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AÇÃO DE DIVISÃO. Angélica Hoffmann1 Gabriella Maria Pereira Ecker2 Jessica Anita Pacheco de Miranda Lima3 Mayara Cristiane Cavalcanti4 Pamella Cristina Sardá5 RESUMO O presente trabalho visa abordar as principais características do procedimento especial de ação de divisão de terras particulares regulada pelo Código de Processo Civil, assim como trazer às inovações em relação ao código anterior. A ação de divisão possui um único fim, que é o de dividir o bem de uso comum e com isso extinguir o condomínio. Mediante uma pesquisa teórica através da consulta às fontes disponíveis, principalmente na literatura atual e na legislação, foram explicados os requisitos essenciais da petição inicial para propositura da ação de divisão, o objetivo da ação em questão, assim como as partes legitimadas a figurarem no polo ativo e passivo e a competência para julgar a ação. Também foi elucidado como ocorre o procedimento da ação divisória, abordando como é realizada a citação, o prazo da contestação, como procede a prova pericial, como se realiza o auto de divisão e a sentença homologatória. Em seguida, foi explicado sobre a aplicação de regras da ação demarcatória à ação de divisão, se a decisão sobre a divisão faz coisa julgada e como se dá o cumprimento da sentença de divisão. Ao final, foi exposto acerca do terceiro prejudicado pela ação de divisão, sobre as benfeitorias dentro da área dividenda e a usurpação de terrenos de vizinhos da área dividenda. Palavras-Chave: Ação de Divisão. Procedimento. Características. ABSTRACT Division of private lands regulated by the Code of Civil Procedure, as well as bring to innovations in relation to the previous code. The division action has a unique purpose, which is to divide the good of common use and thereby to extinguish the condominium. Through a theoretical research through the consultation to the available sources, mainly in the current literature and in the legislation, the essential requirements of the Petition to initiate the division action, the purpose of the action in question, as well as the parties legitimized to appear in the active and passive poles and the competence to judge the action. It was also elucidated how the procedure of the divisional action occurs, addressing how the citation is done, the deadline for the challenge, how the expert evidence proceeds, how the division order is executed, and the homologation ruling. Then it was explained about the application of rules of demarcation action to division action, if the decision on division makes judged thing and how to comply with the division sentence. In the end, he was exposed about the third party affected by the division action, the improvements within the dividend area and the usurpation of neighbors' land in the dividend area. Keywords: Division Action. Procedure. Characteristics. 1 Graduação em Direito. Universidade do Contestado Campus Canoinhas. Rua Roberto Ehlke, 86, Centro, Canoinhas/SC, CEP 89.460-000, e-mail: hoffangel06@yahoo.com.br. 2 Graduação em Direito. Universidade do Contestado Campus Canoinhas. Rua Roberto Ehlke, 86, Centro, Canoinhas/SC, CEP 89.460-000, e-mail: gabriellap.ecker@hotmail.com. 3 Graduação em Direito. Universidade do Contestado Campus Canoinhas. Rua Roberto Ehlke, 86, Centro, Canoinhas/SC, CEP 89.460-000, e-mail: jessi_miranda14@hotmail.com. 4 Graduação em Direito. Universidade do Contestado Campus Canoinhas. Rua Roberto Ehlke, 86, Centro, Canoinhas/SC, CEP 89.460-000, e-mail: mayaracristianecavalcanti@hotmail.com. 5 Graduação em Direito. Universidade do Contestado Campus Canoinhas. Rua Roberto Ehlke, 86, Centro, Canoinhas/SC, CEP 89.460-000, e-mail: pam.sarda@hotmail.com. