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1. INTRODUÇÃO 
 
 O Balanço Patrimonial de uma entidade, qualquer que seja sua natureza, 
representa muito mais que seus bens, direitos e obrigações. É possível extrair 
dessa peça contábil informações que vão desde as normas e regras próprias da 
contabilidade até as tendências de estilos administrativos dos seus executivos e 
sócios. 
 A cada dia tem se intensificado a busca pelo aperfeiçoamento das técnicas 
de análises de balanços, de forma a se conhecer com maior profundidade uma 
companhia sob avaliação, notadamente pelos riscos a que estão expostos os 
capitais nela investidos. 
 Por mais que a legislação e os órgãos reguladores busquem que as 
informações constantes do balanço patrimonial espelhem de forma real a situação 
econômica e financeira das companhias, inúmeros são os fatos que comprovam a 
necessidade de qualquer tomada de decisão ser precedida de uma boa análise. 
 Diversas são as finalidades da análise de balanço, bem como vários são 
seus usuários. No entanto, todos eles carecem de certeza das informações ali 
contidas para que seus objetivos se concretizem, sejam eles quais forem e por 
quanto tempo sejam esperados. 
 Entendemos que à medida que as relações entre as entidades se 
globalizam mais difícil fica essa certeza, restando a esses usuários mitigar o risco 
através da profunda avaliação dos indicadores que abordaremos nos três 
capítulos deste trabalho. 
No primeiro capitulo abordaremos os principais usuários da análise do 
balanço patrimonial, bem como as suas necessidades e objetivos, sejam eles 
internos ou externos, públicos ou privados, más com ênfase naqueles que 
buscam a longevidade da companhia 
No segundo capítulo buscamos evidenciar a metodologia das análises, 
horizontal e vertical, como também a de cálculo dos indicadores e índices, dando 
maior foco aos determinadores da situação financeira, econômica e patrimonial, 
ou seja: os de liquidez, de estrutura de capital e de rentabilidade. 
No terceiro e último capítulo trabalhamos e ciclo operacional e o capital. No 
tocante ao ciclo operacional buscamos deixar evidenciada a importância da 
administração dos prazos médios. Já no capital de giro evidenciamos o capital 
circulante líquido e a necessidade de capital de giro, bem como suas fontes de 
financiamento. O efeito tesoura, que por vezes decorre da imobilização de 
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recursos de giro, e ainda o overtrading foram abordados uma vez que tem 
importância fundamental na solvência de qualquer companhia. 
Concluindo este último capitulo tratamos dos relatórios gerenciais, com 
suas abordagens sobre a análise de cenário, os aspectos da situação econômica 
da empresa, a sua situação financeira, seus anexos e por fim parecer conclusivo 
e voltado para finalidade do seu usuário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE BALANÇO NA AVALIAÇÃO DA 
EMPRESA 
 
2.1 USUÁRIOS DA ANÁLISE DE BALANÇO 
 
 Os usuários da análise de Balanço, classificados em internos e externos, 
ao longo dos tempos tem demando uma maior qualidade das análise. E, por 
conseguinte imprimido maior celeridade na produção de Leis e Normas Contábeis 
capazes de expressar com mais fidedignidade a real situação da entidade. 
O Balanço Patrimonial regulado pela Lei nº 6.404/76 e seus complementos, 
Lei nº 11.638/07 que em princípio foi destinada as sociedades por ações. Por 
força do Decreto-lei nº 1.598/77 foi alcançado outros tipos de sociedades sujeitas 
à tributação do Imposto de Renda com base no seu lucro real. 
Elaborado seguindo as regras contábeis será tanto mais eficiente quanto 
melhor forem suas informações. Além dos informes econômico financeiro a 
análise do balanço será capaz de evidenciar qual o direcionamento estratégico da 
organização, suas potencialidades, seus pontos fracos, e ainda qual a 
contextualização de seus administradores com o seu mercado de atuação. 
 
A análise de balanço deve ser entendida dento de 
suas possibilidades e limitações. De um lado, mais 
aponta problemas a serem investigados do que 
indica soluções; de outro, desde que 
convenientemente utilizada, pode transformar-se 
num poderoso “painel de controle” da 
administração. (Iudícibus 1998; pg. 84) 
 
Carrega no seu escopo diverso dados de relevante serventia para diversos 
interessados, sejam eles internos ou externos, e com necessidades diversas. A 
análise deve sempre ser produzida e vista com imparcialidade pelo usuário, de 
forma a não induzir a erro na tomada de decisões. 
 
 
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2.2 Gestores 
A análise econômica e financeira do Balanço Patrimonial é um instrumento 
de primordial importância para Administradores da empresa. Através dela é 
possível fazer a avaliação de períodos passados e projeção da tendência futura. 
Embora seja uma informação em momento estático a sua comparação com 
outros períodos e até com empresas concorrentes auxiliará os gestores a 
avaliarem a necessidade de alteração em suas práticas. 
Inúmeras são as possibilidades de tomadas de decisões com base nos 
dados apresentados pelas analises do balanço patrimonial, e qualquer citação 
será sempre parcial e sua aplicabilidade dependerá sempre dos interesses dos 
grupos de usuários internos. Toda via podemos destacar os mais relevantes: 
formular novas estratégias, planejar novos investimentos, rever a estrutura de 
custos, analisar a política de vendas, reavaliar seu risco etc. 
Uma forte tendência contemporânea é a adesão das companhias a 
governança corporativa que traz em seus princípios a transparência e a prestação 
de contas, que deve sempre ser buscada pelos gestores e evidenciada através da 
clareza das análises dos Balanços Patrimoniais. 
2.3 Sócios e Acionistas 
Toda empresa nasce com a integralização de capital por um ou mais 
sócios com objetivos vários. Podemos destacar a contribuição ao país com a 
geração de empregos e o recolhimento de impostos, ou o empreendedorismo 
latente de varias pessoas, más sem a menor sombra de duvida o que qualquer 
acionista de uma companhia busca é uma remuneração para o seu capital e por 
isso o investe numa organização com fins lucrativos. 
Periodicamente os donos do capital social de uma companhia precisam de 
instrumentos que lhes forneça dados para mensurar se as sua decisões de 
investimentos foram acertadas. É o Balanço Patrimonial a peça mais esperada, 
pelos sócios, durante todo o exercício social, pois é ele quem evidenciará a 
realização dos lucros ou prejuízo. 
 
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 Os atuais e os potenciais acionistas procuram 
prioritariamente identificar o retorno de seus investimentos, 
ou seja, a capacidade de que a empresa apresenta em 
gerar lucros e remunerar os recursos próprios aportados. 
O interesse pela liquidez financeira está mais restrito a 
identificar a capacidade da empresa em manter suas 
operações e, muitas vezes, em avaliar as condições atuais 
e futuras de distribuição de dividendos. Alem desses 
aspectos, a análise por parte dos acionistas engloba 
identicamente estudos sobre os diversos indicadores de 
ações, tais como preço de mercado da ação, valorizações, 
lucro por ação etc. (Assaf Neto (2009; pg. 61) 
A capacidade de geração de lucro apresentado pela companhia é o 
principal item de balizamento do acionista para avaliar o tamanho do retorno dos 
capitais, bem como o custo de oportunidade de seus investimentos. 
2.4 Funcionários 
Com as recentes alterações nas relações de trabalho do mundo 
globalizado, incluindo-se aí a necessidade dos acordos coletivos de trabalho 
tornou-se imprescindível que os funcionários e seus sindicatos tenham pleno 
conhecimento da situaçãoeconômico – financeira para que possam acertam 
forma justas e duradoura de remuneração. 
É crescente o numero de empresas que concedem a seus colaboradores 
participação nos lucros e resultados. 
O desconhecimento da situação econômico – financeira da entidade tem se 
mostrado um dificultador na busca de funcionários comprometidos com 
desempenho da empresa e conseqüentemente criado uma cultura imediatista 
sem a visão de que a longevidade da organização aumentará a possibilidade 
manutenção dos postos de trabalho. 
2.5 Fornecedores 
A cada dia tem se tornado mais evidente a necessidade das empresas 
minimizarem sua perdas como forma de melhorar sua rentabilidade. Por isso a 
principal preocupação de qualquer fornecedor é conhecer a saúde financeira de 
seus clientes antes de efetuar qualquer venda a prazo, o que pode ser mensurada 
através da análise da liquidez e da geração de lucros e caixa, principalmente se 
vendas a logo prazo. 
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A análise de balanços tem muito bons resultados na previsão de 
insolvência e pode ser determinante para evitar que fornecedores tenham 
grandes prejuízos com empresas em situação inicial de falência. 
Segundo Assaf Neto (2009 pg. 60) comenta: o interesse principal do 
fornecedor na analise do balanço é conhecer a capacidade da empresa em 
honrar seus compromissos, ou seja, a sua liquidez. 
 Mas por serem as demonstrações contábeis relatórios estáticos, que 
representam uma posição em determinado momento do tempo, os fornecedores 
também se preocupam em extrair conclusões de outros indicadores da empresa 
de forma a lhes proporcionarem maior segurança. É identicamente consultado o 
nível de endividamento e rentabilidade das empresas compradoras, alem de 
outras informações relevantes para concessão de crédito. 
2.6 Clientes 
Por mais que possa parecer estranho, no mercado de hoje é grade o 
interesse de empresas na analise de balanços de seus fornecedores com o intuito 
principal de saber qual capacidade de venda e de entrega de seus produtos. 
 
