareceram a casa grande e a senzala, logo, o hábito de se 
cuspir em vaso também desapareceu e, com ele, a palavra que o 
acompanhava. 
Algumas palavras e expressões, às vezes, mudam seu significado e 
outras mais antigas, ainda em uso, alteram sua grafia para 
acompanharem a evolução social. 
Essa mesma evolução social é responsável, em contrapartida, por 
um incontável número de palavras e expressões novas que invadem nosso 
cotidiano, cada vez mais repleto de tecnologias. 
As palavras em desuso são chamadas “arcaísmos” e as de criação 
recente são denominadas “neologismos”. 
Muitos escritores brasileiros desfrutam de sua liberdade de uso da 
língua para criar neologismos singulares que notabilizam seu estilo e 
enriquecem nossa literatura. 
Guimarães Rosa se destaca nesse trabalho. Observe um 
fragmento de seu estilo literário em que ele apresenta alguns neologismos. 
Os textos que analisaremos a seguir ilustram a variação histórica. 
Para aprofundar seus 
conhecimentos sobre a 
variação sócio-cultural, 
sugerimos que você faça a 
leitura do livro: A Língua de 
Eulália – novela 
sociolingüística, de Marcos 
Bagno, editora Contexto, 
São Paulo.
O enredo leva o leitor a um 
passeio prazeroso pela 
Sociolingüística – ciência 
ainda nova – e lhe permite 
uma compreensão mais 
ampla do papel das 
variantes sócio-culturais. 
DICAS
396
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Observe que as palavras “collyrio” e “Brazil” figuram nos dias atuais com a 
mesma acepção, mas com grafia diferente. 
À época da veiculação dotexto I (em 1934), ele era conhecido 
como “reclame” (vindo do francês “réclame”), termo que também 
“envelheceu”. 
Atualmente, esse gênero textual é conhecido como: comercial, 
anúncio, propaganda (texto de propaganda). 
É importante ressaltar, ainda, que o espaço rural ou urbano é 
também responsável por determinadas características da língua. 
A região rural, por sua localização mais afastada dos centros 
urbanos, tende a manter uma certa regularidade no uso da língua e é 
menos afeita a novidades lingüísticas. 
A região urbana, ao contrário, tende a ser mais flexível a essas 
novidades, à criação de nomes para designarem novas técnicas, 
aparelhos, remédios, doenças, veículos etc. e as incorpora com maior 
facilidade. 
Assim sendo, pode-se concluir que os falares urbanos são mais 
dinâmicos, pois refletem a velocidade das mudanças, os apelos e as 
exigências das grandes cidades.
1.4.1.4 Variações contextuais
“Do demo? Não gloso. Senhor pergunte aos moradores. Em 
falso receio, desfalam no nome dele – dizem só: o Que-Diga.
[...] Doideira. A fantasiação. E o respeito de dar a ele assim 
esses nomes de rebuço, é que é mesmo que ele forme forma, 
com as presenças.”
(Do livro “Grande Sertão: Veredas”. João Guimarães Rosa. p. 
26). 
Figura 10: Redame (1934) e Embalagem atual do colírio (2008)
 www.farmaciaviverbememcasa.com.br
397
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Como o próprio termo indica, variações contextuais são 
decorrentes do contexto, ou seja, da situação de comunicação. Elas 
nascem do comportamento lingüístico do indivíduo. Ora, por experiência 
pessoal, sabemos que há ambientes e situações que permitem o uso de 
uma linguagem bastante informal (um diálogo afetivo com uma criança), 
outros que requerem um nível mais formal de linguagem (apresentar um 
tema em um congresso científico).
Um falante não utiliza a mesma variante em todas suas atividades 
lingüísticas. 
No ambiente familiar, por exemplo, em que as pessoas não estão 
preocupadas com uma comunicação dentro da norma padrão, o falante 
usará uma linguagem mais descontraída; no ambiente de trabalho, 
certamente utilizará uma linguagem mais técnica, específica de sua 
profissão; em algum evento social de caráter cerimonioso utilizará uma 
linguagem mais formal, diferentemente do que faria se estivesse assistindo 
a uma partida de futebol de seu time. 
Assim, o falante pode se permitir escolher a linguagem mais 
adequada à situação comunicativa e, mesmo sendo extremamente 
escolarizado e culto, nada o impede de usar uma gíria num bate-papo com 
amigos.
Exemplificando: 
O texto em quadrinhos que apresentamos para exemplificação 
encena exatamente o que se acabou de afirmar no parágrafo acima. 
O quadrinista Angeli simula uma situação de poder exercida 
através da linguagem. O político (detentor do poder) usa uma linguagem 
formal, cerimoniosa e “postiça” para coagir o depoente (pessoa mais 
simples: roupas informais; frases curtas afirmativas, denotando respeito).
O humor decorre da passagem inesperada da linguagem formal 
para a informal. Quando o político se sentiu ameaçado, deixou de lado a 
l inguagem artif icial e 
passou a exercer sua 
“autoridade” com uma 
linguagem informal e 
mesmo agressiva.
Isso reforça, pois, a 
idéia de que a situação ou 
contexto em que se dá a 
comunicação condiciona o 
comportamento lingüístico 
do falante. 
Observe:
1 . 5 N Í V E I S D E 
LINGUAGEM
Fonte: In: Platão e Fiorin. Lições de texto: 
leitura e redação. SP: Ática. 2004
Figura 11: Texto em quadrinhos
398
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Ate aqui, insistimos no fato de que não falamos sempre do mesmo 
jeito, de que podemos nos valer de diversas variantes lingüísticas, conforme 
a circunstância em que se dá a comunicação. 
Dessas poss ibi l idades de uso da l íngua surgem, 
conseqüentemente, diferentes tipos de linguagem, cada qual com suas 
especificidades. 
Essas variações de uso da língua por um mesmo falante recebem 
o nome de registros ou níveis de linguagem.
Estudiosos da sociolingüística consideram que são três os níveis de 
linguagem: nível culto, familiar e popular.
1.5.1 Nível culto (formal) 
Correspondente à linguagem cuidada, com observância às 
normas da língua padrão, utilizado por falantes altamente escolarizados – 
intelectuais, diplomatas, cientistas, literatos. Empregado, principalmente, 
na forma escrita e em situações de maior formalidade. 
O vocabulário é amplo, apurado, preciso, as construções mais 
elaboradas. 
Exemplificando:
O texto a seguir é parte da resposta de um profissional a alguém 
que pôs em dúvida a seriedade de seu trabalho. Apesar de ser um desabafo 
– desabafos geralmente são emocionais – o articulista mantém o tom da 
gravidade do assunto e usa a linguagem formal cujo vocabulário é objetivo, 
amplo e as estruturas frasais mais complexas. 
1.5.1.1 Nível familiar (comum) 
Fala quem pode
“[...] Todo o relato descrito pela senhora reclamante 
pode ser verificado diretamente e com precisão na central de 
regulação. Todas as ligações telefônicas e transmissões do 
Samu são gravadas: podem-se verificar os horários, que tipo de 
informação o solicitante passou, se houve um segundo 
telefonema, que tipo de ambulância compareceu, o momento 
exato de sua chegada, o que foi falado no rádio etc.
A acusação de omissão de socorro (artigo 135 do 
Código Penal, 'deixar de prestar assistência...') feita pela 
reclamante é séria e deveria ser oficialmente protocolada por 
ela. Apesar disso, ela se contradiz ao relatar que o paciente em 
questão chegou a ser atendido. A reclamante desconhece que a 
ambulância enviada ao local é aquela que estiver mais próxima 
e disponível. Todas as unidades básicas (USB) dispõem de
399
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
desfibrilador automático, equipamento essencial ao 
atendimento da parada cardiorrespiratória ocorrida nesse caso. 
[...]
A 'burocracia' citada por ela é extremamente simples 
(basta se identificar endereço da ocorrência, situação da vítima 
e seguir orientações do médico), mas deve ser explanada com o 
mínimo de clareza e educação pelo solicitante, sem agressões 
verbais à equipe do Samu, o que infelizmente ocorre 
freqüentemente. Desconhece que todo este sistema organizado 
e hierarquizado é pioneiro no Brasil. O seu modelo e os 
protocolos seguidos por ele são adaptados de países como a 
França e Estados Unidos. Esta estrutura possibilita que uma sala 
de emergência seja montada na Savassi ou em Ribeirão das 
Neves, na rua ou em domicílio, em casa ou no 10º andar, dentro 
da favela ou na estrada e dentro do carro. [...]” 
(Jornal Estado de Minas, 4 de setembro/2008. P. 2 
Caderno Cultura. Texto fragmentado). 
Representa a linguagem que foge às formalidades e aos 
requintes gramaticais. Pode servir tanto à utilização oral como à escrita. 
Caracteriza-se por construções gramaticais mais simples, incluindo 
frases freqüentemente curtas e coordenadas, repetições. É um registro 
intermediário das categorias culta e popular. Caracteriza, geralmente, 
o falante medianamente escolarizado. 
Exemplificando:
Por onde passam, os brasileiros deixam marcas – para 
as boas e más línguas. Na Inglaterra não deve ser 
diferente. Acredito até que, logo, logo, em vez do chá 
das cinco, a realeza vai é entrar no ritmo do pandeiro e 
do tamborim. (Estado de Minas, 5 de setembro/2008. 
P. 36 – Texto fragmentado). 
1.5.1.2 Nível popular 
Esse registro constitui uma variante informal de menor 
prestígio, se comparado ao registro familiar. Representa um ato de falamais descontraído, espontâneo, concreto e subjetivo. Distancia-se das 
normas gramaticais, o vocabulário é restrito, aparecem redundâncias e 
gírias. 
 Caracteriza o falante com baixo ou nenhum grau de 
escolaridade. 
Nessa modalidade popular, aparece também o registro vulgar 
em que se empregam termos chulos e obscenos. 
Aproveite as oportunidades 
de situações de fala em seu 
dia-a-dia para verificar a 
riqueza de contrastes que 
cada situação oferece. 
Faça um registro de 
palavras, ou expressões, 
“estranhas” a seus ouvidos, 
termos regionais, gírias, 
jargões profissionais e tudo 
que você julgar interessante 
do ponto de vista 
lingüístico.
Escreva, após, um texto 
empregando essas palavras 
de modo bem criativo. 
ATIVIDADES
400
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Exemplificando:
“Eu acho que a gente tem de colocar no poder quem ajuda 
a gente. Coloco meus filhos e os vizinhos pra ajudar 
também. Não tô passando fome por causa do benefício que 
ele me dá”, considera ela, que também afirma nunca ter 
visto rosto do ministro. (Caderno Distrito Federal, HOJE EM 
DIA, p. 7, fragmento, 24 agosto 2008). 
As discussões sobre as variações lingüísticas que fizemos até aqui 
confirmam que diversos fatores envolvem o processo de comunicação, 
condicionando as escolhas lingüísticas do falante. É essa mobilidade da 
língua que permite a seu usuário realizar com eficiência seus atos de fala e 
escrita. 
Portanto, prezado aluno, você que inicia seus estudos das línguas e 
linguagens, lembre-se de que o conhecimento das variações lingüísticas é, 
também, um conhecimento cientificamente fundamentado nas relações 
humanas. 
Compreender, realmente, as variações lingüísticas, fato concreto 
em nosso Português, possibilitará que você seja um falante mais 
cuidadoso, mais humano, capaz de compreender seu semelhante e ser 
compreendido, exercitando sua consciência crítica e cidadã.
Assim sendo, ao usar a língua, ajustando-a às especificidades da 
situação de comunicação, você demonstrará bom-senso, maturidade 
intelectual e capacidade crítica nos processos de leitura e de produção de 
textos. 
1.6 LINGUAGEM ORAL E LINGUAGEM ESCRITA
Nesta subunidade, vamos conversar sobre a distinção entre 
linguagem oral e linguagem escrita. 
Temos alguns esclarecimentos a fazer, pois, geralmente, as 
pessoas não distinguem bem essas duas modalidades principais da língua 
portuguesa. 
Já apresentamos, no item 1.5., os níveis de linguagem e vamos 
recorrer a eles, aqui, para início de conversa. As modalidades oral e escrita 
do Português não apresentam as formas, os recursos expressivos ou a 
gramaticalidade idênticas. Independente da utilização de um mesmo nível 
de linguagem para a comunicação oral ou escrita, cada comunicação 
apresentará suas especificidades, suas características peculiares. 
Então, vamos lá!
Há, realmente, diferenças marcantes entre fala e escrita, pois 
cada modalidade está diretamente relacionada a um contexto 
sociocultural, a um propósito definido, a particularidades lingüísticas do 
falante.
 1.6.1 Linguagem oral 
Preste atenção a situações 
de interlocução entre as 
pessoas nos ambientes que 
você freqüenta. 
Você é capaz de 
caracterizar um falante 
desconhecido pela 
linguagem que ele usa?
Habitue-se a fazer essa 
análise e você verá como é 
enriquecedor (e também 
interessante) perceber o 
outro pelo uso da língua. 
ATIVIDADES
401
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
A linguagem oral é espontânea, livre e informal.
Essas características se justificam porque, na comunicação oral, 
há o contato direto dos interlocutores e pode-se contar também com 
recursos extralingüísticos: gestos, expressões faciais e corporais, postura 
etc. Também, estando em um mesmo ambiente, os falantes podem 
recorrer a objetos desse ambiente para facilitar a comunicação de suas 
idéias, de informações ou emoções. 
É por isso que se diz que a linguagem oral é mais criativa. Ela não 
se prende inteiramente às regras gramaticais, seu vocabulário é mais 
reduzido e constantemente renovado.
Exemplificando :
1.6.2 Linguagem escrita 
A linguagem escrita é mais elaborada, cuidada, é presa às regras 
da gramática e ao padrão considerado culto. Apresenta vocabulário 
apurado e preciso. 
É importante ressaltar que, na comunicação escrita, locutor e 
interlocutor estão a distância, o contato ente eles é indireto. Assim, a 
linguagem escrita é mais conservadora em sua constituição, é mais 
refletida, exige maior esforço de elaboração por parte do falante, que deve 
“cumprir”, eficientemente, suas intenções comunicativas com um 
interlocutor “ausente”.
Apesar de apresentarem essas diferenciações básicas, tanto a 
linguagem oral como a escrita apresenta níveis ou registros. Lembra-se de 
que já estudamos os níveis ou registros de fala? Então, situações formais, 
Não há oposição irredutível 
entre a linguagem falada e 
a escrita, mas “uma 
interação, que admite 
graus diversos de influência 
da língua falada na língua 
escrita.”
(in A Língua Portuguesa e a 
unidade do Brasil, de 
Barbosa Lima Sobrinho, 
editora José Olympio).
Contraponto
Animador de auditório
Surfando em índices de aprovação sempre acima dos 70% em 
Pernambuco, Lula se soltou durante a inauguração de um 
campus da Universidade Federal Vale do São Francisco, ontem, 
em Petrolina. O presidente criticou a “elite” que se forma “no 
exterior” e vai à praia de Boa Viagem. Ao lado de uma aluna de 
psicologia, perguntou:
 Você tem namorado, Janaína?
Diante da negativa da moça, emendou:
 Já que você não tem namorado, eu vou lhe dar um beijo mais 
carinhoso...
E, sem medo de ser feliz, tascou um beijo na bochecha da 
universitária, para delírio da platéia. 
FOLHA DE S. PAULO, sexta-feira, 5 de setembro de 2008. p.A4
“... a língua escrita, ou 
melhor, a linguagem 
literária se nutre da 
linguagem falada, sob 
pena de se tornar língua 
morta, como sucedeu com 
o latim...”
(Lima Sobrinho)
O que você infere sobre a 
língua falada, a partir dessa 
afirmativa?
Escreva suas conclusões. 
PARA REFLETIR
ATIVIDADES
402
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
seja falando ou escrevendo, exigem maiores cuidados de pronúncia e de 
escrita. 
Em situações informais, a expressão lingüística se adapta também 
ao grau de formalidade ou informalidade (em família, no trabalho, na 
igreja, na escola) e as preocupações com a correção gramatical tornam-se 
menos rigorosas. 
Imagine, por exemplo, se você falaria com seus amigos durante 
um churrasco na casa de um deles, do mesmo modo como falaria a 
acionistas de uma empresa durante uma reunião de negócios. É claro que 
não! 
O mesmo ocorre com a comunicação escrita: uma mensagem 
pessoal e afetiva para um amigo apresentará traços informais, subjetivos; 
para o diretor de uma empresa terá, sem dúvida, uma linguagem mais 
elaborada, mais neutra e objetiva. 
Exemplificando: 
Para que você possa analisar melhor as características entre fala 
(linguagem oral) e escrita (linguagem escrita), apresentamos-lhe o 
seguinte quadro comparativo:
Finalmente, é bom relembrar que só há interação quando o 
falante ajusta sua linguagem ao destinatário. Nosso português é uma 
língua riquíssima e oferece múltiplas possibilidades de recursos e usos. 
Cabe, pois, ao falante a escolha adequada desses recursos para garantir 
uma comunicação eficiente.
No entanto, mesmo que você saiba que não se pode estigmatizar 
o ato de fala do indivíduo socialmente desfavorecido, nossa sociedade 
valoriza o domínio da língua escrita, pois ela é fundamentalpara a 
compreensão da informação tecnológica e científica, para a promoção do 
indivíduo e para a transformação social.
Afra Balazina
da reportagem local
O sistema de monitoramento independente do Imazon 
(Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) aponta 
queda na taxa de desmatamento da floresta amazônica em 
2008, em comparação com o pe-ríodo anterior.
A avaliação ocorre poucos dias após o Inpe (Instituto Nacional 
de Pesquisas Espaciais) mostrar aumento do desflorestamento 
na região. . 
FOLHA DE S. PAULO, sexta-feira, 5 de setembro de 2008 p. 
A16
compreensão da informação tecnológica e científica, para a 
promoção do indivíduo e para a transformação social.
403
 
LINGUAGEM ORAL
 
LINGUAGEM ESCRITA
 
 
1. SITUAÇÃO / CONTEXTO
 
 
 
 
 
2. CARACTERÍSTICAS
 Locutor e interlocutor 
frente a frente
 
ISSO POSSIBILITA:
 
 

 
perceber de imediato as 
reações do interlocutor
 

 
redirecionar a mensagem 
a partir das reações do 
interlocutor
 

 
reformulação simultânea 
da mensagem, tanto pelo 
locutor como pelo 
interlocutor.
 
 Locutor e interlocutor a 
distância
 
ISSO IMPOSSIBILITA:
 
 

 
perceber de imediato as 
reações do leitor
 

 
redirecionar a mensagem 
a partir das reações do 
leitor 
 

 
reformulação da 
mensagem, pois sua 
produção foi anterior
 
 
 

 
Vocabulário espontâneo, res -
trito, repetições de palavras.
 
 

 
Emprego de gírias, 
neologismos.
 
 

 
Liberdade na colocação dos 
pronomes (Me empreste o 
lápis).
 
 

 
Frases incompletas, com 
implícitos e subentendidos.
 
 

 
Emprego de formas contraídas 
(cê, pra) e omissão de palavras 
no interior das frases. 
 
 

 
Maior freqüência de ora ções 
curtas e orações coordena-das.
 
 

 
Ausência de pronomes relati -
vos (onde, cujo).
 
 

 
Presença de clichês, cha -vões, 
frases feitas, provérbios. 
 
 
 Subjetividade, emotividade 
(interjeições, diminutivos, 
aumentativos). 

 
Vocabulário formal, amplo, 
mais apurado.
 
 

 
Emprego de termos técnicos
 
 
 

 
Rigor na colocação 
pronominal (Empreste -me o 
lápis)
 
 

 
Frases completas, com 
clareza das idéias.
 
 

 
Frases construídas com rigor 
gramatical, sem omissões e 
ambigüidades. 
 
 
 

 
Uso de orações coordenadas 
e subordinadas, mais elabo -
radas.
 
 

 
Emprego maior de pronomes 
relativos.
 
 

 
Uso de frases criativas e 
expressivas. 
 
 
 Neutralidade, objetividade. 
Quadro 1
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
404
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
ANTUNES, I. Aula de português: encontros e interação. São Paulo: 
Parábola, 2004.
BENTES, A. C. & MUSSALIN, Fernanda.(orgs). Introdução à lingüística: 
domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
FIORIN, José Luís. Teorias do discurso e ensino da leitura e da redação. 
In: Gragoatá. n.1 (2. sem. 1996). Niterói: EDUFF, 1996. 
PETTER, Margarida. Linguagem, língua e lingüística. In: FIORIN, José 
Luiz (org). Introdução à lingüística. São Paulo: Contexto, 2005. 
REFERÊNCIAS
405
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
2UNIDADE 2LEITURA
APRESENTAÇÃO 
 “Pelo poder da palavra ela pode agora navegar nas nuvens, 
visitar as estrelas, entrar no corpo de animais, fluir com a 
seiva das plantas, investigar a imaginação da matéria, 
mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundos 
que há muito deixaram de existir, assentar-se dentro de 
pirâmides e de catedrais góticas, ouvir corais gregorianos, 
ver os homens trabalhando e amando, ler as canções que 
escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos 
espaços de literatura, da arte, da filosofia, dos números, 
lugares onde seu corpo nunca poderia ir sozinho... Corpo 
espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!”
LEITURA
 “Pelo poder da palavra ela pode agora navegar nas nuvens, 
visitar as estrelas, entrar no corpo de animais, fluir com a 
seiva das plantas, investigar a imaginação da matéria, 
mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundos 
que há muito deixaram de existir, assentar-se dentro de 
pirâmides e de catedrais góticas, ouvir corais gregorianos, 
ver os homens trabalhando e amando, ler as canções que 
escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos 
espaços de literatura, da arte, da filosofia, dos números, 
lugares onde seu corpo nunca poderia ir sozinho... Corpo 
espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!”
Como já dizia Rubem Alves,
Esperamos que nesta unidade, você possa compreender a 
importância da leitura em nossa vida cotidiana e apreenda as maravilhas 
de se inserir neste mundo tão rico. Avante!!! 
Nas subunidades:
2.2 Caracterização
2.3 Processos de leitura
2.4 Fatores intervenientes no “ato de ler”,
procuramos mostrar que LER significa DECODIFICAR, 
INTERPRETAR, CONHECER e, para que o processo de leitura se dê 
satisfatoriamente, é necessário que o leitor interaja com o texto, buscando 
retirar informações que lhe possibilitem construir seu significado através 
das estratégias de leitura.
Iniciemos então essa nova jornada. Boa leitura!
Como já dizia Rubem Alves,
Esperamos que, nesta unidade, você possa compreender a 
importância da leitura em nossa vida cotidiana e apreenda as maravilhas 
de se inserir neste mundo tão rico. Avante!!!
406
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
2.1 CARACTERIZAÇÃO
2.2 PROCESSOS DE LEITURA
O ato de ler caracteriza-se pelo processo de construir significados 
a partir de um texto. Esse processo se torna possível por causa da interação 
entre os elementos textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto maior 
essa interação, maiores as possibilidades de sucesso na leitura.
Um texto é uma unidade básica de comunicação que possui vários 
sentidos (é polissêmico), permitindo assim que cada leitor possa ter uma 
interpretação de acordo com o seu conhecimento de mundo. É claro que 
essa interpretação será limitada pelos aspectos formais que o compõem, 
como o vocabulário, a combinação das palavras na frase e a escolha dos 
tempos verbais que não permitirão que o leitor fuja dos limites do texto. 
Não é qualquer sentido que pode ser dado a qualquer texto. Há um limite a 
ser respeitado.
Pretendemos nesta subunidade ressaltar a importância do 
conhecimento prévio para o processo de leitura. Acreditamos que o 
presente estudo possa contribuir para a prática educativa à medida que 
visa propor questões para um melhor aperfeiçoamento da habilidade de 
leitura em esferas formativas. 
Todo e qualquer processo de aprendizagem envolve troca de 
conhecimentos e, portanto, interação. Ocorre que ter ou não ter 
conhecimento prévio.
A palavra “ler” advém do Latim “Legere” e significa ler, colher. Ler 
significa colher conhecimentos, sendo que quanto mais eficiente for a 
leitura do indivíduo, maior será sua capacidade de adquirir conhecimento 
sobre o meio que o cerca e relacionar-se com esse meio de maneira 
significativa. 
Nesse sentido, o ato de ler não pode ser entendido como a ação de 
juntar palavras, como um processo mecânico de decodificação. A prática 
de leitura vai, além disso, trata-se da associação de idéias, da produção de 
sentidos, o que, por sua vez, requer, impreterivelmente, uma dinâmica 
interacional para que de fato ela ocorra.
Conforme Kleiman (2004), o conhecimento prévio é elemento 
indispensável para a compreensão de todoe qualquer texto. A referida 
autora menciona que tal concepção abarca três tipos de conhecimento: o 
conhecimento de mundo, o conhecimento lingüístico e o conhecimento 
textual.
Prossigamos, então, expondo os conceitos desses conhecimentos 
e estabelecendo uma relação de cada um deles com a leitura.
O conhecimento lingüístico consiste em um aprendizado natural 
da fala de uma determinada língua, como, por exemplo, a Língua 
407
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Portuguesa. Diz respeito ao ato de pronunciar, conhecer o vocabulário, as 
regras da língua e o uso desta língua; desempenha papel no 
processamento de construção de significados para o texto.
Exemplificando:
No exemplo, percebemos que não houve compreensão devido ao 
fato de o falante da língua não dominar o vocabulário necessário para o 
completo entendimento. 
Denomina-se conhecimento textual para um conjunto de noções 
e conceitos sobre o texto, importantes para a sua compreensão, ou seja, 
trata-se do entendimento da estrutura composicional do texto, do seu 
funcionamento. Quanto mais conhecimento se tem sobre o gênero 
colocado em foco maior a probabilidade de entendê-lo.
Exemplificando 
Ao nos depararmos com um texto poético, por exemplo, já temos 
uma postura diferente em relação à sua leitura e interpretação do que 
quando lemos um texto científico. 
O conhecimento de mundo também pode ser denominado 
conhecimento enciclopédico, podendo ser adquirido formalmente ou 
informalmente. Abrange desde o domínio mais técnico até conhecimentos 
do cotidiano. Desse modo, situações do dia-a-dia, a todo momento, nos 
acrescentam informações que poderão nos auxiliar no processamento da 
leitura.
Os tipos de conhecimentos suscitados constituem o conhecimento 
prévio sem o qual é impossível compreender textos e, conseqüentemente, 
atuar como um sujeito letrado nas esferas sociais. O conhecimento prévio 
pode ser entendido como modelos cognitivos e sociais do indivíduo 
adquiridos nas interações sociais, sendo que tal conhecimento é ativado e 
atualizado pela atividade comunicativa, abarcando, obviamente, as 
práticas de leitura e escrita.
Para Smith (1989), conhecimento prévio também pode ser 
entendido como informação não visual. O autor defende que ele se 
encontra armazenado na mente humana, fazendo com que possamos 
captar o sentido das informações visuais quando lemos. Assim, todos os 
seres necessitam desse conhecimento para assimilar aquilo que lêem, para 
inferirem as informações suscitadas pelo texto, enfim, para produzir 
sentidos nas interações sociais.
Observando o diálogo entre duas pessoas: 
Bom-dia! O Senhor poderia me informar as horas por 
obséquio?
 O quê? O Senhor por acaso quer levar uma surra? Está 
me estranhando?
408
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Ao ler um texto, é necessário, portanto, inferir diversas 
informações que não foram mencionadas explicitamente, mas que são 
relevantes para o entendimento da mensagem.
Exemplificando: 
Considere a seguinte frase: Lula foi à Espanha a negócios. Não há 
necessidade de dizer de que Lula se trata, pois o leitor, provavelmente, 
inferirá Lula = Presidente da República. Assim, devido a inferência o 
escritor não tem que elucidar toda a informação no texto, ela favorece um 
processo de economia lingüística através do qual a leitura se opera 
também nas entrelinhas. 
Outra operação importante para a prática de leitura é a previsão. 
Trata-se das expectativas que o leitor traça ao se deparar com um texto. Na 
leitura, o leitor está constantemente fazendo previsões sobre o que é 
provável que apareça em um dado texto. 
Como exemplo, se encontrarmos em uma propaganda a seguinte 
seqüência: Marqux ux x nx sxrte e concoxxa ao Oxrocap. O leitor terá 
condições de prever “Marque um x na sorte e concorra ao Ourocap”. 
Baseado em nossa experiência lingüística, é possível prever a seqüência 
lexical sugerida. 
Tanto a operação de inferência quanto a de previsão facilitam a 
compreensão textual. E tanto a inferência quanto a previsão se processam 
em razão do conhecimento prévio. Desse modo, para que se forme um 
leitor eficiente necessário se faz a aquisição, apropriação de 
conhecimentos diversos engendrados nas esferas sociais.
Mas não se pode esquecer que a habilidade da leitura só se 
adquire com a prática. Isto é: só se aprende a ler, lendo!
Outra premissa que deve ser considerada, recorrendo aos dizeres 
do Ziraldo “Ler deve ser vendido como uma coisa prazerosa, em uma 
finalidade específica, ler é bom como respirar, como ouvir uma canção, 
como beijar a mulher amada”. (Estado de Minas – sexta-feira, 12 de 
setembro de 2003).
Walty (1995, p. 25) reflete o processo de leitura a partir dos 
significados em torno da palavra ler, ou seja, ler significa contar, enumerar 
as letras; em seguida, significa colher e, por fim, roubar. A autora relaciona 
tais significados com os níveis de leitura. O primeiro nível diz respeito à 
decodificação, correspondente à alfabetização. O segundo nível diz 
respeito a retirar informações do texto, à tradicional interpretação de 
textos. Nesse caso, o leitor se prestaria a perceber o sentido do texto que já 
estaria estabelecido. O último significado consiste em apropriar-se das 
idéias do autor, ou seja, construir conhecimento à revelia do produtor do 
texto. O último significado está em consonância com a perspectiva do 
letramento, haja vista que o leitor se torna um co-autor corroborando para 
a produção de sentido. O leitor, visto sob a última perspectiva, tem 
autonomia para (re)criar significados a partir dos índices deixados na 
tessitura textual.
Inferência: ato ou efeito de 
inferir, de deduzir ou 
concluir algo pelo 
raciocínio. 
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
409
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Ainda, consideramos que todo texto, entendido enquanto unidade 
básica de comunicação, é polissêmico porque é atravessado por várias 
vozes e vários sentidos. Isto quer dizer que um mesmo texto permite mais de 
uma interpretação porque neste ato de ler estão envolvidos a 
decodificação de símbolos gráficos e o conhecimento de mundo de cada 
leitor. Cabe ressaltar aqui que a leitura não pode ser qualquer uma porque 
o sistema lingüístico, ou seja, o léxico, a relação morfológica e sintática, 
regula os sentidos, não permitindo que sejam quaisquer sentidos. Sendo 
assim, lemos o tempo todo, de modo que o sujeito se vê sempre obrigado a 
interpretar.
De acordo com o Dicionário Aurélio, ler é: 1- Passar a vista pelo 
escrito ou impresso para inteirar-se do seu conteúdo. 2. Pronunciar as 
palavras de um escrito ou impresso. 3. Estudar. 
Como podemos observar, ler é armazenar informações, 
desenvolver raciocínio, comunicar melhor, escrever melhor, compreender o 
mundo, interpretar, analisar os fatos de modo crítico, etc. 
Logo, a leitura é um processo através do qual se pode observar, 
perceber, descobrir e refletir sobre o mundo, interagindo com o seu 
semelhante através do uso funcional da linguagem. Aprender a ler é um 
processo social de construção de significados. Processo esse que 
possibilita:
Ÿ acesso à produção cultural da humanidade e maior 
compreensão do mundo;
Ÿ interação com pessoas, acontecimentos e idéias;
Ÿ desenvolvimento do raciocínio lógico, da competência 
comunicativa e da capacidade de analisar criticamente e resolver 
problemas do dia a dia; e
Ÿ plena participação no mundo das letras e armazenamento de 
informações.
O ato da leitura exige do leitor conhecimento de mundo, 
conhecimento textual e conhecimento lingüístico, assim, à medida que 
captamos as imagens (palavras, números, sinais gráficos, etc.),encaminhamos essas informações para o nosso cérebro que vai percebê-
las, interpretá-las e organizá-las de acordo com a bagagem cultural 
(conhecimentos de mundo) que possuímos. O conteúdo lido será 
assimilado e as informações lidas serão relacionadas ao nosso cotidiano, 
passando a fazer parte do nosso arquivo mental. 
Qual a importância de ler? Ler para quê? 
A interação estabelecida entre o leitor e o texto escrito é diferente 
da interação que se estabelece, entre duas pessoas quando conversam 
face a face, porque na conversa o falante não só pode utilizar palavras, 
como também gestos, repetições, expressões faciais e corporais, 
entonação da voz, etc. Já na leitura, o leitor está diante de palavras, escritas 
por um autor que não está presente para complementar às informações. 
Assim, é natural que o leitor forneça ao texto informações enquanto lê, 
preenchendo os espaços vazios.
Prólogo: comentário feito 
pelo autor a respeito do 
tema discutido no livro e de 
sua experiência pessoal.
Prefácio: escrito por 
terceiros ou pelo próprio 
autor, referindo-se ao tema 
abordado no livro e 
também sobre o autor do 
livro.
Introdução: escrita pelo 
autor, refere-se ao livro e 
não ao tema como no 
prólogo.
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
410
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Quando alguém lê algo, entende mensagens diferentes porque, 
para entender, o leitor utiliza-se de suas capacidades já internalizadas e o 
conhecimento de mundo de cada um são diferentes.
O ato de ler ativa uma série de ações na mente do leitor, por meio 
das quais ele extrai informações. Essas ações são denominadas estratégias 
de leitura e são utilizadas pelo leitor sem que ele se dê conta. Há uma 
relação recíproca entre usar uma estratégia de leitura e interpretar o texto, 
já que se emprega uma estratégia porque se está entendendo o texto e, em 
contrapartida, entende-se o texto porque se está aplicando a estratégia.
A leitura é uma capacidade cerebral complexa que vai exigir do 
leitor mais do que uma simples decodificação dos sinais gráficos (escrita), 
exigirá um bom conhecimento da língua. Além de ler o texto propriamente 
dito, o leitor deverá estar atento às informações pré-textuais como o título 
do livro, o nome do autor, as informações bibliográficas, o índice e a 
introdução para ter uma primeira impressão e obter informações que 
possibilitarão uma leitura mais eficiente. 
Além dessas informações, o ato de ler exige a observação de 
outros fatores que veremos abaixo.
2.3 FATORES INTERVENIENTES NO “ATO DE LER”
Existem alguns fatores que interferem diretamente no ato de ler e 
que são determinantes do sucesso na apreensão do sentido do texto. Para 
que se obtenha sucesso no processamento da leitura, é preciso que o leitor 
tenha atitude, esteja em um ambiente propício e tenha a seu alcance os 
objetos necessários. 
A atitude requer que o leitor tenha pensamentos positivos sobre o 
que vai ler, também requer que o leitor mantenha-se descansado, pois o 
cansaço não permite que as informações sejam armazenadas na mente. O 
ambiente deve ser adequado para que a leitura seja agradável, deve ser 
silencioso, confortável e bem iluminado. O leitor deve atentar também 
para a posição do corpo que deve ser adequada, deve escolher uma 
cadeira confortável e retirar estímulos que dispersem a sua atenção. 
Objetos necessários tais como lápis, dicionários, marca-textos, etc., devem 
ser colocados ao alcance das mãos para evitar a necessidade de se levantar 
e, assim, se dispersar.
O recurso de sublinhar o texto durante a primeira leitura deve ser 
evitado, pois os aspectos sublinhados podem parecer mais importantes do 
que o texto como um todo, portanto, é bom evitar o uso destes objetos para 
que se realize uma leitura eficiente, devendo o leitor fazer chaves ou setas, 
quando necessário, fragmentando menos a leitura.
Como é o seu 
comportamento enquanto 
leitor? Você volta no texto, 
freqüentemente, para 
compreender o conteúdo 
lido? Lê palavra por 
palavra? Lê em voz alta? 
Presta atenção em tudo ao 
seu redor, menos no texto? 
Movimenta a cabeça? 
Acompanha o texto lido 
com o dedo?
PARA REFLETIR
411
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
2.3.1 Estratégias para leitura eficiente
Ÿ apreensão do significado enquanto lê;
Ÿ leitura em grandes partes;
Ÿ usos de fontes de informações variadas tais como: 
ilustrações, sinais gráficos, etc.;
Ÿ inferências a partir do título, do subtítulo, do tipo ou gênero 
textual;
Ÿ inferência do sentido das palavras desconhecidas a partir do 
contexto, do seu conhecimento de mundo; e
Ÿ uso do dicionário como último recurso, porque a interrupção 
da leitura prejudica a interpretação, a correlação de sentidos.
Argumentos para respostas positivas às questões de reflexão. Os 
movimentos com a cabeça, o dedo, a vocalização durante a leitura são 
conhecidos como vícios de linguagem e prejudicam a leitura porque geram 
cansaço e isso o leitor não percebe de imediato. Ainda, pessoas que têm 
dificuldade de reter informação, memorizar o assunto, que não 
compreendem algumas palavras, geralmente, voltam muito na leitura e 
isso geralmente acentua a falta de informações retidas, porque incrementa 
a falta de memória e não explica o desconhecido que, muitas vezes, o 
próprio texto explica com o avanço das informações. Então, procure ler o 
conjunto de informações e não palavra por palavra. 
O texto abaixo está na 
modalidade oral. 
Transcreva-o para a 
modalidade escrita da 
língua, fazendo as 
adequações necessárias. 
CAUSO MINEIRO
Sapassado era 
sessetembro, taveu na 
cuzinha tomanuma 
pincumel e cuzinhanum 
kidicarne cumastumate pra 
fazê uma macarronada 
cum galinhassada. Quascaí 
de susto quanduvi um barui 
vinde denduforno 
paricenum tidiguerra. A 
receita mandopô 
midipipoca denda galinha 
prassá. O forno isquentô, o 
miistorô e o fiofó da 
galinhispludiu! Nossinhora! 
Fiquei branco quineim um 
lidileite. Foi um trem 
doidimais! Quascaí 
dendapia! Fiquei sensabê 
doncovim, noncotô, 
proncovô... Ópcevê 
quilocura! Grazadeus 
ninguém simaxucô!
(In: CRUZ, Robson Luiz 
Trindade; HELLOU, 
Geórgia. Língua 
Portuguesa. São Paulo: 
Núcleo, 2005)
REFERÊNCIAS
KLEIMAN, Ângela. Leitura: ensino e pesquisa. 2 a ed., São Paulo: Pontes, 
1996. 
________________. Oficina de leitura: teoria e prática. 5.ed. Campinas: 
Pontes, 1997.
________________. Texto & leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7.ed. 
Campinas: Pontes, 2000.
ATIVIDADES
412
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
3UNIDADE 3TEXTO E TEXTUALIDADE
APRESENTAÇÃO
Nesta terceira unidade apresentamos a você as noções de texto e 
de textualidade.
Nas subunidades:
3.1 O que é texto. 
3.2 Fatores de textualidade. 
3.3 Produção de texto.
3.3.1 Tipologia e Gêneros Textuais,
apresentamos definições de grande relevância para o seu 
conhecimento sobre texto, sobre os fatores que fazem com que um texto 
seja realmente um texto, sobre a produção de textos e ainda apresentamos 
um quadro comparativo com a distinção entre tipos e gêneros textuais. 
TEXTO E TEXTUALIDADE
Agora que vocês já entenderam algumas questões sobre leitura 
podemos conversar sobre a produção de texto. Fávero e Koch (2000: 25) 
salientam a existência de duas acepções segundo as quais podemos 
compreender o termo "texto". A primeira acepção.
Texto, em sentido amplo, designando toda e qualquer 
manifestação da capacidade textual do ser humano (uma música, um 
filme, uma escultura, um poema, etc.) 
E a segunda acepção: 
[..] em se tratando de linguagem verbal, temoso discurso, 
atividade comunicativa de um sujeito, numa situação de comunicação 
dada, englobando o conjunto de enunciados produzidos pelo locutor (ou 
pelo locutor e interlocutor, no caso dos diálogos) e o evento de sua 
enunciação.
É necessário considerar que essas duas acepções de texto nos 
permite compreender textos em sentido amplo, como esculturas, pinturas, 
músicas, desenhos e, ainda, textos em sentido estrito, textos escritos e 
falados. 
A partir da segunda acepção apresentada, as autoras (Fávero e 
Koch) pontuam que "O discurso é manifestado, lingüisticamente, por meio 
de textos (em sentido estrito). O texto consiste, então em qualquer 
passagem, falada ou escrita que forma um todo significativo, 
independente de sua extensão." 
Então, vocês podem dizer que um texto não se define pela 
quantidade de palavras empreendidas, e sim por sua textualidade, isto é, a 
possibilidade de que seja entendido como "unidade significativa global". 
413
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Nesse sentido, uma lista de itens a serem comprados no supermercado 
pode ser considerada um texto, o que já não ocorre com uma "lista de 
palavras iniciadas com ch", visto que essa não advém de uma real situação 
comunicativa.
A produção de um bom texto exige atenção na escolha das 
palavras. É muito importante que o leitor tenha claro em mente o que se 
quer escrever, no entanto, isso só é possível se o leitor se posiciona como 
um leitor crítico para analisar sua obra minuciosamente. Para que o texto 
seja bem redigido e transmita claramente as idéias contidas nele, é preciso 
que se observem aspectos como: 
Ÿ Clareza: o texto deve ser redigido em uma linguagem que 
possibilite ao leitor a compreensão daquilo que está sendo exposto, assim, 
deve-se utilizar uma linguagem impessoal, culta padrão.
Ÿ Concisão: o texto deve transmitir de forma objetiva, direta a 
sua idéia, sem rodeios. Deve ser escrito sem a utilização de palavras 
desnecessárias.
Ÿ Correção: o autor deve estar atento à norma culta da língua, 
evitando desvios de linguagem em relação à grafia, utilizando apenas 
palavras conhecidas. 
Ÿ Elegância: o texto é escrito seguindo as qualidades acima 
descritas, tornando-se mais agradável aos olhos do leitor. Quanto mais 
limpo (sem rasuras), legível e claro estiver o texto, mais fácil será a sua 
compreensão.
A língua, entendida como o conjunto de palavras e expressões 
usadas por um povo ou nação, mantém-se viva através de seu uso pelas 
pessoas envolvidas em processos interacionais. O uso, por sua vez, não se 
dá através de palavras ou expressões empregadas isoladamente. Ele se 
concretiza na PRODUÇÃO DE TEXTOS, na forma de textos orais ou 
escritos. Apesar de não ser tarefa muito complexa para o usuário da Língua 
distinguir entre um texto coerente e um conjunto de palavras ou expressões 
sem sentido, conceituar, definir precisamente os limites entre "texto" e "não-
texto" não é uma ação tão simples. 
3.1 O QUE É TEXTO?
No campo da lingüística, muito se tem discutido sobre o que se 
define como texto; essa discussão traz implicações para diversas áreas 
relacionadas à língua(gem), pois é através dela que nós, sujeitos sociais, 
nos relacionam e, por conseguinte, produzimos sentidos porque nós 
representamos o mundo através da linguagem.
A partir dessa compreensão, podemos dizer que o texto é uma 
UNIDADE BÁSICA E SIGNIFICATIVA da atividade de linguagem, visto 
que o TEXTO é o elemento central da INTERAÇÃO SOCIAL, da 
COMUNICAÇÃO. E como o nosso principal objetivo, quer lendo ou 
escrevendo, é interagirmos socialmente, somente o texto nos servirá a esse 
Para aprofundar sua 
compreensão sobre 
Produção Textual, 
perguntamos: o que é um 
texto? Quais as 
características que definem 
um texto? Por que o ensino 
da Língua Portuguesa deve 
se dar através de textos?
PARA REFLETIR
414
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
propósito. Expressões isoladas, sons no vazio, exercícios repetitivos de 
decodificação não cooperarão para o desenvolvimento da atividade de 
língua(gem) demandada pelas diversas práticas sociais das quais os 
sujeitos participam.
Segundo Costa Val (1991), o texto deve ser entendido "como 
ocorrência lingüística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de 
unidade sócio-comunicativa, semântica e formal". Confrontando essa 
definição com a apresentada por Koch e Fávero (2000), há um aspecto 
comum que se destaca: não é a extensão que caracteriza um texto. Nesse 
sentido, as palavras “Cuidado!” ou “Liberdade!” podem figurar como 
textos dependendo do contexto no qual elas são usadas. No entanto, 
determinadas redações escolares ou certos “textos” de cartilhas podem se 
apresentar tão-somente como um apanhado de enunciados sem unidade 
semântica.
Ainda, vocês precisam saber que o texto reflete e refrata marcas 
peculiares à situação enunciativa na qual ele foi engendrado. Em outros 
termos, o texto expressa traços do sujeito que enuncia, representações 
sociais reiteradas nas esferas sociais, aspectos sócio-históricos que 
atravessam a prática comunicativa, implicações temporais e espaciais do 
contexto no qual se efetivou a interação verbal. E você pode concluir, então, 
que o texto materializa as condições de produção e os propósitos 
comunicativos traçados para a ação enunciativa. 
Por fim, para que um texto de fato se configure como tal deve 
possuir determinados traços elementares como, por exemplo, a intenção 
comunicativa, a unidade formal e de sentido, etc. A esse conjunto de traços 
que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma seqüência 
de frases, dá-se o nome de textualidade que discutiremos a seguir no item 
1.2 Fatores de textualidade.
Ao refletir sobre produção textual, podemos nos perguntar quais 
os fatores que interferem no sucesso ou não da produção textual. Podemos 
responder que podem ser fatores de motivação para a escrita, problemas 
dialetais, fator social, econômico, cultural, de alfabetização, intimidade 
com a escrita e com a leitura etc. Ainda, observamos como a linguagem 
visual é mais constante no nosso dia-a-dia e daí temos mais intimidade 
com a linguagem visual do que com a escrita. Para alguns (ou muitos) de 
nós, infelizmente, ver televisão e vídeo, jogar videogame, “bater papo” na 
internet é mais prazeroso que ler obras literárias, revistas informativas etc.
3.2 FATORES DE TEXTUALIDADE 
Após nossas discussões sobre o significado de texto e de leitura, 
vamos apresentar-lhe algumas noções de “textualidade”, isto é, os 
mecanismos responsáveis para que um texto faça sentido para seus 
interlocutores. 
Ora, só podemos considerar um texto como atividade de 
comunicação, quando há sucesso na interação verbal, quando a intenção 
Leia o que disse Paulo 
Freire sobre o ato de ler: 
“A leitura do mundo 
precede a leitura da 
palavra e a leitura desta 
implica a continuidade da 
leitura daquela”
(In: O que é leitura. Maria 
Helena Martins. Brasiliense 
– p. 9-10).
A afirmativa de Paulo Freire 
nos ensina que precisamos 
de conhecimento prévio 
para o entendimento de 
um texto e esse 
entendimento sustenta e 
reforça a aquisição de 
novos conhecimentos. 
E você? Concorda que 
dependemos de nossa 
preparação, de nosso 
repertório cultural e do 
conhecimento de mundo 
para interagir com os 
diversos textos que circulam 
socialmente?
PARA REFLETIR
415
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
comunicativa do locutor foi plenamente compreendida pelo interlocutor. 
Sendo assim, a textualidade de uma produção lingüística depende do 
recebedor (seus conhecimentos prévios, sua capacidade de pressuposição 
e inferênciaetc.) e do contexto em que se dá essa produção lingüística (o 
que pode fazer sentido em uma situação pode não fazê-lo em outra e vice-
versa).
Observe a seguinte tira humorística: 
Para provocar humor, o locutor conta com o conhecimento prévio 
do interlocutor. Veja que os quadrinhos “brincam” com uma idéia que não 
aparece explicitamente neles, que não está registrada pelas palavras: a 
idéia de que alguém morreu. Se houve interação entre as amigas é porque 
elas possuíam conhecimento anterior sobre a pessoa falecida.
O que se pode concluir da análise desses quadrinhos? 
A resposta é simples: em sua vida de leitor/ouvinte, você 
encontrará textos em que nem tudo que seja importante para a 
compreensão das idéias estará registrado, embora o locutor conte com seu 
entendimento (conhecimento prévio) para dar sentido ao texto. 
Por isso, é necessário que o leitor/ouvinte tenha determinadas 
habilidades para entender aquilo que lê ou ouve. Essas habilidades, por 
sua vez, abrangem alguns fatores que são responsáveis pela 
“textualidade”, isto é, características que fazem um texto ter sentido para 
seus interlocutores. 
Essas características são: coerência, coesão, intencionalidade, 
aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade. 
Fonte: Língua e Literatura. Volume Único. ABAURRE, Maria Luiza et alli. Moderna. p. 73
Figura 12: Tira humorística
416
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Nesta unidade, desenvolveremos apenas as noções básicas dos 
fatores de textualidade, para que você se habitue, aos poucos, com o 
vocabulário específico e perceba o texto como um conjunto formado pela 
combinação harmoniosa desses fatores que lhe dão sentido. 
COERÊNCIA: refere-se ao sentido que um texto deve apresentar, 
isto é, as partes que o compõem devem-se ligar por uma continuidade de 
sentido, de modo que não apresente contradições de idéias, que não seja 
ilógico. 
COESÃO: é o mecanismo lingüístico responsável pela unidade 
formal do texto. É a coesão que estabelece a relação lógica entre uma 
palavra e outra, uma frase e outra e entre os parágrafos de um texto. 
INTENCIONALIDADE: é uma característica que mostra a atitude 
do locutor, sua intenção comunicativa, seu objetivo ao produzir o texto.
ACEITABILIDADE: refere-se à atitude do interlocutor, suas 
expectativas em relação ao texto.
SITUACIONALIDADE: é o fator responsável pela adequação do 
texto a um determinado ambiente (contexto) ou situação em que ocorre a 
comunicação.
INFORMATIVIDADE: liga-se ao nível de informação (previsível ou 
imprevisível) contida no texto e sua capacidade ou não de satisfazer o 
interlocutor. 
INTERTEXTUALIDADE: ocorre quando o autor de um texto 
recorre a outros textos, de forma implícita ou explícita, repete expressões, 
enunciados ou trechos de outros autores. Para identificar essas “vozes”, o 
autor conta com o conhecimento prévio de seu interlocutor.
A apresentação desses fatores de textualidade já deve ter dado ao 
você a idéia de como eles são importantes para a composição de um texto. 
E, uma vez que um texto bem estruturado está sempre 
entrelaçado por esses fatores compete, agora, a você utilizar esse 
conhecimento para produzir textos adequados ao interlocutor e ao 
contexto. 
 