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho visa abordar as principais características do procedimento especial de ação de divisão de terras particulares regulada pelo Código de Processo Civil, assim como trazer às inovações em relação ao código anterior. Mediante uma pesquisa teórica através da consulta às fontes disponíveis, principalmente na literatura atual e na legislação, serão explicados os requisitos essenciais da petição inicial para propositura da ação de divisão, o objetivo da ação em questão, assim como as partes legitimadas a figurarem no polo ativo e passivo e a competência para julgar a ação. Posteriormente será elucidado como ocorre o procedimento da ação divisória, abordando como é realizada a citação, o prazo da contestação, como procede a prova pericial, como se realiza o auto de divisão e a sentença homologatória. Em seguida, será explicado sobre a aplicação de regras da ação demarcatória à ação de divisão, se a decisão sobre a divisão faz coisa julgada e como se dá o cumprimento da sentença de divisão. Ao final, será exposto acerca do terceiro prejudicado pela ação de divisão, sobre as benfeitorias dentro da área dividenda e a usurpação de terrenos de vizinhos da área dividenda. 2 MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho propôs o método qualitativo de estudo, limitando-se à consulta da literatura atual e legislação. O procedimento técnico utilizado foi o bibliográfico, através da consulta às fontes disponíveis, principalmente livros e análise dos principais aspectos da legislação que regulamenta a matéria. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES O direito subjetivo material de exigir a divisão de coisa comum encontra previsão no Código Civil em seu art. 1.320, que assim dispõe: Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão. (BRASIL, 2002). No Código de Processo Civil, o instituto da ação de divisão encontra previsão no Título III – Dos Procedimentos Especiais, Capítulo IV – Da Ação de Divisão e Da Demarcação de Terras Particulares, a partir do artigo 569. Como se nota, a ação de divisão e da demarcação são tratadas em conjunto no Código de Processo Civil. Segundo Humberto Theodoro Junior (2016, p.177): (...) para que o poder exclusivo conferido pelo direito de propriedade ao respectivo titular seja efetivamente exercido, é indispensável que o objeto do direito seja precisamente identificado. E quando se trata de imóvel, essa identificação só é possível por meio dos limites que o separam e o distinguem dos outros prédios contíguos. Daí por que, entre os poderes do dono, o Código Civil inclui o de obrigar o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios vizinhos, mediante estabelecimento e fixação da linha lindeira (art. 1.297). Para Streck (2016, p. 815), “ a e t a a pe a c rc t c a e e a a a e e pre c pa c a e e a cr a a pr pr e a e sobre terras particulares, utilizando t c ca c para cionar os problemas enfrentados”. Embora sejam dois procedimentos especiais diferentes, o próprio Código de Processo Civil permite a cumulação de tais pedidos um único processo, é o que dispõe o art. 570 do aludido diploma legal: Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-se primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes e os condôminos. Nesse caso, como determina o artigo, primeiro será processada a ação de e arca . “ e c a a e t c e pre p e- e, para a , e e re pect e a e ta . re a e pre c a a e e tre a pe e e ”. (BUENO, 2015, p. 441). A presente pesquisa limita-se a estudar somente sobre o procedimento da ação de divisão, conforme se exporá adiante. 3.1 DA AÇÃO DE DIVISÃO 3.1.2 Requisitos da Petição Inicial e o Objetivo daAção de Divisão A ação divisória tem por objeto a divisão de terras particulares, a qual, pela nova redação do artigo, objetiva estremar os quinhões, extinguindo-se em juízo o condomínio, confira-se: Art. 569. Cabe: (...) II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes a estremar os quinhões. (BRASIL, 2015). “ t cat a te t e a a c a c e e pre e p r e a part a in natura. . ., c e c a e e e t e p r pre ap ra a e a c a ( ec ca) (CC, art. 1.322)” (STRECK, 2015, p. 816). Assim, caso o condomínio recaia sobre bens indivisíveis não haverá, por óbvio, a partilha geodésica, de modo que a extinção do condomínio deverá ocorrer pela divisão econômica, através de alienação judicial e partilha do preço