Em verdade, é prudente que empresas 
compradoras avaliem firmas vendedoras em 
algumas situações especiais, tais como quando 
ocorrer forte dependência de certos fornecedores, 
os quais não apresentem uma estrutura 
empresarial compatível com a importância dos 
pedidos, ou quando o número de fornecedores 
disponíveis no mercado é reduzido diante da 
demanda existente. Nesse segmento de análises 
de balanços, os itens mais importantes da 
avaliação centram-se na capacidade física 
instalada de produção, existência de projetos de 
expansão, nível dos investimentos em pesquisas e 
desenvolvimento de produtos, condições 
econômicas e financeiras a curto e longo prazos e, 
também, no potencial de captação de recursos, 
notadamente a longo prazo.(ASSAF NETO 2009; 
pg.60) 
 
 
15 
 
É cada vez mais forte o conceito de longevidade nas parcerias negociais 
para rentabilizar as organizações. E que é um fator de risco manter negócios com 
parceiros sem o conhecimento de sua capacidade de honrar com a entrega dos 
pedidos efetuados. 
 
2.7 Governo 
 
Segundo Assaf Neto (2009- pg. 61) comenta: “O interesse do governo na 
analise de balanços é explicado em processos de concorrência pública, em que o 
desempenho empresarial é fator importante no processo de seleção; na 
necessidade de conhecer a posição financeira dos diferentes ramos e setores de 
atividade como forma de subsidiar a formulação de certas políticas econômicas; 
no controle mais próximo de empresas públicas e concessionárias de serviços 
públicos etc.” 
Podemos afirma que o poder público tem vários interesses na analise dos 
balanços da empresas, no entanto dois são os principais: 
 
 A fiscalização do cumprimento das obrigações tributárias. O balanço 
evidencia a geração de praticamente toda Gama de tributos de 
interesse de todas as instancias arrecadadoras, seja Estadual, 
Municipal o Federal; 
 
 As licitações públicas. A Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, que 
regulamenta as licitações e contratos administrativos referentes a 
obras, serviços, compras, locações e alienações no âmbito 
municipal, estadual e federal, preconiza no seu artigo 31º a 
exigência de apresentação das demonstrações financeiras para 
analise da licitante, através da qual se evidencia a capacidade de 
honrar com o compromisso assumido, conforme segue: 
 
 
 
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“Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira 
limitar-se-á a: 
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício 
social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa 
situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes 
ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais 
quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da 
proposta; 
§ 1
o
 A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade 
financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir 
caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores 
mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. 
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) 
§ 3
o
 O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o 
parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor 
estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente 
à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a 
atualização para esta data através de índices oficiais. 
 A necessidade crescente de recursos por parte do Estado para custear 
suas atividades, tem elevado seu interesse na análise do Balanço Patrimonial das 
entidades com o objetivo de descobrir possíveis sonegações de impostos. 
 
2.8 Instituições Financeiras 
Tendo como atividade principal a intermediação de recursos, as instituições 
financeiras foram precursoras no desenvolvimento de metodologias de avaliação 
de risco de crédito como forma de minimizar suas perdas. 
São, na atualidade, os principais usuários da análise de balanço, utilizando-
a como pré- requisito para concessão de crédito seja de curto ou de longo prazo. 
Os Bancos de investimento e desenvolvimento, grandes responsáveis pelo 
aporte de recursos de longo prazo em empresas para o financiamento de bens de 
capital, carecem de mecanismos que possam avaliar diversos indicadores da 
financiada, principalmente a sua tendência no tocante a capacidade de geração 
de receitas futuras, ou seja, sua capacidade de pagamento. 
 
 
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 Os intermediários financeiros, basicamente os bancos 
comerciais e de investimentos, constituem-se 
tradicionalmente no principal usuário da analise de 
balanço. Historicamente, sabe-se que o processo de 
avaliação de empresas foi desenvolvido, em grande parte, 
no sistema bancário americano, o qual procurava 
relacionar o risco das diversas empresas com suas 
solicitações de empréstimos. (Assaf Neto 2009; pg. 60) 
 
O sistema financeiro, notadamente os bancos comerciais e de 
investimentos, como forma de minimizar os seus riscos tem buscado na análise 
de demonstrações contábeis conhecer o melhor possível as empresas em que 
pretende aportar recursos. 
 
2.9 Concorrentes 
 
Cada vez mais competitivo o mercado obriga as empresas buscarem o 
conhecimento de seus concorrentes. Através da analise do balanço de empresas 
concorrente é possível uma comparação das medianas de vários índices e 
possíveis correções, caso necessários. 
É de suma importância para a empresa saber qual é a sua posição em 
relação a seus concorrentes no tocante a sua liquidez e rentabilidade. Pode ser 
determinante para investimento em novas instalações,lançamento de novos 
produtos ou até mesmo uma mudança de atividade. 
Uma das praticas adotadas hoje no mercado pela maioria dos seus 
componentes é ter como benchmarking as medianas dos indicadores do seu 
segmento, ponderados a sua localização, região etc. 
2.10 Investidores 
Investidores são pessoas físicas ou entidades que aportam recursos em 
companhias, principalmente as de capital aberto, com a intenção de obter lucros. 
Esse aporte se dá através da aquisição de ações ou debêntures. 
A análise dos indicadores extraídos do balanço, notadamente os de 
rentabilidade e lucratividade são os de maior interesse para os investidores, pois 
são de grande importância na avaliação do custo de oportunidade, fator decisivo 
para a tomada de decisão. 
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2.11 Comissão de Valores Mobiliários 
A Comissão de Valores Mobiliários assume um papel de suma importância 
como usuário da análise das demonstrações contábeis das companhias de capital 
aberto, principalmente quanto aos requisitos legais do mercado de valores 
mobiliários, no tocante a periodicidade de publicação, padronização e 
transparência, cabendo-lhe funções de: 
 Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de 
bolsa e de balcão; 
 Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões 
irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas 
controladores de companhias ou de administradores de carteira 
de valores mobiliários; 
 Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação 
destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou 
preço de valores mobiliários negociados no mercado; 
 Assegurar o acesso do público a informações sobre valores 
mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido; 
 Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no 
mercado de valores mobiliários; 
 Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores 
mobiliários; 
 Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do 
mercado de ações e estimular as aplicações permanentes em 
ações do capital social das companhias abertas. 
A importância da análise de Balanço para as companhias e para seus 
usuários tem levado ao constante aperfeiçoamento das metodologias de 
avaliação, como também tem sido de grande valia para evitar transações pouco 
éticas. No entanto ainda carece de leis mais rigorosas para punição de fraudes 
contábeis, que ainda tem causado sérios danos ao mercado. 
Abordaremos no capítulo seguinte as principais metodologias e técnicas 
hoje utilizadas na mensuração dos Balanços das entidades. Várias são as 
metodologias, porem com o mesmo objetivo: conhecer a situação patrimonial das 
organizações e sua tendência num horizonte temporal. 
 