3.3 PRODUÇÃO DE TEXTO
 A humanidade não pára de evoluir. E com sua evolução, evolui 
também a linguagem (tanto oral quanto a escrita) utilizada por ela. 
Essa evolução é retratada pelos gêneros textuais que são usados 
nos mais variados contextos lingüísticos. É muito grande o número de 
gêneros textuais que existem em nossa sociedade e esse número vem 
aumentando cada dia mais devido ao avanço tecnológico, às necessidades 
do homem e às atividades sócio-culturais que possibilitam não só o 
surgimento de novos gêneros, mas também a adaptação de alguns já 
existentes e a evolução de muitos outros.
Há muito tempo se discute a diferença entre "tipos de textos" e 
"gêneros textuais". Alguns teóricos classificam a dissertação, a narração e a 
417
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
descrição como "modos de organização textual", diferenciando-os das 
nomenclaturas específicas que são consideradas "gêneros textuais". 
É importante que o professor conheça a diferença entre Gênero 
Textual e Tipologia Textual para que possa direcionar o seu trabalho no 
ensino de leitura, compreensão e produção de textos. É possível falarmos 
em gêneros variados que vão do bilhete, passando pelo cartão-postal, e-
mail, charge, cartaz, anedota, poema, manual de instruções, ofício, 
crônica, receita culinária, fábula e pelo telegrama até chegar ao texto 
científico, ao conto, etc. Conhecer os gêneros textuais torna mais fácil a 
leitura e o desenvolvimento da competência comunicativa do falante, uma 
vez que a linguagem é organizada como ação humana a partir das coisas 
do mundo.
3.3.1 Tipologia e gêneros textuais
TIPO DE TEXTO é uma forma de construção escrita, definida 
pelas características lingüísticas que o compõem. Podemos afirmar que 
geralmente os tipos de textos abrangem um número muito pequeno de 
categorias conhecidas como: narração, descrição, argumentação, 
injunção e exposição. 
Já o GÊNERO TEXTUAL é a materialização dos tipos de textos 
que encontramos em nossa sociedade. É toda forma de texto que circula 
na sociedade e que tem uma função específica, se dirige a um público 
específico e possui características sociocomunicativas próprias. Com o 
objetivo de facilitar a compreensão de diversas teorias sobre esse assunto, 
criamos para você, tomando como base os estudos de Luiz Antônio 
Marcuschi (2002), o quadro ilustrativo a seguir:
 
GÊNEROS TEXTUAIS
 
TIPOS DE TEXTOS
 
São os textos que encontramos no 
nosso dia -a-dia, que apr esentam 
características sócio -comunicativas
 
definidas pelo estilo do autor, pela 
função a ser desempenhada pelo 
próprio texto, pela composição, pelo 
conteúdo e pelo c anal através do 
qual é veiculado.
 
Constituem uma seqüência d efinida 
pela
 
 forma como são escritos. 
Observa-se na sua produção 
aspectos sintáticos (organização das 
palavras na frase), lexicais (palavras 
escolhidas pelo autor), semânticos 
(relações lógicas, sentido) e 
morfológicos (tempos verbais, 
conjunções, etc.)
 
Bilhete
 
Carta
 
Carta eletrônica (e-mail)
 
Bula
 
Receita médica
 
Receita culinária
 
Telefonema
 
Telegrama
 
Conto 
 
Novela
 
História em quadrinhos
 
Manual de instrução
 
Folha de cheque, etc. 
Narração
 
Descrição
 
Injunção
 
Exposição
 
Dissertação
 
Quadro 2
418
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
É preciso tomar muito cuidado também para não se confundir 
texto e discurso. O TEXTO é uma unidade sociocomunicativa concreta que 
se materializa em algum gênero textual e o DISCURSO é a ideologia que se 
manifesta através de algum texto ou prática comunicativa. Bronckart 
(1999, p. 75) chama de texto“ [...] toda a unidade de produção de 
linguagem situada, acabada e auto-suficiente (do ponto de vista da ação 
ou da comunicação)”. Com relação ao texto empírico o autor diz:
[...] todo o texto empírico é o produto de uma ação de 
linguagem, é sua contraparte, seu correspondente verbal 
ou semiótico; todo texto empírico é realizado por meio de 
empréstimo de um gênero e, portanto, sempre pertence a 
um gênero; entretanto todo texto empírico também 
procede de uma adaptação do gênero-modelo aos valores 
atribuídos pelo agente à sua situação de ação e, daí, além 
de apresentar as características comuns ao gênero, 
também apresenta propriedades singulares,que definem 
seu estilo particular. 
Por isso, a produção de cada novo texto empírico contribui 
para a transformação histórica permanente das 
representações sociais, referentes não só aos gêneros de 
textos (intertextualidade), mas também à língua e às 
relações de pertinência entre textos e situações de ação.” 
(BRONCKART 1999 p.108). 
Há um outro campo lingüístico da atividade humana que é 
conhecido como DOMÍNIO DISCURSIVO. Segundo Marcuschi, esses 
domínios não são textos nem discursos, mas possibilitam o surgimento de 
discursos muito específicos, os GÊNEROS DISCURSIVOS como discurso 
religioso, discurso jurídico, discurso jornalístico, etc. já que as atividades 
religiosas ou jurídicas dão origem a vários gêneros não se limitando a um 
em particular. 
A partir dessas características específicas de um gênero textual (ou 
gênero discursivo) podemos tratar de aspectos da textualidade, tais como 
coerência e coesão textuais, a impessoalidade, as técnicas de 
argumentação e outros aspectos. A interação autor-texto-leitor, a 
pluralidade de discursos e as possibilidades de organização do universo 
através da linguagem são pontos relevantes na elaboração do 
conhecimento a partir de diferentes situações de interação. Por isso 
devemos estar cientes do papel que a linguagem desempenha no nosso dia 
a dia. 
O trabalho com a leitura, compreensão e a produção escrita em 
sala de aula deve ter como meta principal o desenvolvimento de 
habilidades que façam com que o aluno seja capaz de usar um número 
cada vez maior de recursos da língua (formais, fonológicos, sintáticos e 
semânticos) para produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada 
situação de interação humana em que esteja inserto. 
De maneira geral, não há uma variação muito relevante na visão 
de alguns autores sobre as definições de tipos de textos e gêneros textuais. 
Dessa forma, apresentamos abaixo um quadro comparativo entre as idéias 
Fonologia: Preocupa-se 
com os sons de uma 
língua, mas se 
preocupando com os 
aspectos interpretativos dos 
sons. 
Semântica: Preocupa-se 
com o significado das 
palavras na frase. 
C
F
E
A
B
G
GLOSSÁRIO
419
de Marcuschi (1999) e Travaglia (2002) para o seu conhecimento: 
Todo gênero textual tem a sua funcionalidade no dia a dia. Uma 
abordagem textual a partir dos gêneros está diretamente ligada ao ensino. 
Portanto, vale a pena considerar as discussões feitas por Marcuschi (1999), 
quando ele afirma que o trabalho com o gênero em sala de aula é uma 
ótima oportunidade de se lidar com a língua em seus mais variados usos 
cotidianos. É importante um maior conhecimento sobre o funcionamento e 
uso dos gêneros textuais para que se possa produzir e compreender bem 
um texto tanto no que diz respeito às suas características estruturais 
(elementos usados na elaboração do texto) como em relação às condições 
sociais de produção (como ele funciona, o papel que desempenha na 
sociedade).
Para compreender melhor as definições de gênero textual, 
apresentamos-lhe o quadro abaixo. Porém, antes de analisá-lo, conheça 
os termos que o compõem:
Ambientes Discursivos - lugares ou instituições sociais onde se 
organizam formas de produção com estratégias de compreensão 
específicas em que ocorrem as atividades de linguagem (o Ambiente 
Discursivo escolar, acadêmico, jurídico, religioso, político etc.). 
Eventos Discursivos - atividades de linguagem que ocorrem em 
determinados ambientes discursivos através de gêneros textuais formados 
por modalidades discursivas e seqüências textuais, envolvendo 
enunciadores determinados que objetivem especificamente interagir com 
enunciatários reais. 
Modalidades Discursivas - formas de organização lingüístico-
discursivas que existem em número limitado como o narrar, o relatar, o 
argumentar, o expor, o descrever, o instruir, etc.
Seqüências Textuais - modos de organização linear que têm como 
objetivo formar uma unidade textual coesa e coerente, capaz de expressar 
lingüisticamente o efeito de sentido que as modalidades discursivas 
pretendem instaurar na interação entre os interlocutores de uma atividade 
de linguagem. 
SUPORTES TEXTUAIS - espaços físicos e materiais (livro, 
caderno, jornal, revista, computador, etc.) onde estão escritos os gêneros 
textuais. 
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais. Obra de referência 
para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem em sala de 
aula, elaborada e distribuída pelo governo federal
MARCUSCHI
 
TRAVAGLIA
 
 

 
em todos os gêneros os 
tipos se realizam, às vezes, 
o mesmo gênero se 
realiza em dois ou mais 
tipos. 
 
 

 
chama essa miscelânea 
de tipos presentes em um 
gênero de
 
heterogeneidade 
tipológica. 
 
 

 
chama de
 
intertextualidade 
intergêneros o fen ômeno 
de um texto ter aspecto de 
um gênero mas ter sido 
construído em o utro (um 
gênero assume a fu nção 
de outro) . 
 
 

 
traz a seguinte
 
configuração teórica: 
 
intertextualidade intergên eros 
= um gênero com a função 
de outro 
 
a) heterogeneidade tipológica = 
um gênero com a presença 
de vários tipos. 
b) afirma que os gêneros não 
são entidades naturais, mas 
artefatos
 
culturais construídos 
historicamente pelo ser 
humano. Um gênero, para 
ele, pode não ter uma 
determinada propriedade e 
ainda continuar sendo aquele 
gênero.
 
 
 
Tipologia Textual é um termo que 
deve ser usado para desi gnar uma 
espécie de seqüência teoricamente 
definida pela natureza lingüística 
de sua composição. Em geral, os 
tipos textuais abrangem as
 
categorias narração, 
argumentação, exposição, 
descrição e injunção (Swales, 
1990; Adam, 1990; Bronckart, 
1999).
 
 
O termo Tipologia Textual é usado 
 

 
fala em conjugação 
tipológica ( dificilmente 
são encontrados tipos 
puros).
 
 

 
um texto se define como 
de um tipo por uma 
questão de dom inância, 
em função do tipo de 
interlocução que se 
pretende estabelecer e 
que se estabelece, e não 
em função do espaço 
ocupado por um tipo na 
constituição desse texto. 
 
 

 
não fala de
 
intertextualidade 
intergêneros, mas fala 
de um intercâmbio de 
tipos ( um tipo pode ser 
usado no lugar de outro 
criando determ inados 
efeitos de sentido 
impossíveis com outro 
dado tipo. 
 
 mostra o seguinte: 
 
a) conjugação tipológ ica = um 
texto apresenta vários tipos 
b)
 
intercâmbio de tipos = um 
tipo usado no lugar de outro 
 
 
 
 
 Tipologia Textual é aquilo que 
pode instaurar um modo de 
interação, uma maneira de
 interlocução segundo 
perspectivas que podem estar 
ligadas ao pr odutor do texto em 
relação ao objeto do dizer 
quanto ao f azer/acontecer, ou 
conhecer/saber, e quanto à 
inserção destes no tempo e/ou 
no espaço. 
 
 
Cada perspectiva gerará um tipo 
de texto. Assim, a primeira 
perspectiva faz surgir os tipos 
descrição, dissertação, injunção 
Quadro 3
Enquanto o número de 
gêneros textuais numa 
determinada sociedade é, 
em princípio, ilimitado, 
ampliando-se de acordo 
com a necessidade dos 
falantes e com os avanços 
socioculturais e 
tecnológicos, o número de 
modalidades discursivas é 
menor e de certa forma 
limitado. 
PARA REFLETIR
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
420
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
 
para designar uma espécie de 
seqüência teoricamente 
definida pela natureza 
lingüística de sua composição 
(aspectoslexicais, sintáticos, 
tempos verbais, relações 
lógicas). 
 
Gênero Textual é definido pelo 
autor como uma noção vaga 
para os textos materializados 
encontrados no dia-a-dia e 
que apresentam 
características sócio-
comunicativas definidas pelos 
conteúdos, propriedades 
funcionais, estilo e 
composição característica. 
 
apresenta alguns exemplos de 
gêneros, mas não ressalta sua 
função social: telefonema, 
sermão, romance, bilhete, 
aula expositiva, reunião de 
condomínio, etc. 
 
discute o conceito de Domínio 
Discursivo (grandes esferas da 
atividade humana em que os 
textos circulam, dando origem 
a discursos muito específicos: 
discurso jornalístico, discurso 
jurídico e discurso religioso). 
 
não faz alusão a uma 
tipologia do discurso. 
 
 
 
 
e narração. A segunda 
perspectiva faz com que 
surja o tipo argumentativo. 
 
A perspectiva da 
antecipação faz surgir o tipo 
preditivo. A do 
comprometimento dá origem 
a textos do mundo 
comentado 
(comprometimento) e do 
mundo narrado (não 
comprometimento) 
(Weirinch, 1968). Os textos 
do mundo narrado seriam 
enquadrados, de maneira 
geral, no tipo narração. Já os 
do mundo comentado 
ficariam no tipo dissertação. 
 
o Gênero Textual se 
caracteriza por exercer uma 
função social específica 
pressentida e vivenciada 
pelos usuários. Isso equivale 
dizer que, intuitivamente, 
sabemos qual gênero usar 
em momentos específicos de 
interação, de acordo com a 
função social dele. 
 
a escrita de um texto 
apresenta características que 
farão com que ele 
“funcione” de maneira 
diferente. Assim, escrever um 
e-mail para um amigo não é 
o mesmo que escrever um e-
mail para uma universidade, 
pedindo informações sobre 
um concurso público, por 
exemplo. 
 
dá ao gênero uma função 
social. Aparentemente 
diferencia Tipologia Textual 
de Gênero Textual a partir 
dessa “qualidade” que o 
gênero possui: aviso, 
comunicado, edital, 
informação, informe, citação 
(com a função social de dar 
conhecimento de algo a 
alguém); petição, memorial, 
421
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
 
 
 
 
 
 
requerimento, abaixo-assi- 
nado (com a função social 
de pedir, solicitar); nota 
promissória, termo de 
compromisso e voto (com a 
função de prometer). 
 
fala do discurso jurídico e 
religioso, quando discute o 
que é para ele tipologia de 
discurso. Assim, ele mostra 
que as tipologias de discurso 
usarão critérios ligados às 
condições de produção e às 
diversas formações 
discursivas em que podem 
estar insertos. Citando Koch 
& Fávero, o autor fala que 
uma tipologia de discurso 
usaria critérios ligados à 
referência (institucional no 
caso do discurso político, 
religioso, jurídico; ideológica 
caso do discurso petista, de 
direita, de esquerda, cristão, 
etc.), a domínios de saber 
(discurso médico, lingüístico, 
filosófico, etc.), à inter-
relação entre elementos da 
exterioridade (discurso 
autoritário, polêmico, 
lúdico). 
 
discute a Espécie, definindo-
a e caracterizando-a por 
aspectos formais de estrutura 
e de superfície lingüística 
e/ou aspectos de conteúdo. 
Ele exemplifica dizendo que 
existem duas pertencentes 
ao tipo narrativo: a história e 
a não-história. A narrativa 
em prosa e narrativa em 
verso. No tipo descritivo ele 
mostra as Espécies objetiva x 
subjetiva, estática x dinâmica 
e comentadora x narradora. 
Mudando para gênero, ele 
apresenta a correspondência 
com as Espécies carta, 
telegrama, bilhete, ofício, 
etc. No gênero romance, ele 
mostra as Espécies romance 
histórico, regionalista, 
422
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
 
 
 
 
 
fantástico, de ficção científica, 
policial, erótico, etc. 
 
 
 
 Semelhante opinião entre os dois autores é notada quando falam 
que texto e discurso não devem ser encarados como iguais. Marcuschi 
considera o texto como uma entidade concreta realizada 
materialmente e corporificada em algum Gênero Textual. Discurso 
para ele é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma 
instância discursiva. O discurso se realiza nos textos. 
 
 Travaglia considera o discurso como a própria atividade 
comunicativa, a própria atividade produtora de sentidos para a 
interação comunicativa, regulada por uma exterioridade sócio-
histórica-ideoló-gica. Texto é o resultado dessa atividade comunicativa. 
O texto, para ele, é visto como uma unidade lingüística concreta que é 
tomada pelos usuários da língua em uma situação de interação 
comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como 
preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, 
independentemente de sua extensão. 
 
 Travaglia afirma que distingue texto de discurso levando em conta 
que sua preocupação é com a tipologia de textos, e não de discursos. 
Já Marcuschi afirma que a definição que traz de texto e discurso é 
muito mais operacional do que formal. 
 