apurado. Segundo Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2015, p. 224): “ a e pre p e e e e a e e ca e a e, a a a e a a er a e a e a c a a c a c ”. Para propor a ação em questão, é necessário se atentar aos requisitos específicos exigidos no art. 588 do Código de Processo Civil para a petição inicial, que assim determina: Art. 588. A petição inicial será instruída com os títulos de domínio do promovente e conterá: I - a indicação da origem da comunhão e a denominação, a situação, os limites e as características do imóvel; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os condôminos, especificando-se os estabelecidos no imóvel com benfeitorias e culturas; III - as benfeitorias comuns. (BRASIL, 2015). a - e ter e tacar e e e c a a er a e cr eta a a e , c t a a a caracter t ca , para e p a er car e e e efet a e te e , p , c tr r , pr ce e er er e t t , e a e t e r t (GONÇALVES, 2015). Além disso, deve também a inicial preencher os requisitos comuns do art. 319 do mesmo diploma legal acima: Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. (BRASIL, 2015). O processo em que a ação de divisão se desenvolve é bifásico, seja ou não cumulado com a ação de demarcação, onde primeiro será proferida sentença decidindo sobre a existência ou não do direito de dividir, e posteriormente, a segunda fase, que somente ocorrerá se o resultado da anterior for positivo, será destinada à execução material do reconhecimento obtido na primeira fase. Humberto Theodoro Jr. (2016, p. 206) afirma que: (...) o fim específico da ação divisória é resolver a questão em torno do condomínio sobre terras divisíveis, fazendo cessar o estado de comunhão, pela repartição geodésica do imóvel, com atribuição a cada comunheiro de parte certa, fisicamente delimitada sobre o terreno comum. Importante destacar que a técnica utilizada para divisão chamada geodésica busca dividir uma superfície agrária em várias outras (THEODORO JR., 2016). Pode-se assim dizer que a ação divisória tem um objetivo real, já que se trata de procedimentos práticos sobre a coisa comum. Mas a doutrina entende que a ação de divisão pode também apresentar objetivos pessoais, podendo se exigir a partilha de frutos, gastos, compensações e ressarcimento de danos (THEODORO JR., 2016). No entanto, considerando a peculiaridade do procedimento, tendo por objetivo específico a partilha de coisa comum, não se mostra razoável a pretensão de divisão cumulada com restituição de frutos, pois acarretaria o retardamento da solução da ação de divisão. Nesse sentido, Humberto Jr. (2016, p. 207) explica que: (...) apenas os frutos posteriores à litis contestatio seriam partilháveis no processo de divisão. Os anteriores teriam de ser reclamados e acertados através do procedimento, à parte, da prestação de contas. Desse modo, aconselha-se que referidas questões sejam dirimidas em procedimentos apartados, a fim de não tumultuar e, sobretudo, favorecer o interesse das próprias partes litigantes. 3.1.3 Legitimidade Ativa e Passiva e Competência Da leitura extraída do art. 569, II, do CPC, “Cabe: (...) II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes a estremar os quinhões”, conclui- se que é legitimado a propor a ação de divisão qualquer dos condôminos, ou seja, aqueles que são donos da parte ideal do imóvel. t p r e, “ e re t e pe r a a c a c ar e depende de anuência ou aprovação de outros consortes. Cada um dos consortes o et , a e te, e p e p r a t e a ” (TH ODORO JR., 2016, p. 208). É possível, igualmente, ser exercido o direito de divisão entre os diversos cotitulares de outros direitos reais quando, por exemplo, a comunhão se tratar de usufruto, uso, enfiteuse e fiduciário, não importando a extensão da cota do condômino. Também os possuidores, que não detém o título, mas que adquirem a qualidade de proprietário pela ação publiciana, podem exercer o direito de exigir a divisão. G a e (2015, p. 228) a e era e “ e tratar e a propriedade, mas dos direitos correspondentes ou da composse”. Vale destacar que, os detentores de posse limitada ou os possuidores somente podem pleitear a