 
 
 
 
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3. METODOLOGIA DE ANÁLISE DOS ÍNDICES 
 
 A avaliação de uma empresa consiste basicamente na comparação de 
valores obtidos em um determinado período com iguais períodos passados. 
Podemos então concluir que o critério básico norteador da analise de balanço é a 
comparação. 
 Analisada isoladamente qualquer conta ou grupo patrimonial pode retratar 
com fidedignidade o valor apresentado para efeito da análise. Daí a necessidade 
de sua comparação com outras bem como em uma perspectiva temporal. 
 A análise, horizontal e vertical é a ferramenta de comparação 
imprescindível para o conhecimento da situação de uma empresa. 
 Não menos importantes temos a análise de índices ou quocientes, capazes 
de fornecer uma visão ampla da realidade econômica, financeira e patrimonial da 
companhia. 
 Segundo Silva (2007; pg. 98) comenta: “A análise através de índices é 
decomposta em dois grandes grupos: Indicadores de Atividade/Rotatividade e 
Indicadores Financeiros. 
 Na verdade os dois principais grupos de indicadores da análise do balanço 
são complementares, pois os indicadores financeiros de uma companhia são via 
de regra, decorrentes dos seus indicadores de atividade/rotatividade, ou seja, do 
seu ciclo operacional. 
3.1 Análise Horizontal 
A análise horizontal também conhecida como análise de tendências, 
basicamente faz a comparação de uma conta ou grupo de contas em diferentes 
exercícios sociais. Consiste em processo de análise temporal desenvolvido 
através de números-índices. 
 
Esta análise é importante, pois permite descobrir e 
avaliar a estrutura e composição de itens das 
demonstrações e sua evolução no tempo, os 
caminhos até então trilhados pela empresa, 
servindo para construção de uma série histórica, o 
que é fundamental para ajudar no estudo de 
tendências e na construção de cenários. (Silva 
2007; pg. 90) 
 
20 
 
 Baseada na observação da evolução de uma conta ou grupo de contas a 
análise horizontal mantém seu foco nos efeitos, sem se preocupar em explicar os 
motivos das mudanças ocorridas. 
Podendo ser desenvolvida tanto de forma evolutiva como retrospectiva, é 
de suma importância por permitir descobrir e avaliar a estrutura e composição dos 
itens do balanço e sua evolução temporal. Evidencia o desempenho e seria 
histórica da empresa, de importância ímpar para o estudo da tendência e busca 
de novos cenários. 
 
Uma metodologia básica para o estudo 
comparativo da evolução horizontal dos balanços 
pode ser resumida em três segmentos de estudo, 
a seguir. a) Evolução do ativo (investimentos) e 
passivos (financiamentos) de curto prazo. Através 
do resultado dessa comparação pode-se avaliar se 
há folga financeira ou aperto de liquidez( liq1uidez 
de curto prazo) refletidas pela evolução do ativo e 
passivo circulantes. b) Evolução do ativo 
permanente produtivo. Grupo patrimonial que 
reflete a capacidade instalada de produção/vendas 
de uma empresa. c) evolução da estrutura de 
capital. Nesse segmento da análise horizontal 
busca-se conhecer as fontes dos recursos 
alocados nos investimentos em ativos da 
companhia. (ASSAF NETO 2009; pg. 120) 
 Cuidados devem ser tomados quando no desenvolvimento da análise 
horizontal por meio de números-índices a base de comparação contiver número 
negativo, o que levará a uma distorção do resultado calculado e não refletirá 
corretamente a evolução dos valores considerados. 
3.2 Análise Vertical 
A análise vertical é um processo de comparação, normalmente expresso 
na forma percentual, através da qual se pode identificar a participação de uma 
conta dentro de um determinado grupo de contas no qual está inserida. No 
Balanço Patrimonial é possível observar a participação do imobilizado no ativo 
total da organização. 
 
A análise vertical é também denominada de 
análise de estrutura das demonstrações e serve 
para estabelecer tendências, revelando ainda os 
seus efeitos, e em algumas demonstrações é 
ainda possível descobrir algumas causas primarias 
das variações. (Silva 2007; pg. 88) 
21 
 
 A estrutura patrimonial é sempre evidenciada de forma muita clara quando 
atentamos para a análise vertical. É clarificada através dessa análise a 
participação de cada conta no ativo total ou passivo total da empresa. 
O quadro abaixo 3.1 demonstra de forma simplificada uma análise 
horizontal e vertical do Ativo de uma empresa no horizonte temporal de dois 
exercícios. 
Quadro 3.1 - BALANÇO PATRIMONIAL(ATIVO)- EMPRESA OBOÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S 
CNPJ Nº 01.432.688/0001-41Nº 01.432.688/0001-41 Fonte: WWW.oboe.com.br 
 
 
 
OBOÉ CRÉDITO, FINANC. E 
INVESTIMENTO S.A. 
 
 
 31 de dezembro de 2007 e 2006 - Valores em R$ MIL 
 
BALANÇO PATRIMONIAL 
 
31/12/2007 
 
31/12/2006 
 
AN.HORIZ 
 
VARIAÇÃO 
 
 ATIVO 
 
R$ 
Análise 
vertical% 
 
R$ 
Análise 
Vertical% 
 
R$ 
 
 % 
Circulante 
Disponível 2.667 2,8% 217 0,3% 2.450 1129,0% 
Aplicações Interfinanc de Liquidez 4.700 4,9% 8.300 10,3% (3.600) -43,4% 
Operações de Crédito 59.404 61,5% 42.054 52,3% 17.350 41,3% 
Empréstimos e Títulos 
Descontados 
11.318 11,7% 8.867 11,0% 2.451 27,6% 
Financiamentos 48.086 49,8% 33.975 42,3% 14.111 41,5% 
Provisão para Operações de 
Crédito 
(823) -0,9% (788) -1,0% (35) 4,4% 
Outros Créditos 3.440 3,6% 1.574 2,0% 1.866 118,6% 
Outros Valores e Bens 730 0,8% 117 0,1% 613 523,9% 
Total Ativo Circulante 70.118 72,6% 52.262 65,0% 17.856 34,2% 
REAL. A LONGO PRAZO 22.386 23,2% 24.289 30,2% (1.903) -7,8% 
Operações de Crédito 22.114 22,9% 24.289 30,2% (2.175) -9,0% 
Empréstimos e Títulos 
Descontados 
163 0,2% 5.027 6,3% (4.864) -96,8% 
Financiamentos 21.951 22,7% 19.262 24,0% 2.689 14,0% 
Outros Créditos 272 0,3% 0 0,0% 272 100,0% 
PERMANENTE 0,0% 0,0% 0 100,0% 
Investimentos 143 0,1% 143 0,2% 0 0,0% 
Imobilizado 3.774 3,9% 3.441 4,3% 333 9,7% 
Imóveis de Uso 2.481 2,6% 2.097 2,6% 384 18,3% 
Reavaliação de Imóveis de Uso 1.044 1,1% 1.044 1,3% 0 0,0% 
Outras Imobilizações de uso 1.421 1,5% 1.227 1,5% 194 15,8% 
Depreciação (1.172) -1,9% (927) #DIV/0! (245) 26,4% 
Diferido 183 0,2% 241 0,3% (58) -24,1% 
TOTAL ATIVO 96.604 100,0 80.376 100,0 16.228 20,2% 
22 
 
A situação financeira de uma companhia é evidenciada através dos seus 
indicadores de liquidez. A capacidade de uma empresa honrar com seus 
compromissos financeiros nas datas aprazadas é refletida pelo quociente dos 
seus índices de liquidez, que quanto maior melhor. 
O quadro 3.2 abaixo contém os indicadores que evidenciam a situação 
Financeira, Econômica e patrimonial, e sua rotatividade. 
Quadro 3.2 
Indicadores Econômicos e Financeiros 
 
 
 
 
Situação 
Financeira, 
Econômica e 
patrimonial 
 
 
 
 
 
Liquidez 
 
 
Estrutura de 
Capital 
 
 
Rentabilidade 
 
 
Liquidez Imediata 
Liquidez Seca 
Liquidez Corrente 
Liquidez Geral 
Índice de Participação de Terceiros 
Composição do Endividamento 
Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido 
Grau de imobilização dos Recursos não 
Corrente 
Giro do Ativo 
Margem Liquida 
Rentabilidade do Ativo 
Rentabilidade do Patrimônio Líquido 
 
 
Indicadores de 
Rotatividade/ 
Atividade 
 
 
Prazo Médio de Rotação dos Estoques (PMRE) 
Prazo Médio de Recebimento das vendas (PMRV) 
Prazo Médio de Pagamento das Compras (PMRC) 
Identificação dos Dias Financiados 
 
Fonte: adaptado do livro Estrutura, Analise e Interpretação das Demonstrações Contábeis – Alexandre Alcantara da Silva 
–Ed. Atlas. 
 