 
Por fim, podemos afirmar que muitos estudiosos da Lingüística 
Aplicada vêem o gênero como ponto de partida para quaisquer atividades 
relacionadas às práticas de escrita e leitura, isso porque, conforme 
Marcuschi (2000:25), “gêneros são formas verbais de ação social 
relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades de 
práticas sociais e em domínios discursivos específicos”. Desse modo, toda e 
qualquer prática comunicativa se calça em um ou outro gênero. 
Então, o gênero pode ser entendido como um fenômeno social à 
medida que cumpre a função de ordenar e estabilizar as práticas 
comunicativas. Daí pensar que sua natureza é ambivalente visto que deve, 
ao mesmo tempo, ser parâmetro e, portanto, relativamente estável, mas 
ser também maleáveis, dinâmicos e plásticos com o propósito de se 
adequarem ao evento enunciativo. Nesse quadro, Marcuschi (2000:22) 
423
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
defende que os gêneros são “ações sócio-discursivas para agir sobre o 
mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo”. 
A partir do conteúdo discutido nesta subunidade, 
compreendemos que estudar a língua através do gênero, ou seja, 
objetivando os aspectos lingüísticos, textuais e discursivos levando em 
consideração o gênero utilizado, é lidar com a língua de maneira 
autêntica, fidedigna ao seu funcionamento, ao seu uso nas interações 
sociais.
GÊNERO 
TEXTUAL
 
MODALIDADE 
DISCURSIVA
 
 
SUPORTE DO 
TEXTO
 
AMBIENTE 
DISCURSIVO 
(INSTITUIÇÃO)
INTERAÇÃO 
VERBAL
ENUNCIADORES
BULA
 
Expor/Instruir
 
Folheto, folder
 
Indústria 
farmacêutica
Indústria -
Consumidor
CRÔNICA
 
Expor / 
Argumentar
 
 
Coluna de 
jornal/revista
 
Mídia impressa 
jornal/revista
Escritor - leitor de 
jornal/ revista
ROMANCE , 
CONTO, 
 
NOVELA
Narrar
 
Livro
 
Indústria literária Escritor-leitor
RECEITA 
CULINÁRIA
Instruir Livro, folheto, 
rádio, televisão
Indústria de 
alimentos, livro, 
mídia impressa, 
jornal, revista, 
televisão
Escritor, 
apresentador –
ouvintes, leitores, 
telespectadores
Quadro 4
424
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
REFERÊNCIAS
BRONCKART, Jean Paul. Atividades de linguagem, textos e discursos. Por 
um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: Editora da PUC/SP, 1999.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins 
Fontes, 1999.
FÁVERO, L. L. & KOCH,I. V. Lingüística Textual: introdução. São Paulo: 
Cortez, 1983.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e 
funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva, MACHADO, Anna Rachel, 
BEZERRA, Maria Auxiliadora (org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de 
Janeiro: Editora Lucerna, 2002.
425
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Figura 14
VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE
Figura 13
NELL
Título Original: Nell 
País/Ano: EUA - 1994 
Direção: Michael Apted 
Elenco: Jodie Foster, Liam Neeson, Natasha 
Richardson, Richard Libertini, Nick Searcy, Robin 
Mullins, Jeremy Davies, O'Neal Compton 
Duração: 115 min. 
Categoria: Drama 
Distribuidora VHS: Abril 
SINOPSE
Uma jovem (Jodie Foster) é encontrada numa casa abandonada no meio 
de uma floresta, onde vivia com sua mãe eremita, morta há um bom 
tempo. Inicialmente tida como louca, ela é observada por um médico 
(Liam Neeson), que constata que a garota se expressa através de um 
dialeto próprio. À medida que estuda o estranho comportamento de sua 
paciente, ele chega a conclusão de que até aquele momento ela não havia 
tido contado com outras pessoas. Intrigado e fascinado pela inocência da 
jovem, ele decide tentar ajudá-la a se integrar na sociedade. A atuação de 
Foster lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. 
O Buraco Branco no Tempo
Palavras-chave: Meio Ambiente
Produção: Peter Russell 
Duração: 27 minutos
SINOPSE
O autor tece sua combinação característica de física, 
psicologia e filosofia para desenhar um novo quadro 
da humanidade e dos tempos que estamos 
atravessando. No filme ele explora os padrões 
evolucionários que estão detrás de nosso desenvolvimento em contínua 
aceleração e pergunta: “por que é que uma espécie que é de tantas formas 
muito inteligente pode também se comportar de maneira que são 
aparentemente tão insanas?” Utilizando centenas de imagens que cobrem 
a extensão da criação, esta bela e comovente produção audiovisual mostra 
que a crise global que agora enfrentamos é, na sua raiz, uma crise de 
consciência. A próxima grande fronteira não é, na sua raiz, uma crise de 
consciência. A próxima grande fronteira não é o espaço exterior, senão o 
espaço interior. Nós poderíamos, ele conclui, estar no umbral de um 
momento para o qual a vida tem sido construída ao longo de bilhões de 
anos - um clímax evolucionário muito mais profundo do que a maioria de 
nós seque ousou imaginar.
426
RESUMO
1 - A linguagem é o maior veículo de comunicação social que homem 
possui, pois é através da linguagem que ele pode expressar seus 
pensamentos.
2 - O lingüista Ferdinand de Saussure é considerado o pai da lingüística 
moderna ao ter suas idéias publicadas na obra póstuma intitulada Curso 
de Lingüística Geral. Ele separa a linguagem em: Língua e Fala.
3 - A língua, para Saussure, é “um sistema de signos”. É ampla, coletiva e 
obedece a padrões criados pela própria comunidade. É a parte social da 
linguagem.
4 - A fala é individual e tem caráter dinâmico, sendo expressa pelos atos de 
fonação.
5 - A gramática (normativa) dita as regras que devem ser seguidas por 
uma comunidade lingüística no exercício da comunicação.
6 - Comunicação é a transmissão de sinais lógicos, claros e coerentes, 
através de um código que pode ser convencionado ou natural. 
7 - Numa situação de comunicação há, no mínimpo, duas pessoas 
interagindo por meio da linguagem: o locutor ou emissor e o interlocutor 
ou receptor.
8 - O processo de comunicação verbal baseia-se em seis ele-mentos: o 
emissor, o receptor, a mensagem, o código, o canal e o referente.
9 De acordo com a Teoria da Comunicação, toda mensagem tem uma 
finalidade, uma intenção predominante que orienta sua produção. A 
mensagem pode ter a finalidade de informar, persuadir, provocar humor, 
emocionar etc.
10 - É a finalidade da mensagem que determina a função lingüística 
predominante em um texto. Essas funções são: expressiva ou emotiva 
(centrada no emissor, revela sentimentos. Uso de pronomes de 1.ª pessoa 
e verbos em 1.ª pessoa), conativa ou apelativa (centrada no receptor ou 
recebedor, acionando-o diretamente com o objetivo de estimulá-lo a tomar 
uma atitude. Uso de vocativos e verbos no modo imperativo.), referencial 
ou denotativa (centrada no contexto. Uso de linguagem mais direta, 
objetiva, com sentido único), fática (centrada no canal. Mostra o interesse 
do emissor de estabelecer, manter ou encerrar o contato. As frases são 
entremeadas de expressões consideradas clichês: olá!, Oi! Como vai? Até 
logo! Tchau!), metalingüística (centrada no código lingüístico, isto é, a 
língua é utilizada para dar alguma informação, apresentar um conceito, 
fazer ressalvas, etc.) e poética (centrada na mensagem. Há um trabalho 
intencional com a palavra, buscando efeitos criativos, inesperados, 
musicais.)
427
11 - Há fatores que interferem no uso da linguagem como a região, a 
cultura, a situação de comunicação e a histórica de um povo, 
possibilitando a variação lingüística.
12 - As variações lingüísticas podem ser classificadas como:
Ÿ REGIONAIS: diferenças ligadas à pronúncia e vocabulário 
próprios de uma região. Inclui os falares rurais (mais conservadores) e 
urbanos (mais dinâmicos).
Ÿ SÓCIO-CULTURAIS: variações determinadas por vários 
fatores, como: idade, nível de escolaridade, profissão, sexo, classe social, 
raça, religião.
Ÿ CONTEXTUAIS: variações ligadas ao falante por influência do 
assunto (o quanto o falante sabe sobre o assunto determina, 
conseqüentemente, sua facilidade ou dificuldade de expressão); da 
situação de interlocução (se o contexto é formal ou informal) e o grau de 
intimidade/formalidade entre os falantes. Destacam-se os registros: formal 
(nível culto, com utilização da língua - padrão/escrita) e informal ou 
coloquial (nível familiar comum e nível popular) gírias, termos chulos.
Ÿ HISTÓRICAS: também chamadas variações de época. São 
decorrentes de mudanças e avanços sociais, através dos tempos: 
arcaísmos (termos e construções em desuso), neologismos (criação de 
termos novos).
13 - Não há variação melhor ou pior que outra. Todas se equivalem, pois 
cumprem a intenção comunicativa do falante. Falar “diferente” não é falar 
“erradamente”. É necessário, porém, prestar atenção ao contexto, à 
situação de comunicação para empregar o registro adequado. A 
sociedade atual tende a prestigiar o nível culto da língua.
14 - Cada situação de comunicação apresenta suas características 
específicas. Se nos expressamos através da linguagem oral, utilizaremos 
uma linguagem mais livre, espontânea e informal e se nos expressamos 
através da linguagem escrita, nos preocuparemos em utilizar uma 
linguagem mais elaborada, com vocabulário apurado e preciso; uma 
linguagem presa às regras gramaticais e ao padrão culto da língua.
15 - A leitura é um instrumento necessário para a realização de novas 
aprendizagens porque proporciona a ampliação de horizontes e uma visão 
crítica da sociedade em que vivemos. 
16 - O texto pode ser definido como uma unidade básica e significativa. É o 
elemento central da comunicação da interação social.
17 - Fatores de textualidade são os mecanismos responsáveis para que um 
texto faça sentido para seus interlocutores, como a coesão, a coerência, a 
intencionalidade, a aceitabilidade, a intertextualidade. 
428
REFERÊNCIAS
BÁSICA
COMPLEMENTAR
ANTUNES, I. Aula de português: encontros e interação. São Paulo: 
Parábola, 2004.
BENTES, A. C. & MUSSALIN, Fernanda.(orgs). Introdução à lingüística: 
domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
BRONCKART, Jean Paul. , Atividades de linguagem textos e discursos. Por 
um interacionismosócio-discursivo. São Paulo: Editora da PUC/SP, 1999.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins 
Fontes, 1999.
FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Lingüística Textual: introdução. São Paulo: 
Cortez, 1983.
FIORIN, José Luís. Teorias do discurso e ensino da leitura e da redação. 
In: Gragoatá. n.1 (2. sem. 1996). Niterói: EDUFF, 1996. 
KLEIMAN, Ângela. Leitura: ensino e pesquisa. 2 a ed., São Paulo: Pontes, 
1996. 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. 
In: DIONÍSIO, Ângela Paiva, MACHADO, Anna Rachel, BEZERRA, Maria 
Auxiliadora (org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Editora 
Lucerna, 2002.
________________. Oficina de leitura: teoria e prática. 5.ed. Campinas: 
Pontes, 1997.
PETTER, Margarida. Linguagem, língua e lingüística. In: FIORIN, José Luiz 
(org). Introdução à lingüística. São Paulo: Contexto, 2005. 
________________. Texto & leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7.ed. 
Campinas: Pontes, 2000.
BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997.
CURY, Maria Zilda Ferreira et al. Tipos de textos, modos de leitura. Belo 
Horizonte, Formato, 2001.
_______________. Discursos e leitura. 2.ed. São Paulo: Cortez; Campinas: 
Unicamp, 1987.
429
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
GERALDI, João Wanderley (org.) O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 
1999.
KOCH, Ingedore G. Villaça. Desvendando os segredos do texto. São 
Paulo: Cortez, 2002.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática na escola. São Paulo: 
Contexto, 2001. 
ORLANDI, Eni P. Discurso e texto: formulação e circulação de sentidos. 
Campinas: Pontes, 2001.
PAULINO, Graça et al. Tipos de textos, modos de leitura. Belo Horizonte: 
Formato Editorial, 2001.
RATHS, E. Louis. Ensinar a pensar. 2.ed. São Paulo: EPU, 1977.
TRAVAGLIA, L. C. Um estudo textual-discursivo do verbo no português. 
Campinas, Tese de Doutorado / IEL / UNICAMP, 1991.
ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 3.ed. Campinas: Papirus, 2000.
_____________ A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira. 
São Paulo: Parábola editorial, 2003.
BAKHTIN, Mikhail M. Estética da criação verbal. Martins Fontes: São 
Paulo, 1994. 
COSTA VAL, Maria da Graça. Texto, Textualidade e Textualização. 
Pedagogia cidadã. In: Cadernos de língua Portuguesa. São Paulo: UNESP, 
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FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Lingüística Textual: o que é e como se faz. 
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Letras & Letras. Vol. 03, nº 01. Uberlândia: Editora da Universidade 
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FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 11.ed. São Paulo: Cortez, 
2001.
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA,L.C. Texto e coerência. São 
Paulo:Cortez, 2001.
_____________ Português ou Brasileiro? Um convite à pesquisa. São 
Paulo: Parábola, 2002.
_____________ Preconceito Lingüístico. O que é. Como se faz. São Paulo: 
Edições Loyola, 2002.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
SUPLEMENTAR
430
ATIVIDADES DE 
APRENDIZAGEM
- AA
QUESTÃO 01
Analise o seguinte texto de Millôr:
Da leitura global do texto, podem-se inferir as seguintes características, 
EXCETO:
A) ( ) A realidade retratada limita-se à cidade do Rio de Janeiro.
B) ( ) A linguagem não-verbal fortalece a denúncia apresentada pela 
linguagem verbal.
C) ( ) A referência ao Rio de Janeiro se dá pela alusão a uma conhecida 
música popular. 
D) ( ) O emissor “brinca” com a definição de cidadão, deixando claro 
um trabalho intencional com a mensagem. 
QUESTÃO 02
Figura 15:
O mundo gera 50 milhões de toneladas de 
resíduos eletrônicos por ano.
É um questão ambiental que merece total 
atenção da sociedade. Por isso, a Vivo lançou 
ainda em 2006 um pioneiro programa de 
Reciclagem de celulares, baterias e acessórios 
sem utilidade.Mais de 500 mil itens já foram 
coletados. O objetivo agora é maior. O 
programa foi ampliado para todas as lojas e 
revendedores Vivo. São mais de 3.400 pontos 
de coleta para você reciclar. Recicle. Você faz 
bem ao planeta e ainda gera recursos para 
p r o j e t o s soc i oamb ien ta i s . A ce s se 
www.vivo.com.br/recicleseucelular. 
431
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Considere as definições sobre gêneros textuais e assinale a INCORRETA. 
A)( ) A receita culinária é uma comunicação breve que se estabelece 
entre emissor e receptor, caracterizada pelo emprego do nível popular.
B)( ) A narrativa refere-se ao relato de uma história em que atuam 
personagens em um espaço e tempo determinados. 
C)( ) O manual é um texto instrucional cuja finalidade é orientar sobre o 
funcionamento de um aparelho, regras de um jogo etc. 
D)( ) O bilhete caracteriza-se pela linguagem informal com a qual se 
transmite uma mensagem simples e objetiva a amigos, familiares etc. 
QUESTÃO 03
Leia o seguinte texto com atenção e marque, após, sua resposta.
No texto, a característica que NÃO pode ser comprovada é: 
A)( ) A função predominante é a expressiva, exemplificada pelo uso de 
pronome e formas verbais de 1ª pessoa.
B)( ) Trata-se de um texto publicitário que se serve do tema ambiental 
para promover seu produto.
C)( ) A mensagem tem o propósito de estimular o leitor a participar do 
programa anunciado.
D)( ) Emprego das funções referencial e conativa da linguagem. 
QUESTÃO 04
Observe as falas dos quadrinhos.
A respeito das falas, assinale a alternativa INCORRETA.
A)( ) Atestam a dificuldade de 
expressão lingüística dos falantes.
B)( ) O registro de l inguagem 
utilizado é informal.
C)( ) Estão adequadas ao contexto 
em que ocorrem. 
D)( ) Denotam familiaridade entre os 
falantes. 
QUESTÃO 05
Discutimos que, quanto maior a 
Fonte: HOJE EM DIA – 07/09/2008
Figura 16: Quadrinhos
432
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
interação entre os elementos textuais e o conhecimento do leitor, maior a 
possibilidade de compreensão e interpretação de um texto. Com base 
nessa afirmativa, leia os trechos de uma música e assinale (V) para as 
alternativas verdadeiras e (F) para as falsas:
A) ( ) Alguns leitores podem apresentar falha na compreensão do 
texto, pois o seu conhecimento lingüístico pode não ser suficiente.
B) ( ) O conhecimento lingüístico de um falante apenas da Língua 
Portuguesa é suficiente para a compreensão do texto.
C) ( ) O conhecimento lingüístico é um componente básico do 
conhecimento prévio , mas o leitor, apresentando o 
conhecimento de mundo, poderá compreender o texto.
D) ( ) Apenas o falante nativo da Língua Espanhola conseguirá 
compreender o texto.
QUESTÃO 06
A leitura é um processo através do qual se pode observar, perceber, 
descobrir e refletir sobre o mundo. Podemos ler textos verbais e também 
Soy loco por ti, América
(Gilberto Gil/Capinan)
Soy loco por ti, América
Yo voy traer una mujer 
playera
Que su nombre sea Marti
Que su nombre sea Marti
Soy loco por ti de amores
Tenga como colores la 
espuma blanca
de Latinoamérica
Y el cielo como bandera
Y el cielo como bandera
Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
(...)
El nombre del hombre 
muerto
Ya no se puede decirlo, quién 
sabe?
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente
El nombre del hombre 
muerto
Antes que a definitiva noite 
se espalhe
em Latino América
El nome del hombre es 
pueblo
El nome del hombre es 
pueblo
(...)
433
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
não-verbais. 
Leia a charge abaixo e, de acordo com as nossas discussões, marquesomente a alternativa incorreta. 
A) ( ) Podemos afirmar que quem não possui um conhecimento de mundo 
sobre os símbolos apresentados, não compreenderá a crítica abordada na 
charge.
B) ( ) Ler é um processo social de construção de significados e só 
conseguiremos compreender a crítica apresentada na charge através 
dessa construção dos significados de cada figura feminina apresentada.
C) ( ) Para que ocorra uma leitura eficiente, é necessário apenas a simples 
decodificação dos sinais gráficos. Na charge, basta apenas decodificar os 
símbolos apresentados para interpretar a crítica abordada.
D) ( ) O chargista critica o fato da Justiça e da Verdade receberem 
patrocínio e só a Sabedoria estar a procura de patrocínio.
Leia o texto abaixo e responda às questões 7, 8 e 9:
QUESTÃO 07: A interpretação INCORRETA sobre as características 
psicológicas da moça é:
Fonte: Laerte, Folha de São Paulo
Figura 17
434
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
A)( ) Demonstra ser otimista frente às adversidades da vida.
B)( ) Possui uma baixa auto-estima.
C)( ) É supersticiosa.
D)( ) Acredita que todas as suas conquistas são mais árduas do que as 
das outras pessoas.
QUESTÃO 08: Faça uma análise lingüística do texto e assinale a questão 
em que se faz o uso específico da língua falada:
A)( ) Encontrou-o pela primeira vez quando foi coroada princesa no 
baile...
B)( ) Antes não desse, diria depois à rainha...
C)( ) ... acho que vou amar ele para sempre.
D) ( ) Ao que ela respondeu...
QUESTÃO 09
Faça uma releitura do texto e formule algumas hipóteses para o 
desinteresse repentino do pretendente.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
QUESTÃO 10
“Diego Hipólyto era um dos favoritos à medalha de ouro e assombrou os 
brasileiros ao cair.”
Esse trecho continuará com o mesmo sentido se substituirmos o e por:
A)( ) porque
B)( ) embora
C)( ) no entanto
D)( ) por isso
QUESTÃO 11
Observe o anúncio e faça o que se pede:
O anúncio pertence a qual tipologia textual?
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
A)( ) Publicitário
B)( ) Literário
C)( ) Instrucional
D)( ) Enumerativo
Leia o texto abaixo:
QUESTÃO 12
O texto que você leu é uma notícia. Marque apenas a opção em que 
Faltam também boas condições de trabalho
Brasília. O Ministério da Educação (MEC) considera o piso 
salarial nacional dos professores – R$ 950 mensais, a partir de 
2010 – um passo importante para tornar o magistério mais 
atraente. Sancionada em julho pelo presidente Lula, a lei do 
piso vem sendo contestada por governantes e prefeitos. Eles 
negociam com o governo o fim da exigência de que um terço 
das horas de trabalho seja reservado para atividades 
extraclasse, como preparação de aulas e a correção de provas.
Para a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal 
de Nível Superior (Capes), órgão do MEC encarregado de 
melhorar a formação dos professores brasileiros, é preciso 
valorizar o magistério. Isso significa pagar melhores salários e 
garantir boas condições de trabalho, segundo a coordenadora-
geral de Programas de Apoio à Formação e Capacitação dos 
435
Fonte: Atrevida, ano II, nº 8
Figura 18
436
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Docentes da Educação Básica, Helena de Freitas.
Ela destaca a importância do tempo reservado às 
atividades extraclasses. “Junto com o piso, temos que olhar para 
a condição do trabalho docente na escola pública, ou seja, 
fortalecer a política de concentração do professor em uma 
escola, com jornada integral e dedicação exclusiva a uma 
escola, com tempo para o estudo, para planejamento e 
avaliação de seu trabalho.
O tempo. Ano 12. Nº 4270 – Domingo, 24/8/2008
aparecem apenas as características desse tipo de texto.
A)( ) Traz informações. O texto deve ser claro, objetivo, impessoal e 
fazer o uso da norma padrão da língua.
B)( ) Tem como objetivo veicular informações científicas. Apresenta 
linguagem com terminologia científica de alguma área de conhecimento.
C)( ) Ensina a fazer, traz instruções bem definidas.
D)( ) Tem o objetivo de expressarmos-nos pessoalmente, para nos 
distrair, desenvolver a sensibilidade, partilhar emoções.
QUESTÃO 13
Leia o texto instrucional abaixo e responda às questões propostas:
Marque somente a alternativa incorreta. Em relação ao texto instrucional 
podemos afirmar:
76
RECEITA DE BOLO DE CHOCOLATE MOLHADINHO
Ingredientes
2 xícaras de farinha de trigo 
2 xícaras de açúcar 
1 xícara de leite 
6 colheres de sopa cheias de chocolate em pó 
1 colher de sopa de fermento em pó 
6 ovos 
Modo de Preparar
1) Bata as claras em neve, acrescente as gemas e bata 
novamente, coloque o açúcar e bata outra vez.
2) Coloque a farinha, o chocolate em pó, o fermento, o 
leite e bata novamente.
3) Untar um tabuleiro e colocar para assar por 
aproximadamente 40 minutos em forno médio. 
437
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
76
4) Enquanto o bolo assa faça a cobertura com 2 
colheres de chocolate em pó, 1 colher de margarina, meio 
copo de leite e leve ao fogo até começar a ferver.
5) Jogue quente sobre o bolo já assado.
É só saborear!
A)( ) Tem por objetivo expor, divulgar informações.
B)( ) É um tipo de texto informativo.
C)( ) Fornece-nos instruções, com o uso de uma linguagem clara e 
objetiva.
D)( ) Apresenta frases exclamativas e faz uso do vocativo.
QUESTÃO 14
Observe o seguinte anúncio publicitário:
A única função da linguagem que NÃO está presente no anúncio é: 
A) ( ) Expressiva.
B) ( ) Referencial.
C) ( ) Conativa.
D) ( ) Poética.
QUESTÃO 15
Observe a charge abaixo. A charge é um gênero textual que pode ter 
Figura 19
438
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
apenas imagens ou imagens e palavras. Geralmente seu objetivo é a crítica 
através do humor, principalmente a crítica social ou política.
O autor da charge faz uma comparação entre uma modalidade esportiva e 
a corrupção de políticos. Explique em que se baseia o humor da charge.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
1º PERÍODO 
SOCIOLOGIA 
GERAL
AUTORES
Daniel Coelho de Oliveira
Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de 
Janeiro. Atualmente é professor do Departamento de Política e Ciências 
Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
Lúcio Flavio Ferreira Costa
Especialista em Sociologia pela Pontíficia Universidade Católica de Minas 
Gerais - PUCMinas. Atualmente é professor do Departamento de Política e 
Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
Maria Ângela Figueiredo Braga
Doutoranda em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas 
Gerais - UFMG. Atualmente é professora do Departamento de Política e 
Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
Maria da Luz Alves Ferreira
Doutora em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas 
Gerais - UFMG. Atualmente é professora do Departamento de Política e 
Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
MariaRailma Alves
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. 
Atualmente é professora do Departamento de Política e Ciências Sociais da 
Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
Rômulo Soares Barbosa
Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de 
Janeiro. Atualmente é professora do Departamento de Política e Ciências 
Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Unidade I: 
1.1 Sociologia: aspecto conceitual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
1.2 O contexto do surgimento da Sociologia. . . . . . . . . . . . . . . 88
1.3 A Sociologia como Ciência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
1.4 O Positivismo como uma primeira Sociologia . . . . . . . . . . . 91
1.5 Os autores clássicos da Sociologia e a diversidade na
explicação da vida social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
1.6 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
1.7 Vídeos sugeridos para debate. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Unidade II: 
O surgimento e a consolidação da sociologia . . . . . . . . 87
A sociologia de Karl Marx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
2.1 O contexto geral da obra de Karl Marx. . . . . . . . . . . . . . . . 98
2.2 Papel do cientista, objeto e método de análise . . . . . . . . . . 98
2.3 A Teoria dos modos de produção social . . . . . . . . . . . . . . 102
2.4 A divisão social do trabalho e classes sociais. . . . . . . . . . . 106
2.5 A análise da sociedade capitalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
2.6 Luta de classes, mercadoria e mais-valia . . . . . . . . . . . . . 113
2.7 Conceitos de alienação e ideologia . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
2.8 Atualidades do marxismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
2.9 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
2.10 Vídeos sugeridos para debate. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Unidade III: A sociologia de Émile Durkheim . . . . . . . . . . . . . . . . 119
3.1 Vida e obra do autor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
3.2 Diálogo com o positivismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
3.3 Instituições Sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
3.4 Patologia Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
3.5 Fatos Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
3.6 Mudança Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
3.7 Socialização e Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
3.8 Divisão do Trabalho Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
3.9 Tipos de Solidariedade Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
3.10 Considerações sobre o método: a objetividade dos
fatos sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
3.11 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
3.12 Vídeos sugeridos para debate. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
SUMÁRIO
Unidade IV: A sociologia de Max Weber . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
4.1 Biografia de Max Weber . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
4.2 Contexto histórico do pensamento weberiano . . . . . . . . . . 138
4.3 Indivíduo e sociedade na perspectiva weberiana . . . . . . . 140
4.4 Especificidade das Pedagogia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
4.5 Subjetividade e objetividade do conhecimento . . . . . . . . . 143
4.6 O que é tipo ideal? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
4.7 Tipos puros de ação social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
4.8 As relações sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
4.9 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
4.10 Vídeos sugeridos para debate. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Referências básica, complementar e suplementar . . . . . . . . . . . . 159
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
444
Vamos lá! Esta é a disciplina intitulada Sociologia Geral. 
Em nossa disciplina vamos falar muito das atividades que os 
homens realizam bem como das relações sociais. Os homens agem uns 
com os outros. Por meio da convivência, estabelecem relações sociais. Já 
reparou? Dia e noite estamos produzindo e interagindo com algum 
objetivo social, político, econômico e cultural. Dessa imensa produção da 
vida social resultam as relações sociais, produto das interações dos 
homens, de suas comunidades, de conhecidos ou desconhecidos, de 
familiares ou colegas de trabalho, de membros de religiões, enfim, homens 
que próximos ou distantes estão fazendo a história social.
Discutindo a ementa da disciplina percebemos que são esses 
temas que a Sociologia Geral trata, pois propõe estudar os fatos históricos 
que contextualizam o surgimento da Sociologia e os principais aspectos da 
metodologia e teoria social de Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. 
São apresentadas as formas e posturas dos clássicos quanto à análise da 
realidade social e os pressupostos teóricos e metodológicos para 
observação e análise da realidade pelas ciências sociais. E, ainda, o estudo 
do homem e o universo sócio-cultural, analisando as inter-relações entre os 
diversos fenômenos sociais.
A disciplina Sociologia Geral objetiva, primordialmente, 
desenvolver um “olhar sociológico”, que possibilite a compreensão da 
complexidade do contexto social no qual se inserem os indivíduos e as 
organizações sociais. Nesta disciplina buscamos apresentar a Sociologia 
como parte das Pedagogia, enfocando o contexto histórico do seu 
surgimento, com seus principais autores que, inicialmente, propuseram 
seu objeto de estudo e métodos de análise.
Com os autores clássicos, Émile Durkheim, Max Weber e Karl 
Marx, buscaremos os fundamentos teóricos para análise da vida social. As 
informações abordadas serão fundamentais na discussão dos principais 
conceitos elaborados pela Sociologia, tais como: estrutura social, 
organização social, instituição social, grupos sociais, socialização, classes 
sociais e estratificação. É desejável que você discuta os conceitos básicos 
de Sociologia Geral, conheça as principais escolas/teorias e sua 
localização na história.
É indiscutível que o conhecimento científico estimula a atitude 
crítica e, por isso mesmo, em boa medida, contribui para o exercício da 
cidadania nas sociedades contemporâneas. Ao proceder assim, a 
APRESENTAÇÃO
445
Sociologia oferece à sociedade: políticos, organizações civis, movimentos 
sociais, minorias, enfim, aos atores sociais elementos para melhor 
compreensão crítica da sua realidade histórica. 
Significativamente, você vai perceber que a Sociologia é muito 
importante para a investigação do processo educacional nas sociedades 
modernas. É importante explicitar, nesta disciplina, que o conhecimento 
sociológico habilita o educador a compreender a sociedade, seus grupos e 
instituições sociais.
Assim, você, acadêmico de Pedagogia, deverá ter em mente que a 
disciplina é muito importante para sua formação humanística/ 
artística/científica e para maior compreensão da organização social e do 
processo educativo.
A disciplina Sociologia Geral, para este curso, procura fortalecer a 
discussão sobre o objeto e o métododos três teóricos clássicos, Marx, 
Durkheim e Weber, com o objetivo de delinear pontos importantes de suas 
abordagens, diferenças analíticas, estabelecendo possíveis comparações, 
no que diz respeito às temáticas trabalhadas pelos autores. As discussões 
realizadas pelos autores são de fundamental importância para a 
compreensão das demais teorias, principalemente sobre questões 
pedagógicas. 
Esta disciplina tem quatro unidades, e cada unidade está dividida 
em tópicos ou subunidades.
UNIDADE 1 – O surgimento e a consolidação da Sociologia
UNIDADE 2 – A Sociologia de Karl Marx 
UNIDADE 3 – A Sociologia de Émile Durkheim
UNIDADE 4 – A Sociologia de Max Weber
O texto está estruturado a partir do desenvolvimento das unidades 
e subunidades. Você deverá perceber que as questões para discussão e 
reflexão são muito importantes, e acompanham o texto, bem como as 
sugestões para transitar do ambiente de aprendizagem ao fórum, para 
acessar bibliotecas virtuais na web, etc. As sugestões e dicas estão 
A disciplina tem como objetivos:
Ÿ Discutir os pressupostos conceituais sobre a análise da vida 
social e compreender as estratégias adotadas pelos sociólogos para a 
construção de explicações e interpretações sobre os fenômenos sociais;
Ÿ Distinguir as concepções teóricas de realidades sociais, 
contrapondo e desenvolvendo uma nova visão científica, de natureza 
sociológica, das práticas da vida cotidiana;
Ÿ Compreender as distinções conceituais e as atitudes 
necessárias ao conhecimento mais objetivo da realidade social;
Ÿ Distinguir as diferenças teórico-práticas entre os problemas 
sociais e o que os sociólogos chamam de problema sociológico.
Sociologia Geral UAB/Unimontes
446
localizadas junto ao texto.
A leitura dos textos complementares indicados também é 
importante, pois indicam os possíveis desenvolvimentos e ampliações para 
o estudo e a discussão. São recursos que podem ser explorados de maneira 
eficaz por você, pois buscam promover atividades de observação e de 
investigação que permitem desenvolver habilidades próprias da análise 
sociológica e exercitar a leitura e a interpretação de fenômenos sociais e 
culturais.
Ao planejar esta disciplina consideramos que essas questões e 
sugestões seriam fundamentais, de forma a familiarizar o acadêmico, 
gradativamente, com a visão e procedimentos próprios da disciplina. 
Agora é com você. Explore tudo, abra espaços para a interação 
com os colegas, para o questionamento, para a leitura crítica do texto, bem 
como para atividades e leituras complementares.
Bom estudo !
Pedagogia Caderno DidáticoI I - 1º Período
448
Esta é a primeira unidade da disciplina Sociologia Geral. Mãos à 
obra. O objetivo central é que você possa conhecer e discutir o contexto do 
surgimento da Sociologia e quais fatores contribuíram para o seu 
aparecimento.
Certamente, ao ler o texto, você perceberá que tratava-se de um 
projeto que visava substituir a análise dos fenômenos sociais, a partir do 
senso comum pelo conhecimento científico. Objetiva-se que o acadêmico 
possa distinguir as concepções rotineiras de realidades sociais, de senso 
comum, e desenvolver uma nova visão científica, de natureza sociológica, 
das práticas da vida cotidiana. 
Após esta etapa, o texto apresenta uma breve apresentação dos 
fundadores da Sociologia, de forma que você conheça um pouco da vida e 
obra desses autores. 
Considerando nossa proposta de trabalho, esta primeira unidade 
abordará O SURGIMENTO E A CONSOLIDAÇÃO DA SOCIOLOGIA foi 
organizada com as seguintes sub-unidades:
1.1 Sociologia: aspecto conceitual.
1.2 O contexto do surgimento da Sociologia.
1.3 A Sociologia como Ciência.
1.4 O Positivismo como uma primeira Sociologia
1.5 Os autores clássicos da Sociologia e a diversidade na
explicação da vida social
Também integradas ao corpo do texto serão encontradas 
indicações para estimular o estudo e a apreensão dos temas, bem como 
aprofundar ou complementar os conhecimentos adquiridos. As indicações 
estão assim organizadas: para refletir, dicas de estudo, espaço de cinema e 
glossário. 
A utilização de imagens e fotos elucidará as apresentações do 
temas – recursos importantes às análises científicas. 
1.1 SOCIOLOGIA: ASPECTO CONCEITUAL
A Sociologia é uma ciência que estuda o comportamento humano 
e os processos de interação social que interligam o indivíduo em 
associações, grupos e instituições sociais. Enquanto o indivíduo na sua 
singularidade é estudado pela Psicologia, a Sociologia estuda os 
fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em 
grupos de tamanhos diversos e interagem no seu interior.
Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse 
apenas de sociólogos. Cobrindo todas as áreas do convívio humano – 
desde as relações na família até a organização das grandes empresas, o 
comportamento político na sociedade até o comportamento religioso –, a 
Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de intensidade, a 
administradores, políticos, empresários, juristas, professores em geral, 
1UNIDADE 1O SURGIMENTO E A CONSOLIDAÇÃO DA SOCIOLOGIA
449
publicitários, jornalistas, planejadores, sacerdotes, mas também ao 
homem comum. Um dos maiores interessados na produção e 
sistematização do conhecimento sociológico é o Estado; no Brasil, ele é o 
principal financiador de pesquisas desta disciplina científica.
1.2 O CONTEXTO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
Para entendermos os fatores que proporcionaram o surgimento e 
a consolidação das Pedagogia e da Sociologia, precisamos entender as 
transformações econômicas, políticas e culturais verificadas no século 
XVIII. 
A revolução industrial e a revolução francesa patrocinam a 
instalação definitiva da sociedade capitalista. Somente por volta de 1830, 
um século depois, surgiria a palavra Sociologia, fruto dos acontecimentos 
das duas revoluções citadas. Na revolução industrial ocorre a introdução 
da máquina a vapor e os aperfeiçoamentos dos métodos produtivos, 
determinando o triunfo das indústrias capitalistas. A concentração de 
capitais pela burguesia, que assume o controle de máquinas, terras e 
ferramentas, enfim dos meios de produção, proporciona também a 
transformação de massas humanas em trabalhadores assalariados.
Cada passo do desenvolvimento da 
sociedade capitalista impulsionava a desintegração e o solapamento de 
instituições e costumes reinantes do antigo regime feudal, para constituir-
se em novas formas de organização social. As máquinas não somente 
destruíram os pequenos artesãos, mas também os obrigavam a forte 
disciplina, nova conduta no trabalho e novas relações de trabalho, até 
então desconhecidas.
Em 80 anos (entre 1780 e 1860), a Inglaterra conseguiu mudar 
radicalmente sua face. Pequenas cidades passaram a grandes cidades 
produtoras e exportadoras. Essas bruscas transformações implicariam em 
nova organização social, ocorridas graças à transformação da atividade 
artesanal em manufatureira, e logo depois em fabril. Outra mudança 
Fonte: http://www.eja.org.br/userfiles/
tecnologia_e_trabalho/texto10_imagem1.jpg 
Fonte: http://www.miriamsalles.info/cndvirtual2004/revindus/EX1182.jpg
Figura 1 Figura 2: Mulheres e crianças trabalhando em tecelagens inglesas.
Para saber mais sobre as 
Revoluções Francesa e 
Industrial, acesse o site 
www.mundosites.net/histori
ageral
DICAS
Setor de
produção de tear
de fábrica de rede
São Bento, PB.
Sociologia Geral UAB/Unimontes
450
Pedagogia Caderno DidáticoI I - 1º Período
importante ocorreu quando da emigração do campo para a cidade, onde 
mulheres e crianças foram introduzidas no mercado de trabalho, em 
jornadasde trabalho desumanas, recebendo salários de subsistência. 
Esses sujeitos constituíam mais da metade da força de trabalho industrial. 
Essas cidades se transformaram num verdadeiro caos, uma vez que sem 
condições para suportar um vertiginoso crescimento, deram lugar a toda 
sorte de problemas sociais, tais como surtos e epidemias de tifo e cólera, 
vícios, prostituição, criminalidade, infanticídio que dizimaram parte das 
suas populações. 
O fenômeno da revolução industrial determinou o aparecimento 
do proletariado e o papel hiistórico que ele desempenharia na sociedade 
capitalista. Seus efeitos catastróficos para a classe trabalhadora geraram 
sentimentos de revolta, externalizados com a destruição de máquinas, 
sabotagens, explosão de oficinas, roubos e outros crimes, que deram lugar 
à criação de associações livres e sindicatos que permitiram o diálogo de 
classes organizadas, cientes de seus interesses com os proprietários dos 
instrumentos de trabalho.
O pensamento filosófico do século XVII (Iluminismo) contribuiu 
para popularizar os avanços do pensamento científico. “A teologia deixaria 
de ser a forma norteadora do pensamento. A autoridade em que se 
apoiava um dos alicerces da teologia cederia lugar a uma dúvida metódica 
que possibilitasse um conhecimento objetivo da realidade” (Francis Bacon, 
1561-1626). O novo método de conhecimento (observação e 
experimentação) ampliaria infinitamente o poder do homem e deveria ser 
estendido e aplicado ao estudo da sociedade. O visível progresso das 
formas de pensar, fruto das novas maneiras de pensar e de viver 
contribuiria para afastar interpretações fundadas em superstições e 
crenças infundadas, abrindo espaço para a constituição de um saber 
científico sobre os fenômenos histórico-sociais. 
A burguesia, ao tomar o poder da antiga nobreza feudal, criou um 
Estado que assegurava sua autonomia diante da Igreja, além de incentivar 
e proteger a empresa capitalista. Aconteceu, aí, uma liquidação do regime 
antigo. O Estado confiscou propriedades da Igreja, suprimiu os votos 
monásticos e responsabilizou o Estado pela educação. Acabou com 
antigos privilégios de classe amparou e incentivou o empresário. 
A França, no início do século XIX, ia se tornando uma sociedade 
industrial. Mas o desenvolvimento acarretado por essa industrialização 
causava aos operários franceses miséria e desemprego. Com a 
industrialização francesa, conduzida pelo empresariado capitalista, 
repetem-se determinadas situações sociais vividas pela Inglaterra. A partir 
da terceira década do século XIX, intensificaram-se na sociedade francesa 
as crises econômicas e as lutas de classes. A contestação da ordem 
capitalista feita pela classe trabalhadora passa a ser reprimida, com 
violência, pelos empresários.
No meio de toda essa confusão, pensadores imaginaram ser 
Para compreender 
melhor este contexto, 
sugerimos que você assista 
ao filme Danton, que retrata 
a Revolução Francesa. 
Confira a sinopse no final 
desta unidade. 
PARA REFLETIR
451
Sociologia Geral UAB/Unimontes
necessário fundar uma nova ciência – a Sociologia - que permitisse 
reorganizar essa sociedade. O surgimento da Sociologia significou o 
apare-cimento da preocupação do homem com o seu mundo e a sua vida 
em grupo. Desencadeou-se, então, a preocupação com as regras que 
organizavam a vida social. Regras que pudessem ser observadas, medidas 
e comprovadas, capazes de dar ao homem explicações plausíveis, num 
mundo onde passou a imperar o racionalismo. Regras, enfim, que 
tornassem possível prever e controlar os fenômenos sociais. 
Portanto, o aparecimento da Sociologia significou que as questões 
concernentes às relações entre homens deixariam de ser apenas matéria 
religiosa e do senso comum: passaram a interessar, também, aos 
cientistas.
1.3 A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
A Sociologia somente começou a se consolidar enquanto ciência 
inspirando-se em rigorosos procedimentos de pesquisa, a partir das 
reflexões de Emile Durkheim (1864-1920). Só então, ela adquire forma e 
vem sendo aperfeiçoada até hoje.
Como ciência, a Sociologia tem de obedecer aos mesmos 
princípios gerais válidos para todos os ramos do conhecimento científico, 
perseguindo um corpo de idéias logicamente estruturadas entre si. A 
Sociologia, portanto, pretende explicar o que acontece na sociedade, 
como um tipo de conhecimento garantido pela observação sistemática dos 
fatos, podendo transformar-se em instrumento de intervenção social.
A Sociologia é, como toda ciência, predominantemente indutiva, 
isto é, parte da observação 
sistemática de casos particulares 
para chegar à formulação de 
generalizações sobre a vida social. 
Essa observação sistemática dos 
fatos é o cerne da teoria científica, é 
ela que em última estância confirma 
ou nega a qualidade cientifica de 
qualquer explicação da realidade.
Um fator que edifica a 
Sociologia como ciência é a sua 
neutralidade valorativa, portanto a 
Sociologia não veio para julgar o que 
é bom ou mau na sociedade, não é 
normativa, não dita normas para a 
sociedade. A Sociologia estuda os 
valores e as normas que existem, de 
fato, na sociedade e tenta identificar as relações entre as esferas sociais e 
outras manifestações da vida social. Ela procura fazer isso sem julgar a 
DICAS
O filme Germinal retrata as 
condições de vida da classe 
trabalhadora no séculoXIX.
Assista-o e faça correlações 
com a matéria estudada.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Luddite.jpg 
Figura 3: Desenho publicado em 1812 mostrando 
trabalhadores comandados pelo lendário general 
Ned Ludd destruindo uma tecelagem
PARA REFLETIR
O Movimento Ludista 
(século XIX) consistiu na 
invasão de fábricas e 
destruição das máquinas; 
significou um protesto com 
relação à maquina em 
substituição à mão-de-obra 
operária.
452
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
sociedade nem os homens e seus atos. O campo da Sociologia não é dizer 
como a sociedade deve ser, mas constatar e explicar como ela é.
Sendo assim, enquanto sociólogo, e só enquanto tal, esse 
profissional deve fazer todo esforço que lhe for possível para que os seus 
valores morais não interfiram preconceituosamente na sua percepção e 
interpretação da sociedade.
Como foi discutido, anteriormente, a Sociologia estuda 
manifestações da vida social, porém a atividade do sociólogo não 
compreende apenas formulações de hipóteses, observação, inferência de 
generalizações e elaboração de teorias, pois a realidade que está a nossa 
volta é complexa. Portanto, para estudar fenômenos é preciso, antes de 
tudo, classificá-los. Sem a percepção das partes não é possível entender a 
complexa teia de relações sociais que dá unidade a uma grande 
coletividade humana. Entretanto, a realidade é muito complexa para ser 
explicada em sua totalidade e a Sociologia não pretende explicar tudo o 
que acontece na sociedade. Todo conhecimento é seletivo, sendo senso 
comum ou científico, isto é, limitado a aspectos escolhidos.
A Sociologia, portanto, não se ocupa de todas as regularidades 
observáveis na sociedade humana, mas apenas daquelas que têm origem 
nas relações sociais.
1.4 O POSITIVISMO COMO UMA PRIMEIRA SOCIOLOGIA
O séc. XVIII torna-se conhecido como o século das Luzes, quando 
se difunde o iluminismo – caracterizado como “uma filosofia militante de 
critica à tradição cultural e institucional, seu programa é a difusão do uso 
da razão para dirigir o progresso da vida em todos os aspectos.” Visava 
também “estimular a luta da razão contra a autoridade, isto é, a luta da 'luz' 
contra as 'trevas'.'' (BINETTI, 1995, p. 605).Além dos iluministas, surgiram outros pensadores designados 
como socialistas utópicos ou positivistas. Saint-Simon (1760-1825) é um 
deles. Esse pensador acreditava que “a base da sociedade é a produção 
material, a divisão do trabalho e a propriedade.” Defende a criação de 
uma ciência do homem ou seja “uma ciência social 'positiva' [que] revelaria 
a leis do desenvolvimento da história, permitindo uma organização 
racional da sociedade”. Quanto à ciência que seria construída nomeou-
a de Fisiologia Social, pois ela deveria ocupar a “ação humana, 
transformadora do meio, e adotar o método positivo das ciências físicas”. 
(QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2002, p.18).
Herdeiro intelectual de Saint-Simon, do qual tornou-se seu 
secretário, surge Auguste Comte (1798-1857) que será chamado de “pai” 
da Sociologia.
Para dar conta de entender a importância de Auguste Comte para 
as ciências sociais é necessário remeter aos seus questionamentos “O que 
é ordem social? Como ela se constitui? Como ela se mantém? Como ela se 
453
Sociologia Geral UAB/Unimontes
Positivismo: movimento 
que busca o valor das 
ciências contra as posições 
de senso comum e 
filosóficas, ressaltando a 
experiência e a 
investigação científica 
como um único critério da 
verdade (FGV, 1986, p. 
938)
transforma?” (FERNANDES, 2004, p.12).
Essas questões demandavam uma resposta científica, e por isto a 
importância de Comte, que estruturará sua filosofia baseada na “idéia de 
que a sociedade só pode ser convenientemente reorganizada através de 
uma completa reforma intelectual do homem”. (GIANNOTTI; LEMOS, 
1988, p. IX).
Para tanto, Comte dedicou-se a três temas básicos para reflexão, 
sendo: a) a filosofia da história, também chamada de filosofia positiva ou 
pensamento positivo; b) classificação das ciências e c) Sociologia – 
incorporada mais tarde como religião positivista ou catecismo positivista.
O primeiro tema da filosofia de Comte pode ser resumido na Lei 
dos Três Estados: o Teológico, o Metafísico, o Científico/Positivo. 
(...) a passagem necessária de todas as nossas 
especulações por três estados sucessivos; primeiro, o 
teológico; em que dominam francamente as ficções 
espontâneas, desprovidas de qualquer prova; depois, o 
estado metafísico, caracterizado sobretudo pela 
preponderância habitual das abstrações personificadas ou 
entidades; por fim, o estado positivo, sempre fundado 
numa exata apreciação da realidade exterior, habitual das 
personificadas ou entidades; por fim, o estado positivo, 
sempre fundado numa exata apreciação da realidade 
exterior. (COMTE, 1988, p. 59)
Considerando que os três estados excluem-se mutuamente, é 
importante observar que no estado teológico, nota-se características em 
que o espírito humano guiará suas investigações “para a natureza íntima 
dos seres, as causas primeiras e finais de todos os efeitos que o tocam” ou 
seja os conhecimentos absolutos.
 No estado teológico a apresentação dos fenômenos se da a partir 
da produção da ação direta e contínua de “agentes sobrenaturais mais ou 
menos numerosos” cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias 
aparentes do universo”. 
Guarda-se no estado metafísico, a modificação do primeiro 
estado, em que “os agentes sobrenaturais são substituídos por forças 
abstratas, (...) e concebidas como capazes de engendrar por elas próprias 
todos os fenômenos observados”. (COMTE, 1988, p. 4) 
E finalmente no estado positivo, o espírito humano adotará outra 
atitude, graças ao reconhecimento da “impossibilidade de obter noções 
absolutas”, o que indicará por parte do mesmo um comportamento em 
que “renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as 
causa íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em 
descobrir, fracas ao uso bem combinado do raciocínio e da observação.” 
(COMTE, 1988, p. 4).
Em síntese Comte diz que os estados ou ordens são sucessivas, 
onde o teológico será substituído pelo metafísico e este será substituido 
pelo científico ou positivo. A vida social será explicada pela ciência, 
triunfando sobre todas as outras formas de pensamento.
PARA REFLETIR C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
454
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
 O quadro a seguir sintetiza os três estados propostos por Comte.
O segundo tema é a classificação das ciências, apresentadas em 
ordem crescente de importância, por Comte: astronomia, física, química, 
biologia e Sociologia. Esta última é a mais importante e mais complexa das 
ciências, pois é responsável pela educação moral da humanidade, pela 
reforma intelectual do homem. Comte lembra ainda que “é unicamente 
pela observação aprofundada desses fatos que se pode atingir o 
conhecimento das Leis Lógicas”. (COMTE, 1988, p.10).
Podemos destacar a Sociologia como o terceiro tema trabalhado 
por Comte, que argumentava a urgência e a importância da constituição 
da física social da seguinte forma: 
já agora que o espírito humano fundou a física celeste, a 
física terrestre, quer mecânica, quer química; a física 
orgânica, seja vegetal, seja animal, resta-lhe, para terminar 
o sistema das ciências de observação, fundar a física 
social.” (COMTE, 1988, p. 9).
O pensador não só assinala a importância, mas também para a 
evidência de que a ciência social é a mais importante de todas, sobretudo 
porque fornece o único elo, ao mesmo tempo lógico e cientifico que, de 
agora em diante, comporta o conjunto de nossas contemplações reais. 
(idem, p. 43).
Ao analisar os tipos de movimentos vitais da sociedade, dois 
aspectos ou “duas ópticas fundamentais” se destacam: a estática e a 
dinâmica.
A estática corresponde à ordem moral vigente na sociedade, e a 
dinâmica do progresso, representado pela urbanização, industrialização, 
etc. Ambos se complementam, mas é importante destacar que ORDEM e 
PROGRESSO são fundamentais se o primeiro regular o segundo; caso 
contrário teremos crises sociais e uma sociedade “doente”, debilitada de 
regras e valores morais capazes de garantir a coesão social. Com essa 
idéia, Comte propõe estudar as instituições sociais responsáveis pela 
ordem e pelo progresso, a estática e a dinâmica social, influenciando toda 
uma geração de intelectuais nos séculos XIX e XX. 
Comte preocupou-se também com a educação, propôs a 
“reforma geral da educação” – chamando atenção para “a necessidade de 
substituir nossa educação européia, ainda essencialmente teológica, 
metafísica e literária, por uma educação positiva, conforme ao espírito de 
nossa época e adaptada às necessidades da civilização moderna.” 
Ordens
 
