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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO CECIERJ/Consórcio CEDERJ/UAB CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA modalidade EAD Disciplina: História da Educação Coordenadora: Maria de Lourdes Silva AVALIAÇÃO PRESENCIAL 2 – 2018.1 Nome: Matr.: Email: Polo: Cidade onde reside: 1ª Questão: Assinale um ponto de aproximação entre as bandeiras defendidas pelo Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 e aquelas apresentadas no Manifesto de 1959 (Mais uma vez convocados), por ocasião dos debates em torno da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. (2,0 p.) Entre os pontos de aproximação podem ser citados: - a defesa de uma educação pública, obrigatória, laica e gratuita, como direito dos cidadãos e dever do Estado ou de uma educação garantida pelo Estado para todos os que estivessem em idade de frequentar a escola; - a obrigatoriedade da matrícula sob pena de punição; - a não submissão da educação a qualquer orientação confessional; - a gratuidade da educação, para que todos, indiscriminadamente, tivessem acesso a ela; - compromisso com os ideais da Escola Nova; - permanência da rivalidade com o projeto de educação da Igreja Católica no cenário dos anos 1950. 2ª Questão: Tomando como base o texto “A reforma do ensino no distrito federal (1930- 1935): experimentalismo e liberalismo em Anísio Teixeira”, da professora Libânia Nacif Xavier, a autora defende que a reforma educacional promovida pelo educador trouxe contribuições que vão além dos marcos interpretativos conservador ou revolucionário. Nesse sentido, explique as propostas relativas à formação de professores e especialistas da área da educação na reforma citada e os seus impactos na educação. (2,0 p.) A formação do professor primário era um dos pontos de destaque da ampla reforma de Anísio Teixeira. A reforma buscava articular todos os níveis de ensino, desde a escola primária até a educação superior, com destaque para a formação de professores. Assim, o Instituto de Educação tem lugar central nesse arranjo, contando com um jardim de infância, uma escola primária e uma escola secundária, ao lado de laboratórios para pesquisas educacionais. Como parte integrante do Instituto de Educação, a Escola de Formação de Professores ocupou-se, também, da formação de especialistas em educação (técnicos) e com o aperfeiçoamento dos professores em exercício. Essas medidas indicam a íntima associação entre formação e aperfeiçoamento do professor primário, ao lado de uma política de estímulo ao desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre a educação escolar aliada ao registro e divulgação de experiências pedagógicas relevantes, inclusive com base na publicação de manuais didáticos. A Divisão de Aperfeiçoamento do Magistério (DAM) desenvolveu projetos destinados à formação e aperfeiçoamento de administradores e orientadores escolares, especialistas em educação e professores de escola normal com cursos de aperfeiçoamento professores para Escolas de Aplicação e Escolas Experimentais. A idéia inicial era que cada centro regional organizasse uma Escola Experimental de Ensino Primário destinada a servir de laboratório de testagem de novos métodos e procedimentos de ensino e a possibilitar o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre os mais variados temas ligados ao ensino. Nessa perspectiva, previa-se a utilização dos conjuntos escolares como centros de treinamento do magistério. Deste modo, o educador justificava o seu custo elevado, bem como o caráter experimental do projeto que, de acordo com suas próprias palavras, estava destinado a servir de modelo para a reconstrução da educação primária e à formação do novo magistério requerido pela escola assim ampliada (TEIXEIRA, 1962, p. 26). 3ª Questão: Pensando sobre a mobilização da educação que atravessou a década de 1960, e os movimentos que ali fermentaram, é possível afirmar: (2,0 p.) 1 - A discussão inflamada sobre a escola pública é, em verdade, a retomada da bandeira do Movimento dos Pioneiros da Escola Nova que, na década de 1920, defendia a democratização do acesso à educação e a montagem de um sistema educacional de âmbito nacional que garantisse aos cidadãos o direito à escola pública, laica, obrigatória e gratuita; 2 - A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em dezembro de 1961, acaba dando ganho de causa à emenda de Carlos Lacerda, segundo a qual deveria ser assegurado às famílias o direito de escolherem a melhor escola para seus filhos, fosse pública ou particular; 3 - Falar de educação no período Jango é lembrar também a expressão intelectual de maior vulto à época, o educador pernambucano Paulo Freire. Associada à alfabetização de adultos, sua "pedagogia da libertação" – expressão exemplar da crença no poder libertador da consciência pelo conhecimento – percorreu o Brasil e toda a América Latina. Assinale: A - ( X ) Se todas as afirmações estiverem corretas; B - ( ) Se somente a afirmação 1 estiver correta; C - ( ) Se as afirmações 2 e 3 estiverem corretas; D - ( ) Se nenhuma afirmação estiver correta. 