A liquidez representa a capacidade da empresa de 
cumprir suas obrigações de curto prazo na data do 
vencimento. A liquidez constitui a solvência 
financeira, isto é, recursos não imobilizados para 
cada real de dívida. Para avaliar o grau de liquidez 
ou solvência da empresa, utiliza-se uma variedade 
de índices de liquidez. (Chiavenato 2005; pg. 85) 
 
Quando o analista procede à comparação do balanço de dois ou mais 
períodos deve sempre lembrar o efeito inflacionário da moeda, o que levará a 
necessidade de determinação dos valores a uma unidade monetária constante. É 
indispensável que a demonstração contábil apresente uniformidade de valor. 
 
23 
 
3.3 Índice de Liquidez Imediata – ILI 
 Normalmente baixo, dado o pouco interesse dos dirigentes das empresas 
em manter recursos monetários em caixa, a liquidez imediata revela o percentual 
das dívidas de curto prazo em condições de serem liquidadas imediatamente. Seu 
cociente é encontrado através da divisão das disponibilidades pelo passivo 
circulante, conforme o quadro 3.3. 
 
Quadro 3.3 
 
 
Este cociente já teve uma importância maior, 
quando a existência de mercado financeiro e de 
capitais era restrita. Hoje, sem desprezar-se certo 
limite de segurança que irá variar de acordo com a 
natureza do empreendimento, com o tamanho da 
empresa e o “estilo” da administração, sem dúvida 
que, se procura ter uma relação 
disponibilidade/passivo corrente a menor possível 
em cada data. (Iudícibus 1998;pg. 99) 
 
 Deve-se evitar o risco de não ter disponibilidade no vencimento das 
obrigações, todavia o fluxo de caixa deve ser um instrumento utilizado para prever 
e prevenir tais situações. 
3.4 Índice de Liquidez Seca – ILS 
A liquidez seca é uma variante bastante utilizada quando se deseja avaliar 
de forma conservadora a situação de liquidez da companhia. Quando se retira o 
estoque do numerador no caçulo do cociente estamos eliminando uma fonte de 
incerteza, embora outros como as contas a receber ainda continuem. 
 
Este indicador é muito útil quando necessitamos 
ver a capacidade de pagamento da empresa nas 
situações em que a mesma tem uma rotação 
muita baixa, o que pode refletir uma má gestão 
sobre o volume de compras de material para 
revenda ou industrialização. Este indicador é 
denominado também de Prova Ácida (acid test 
ratio) ou Quociente Absoluto de Liquidez. (Silva 
2007; pg. 108) 
 A liquidez seca mede a capacidade de curto prazo de pagamento da 
empresa baseada nas disponibilidades e os valores a receber. O índice será mais 
 
ILI = 
Disponibilidades 
Passivo Circulante 
 
24 
 
eficiente quanto melhor for à carteira de recebíveis da companhia. É encontrado 
aplicando-se a formula do quadro 3.4 e será melhor quanto maior for o cociente. 
Quadro 3.4 
ILS = Ativo Circulante - Estoques 
Passivo Circulante 
 
 
3.5 Índice de Liquidez Corrente – ILC 
O índice de liquidez corrente é um dos mais utilizados para avaliar a saúde 
financeira da empresa. Quanto maior o quociente melhor, pois apresenta 
capacidade mais alta da companhia para financiar suas necessidades de capital 
de giro. 
Quando este índice for igual à unidade, significará ativo circulante igual ao 
passivo circulante e consequentemente não haverá capital circulante líquido. Se 
inferior a um evidencia capital circulante líquido negativo e que a empresa 
dependerá de outras fontes de recursos para manter sua solvência. 
 
No quociente de liquidez corrente é preciso, como 
de resto para muitos outros quocientes, 
atentarmos para o problema dos prazos dos 
vencimentos das contas a receber e das contas a 
pagar. Por outro lado, a inclusão dos estoques no 
numerador pode diminuir a validade do quociente 
como indicar de liquidez. (Iudícibus 1998; pg. 100) 
 
Um estoque maior que a real necessidade da empresa, bem como um 
descasamento entre os prazos médios de recebimento e pagamento levará 
invariavelmente a uma avaliação irreal deste índice. Este índice é apurado através 
da divisão do ativo circulante pelo passivo circulante, conforme quadro 3.5 e 
quanto maior o quociente melhor. No entanto devemos considerar outras 
variáveis na avaliação do mesmo, tais como o ramo de atividade da empresa e a 
previsibilidade do seu fluxo de caixa. Quanto maior for à previsibilidade do fluxo 
de caixa menor poderá ser o ILC, desde que maior que a unidade. 
 
Quadro 3.5 
 
 
 
 
ILC= Ativo Circulante 
Passivo Circulante 
 
25 
 
3.6 Índice de Liquidez Geral – ILG 
Também conhecida como liquidez total, podemos através deste índice 
perceber a capacidade de pagamento de longo prazo da empresa. É também 
utilizada como medida de segurança da companhia a longo prazo, evidenciando 
sua capacidade de liquidar todos seus compromissos assumidos. 
 
É interessante ressaltar, ainda, a existência de um 
índice de liquidez, muitas vezes adotado pelo 
mercado, denominado capital degiro próprio. É 
normalmente obtido pela diferença entre o 
patrimônio liquido e o ativo permanente (inclusive 
realizável a longo prazo), e interpretado como o 
volume de capital próprio da empresa que está 
financiando suas atividades circulantes.( Assaf 
Neto 2009: pg. 191) 
 
 A liquidez geral da empresa será melhor quanto maior o seu cociente, e 
ainda, quanto mais confiável for sua rubrica de contas a receber. O analista não 
deve deixar de ponderar que quanto maior o volume de capital próprio a financiar 
as atividades da companhia maior será a sua solvência. 
 No Realizável à Longo Prazo, devem estar registrados todas as transações 
envolvendo controladas e coligadas, bem como os financiamentos de longo prazo 
para investimento em ativo permanente. Devem merecer atenção, sob o aspecto 
de liquidez, os empréstimos concedidos a empresas do mesmo grupo. 
 O Índice de Liquidez Geral é encontrado pelo somatório do ativo circulante 
mais realizável a longo prazo dividido pela soma do passivo circulante mais 
exigível a longo prazo, conforme quadro 3.6. Sua eficiência tende a diminuir se os 
prazos de pagamentos forem menores que os de recebimentos. 
 
Quadro 3.6 
 
 
 Como os demais índices, o índice de liquidez geral não deve ser apreciado 
isoladamente, e deve ser mensurado através da serie histórica apresentada em 
um horizonte temporal de vários períodos. 
 
 
 
ILG= 
Ativo Circulante + Realizável à Longo Prazo 
Passivo Circulante + Exigível à Longo Prazo 
 
26 
 
3.7 Índice de Participação de Terceiros – IPT 
Este índice evidencia o volume de recursos monetários de terceiros 
alocados na companhia com o objetivo de financiar suas atividades operacionais 
e gerar receitas. O Capital de Terceiros corresponde aos valores registrados no 
passivo circulante e exigível a longo prazo. 
Tais recursos só são interessantes quando a sua remuneração for inferior 
ao lucro gerado com sua aplicação nos negócios, devendo ainda ser ponderado à 
menor liberdade das decisões da empresa por sua dependência para com 
terceiros. 
 