Características do modo de 
pensamento
 Exemplos práticos
TEOLÓGICA
 
Predomina a imaginação ;
 
as 
explicações são impostas pelos 
dogmas religiosos, ficções e 
mitos.
 
A compreensão do mundo se 
dá através das idéias de deuses 
e espíritos.
 
A evolução da ordem 
teológica:
 

 
Fetichismo

 
Politeísmo

 
Monoteísmo 
METAFÍSICA 
OU 
FILOSÓFICA 
 
Predomina a argumentação . 
Ocorre a crítica filosófica, 
eficaz na construção de uma 
ordem a partir da crítica aos 
dogmas religiosos e aos mitos, 
conseqüentemente levando à 
dissolução do teológico. 
Discute-se: 
 

 
Natureza íntima das 
coisas.
 

 
Origem e destino. 
 

 
Abstrato no lugar do 
concreto. 
 
Na esfera política 
corresponderia a uma 
substituição dos reis 
pelos juristas.
 
 
 
CIENTÍFICA 
OU 
POSITIVA
 
Predomina a Observação.
 
A realidade é cientificamente 
concebida. Ocorre então a 
investigação do real, do certo, 
do indubitável, do determinado 
e do útil para a sociedade. 
A previsibilidade científica 
ocorre com o desenvolvimento 
das técnicas. 
A sociedade busca 
respostas científicas 
para todos os 
fenômenos.
 
A ciência, a indústria, 
a urbanização e o 
Estado representam o 
mais elevado espírito 
evolutivo da 
sociedade. 
Previsibilidade: ver 
(observar) para 
prever. 
Quadro 1 
455
Sociologia Geral UAB/Unimontes
(COMTE, 1988, p.15).
No Brasil a influência do positivismo ocorreu a partir da relação 
exercida da doutrina sobre o conhecimento e sobre a natureza do 
pensamento cientifico; influenciou também outras tendências políticas, 
além das políticas públicas e até a bandeira nacional com o lema ordem e 
progresso. 
Na verdade, o método positivista encontrou, em certa medida, 
condições culturais favoráveis para seu desenvolvimento não apenas na 
Europa, mas também em países de menor tradição cultural e carentes de 
ideologia para seus anseios de desenvolvimento, como ocorreu na 
América do Sul e sobretudo no Brasil. (GIANNOTTI e LEMOS, 1988, p. 
XIV) .
1.5 OS AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA E A DIVERSIDADE NA 
EXPLICAÇÃO DA VIDA SOCIAL
A Sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação 
teórico-metodológica dominante. Ela traz diferentes estudos e diferentes 
caminhos para a explicação da realidade social. Assim, pode-se 
claramente observar que a Sociologia tem ao menos três linhas mestras 
explicativas, fundadas pelos seus autores clássicos.
A primeira delas é corrente de explicação sociológica é dialética e 
crítica, iniciada por Karl Marx que mesmo não sendo um sociólogo, deu 
início a uma profícua linha de explicação sociológica. Também é possível 
encontrar a influência de Marx em várias outras áreas, tais como: filosofia e 
história, já que o conhecimento humano, em sua época, não estava 
fragmentado em diversas especialidades da forma como se encontra hoje. 
Teve participação como intelectual e como revolucionário no movimento 
operário. Juntos (Marx e o movimento operário) influenciaram outros 
movimentos durante o período em que o autor viveu. Atualmente é 
bastante difícil analisar a sociedade humana sem se referenciar, em maior 
ou menor grau, à produção de Karl Marx, mesmo que a pessoa não seja 
simpática à ideologia construída em torno do pensamento intelectual dele, 
principalmente em relação aos seus conceitos econômicos. 
A segunda corrente é a Positivista-Funcionalista, tendo como 
fundador Auguste Comte; seu principal expoente clássico é Émile 
Durkheim. 
Émile Durkheim (15 de abril de 1858 – 15 de novembro de 1917) 
é considerado um dos pais da Sociologia moderna. Foi o fundador da 
escola francesa de Sociologia. Combinava a pesquisa empírica com a 
teoria sociológica. É reconhecido como um dos melhores teóricos do 
conceito de coesão social. A Sociologia fortaleceu-se graças a Durkheim e 
seus seguidores.
A terceira corrente sociológica tem seu maior expoente em Max 
Weber (ou Maximillian Carl Emil Weber – 21 de Abril de 1864 – 14 de Junho 
Weber propôs a Sociologia 
compreensiva. Para ele, as 
ciências humanas precisam 
compreender processos da 
experiência humana que 
são vivos, mutáveis, que 
precisam ser interpretados 
para que se extraia deles o 
seu sentido. Ai se 
fundamenta a análise 
sociológica (FGV, 1986, p. 
1150). 
DICAS
456
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
de 1920). Além de jurista, era economista. Desenvolveu estudos de direito, 
Filosofia, História e Sociologia, constantemente interrompidos por uma 
doença renal que o acompanhou por toda a vida. Sua maior influência nos 
ramos da Sociologia foi o estudo das religiões, estabelecendo relações 
entre formações politicas e crenças religiosas.
Essas três matrizes explicativas, originadas per esses três principais 
autores clássicos, originaram quase todos os posteriores desenvolvimentos 
da Sociologia, levando à sua consolidação como disciplina acadêmica já 
no início do século XX.
Funcionalismo: corrente 
teórica que tem seu 
alicerce no método de 
investigação funcionalista 
que busca a explicação das 
instituições sociais e 
culturais em termos da sua 
função social, contribuição 
que estas têm para a 
manutenção da estrutura 
social. (FGV, 1986, p. 500)
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
Sociologia dialética e 
crítica: Marx utilizou o 
método dialético para 
explicar as mudanças 
importantes ocorridas na 
história da humanidade 
através dos tempos. Para 
ele, o movimento da 
história possui uma base 
material, econômica e 
obedece a um movimento 
da história possui uma base 
material, econômica e 
obedece a um movimento 
dialético. E conforme muda 
esta relação, mudam-se as 
leis, a cultura, a literatura, 
a educação e as artes. 
(FGV, 1986, p.723).
DICAS
REFERÊNCIAS
BINETI, Saffo Testoni. Iluminismo. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, 
Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política –Vol. 1. Tradução: 
Ferreira, João (coord.).8. ed. Brasília: Editora UNB,1995. p. 605-611 
COMTE, Auguste. Curso de Filosofia Positiva: Discurso Sobre o Conjunto 
do Positivismo; Catecismo Positivista. Tradução: GIANNOTTI, José Arthur; 
LEMOS, Miguel. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os Pensadores), p. 43-
61.
457
Sociologia Geral UAB/Unimontes
VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE
FERNANDES, Florestan. A Herança Intelectual da Sociologia. In: 
Sociologia e Sociedade: Leituras de Introdução à Sociologia. 3. ed. Rio de 
Janeiro: LTC Editora, 2004. P. 09 -17
GIANNOTTI, José Arthur; LEMOS, Miguel. Introdução In: COMTE, 
Auguste. Curso de Filosofia Positiva: Discurso Sobre o Conjunto do 
Positivismo; Catecismo Positivista. Tradução: GIANNOTTI, José Arthur; 
LEMOS, Miguel. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os Pensadores), p. 43-
61.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. 38. ed. São Paulo: 
Brasiliense, 1994. (Coleção Primeiros Passos, 57), p. 08-98.
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, 
Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos – Marx, Durkheim e Weber. 2. 
ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. (Coleção Aprender), p. 09-26.
Danton 
Germinal
O processo da revolução – é um filme produzido pela França, Polônia e 
Alemanha Ocidental em 1982. Direção: Andrzej Wajda. Elenco: Gérard 
Depardieu, Wojciech Pszniak. 131 min. Pole Vídeo. Gênero drama 
histórico. Após a Revolução Francesa, a França vive uma nova onda de 
terror. Danton, um dos líderes da revolução, enfrenta o governo na 
tentativa de mudar a situação. Confiando no apoio popular, ele entra em 
choque com Robespierre, seu antigo aliado, mas acaba sendo levado a 
julgamento.
1993. França/Bélgica/Itália.. Direção de Claude Berri. 170 min. A cena 
tem lugar no norte da França enquanto uma greve provocada pela redução 
dos sálarios. Além dos aspectos técnicos das extrações minerais e as 
condições de vida dos trabalhadores ineiros, Zola, autor do livro que deu 
origem ao filme, também descreve as condições de vida e o principio das 
organizações política e sindical da classe operária. 
458
2UNIDADE 2A SOCIOLOGIA DE KARL MARX 
Caros acadêmicos, na primeira 
unidade vocês foram apresentados ao 
surgimento da Sociologia, com destaque 
para as condições históricas e as condições 
intelectuais que possibilitaram o surgimento 
da ciência da sociedade, bem como os 
principais autores das primeiras escolas do 
pensamento sociológico como: Auguste 
Comte, Saint-Simon, Owen, entre outros. 
Desses, somente August Comte foi 
apresentado.
Nesta unidade vamos introduzi-lo 
ao pensamento de Karl Marx, um autormuito importante dentro das matrizes da 
Sociologia clássica, juntamente com Emile 
Durkheim e Max Weber.
A Sociologia de Marx é, com certeza, uma das grandes 
contribuições para a compreensão da evolução das sociedades, desde as 
comunidades primitivas até o comunismo. Embora o objetivo do autor 
tenha sido fazer uma critica radical à sociedade capitalista, destacando 
seus antagonismos e contradições, ele nos presenteia com uma belíssima 
análise sociológica, mostrando como a sociedade se desenvolveu desde o 
seu início, as comunidades primitivas, passando pelo escravismo, pelo 
feudalismo, pelo capitalismo, pelo socialismo e finalmente pelo 
comunismo que, na visão do autor, era o maior grau de evolução da 
sociedade humana.
Para facilitar a compreensão de vocês em relação ao autor, a 
unidade será dividida da seguinte maneira:
2.1 O contexto geral da obra de Karl Marx
2.2 Papel do cientista, objeto e método de análise
 a) Dialética
2.3 A Teoria dos modos de produção social
2.4 A divisão social do trabalho e classes sociais
2.5 A análise da sociedade capitalista
2.6 Luta de classes, mercadoria e mais-valia
2.7 Conceitos de alienação e ideologia
2.8 Atualidades do marxismo
Fonte: http://blog.cancaonova.com/fatima
hoje/files/2007/12/karl-marx.jpg
Figura 4: Karl Marx.
459
Sociologia Geral UAB/Unimontes
2.1 O CONTEXTO GERAL DA OBRA DE KARL MARX
 Karl Marx, juntamente com Friedrich Engels (1820-1895), 
compõe a escola crítica que, como o próprio nome evidencia, ocupou-se de 
criticar radicalmente a sociedade capitalista, denunciando seus 
antagonismos e exploração de classes, na medida em que a classe dona 
dos meios de produção, historicamente expropriava a classe que não era 
dona dos meios de produção. Ao mesmo tempo, propunha como única 
possibilidade de realização para a sociedade humana a instauração de 
uma sociedade em que não houvesse nem classes e tampouco a 
exploração de uma classe sobre outra.
Marx teve parte de sua formação intelectual na Alemanha, onde 
ingressou e concluiu seus estudos em Direito nas Universidades de Bonn e 
Berlim. Em 1841 defendeu sua tese de doutorado com apenas 23 anos de 
idade, na área de filosofia, com a tese As diferenças da filosofia da 
natureza em Demócrito e Epicuro, cuja temática versava sobre o 
materialismo na antigüidade grega. (COSTA, 1997).
Paralelamente à produção intelectual, ele dedicou-se ao 
jornalismo; foi editor chefe de um jornal chamado a Gazeta Renana. Ao 
deixar esse cargo, intensificou seus estudos bem como a sua militância 
política e intelectual no eixo Paris-Bruxelas-Londres, cenários de grande 
parte da sua produção científica onde, juntamente com Engels, construiu 
uma obra monumental que objetivava analisar, criticar e lutar para a 
transformação radical da sociedade capitalista. Vale ressaltar que Engels 
quando estudante, adere a idéias de esquerda, o que o leva a aproximar-se 
de Marx. Engels foi um grande colaborador da obra de Marx, escrevendo 
com ele vários textos importantes, mas também publicando vários textos 
sozinho.
O quadro sóciopolítico em que o referido autor viveu, tanto em sua 
juventude na Alemanha, quanto na sua passagem pelas capitais Paris, 
Bruxelas e Londres foi marcado por elementos importantes: 1) no âmbito 
político, o processo tardio de unificação liberal-burguesa vivido pela 
Alemanha a partir de 1830; 2) na esfera intelectual, a tradição filosófica 
alemã vinda de autores como Kant e Hegel, fomentadores de uma atitude 
antipositivista, expressas nas diferentes análises de Marx. A influência 
hegeliana na formação intelectual Marx impactou profundamente a 
estruturação do seu pensamento, assim como sua experiência de vida na 
França e na Inglaterra, países em que a industrialização estava em estágios 
mais avançados do que na Alemanha. (ARON, 2005).
2.2 PAPEL DO CIENTISTA, OBJETO E MÉTODO DE ANÁLISE
 Marx analisa a história das sociedades em diversas etapas 
dedesenvolvimento, e em especial a sociedade capitalista. Ele aborda o 
desenvolvimento histórico a partir de dois aspectos teórico-metodológicos: 
460
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
a) o materialismo histórico; e a b) dialética. A dialética é a base filosófica do 
arcabouço teórico marxista. Através da dialética busca-se explicações 
coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da natureza, da 
sociedade e do pensamento representando uma explicação teórica 
avançada. Karl Marx, ao adotar como método de análise o materialismo 
histórico, propôs um instrumento eficaz para a leitura e caracterização da 
vida em sociedade e ainda, da prática social dos homens em todos os 
períodos históricos, das comunas primitivas até o capitalismo. O modo de 
pensar dialeticamente de Marx na verdade se transformou em uma crítica 
à dialética dos jovens hegelianos e de L. Feuerbach. Marx criticou estes 
últimos porque buscaram demonstrar a História como resultado das 
ideologias e também a presença de heróis. Já Marx enfatizou explicações 
sobre as formações sócio-econômicas e as relações de rodução como os 
fundamentos verdadeiros das sociedades. E por isto o nome materialismo 
histórico. 
Para ele existiam leis universais que regiam o desenvolvimento da 
história:
As premissas de que partimos não são bases arbitrárias, 
dogmas; são bases reais que só podemos abstrair na 
imaginação. São os indivíduos reais, sua ação e suas 
condições materiais de existência, tanto as que eles já 
encontraram prontas, como aquelas engendradas de sua 
própria ação. Estas bases são, pois verificáveis por via 
puramente empírica. A primeira condição de toda a história 
humana é, naturalmente, a existência de seres humanos 
vivos. A primeira situação a constatar é, portanto, a 
constituição corporal desses indivíduos e as relações que 
ela gera entre eles e o restante da natureza. Não podemos, 
naturalmente, fazer aqui um estudo mais profundo da 
própria constituição física do homem, nem das condições 
naturais que já vem prontas, condições geológicas, 
orográficas, hidrográficas, climáticas e outras. Toda a 
historiografia deve partir dessas bases naturais e de sua 
transformação pela ação dos homens, no curso da história. 
(MARX e ENGELS, 1992, p. 12-13). 
Para elaborar a teoria do Materialismo Histórico, Marx refletiu 
três fontes e recebeu influências que atuaram no desenvolvimento do seu 
pensamento: 
Ÿ A filosofia idealista clássica alemã de Kant, Schelling, Fichte e 
de Hegel: após a leitura critica do idealismo de Hegel, Marx começou a 
assimilar uma aplicação própria do método dialético. 
Ÿ O socialismo utópico francês e Inglês: Marx fez uma crítica aos 
seus principais representantes: Saint-Simon, Fourier, Proudhon e Owen 
na Inglaterra. Na perspectiva dele eram socialistas utópicos, mas 
aproveitou suas bases para elaboração da sua teoria do socialismo 
científico;
Ÿ A economia política clássica inglesa: da leitura da obra de 
Adam Smith, Marx elaborou a economia política burguesa fundada no 
pensamento econômico liberal. (ARON, 2005).
Sugerimos como de 
aprofundamento a leitura 
do livro A Ideologia Alemã, 
que representa a base do 
materialismo histórico, e ali 
Marx e Engels fazem as 
suas críticas aos outros 
pensadores idealistas 
alemães. 
DICAS
461
Sociologia Geral UAB/Unimontes
De acordo com essa perspectiva, “aplicada aos fenômenos 
historicamente produzidos, a ótica dialética cuida de apontar as 
contradições constitutivas da vida social que resulta de uma determinada 
ordem”. (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2002, p. 65). Portanto, 
Marx era contrário a Hegel, que pressupunha que o pensamento era a 
“forma fenomenéticada idéia”, defendendo o argumento de que “o 
pensamento era reflexo do movimento real, transplantado para o cérebro 
do homem”. (idem, p. 65). Em sua essência o capitalismo representa um 
sistema que mercantiliza as relações, as pessoas e também as coisas. Ele 
identificou no proletariado o sujeito capaz de realizar a grande mudança, 
ou seja, superar essa forma de sociedade. Neste contexto, o centro do 
pensamento de Karl Marx era a interpretação do regime capitalista 
enquanto contraditório, isto é, dominado pela luta de classes motor da 
história, sendo a luta de classes o objeto de análise do autor, que vincula a 
crítica da sociedade à ação política.
Marx sustentava o argumento de que toda a história da sociedade 
humana era a história da luta de classes. Portanto, escravos e senhores, 
servos e senhores feudais, proletariado e burguesia estariam em luta 
constante, na medida em que historicamente a classe dominante – 
senhores de escravos, senhores feudais e burguesia – entravam em luta 
com a classe dominada para continuar com o seu domínio de classe. De 
acordo com os autores, 
os pensamentos da classe dominante são também, em 
todas as épocas, os pensamentos dominantes; em outras 
palavras, a classe que é o poder material dominante numa 
determinada sociedade é também o poder espiritual 
dominante. A classe que dispõe dos meios de produção 
material dispõe também dos meios da produção 
intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles aos 
quais são negados os meios de produção intelectual está 
submetido também à classe dominante. Os pensamentos 
dominantes nada mais são do que a expressão ideal das 
relações materiais dominantes; eles são essas relações 
materiais dominantes consideradas sob a forma de idéias, 
portanto a expressão das relações que fazem de uma classe 
a classe dominante; em outras palavras, são as idéias de 
sua dominação. (MARX e ENGELS, 1992, p. 47).
Para Karl Marx a análise social do materialismo histórico 
considera que as relações materiais que os indivíduos estabelecem, o 
modo como produzem seus meios de vida formam a base de todas as suas 
outras relações sociais. Neste contexto, em todas as formações – política, 
econômica e social –, a posição dos indivíduos em relação à propriedade 
ou não dos meios de produção seria determinante de todas as demais 
relações sociais.
Na visão do autor, o conhecimento e a ciência deviam assumir um 
papel político absolutamente crítico em relação ao capitalismo, devendo 
ser instrumento de compreensão e de transformação radical da sociedade. 
Portanto, os estudos não deviam concentrar-se na descrição, mas a análise 
462
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
de como a sociedade é produzida, reproduzida ao longo da história e como 
os homens, ao longo de sua existência, vão sendo mercantilizados, e o 
capitalismo torna-se transparente; é desvendado por suas análises.
 Partindo desse pressuposto, o pensador defendia o argumento de 
que o papel do cientista social seria o de participar ativamente dos atos de 
transformação da sociedade capitalista, através do desempenho de uma 
função política revolucionária, posicionando-se ao lado das lutas do 
proletariado, sendo um observador participante e militante.
a) Dialética
 
Marx trabalha em suas obras com o método dialético e o 
materialismo histórico. A dialética significava para os filósofos gregos 
antigos a arte de discutir ou a argumentação dialogada, e para Marx é 
pensar o movimento. Para Marx, pensar as mudanças naturais e sociais a 
partir da dialética é o mesmo que acreditar que no universo tudo é 
movimento e transformação. 
Para entendermos a dialética em Marx e Engels é preciso buscar a 
discussão em Hegel. Para este autor alemão a dialética aborda o 
movimento do espirito, e se realiza segundo um conjunto de três elementos 
inter-relacionados: 
Ÿ A tese é a idéia inicial ou a afirmação de uma idéia;
Ÿ A antítese, a negação da tese (afirmação de uma idéia oposta, 
mas relacionada à tese)
Ÿ E a síntese, a negação da antítese, ou negação da negação. A 
síntese decorre da resolução desta contradição numa nova idéia que 
englobe elementos das duas anteriores. Isso significa que a tese é a uma 
nova unidade que pode ser negada, e no processo de negação torna-se 
antítese, resultando em mudanças que se tornarão uma síntese, ou uma 
nova tese.
Esses são os elementos principais do sistema idealista hegeliano. 
Karl Marx, juntamente com Friedrich Engels, serão os fundadores do 
Fonte: http://www.marxists.org/archive/marx/photo/art/marx-to-communist-league.jpg
Figura 5: Marx discursando na primeira internacional.
Nos primeiros anos da 
década de 1860, 
acontecimentos 
espetaculares ocorridos no 
cenário internacional 
fizeram com que lideranças 
sindicais e ativistas 
socialistas começassem a 
pensar em fundar uma 
organização que reunisse 
os sentimentos universais 
em favor da luta dos 
trabalhadores e das nações 
oprimidas. O resultado 
disso foi a criação da 
Primeira Associação 
Internacional dos 
Trabalhadores em Londres, 
no ano de 1864.
PARA REFLETIR
463
materialismo dialético, o qual inverterá o sistema idealista hegeliano, 
postulando que não é o pensamento que determina as condições materiais, mas 
as condições materiais que determinam o pensamento. 
Aqui não partimos daquilo que os homens dizem, imaginam, 
crêem, nem muito menos de que são nas palavras, pensamento, 
imaginação e representação de outrem, para atingir finalmente os 
homens em carne e osso. Não, aqui partimos dos homens 
tomados em sua atividade real, segundo o seu processo real de 
vida, representando também o desenvolvimento dos reflexos e dos 
ecos ideológicos desse processo vital. (MARX e ENGELS, 1992, p. 
51).
 Para Marx e Engels, a dialética é a ciência das leis gerais do movimento 
tanto do mundo exterior quanto do pensamento humano. A grande idéia 
fundamental é que o mundo não deve ser considerado como um conjunto de 
coisas acabadas, mas como um conjunto de processos em que as coisas, 
aparentemente estáveis, bem como seus reflexos mentais no nosso cérebro, os 
conceitos, passam por uma série ininterrupta de transformações. 
Aplicando esse princípio ao processo de produção da vida social e ao 
processo histórico, esses autores concluem que o homem, a partir do trabalho, 
realiza a produção das suas necessidades, e ao mesmo tempo cria a sociedade. 
Portanto, as transformações que o homem realiza (tanto materiais quanto de 
idéias) são partes de um processo dialético. De acordo com essa concepção, 
não são as idéias ou os valores que os seres humanos guardam que são as 
principais fontes da mudança social. Em vez disso, a mudança social é 
estimulada primeiramente por influências econômicas. (GIDDENS, 2005, p. 32)
Portanto, os processos naturais e sociais não são coisas perfeitas e 
acabadas, estão em constante movimento, transformação, desenvolvimento e 
renovação e não em estagnação e imutabilidade. Logo, o mundo não pode ser 
entendido como um conjunto de coisas pré-fabricadas, mas como um complexo 
de processos. Karl Marx faz da dialética um instrumento de análise e crítica 
social, com a finalidade não de interpretar o mundo, mas de transformá-lo. 
2.3 A TEORIA DOS MODOS DE PRODUÇÃO SOCIAL
Marx aplicou a dialética na análise histórica, criando o materialismo 
histórico, ou uma teoria para explicar as sociedades.
O materialismo histórico deve ser entendido como recurso 
metodológico para compreensão da história da humanidade, do seu 
desenvolvimento, de determinadas sociedades (formações sociais) em 
determinadas épocas históricas. 
As referências obrigatórias parase compreender como Marx trata do 
problema da evolução da sociedade são os livros Contribuição a Critica da 
Economia Política (1977), e A ideologia Alemã (1992). Essas obras são 
trabalhos preliminares de O Capital, e constituem-se nas mais sistemáticas 
tentativas de enfrentar o problema da evolução social da sociedade humana. 
Ambos são bastante citados por inúmeros cientistas sociais por apresentarem as 
Te se 
Sociedade feudal 
 