4ª Questão: Com base na imagem abaixo, apresente: Com base na imagem abaixo, apresente: 1. Um aspecto característico do cenário educacional do governo de João Goulart (1961- 1964) e; 2. Uma mudança observada nas políticas educativas brasileiras a partir do golpe civil- militar de 1964. (2,0 p.) 1. No início dos anos 1960, 39,5% da população era analfabeta, quando menos de 15% da população passava para o ensino médio. Isto significava que quase 40% da população não podiam votar, já que a Constituição de 1946 fixava a alfabetização como critério para o exercício do voto. Acrescente-se a isso a manipulação dos alfabetizados mais vulneráveis a cooptação de grupos e pessoas influentes. Com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, João Goulart, seu vice-presidente, foi impedido, inicialmente, de assumir a presidência, graças a uma manobra do Congresso Nacional. A crise somente foi superada com a aceitação de João Goulart de assumir o governo subordinado ao parlamento formado pelos deputados e senadores ocupantes do Congresso Nacional. Nesse cenário, surgem diferentes movimentos voltados ao desenvolvimento de projetos que pudessem modificar esse quadro. Em 1963, o então ministro da educação e cultura do Governo João Goulart, Paulo de Tarso, institui uma comissão para elaborar um Plano Nacional de Alfabetização. Dela fazia parte Paulo Freire, em razão do seu bem sucedido projeto, de Angicos. Outros movimentos podem ser elencados como parte dos esforços para modificar esse panorama e, assim, modificar as manobras políticas feitas sobre uma população, cuja participação política era limitada e manobrada: - o Movimento de Cultura Popular (MCP), em Recife, propondo superar o atraso e alfabetizando crianças e também adultos; - a Campanha de Pé no Chão também se aprende a ler, em Natal, onde 59% da população eram analfabetos; - o Movimento de Educação de Base, criado em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e apoiado pelo Governo Federal. Como pontos em comum esses movimentos tinham a democratização do ensino e conscientização da população, e um método educacional baseado nos mesmos princípios: o “Método Paulo Freire”. 2. As elites que promovem o golpe militar, em 1964, têm como questão fundamental, para além da repressão aos dissidentes, o desenvolvimento de um plano de ação que pudesse desmobilizar as classes subalternas, fabril e urbana, especialmente, que, àquela altura, reivindicava e alimentava expectativas quanto ao papel e função do Estado como gestor das demandas da sociedade. Os interesses das elites era marcar uma descontinuidade entre o modelode Estado instaurado desde os anos 1930 e, para isso, cercearam as liberdades democráticas, instituíam instrumentos jurídicos de caráter autoritário e repressivo e desviaram as funções do Estado para a condução das questões econômicas em detrimento das sociais, acelerando uma modernização em moldes autoritário à custa de arrocho salarial e concentração de renda, o que possibilita o “milagre econômico”. No âmbito da educação, o regime militar implementou as reformas educacionais de 1968, a Lei n. 5.540, que reformou a universidade, e a de 1971, a Lei n. 5.692, que estabeleceu o sistema nacional de 1° e 2° graus, pois ambas tinham com escopo estabelecer uma ligação orgânica entre o aumento da eficiência produtiva do trabalho e a modernização autoritária das relações capitalistas de produção. Assim, entre as características da educação do período, podem ser citadas: - lógica economicista presidindo a orientação dos projetos educacionais, vinculando, organicamente, economia e educação; - os intelectuais são substituídos pelos tecnocratas no planejamento das reformas educacionais; - Juntamente com a tecnocracia, veio a meritocracia, tendo como base a Teoria do Capital Humano, a mais importante orientação conceitual da ditadura, cuja fundamentação teórico-metodológica instrumental estava voltada para o aumento da produtividade econômica da sociedade; cujo o projeto societário estava materializado no slogan “Brasil Grande Potência”; - a tarefa necessária à Ditadura era a criação dos fundamentos de um sistema nacional de ensino, com base nos aparelhos estatais, que desse curso ao estabelecimento da organicidade entre educação e o aumento produtivo da economia nacional; com ênfase no ensino da matemática e das ciências naturais; - a ampliação das vagas no âmbito dos cursos de graduação voltados para as profissões tecnológicas e também se privilegia a estruturação dos programas de pós-graduação com a dupla função de produzir conhecimentos exigidos pela demanda do crescimento acelerado da produção econômica e, ao mesmo tempo, de formar novos quadros capacitados para a geração de ciência e tecnologia; - para os amplos contingentes de jovens brasileiros que viviam na pobreza ou na miséria, a tecnocracia defendia a necessidade de se incorporar o “trabalho de menores” ao processo de modernização acelerada da sociedade capitalista brasileira e propugnavam a “formação paramilitar de trabalho de menores”. 