Uma das marcas das empresas falidas é o seu 
alto grau de endividamento. Porém, a causa da 
falência não se restringe ao endividamento, mas a 
uma série de outros fatores, como por exemplo: 
má gestão, falta de organização, má aplicação dos 
recursos disponíveis (próprio ou de terceiros), 
projetos mal-sucedidos, dentre outros. (Silva 2007; 
pg. 110) 
 Nas organizações nem os sucessos nem os fracassos dependem de um 
fato isolado, e sim da associação vários e por repetidos períodos. O índice de IPT 
é encontrado pela fórmula constate do quadro 3.7, abaixo, e quanto menor, 
melhor. 
 Quadro 3.7 
 
IPT = 
Passivo Circulante + Exigível à Longo Prazo 
Patrimônio Líquido 
 
 
X 100 
 
 
3.8 Composição do Endividamento 
 A composição do endividamento indica o volume das dívidas de curto 
prazo em relação às dívidas totais da companhia. É calculado através da divisão 
do Passivo Circulante pelo Passivo Circulante mais o Exigível a longo Prazo, 
conforme quadro 3.8 abaixo, e quanto menor o índice melhor. 
Quadro 3.8 
Composição do 
Endividamento = 
Passivo Circulante 
Passivo Circulante + Exigível à Longo 
Prazo 
 
 
X 100 
 
27 
 
 
É importante que o analista identifique as causas 
determinantes das variações nestes indicadores 
através da leitura do relatório da Administração e 
das Notas Explicativas, bem como observe as 
variações ocorridas na estrutura do Ativo e 
Passivo Exigível, através da análise vertical.(Silva 
2007; pg. 111) 
 Tão importante quanto o tamanho do índice é saber qual a onerosidade do 
passivo. Quanto menor a dependência da empresa de capitais onerosos melhor. 
3.9 Imobilização do Patrimônio Líquido 
Quanto maior for o investimento realizado pela companhia no seu ativo 
permanente maior será a possibilidade de sua dependência de capitais de 
terceiros para financiar o seu capital de giro. Através desta análise identifica-se o 
quanto o Patrimônio Líquido da empresa está aplicado no Ativo Permanente, 
revelando a proporção entre os capitais de terceiros e o capital próprio. 
O índice de imobilização do Patrimônio Líquido e encontrado através da 
aplicação da fórmula constante do quadro 3.9 abaixo, e quanto menor melhor. 
Quadro 3.9 
Imobilização do 
Patrimônio Líquido = 
Ativo Permanente 
Patrimônio Líquido 
 
 
X 100 
 
O ideal para a empresa, em termos financeiros, é a dispor de Patrimônio 
Líquido suficiente para cobrir o Ativo Permanente e ainda sobrar uma parcela de 
Capital Circulante Próprio suficiente para financiar o Ativo Circulante. Quanto 
menor a dependência a empresa de recursos de terceiros para financiar seu giro 
maior a liberdade para planejamento de compra e venda, principalmente que 
esses recursos normalmente são muito onerosos. 
3.10 Imobilização de Recursos não Correntes 
É o índice pelo qual podemos identificar o valor do Patrimônio Líquido mais 
exigível a longo prazo – recursos não correntes, que estão alocados para 
financiar o Ativo Permanente da companhia. Este índice uma melhor identificação 
do capital circulante próprio da organização. 
O índice de Imobilização de Recursos não Correntes é encontrado através 
da aplicação da fórmula constante do quadro 3.10 abaixo, e quanto menor 
melhor. Sempre que for superior a unidade, teremos evidenciado que o patrimônio 
líquido mais o exigível a longo prazo é insuficiente para cobrir os investimentos no 
ativo permanente. 
28 
 
Quadro 3.10 
Imobilização dos Recursos 
não Correntes = 
Ativo Permanente 
Patrimônio Líquido + ELP 
 
 
X 100 
 
3.11 Giro do Ativo 
Este índice demonstra quantas vezes o ativo girou como resultado ou efeito 
das vendas. Podemos afirmar que é um dos principais índices para avaliar a 
capacidade de geração de receitas de uma empresa. É conveniente, na análise 
de balanço, relacionar o volume das vendas com outros fatores a fim de se 
conhecer se o desempenho foi ou não satisfatório. 
 Este indicador estabelece a relação entre as 
vendas do período e os investimentos totais 
efetuados na empresa, expressando o nível de 
eficiência com que são utilizados os recursos 
aplicados, ou seja, a produtividade dos 
investimentos totais(ativo total). Silva (2007; pg. 
113) 
Deve ser ressaltado que este índice é de extrema importância, tendo em 
vista que sempre se espera um bom retorno dos capitais investidos, o que 
normalmente começa a ser evidenciado a partir do bom desempenho das vendas. 
O índice em referencia é encontrado conforme o quadro 3.11 abaixo e quanto 
maior melhor. 
Quadro 3.11 
Composição do 
Endividamento = 
Passivo Circulante 
Passivo Circulante + Exigível à Longo 
Prazo 
 
 
X 100 
 
3.12 Margem Líquida 
Normalmente conhecida como retorno sobre as vendas, a margem líquida 
é um índice que compara o lucro líquido em relação ao montante das vendas de 
determinado período, apresentando assim o percentual de lucratividade obtido 
pela empresa. Deve o analista dispensar atenção aos seguintes aspectos que 
influenciam na apuração de referido índice: receitas e despesas não operacionais, 
o critério utilizado na de avaliação do estoque, e a apropriação dos custos. 
Muitos fatores podem influenciar a rentabilidade 
sobre as vendas, dentre os quais destacamos o 
ramo de atividade, a rotação dos estoques, 
mercado, custos de produção, produtividades, 
dentre outros.( Silva 2007: pg. 114) 
29 
 
 Nas suas atividades diárias a empresa deve esta atenta e atuar em todas 
as vertentes que possam afetar ou contribuir com a sua lucratividade, objetivo 
final de qualquer companhia.Este índice é encontrado através da divisão do 
Lucro Líquido pelas Vendas Líquidas, quadro 3.12 abaixo. 
Quadro 3.12 
 
Margem Líquida = 
Lucro Líquido 
Vendas Líquidas 
 
 
X 100 
 
3.13 Rentabilidade ou Retorno do Ativo 
Conhecido como Retorno Sobre o Ativo ou Retorno Sobre Investimentos 
este índice tem como objetivo principal medir a eficiência da gestão da companhia 
na geração dos lucros através dos investimentos totais. É considerado um dos 
cocientes individuais mais consistentes da analise de balanço, tendo em vista que 
mostra de forma global o desempenho da companhia. 
Segundo Chiavenato (2005; pg. 92): “ é um índice de rendimento que mede 
a rentabilidade das operações básicas da empresa frente aos recursos(ativos) 
aplicados nessas operações”. Este índice é encontrado pela divisão do Lucro 
Líquido pelo Ativo Total quadro 3.13, e quanto maior melhor. 
Quadro 3.13 
Rentabilidade 
 do Ativo = 
Lucro Líquido 
Ativo total 
 
 
X 100 
 
3.14 Rentabilidade do Patrimônio Líquido 
Também chamado de taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido este é um 
índice que mede os ganhos obtidos pelos investimentos realizados pelos sócios, 
principais alocadores dos capitais de risco. É o principal índice para medir a 
eficiência da empresa na remuneração dos acionistas, que analisam o custo de 
oportunidade e decidem pela permanência ou não dos recursos na companhia. 
É calculado através da divisão do Lucro Líquido pelo Patrimônio Líquido, 
quadro 3.14, e quando maior melhor. 
Quadro 3.14 
Rentabilidade do 
Patrimônio Líquido = 
Lucro Líquido 
Patrimônio Líquido 
 
 
X 100 
 
30 
 
Através da análise destes diversos índices, é possível se chegar a uma 
mensuração da situação financeira, econômica e patrimonial da empresas, no 
entanto deve-se proceder a comparação de diversos períodos com o objetivo de 
avaliar sua evolução ou involução. 
Além dos índices de liquidez, estrutura de capital e rentabilidade aqui 
apresentados, abordaremos no capítulo seguinte indicadores do ciclo operacional 
e de capital de giro, de grande importância na análise de balanço para avaliação 
de uma companhia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
4. CICLO OPERACIONAL E CAPITAL DE GIRO 
 Abordaremos neste capítulo a importância do ciclo operacional para 
empresa no desenvolvimento de suas atividades, bem como para geração de 
receitas e consequentemente do lucro. 
 