Antítese 
Transformações: 
negação das 
instituições feudais 
 
Síntese 
Sociedade Capitalista 
 
 
Quadro 2
Sociologia Geral UAB/Unimontes
464
idéias centrais do que Marx denominou o “fio condutor” da análise do 
desenvolvimento histórico. 
A minha investigação desembocava no resultado de que 
tanto as relações jurídicas como as formas de Estado não 
podem ser compreendidas por si mesmas nem pela 
chamada evolução geral do espírito humano, mas se 
baseiam, pelo contrário, nas condições materiais de vida 
(...)
O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, 
serviu de fio condutor aos meus estudos pode resumir-se 
assim: na produção social da sua vida, os homens 
contraem determinadas relações necessárias e 
independentes da sua vontade, relações de produção que 
cor r espondem a uma determinada fase de 
desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O 
conjunto dessas relações de produção forma a estrutura 
econômica da sociedade, a base real sobre a qual se 
levanta a superestrutura jurídica e política e à qual 
correspondem determinadas formas de consciência social. 
O modo de produção da vida material condiciona o 
processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é 
a consciência do homem que determina o seu ser, mas, 
pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua 
consciência. (MARX, 1977, p. 301).
As forças produtivas materiais da sociedade e as relações de 
produção formam uma unidade. Essa unidade romperá quando as forças 
produtivas se desenvolverem e exigirem novas relações sociais de 
produção. Assim, uma época de revolução social surgirá. 
É preciso distinguir sempre entre as mudanças materiais 
ocorridas nas condições econômicas de produção (...) e as 
formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou 
filosóficas, numa palavra, as formas ideológicas em que os 
homens adquirem consciência desse conflito e lutam para 
resolvê-lo. (MARX, 1977, p. 302).
Não se pode julgar um indivíduo pelo que ele pensa de si mesmo. 
Não se pode julgar épocas históricas pela sua consciência. Deve-se 
explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito 
existente entre as forças produtivas sociais e as relações de produção. Uma 
organização social nunca desaparece antes que se desenvolvam todas as 
forças produtivas que ela é capaz de conter. Relações sociais de produção 
novas não surgirão antes que as condições materiais de existência destas 
relações se produzam e estejam desenvolvidas no seio da velha sociedade. 
(MARX, 1977, p. 302).
Os modos de produção asiático, antigo, feudal e burguês 
moderno podem ser classificados como épocas progressivas da formação 
econômica da sociedade. Envolvem forças produtivas e, por conseguinte, 
relações sociais de produção correspondentes a cada uma das épocas 
históricas. 
As relações de produção burguesas são a última forma 
contraditória do processo de produção social – contradição não individual 
– que nasce das condições de existência social dos indivíduos. No seio da 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
465
Sociologia Geral UAB/Unimontes
sociedade burguesa, as forças produtivas (antagônicas) se desenvolvem e 
criam ao mesmo tempo as condições materiais para solução deste 
antagonismo (MARX, 1977, p. 302).
Marx e Engels iniciam a primeira parte do manifesto comunista 
com a seguinte frase: “A história de todas as sociedades que existiram até 
os nossos dias é a história da luta de classes." (1987). Ainda que Marx 
concentrasse grande parte de sua atenção no capitalismo e na sociedade 
moderna, ele também examinou como as sociedades haviam se 
desenvolvido ao longo do curso da história. De acordo com Marx, os 
sistemas sociais fazem a transição de um modo de produção a outro – 
algumas vezes gradualmente e algumas vezes através da revolução – 
como resultado de contradições em suas economias. Os conflitos de 
classes proporcionam a motivação para o desenvolvimento histórico – eles 
são o "motor da história".
Na produção social de sua existência, os homens 
estabelecem relações determinadas necessárias, 
independentes da sua vontade, relações de produção que 
correspondem a um determinado grau de desenvolvimento 
das forças produtivas materiais. O conjunto 
destas relações de produção constitui a estrutura 
econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se 
eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual 
correspondem determinadas formas de consciência social. 
(MARX, 1983, p. 24).
O mundo concreto para Marx é a contradição, uma unidade de 
múltiplas determinações. Para se compreender a sociedade faz-se 
necessário entender as estruturas que determinam a ação humana. Como 
as formas de produção variam, as relações sociais também se alteram, 
configurando sociedades num estágio histórico determinado: sociedade 
antiga, sociedade feudal, sociedade burguesa... A cada uma delas 
corresponde um estágio particular de desenvolvimento na história da 
humanidade. 
A preocupação do autor é estabelecer o mecanismo geral de 
todas as transformações sociais, bem como da formação de relações 
sociais de produção que correspondem a um estágio definido do 
desenvolvimento das forças produtivas materiais, o desenvolvimento 
periódico de conflito entre as forças produtivas e as relações de produção, 
as épocas de revolução social em que as relações de produção se ajustam 
novamente ao nível das forças produtivas.
 Karl Marx analisa o homem enquanto um animal social, que cria 
e recria sua existência servindo-se da natureza e transformando-a pelo 
trabalho. Ao transformar a matéria-prima em produtos manufaturados 
e/ou industrializados, o homem desenvolve a cooperação e uma divisão 
social do trabalho; esta, aliada ao excedente, possibilita a troca. 
Inicialmente, tanto a produção quanto a troca tem apenas a finalidade de 
uso, ou seja, a manutenção do produtor e de sua comunidade. 
Do comunismo primivito ao 
comunismo.
Segundo Marx, a história 
da sociedade humana 
segue uma evolução 
balizada por cinco etapas 
importantes: a comunidade 
primitiva (não existe ainda 
a propriedade privada), o 
regime escravista (surge a 
dominação do homem 
sobre o homem), o regime 
feudal (o mais importante é 
a propriedade de terras e 
começam a ganhar vigor as 
forças produtivas), o 
capitalismo (propriedade 
privada dos meios de 
produção), o socialismo 
(socialização dos meios de 
produção) e, afinal, o 
comunismo) Fonte: 
LALLEMENT, 2003, p.119.
PARA REFLETIR
Modos de produção 
Primitivo Antigo Escravista Feudal Capitalista Socialista Comunista 
 
Quadro 3
O autor se ocupa das relações que os homens estabelecem entre 
si, resultante da especialização do trabalho (troca). Essas relações se 
tornam cada vez mais sofisticadas, até que a invenção do dinheiro, a 
produção de mercadorias e a troca permitam a acumulação de capital.
Ele destaca ainda que a dupla relação de trabalho-propriedade é 
progressivamente rompida na medida em que o homem afasta de sua 
relação primitiva com a natureza; tal relação assume a forma de uma 
progressiva separação entre o capital e o trabalho livre e as condiçõesobjetivas de sua realização/separação entre os meios e os objetos de 
trabalho, conseqüentemente, a separação entre o trabalhador e a terra 
como seu laboratório natural de trabalho.
 Essa separação se completa no capitalismo quando o 
trabalhador é reduzido a simples força de trabalho. Inversamente, a 
propriedade se reduz ao controle dos meios de produção inteiramente 
divorciados do trabalho, culminando na separação total entre o uso e a 
troca. 
Para Marx, o desenvolvimento econômico não pode ser visto 
simplesmente como um crescimento econômico e muito menos 
decompor-se numa variedade de fatores isolados (produtividade ou taxa 
de acumulação de capital), pois, segundo ele, as relações sociais de 
produção e as forças produtivas materiais não podem ser separadas. O 
exemplo que o autor dá é o estado de vários modos de produção pré-
capitalista. Entende que é errado conceber o materialismo histórico como 
uma interpretação econômica ou sociológica da história.
Em Marx é o conjunto das relações de produção, constituído pela 
estrutura econômica da sociedade, que representa a base concreta, a 
infraestrutura sobre a qual se constitui a superestrutura jurídica e política, 
que correspondem às formas de consciência social determinada. Para o 
autor, o modo de produção da vida material dos homens condiciona em 
geral todo o processo de vida social, política e intelectual.
O Materialismo histórico nos permite, pela primeira vez, estudar 
com precisão, as condições sociais da vida das massas e as modificações 
destAs condições. Na sua visão, o marxismo abriu caminho para o estudo 
global e universal do processo de gênese do desenvolvimento e de declínio 
das formações econômicas e sociais. O exame do conjunto das tendências 
contraditórias, reduzindo-as às condições de existência e de produção 
claramente determinadas, das diversas classes da sociedade, e assim 
afastando o subjetivismo ao considerar que somos nós os “artífices da 
história”. (LÊNIN, 1980)
2.4 DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO E CLASSES SOCIAIS
Na concepção de Marx, se o trabalho é condição de existência 
humana, a divisão do trabalho significou o surgimento da sociedade. 
Condicionado por suas necessidades, o homem desenvolveu 
466
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
 
 
 
INFRA-ESTRUTURA
 Relações Sociais de Produção + Forças 
 Produtivas
 
 
(Meios de Produção + Força de Trabalho
 
SUPER-
ESTRUTURA
 
Todas as formas 
de consciência 
social: Estado, leis, 
justiça, idéias e 
costumes.
 
467
Sociologia Geral UAB/Unimontes
determinadas atividades produtivas das quais emergiram relações sociais 
convergentes com os estágios históricos de desenvolvimento das forças 
produtivas e da divisão do trabalho. A mesma correspondência define 
todas as formas de idéias, de consciência, e de representações da vida 
social. 
Para Marx, o grau de desenvolvimento de uma sociedade somente 
pode ser percebido a partir do reconhecimento do grau de 
desenvolvimento atingido pelas forças produtivas, pela divisão do trabalho 
e pelas relações sociais moldadas em cada sociedade. Os homens são 
condicionados pelo desenvolvimento do modo de produção da vida 
material; conseqüentemente a formação das classes sociais em cada 
período histórico depende das relações sociais de produção. As relações 
sociais se desenvolvem na medida em que os homens procuram satisfazer 
suas necessidades materiais. 
Portanto, os homens são produtos das circunstâncias, pois criam e 
alteram suas bases de existência social, quando a ação humana pode 
alterar o conjunto das relações sociais. 
Nesse sentido, toda a história da humanidade deve partir da 
análise dos processos em que o homem transforma a natureza e ao mesmo 
tempo transforma a si mesmo. Não se trata apenas da existência física, 
mas da reprodução das suas condições de existência. 
Para Marx, o grau de desenvolvimento de uma sociedade somente 
pode ser percebido a partir do reconhecimento do grau de 
desenvolvimento atingido pelas forças produtivas, pela divisão do trabalho 
e pelas relações internas e externas que moldam suas estruturas. Os 
homens são condicionados pelo desenvolvimento determinado de suas 
forças produtivas materiais e pelas relações a elas correspondentes em 
todas as suas formas. A cada novo estágio de divisão do trabalho “alteram-
se as relações dos indivíduos entre si, no tocante às coisas, instrumentos e 
produtos de trabalho” (MARX e ENGELS, 1992, p. 47).
A divisão social do trabalho existe em todos os tipos de sociedade e 
tem origem nas diferenças da fisiologia humana, diferenças estas que são 
usadas para favorecer determinados fins, dependendo das relações sociais 
predominantes na sociedade concreta. Isto é o reconhecimento de que 
diferentes grupos sociais têm especificidades quanto a suas formas de 
garantir a sobrevivência. O que implica em diferentes tipos de relações 
sociais estabelecidas em diferentes ambientes de produção das 
necessidades humanas. Neste sentido Marx estabelece as formas pelas 
quais a humanidade impulsionou a especialização da produção e portanto 
a divisão do trabalho. 
Em A Ideologia Alemã (1992), Marx identificou as etapas da 
divisão social do trabalho, correspondendo às distintas formas de 
propriedade: os estágios do desenvolvimento da divisão do trabalho têm 
seus respectivos correspondentes com as formas de propriedade. A 
primeira delas é a propriedade da tribo, e a divisão do trabalho 
468
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
corresponde à extensão da divisão natural do trabalho. Na comunidade 
tribal, a divisão do trabalho se baseia primeiramente na diferença dos 
sexos, para em seguida tomar por base as diferenças das forças físicas 
entre os indivíduos de ambos os sexos. 
Esse tipo de propriedade era caracterizado por: estágio não 
desenvolvido da produção; as pessoas se alimentavam através da caça, da 
pesca e da criação de animais. A estrutura social baseia-se no 
desenvolvimento e na modificação do grupo de parentesco e na divisão 
interna do trabalho. Nesse modo de produção social, tudo que era 
produzido era de uso coletivo e as trocas entre as tribos e/ou bandos eram 
eqüitativas, ou seja, o que definia o valor de um produto era a necessidade 
de alguma pessoa. 
Com o avanço da sociedade e conseqüente aperfeiçoamento da 
produção, as pessoas começaram a produzir mais do que o necessário 
para sobreviver. A partir desse momento, as tribos e/ou bandos começaram 
a guerrear entre si para dominar o excedente da produção e os grupos 
vencedores transformavam os grupos vencidos em escravos. Em 
decorrência, surgem as classes sociais e a propriedade privada dos meios 
de produção. Essa nova realidade culmina com o surgimento da 
escravidão, que tem origem no aumento da população, incremento de 
relações externas, representadas pela guerra e pelo escambo. Ocorre 
também a separação do trabalho industrial e comercial do trabalho 
agrícola, bem como a distinção e a oposição entre a cidade e o campo.
A segunda forma de propriedade é a propriedade antiga, comunal 
e propriedade do Estado, resultado da associação de tribos em uma 
cidade, por contrato e por conquista. 
A divisão do trabalho já demonstra a separação entre cidade e 
campo, o desenvolvimento da propriedade privada e das relações de classe 
entre cidadãos, guerreiros, coletores de impostos, o clero, os escravos, os 
trabalhadores livres, etc. Nota-se que do princípio do desenvolvimento da 
propriedade privada surge, pela primeira vez, as relações que 
reencontraremos na propriedade privada moderna. 
Figura 6: Nas comunidades primitivas, as pessoas 
viviam em bandose tudo que era caçado ou 
coletado era apropriado por toda a comunidade.
Fonte: http://www.eb23-cmdt-conceicao-silva.rcts.pt/sev/hgp/3.recolectores.jpg
469
Assim, a divisão do trabalho desenvolve-se, não mais como na 
primeira divisão sexual e depois natural, em virtude das disposições 
naturais. Para Marx, a divisão do trabalho só se torna efetivamente divisão 
social do trabalho a partir do momento em que se opera uma divisão entre 
trabalho material e intelectual. 
A distribuição de tarefas entre os indivíduos ou grupos é produto 
da sociedade e expressa as condições históricas e sociais de acordo com a 
posição que cada um deles ocupa na estrutura social e nas relações de 
propriedade. “Igualmente, a divisão do trabalho e propriedade privada são 
expressões idênticas: enuncia-se, na primeira, em relação à atividade, 
aquilo que se anuncia e, na segunda, em relação ao produto da atividade.” 
(MARX e ENGELS, 1992, 57).
A terceira forma é a propriedade feudal ou por ordens. É 
caracterizada pelo trabalho servil, repousada sobre a classe dos 
camponeses avassalados, cuja estrutura da propriedade da terra 
reproduziu as estruturas sociais e de dominação da nobreza sobre os 
servos. As relações entre as classes no feudalismo reproduzem essa 
estrutura, acrescentando ainda o clero.
Nos últimos séculos da vigência da sociedade feudal na Europa 
ocorre o surgimento das cidades, dos burgos, as oficinas com a 
“organização feudal das profissões”, reproduzindo quase que nas mesmas 
condições aquelas desigualdades existentes no campo. Com a revolução 
comercial, o surgimento das manufaturas, a divisão entre o comércio e a 
indústria acontece na medida em que as cidades proporcionam o 
desenvolvimento das relações de troca e intercâmbio entre elas. (MARX e 
ENGELS, 1992, 47-48). 
Na Propriedade feudal ou por estamentos, o ponto de partida da 
organização social era a 
área rural e não a 
cidade. Nesse cenário, 
hav ia os senhor es 
f e u d a i s e s u a s 
propriedades de um 
lado, de outro, havia os 
servos, que constituíam 
a classe explorada. 
N e s s e m o d o d e 
produção social há o 
surgimento de uma 
divisão de trabalho 
paralela nas cidades, 
cuja forma básica de 
p r opr iedade e ra o 
trabalho privado dos 
indivíduos, as guildas 
Esta segunda forma de 
propriedade tem sua 
origem na formação das 
cidades pela união, por 
acordo ou conquistas de 
grupos tribais. Continua a 
existência da escravidão. A 
divisão social do trabalho já 
é bastante complexa entre 
a indústria e comércio 
exterior; entre homens 
livres e escravos. A 
sociedade romana, durante 
o império romano, 
representa o último estágio 
de desenvolvimento nessa 
fase de evolução.
DICAS
Fonte: http://www.rosanevolpatto.trd.br/incas.gif 
Figura 7: A divisão do trabalho na sociedade Inca. 
Sociologia Geral UAB/Unimontes
470
dos mestres e artesãos. Caracteriza-se ainda pelo surgimento do comércio. 
A divisão do trabalho era pouco desenvolvida no feudalismo, mas 
expressava-se principalmente na rígida separação dos vários “estamentos” 
(príncipes, nobres, clero e camponeses) na área rural, (mestres, oficiais, 
aprendizes e, eventualmente, a plebe de jornaleiros), nas cidades. Esse 
sistema baseava-se na grande extensão territorial e exigia unidades 
políticas relativamente grandes, no interesse da nobreza proprietária de 
terras e das cidades; as monarquias feudais, satisfazendo esta exigência, 
tornaram-se, assim, universais.
Marx destaca um elemento importante nesse período de transição 
do feudalismo para o capitalismo, pois diz respeito à propriedade privada 
do trabalho, em que o produtor detém o controle sobre o processo de 
produção das ferramentas e sobre o produto. Com o assalariamento, nas 
oficinas e na indústria, o trabalho passa a ser propriedade social; o 
produtor vende sua força de trabalho para o capitalista. Assim, o trabalho 
torna-se abstrato, fonte de criação de valor. Por fim, o trabalho abstrato é 
dirigido para a produção de mercadorias, tornando-se trabalho alienado.
A quarta forma de propriedade é a propriedade capitalista, 
quando a divisão do trabalho corresponde à divisão entre proprietários e 
não-proprietários dos meios de produção (ou do capital). As duas 
principais classes sociais que se formam são burguesia e proletariado. A 
primeira é detentora do capital, a segunda é proprietária da força de 
trabalho que é vendida como mercadoria no sistema capitalista. 
Esse modelo dicotômico não é suficiente para posicionar todos os 
indivíduos de uma sociedade capitalista, pois cada vez mais seu 
desenvolvimento levou a grandes modificações econômicas e políticas em 
inúmeras sociedades, ocasionando sub-divisões no interior das classes 
sociais, principalmente nas “classes médias”. 
Se analisarmos um trecho do livro O Capital, de Marx, podemos 
verificar estas questões: 
É sempre na relação direta dos proprietários das condições 
de produção com os produtores diretos – relação da qual 
cada forma sempre corresponde, naturalmente, a 
determinada fase do desenvolvimento dos métodos de 
trabalho, e portanto a sua força produtiva social – que 
encontramos o segredo mais íntimo, o fundamento oculto 
de toda a estrutura social e, por conseguinte, da forma 
política das relações de soberania e de dependência, em 
suma, de cada forma específica de Estado. Isso não impede 
Fonte: http://www.rosanevolpatto.trd.br/incas.gif 
Figura 8: Sociedade Inca. 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
471
Sociologia Geral UAB/Unimontes
que a mesma base econômica – a mesma quanto às 
condições principais – possa, devido a inúmeras 
circunstâncias empíricas distintas, condições naturais, 
relações raciais, influências históricas externas etc., exibir 
infinitas variações e graduações em sua manifestação, que 
só podem ser entendidas mediante análise dessas 
circunstâncias empiricamente dadas. (MARX, 1999, p. 
251-252). 
Num primeiro momento percebemos a definição que Marx faz das 
relações entre proprietários e não-proprietários dos meios de produção 
como determinantes da formação da estrutura social (e 
conseqüentemente das classes sociais). Mas ele aponta também que é 
possível encontrar complexidades em diferentes lugares e contextos, logo 
relações econômicas e políticas complexas podem gerar novas classes e 
frações de classes sociais em diferentes sociedades capitalistas.
Este sempre foi e ainda é um importante ponto de debate para o 
marxismo: a configuração das classes sociais em diferentes sociedades, 
em diferentes contextos políticos, sociais, culturais e econômicos.
A persistência da divisão do trabalho típica do capitalismo 
acontece por causa do domínio do capital sobre os produtores diretos. A 
divisão do trabalho é imposta aos indivíduos pela sociedade que eles 
mesmos criaram, pois no momento em que o trabalho é repartido cada um 
tem uma esfera de atividade exclusiva e determinada, que lhe é imposta e 
que não pode sair, devido às suas condições sociais de subsistência. 
Por outro lado, sua abolição somente ocorrerá com a abolição de 
todas as formas de propriedade privada. 
Uma vez abolida a base, a propriedade privada, e 
instaurada a regulamentação comunista da produção, que 
abole no homem o sentimento de estar diante de seu 
próprio produto como diante de uma coisa estranha, a 
força da relação da oferta e da procura é reduzida a zero e 
os homens retomam o seu poder, o intercâmbio, a 
produção, a sua modalidade de comportamento uns face 
aos outros. (MARX e ENGELS, 1992, p. 60).
Marx analisou todas as formas de propriedade como formas 
analíticasda evolução cronológica e na quarta com o surgimento do 
proletariado, diz que a exploração não mais ocorre na forma grosseira da 
apropriação de homens (como escravos ou servos), mas na apropriação do 
Fonte: VICENTINO; DORIGO. 2005.
Figura 9 
Faça uma análise do 
quadro destacando como 
se davam as relações de 
poder no feudalismo e 
como era a divisão social 
do trabalho.
ATIVIDADES
472
trabalho. Para o Capital, o trabalhador não é uma condição de produção, 
só o trabalho o é. Se este puder ser executado por máquinas, ou pela água 
ou ar, tudo bem. O capital se apropria não do trabalhador, mas de seu 
trabalho, e não diretamente, mas por meio de troca.
Na perspectiva de Marx, a sociedade burguesa, emergindo do 
feudalismo, constitui a quarta forma de propriedade. A afirmativa de que 
as formações asiática, antiga, feudal e burguesa representavam etapas de 
progresso não implica, portanto, qualquer visão unilinear e simplista da 
história, nem resulta na opinião primária de que toda a história é 
progresso. Ele apenas reconhece que cada um desses sistemas cada vez 
mais se afasta, em aspectos cruciais, da situação primitiva do homem.
O referido autor utilizou 03 fenômenos para explicar o 
desenvolvimento do capitalismo a partir do feudalismo: 1) uma estrutura 
social agrária que possibilite a libertação dos camponeses, num certo 
momento; 2) o desenvolvimento dos ofícios urbanos geradores da 
produção de mercadorias especializadas, independentes, não agrícola; 3) 
a acumulação de riqueza monetária derivada do comércio e da usura.
Em síntese, Marx destacou a progressão de estágios históricos, 
que começou com primitivas sociedades comunais de caçadores e 
coletores e passou através de antigos sistemas escravistas e sistemas 
feudais baseados na divisão entre proprietários de terra e servos. O 
aparecimento de mercadores e artesãos marcou o início de uma classe 
comercial ou capitalista que veio para substituir a nobreza proprietária de 
terras. Em concordância com essa concepção de história, Marx 
argumentou que, da mesma forma que os capitalistas tinham se unido 
para depor a ordem feudal, os capitalistas também seriam suplantados e 
uma nova ordem seria instalada, o socialismo.
Para Marx e Engels, a classe operária, engajada em sua luta 
contra a burguesia, era a força política que realizaria a destruição do 
capitalismo e uma transição para o socialismo. Pertencer a uma classe, 
porém, depende de conhecer sua própria condição e posição dentro do 
processo de produção, ampliando para uma identidade de interesses e daí 
Fonte: http://br.geocities.com/a_capitalismo_2.jpg
Figura 10: A partir da Revolução Industrial ocorre 
profundas mudanças nos cenários urbanos. 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
473
Sociologia Geral UAB/Unimontes
para a luta política, em partidos, sindicatos e movimentos sociais. Vejamos 
como essa discussão foi apresentada por Marx:
Na medida em que milhões de famílias camponesas vivem 
em condições econômicas que as separam umas das outras 
e opõem o seu modo de vida, os seus interesses e sua 
cultura aos das outras classes da sociedade, estes milhões 
constituem uma classe. Mas na medida em que existe entre 
os pequenos camponeses apenas uma ligação local e em 
que a similitude de seus interesses não cria entre eles 
comunidade alguma, ligação nacional alguma, nem 
organização política, nessa medida não constituem uma 
classe. (MARX, 1977, p. 277).
 Uma classe só pode agir com êxito se adquirir consciência de si 
mesma da maneira prevista pela definição de transformar-se de classe em 
si para classe para si e se, ao contrário, isso não se realizar, sua ação 
política fracassará.
Finalmente, pudemos perceber que a discussão de Marx sobre as 
classes sociais não é, pois, coisa ou idéia abstrata; as classes sociais se 
constroem, se fazem no cotidiano das experiências históricas, que 
acontecem nas atividades sociais, econômicas, políticas e culturais. 
Quando Marx fala, por exemplo, de “proletariado” e “burguesia”, esses 
termos têm para ele um sentido especifico e concreto conferido pela 
relação estrutural dessas duas classes dentro da sociedade capitalista.
2.5 A ANÁLISE DA SOCIEDADE CAPITALISTA 
Para Marx o ponto central na análise da sociedade moderna é a 
contradição. O conflito entre o proletariado e os capitalistas é o fato mais 
importante da sociedade moderna, o que revela a natureza essencial dessa 
sociedade, ao mesmo tempo em que permite prever o desenvolvimento 
histórico. Ele argumenta que é impossível separar o sociólogo do homem 
de ação, já que demonstrar o caráter antagônico do capitalismo leva 
irresistivelmente a anunciar a autodestruição do capitalismo e ao mesmo 
tempo incitar os homens a contribuir de alguma forma para a realização do 
destino já traçado (QUINTANEIRO; BARBOSA; GARDÊNIA, 2002).
Por que a crítica ao capitalismo? De acordo com Marx, o 
capitalismo é inerentemente um sistema desigual, no qual as relações de 
classe são caracterizadas pelo conflito/antagonismo. Ainda que os 
detentores do capital e os trabalhadores sejam dependentes um do outro – 
os capitalistas precisam de mão-de-obra e os trabalhadores precisam de 
salários –, a dependência é altamente desequilibrada. 
2.6 LUTA DE CLASSES, MERCADORIA E MAIS-VALIA
 
A relação entre classes é de exploração, uma vez que os 
trabalhadores têm pouco ou nenhum controle sobre seu trabalho (são 
474
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
alienados, separados), e os empregadores são capazes de gerar lucro ao se 
apropriarem do produto do trabalho dos operários. Isto é, o lucro 
capitalista é a mais-valia produzida pelo operário. 
Mas como se produz a mais-valia? Marx dá o seguinte exemplo: o 
trabalhador é contratado por 10 moedas para trabalhar em uma jornada 
de trabalho de 8 horas dia, mas ele produz mercadorias relativas a 20 
moedas diariamente, gerando um excedente de trabalho diário de 10 
moedas, que é a mais-valia. Quando somados milhares de trabalhadores 
temos uma imensa quantidade de mais-valia acumulada, gerando a 
profunda desigualdade econômica e social na sociedade capitalista.
A força de trabalho é a mercadoria que possui a propriedade única 
de ser capaz de criar valor, ingrediente essencial para a produção 
capitalista e criação do lucro.
O caráter contraditório do capitalismo se manifesta no fato de que 
o crescimento dos meios de produção, em vez de se traduzirem pela 
elevação do nível de vida dos trabalhadores, leva a um duplo processo de 
proletarização e pauperização. Marx vê o capitalismo como uma 
sociedade na qual a burguesia e o proletariado são classes sociais 
revolucionárias e antagônicas. A burguesia foi uma classe revolucionária 
porque fez a revolução que instaurou o capitalismo. O proletariado é 
revolucionário porque lutará para a destruição do regime capitalista.
Para ele, toda a história humana, não só a do capitalismo, é a 
história da luta de classes. O capitalismo define a classe em si a partir do 
critério objetivo, ou seja, a posição que ocupa na produção e classe para si 
a partir do critério subjetivo, que envolve identidade e/ou pertencimento a 
uma determinada classe, assim é uma classe política, na medida em que é 
conceituada como grupo de pessoas que se organizam politicamente para 
defender seus interesses (QUINTANEIRO; BARBOSA; GARDÊNIA, 2002).
Na perspectiva marxista a burguesia para afirmar-se como 
capitalista, precisa não só apropriar-se do produto do trabalho excedente 
(não pago/mais-valia), mas também reconhecer o produtor do trabalho 
excedente, a mais-valia, que aparece na sua consciência como lucro. Da 
mesma forma o proletário,para afirmar-se como tal, precisa não só de 
afirmar-se como produtor de mercadoria ou vendedor da força de 
trabalho, mas também reconhecer o proprietário dos meios de produção 
que se apropria do produto do trabalho não pago. Essas questões 
constituem-se em relações básicas de dependência, alienação e 
antagonismo, que fundam a existência e a consciência do proletariado e 
do capitalista (QUINTANEIRO; BARBOSA; GARDÊNIA, 2002).
Marx acreditava que o conflito de classes, em função dos recursos 
econômicos, tornar-se-ia mais agudo com o passar do tempo, e com isso a 
inevitável revolução dos trabalhadores, que poderia acabar com o sistema 
capitalista, capaz de introduzir uma nova sociedade na qual não haveria 
classes – nem divisões entre ricos e pobres. 
A sociedade não seria mais dividida entre uma pequena classe, 
Mais-valia: era definida por 
Marx com a diferença entre 
o valor necessário à 
sobrevivência do 
trabalhador e o excedente 
que produz e que é 
acumulado pelo capitalista. 
É a diferença entre o valor 
que ele produz e o valor da 
sua força de trabalho.
C
F
E
A
B
G
GLOSSÁRIO
Para Marx a força de 
trabalho humana era uma 
mercadoria como qualquer 
outra, a única 
especificidade é que esta 
produz valor.
PARA REFLETIR
475
Sociologia Geral UAB/Unimontes
que monopoliza o poder econômico e político e uma grande massa de 
pessoas que pouco se beneficia da riqueza que seu trabalho cria. O novo 
sistema econômico se encontraria sob a propriedade estatal e uma 
sociedade mais humana e democrática do que esta que conhecemos no 
presente seria estabelecida. Marx acreditava que, na sociedade do futuro, 
a produção seria mais avançada e eficiente do que a produção sob o 
capitalismo.
2.7 CONCEITOS DE ALIENAÇÃO E IDEOLOGIA 
Alienação para Marx é a ação pela qual (ou estado no qual) um 
indivíduo ou grupo social se tornam alheios, estranhos, separados, enfim 
alienados aos resultados ou produtos de sua própria atividade produtiva. 
Alienação para Marx, nasce da forma como a força de trabalho é utilizada 
no sistema de produção capitalista, pois é uma mercadoria, cuja existência 
está orientada para a posse privada e para o mercado. Submete-se o 
trabalhador às relações capitalistas de produção, onde a intensidade do 
trabalho, a criação e o destino das mercadorias se tornam coisa, levando a 
alienação ao não reconhecimento do mundo real e das reais possibilidades 
humanas. 
O núcleo explicativo desse processo é a categoria de mais-valia, 
pois revela uma relação determinada de alienação e antagonismo, na qual 
se encadeiam e opõem operário e capitalista. O trabalhador troca com o 
capital o seu próprio trabalho, aliena-o. O preço que recebe é o valor dessa 
alienação. 
A Alienação é sempre alienação de si próprio, sendo não apenas 
um conceito, mas também um apelo à modificação revolucionária do 
mundo (desalienação). Dessa forma, Marx questiona a possibilidade do 
conhecimento do mundo real. Nesse sentido, podemos associar o conceito 
de alienação ao de ideologia. 
As idéias de toda ordem derivam do substrato material da história, 
e no capitalismo não é diferente. Para Marx, o desenvolvimento das idéias 
era subordinado, dependente, e estava sistematizado na ideologia – 
compêndio das ilusões através das quais os homens pensavam sua própria 
realidade de maneira enviesada, deformada, fantasmagórica. A ideologia 
para Marx é a consciência falsa, equivocada, da realidade, não deliberada, 
mas necessária ao pensamento de determinada classe social, a burguesia, 
sob determinadas condições de sua posição e funções em relação às 
demais classes. 
Toda produção de idéias, representações e formas de consciência 
social resulta das relações sociais de produção capitalistas. A permanência 
da alienação e sua legitimação através da ideologia garantem a 
reprodução do modo capitalista de produção. 
O processo de produção capitalista, considerado como um 
todo articulado ou como processo de reprodução, produz 
476
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
por conseguinte não apenas a mercadoria, não apenas a 
mais-valia, mas produz e reproduz a própria relação 
capital, de um lado o capitalista, do outro o trabalhador 
assalariado. (MARX, 1977, p.161).
As idéias e representações são produções concretas de homens 
concretos, não dissociados da vida real, não existindo, portanto, 
autonomia da ordem moral, da política, da religião, e das leis, de uma 
sociedade qualquer. Os homens não agem sobre bases que não sejam os 
limites colocados pelo processo de desenvolvimento de suas forças 
produtivas e pelo processo 
vital de suas vidas.
Mas Marx pensou o 
fim da alienação, quando o 
homem deveria ultrapassar 
todos os obstáculos da 
sociedade, enquanto ser 
concreto, e romper todos os 
o b s t á c u l o s p a r a o 
desenvolvimento do seu ser. 
O proletariado, uma classe 
desprovida de direitos e de 
bens, ser ia capaz de 
subverter a estrutura da 
sociedade moderna, e 
buscar a supressão de 
qualquer tipo de alienação 
a t ravés da r evo lução 
proletária e socialista. 
Figura 11: Em Marx a alienação ocorre no processo 
de produção, pois a força de trabalho torna-se uma 
mercadoria, mais uma peça da engrenagem da 
maquinaria.
Fonte: http://bp3.blogger.com/_U9c-kWSRqX4/R7IcPBUDh6I/AAAAAAAABzw
/nkT4rOY4Q2A/s1600-h/trabalhador-engrenagens-~-IND022.jpg 
Figura 12: O homem alienado na sociedade 
capitalista não se reconhece no processo 
produtivo, na produção de mercadorias e 
de capital, como algo real.
Fonte: http://saladeaula.terapad.com/resources/2771/assets/images
/ /alienação.jpg
477
Sociologia Geral UAB/Unimontes
É preciso que a massa da humanidade que se encontra privada de 
propriedade e se ache em contradição com um mundo da riqueza e da 
cultura existente, faça a revolução contra o poder estabelecido.
Uma vez abolida a base, a propriedade privada, e 
instaurada a regulamentação comunista da produção, que 
abole no homem o sentimento de estar diante de seu 
próprio produto como diante de uma coisa estranha, a 
força da relação da oferta e da procura é reduzida a zero e 
os homens retomam o seu poder, o intercâmbio, a 
produção, a sua modalidade de comportamento uns face 
aos outros. (MARX e ENGELS, 1992, p. 60).
Os homens estão determinados em toda produção de idéias, das 
representações e da consciência à produção da vida material. “Os homens 
são condicionados pelo desenvolvimento determinado de suas forças 
produtivas e das relações a elas correspondentes, incluindo-se as mais 
amplas formas que estas possam tomar. A consciência jamais pode ser 
outra coisa que o Ser consciente e o Ser consciente é o seu processo real da 
vida”. (MARX; ENGELS, 1992, p. 50). 
2.8 ATUALIDADES DO MARXISMO 
O trabalho de Marx teve um efeito de longo alcance no mundo do 
século XX. Até recentemente, mais de um terço da população mundial 
vivia em sociedades socialistas importantes no mundo como a União So-
viética e os vários países da Europa Oriental, cujos governos afirmavam 
tinham inspiração das idéias de Marx. 
A análise da sociedade capitalista empreendida por Marx e Engels 
levou a observação empírica dos fenômenos econômicos, dirigidos 
principalmente para o entendimento do conjunto das relações sociais de 
produção, para daí estabelecer o elo entre as estruturas sociais, políticas e 
ideológicas da sociedade capitalista. 
A perspectiva teórica marxista encontrou ao longo da história 
inúmeros adeptos, como também fundamentou os partidos marxistas 
entre os operários, além de possibilitar aos intelectuais realizarem uma 
críticada realidade e também influenciar suas atividades cientificas de um 
modo geral e, especificamente, a área das ciências humanas.
Sua contribuição teórica ultrapassa a dimensão apenas da 
ciência, constituindo uma verdadeira ética humanista, que conclama a 
justiça e a igualdade dos homens. O autor consegue com sua obra 
estabelecer relações profundas entre a realidade e a filosofia, a realidade e 
a ciência.
Ao se adotar a proposta teórica marxista, deve-se então abarcar 
além da simples aceitação do ideário comunista de uma sociedade sem 
classe e sem propriedade privada, a necessidade de seguir seus 
pressupostos teóricos, exercendo a crítica veemente do momento histórico 
em que se vive e buscar por meio dessa crítica uma posição ideológica e 
política coerente. 
Assista ao filme Tempos 
Modernos, dirigido por 
Charles Chaplin, e discuta 
com os colegas a inserção 
do trabalhador no mundo 
do trabalho na atualidade. 
(Ver sinopse ao final desta 
Unidade)
DICAS
478
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
REFERÊNCIAS
ARON, Raymond. O Marxismo de Marx. São Paulo: Arx, 2005.
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São 
Paulo: Moderna, 1997.
COSTA, Lúcio Flávio F. “A divisão do trabalho na perspectiva da 
Sociologia clássica”. Cadernos de Pedagogia. Unimontes,Departamento 
de Pedagogia, n° 02, ano 02, dez./96, p. 15-24. 
ELSTER, Jon. Marx Hoje. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
GIDDENS, Anthony. Capitalismo e moderna teoria social – Uma análise 
das obras de Marx, Durkheim e Max Weber. Lisboa: Editorial Presença, 
1994.
IANNI, Octávio (org.). Marx. São Paulo: Ática,1992. (Coleção Grandes 
Cientistas Sociais).
Sociologia Geral UAB/Unimontes
479
LALLEMENT, Michel. História das idéias sociológicas: das origens a Max 
Weber. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p.119.
LENIN, Vladimir I. O que é o marxismo? Porto Alegre: Movimento, 1980.
MARX, Karl. “Prefácio à contribuição à crítica da economia política”. In: 
MARX, K. e ENGELS, F. Obras escolhidas. São Paulo: Alfa-Omega, 1977. 
MARX, Karl. Para a Crítica da Economia Política do Capital. Tradução de 
Edgard Malagodi. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Coleção Os 
Pensadores)
MARX, Karl; ENGELS, F. A ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 
1992.
________. O manifesto do partido comunista. Moscou: Edições 
Progresso, 1987. (várias outras edições).
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, 
Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos – Marx, Durkheim e Weber. 
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. (Coleção Aprender)
VICENTINO, C.; DORIGO, G. História. São Paulo: Scipione, 2005
VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE
GERMINAL.
A cena tem lugar no norte da França, enquanto ocorre uma greve 
provocada pela redução dos salários. Além dos aspectos técnicos, da 
extração mineral e as condições de vida dos trabalhadores mineiros, Zola 
também descreve as condições de vida e o princípio das organizações 
política e sindical da classe operária.
TEMPOS MODERNOS 
O filme conta a história de um operário e uma jovem. O operário é 
empregado em uma grande fábrica e desempenha um trabalho repetitivo 
de apertar parafusos. De tanto realizar essa tarefa, o operário tem 
problemas de stress e estafa.
480
3UNIDADE 3A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM
A unidade III desse caderno aborda a contribuição teórica de 
Émile Durkheim para a formação da Sociologia clássica. Como um dos 
fundadores da Sociologia, apresentaremos e discutiremos as principais 
noções, conceitos e análises desenvolvidas por Durkheim. 
Terá destaque o contexto de produção intelectual do autor, bem 
como seu campo de diálogo e suas heranças teórico-metodológicas. 
Trataremos do objeto da Sociologia de Durkheim, buscando compreender 
como sua construção se associa com a consolidação da Sociologia como 
ciência. Isto é, seu despojar-se da filosofia, o diálogo com o organicismo e o 
positivismo, e a afirmação como campo científico.
Para entendermos a abordagem sociológica de Durkheim, 
discutiremos o conceito de Fatos Sociais. Também sua proposição 
metodológica central, de tratar os Fatos Sociais como Coisa. No entremeio 
objeto e método, apresentaremos alguns conceitos e noções desenvolvidas 
pelo autor, que são fundamentais para a compreensão do campo analítico 
construído por ele. 
Esta unidade está dividida da seguinte forma:
3.1 Vida e obra do autor
3.2 Diálogo com o positivismo
3.3 Instituições Sociais
3.4 Patologia Social
3.5 Fatos Sociais
3.6 Mudança Social
3.7 Socialização e Educação
3.8 Divisão do Trabalho Social
3.9 Tipos de Solidariedade Social
3.10 Considerações sobre o método: a objetividade dos fatos 
sociais
3.1 VIDA E OBRA DO AUTOR
Nascido na Alsácia, região leste da 
França, Émile Durkheim (1858-1917) foi 
um dos fundadores do pensamento 
sociológico clássico. Influenciado pelo 
pensamento social positivista, desenvolvido 
por Auguste Comte (1798-1857). 
Principais obras: Da Divisão do Trabalho 
Social; As Regras do Método Sociológico; 
As Formas Elementares de Vida Religiosa; 
Fonte: http://www.duplipensar.net/ images/
literatura/ durkheim1.jpg
Figura 13: Émile Durkheim
Sociologia Geral UAB/Unimontes
481
Educação e Sociedade; Sociologia e Filosofia; Lições de Sociologia.
Renato Ortiz (1989) afirma que os cursos oferecidos por 
Durkheim, durante o período em que lecionou em Bordeaux, serviram 
como ensaios que permitiram a ele desenvolver suas idéias. Haveria, 
assim, uma “lógica seqüencial nas primeiras publicações”:
A Divisão do Trabalho Social (1893) estabelece o objeto da 
Sociologia As Regras do Método Sociológico (1895) lança 
as bases de uma metodologia específica da nova ciência; O 
Suicídio (1895) aplica o método a um terreno considerado 
até então como pertencente à psicologia. Quando L'Année 
Sociologique é criada, em 1898, o pensamento 
durkheimiano encontra-se definido; trata-se agora de 
consolidar e expandir um conhecimento através de uma 
equipe de pesquisadores especializados no estudo de 
diferentes ramos da sociedade. (ORTIZ, 1989, p. 06). 
Deve-se a Durkheim a institucionalização da Sociologia como 
disciplina acadêmica, com definição rigorosa de teoria e de método. Para 
ele,
a Sociedade é a finalidade eminente de toda atividade 
moral. De onde resulta: a) ao mesmo tempo em que 
ultrapassa as consciências individuais, lhes é imanente; b) 
tem todas as características de uma individualidade moral 
que impõe respeito. A Sociedade é um fim transcendente 
para as consciências individuais. 
A civilização resulta da cooperação dos homens associados 
durante sucessivas gerações; é, pois, uma obra 
essencialmente social. É a sociedade quem a faz, quem 
cuida dela e quem a transmite aos indivíduos. (DURKHEIM, 
1994, p. 82-83).
 De acordo com essa perspectiva, seria possível compreender as 
sociedades, a partir da identificação e análise de suas leis gerais de funcionamento. 
“O social é, portanto, passível de uma leitura que possa dele retirar determinadas 
regularidades (leis) a serem estudadas por uma ciência particular.” (ORTIZ, 1989, 
p. 10).
3.2 DIÁLOGO COM O POSITIVISMO
Os positivistas reconheciam que a natureza dos processos 
do mundo físico e do mundo social era diferente em sua essência. 
Entretanto, assim como a física estabeleceu as leis da mecânica, a ciência 
social deveria estabelecer as leis de funcionamento do mundo social. 
Dessa maneira, Auguste Comte construiu um pensamento fundado na 
noção de Física Social. Esta noção se constituirá como um embrião da 
Sociologia funcional-positivista de Durkheim.
Além disso, a sociedade moderna era vista pelo positivismo comouma espécie de organismo, constituído por partes que cumprem funções 
específicas que, integradas mutuamente, asseguravam o funcionamento 
harmônico do corpo social.
Herdando de Comte a idéia de que as sociedades modernas 
funcionam a partir de determinadas regras que orientam o modo de 
 