ação divisória em face de outros condôminos que tenham a re t re e , p “S c c pr pr e a e, para efeito de autorizar a divisão, quando todos os consortes se apresentam em situação jurídica ea, ete re t a ” (THEODORO JR., 2016, p. 208). De outro lado, continua o autor elucidando que: (...) entre os diversos cotitulares de um mesmo direito real sobre a coisa alheia, a situação é diferente, porque a pretensão de dividir o imóvel para efeito do exercício do direito real conjunto não afeta a situação jurídica do proprietário direto, e entre eles há realmente um estado homogêneo de comunhão em torno de igual direito real, exercitado sobre o mesmo bem. São ainda legitimados para requerer a divisão segundo Santos (2010, p. 162): O pr te te-c pra r, e e e te a c trat , e c a e arrepe e t , e a e te tra cr t Re tr e e , ta e t a para re erer a , e re t rea e t t a e e e t e t . Se pre e er , t a a, pe a c e tere e , pe r a c ta pr tente-vendedor. Considerando que a natureza da ação em tela é real imobiliário, se o autor for casado, ambos os cônjuges devem participar, não necessariamente como litisconsorte ativo, bastando apenas à anuência. Somente será dispensada a anuência do cônjuge se o regime de comunhão de bens adotado for da separação total de bens. Já no polo passivo da ação divisória, deverão figurar todos os demais consortes, tratando-se do caso de litisconsórcio passivo necessário. Assim, devem-se ser citados todos os condôminos e seus respectivos cônjuges, se houver. Nesse sentido, dispõe a regra inserta no art. 73 do Código de Processo Civil: Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casadossob o regime de separação absoluta de bens. § 1 o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; (BRASIL, 2015). Embora o Código de Processo Civil não estabeleça regra determinando a citação dos demais interessados, pois ao que consta define a ação de divisão como aquela que cabe entre os condôminos, inclusive determina que sejam qualificados e mencionados apenas os condôminos, assim como pede para que descreva as benfeitorias comuns, nada impede que, desde logo, sejam os terceiros interessados citados para, querendo, intervirem no processo. Isso porque, podem ter benfeitorias indenizáveis, e caso não sejam chamados a intervir no processo, podem embaraçar a execução da sentença homologatória da divisão, através de embargos de eficácia possível para suspender a execução e provocar novo processo (THEODORO JR., 2016). Como visto, a ação divisória tem natureza real imobiliária, de modo que a competência é o foro de situação da coisa. Confira-se o disposto no art. 47 do Código de Processo Civil: Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. (BRASIL, 2015). No entanto, ca e e te a e a e um Estado ou c arca, a c pet c a er a a p r pre e , atentando-se a regra prevista nos arts. 59 e 60 do aludido diploma legal: Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel. (BRASIL, 2015). Consoante leciona Humberto Theodoro Jr. (2016, 208), “ t er er e todos os trabalhos divisórios serão por ele comandados e presididos, independentemente de precatórias, mesmo quando as perícias tiverem de realizar- e e terre t a a e a r r a ”. Importante anotar que a competência é absoluta e não se admite a eleição de foro. 3.1.4. Do Procedimento De Citação O procedimento de citação na ação de divisão, apresentou mudança com o Novo Código de Processo Civil. Diferente do que previa o antigo Código, atualmente não é mais admitida a citação por edital dos réus domiciliados fora da comarca na qual o processo foi instaurado. Dessa forma, entende-se que todos os demandados serão citados por meio de carta com aviso de recebimento – AR, estejam estes residindo na comarca em que o imóvel esteja situado ou não. Para Humberto Theodoro Jú r (2016, p. 212) “ e te e c ec e para e r ra e e tar à c ta e ta c a”. O entendimento do referido autor encontra amparo no art. 259, III, do Código de Processo Civil, que determina esse tipo de citação em casos de moradia incerta da parte ou seu desconhecimento. 