Na consecução de suas atividades, a empresa 
persegue sistematicamente a produção de bens 
ou serviços e, consequentemente, vendas e recebi 
mentos. Procura ela com isso a obtenção e 
determinado volume de lucros, nos quais possam 
satisfazer às expectativas de retorno de suas 
fontes de financiamento. (Assaf Neto 2009; pg. 
195) 
 Através da harmonia do ciclo operacional da empresa evidenciado através 
das compras, produção, vendas e seus recebimentos pode-se obter maior ou 
menor facilidade na geração das receitas. 
4.1 Prazo Médio de Rotação dos Estoques - PMRE 
Indicador que mostra a quantidade de dias, em média, que os produtos 
permaneceram estocados até a venda. Quanto menor o tempo empresa a girar 
seus estoques melhor, desde que seja reflexo da comercialização de seus 
produtos. No calculo deste indicador deve-se utilizar o estoque médio, evitando 
assim que as sazonalidades possam acarretar distorções. 
Não deve ser esquecido pelo analista a observação das formas de 
financiamentos dos estoques, através das datas de pagamento e o seu impacto 
na liquidez da empresa. 
 
 Quadro 4.1 
O indicador é encontrado conforme o quadro 4.1. E quanto menor, melhor. 
Deve ser uma preocupação constante de todas as áreas da empresa, 
principalmente as de compra, produção e venda. 
4.2 Prazo Médio de Recebimento da Vendas - PMRV 
Este indicador tem o objetivo de medir a quantidade de dias, em média, 
que a companhia leva para internalizar os recursos monetários relativos à suas 
vendas. Considerando que a empresa deve sempre buscar a compatibilidade 
entre os prazos de pagamento de seus compromissos e os de recebimento de 
seus créditos o ideal é que esse indicador seja o menor possível. 
 
PMRE = 
Estoque (médio) 
CMV 
 
 
X 360 
32 
 
Este é um indicar que de certa forma traduz a política de venda da 
companhia, bem a forma de concessão de crédito a seus clientes. Tem um peso 
significativo na administração do fluxo de caixa, e quando ocorre o descasamento 
pode deixar a empresa sempre a dependência de empréstimos para se manter 
solvente. 
 
Quanto maior o prazo de recebimento pior será 
para a empresa, porem uma análise completa 
deve ser feita observando também o prazo de 
rotação dos estoques e de pagamento das 
compras, sendo que a qualidade das duplicatas a 
receber também interfere diretamente na avaliação 
deste indicador. O estudo do PMRV permitirá 
ainda avaliar a política de concessão de créditos e 
a eficiência de setor e cobrança. (Silva 2007; pg. 
102) 
 
Quadro 4.2 
A empresa deve sempre buscar a compatibilização dos seus prazos de 
compra, fabricação, venda, pagamento dos compromissos e recebimento dos 
seus créditos. Encontrado conforme o quadro 4.2, quanto menor, melhor. 
4.3 Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores - PMPF 
Indicador que demonstra o período que a empresa leva para liquidar seus 
compromissos com seus fornecedores. A companhia deve buscar sempre que o 
prazo médio para pagamento os seus fornecedores seja superior ao prazo para 
recebimento de suas vendas, evitando assim ter que recorrer a empréstimos para 
manter sua solvência. 
 
Quadro 4.3 
A companhia deve ainda a redução possível do prazo médio de fabricação 
e do prazo médio de vendas, uma vez que os mesmos têm impacto significativo 
no indicador de pagamento a fornecedores. Indicador encontrado conforme 
quadro 4.3, e quanto maior melhor. 
 
4.4 Prazo Médio de Fabricação - PMF 
Indicador que revela o tempo médio que a empresa leva para fabricar seus 
produtos e que tem impacto significativo no prazo médio de rotação dos estoques 
 
PMRV = 
Duplicatas a Receber (média) 
Receita Líquida de Vendas 
 
 
X 360 
 
PMPC = 
Fornecedores 
Compras 
 
 
X 360 
33 
 
e tem influencia no ciclo de produção da companhia. Este indicador é encontrado 
conforme o quadro 4.4 abaixo e quanto menor, melhor. 
 
Quadro 4.4 
 Deve haver bastante sintonia entre as equipes de compras a linha de 
produção, de modo que não haja demora na linha de produção. 
 
4.5 Prazo Médio de Vendas – PMV 
Também conhecido como prazo médio de estocagem. Este indicador 
demonstra o tempo médio gasto pela empresa desde a fabricação dos seus 
produtos até a sua venda. É o tempo permanência do produto acabado estoque a 
espera para venda. É encontrado através da formula constante do 4.5, e quanto 
menor, melhor, pois tem impacto significativo no ciclo operacional e financeiro da 
companhia. 
 
Quadro 4.5 
 O departamento comercial deve ter plena consciência do seu papel no 
tocante à redução do prazo de permanência dos produtos acabados no estoque, 
de forma a onerar o mínimo possível a companhia. 
 
4.6 Prazo Médio de Estoque - PME 
Este índice indica o tempo médio em que a mátria prima permanece no 
estoque desde a sua aquisição até a sua entrada na linha de produção. A 
empresa deve sempre buscar a redução deste indicador, tendo em vista o seu 
impacto no ciclo operacional e financeiro. É encontrado conforme o quadro 4.6 e 
quanto menor,melhor. 
 
Quadro 4.6 
 
Embora não seja uma tarefa das mais fáceis, é de suma importância a 
sintonia entre que compra e quem organizam a linha de produção, de modo a 
minimizar as compras ou a produção extemporânea. 
 
 
PMF = 
Estoque Médio de Produtos em Elaboração 
Custo de Produção 
 
 
X 360 
 
PMV = 
Estoque Médio de Produtos Acabados 
Custo dos Produtos Vendidos 
 
 
X 360 
 
PME = 
Estoque Médio de Matéria- Prima 
Consumo Anual 
 
 
X 360 
34 
 
4.7 Capital de Giro 
O capital é constituído pelos recursos financeiros básicos da empresa. 
Representa os investimentos alocados pelos sócios ou acionistas para instalação 
e operação da companhia. Ao desenvolver seu ciclo operacional, surgem outras 
fontes de financiamentos da empresa. 
 
 Não é só o capital investidos pelos acionistas que 
dinamiza a empresa. Ela utiliza capital de terceiros 
na operação dos seus negócios. Assim, quanto à 
sua propriedade existem dois tipos de capital: o 
capital próprio e o de terceiros. (Chiavenato 2005; 
pg. 49) 
 No tocante a operação da organização, vale ressaltar que ambos 
desempenham papel fundamental, no entanto a companhia deve priorizar o 
menos oneroso. O Capital das organizações é classificado quanto a sua utilização 
em: capital fixo e capital de giro ou capital circulante, que se complementam. 
 O capital fixo constitui os investimentos em ativos imobilizados da empresa. 
Normalmente são efetuados no longo prazo e não sofrem alterações constantes. 
É basicamente representado pelas instalações, máquinas e equipamento etc. 
 O Capital de Giro constitui-se na principal fonte de recurso para operação 
da empresa e está representado pelo grupo de contas do Ativo Circulante do 
Balanço Patrimonial. Sofre oscilações muito freqüentes, tendo em vista as 
atividades operacionais diárias da companhia. 
 É o grupo de maior liquidez, tendo em vista que representa todas as 
disponibilidades de curto prazo da empresa. Apresenta duas características 
básicas: a curta duração e conversão rápidas dos seus componentes. O período 
de duração dos componentes do circulante não deve ser superior a um ano o 
prazo máximo do ciclo operacional da empresa. 
O circulante apresenta-se em constante mutação, 
por meio de um continuo escoamento de recursos 
entre seus elementos. Interessa à empresa 
evidentemente imprimir a máxima rotação (giro) ao 
grupo, acelerando cada vez mais seu fluxo de 
Operações. (Assaf Neto 2009; pg. 168). 
 