1858
 
Nasce David Émile Durkheim
 
1879 a 
1882
 
Cursa a École Normale Supérieur
 
1887 a 
1902 
 
Leciona Pedagogia e Ciência Social em Boudeaux
 
Publica artigos na Revue Philosophique
 
1889
 
Publica Elementos de Sociologia
 
1893
 
Publica Da Divisão do Trabalho Social
 
1895
 
Publica As Regras do Método Sociológico
 
1896
 
Publica A Proibição do Incesto e suas Origens
 
Edita a revista L’ Année Sociologique
 
1897
 
Publica O Suicídio
 
1898
 
Publica O Individualismo e os Intelectuais
 
1900 a 
1912
 Leciona na Sorbonne
 
1902
 
Publica,
 
em parceria com Marcel Mauss, Algumas Formas Primitivas 
de Classificação
 
1906
 
Publica A Determinação do Fato Moral
 
1910 Cria a cátedra de Sociologia na Sorbonne 
1912 Publica As Formas Elementares de Vida Religiosa 
1917 Morre David Émile Durkheim 
Quadro 4 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
482
pensar, agir e sentir dos indivíduos que as compõem é que Durkheim 
iniciará seus estudos sociológicos. Deriva dessa perspectiva, o conceito de 
Fato Social, que Durkheim desenvolverá. (Veremos isso adiante, em item 
especifico).
Da ordem ou harmonia se garantiria a saúde do corpo social, e 
com isso, o seu progresso. Então, caberia a todos o cuidado com o bom 
funcionamento das partes que compõem a sociedade, em outras palavras, 
as instituições sociais.
A Sociologia deveria se consolidar como ciência e, com rigor 
teórico-metodológico, fornecer as informações, realizar os estudos sobre a 
maneira como as sociedades funcionam. (Confira no Glossário da I 
Unidade o termo Funcionalismo). Assim, ela daria respostas às questões, 
tais como: quais são os organismos sociais em diferentes tipos de 
sociedades, como se interagem, como produzem e imprimem as maneiras 
de pensar e agir dos indivíduos?
Nesse sentido, a família, a escola, a religião/igreja teriam funções 
fundamentais para garantir a socialização e a integração dos indivíduos na 
vida em sociedade. Os estudos sobre religião se encontram na obra As 
Formas Elementares de Vida Religiosa, publicada em 1912. Nessa 
abordagem, Durkheim procura situar a questão das religiões primitivas, 
como elemento analítico de sua Sociologia do conhecimento humano.
Não obstante, de maneira geral, Durkheim construirá uma 
abordagem teórica e metodológica que tem como foco a perspectiva de 
que as sociedades modernas e/ou não modernas, isto é, tanto a Europa 
industrial quanto sociedades indígenas das Américas se estruturam, a 
partir do ordenamento funcional entre instituições. Os indivíduos que 
participam dessas sociedades, ao longo do seu ciclo de vida, têm suas 
práticas, pensamentos e sentimentos moldados coercitivamente pelas 
instituições. O conceito de Fato Social, que estudaremos detalhadamente 
nessa unidade, permitirá entendermos essa proposta analítica de Émile 
Durkheim.
Todos os pensadores fundamentais da Sociologia clássica tiveram 
como preocupação central a análise e entendimento das transformações 
que ocorriam na Europa dos séculos XVIII e XIX. Ou seja, a 
industrialização como eixo do processo produtivo e a as cidades 
consolidadas como espaço de organização da vida social.
Esse cenário que se torna visível a todos, principalmente a partir da 
segunda metade do século XIX, e suas conseqüências, em termos de re-
arranjos econômicos, sociais e culturais, esteve na base da análise 
sociológica de Émile Durkheim.
Como já vimos anteriormente, influenciado pela perspectiva 
positivista, Durkheim procurará entender a complexidade da Europa 
moderna, propondo uma Sociologia que concentra os esforços analíticos 
na tentativa de responder questões relativas às regras de funcionamento 
das sociedades.
Organicismo: em 
Sociologia, quer dizer que 
existe uma doutrina que 
assimila a sociedade aos 
seres vivos e tende a aplicar 
aos fatos sociais as leis e 
teorias biológicas.
C
F
E
A
B
G
GLOSSÁRIO
Sociologia Geral UAB/Unimontes
483
Nesse sentido, é importante perguntar o que é uma sociedade? 
Durkheim afirmou que a sociedade deve ser compreendida como um 
corpo social. Para a Biologia, o corpo humano é produto de uma complexa 
relação entre órgãos e tecidos, que cumprem funções específicas e 
mutuamente dependentes. Não adianta o coração cumprir bem sua 
função de bombeamento do sangue, se o pulmão estiver comprometido, 
doente. Certamente, o corpo como um todo padecerá.
Tomando de empréstimo esse raciocínio e também a noção 
positivista de que as sociedades são regidas por determinadas lógicas que 
podem ser compreendidas pelo pensador social, Durkheim desenvolverá a 
idéia herdada de corpo social.
Mas de que maneira? 
O corpo social é composto por um conjunto de órgãos ou 
organismos sociais. Durkheim herda essa noção do organicismo. Para ele, 
as instituições sociais seriam esses organismos, que teriam funções 
específicas. Portanto, ao sociólogo caberia a missão de identificar as 
instituições sociais presentes em variadas sociedades e, principalmente, 
quais as suas funções. Isto é, qual a razão de sua existência? Qual a sua 
serventia? Quais as suas atribuições?
3.3 INSTITUIÇÕES SOCIAIS
De onde vêm as instituições? Como elas emergem? As instituições 
sociais não são naturais. Elas não são criações divinas. Ao contrário, as 
instituições são criações da vida em sociedade ao longo da história 
humana.
As instituições sociais expressam as representações de que as 
sociedades têm e constroem sobre si mesmas, sobre seus membros, e 
sobre as coisas com as quais se estabelecem relações. Durkheim 
desenvolveu o conceito de Representação Social, que estudaremos mais 
adiante, para dar conta dessa análise.
N e s s e s e n t i d o , a s 
instituições sociais, ao serem 
guardiãs das representações 
sociais, cumprem a função de 
organizar as práticas, pensamentos 
e sentidos da vida dos indivíduos em 
sociedade.
Quando se fa la em 
instituições sociais, Durkheim está 
se referindo às estruturas sociais 
que têm dimensão material e 
também simbólica. A família, a 
escola, o governo, a polícia são 
alguns exemplos de instituições 
Fonte: http://www.institutover.org.br/imagens/pessoas.jpg 
Figura 14: Os grupos sociais são 
organizações da vida social e coletiva.
As formas de agir, de 
pensar e de sentir são fatos 
sociais para Durkheim. 
Têm uma vida própria, são 
coercitivos e por isto se 
impõem a todos, de 
geração em geração os 
costumes são repassados. 
PARA REFLETIR
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
484
sociais.
Sociedades não modernas, como as indígenas, por exemplo, são 
também compostas por instituições sociais. Assim, cabe ao sociólogo, 
identificá-las, caracterizá-las e entender suas atribuições para o 
funcionamento do corpo social.
Em suma, as instituições sociais podem ser entendidas como um 
conjunto de regras e procedimentos socialmente definidos e aceitos pela 
sociedade. Assim, as instituições sociais objetivam manter a organização 
do corpo social. 
Ao estudar as instituições sociais, sua configuração e funções, 
Durkheim desenvolverá a noção de Morfologia Social. Ao identificá-la, o 
sociólogo poderia empreender uma de suas principais tarefas, a 
comparação entre as diversas sociedades.
Influenciadopela leitura positivista que classificava as sociedades 
de acordo com a complexidade das formas de organização do corpo 
social, Durkheim considerava que todas as sociedades teriam sido 
derivadas da Horda. A horda seria “a forma social mais simples, 
igualitária, reduzida a um único segmento em que os indivíduos se 
assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais.” 
(COSTA, 2005, p. 87).
3.4 PATOLOGIA SOCIAL
As instituições sociais cumprem as funções que lhe são atribuídas 
por intermédio do consenso social ao longo da história de cada sociedade. 
Quando assim se encontram as dinâmicas institucionais, estamos diante 
Figura 15: Exemplo simplificado de Morfologia Social
Sociologia Geral UAB/Unimontes
485
de um corpo social saudável. O contrário, seria considerado patologia 
social.
O estado patológico se refere a situações “fora dos limites 
permitidos pela ordem social e pela moral vigente.” (COSTA, 2005, p. 86). 
Os limites do permitido são construções sociais. As instituições sociais são, 
em última instância, as responsáveis pela ordem, e por conseqüência da 
saúde do corpo social. 
Como já conhecemos a visão geral que Durkheim tinha da 
importância da Sociologia para o estudo das sociedades, da sua herança 
positivista, vamos, adiante, analisar o conceito de Fato Social. Tal conceito 
está no cerne do pensamento de Durkheim. Com ele, será possível definir, 
claramente, o objeto de estudo da Sociologia durkheimiana. É na obra 
intitulada As Regras do Método Sociológico, de 1895, que Durkheim 
tratará, rigorosamente, de seu campo de estudo e da reflexão sobre o 
como fazer, isto é, dos procedimentos metodológicos para a pesquisa em 
Sociologia, ou de como tratar os fatos sociais.
3.5 FATOS SOCIAIS
Os Fatos Sociais constituem o objeto da Sociologia de Durkheim. 
O primeiro capítulo de As Regras do Método Sociológico é denominado 
por ele de “O que é um fato social?”. Ele o definirá da seguinte forma:
É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível 
de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou 
ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de 
uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma 
existência própria, independente de suas manifestações 
individuais. (DURKHEIM, 1995, p. 13).
Com essa definição, Durkheim estabelecia o que deveria ser o foco 
da análise sociológica, procurando diferenciá-la das ciências da natureza, 
bem como da psicologia e da filosofia. 
Os fatos sociais são maneiras de pensar, agir e sentir que possuem 
o atributo de generalidade, exterioridade e coercitividade sobre os 
indivíduos em determinada sociedade.
Assim, ficava claro que as ações dos indivíduos são orientadas ou 
constrangidas por estruturas sociais, que ao nascer herdamos, 
independentemente de nossas vontades. É essa característica que faz com 
que os fatos sociais sejam exteriores aos indivíduos. Em outras palavras, 
eles pré-existem. São construções coletivas, que agem sobre os indivíduos. 
O caráter de coerção significa que os fatos sociais se impõem aos 
indivíduos, conformam suas ações e pensamentos. Para Costa, “a força 
coercitiva dos fatos sociais se torna evidente pelas 'sanções legais' ou 
'espontâneas' a que o indivíduo está sujeito quando tenta rebelar-se contra 
ela.” (COSTA, 2005, p. 81).
Os fatos sociais são formados pelas representações sociais. Isto é, 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
486
pelas maneiras de “como a sociedade vê a si mesma e ao mundo que a 
rodeia”. (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2002, p. 18). Essas 
“formas de atuar e de pensar não são obra do indivíduo [...] emanam de 
um poder moral que o sobrepuja [...]” (DURKHEIM, 1994, p. 42).
Com essa definição do objeto de análise, Durkheim constrói o 
campo de investigação científica da Sociologia, separando-o claramente 
das abordagens filosófica e psicológica. Ortiz (1989) definiu Durkheim 
como o arquiteto fundador da Sociologia.
Os indivíduos não são portadores de uma ação que, em si mesma, 
encontra as razões do agir, do pensar e do sentir. Durkheim sugere uma 
abordagem sociológica que assuma o pressuposto de que a fonte 
explicativa da sociedade se encontra em estruturas coletivas, que 
conformam a vida individual. Os fatos sociais superam os “espíritos 
individuais, exatamente do mesmo modo como o todo supera as partes”. 
(DURKHEIM, 1994, p. 43).
Ortiz (1989) afirmou que em O Suicídio, de 1897, Durkheim 
aplicou com rigor seu método, num campo analítico até então tido como 
da Psicologia. 
Nessa obra, ele demonstrou que uma atividade humana que seria, 
aparentemente, feito puro da consciência individual, isto é uma decisão 
eminentemente individual, é, na verdade, produto social. Em outras 
palavras, as causas do suicídio “são de natureza sociológica e não 
individual”.
 Durkheim procurou elaborar uma tipologia dos suicídios. Os 
suicídios egoísta, altruísta e anômico. O primeiro tipo estaria associado à 
desagregação social, à fragilização de vínculos morais, familiares, que 
levariam o indivíduo aos estados de melancolia, desamparo, depressão. O 
segundo teria por base a idéia de dever cumprido. O terceiro derivaria de 
um estado de ausência de regras e normas. Em todos os casos, ato suicida 
seria conseqüência do ordenamento social. Portanto, objeto de análise da 
Sociologia.
3.6 MUDANÇA SOCIAL
Os fatos sociais são maneiras de pensar, agir e sentir, que 
extrapolam as consciências individuais, constituindo uma consciência 
coletiva, que exerce sobre aquelas uma coerção exterior.
A exposição feita sobre os Fatos Sociais pode levar você, leitor, à 
impressão de que os indivíduos se encontram impotentes diante da força 
conformadora destes. No entanto, as regras, costumes, normas, leis, etc. 
mudam; as sociedades também mudam. O que somos hoje é bastante 
diferente do que éramos no século XIX, ou mesmo na primeira metade do 
século XX, ou talvez vinte anos atrás.
As instituições sociais, erigidas para tornar fato aquilo que as 
sociedades compreendem e definem, ao longo da história, como o seu 
Sociologia Geral UAB/Unimontes
487
ordenamento comportamental (agir, pensar, sentir) são submetidas, 
cotidianamente, aos tensionamentos advindos da relação entre os 
“espíritos” dos indivíduos e as representações sociais.
Durkheim reconhece o comportamento inovador, a gênese das 
instituições sociais. Porém, “essa ação transformadora é tanto mais difícil 
quanto maior o peso ou a centralidade que a regra, a crença ou a prática 
social que se quer modificar possuem na sociedade.” (QUINTANEIRO; 
BARBOSA; OLIVEIRA, 2002, p. 21).
A Sociologia de Durkheim foi bastante criticada por ser uma 
abordagem que privilegia o comportamento funcional das instituições 
sociais e a relação entre esse e as possibilidades de coesão e harmonia 
social. Ou ainda, os riscos que transformações nas regras, normas e leis 
que regem a vida em sociedade podem causar para a saúde social.
Porém, como vimos, embora a ênfase na mudança social não seja 
o motor analítico de Durkheim, e os conflitos expressassem patologias 
sociais, não é possível dizer que sua abordagem não forneça elementos 
para pensar como as sociedades se transformam.
Não devemos esquecer que a segunda metade do século XIX e as 
duas primeiras décadas do século XX foram momentos de intensas 
transformações na Europa. As Regras do Método Sociológico, obra 
seminal do pensamento de Durkheim foi escrita em 1895, quando já se 
vivenciava intensamente na Inglaterra e, também na França, a 
consolidação de grandes centros urbanos e industriais. Mais ainda, 
ocorreria entre 1914 e 1918 a primeira grande Guerra Mundial. E em 1917 
a insurreição comunistana Rússia. 
Imerso num ambiente de grandes conflitos e de mudanças 
estruturais com vistas à consolidação do capitalismo industrial na Europa, 
Durkheim viverá a perturbação analítica de responder à indagação: o que 
rege a organização das sociedades? Quais as lógicas e dinâmicas de seu 
funcionamento? O que faz com que se tenha coesão social e processo 
harmônicos? O que leva à patologia e à desagregação social ou à anomia? 
Ou qual é a ordem régia da mudança com coesão social?
Vejamos que não são questionamentos simples. São, antes, 
inquietações profundas para um pensador como Durkheim. 
Para os nossos propósitos atuais, podemos conceber coesão social 
como o laço que permite aos indivíduos se interconectarem e formarem 
um grupo social ou uma sociedade. Por anomia, podemos compreender 
um estado de desagregação social, de tal intensidade, que reinaria a falta 
ou inexistência de normas e regras condutoras da vida em sociedade. 
O processo anômico se verificaria em três situações: a) crises 
industriais e comerciais; b) conflito entre capital e trabalho, desarmonia 
entre patrões e empregados; c) especialização extrema no interior da 
ciência. (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2002).
Mas retomemos então a indagação feita anteriormente. Como 
Durkheim entende a mudança social?
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
488
As condutas individuais são conformadas pelas maneiras de 
pensar, agir e sentir que são suscetíveis de exercer coerção exterior; em 
outras palavras a ação individual é constrangida pelos Fatos Sociais, a 
mudança social reside na transformação destes. Se as instituições sociais 
regem a vida em sociedade, é também aí o foco da perspectiva de análise 
da mudança.
Os Fatos Sociais que se expressam nas regras, normas, leis, 
acordos tácitos, tradições, costumes, ritos, expectativas de 
comportamento, etc. estão profundamente arraigados à prática 
institucional. A família, a escola, as leis/códigos do direito, o estado, dentre 
outras instituições, portam e são os guardiões das regras de 
funcionamento da vida social.
Portanto, a mudança social só se efetiva a partir de mudanças nos 
fatos sociais, nas instituições sociais. É, então, produto da relação entre os 
indivíduos e as instituições sociais. De um lado, deriva do tensionamento, 
da coerção exercida pelos fatos sociais, por intermédio das instituições 
sociais e, de outro, dos “espíritos” ou consciências individuais. São 
mudanças que, para se consolidarem como tal, demandam tempo na 
história.
Essa abordagem de Durkheim faz com que observemos nele 
muito mais um teórico do funcionamento social, no sentido da coesão 
social, do que propriamente um teórico da mudança social. Vem, 
principalmente, dessa perspectiva, a crítica de que Durkheim é um 
pensador conservador.
Como Durkheim analisaria as transformações decorrentes das 
insurreições revolucionárias? O êxito de mudanças profundas ou radicais 
na estrutura das relações sociais estaria ancorado à capacidade de tais 
processos de imprimirem alterações nas maneiras de pensar, agir e sentir 
que exercem coerção sobre os indivíduos. Isto é, transformações no 
conteúdo funcional das instituições sociais.
Dessa maneira, Durkheim acreditava que as revoluções eram 
muito mais suscetíveis de produzir patologias sociais e anomia; a 
desagregação social. 
Durkheim via no socialismo “apenas indicadores de um mal-estar 
social expresso em símbolos”. Ele rejeitava “as soluções para os problemas 
sociais propostas pelos grupos que se qualificavam socialistas”. 
(QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2002, p. 45). Para ele, essa 
abordagem concentrava nos aspectos econômicos da vida, inobservando 
sua dimensão moral.
A mudança social estaria associada à noção de progresso. As 
sociedades evoluem, progridem e se complexificam. Não havia dúvida 
para Durkheim de que a Europa industrial da segunda metade do século 
XIX era profundamente distinta da Europa medieval. As relações 
mercantis, os processo produtivos, o campo normativo do direito, o Estado 
foram drasticamente mudados. Todavia, foram processos que levaram 
Anomia: e 
tem origem grega 
a+nomos, (a = 
ausência + nomos = lei, 
norma).
timologicamente
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
Sociologia Geral UAB/Unimontes
489
séculos para se consolidarem nas instituições sociais.
O ordenamento funcional “saudável”, ou seja, não patológico da 
sociedade garantiria a coesão social, condição indispensável para o 
progresso. A socialização dos indivíduos, realizada principalmente pelas 
instituições família e escola é parte essencial desse processo.
E o que significa socialização?
3.7 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO
Já vimos que, quando nascemos herdamos todo um complexo 
institucional, de representações sociais. Somos iniciados pela família e 
depois pela escola ao processo educacional. O que é educar? 
Durkheim escreve importantes textos sobre essa questão, reunidos 
e publicados no Brasil sob o título de Educação e Sociologia, em 1955. 
Para ele, a educação é
a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre aquelas não 
ainda amadurecidas para a vida social. Tem por objeto 
suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados 
físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade 
política no seu conjunto, e pelo meio especial a que a 
criança particularmente se destina. A educação é a 
socialização da criança. (DURKHEIM, 1955, p. 06).
Pois bem! Devemos perguntar qual a relação entre educação e o 
objeto de estudo ou a abordagem de Durkheim? Afinal é disso que estamos 
tratando nessa parte da Unidade III, deste Caderno.
Se educar é socializar, e se socializar significa inculcar nos 
indivíduos aquilo que se espera, pela sociedade em geral e pelo seu meio 
de convívio mais direto, em termos de comportamento físico, intelectual e 
moral, Durkheim está propondo uma dimensão do processo social 
fundamental para a análise sociológica da vida em sociedade. Mais ainda, 
um elemento interpretativo essencial para o entendimento do 
funcionamento das relações sociais.
Ah! Então uma Sociologia da socialização ou da educação é parte 
fundante do pensamento de Durkheim? Exatamente! Durante os 
primeiros anos de sua vida acadêmica, Durkheim lecionou a cadeira de 
Ciência da Educação na Sorbonne. E lá ele dizia com muita clareza “a 
educação é um fenômeno eminentemente social”.
Não se trata, aqui, de adentrarmos na Sociologia da educação de 
Durkheim. Isso vocês estudarão em disciplina específica durante a 
Licenciatura em Pedagogia.
Interessa-nos compreender que a análise do processo de 
socialização dos indivíduos é que permitiu a Durkheim, dentre outras 
coisas, estabelecer interconexões interpretativas entre os conceitos de 
Representações Sociais, Instituições Sociais e Consciência Individual.
Embora o funcionamento das sociedades seja capturado por meio 
da análise de suas instituições sociais, de sua morfologia e fisiologia, 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
490
Durkheim reconhece que a sociedade é também composta por indivíduos 
em processo de socialização. Daí que a eficácia simbólica das instituições 
socializadoras, especialmente a família e a escola e a religião são objetos 
importantes de sua análise. 
Outra abordagem conceitual do pensamento sociológico de 
Durkheim, que tem relação direta com a questão educacional, é a Divisão 
do Trabalho Social. 
3.8 DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
Por ora, é necessário apresentarmos essa perspectiva conceitual, 
dentro do quadro mais amplo do objeto sociológico de Durkheim.
Antes, é preciso indagar sobre o que é trabalho? Todos os 
pensadores da Sociologia clássica, Karl Marx, MaxWeber e Émile 
Durkheim tiveram a temática do trabalho e da divisão deste nas sociedades 
modernas e não modernas como preocupação central. Não poderia ser 
diferente, pois se organizava de maneira sólida na Europa do século XIX 
uma sociedade centrada no trabalho fabril.
De maneira geral, a noção de trabalho para a Sociologia está 
relacionada ao processo de transformação da natureza para gerar 
produtos capazes de satisfazer as necessidades dos grupos sociais. 
Necessidades essas distintas, de acordo com o tempo e com o espaço. Isto 
é, cada sociedade ou grupos sociais em determinados momentos de sua 
história definem duas necessidades. Portanto, as necessidades são 
construções sociais.
Assim, também os produtos gerados para a satisfação das 
necessidades, bem como a maneira de produzi-los são igualmente 
construções sociais. Ou seja, derivam da forma como as sociedades ou 
grupos se organizam para realizar trabalho.
Organizar-se coletivamente para realizar trabalho significa dividir-
se individualmente e/ou em estratos sociais para o seu cumprimento.
Então, todas as sociedades, todos os grupos humanos, em todos 
os momentos de suas histórias, a partir da Horda se dividiram para realizar 
trabalho. 
O conceito de Divisão do Trabalho Social refere-se ao processo de 
atribuição de funções produtivas entre os membros que compõem 
determinada sociedade. 
Mas como se dá essa divisão? É espontânea? É definida por 
alguém? Qual a sua força motriz? 
Responder a essas questões é parte da construção da episteme 
durkheimiana. Em outras palavras, do campo de conhecimento de 
Durkheim.
Certamente, uma sociedade indígena ou tribal, que Durkheim 
denominou de não modernas, têm formas distintas das sociedades ditas 
Sociologia Geral UAB/Unimontes
491
modernas, para dividir o trabalho social, principalmente da Europa 
industrial.
Uma das questões fundamentais para Durkheim era a morfologia 
social, como um instrumento rico para o exercício da comparação que, por 
sua vez, era uma das tarefas analíticas da ciência sociológica. Nessa 
perspectiva, o conceito de Divisão do Trabalho Social cumpriria essa 
função.
Voltemos, então, à relação entre educação/socialização e Divisão 
do Trabalho Social. Isto é, das tarefas produtivas que a sociedade deve 
cumprir para gerar a satisfação de suas necessidades.
Veja o que Durkheim nos diz nos seus escritos sobre educação, em 
relação à socialização e ao trabalho:
O homem médio é eminentemente plástico; pode ser 
utilizado, com igual proveito, em funções muito diversas. 
Se, pois, o homem se especializa, e se se especializa sob tal 
forma ao invés de tal outra, não é por motivos que lhe sejam 
internos; ele não é, nesse ponto, levado pelas necessidades 
de sua natureza. É a sociedade que, para poder manter-se, 
tem necessidade de dividir o trabalho, entre seus membros, 
e de dividi-los de certo e determinado modo. Eis por que já 
prepara, por suas próprias mãos, por meio da educação, os 
trabalhadores especiais de que necessita. É, pois, por ela e 
para ela que a educação se diversifica. (DURKHEIM, 1955, 
p. 63).
Portanto, o processo de socialização é também a geração de 
membros de uma sociedade capazes na execução de tarefas específicas. 
Isto é, a educação disciplina e organiza as forças necessárias para a 
produção de trabalho e a satisfação das necessidades sociais. A Divisão do 
Trabalho Social é, então, um conceito chave para Durkheim. 
Certamente, a Divisão do Trabalho Social – DTS – ocorre de forma 
distinta, de acordo com as características de cada sociedade, das mais 
simples às mais complexas. De acordo com Durkheim a divisão de tarefas 
na sociedade implica em fonte de criação de tipos específicos de 
solidariedade social. Isto é, se por um lado os membros de uma sociedade 
se dividem para realizar trabalho, por outro há laços sociais criados que 
permitem sua interdependência, tornando-os unidos como um grupo 
social.
A solidariedade é algo que permite estarmos divididos, sermos 
indivíduos, e ao mesmo tempo, sermos um grupo social, um corpo social, 
uma sociedade. A solidariedade interconecta os membros de uma 
sociedade.
Durkheim define, então, dois tipos de solidariedade social: a 
solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.
3.9 TIPOS DE SOLIDARIEDADE SOCIAL
Ao indagar sobre o porquê e o como os grupos humanos não se 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
492
desintegram facilmente, ao contrário, lutam contra os riscos ou ameaças 
de desintegração, Durkheim desenvolverá o conceito de Solidariedade 
Social. Ela é o laço que une o indivíduo à sociedade.
Coerente com a abordagem comparativa, que estabeleceu a 
Horda, como o organismo social menos complexo, do qual derivaria 
progressivamente todas as sociedades complexas, Durkheim definirá dois 
tipos de solidariedade social.
Solidariedade Mecânica: típica de sociedades menos complexas. 
Seria uma solidariedade presente na Horda e em sociedades simples, ditas 
por ele “primitivas”. A integração indivíduo-sociedade se daria pelo 
sistema de crenças, sentimentos comuns, tradição, etc.
Solidariedade Orgânica: típica de sociedades complexas; é 
derivada do processo de Divisão do Trabalho Social. A divisão do trabalho 
impõe a especialização de funções aos indivíduos. Essa individualização 
leva a uma aparente atomização dos membros que compõem o grupo 
social. Ao contrário, a especialização do trabalho leva à interdependência 
funcional. Quanto mais cada um tem uma função específica, mais 
dependente do outro estaremos para gerar os produtos necessários à 
satisfação de nossas necessidades.
A industrialização dos processos produtivos, a urbanização e a 
consolidação da vida nas cidades fazem com que Durkheim compreenda a 
existência de um movimento geral em direção à coesão social baseada na 
Solidariedade Orgânica: o progresso.
3.10 CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO: A OBJETIVIDADE DOS 
FATOS SOCIAIS
Por método, de maneira geral, podemos compreender como a 
maneira ou o modo de produzir o conhecimento relativo à determinada 
ciência. São os caminhos, passos a serem dados, procedimentos a serem 
realizados, bem como a reflexão constante sobre sua razão de ser, sua 
potencialidade. Método está associado à noção de epistemologia. Em 
outras palavras, no como agir e no pensar sobre o como fazer.
Durkheim define o método de sua Sociologia, de maneira muito 
clara, no segundo capítulo de As Regras do Método Sociológico, intitulado 
Regras Relativas à Observação dos Fatos Sociais. Logo no início ele diz: “A 
primeira regra e a mais fundamental é considerar os fatos sociais como 
coisas.” (DURKHEIM, 1995, p. 15). É fundamentalmente disso que 
trataremos neste item.
Durkheim apresenta sua concepção de como tratar os fatos 
sociais, da seguinte maneira:
O homem não pode viver em meio às coisas sem formar a 
respeito delas idéias, de acordo com as quais regula sua 
conduta. Acontece que, como essas noções estão mais 
próximas de nós e mais ao nosso alcance do que as 
realidades a que correspondem, tendemos naturalmente a 
Sociologia Geral UAB/Unimontes
493
substituir estas últimas por elas e a fazes delas a matéria 
mesma de nossas especulações. Em vez de observar as 
coisas, de descrevê-las, de compará-las, contentamo-nos 
então em tomar consciência de nossas idéias, em analisá-
las, em combiná-las. Em vez de uma ciência de realidades, 
não fazemos mais do que uma análise ideológica. 
(DURKHEIM, 1995, p. 16).
De acordo com Ortiz (1989) a Sociologia como ciência positiva, 
feita por Durkheim, teve por imperativo a definição rigorosa do objeto e do 
método.
Ao propor que os fatos sociais se apresentamcomo "coisas" 
para a observação, ele inverte a perspectiva anterior que 
tomava como premissa o que eles "deveriam ser". Fundar 
uma ciência "positiva" implicava partir da realidade, "afastar 
as pré-noções", o que impunha uma abordagem indutiva 
que a diferenciava do discurso filosófico. (ORTIZ, 1989, p. 
09).
Tratar os fatos sociais como coisa significa a tarefa metodológica 
do sociólogo de estranhamento daquilo que lhe é familiar. Quando 
utilizamos, cotidianamente, a palavra Coisa para identificarmos algum 
objeto, o fazemos para dar significado a algo que não conseguimos a priori 
estabelecer seus atributos. 
Quando possuímos, antecipadamente, o significado de 
determinado objeto, ou como prefere Durkheim, a idéia prévia sobre o 
real, assim indagamos e respondemos: O que é isto? Isto é um quadro 
negro; Isto é uma mesa, Isto é uma escola; Isto é um livro.
Ao contrário, quando não possuímos em mente os atributos ou 
características definidoras do objeto em questão, podemos dizer que se 
trata de uma Coisa.
Portanto, para Durkheim, a postura metodológica fundamental 
do sociólogo, é coisificar seu objeto de análise. Isto é, despojar-se das 
idéias, previamente estabelecidas em sua mente, acerca daquilo que é o 
seu objeto, os Fatos Sociais.
Nas palavras de Durkheim:
É preciso portanto considerar os fenômenos sociais em si 
mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os 
concebem; é preciso estudá-los de fora, como coisas 
exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a 
nós. (DURKHEIM, 1995, p. 28).
 Lendo agora essa proposição metodológica de 
Durkheim, e estudando a disciplina de Iniciação Científica, vocês devem 
estar se indagando: mas qual a relação entre tratar os fatos sociais como 
coisa e o pressuposto positivista de neutralidade da ciência? 
Durkheim não está advogando uma neutralidade do sociólogo. O 
que ele diz é que os fatos sociais possuem uma objetividade que deve ser 
atingida pela ciência sociológica.
Concordando com que disse Ortiz (1989), estabelecer uma 
ciência positiva, tendo por base “afastar-se das pré-noções”, significava 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
494
delimitar o campo científico da Sociologia, separando-o, definitivamente, 
do campo filosófico.
Para Ortiz (1989), embora Durkheim fosse herdeiro e admirador 
de Comte e Spencer, nem mesmo esses autores foram poupados da crítica. 
Durkheim os classificou como Filósofos. Isso significava associar suas 
análises ao campo investigativo com o qual Durkheim travava o embate. 
Foi em vão que Comte e Spencer proclamaram que os fatos 
sociais são fatos da natureza, que as ciências sociais são 
ciências da natureza. Quando, saindo dessas 
generalidades, eles aplicaram seus princípios, retornaram à 
concepção e ao método antigo. Para Comte, a evolução 
social consiste na realização da idéia de humanidade; Para 
Spencer, a sociedade nada mais é do que a realização da 
idéia de cooperação. (DURKHEIM, 1975, p. 95, apud 
ORTIZ, 1995, p. 10).
O que Durkheim está defendendo é o imperativo da objetividade 
dos Fatos Sociais, diante das noções prévias que temos em mente sobre 
eles. A citação seguinte é indubitável, nesse sentido:
O que nos é dado não é a idéia que os homens fazem do 
valor, pois ela é a inacessível; são os valores que se trocam 
realmente no curso das relações econômicas. Não é esta 
ou aquela concepção da idéia moral; é o conjunto das 
regras que determinam efetivamente a conduta. Não é a 
idéia do útil ou da riqueza; é toda a particularidade da 
organização econômica. (DURKHEIM, 1995, p. 28).
Embora, contemporaneamente, seja inegável que as idéias pré-
existentes sejam elas de ordem moral, religiosa, estética, ideológica, etc, 
fazem parte do crivo analítico de qualquer sociólogo, é preciso localizar as 
proposições de Durkheim no seu tempo e no campo de debate entre a 
Sociologia e a Filosofia do século XIX.
A noção de objetivação desenvolvida por Demo (1995), que 
analisa as inter-relações cognitivas entre ciência, senso comum e 
ideologia, de alguma maneira, herda as preocupações de Durkheim ao 
construir sua perspectiva metodológica. 
Certamente, Demo (1995) não está afirmando uma objetividade 
ontológica do campo de análise das Pedagogia. O que ele está 
apresentando é o conceito de Objetivação como um dos critérios de 
cientificidade. Isto é, como um atributo necessário à análise científica, para 
que esta seja valorada como tal. 
Em outras palavras, deve haver uma busca, nunca plenamente 
realizável, de objetividade analítica. Significa, portanto, uma vigilância 
constante sobre os níveis de senso comum e de ideologia presentes nos 
estudos científicos.
Como já disse Durkheim, não há como vivermos em meio às 
coisas, sem formularmos idéias sobre elas. 
Sociologia Geral UAB/Unimontes
495
REFERÊNCIAS
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2. ed. 
São Paulo: Editora Moderna, 2005.
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Pedagogia. São Paulo: Altas, 
1995.
DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins 
Fontes, 1995.
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 
1955.
DURKHEIM, Émile. Sociologia e Filosofia. São Paulo: Ícone Editora, 1994.
ORTIZ, Renato. Durkheim: arquiteto e herói fundador. Revista Brasileira 
de Pedagogia – ANPOCS, 4 (11), p. 5-22, outubro de 1989.
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, 
Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos – Marx, Durkheim e Weber. 
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. (Coleção Aprender)
496
VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE
ENCONTRANDO FORRESTER 
O diretor Gus Van Sant (Gênio Indomável) conta a história do 
relacionamento entre um escritor e um garoto que adora basquete. 
Com Sean Connery e Anna Paquin. Jamal Wallace (Robert Brown) é um 
jovem adolescente que ganha uma bolsa de estudos em uma escola de 
elite de Manhattan, devido ao seu desempenho nos testes de seu antigo 
colégio no Bronx e também por jogar basquete muito bem. Após uma 
aposta com seus amigos, ele conhece William Forrester (Sean Connery), 
um talentoso e recluso escritor, com quem desenvolve uma profunda 
amizade. Percebendo talento para a escrita em Jamal, Forrester procura 
incentivá-lo para seguir esse caminho, mas termina recebendo de Jamal 
algumas boas lições de vida.
O SEGREDO
Ao longo da existência da humanidade, um grande segredo foi 
protegido a ferro e fogo. Homens e mulheres extraordinários o 
descobriram e não só alcançaram feitos incríveis, mas também 
mudaram o curso de nossa história. Platão, Da Vinci, Galileu, Thomas 
Edison, Beethoven, Napoleão, Abraham Lincoln e Einstein foram alguns 
dos grandes homens que controlavam a força desse mistério. E agora, 
após milhares de anos, o Segredo será revelado para todo o mundo! 
Pela primeira vez na História, importantes cientistas, autores e filósofos 
vão revelar o segredo que transformou profundamente a vida daqueles 
que o viveram.
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
497
Caros acadêmicos, até o momento já foi apresentado para vocês o 
contexto de formação da Sociologia enquanto disciplina, além do 
referencial teórico de dois importantes autores: Émile Durkheim e Karl 
Marx. Na atual unidade abordaremos a teoria de outro ilustre pensador, o 
sociólogo alemão Max Weber. 
Cada um de vocês deve estar se perguntando, o que este novo 
teórico pode ajudar em sua formação acadêmica e pessoal? A teoria 
weberiana pode contribuir na formação de vocês em muitos aspectos. 
Primeiro por se tratar de um intelectual que nos ensinou que é necessário 
lidar diretamente com os problemas que estão à nossa volta.Sua 
motivação de pesquisar estava ligada a uma tentativa de compreender 
situações vivenciadas em seu país. O fato de procurar respostas para os 
problemas de sua realidade não tirou de Weber o rigor nas suas 
investigações científicas. Como poucos intelectuais, ele conseguiu separar 
o cientista e o político que havia dentro dele. 
A posição weberiana nos interessa, sobretudo, porque ela se 
diferencia dos dois primeiros clássicos da Sociologia apresentados nesta 
disciplina. Sua abordagem distancia-se de análises centradas em 
estruturas sociais; difere também do entendimento dialético da história. 
Weber se preocupa com o comportamento da ação humana. Não 
qualquer ação, mas uma ação que possui sentido; somente aquelas ações 
que tem o outro como referência. Através da teoria weberiana é possível 
entender ações cotidianas, presentes no seu ambiente familiar, na 
associação de bairro, ações do Estado, ou até mesmo um relacionamento 
amoroso que você vive no momento. 
A teoria weberiana nos permite verificar que as ações racionais, 
emotivas ou tradicionais podem ser compreendidas muito além do aspecto 
psicológicos. No nosso cotidiano, podemos observar que quando 
compartilhamos nossas ações, com várias pessoas estamos produzindo 
relações sociais. Certamente, a própria produção deste caderno significa 
compartilhar informações; há diversos personagens envolvidos neste 
projeto: eu que escrevo, o revisor que propõe alterações, e vocês que 
estarão lendo o material e compartilhando com cada um de nós a 
inconfundível sensação de descobrirumooutro universo de conhecimentos. 
Para melhor apresentarmos as idéias do autor, a unidade será 
dividida nos seguintes tópicos:
4.1 Biografia de Max Weber 
4.2 Contexto histórico do pensamento weberiano
4.3 Indivíduo e sociedade na perspectiva weberiana 
4.4 Especificidade das Pedagogia 
 4.5 Subjetividade e objetividade do conhecimento
4UNIDADE 4A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
498
 4.6 O que é tipo ideal?
 4.7 Tipos puros de ação social
 4.8 As relações sociais
4.1 BIOGRAFIA DE MAX WEBER
Max Weber nasceu no dia 21 de 
Abril de 1864, na cidade de Erfurt, na 
Alemanha. A influência da mãe, mulher 
culta e liberal, de fé protestante, e do pai 
jurista e político, permitiu ao jovem Weber 
crescer em um espaço que o transmitiu o 
rigor da formação protestante e o gosto pelo 
debate político. Em 1869, sua família 
muda-se para Berlim. A casa paterna era 
f r eqüen tada po r pe r sona l i dades 
acadêmicas e políticas, a convivência em 
um ambiente erudito e intelectual também 
contribuiu decisivamente para sua formação
Em 1882, Weber se inscreveu no curso de Direito da Universidade 
de Heidelberg, período em que estudou outras disciplinas, como Filosofia, 
História e Economia. Somente no final da sua carreira ocorreu uma 
dedicação explícita à Sociologia, ainda que em seus primeiros trabalhos já 
apresentassem aspectos sociológicos. Seu doutoramento ocorreu em 
1889, com uma tese sobre as companhias comerciais da Idade Média. No 
ano seguinte, volta para Berlim e atua como advogado. Nesse período 
também escreve um tratado de análise sociológica e econômica do 
Império Romano, intitulado “História das Instituições Agrárias”. 
Além de se dedicar à vida acadêmica, Weber participou 
ativamente da vida política alemã. Auxiliou na elaboração da Constituição 
da República de Weimar, em 1919. No mesmo ano, integrou o corpo de 
delegados que representaram a Alemanha durante o Tratado de Versalhes. 
Um intelectual que embora não tenha ocupado nenhum cargo político, 
esteve presente em todos os debates políticos do seu tempo. 
No outono de 1894, assume a cadeira de Economia da 
Universidade de Friburgo, onde trabalhou intensamente por dois anos, até 
se transferir para Universidade de Heidelberg. De volta à sua antiga casa, 
Weber tornou-se colega de seus ex-professores. Em 1898 começa a 
apresentar sintomas de esgotamento psíquico, crise que o afastou das 
atividades acadêmicas por praticamente cinco anos. Em 1903, recebe em 
Heidelberg o título de professor honorário, fato que o permitiu organizar 
livremente sua vida acadêmica. Weber sofrerá depressões agudas durante 
toda sua vida, mas conseguirá realizar em três períodos de quatro anos 
cada: 1903 a 1906, de 1911 a 1913, de 1916 a 1919 uma extraordinária 
produção intelectual. 
Fonte: http://hangingodes.files.wordpress.
com/2007/12/weber.jpg
Figura 22: Max Weber 
Para aprofundar seu 
conhecimento sobre a 
história alemã, o site 
, da 
emissora internacional 
alemã Deutsche Welle 
(DW) possui uma ampla 
oferta de informações 
atualizadas em 30 
diferentes idiomas.
www.dw-world.de
DICAS
Em 1919 as potências 
européias assinaram o 
Tratado de Versalhes, que 
encerrou oficialmente a 
Primeira Guerra Mundial. O 
Tratado impôs à Alemanha 
a perda de uma parte de 
seu território para nações 
vizinhas, todas as suas 
colônias, reconheceu a 
independência da Áustria, 
além de ser obrigada a 
restringir o tamanho do 
seu exército. A pintura de 
Wiliam Orpen representa a 
assinatura do Tratado. 
PARA REFLETIR
Sociologia Geral UAB/Unimontes
499
Weber casa-se em 1893, com Marianne Schnitger, uma 
intelectual que participou ativamente do movimento feminista da época. 
Após morte sua morte, em 14 de Julho de 1920, ela organizou e publicou 
vários textos deixados pelo esposo e escreveu uma rica biografia de sua 
vida. 
4.2 CONTEXTO HISTÓRICO DO PENSAMENTO WEBERIANO
Logo de início, vocês já devem ter percebido que para entender o 
surgimento de uma nova disciplina, ou o pensamento de um autor, é 
necessário estudar os acontecimentos históricos, econômicos e 
socioculturais vivenciados durante o período de seu surgimento. No caso 
da obra de Max Weber não é diferente; sua postura crítica em relação à 
realidade sempre o levou a escrever contra alguém ou contra algum 
acontecimento do seu tempo.
Na segunda metade do século XIX, países como a Inglaterra e a 
França já tinham realizado a unificação política e estavam em um estágio 
bem avançado no processo de industrialização. A região hoje pertencente 
à Alemanha era composta por várias cidades, reinos e ducados 
independentes. Portanto, o país estava fragmentado politicamente e não 
possuía um desenvolvimento industrial semelhante aos ingleses e 
franceses. 
Weber vivenciou em sua infância a unificação política alemã e o 
início do capitalismo industrial, sob a liderança de Otto von Bismarck, 
união que ocorreu graças ao apoio que os Junkers deram ao chanceler 
alemão. Os Junkers eram grandes proprietários de terra, da Prússia, estado 
mais importante do reino germânico. 
Porém, para o autor, a Alemanha pós-Bismarck não possuía 
nenhuma liderança política que pudesse transformá-la em uma grande 
nação. Os Junkers, tradicionais proprietários de terras e a classe 
trabalhadora eram incapazes de liderar tal processo. Na opinião de Weber, 
a burguesia deveria assumir a liderança das transformações econômicas já 
iniciadas na Alemanha, a fim de assegurar o fortalecimento do Estado-
Alemão, em relação a outras potências européias. 
No final do século XIX, Weber defende abertamente os interesses 
imperialistas da Alemanha. Naquele momento histórico, o autor observou 
que o poder econômico e a direção política de uma nação nem sempre 
coincidem. Na Alemanha, os prussianos, grandes proprietários de terra, 
conduziam o processo político e a burguesia alemã detinha o poder 
econômico. Na perspectiva de Weber, era perigoso permanecer em uma 
posição intermediária, entre o agrarismo Junkere o industrialismo 
ocidental. É importante ressaltar que, embora acreditasse que o 
capitalismo industrial fosse uma premissa para alcançar o poderio 
nacional, defendia com veemência a democracia e a liberdade individual. 
A situação política e econômica russa também chamou a atenção 
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
500
de Weber. Em 1905, após retornar de uma longa viajem aos Estados 
Unidos, se deparou com os acontecimentos da primeira revolução russa. 
Aprendeu russo, para acompanhar diariamente as notícias daquele país, 
além de manter contato permanente com intelectuais russos. Seus estudos 
tiveram como fruto dois ensaios sobre a situação vivenciada pela Rússia. 
Ao final da sua vida, em 1918, Weber pronuncia uma conferência em 
Viena a respeito do socialismo, onde faz duras críticas ao regime 
bolchevique. 
Em 1914, eclode na Europa a Primeira Guerra Mundial. Na 
opinião de Weber, a Guerra era fruto de rivalidades políticas e econômicas 
entre várias nações européias. A posição nacionalista faz com que Weber 
inicialmente acolha com entusiasmo o início do conflito. Porém, no seu 
decorrer, critica duramente as posições adotadas pelo governo alemão, 
razão que o fazer mudar de posicionamento e defender um entendimento 
diplomático para o fim da Guerra. 
Síntese Histórica 
4.3 INDIVÍDUO E SOCIEDADE NA PERSPECTIVA WEBERIANA 
Vocês viram anteriormente que a Sociologia, para Durkheim, é 
uma ciência responsável por estudar a gênese e o funcionamento das 
instituições sociais. Seu objeto empírico, o fato social, é externo aos 
indivíduos e coercitivos a todos ou à maioria dos membros da sociedade. A 
partir da sua teoria, é possível dizer que todos nós somos influenciados por 
uma consciência coletiva, imperativa sobre as vontades individuais. Já 
para Marx a história da humanidade e vista como um confronto 
materialista, fundamentado no antagonismo de classes de interesses 
diferentes. No sistema capitalista, o detentor dos meios de produção 
exerce domínio sobre o proletariado, possuidor de uma única propriedade, 
sua força de trabalho. Há, portanto relações conflituosas entre classes 
sociais distintas. Em suma, sua teoria preocupa-se com as estruturas 
sociais e com o desenvolvimento histórico dos processos produtivos.
 A perspectiva weberiana de observar o mundo se fundamenta na 
centralidade do indivíduo, ou seja, em atores sociais capazes de conduzir 
suas próprias ações. Na sua interpretação as regras sociais não pairam 
sobre os indivíduos, mas são constituídas a partir das ações de um conjunto 
de agentes sociais. Em carta a um amigo economista, ele reforça seu 
posicionamento em relação aos objetivos de sua análise:
(...) se agora sou sociólogo então é essencialmente para pôr 
um fim nesse negócio de trabalhar com conceitos coletivos. 
Sugestão de filme: 
Doutor Jivago 
O filme é baseado no 
 de 
, de 
. Apresenta bons 
elementos para entender a 
revolução bolvhevique. (Ver 
sinopse no final desta 
unidade). 
romance Boris 
Pasternak mesmo 
nome
DICAS
Datas Dados Biográficos e Obras 
1864 Nasce Max Weber em Erfurt (Turíngia) 
1882 Início dos estudos em Heidelberg: Direito, História, Economia 
e Teologia. 
1883
 