5ª Questão: Com base no texto do professor José Augusto Pacheco, “Políticas educacionais nos anos 90: a formação de professores no Brasil e em Portugal”, apresente dois pontos da discussão sobre o conceito de “competências” no âmbito das reformas educativas da década de 1990 relacionando-as à construção de um perfil profissional docente e às determinantes econômicas. (2,0 p.) - O desenvolvimento dessas “competências” (transferable skills) exige níveis sempre superiores de escolaridade, visto que repousam no domínio teórico-metodológico que a mera experiência é incapaz de garantir. - O ideário da reforma educacional em curso a partir dos anos 1990 identifica no professor não só o responsável pelas dificuldades do sistema público de ensino, como lhe atribui o dom de extirpá-las. A estratégia discursiva engendrada pelos órgãos oficiais construiu não só a imagem do professor como um não-profissional, cujas ações redundavam não raro em perdas para os alunos e para o sistema de ensino, mas também a representação de que só ele criaria as condições para a realização do projeto governamental. - o Estado projeta no professor a produção das competências demandadas pelo mercado e em total sintonia com o leitmotiv das reformas, cujos determinantes ultrapassam o campo das preocupações com a qualificação docente. - A razão para que a noção de competência tenha adquirido centralidade na construção de um perfil profissional do docente está em que ela faz parte de políticas educacionais que respondem a um duplo objetivo: de um lado, a descentralização e a responsabilização das escolas e dos docentes pelos resultados do sucesso dos alunos. A devolução de competências e a autonomia são faces de uma mesma moeda: transfere responsabilidades da esfera pública para a esfera privada (comunidades, pais, alunos, professores e outros); de outro, o reforço do papel centralizador do Estado na definição tanto dos parâmetros curriculares nacionais quanto dos seus conteúdos, métodos e avaliação. - A noção de competência impõe referenciais concretos cuja explicação não se encontra exclusivamente na escola, mas, ao contrário, na migração do campo da economia para o campo da educação. Não é sem razão que a discussão à volta da urgência da definição de um perfil de competências docentes esteja diretamente ligada ao Relatório A nation at risk. Trata-se de um documento que, embora referido ao domínio da educação, responde a imperativos macro- econômicos. A re-significação da educação não se faz agora pela pedagogia dos objetivos, como ocorreu na década de 1960, mas pela noção de competências, afirmando-se que a mediocridade da escola não resulta das políticas governamentais e das possibilidades de sua efetivação, mas da implementação dessas políticas pelas próprias escolas. No caso do Brasil, por exemplo, a idéia de definir um perfil de competências surge, fundamentalmente, de discussões no Ministério do Trabalho e mais tarde articula-se aos parâmetros curriculares nacionais emanados do Ministério da Educação. Num contexto mais amplo, o perfil de competências associa as políticas educacionais às políticas econômicas, na medida em que, nos anos de 1980 a 1990, a teoria do capital humano é recuperada de modo a responder às novas demandas do mercado. De meados da década de 1990, em diante, a noção de competência começa a ser difundida nos documentos oficiais, mas é em maio de 2000, na Proposta de diretrizes para a formação inicial de professores da educação básica, em cursos de nível superior que essa noção é detalhadamente apresentada. De acordo com a enunciada proposta, o termo competência se expressa de três modos – profissionalismo, ação teórico-prática e exercício profissional – que respondem a uma retórica que forja, no discurso oficial, uma legitimação para a expropriação do saber docente. Tal retórica acentua a tradicional tendência existente no Brasil de deslocamento para o normativo, prolixo e pormenorizado, da capacidade de resolver problemas que escapam à esfera de atuação dos professores. Em função desse deslocamento a proposta supracitada faz crer que o perfil de competências, por estar construído no espaço da regra, é um dispositivo que se auto-realiza. Desse modo, tal perfil valida os atributos dos que têm a responsabilidade de implementar, numa perspectiva técnica e apolítica, as decisões da administração. Boa Sorte!!
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