 Uma maior o rotação do ativo circulante da empresa evidencia um 
incremento de suas atividades, acarretando menor necessidade de investimento 
no capital de giro e uma possibilidade maior de aumento da rentabilidade. Faz-se 
35 
 
necessário observar as seguintes configurações do Capital de Giro: capital de giro 
bruto e capital de giro líquido. 
 Capital de Giro Bruto – é constituído pelas disponibilidades imediatas, 
títulos e valores mobiliários, contas a receber e estoques; 
 Capital de Giro Líquido – constitui - se do capital de giro bruto menos os 
compromissos de curto prazo. 
A administração do Capital de Giro envolve as contas do circulante da 
companhia, que tem extrema importância no seu processo operacional e na 
geração de sua liquidez. É encontrado conforme o quadro 4.7 abaixo. 
 
 Quadro 4.7 
 
 A gestão ineficiente do capital de giro da empresa pode levá-la a recorrer a 
recursos onerosos para manter sua solvência. A empresa deve priorizar as 
operações que influenciam de forma positiva o capital de giro liquido, tais como: 
venda de elementos ociosos do ativo permanente, integralização de capital, 
contração de empréstimos a longo prazo etc. 
 Dentre os diversos dilemas na administração do Capital de Giro da 
companhia encontra a possibilidade da opção em priorizar a rentabilidade ou a 
segurança, uma vez que variam de forma inversa. Quando a companhia busca 
maior rentabilidade tem elevado seu risco e quando minimiza o risco aumenta-se 
a liquidez. 
 
Maiores participações de fontes de recursos de 
curto prazo promovem, ao mesmo tempo, uma 
redução da liquidez (maior nível de risco 
financeiro) e elevação do retorno do investimento ( 
em razão do custo mais barato do credito de curto 
prazo). Para uma situação de financiamento 
inversa, verifica-se uma elevação da liquidez da 
empresa acompanhada de redução em sua 
rentabilidade. (Assaf Neto 20209; pg. 188). 
Toda empresa deve ter um padrões estabelecido de risco-retorno, e assim 
balizar suas decisões quanto ao volume de capital circulante liquido está 
compatível com este padrão. Uma organização não pode obter o benefício da 
rentabilidade máxima sem que isso lhe ofereça algum risco. Situação ilustrada 
através do quadro 4.8 
 
 
CCL = 
 
Ativo Circulante - Passivo Circulante 
 
 
36 
 
 
 
Quadro 4.8 
 Liquidez 
 Capital Circulante Líquido 
 
 
 Rentabilidade 
 Fonte: adaptado do livro Estrutura e Análise de Balanço – Assaf Neto – Ed. Atlas 
Devem também ser ponderados pela administração da companhia os 
custos que incorrem o investimento em capital de giro. Dentre esses, destacamos 
o custo de oportunidade, determinado pelos ganhos decorrentes de melhor opção 
não escolhida. Quanto maior o investimento em capital de giro, maior será o custo 
de oportunidade. 
A manutenção ou aumento da atividade operacional de uma companhia 
sofrem forte influência do volume do seu capital circulante líquido. A Necessidade 
de Capital de Giro é verificada pela diferença entre o ativo circulante cíclico e o 
passivo circulante cíclico. Este confronto revela o grau de equilíbrio financeira da 
empresa. É encontrado conforme o quadro 4.9. 
 
Quadro 4.9 
Os grupos de contas cíclicas do Balanço Patrimonial apresentam a 
seguinte composição: 
 O Ativo Circulante Cíclico - duplicatas a receber, provisão para perdas, 
adiantamento a fornecedores, estoques, adiantamento a funcionários, 
impostos indiretos a compensar, despesas operacionais antecipadas etc. 
 Passivo Circulante Cíclico – fornecedores, impostos indiretos, 
adiantamento de clientes, provisões trabalhistas, salários e encargos 
sociais, participações de empregados etc. 
 
Para suprir suas Necessidades de Capital de Giro as empresas contam 
com diversas fontes de financiamento: operacionais e financeiras. As fontes 
operacionais são aquelas decorrentes das atividades cotidianas da companhia. Já 
 
NCG = 
 
Ativo Circulante Cíclico - Passivo Circulante Cíclico 
 
 
37 
 
as fontes financeiras decorrem de decisões dos seus administradores em recorrer 
a terceiros para manter a solvência da empresa. 
As principais fontes de financiamentos operacionais são: 
 Fornecedores; 
 Salários; 
 Impostos e contribuições sociais; 
 Adiantamento de clientes. 
As principais fontes financeiras de financiamento de Capital de Giro são: 
 Bancos comerciais e múltiplos; 
 Financeiras; 
 Empresas de factoring. 
 
As principais modalidades de créditos disponibilizadas pelos agentes 
financeiros para suprir as necessidades de Capital de Giro da empresas são as 
seguintes: 
 Conta Garantida – limites disponibilizadospelos bancos às 
empresas com o objetivo de suprir eventuais déficits de caixa; 
 Empréstimos de Capital de Giro – contrato de abertura de crédito 
com valor e prazo determinado, podendo ser reutilizável e ter 
renovação automática; 
 Antecipação de Recebíveis – limite disponibilizado pelos bancos 
para antecipação das vendas a prazo realizadas pelas empresas 
através de duplicatas, cartão de crédito e cheques pré – datados; 
 CDC - Crédito Direto ao Consumidor – modalidade contrato em que 
o os bens vendidos a prazo são financiados pelos agentes 
financeiros diretamente no estabelecimento que efetua a venda. É 
uma venda à vista para a empresa a prazo para o comprador; 
 ACC – Adiantamento sobre Contrato de Cambio - destinado ao 
financiamento da produção e comercialização de bens para 
exportação (até 180 dias antes do embarque); 
 ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues – financiamento de 
bens destinados a exportação (após o embarque). 
 Dentre os dilemas da administração do capital de giro da empresa, verifica-
se o dilema da escolha da fonte correta de financiamento, a quantidade suficiente, 
o prazo necessário, a forma ideal de desembolso, bem como um atento 
gerenciamento dos prazos médio que compõem o ciclo operacional. 
 
38 
 
a administração do Capital de Giro tem por 
objetivo gerenciar cada um dos ativos circulantes e 
passivos circulantes da empresa para garantir um 
nível aceitável de capital de circulante líquido. 
(Chiavenato 2005; pg. 54) 
 A forma mais salutar de financiamento do capital de giro da companhia é 
aquela decorrente da perfeita sintonia entre o ativo circulante e passivo circulante. 
4.8 Efeito Tesoura 
O acompanhamento constante da evolução da necessidade de capital de 
giro e do capital circulante líquido é fator decisivo para manutenção da boa saúde 
financeira da empresa. E também a adequação ao seu planejamento operacional 
e a política de crescimento. 
 
Este descompasso decorre da expansão dos 
negócios com uma elevada aplicação de recursos 
no capital de giro, ultrapassando o nível do CCL, 
que pode simplesmente ser apurado através do 
que denominamos Saldo de Tesouraria, 
compreendendo a diferença entre o Ativo 
Circulante Não Operacional(ACNO) e o Passivo 
Circulante Não Operacional(PCNO). (Silva 2007; 
pg. 140) 
 O quadro 4.10 é a representação gráfica da ocorrência desse 
descompasso. Quando uma por vários exercícios seguidos evidencia uma 
elevação da necessidade de investimento em giro superior ao capital circulante 
liquido, denominado de efeito tesoura. O que revela a incapacidade da empresa 
financiar adequadamente seus investimentos operacionais em giro. 
Quadro 4.10 
 
 CCL 
 
 
 NCG 
 
 ano 0 ano 1 ano 2 ano 3 ano 4 
Fonte: livro Estrutura, Analise e Interpretação das Demonstrações Contábeis – Alexandre Alcantara da Silva –Ed. Atlas. 
 O efeito tesoura pode ser decorrente de vários motivos. Entre os principais 
destacamos: os desvios de recursos de giro para imobilizações e o elevado 
39 
 
crescimento do nível da atividade empresarial – overtrade, que nos deteremos a 
seguir. 
4.9 Overtrading 
A situação de overtrade ocorre quando se constata a situação em que uma 
companhia está operando acima de sua capacidade financeira. Situação em não 
possui capital de giro necessário para o financiamento de suas atividades de curto 
prazo, o que levará ao endividamento, normalmente de curto prazo, para financiar 
os estoques e as contas a receber. 
 