Interrompe os estudos: serviço militar
 
1884
 
Reinicia os estudos: Berlim e Göttingem
 
1890
 
Inicia a investigação sobre a situação do campesinato da 
Prússia Oriental 
 
1889
 
Doutor em Direito com a tese sobre a história das empresas 
comerciais medievais
 1894
 
Professor de Economia Política em Fribourg
 1896
 
Catedrático em Heidelberg
 1904
 
Escreve a 1ª parte de A ética protestante e o espírito do 
capitalismo
 1905
 
Escreve a 2ª parte de A ética protestante e o espírito do 
capitalismo
 1908
 
Funda a Associação Alemã de Sociologia
 1909
 
Começa a escrever Economia e Sociedade
 
1913
 
Escreve um ensaio sobre algumas categorias da Sociologia 
compreensiva
 
1914
 
1919
 
Realiza conferências sobre: O ofício da vocação científica e o 
ofício e a vocação do político
 
1920
 
Weber morre em Munique
 
1922
 
Publicado Economia e Sociedade
 
1923
 
Publicado História Geral da Economia
 
 
Quadro 5 
Fonte: Quadro adaptado de Castro e Dias (2001, p. 98-02).
Em outras palavras: também a Sociologia somente pode ser 
implementada tomando-se como ponto de partida a ação 
do indivíduo. (COHN, 2006, p. 25-26). 
Ao dizer que o ponto de partida da Sociologia é a ação dos 
indivíduos, Weber não nega que a Sociologia deve se preocupar com os 
fenômenos coletivos. Estado, família, igreja, são entidades coletivas, nas 
quais os indivíduos executam várias ações. Considerar os indivíduos como 
unidades autônomas não significa dizer que as representações possam 
influenciar a conduta social de cada ator.
Em alguns momentos das suas analises teóricas, Weber toma 
emprestado do Marxismo conceitos, como “infra-estrurtura” e 
“superestrutura”. Cohn (2006) salienta que o uso desses conceitos não 
significa adoção do referencial marxista, sua pretensão é somente a de 
realçar a importância dos fatores econômicos. Ou seja, de se posicionar a 
favor da visão materialista, em contraponto a interpretações idealistas 
bastante comuns na época. Por outro lado, se distancia do materialismo 
histórico, quando se recusa a acreditar que os processos históricos 
possuem um curso objetivo e determinado. 
Para perceber a ação humana, além dos aspectos exteriores, 
Weber recomenda a utilização do “método compreensivo”, através do qual 
é possível entender alguns elementos da vida que nos rodeia. Na sua visão, 
a Sociologia interpreta e compreende as ações sociais e, acima de tudo, 
explica suas causas, curso e conseqüências.
A Sociologia interpretativa considera o indivíduo 
[Einzelindividuum] e seu ato como a unidade básica, como 
seu “átomo” – se nos permitirem pelo menos uma vez a 
comparação discutível. Nesta abordagem, o indivíduo é 
também o limite superior e o único portador de conduta 
significativa (...). Em geral, para a Sociologia, conceitos 
como 'Estado', 'associação', 'feudalismo' e outros 
semelhantes designam certas categorias de interação 
humana. Daí ser tarefa da Sociologia reduzir esses 
conceitos à ação 'compreensível', isto é, sem exceção aos 
atos dos indivíduos participantes. (WEBER, 1982, p. 74).
A perspectiva sociológica compreensiva é uma possibilidade 
interpretativa entre inúmeras outras possíveis dentro da Sociologia. Vocês 
vão verificar que nesta vertente teórica parte-se do indivíduo para entender 
a realidade social. Tal concepção acredita que a unidade de análise para 
compreender a sociedade é a ação dos indivíduos, suas interações com o 
meio. 
Vocês devem ter observado que há uma aparente proximidade 
entre a Sociologia weberiana e a Psicologia. Contudo, o interesse do 
sociólogo passa diretamente pela análise interpretativa da ação social e 
não pela psicologia do indivíduo. Segundo Giddens (1990), provavelmente 
a Sociologia tenha mais a contribuir para a Psicologia do que o contrário, já 
que a conduta humana é condicionada por fatores socioculturais. 
Weber nos apresenta duas possibilidades de apreensão 
interpretativa da ação social, cada um dos tipos podem ser subdivididos 
501
Sociologia Geral UAB/Unimontes
entre racional ou emotivo. 
Compreensão Direta – O entendimento do significado da ação 
ocorre através da observação direta. Um exemplo é a compreensão do 
significado da soma 2 + 2 = 4, todos nós sabemos de imediato o 
significado desta ação. Trata-se de uma compreensão racional direta. Já 
uma compreensãodireta emocional, pode ser notada quando nos 
deparamos, por exemplo, com uma pessoa que se encontra extremamente 
melancólica, que transparece em sua face e no seu comportamento seu 
estado emocional. 
Compreensão Explicativa – Diferente da primeira, nesta categoria, 
procura-se entender os motivos que geraram a situação, interligando a 
atividade observada e o significado para seu agente. Em sua forma 
racional, presume-se que o agente vai utilizar alguns meios para atingir 
determinados fins. Ao se observar um agricultor desmatando uma floresta 
com um trator, pode-se presumir que ele irá realizar uma atividade agrícola 
naquela área. Há também condutas irracionais ou emocionais. Como é o 
caso de uma pessoa que se encontra chorando, pode-se acreditar que ela 
tenha passado por uma grande decepção. 
Deve-se levar em consideração que indivíduos podem executar 
ações semelhantes, levados por motivos diferentes. Desmatar uma área, 
por exemplo, não precisa, necessariamente, estar ligado à realização da 
atividade agrícola naquele espaço. Também há possibilidade de ocorrer 
motivações semelhantes, sem que formas concretas de comportamentos 
sejam iguais. Passar por uma grande decepção não leva todas as pessoas 
ao choro. Ou seja, Weber não procura negar as complexidade do caráter 
motivacional da ação humana. Para ele, a Sociologia tem o papel de saber 
lidar com a subjetividade no nível empírico. 
4.4 ESPECIFICIDADE DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
O auto-esclarecimento e a produção de conhecimento são os 
principais motivos que norteiam a idéia de ciência weberiana. Cohn (2006) 
destaca que o propósito das ciências não é de propor fins para ação 
prática, ela não deve ensinar aquilo que se “deve”, mas o que se “pode” 
fazer. 
Mas, em toda ciência há pressuposições; através das descobertas 
elas são sempre ultrapassadas e superadas. 
Como vocês viram Weber sempre esteve preocupado com as 
questões do seu tempo; ele percebeu que nas Universidades alemãs havia 
ideologias estranhas à educação. O espírito crítico e a liberdade de 
pensamento estavam sendo ameaçados pela crescente política nacional 
socialista. Muitos professores estavam utilizando a cátedra como um 
palanque para discursos de inspiração fascista, na visão de Weber, postura 
prejudicial não só à prática da educação, mas também ao futuro da 
Alemanha. (BERLINCK, 2001). 
502
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Weber faz uma importante diferenciação entre os objetivos da 
ciência e da política, em seu trabalho denominado a Ciência como 
vocação.
Conforme Berlinck (2001), há uma clara pretensão do autor em 
demonstrar que a prática científica permite o desenvolvimento de 
tecnologias para “controlar a vida”, o “desenvolvimento de métodos de 
pensamento”. Através da ciência, também é possível dizer que ela mesma 
permite indicar meios para atingir metas determinadas. Ou seja, a ciência 
contribui de forma prática para o desenvolvimento da racionalidade. 
Toda 'realização' científica suscita novas “perguntas': pede 
para ser 'ultrapassada' e superada. Quem desejar servir à 
ciência tem de resignar-se a tal fato. As obras científicas 
podem durar, sem dúvida, com 'satisfações', devido a sua 
qualidade artística, ou podem continuar importantes como 
meio de preparo. Não obstante, serão ultrapassadas 
cientificamente – repetimos – pois é esse o seu destino 
comum e, mais ainda nosso objetivo comum. Não 
podemos trabalhar sem a esperança de que outros 
avançarão mais do que nós. Por que alguém se dedica a 
alguma coisa que na realidade jamais chega, e jamais pode 
chegar, ao fim? (WEBER, 1982, p. 164.).
Enquanto cientista, devemos levar em consideração que todo 
conhecimento sempre é parcial e suscetível de questionamentos. É 
previsível que nossa compreensão da realidade seja provisória e nos leve a 
realizar novas 'perguntas'. Ou seja, ninguém produz conhecimento 
definitivo e absoluto. Segundo Cohn (2006), a definição da postura do 
ideal do cientista é um dos objetivos de Weber de seus escritos sobre a 
vocação cientifica. Seus atos devem objetivar reconstruir fatos 
considerados significativos e analisá-los conforme o método científico. 
4.5 SUBJETIVIDADE E OBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO
Como vocês perceberam, a Sociologia weberiana se interessa pela 
compreensão dos fenômenos sociais. Mas o que significa “compreender” 
em uma pesquisa sociológica? Para responder esta questão, deve-se 
destacar inicialmente que toda atividade humana possui um caráter 
subjetivo; diferente das ciências naturais e exatas, as ciências sociais não 
podem ignorar o aspecto subjetivo de seu objeto. 
O autor nos aponta que é impossível estabelecer um 
conhecimento cientifico, absoluto, neutro e livre de pressupostos. Entende-
se, assim, que o pesquisador não pode atingir uma visão global e isenta da 
realidade. A escolha de um determinado tema de pesquisa, por si só, 
aponta que dentro de um universo de inúmeras possibilidades, aquele 
problema é relevante. Mesmo assim, é possível selecionar os objetos de 
pesquisa, segundo critérios objetivos.
Weber entende que a objetividade das ciências sociais ocorre 
quando os valores pessoais são incorporados conscientemente à pesquisa, 
Para saber mais sobre a 
política nacional socialista 
alemã. Ler o artigo de 
Herbet Marcuse no jornal 
eletrônico Le Monde 
Diplomatique “O que é o 
nacional-socialismo?”. 
Disponível em: 
www.diplo.uol.com.br/2000
-10,a1885.
DICAS
503
Sociologia Geral UAB/Unimontes
e controlado através de rigorosos procedimentos metodológicos. Por isso, a 
objetividade do conhecimento científico é garantida quando há a 
separação entre: “juízo de fato” e “juízo de valor”. Mas, como é possível 
diferenciar os dois tipos de julgamento? Se eu digo: “A Universidade 
Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) é uma universidade do Estado 
de Minas Gerais” estou fazendo uma constatação, realizando um 
julgamento de fato. Se no momento posterior eu qualifico minha 
afirmação: “A UNIMONTES é a melhor universidade de Minas Gerais, 
estou fazendo um julgamento de valor. Segundo Weber, o juízo de valor 
deve ser excluído do campo da ciência. 
Vemos que a atitude do cientista é essencial para se atingir a 
objetividade. Seu compromisso deve ter sempre como referência, 
proposições baseadas em fatos, isso não quer dizer que o cientista é 
indiferente ao mundo. QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA (2002) vêm 
nos lembrar que a incorporação dos valores à pesquisa e o seu controle 
através de procedimentos rigorosos de análise permite atribuir valor aos 
aspectos da realidade, e ordenar racionalmente a realidade empírica. 
Nem toda ação ou conduta social possui um significado objetivo. 
Atividades religiosas vivenciada por um grupo social, por exemplo, podem 
possuir significado subjetivo. Contudo, é possível através de métodos 
científicos obter uma compreensão racional do significado da ação entre o 
indivíduo e o outro indivíduo ou entre o indivíduo e o grupo. Se o sociólogo, 
em sua analise cientifica, pretende ultrapassar a uma mera descrição da 
realidade, Weber sugere a utilização de instrumentos metodológicos 
denominados tipos ideais.
4.6 O QUE É TIPO IDEAL?
Todos nós idealizamos algo em nossas vidas. Quando criança, 
alguns sonham em ser um super craque de futebol. Já muitas meninas 
sonham em casar com um homem perfeito. Na vida profissional, 
sonhamos com um emprego que atenda a todos nossos anseios. Cada um 
de nossos sonhos possui aspectos excepcionais, características dificilmente 
encontradas em uma pessoa, ou em um emprego. Ou seja, há em comum 
nos sonhos citados que todos eles possuem características que dificilmentesão encontradas na realidade, ou seja, grande parte deles são utopias. 
Em muitas situações utilizamos as construções imaginárias de um 
super craque de futebol, do homem perfeito, ou emprego ideal para 
analisar a realidade empírica. Por exemplo, com o ideal de emprego 
perfeito, posso analisar o meu emprego atual. Através da construção 
imaginária de um homem perfeito, é possível compreender os demais. 
Podemos dizer que diariamente construímos inúmeras tipologias ideais. 
Todas as exemplificações acima nos ajudam a entender um importante 
recurso metodológico proposto por Weber. 
Para analisar a complexidade das relações sociais, Weber propõe 
504
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
a criação de um instrumento metodológico: tipo ideal. Não devemos 
entender tipo ideal, como a descrição de certa realidade. Nem tão pouco é 
uma hipótese, mas algo que contribui para a elucidação desta. Tipo ideal 
não deve ser considerado algo desejável. Podemos criar um tipo ideal de 
político corrupto, ou mesmo de um assassino. Trata-se de um instrumento 
que possui uma clara definição conceitual e nunca existirá na realidade 
concreta; seu papel é selecionar explicitamente a dimensão do objeto que 
será analisado e apresentar essa dimensão da forma mais pura possível.
É importante destacar que existe uma diferença entre tipo ideal e 
demais conceitos descritivos. Os conceitos são utilizados para descrever e 
sintetizar as características comuns de fenômenos empíricos. Por outro 
lado, tipo ideal demarca unilateralmente certas características ou pontos 
de vista. Por meio da combinação de determinados elementos e da 
abstração, todo fenômeno descritivo pode ser transformado em um tipo 
ideal. Segundo Giddens (1990), a passagem dos conceitos descritivos para 
tipos ideais, ocorre quando passamos da classificação descritiva dos 
fenômenos para análise explicativa ou teórica desses mesmos fenômenos. 
Conforme QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA (2002), a 
construção tipológica ideal weberiana só pode existir como utopia, na 
forma de um modelo simplificado da realidade, onde alguns traços 
avaliados como relevantes são colocados em evidência para determinar 
relações de causalidade entre os fenômenos. Com esse instrumento o 
cientista social pode construir um modelo de interpretação e de 
investigação, que o guiará nos infinitos caminhos da realidade social. 
Podemos analisar a realidade a nossa volta a partir da 
construção de vários tipos ideais. Por exemplo, poderíamos criar um tipo 
ideal de Estado, de educação superior, de Igreja, de conduta profissional, 
até mesmo de professor ou aluno ideal. Na obra de Weber, encontraremos 
vários exemplos de aplicação dos tipos ideais. Um deles é a tipologia de 
dominação, que será aprofundada nas unidades subseqüentes do curso, 
mas sua apresentação neste momento se faz necessária para exemplificar 
a utilização dos tipos ideais. 
Partindo da idéia de que os tipos puros de dominação são 
“ferramentas” importantes para analisar meios de dominação estatais, o 
autor construiu três tipologias que permitem analisar o presente e passado 
do desenvolvimento dos sistemas políticos. Os três tipos são: o domínio de 
caráter racional, o domínio tradicional, vinculado às tradições e aos 
costumes, e o carismático, que remete ao valor pessoal.
O domínio legal fundamenta-se na validade dos regulamentos 
estabelecidos, e na legitimidade do chefe amparado pela lei. A obediência 
não é a uma pessoa, mas a regra, os funcionários são de formação 
profissional, trabalham sobre o regime contratual, com pagamento fisco, a 
ascensão profissional acontece conforme as regras estabelecidas. 
O segundo tipo é a dominação tradicional, cujo tipo mais puro é o 
domínio patriarcal; sua associação é do tipo comunitária. A autoridade 
Sugestão de filme: 
Macunaíma. O 
personagem Macunaíma, 
de Mário de Andrade, 
interpretado no cinema por 
Grande Otelo pode ser 
considerada a 
representação típica do 
malandro brasileiro. (Ver 
sinopse no final desta 
unidade). 
PARA REFLETIR
505
Sociologia Geral UAB/Unimontes
que ocupa o lugar superior é referendada ou santificada pelos “súditos” a 
partir da tradição ou do costume. Estes não estão submetidos a regras 
impessoais com na dominação legal, mas à fidelidade da tradição. 
A carismática é um tipo peculiar de dominação, na qual existe 
certa entrega dos dominados à pessoa do chefe, devido aos seus dotes 
sobrenaturais, como o heroísmo e o poder intelectual. Seu tipo mais puro é 
a dominação do profeta ou do grande demagogo, a associação dominante 
é de caráter comunitário. Assim como na dominação carismática não 
existe o conceito racional de competência para nortear a escolha do 
quadro administrativo, nem o estamental de “privilégio”, escolh-se 
segundo o carisma e a vocação pessoal. 
Ao criar uma tipologia ideal de dominação, Weber consegue 
importante arcabouço teórico para analisar o Estado Alemão, que mesmo 
inserido num processo de racionalização administrativa, de burocratização 
crescente, não consegue desvincular da esfera do domínio tradicional, 
representados na figura dos Junkers. Após a unificação a Alemanha, morre 
Bismack, o principal líder. Weber provavelmente questionava se existiria 
uma minoria capaz de levar o processo de construção da nação alemã à 
frente, de onde surgiria essa figura; dos trabalhadores, da oligarquia 
tradicional ou da burguesia ascendente. 
4.7 TIPOS PUROS DE AÇÃO SOCIAL 
Como vocês viram, a ação social é central na Sociologia 
weberiana, isso não quer dizer que a Sociologia se limita a ela; a ação 
social nada mais é do que seu elemento constitutivo. Também é importante 
lembrar que nem toda ação é objeto de análise da Sociologia. Weber 
(1999) ressalta que a conduta religiosa contemplativa, por exemplo, não 
se caracteriza como ação social, por que não está orientada pela ação do 
outro, ou seja, ação sem o caráter “social”. 
A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se 
pelas ações dos outros, as quais podem ser ações passadas, 
presentes ou esperadas como sendo futuras (por exemplo: 
vingança por ataques futuros). Os 'outros' podem ser 
indivíduos e conhecidos ou até uma pluralidade de 
indivíduos indeterminados e inteiramente desconhecidos (o 
dinheiro, por exemplo, significa um bem de troca que o 
agente admite no comércio porque a sua ação está 
orientada pela expectativa de que muitos outros, embora 
indeterminados e desconhecidos, estejam dispostos 
também a aceitá-lo, por sua vez, numa troca futura). 
(WEBER, 2001, p. 415).
Podemos entender que tudo que se encontra fora do plano 
analítico da ação social não pertence mais ao campo das Ciências Socais, 
mas filosófico. Segundo Nogueira (1999), o fenômeno na disciplina, 
reconhecido como efetivamente real são as ações sociais. Weber acredita 
506
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
que os problemas da Sociologia só devem ser tratados como tal, se 
puderem ser traduzidos no plano da análise concreta das ações sociais. 
Não foi seu objetivo construir uma teoria abstrata entre sujeitos e 
estruturas, ou determinar características subjetivas entre agentes e 
situações. 
Weber diz que toda ação social pode ser compreendida em quatro 
categorias: 1) Racional em relação a fins; 2) Racional com relação a 
valores 3) Afetiva; 4) Tradicional. São classificações que se aproximam da 
ação real, tipos ideais puros, construídos para auxiliar a pesquisa 
sociológica. 
Agir racionalmente com relação a fins, significa dizer que o agente 
disporá de todos os meios necessários para atingir um fim pré-
estabelecido. Nesse caso, o agente calcula racionalmentequais os 
resultados prováveis de suas atitudes, mas sua ação individual tem como 
referência os sujeitos externos e objetos do mundo exterior. Um agente 
econômico é um exemplo clássico de um comportamento relacionado a 
fins; ao investir no mercado financeiro, seu objetivo último, é o lucro. Para 
alcançá-lo traça estratégias, que são a todo tempo recalculadas, a partir da 
atitude dos outros agentes que fazem parte do mercado. As atitudes deste 
agente não são condicionadas pela tradição, tão pouco por atitudes 
afetivas. 
Atitude com relação a valores é também um tipo de ação racional, 
porque previamente o agente estipula objetivos coerentes. O agente 
orienta suas atitudes segundo um ideal dominante, possui um 
comportamento fiel às suas convicções. Um indivíduo que acredita em 
uma crença religiosa pode seguir vários “mandamentos” como um ideal 
de vida, por exemplo: sendo honesto e não roubando, vivendo a castidade 
antes do casamento, não trabalhando no domingo, entre inúmeras outras 
condutas possíveis. Em suma, a relação racional em relação a valores 
possui como aspecto central a obediência a valores imperativos, que em 
certas situações podem ser considerados irracionais, pois almejam mais o 
caráter absoluto da própria ação, do que as conseqüências racionais. Ou 
seja, a importância não se encontra nos “fins”, mas na própria conduta. 
Ação afetiva compreende um conjunto de atitudes determinadas 
pela emoção. Assim como a ação racional em relação a valores, não há 
aqui uma busca por “resultados”. São exemplos de ações afetivas: a paixão 
por um time de futebol, o desejo e o carinho quando começa um 
relacionamento amoroso, ou a mágoa e o desespero no seu final. Portanto, 
atitudes dessa natureza estão ligadas a um universo de atitudes 
sentimentais, e não podem ser consideras racionais. 
Os hábitos e costumes condicionam a ação do tipo tradicional. 
São modos de condutas que obedecem a estímulos habituais. A tradição 
de escolher padrinhos para o casamento, ou para batizar o filho, pode ser 
definida como uma atitude tradicional. Quase todas as nossas atitudes 
cotidianas podem ser consideradas tradicionais. O ideal simbólico que 
507
Sociologia Geral UAB/Unimontes
conduz essa ação segue uma conduta racional. 
Através da tipologia de ação social, criada por Weber, podemos 
analisar inúmeras práticas e condutas presentes em nossa sociedade. 
Certa atitude do nosso presidente da república pode ser analisada a partir 
de um tipo ideal de ação weberiano. Mas, não são raros os casos em que se 
faz necessário combinar elementos de vários tipos de ação para entender a 
realidade empírica. 
4.8 AS RELAÇÕES SOCIAIS
Relação Social pode ser definida como uma combinação de várias 
ações sociais. Reciprocamente, os agentes compartilham suas condutas 
sociais e produzem conteúdos significativos. Amizade, troca no mercado, 
amor sexual, conflito são citados por Weber (1991) como conteúdos de 
reciprocidade.
 Quando um ou mais indivíduos orientam suas condutas, de 
acordo com a expectativa de ação do outro ou de outros, nos deparamos 
com uma forma de relação social. Um choque entre dois ciclistas, por 
exemplo, é considerado um simples fenômeno natural. Porém, a tentativa 
de se desviarem antes da batida, ou a briga e manifestações que podem 
ocorrer após o choque, pode ser considerada uma relação social. É 
importante lembrar que o conceito de relações sociais não pode ser 
entendido como sinônimo de “solidariedade”, ao contrário, se refere à 
relação entre indivíduos. 
O que é importante identificar nas relações sociais, segundo 
QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA (2002), são as expectativas 
recíprocas de seu significado. 
Um indivíduo pode ser considerado: amigo, parente, assassino, 
vítima, desde que outro ou outros compartilhem com ele esse significado. 
Weber vem nos dizer que instituições como o Estado, a Igreja, o 
Matrimônio só existem sociologicamente, porque há ações sociais entre os 
participantes que são carregadas de sentido. Weber realiza uma leitura 
inovadora de instituições de “personalidade coletiva” da seguinte forma: 
 Para a Sociologia, a realidade Estado não se compõe 
exclusiva ou justamente de seus elementos juridicamente 
relevantes. E, em todo, não existe para ela uma 
personalidade coletiva 'em ação'. Quando fala do 'Estado', 
da 'nação', ou das 'sociedades por ações' da 'familia', da 
'corporação militar' ou de outras 'formações' semelhantes, 
refere-se meramente a determinado curso da ação social 
de indivíduos. (WEBER,1991, p. 09). 
Agrupamentos coletivos como, torcidas de futebol, associações, 
grupos religiosos possuem interesses que motivam racionalmente o grupo 
seja em relação a valores. Numa empresa capitalista os interesses são 
racionais em relação a fins. Além dos interesses racionais, há “conteúdos 
comunitários”, ou seja, sentimentos de pertencimento a comunidade. 
508
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Nesses grupos, as condutas podem ser regulares, seja porque as atitudes 
individuais se repetem, ou porque muitos as fazem, dando sentido 
semelhante às suas condutas. Há, porém, no processo de racionalização 
da conduta, a possibilidade de o agente, dentro do grupo, tomar 
consciência de sua submissão e não aceitar a regularidade que o costume 
impõe à sua conduta. (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2002). 
Weber (1991) destaca que toda relação social possui um 
conteúdo significativo, que pode variar ao longo do tempo. Por exemplo, 
quando dois partidos políticos pactuam um acordo de cooperação, não 
significa que posteriormente não haja conflito de interesses. A “nova” 
relação entre ambos criou “um novo conteúdo significativo”. Nesse caso, a 
relação social passou de cooperação para conflito. Os conteúdos 
significativos também podem ser pactuados. Quando dois partidos 
assinam um documento de cooperação, observa-se que há por parte de 
ambos uma promessa de conduta futura, que será durante todo tempo 
avaliada tendo com referência o comportamento do outro.
Como todos vocês devem ter notado, Max Weber produziu uma 
teoria essencial para a formação da Sociologia enquanto disciplina 
científica. Aqui foram apresentados aspectos introdutórios de sua obra. 
Espero que este primeiro momento seja um convite para o contato direto 
com sua obra. Após o resumo dos principais pontos da unidade, 
apresentaremos uma bibliografia básica e outra complementar, que 
auxiliará na compreensão das formulações teóricas do autor. 
509
Sociologia Geral UAB/Unimontes
CASTRO, Ana Maria de; DIAS, Edmundo Fernandes (org.). Introdução ao 
pensamento sociológico. São Paulo: Centauro Editora, 2001.
COHN, G. Max Weber. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006. p. 7-34. (Coleção 
Grandes Cientistas Sociais)
GERTH, H. H.; WRIGHT MILLS, C. (org.). Ensaios de Sociologia. Trad. W. 
Dutra. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. p. 15-94.
GIDDENS, Anthony. Política, Sociologia e Teoria Social: encontros com o 
pensamento social clássico e contemporâneo. São Paulo: Editora UNESP, 
1998. 
______. Capitalismo e Moderna Teoria Social. Lisboa: Editora Presença, 
1990. 
NOGUEIRA, Claudio Marques. Considerações Sobre a Sociologia de Max 
Weber. Caderno de Filosofia e Ciências Humanas – Unicentro Newton 
Paiva, Ano VIII, nº 13, Belo Horizonte, outubro de 1999.
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, 
Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos – Marx, Durkheim e Weber. 
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. (Coleção Aprender)
WEBER, Max. Economia e Sociedade. Brasília: Editora UnB, 1991. Vol. 1.
______. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1982. 
______. Metodologia das Pedagogia. São Paulo:Cortez; Campinas: 
Editora da UNICAMP, 2001.
REFERÊNCIAS
VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE
MACUNAÍMA
1976, Brasil. Macunaíma, uma adaptação da rapsódia de Mário 
de Andrade, é a história de um anti-herói, ou "um herói sem nenhum 
caráter", nascido no fundo da mata virgem. De preto vira branco, troca a 
mata pela cidade, onde vive incrívieis aventuras, sempre acompanhado de 
seus irmãos. Na cidade, segue um caminho zombeteiro, conhecendo e 
amando a guerrilheira Ci e enfrentando o vilão milionário, Venceslau Pietro 
Petrarca, para reconquistar o amuleto que herdara de Ci, o muirakitã. 
Vitorioso, Macuinaíma retorna à floresta carregado de eletrodomésticos 
inúteis, troféus da civilização.
DR. JIVAGO
1965, EUA. O filme se desenvolve a partir dos relatos da vida de 
Yuri Zhivago (Omar Sharif), médico e poeta. Está temporalmente 
ambientado nos anos que antecederam, durante e depois da Revolução 
510
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Russa. Yuri fica órfão ainda criança e vai para Moscou, onde é criado. Já 
adulto, se casa com a aristocrática Tonya (Geraldine Chaplin), mas tem um 
envolvimento com Lara (Julie Christie), uma enfermeira que se torna a 
grande paixão da sua vida. Lara, antes da revolução, tinha sido estuprada 
por Victor Komarovsky (Rod Steiger), um político sem escrúpulos que já 
tinha se envolvido com a mãe dela. Lara se casou com Pasha Strelnikoff 
(Tom Courtenay), que se torna um vingativo revolucionário. A história é 
narrada em flashback por Yevgraf de Zhivago (Alec Guiness), o meio-
irmão de Yuri, que procura a sua sobrinha, possivelmente filha de Jivago 
com Lara. Enquanto Strelnikoff representa o "mal", Yevgraf representa o 
"bom" elemento da Revolução Bolchevique.
NÁUFRAGO
2000, EUA. Chuck Noland (Tom Hanks) é um inspetor da Federal 
Express (FedEx), multinacional encarregada de enviar cargas e 
correspondências, que tem por função checar vários escritórios da 
empresa pelo planeta. Porém, em uma de suas costumeiras viagens, 
ocorre um acidente que o deixa preso em uma ilha completamente deserta 
por 4 anos. Com sua noiva (Helen Hunt) e seus amigos imaginando que ele 
morrera no acidente, Chuck precisa lutar para sobreviver, tanto fisicamente 
quanto emocionalmente, a fim de que um dia consiga retornar à 
civilização.
511
Sociologia Geral UAB/Unimontes
RESUMO
1. A Sociologia é uma ciência que estuda o comportamento humano 
e os processos de interação social que interligam o indivíduo em 
associações, grupos e instituições sociais.
2. Os fatores que proporcionaram o surgimento e a consolidação 
das Pedagogia e da Sociologia são resultado de processos e de 
transformações econômicas, políticas e culturais verificadas no século
3. XVIII. Exemplo das revoluções industrial e da revolução francesa, 
que 
4. patrocinaram a instalação definitiva da sociedade capitalista.
5. Pequenas cidades passaram a grandes cidades produtoras e 
exportadoras. Essas bruscas transformações implicariam em nova 
organização social, ocorrida graças à transformação da atividade 
artesanal em manufatureira, e logo depois em fabril.
6. A revolução industrial determinou o aparecimento de novas 
classes sociais: o proletariado e a burguesia.
7. No século XIX, pensadores imaginaram ser necessário fundar 
uma nova ciência – a Sociologia – que permitisse reorganizar a sociedade, 
que tornasse possível prever e controlar os fenômenos sociais.
8. A Sociologia pretende explicar o que acontece na sociedade, 
como um tipo de conhecimento garantido pela observação sistemática dos 
fatos, podendo transformar-se em instrumento de intervenção social.
9. O campo da Sociologia não é dizer como a sociedade deve ser, 
mas constatar e explicar como ela é.
10. Comte, pensador positivista do início do século XIX, diz que os 
estados ou ordens são sucessivas, onde o teológico será substituído pelo 
metafísico e este será substituido pelo científico ou positivo. A vida social 
será explicada pela ciência, triunfando sobre todas as outras formas de 
pensamento.
11. Comte classificou assim, em ordem crescente de importância, as 
ciências: astronomia, física, química, biologia e Sociologia. Esta última é a 
mais importante e mais complexa das ciências, pois é responsável pela 
educação moral da humanidade, pela reforma intelectual do homem.
12. A Sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação 
teórico-metodológica dominante. Ela traz diferentes estudos e diferentes 
caminhos para a explicação da realidade social.
13. A Sociologia tem ao menos três linhas mestras explicativas, 
fundadas pelos seus autores clássicos, das quais podem se citar: a primeira 
512
Positivista-Funcionalista, que tem como fundador Auguste Comte; seu 
principal expoente clássico é Émile Durkheim. A segunda é a Sociologia 
compreensiva iniciada por Max Weber. A terceira, corrente de explicação 
sociológica é dialética e crítica, iniciada por Karl Marx.
14. Karl Marx (1818-1883) juntamente com Friedrich Engels (1820-
1995), compõe a escola crítica que, como o próprio nome evidencia, 
ocupou-se de criticar radicalmente a sociedade capitalista,
15. Para elaborar a teoria do Materialismo Histórico, Marx refletiu 
três fontes e recebeu influências que atuaram no desenvolvimento do seu 
pensamento: A filosofia idealista clássica alemã com o método dialético; O 
socialismo utópico francês e Inglês, que aproveitou suas bases para 
elaboração da sua teoria do socialismo científico; e a economia política 
clássica inglesa para uma nova leitura da economia política burguesa 
fundada no pensamento econômico liberal. 
16. Na visão de Marx, o conhecimento e a ciência deviam assumir um 
papel político absolutamente crítico em relação ao capitalismo, devendo 
ser instrumento de compreensão e de transformação radical da sociedade.
17. Partindo desse pressuposto, o pensador defendia o argumento de 
que o papel do cientista social seria o de participar ativamente dos atos de 
transformação da sociedade capitalista, através do desempenho de uma 
função política revolucionária, posicionando-se ao lado das lutas do 
proletariado, sendo um observador participante e militante.
18. Para Marx e Engels, a dialética é a ciência das leis gerais do 
movimento tanto do mundo exterior quanto do pensamento humano. A 
grande idéia fundamental é que o mundo não deve ser considerado como 
um conjunto de coisas acabadas, mas como um conjunto de processos em 
que as coisas, aparentemente estáveis, bem como seus reflexos mentais no 
nosso cérebro, os conceitos, passam por uma série ininterrupta de 
transformações.
19. Marx aplicou a dialética na análise histórica, criando o 
materialismo histórico, ou uma teoria para explicar as sociedades.
20. Para Marx é preciso distinguir sempre entre as mudanças 
materiais ocorridas nas condições econômicas de produção e as formas 
jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, numa palavra, as 
formas ideológicas em que os homens adquirem consciência desse conflito 
e lutam para resolvê-lo.
21. Não se pode julgar um indivíduo pelo que ele pensa de si mesmo. 
Não se pode julgar épocas históricas pela sua consciência. Deve-se 
explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito 
existente entre as forças produtivas sociais e as relações de produção.
22. Em Marx é o conjunto das relações de produção, constituído pela 
estrutura econômica da sociedade, que representa a base concreta, a 
infraestrutura sobre a qual se constitui a superestrutura jurídica e política, 
que correspondem às formas de consciência social determinada. Para o 
autor, o modo de produção da vida material dos homens condiciona em 
513
Sociologia GeralUAB/Unimontes
geral todo o processo de vida social, política e intelectual.
23. Os homens são produtos das circunstâncias, pois criam e alteram 
suas bases de existência social, quando a ação humana pode alterar o 
conjunto das relações sociais. 
24. A distribuição de tarefas entre os indivíduos ou grupos é produto 
da sociedade e expressa as condições históricas e sociais de acordo com a 
posição que cada um deles ocupa na estrutura social e nas relações de 
propriedade.
25. A forma de propriedade capitalista, ocorre quando a divisão do 
trabalho corresponde à divisão entre proprietários e não-proprietários dos 
meios de produção (ou do capital). As duas principais classes sociais que se 
formam são burguesia e proletariado. A primeira é detentora do capital, a 
segunda é proprietária da força de trabalho que é vendida como 
mercadoria no sistema capitalista.
26. A persistência da divisão do trabalho típica do capitalismo 
acontece por causa do domínio do capital sobre os produtores diretos.
27. Para Marx e Engels, a classe operária, engajada em sua luta 
contra a burguesia, era a força política que realizaria a destruição do 
capitalismo e uma transição para o socialismo.
28. Uma classe só pode agir com êxito se adquirir consciência de si 
mesma da maneira prevista pela definição de transformar-se de classe em 
si para classe para si e se, ao contrário, isso não se realizar, sua ação 
política fracassará.
29. A força de trabalho é a mercadoria que possui a propriedade única 
de ser capaz de criar valor, ingrediente essencial para a produção 
capitalista e criação do lucro.
30. Na perspectiva marxista a burguesia para afirmar-se como 
capitalista, precisa não só apropriar-se do produto do trabalho excedente 
(não pago/mais-valia), mas também reconhecer o produtor do trabalho 
excedente, a mais-valia, que aparece na sua consciência como lucro.
31. Alienação para Marx é a ação pela qual (ou estado no qual) um 
indivíduo ou grupo social se tornam alheios, estranhos, separados, enfim 
alienados aos resultados ou produtos de sua própria atividade produtiva. 
Alienação para Marx, nasce da forma como a força de trabalho é utilizada 
no sistema de produção capitalista, pois é uma mercadoria,
32. A ideologia para Marx é a consciência falsa, equivocada, da 
realidade, não deliberada, mas necessária ao pensamento de 
determinada classe social, a burguesia, sob determinadas condições de 
sua posição e funções em relação às demais classes.
33. Sua contribuição teórica ultrapassa a dimensão apenas da 
ciência, constituindo uma verdadeira ética humanista, que conclama a 
justiça e a igualdade dos homens.
34. Deve-se a Durkheim a institucionalização da Sociologia como 
disciplina acadêmica, com definição rigorosa de teoria e de método. 
514
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
35. Herdando de Comte e do positivismo a idéia de que as sociedades 
modernas funcionam a partir de determinadas regras que orientam o 
modo de pensar, agir e sentir dos indivíduos que as compõem é que 
Durkheim iniciará seus estudos sociológicos. Deriva dessa perspectiva, o 
conceito de Fato Social, que Durkheim desenvolverá.
36. O bom funcionamento das partes que compõem a sociedade, em 
outras palavras, as instituições sociais, garantem a ordem ou harmonia 
social garantindo a saúde do corpo social, e com isso, o seu progresso.
37. Durkheim afirmou que a sociedade deve ser compreendida como 
um corpo social. 
38. O corpo social é composto por um conjunto de órgãos ou 
organismos sociais. Durkheim herda essa noção do organicismo. Para ele, 
as instituições sociais seriam esses organismos, que teriam funções 
específicas. Portanto, ao sociólogo caberia a missão de identificar as 
instituições sociais presentes em variadas sociedades e, principalmente, 
quais as suas funções.
39. As instituições sociais não são naturais. Elas não são criações 
divinas. Ao contrário, as instituições são criações da vida em sociedade ao 
longo da história humana.
40. As instituições sociais podem ser entendidas como um conjunto de 
regras e procedimentos socialmente definidos e aceitos pela sociedade.
41. As instituições sociais cumprem as funções que lhe são atribuídas 
por intermédio do consenso social ao longo da história de cada sociedade.
42. Em Durkheim é fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, 
suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, 
toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, 
ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas 
manifestações individuais. 
43. Os fatos sociais são formados pelas representações sociais. Isto é, 
pelas maneiras de como a sociedade vê a si mesma e ao mundo que a 
rodeia.
44. Os fatos sociais que se expressam nas regras, normas, leis, 
acordos tácitos, tradições, costumes, ritos, expectativas de 
comportamento, etc. estão profundamente arraigados à prática 
institucional. A família, a escola, as leis/códigos do direito, o estado, dentre 
outras instituições, portam e são os guardiões das regras de 
funcionamento da vida social.
45. Para Durkheim A mudança social estaria associada à noção de 
progresso. As sociedades evoluem, progridem e se complexificam.
46. O ordenamento funcional “saudável”, ou seja, não patológico da 
sociedade garantiria a coesão social, condição indispensável para o 
progresso. A socialização dos indivíduos, realizada principalmente pelas 
instituições família e escola é parte essencial desse processo.
47. O conceito de Divisão do Trabalho Social refere-se ao processo de 
515
Sociologia Geral UAB/Unimontes
atribuição de funções produtivas entre os membros que compõem 
determinada sociedade. Isto é, das tarefas produtivas que a sociedade 
deve cumprir para gerar a satisfação de suas necessidades temos a 
importante relação entre educação e socialização na e para a divisão do 
trabalho social normal.
48. O processo de socialização é também a geração de membros de 
uma sociedade capazes na execução de tarefas específicas. Isto é, a 
educação disciplina e organiza as forças necessárias para a produção de 
trabalho e a satisfação das necessidades sociais. A Divisão do Trabalho 
Social é, então, um conceito chave para Durkheim.
49. Se por um lado os membros de uma sociedade se dividem para 
realizar trabalho, por outro há laços sociais criados que permitem sua 
interdependência, tornando-os unidos como um grupo social, isto é a 
solidariedade social.
50. Durkheim definirá dois tipos de solidariedade social: a mecânica e 
a orgânica.
51. Solidariedade Mecânica: típica de sociedades menos complexas. 
Seria uma solidariedade presente na Horda e em sociedades simples, ditas 
por ele “primitivas”. A integração indivíduo-sociedade se daria pelo sistema 
de crenças, sentimentos comuns, tradição, etc.
52. Solidariedade Orgânica: típica de sociedades complexas; é 
derivada do processo de Divisão do Trabalho Social. A divisão do trabalho 
impõe a especialização de funções aos indivíduos. Essa individualização 
leva a uma aparente atomização dos membros que compõem o grupo 
social. Ao contrário, a especialização do trabalho leva à interdependência 
funcional. Quanto mais cada um tem uma função específica, mais 
dependente do outro estaremos para gerar os produtos necessários à 
satisfação de nossas necessidades.
53. Por método, de maneira geral, podemos compreender como a 
maneira ou o modo de produzir o conhecimento relativo à determinada 
ciência.
54. Nas regras do método sociológico Durkheim propõe tratar os fatos 
sociais como coisa. Isto significa que a tarefa metodológica do sociólogo é 
de estranhamento daquilo que lhe é familiar.Quando utilizamos, 
cotidianamente, a palavra Coisa para identificarmos algum objeto, o 
fazemos para dar significado a algo que não conseguimos a priori 
estabelecer seus atributos. 
55. Durkheim diz é que os fatos sociais possuem uma objetividade que 
deve ser atingida pela ciência sociológica.
56. Vimos que o ambiente familiar foi decisivo para a formação 
intelectual do jovem Weber; a ética protestante da mãe, e o ativismo 
político do pai foram essenciais na condução da teoria weberiana, ao longo 
da sua vida. Soma-se a isso o contato de Weber com ilustres intelectuais 
que freqüentavam sua casa. 
57. A perspectiva weberiana de observar o mundo se fundamenta na 
516
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
centralidade do indivíduo, ou seja, em atores sociais capazes de conduzir 
suas próprias ações. Na sua interpretação as regras sociais não pairam 
sobre os indivíduos, mas são constituídas a partir das ações de um conjunto 
de agentes sociais.
58. Ao dizer que o ponto de partida da Sociologia é a ação dos 
indivíduos, Weber não nega que a Sociologia deve se preocupar com os 
fenômenos coletivos. 
59. Weber recomenda a utilização do “método compreensivo”, 
através do qual é possível entender alguns elementos da vida que nos 
rodeia. Na sua visão, a Sociologia interpreta e compreende as ações 
sociais e, acima de tudo, explica suas causas, curso e conseqüências.
60. Há uma clara pretensão de Weber em demonstrar que a prática 
científica permite o desenvolvimento de tecnologias para “controlar a 
vida”, o “desenvolvimento de métodos de pensamento”. Através da 
ciência, também é possível dizer que ela mesma permite indicar meios para 
atingir metas determinadas. Ou seja, a ciência contribui de forma prática 
para o desenvolvimento da racionalidade. 
61. Weber entende que a objetividade das ciências sociais ocorre 
quando os valores pessoais são incorporados conscientemente à pesquisa, 
e controlado através de rigorosos procedimentos metodológicos. 
62. Para analisar a complexidade das relações sociais, Weber propõe 
a criação de um instrumento metodológico: tipo ideal. Trata-se de um 
instrumento que possui uma clara definição conceitual e nunca existirá na 
realidade concreta; seu papel é selecionar explicitamente a dimensão do 
objeto que será analisado e apresentar essa dimensão da forma mais pura 
possível. Com esse instrumento o cientista social pode construir um modelo 
de interpretação e de investigação, que o guiará nos infinitos caminhos da 
realidade social. Podemos analisar a realidade a nossa volta a partir da 
construção de vários tipos ideais. 
63. A ação social é central na Sociologia weberiana. Ele define: A 
ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pelas ações dos 
outros, as quais podem ser ações passadas, presentes ou esperadas como 
sendo futuras. Os 'outros' podem ser indivíduos e conhecidos ou até uma 
pluralidade de indivíduos indeterminados e inteiramente desconhecidos. 
64. Weber diz que toda ação social pode ser compreendida em quatro 
categorias: 1) Racional em relação a fins; 2) Racional com relação a 
valores 3) Afetiva; 4) Tradicional. São classificações que se aproximam da 
ação real, tipos ideais puros, construídos para auxiliar a pesquisa 
sociológica. 
65. Agir racionalmente com relação a fins, significa dizer que o agente 
disporá de todos os meios necessários para atingir um fim pré-
estabelecido. 
66. Atitude com relação a valores é também um tipo de ação racional, 
porque previamente o agente estipula objetivos coerentes. O agente 
orienta suas atitudes segundo um ideal dominante, possui um 
517
Sociologia Geral UAB/Unimontes
comportamento fiel às suas convicções. 
67. Ação afetiva compreende um conjunto de atitudes determinadas 
pela emoção. 
68. Os hábitos e costumes condicionam a ação do tipo tradicional. 
São modos de condutas que obedecem a estímulos habituais. 
69. Relação Social pode ser definida como uma combinação de várias 
ações sociais. Reciprocamente, os agentes compartilham suas condutas 
sociais e produzem conteúdos significativos. 
70. Weber destaca que toda relação social possui um conteúdo 
significativo, que pode variar ao longo do tempo. Os conteúdos 
significativos também podem ser pactuados.
518
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
BÁSICA
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2. ed. São 
Paulo: Editora Moderna, 2005.
DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins 
Fontes, 1995.
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1992.
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Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos – Marx, Durkheim e Weber. 
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. (Coleção Aprender)
COMPLEMENTAR 
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BINETI, Saffo Testoni. Iluminismo. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, 
Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política –Vol. 1. Tradução: 
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pensamento sociológico. São Paulo: Centauro Editora, 2001.
COHN, G. Max Weber. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006. (Coleção Grandes 
Cientistas Sociais)
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do Positivismo; Catecismo Positivista. Tradução: GIANNOTTI, José Arthur; 
LEMOS, Miguel. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os Pensadores)COSTA, 
Lúcio Flávio F. “A divisão do trabalho na perspectiva da Sociologia 
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Pedagogia, n° 02, ano 02, dez./96, p. 15-24. 
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Pedagogia. São Paulo: Altas, 
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Sociologia e Sociedade: Leituras de Introdução à Sociologia. 3. ed. Rio de 
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das obras de Marx, Durkheim e Max Weber. Lisboa: Editorial Presença, 
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1998. 
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Dutra. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. 
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LEMOS, Miguel. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os Pensadores).
GIDDENS, Anthony. Política, Sociologia e Teoria Social: 
encontros com o pensamento social clássico e contemporâneo. São Paulo: 
Editora UNESP, 1998. 
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das obras de Marx, Durkheim e Max Weber. Lisboa: Editorial Presença, 
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IANNI, Octávio (org.). Marx. São Paulo: Ática,1992. (Coleção Grandes 
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LALLEMENT, Michel. História das idéias sociológicas: das origens a Max 
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LENIN, Vladimir I. O que é o marxismo? Porto Alegre: Movimento, 1980.
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MARX, Karl. “Prefácio à contribuição à crítica da economiapolítica”. In: 
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MARX, Karl. Para a Crítica da Economia Política do Capital. Tradução de 
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521
Sociologia Geral UAB/Unimontes
MARX, Karl; ENGELS, F. O manifesto do partido comunista. Moscou: 
Edições Progresso, 1987. (várias outras edições).
NOGUEIRA, Claudio Marques. Considerações Sobre a Sociologia de Max 
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ORTIZ, Renato. Durkheim: arquiteto e herói fundador. Revista Brasileira de 
Pedagogia – ANPOCS, 4 (11), p. 5-22, outubro de 1989.
TRIVINOS, Augusto N. S. Introdução à Pesquisa em Pedagogia: A 
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WEBER, Max. Economia e Sociedade. Brasília: Editora UnB, 1991. Vol. 1.
_______. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1982. 
_______. Metodologia das Pedagogia. Volumes 1 e 2. São Paulo: Cortez; 
Campinas: Editora da UNICAMP, 2001.
VICENTINO, C.; DORIGO, G. História. São Paulo: Scipione, 2005.
SUPLEMENTAR
ÁRIES, Philipe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de 
Janeiro: Zattar, 1981.
BOUDON, R; BOURRICAUD, F. Dicionário Crítico de Sociologia. 
Tradução: Alcoforado, Maria Letícia Guedes; Ártico, Durval. São Paulo: 
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totêmico na Austrália. São Paulo: Edições Paulinas, 1989.
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MARCUSE, Herbert. “O que é o nacional-socialismo?”. LE MONDE 
DIPLOMATIQUE. Disponível em: www.diplo.uol.com.br/2000-10,a1885.
N A C I O N A L S O C I A L I S M O A L E M Ã O. D i s p o n í v e l e m : 
www.diplo.uol.com.br/2000-10, a1885.
WEBER, Max. “Ciência como vocação”. In: WEBER, Max. Ensaios de 
Sociologia. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1982. p.154-186.
WEBER, Max. Metodologia das Pedagogia – I e II. São Paulo: Cortez; 
Campinas: Editora da UNICAMP, 2001.
522
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
ATIVIDADES DE 
APRENDIZAGEM
- AA
1) Disserte sobre os a lei dos três estados de Comte e a evolução do 
conhecimento humano.
2) Explique o conceito de Fatos Sociais e o que significa tratá-lo como coisa 
segundo o pensamento durkeimiano.
3) Durkheim trabalhou sobre a questão da Divisão do Trabalho Social. 
Discuta a relação entre Divisão do Trabalho Social e Solidariedade, 
explicando as diferenças entre os dois tipos de solidariedade social. 
4) Qual a relação entre os conceitos de ideologia e de alienação em Marx?
5) Cientistas das Universidades alemãs de Regensburg e Rostock 
realizaram um estudo sobre as características faciais que seduzem homens 
e mulheres. Ou seja, o “tipo ideal” de rosto feminino e masculino definido 
na pesquisa possui as seguintes características.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
524
A partir do exemplo de tipo ideal de rosto masculino e feminino 
desenvolvido pelos cientistas alemães, e da leitura dos textos da unidade, 
descreva qual a utilidade da ferramenta metodológica weberiana, “tipo 
ideal”?
6) A partir da sua leitura sobre a sociologia weberiana e suas principais 
influências, analise e assinale as opções e marque (V) para verdadeiro e (F) 
para falso.
( ) O crescimento num ambiente familiar laico, e seu distanciamento dos 
debates políticos de sua época, permitiu dedicação exclusiva de Max 
Weber a produção acadêmica. 
( ) A sociologia weberiana é considerada compreensiva, pois através dela 
é possível explicar todas as dimensões dos fenômenos sociais. 
( ) A objetividade nas ciências sociais só é possível, quando o pesquisador 
abandona seus próprios valores e ideais, e adota critérios científicos 
rigorosos. 
( ) Para Weber a realidade social é multidimensional, o pesquisador 
precisa criar instrumentos metodológicos ideais, para compreender as 
peculiaridades dos fenômenos sociais. 
7) Sobre o significado do conceito de Relação Social na teoria weberiana, 
analise e assinale as opções e marque (V) para verdadeiro e (F) para falso.
( ) É a relação existente dentro das entidades coletivas, e exercem forte 
coerção sobre os indivíduos. 
( ) Envolve a percepção de significado entre vários agentes, ou seja, a 
probabilidade de se compartilhar condutas sociais com o mesmo sentido. 
( ) A Relação Social é produzida, unicamente a partir contradição de 
duas classes sociais em luta. 
( ) Relação Social se caracteriza por sua natureza transitória ou 
duradoura, dependendo do contexto onde ocorre. 
( ) O consentimento mútuo é um aspecto determinante para que exista 
a Relação Social. 
8) A perspectiva metodológica da sociologia em Karl Marx é considerada 
como crítica, sendo correto afirmar que utiliza as seguintes categorias de 
análise:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
O homem considerado sexy tem: 
 pele morena; 
 cabeça estreita; 
 lábios cheios (não grossos) e 
simétricos (o inferior igual ao 
superior); 
 sobrancelhas escuras e 
espessas; 
 cílios fartos e escuros; 

 
a
 
metade superior do rosto 
maior
 
que a inferior;
 

 
maçãs do rosto altas (mais 
perto
 
dos olhos);
 

 
mandíbula e queixo 
proeminentes;
 

 
pálpebras estreitas;
 

 
ausência de rugas entre o 
nariz e
 
a boca, conhecidas 
como bigode; e
 

 
chinês
 
.
 
A mulher considerada sexy 
tem: 
 pele bronzeada; 
 cabeça estreita; 
 pouca gordura nas 
bochechas; 
 lábios grossos 
sobrancelhas escuras e 
finas; 

 
cílios longos e fartos;
 

 
maçãs do rosto 
salientes;
 

 
nariz fino;
 

 
ausência de olheiras; e
 

 
pálpebras estreitas.
 
 
Fonte: Revista Veja , 
 
21/01/04.
 
525
Sociologia Geral UAB/Unimontes
( ) Método compreensivo, ação social e ciência parcialmente neutra.
( ) Dialética, materialismo histórico, contradição.
( ) Método comparativo, fato social e ciência neutra.( ) Juízos de valor, neutralidade axiológica e ciência neutra.
9) Faça a correspondência o modo de produção e os tipos de propriedade e 
divisão social do trabalho:
10) Sobre os conceitos de alienação e ideologia em Marx, analise e 
assinale as opções e marque (V) para verdadeiro e (F) para falso.
( ) Alienação para Marx é a ação pela qual (ou estado no qual) um 
indivíduo ou grupo social se tornam alheios, estranhos, separados, enfim 
alienados aos resultados ou produtos de sua própria atividade produtiva.
( ) A ideologia para Marx é a consciência da realidade, deliberada e 
necessária, correspondendo ao pensamento de cada uma das classes 
sociais.
( ) A Alienação é sempre alienação de si próprio, sendo não apenas um 
conceito, mas também um apelo à modificação revolucionária do mundo 
(desalienação).
( ) O proletariado, uma classe desprovida de direitos e de bens, mas 
imbuída de uma ideologia socialista, é capaz de subverter a estrutura da 
sociedade moderna, e buscar a supressão de qualquer tipo de alienação 
através da revolução proletária e socialista.
1 -
 
Modo de produção 
primitivo
 ( ) Propriedade privada e a divisão do 
trabalho corresponde à divisão entre 
campo e cidade e entre homens livres 
e cativos. 
 
2 -
 
Modo de produção 
capitalista
 
( ) Propriedade por ordens e a divisão do 
trabalho corresponde à servidão no 
campo e artesão nas cidades. 
 
3 -
 
Modo de produção 
Feudal
 
( ) Propriedade privada e a divisão do 
trabalho corresponde à divisão entre 
proprietários e não-proprietários dos 
meios de produção. 
4 - Modo de produção 
escravista 
( ) Propriedade comunal e a divisão do 
trabalho corresponde à extensão da 
divisão natural do trabalho. 
 
526
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período

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