Quando o Ciclo operacional da empresa segue 
uma tendência deficitária, a empresa caminha 
para uma situação de overtrade. Neste momento, 
podemos deduzir que a companhia entrou em um 
estágio pré-falimentar em decorrência da falta de 
equilíbrio financeiro, em que o volume de 
atividades é bastante superior ao Capital de Giro 
disponível. ( Silva 2007; pg.141). 
 Toda empresa deve buscar, tanto na sua instalação quanto na expansão, a 
elaboração de um cuidadoso planejamento estratégico onde seja possível a 
adequação ao seu fluxo de caixa. Tendo também sempre a clareza que o 
financiamento através do capital próprio é a melhor alternativa. 
 O capital próprio da empresa representa a diferença entre o patrimônio 
liquido e os recursos investidos no ativo permanente. Representa a capacidade 
do autofinanciamento do ciclo operacional. É calculado conforme o quadro 4.11. 
 
Capital de Giro Próprio (CGP) = Patrimônio Líquido – Ativo Permanente 
 Quadro 4.11 
 O grande desafio dos administradores, principalmente os administradores 
financeiros de uma empresa é a harmonização de todas as etapas do seu ciclo 
operacional e econômico, bem como a compatibilização da capacidade de 
geração de receitas em patamares suficientes para arcar com seus custos, 
inclusive financeiros, e ainda gerar o lucro compensatório para seus proprietários. 
Quando isso não ocorre tem-se como conseqüência a falência ou sua liquidação. 
 Tomando-se por base que toda empresa busca o principio da continuidade 
indefinida das atividades operacionais, é bastante salutar que todos os seus 
movimentos sejam bastante planejados e como as suas demonstrações 
financeiras são estáticas não podem e não devem ser desvinculadas de períodos 
anteriores e subseqüentes, como também nenhum índice seja avaliado 
isoladamente. 
40 
 
4.10 Relatórios Gerenciais 
O ápice da análise do balanço são os relatórios gerenciais destinados aos 
seus respectivos usuários, principalmente os administradores e acionistas para as 
tomadas de decisões, bem como o cumprimento de disposições legais quando 
necessário. 
É indispensável que dos relatórios gerenciais constem os seguintes 
elementos com a maior precisão possível: 
 
 Analise do Cenário – deve –se discorrer sobre a empresa 
analisada, o segmento econômico de sua atuação, seus principais 
concorrentes. Mencionar ainda, quais as políticas de governo que 
podem influenciar o seu mercado. Fazer uma avaliação da 
performance da empresa, do seu patrimônio líquido, e efetuar 
comparação com as demais do seu segmento. 
 
 Análise Econômica – deve ser abordada a situação do patrimônio 
líquido, uma vez que a existência ou não de PL de vê ser o ponto 
inicial para a análise econômica. Devem ser evidenciados os fatores 
que tiveram influencia não variação patrimonial, inclusive a política 
de distribuição ou a retenção de lucro. Não deve ser ignorado: o 
grau de imobilização, o nível de endividamento, a origem e 
destinação dos recursos de terceiros. 
 
 Análise Financeira – deve ter com ponto principal a capacidade de 
pagamento da empresa. Atenção especial deve recair sobre: os 
índices de liquidez, rentabilidade, ciclo financeiro, necessidade de 
capital giro. 
 
 Conclusão – deve ter como abrangência principal o mercado de 
atuação da companhia e a comparando-a com sues principais 
concorrentes, emitindo-se parecer conclusivo sobre o desempenho 
econômico e financeiro. Devem ser emitidas recomendações sobre 
possíveis diretrizes a ser tomadas pela companhia para manter ou 
melhorar o desempenho. 
 
 
 Anexos – é sempre recomendável anexar ao relatório: tabelas, 
gráficos, planilhas. Não deve deixar de constar informações sobre a 
metodologia utilizada, bem como as reclassificações contábeis 
realizadas, as formulas utilizados etc. 
41 
 
 
Como vimos ao longo deste trabalho inúmeras são as utilidades da análise 
de balanço,no entanto o foco gerencial é predominante. No mercado globalizado 
atual, é praticamente impossível e totalmente desaconselhável que acionistas e 
administradores de empresas de qualquer porte ou ramo de atividade não tenham 
a contabilidade gerencial como ponto de partida para suas tomadas de decisões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
5. CONCLUSÃO 
 
Sem a pretensão de exaurir todas as informações sobre a análise do Balanço 
Patrimonial com o trabalho ora exposto, podemos concluir tratar-se de uma prática das 
mais comuns no mercado atual. 
Através da análise dos indicadores de liquidez busca conhecer a capacidade que 
a empresa tem de honrar seus compromissos de curto prazo, ou seja, aqueles 
diretamente ligados ao seu operacional cotidiano. 
Quando se busca avaliar os indicadores que definem a estrutura de capital, tem-
se o desejo principal de conhecer o grau de endividamento, o seu direcionamento para 
atividades não geradoras de receitas, o quanto a organização depende dos recursos 
alheios para se tornar solvente, e principalmente a onerosidade destes financiamentos. 
A análise dos indicadores de rentabilidade tem como alvo principal avaliar a 
possibilidade de remuneração para o capital dos investidores da companhia, com o 
conseqüente retorno sobre o Patrimônio Líquido. 
Os indicadores de rotatividades exercem significativa influência no capital de giro 
da companhia, que por sua vez é determinante para o sucesso da empresa. A ausência 
do capital de giro ideal para o desenvolvimento do seu ciclo operacional é o principal 
motivo da falência das empresas. 
 Os usuários da análise de balanço, como demonstrado neste trabalho, jamais 
podem formar juízo sobre uma empresa a partir da análise isolada de um indicador. Por 
isso faz-se necessário a análise do balanço patrimonial de vários exercícios, e se 
lembrando sempre dos efeitos inflacionários da moeda. 
Toda avaliação da empresa deve ser derivada da interpretação de todos os 
elementos do seu Balanço Patrimonial e suas notas explicativas no decorrer de vários 
exercícios. Não deve também ser esquecido de se ponderar a conjuntura em que essa 
empresa atua, e qual a mediana do seu setor e dos seus principais concorrentes. 
O risco é um fator inerente a todas as atividades hoje desenvolvidas pela 
humanidade, no universo empresarial não poderia ser diferente. Instigados por essa 
realidade e baseado na importância das companhias para o desenvolvimento econômico 
e a conseqüente manutenção do bem estar das pessoas, diversos tem sido os 
mecanismos buscados pelas empresas, governos, órgãos de classe para mitigar esse 
risco. 
A análise profunda do Balanço Patrimonial, principalmente desenvolvida de forma 
independe tem se mostrado uma excelente ferramenta de conhecimento da real situação 
da companhia, tornando assim possível as correções de rumos e praticas, para o 
cumprimento de um dos princípios fundamentais da contabilidade: O Princípio da 
Continuidade. 
 
43 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
IUDÍCIBUS,,, Sergio de. Análise de Balanço, 7ª. ed. São Paulo: Atlas, 1998. 
IUDÍCIBUS, Sergio de. Contabilidade Gerencial, 6ª. ed. São Paulo: Atlas, 1998. 
 ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análises de Balanços: um enfoque 
econômico – financeiro. 8ª. ed. – 4ª reimpressão. São Paulo: Atlas – 2009. 
SILVA, Alexandre Alcantara Da. Estrutura, Análise e Interpretações das 
Demonstrações Contábeis. São Paulo: Atlas, 2007 
CHIAVENATO, Idalberto. Administração Financeira: Uma Abordagem 
Introdutória. 2ª Tiragem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

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