3.1.5. Da Contestação O prazo para apresentação da contestação na ação de divisão ocorre no mesmo sentido da ação demarcatória, conforme previsão do art. 589 do Novo Código de Processo Civil. O dispositivo legal que assinala o prazo de contestar a ação demarcatória, atesta que este será de 15 (quinze) dias, após a efetiva citação da parte, seja ela por meio de carta registrada ou por edital. Nesse sentido, o prazo previsto para contestar no antigo Código de Processo Civil, que era de 20 (vinte) dias, ficou nitidamente revogado. A matéria a ser abordada entre as partes na primeira fase do processo de divisão não possui restrição legal, ou seja, as partes podem alegar aquilo que as convir e que for pertinente ao caso tratado. Dentre as alegações prestadas pelas partes, Junior (2016, p. 212) elenca: “De e a e t e pre are pert e te a pre p t pr ce a e à condições da ação, até intrincadas controvérsias dominiais podem ser provocadas pela co te ta [...]”. Todas essas questões deverão ser resolvidas pelo juiz na sentença, a qual, se acolher o pedido autoral, colocará fim a fase divisória do procedimento e dará início a fase executória. Para Elpídio Donizetti (2016, p. 597): Após a produção de provas, se necessárias, o juiz profere sentença julgando a pretensão de dividir. Dessa sentença, que põe fim à primeira fase, cabe apelação em ambos os efeitos. Transitada em julgado a sentença que julgou a pretensão de dividir, tem início a segunda fase do procedimento, ou seja, a execução material da divisão. Quanto as alegações referentes ao mérito, a parte demandada pode alegar diversos fatores, fatores os quais podem ser peremptórios (decorrentes da lei) e dilatórios (embora haja previsão legal, pode ser convencionado entre as partes e o juiz). Dentre os fatores peremptórios, destacam-se os mais importantes: a) Ausência de domínio sobre o bem imóvel: Segundo entendimento de Humberto Theodoro Junior (2016, p. 212), isso c rre p r e “ re t à e terra c dicionado ao direito do domínio e por e a e e e e pr e te a te à c a t t e pr pr e a e”. b) Ausência de direito real do autor sobre a terra a ser dividida: Nestes casos, a parte autora possui o direito real sobre um imóvel, mas não daquele específico da ação. c) Desaparecimento do condomínio: Pois não há como dividir imóvel que já foi objeto de ação de divisão anteriormente. d) Indivisibilidade do imóvel: Essa forma de indivisibilidade pode ser tanto legal quanto natural e se refere basicamente a impossibilidade da divisão do imóvel requerido. Para Humberto Theodoro Junior (2016, p. 213) determinados bens tornam-se impróprios ao fim que e e t a ep e . a a a t r “ e e p e part r, e a ”. De outro vértice, ainda, ressalta-se que a parte demandada também pode alegar em fase contestatória outros aspectos que, conforme mencionado anteriormente, são de caráter dilatório. A principal condição, que possui caráter dilatório, é a alegação sobre a inexistência (ou não) das divisas determinadas sobre o imóvel a ser dividido. Nesse sentido, percebe-se que o ajuizamento da ação de divisão sem a existência dos documentos que possuem o condão de comprovar a demarcação da terra, constitui em falta de requisito para a abertura do processo. Destarte, nestes casos, o pedido inicial deve vir, obrigatoriamente, acompanhado de requerimento expresso para demarcar o imóvel, antes de dividi-lo, a pa e, “ ca , a e arca e er c a a. Se r, a tar pressupost e e e e t e re ar pr ce ” (THEODORO JR., 2016, p. 213). Assim, no que se refere as alegações com caráter dilatório, as questões dilatórias segundo Humberto Theodoro Junior (2016, p. 213): (...) não visam impedir a divisão, mas que lhe criam obstáculos por suscitarem problemas parciais, como os relacionados com extensão da cota de cada comunheiro, com a existência de benfeitorias próprias, com a forma de partilhar e formar os quinhões. Outrossim, pode-se entender que as alegações de cunho dilatório, diferente do que julgam a maior parte das pessoas, não tem como intuito deixar de dividir o imóvel. O julgamento antecipado da primeira fase processual na ação de divisão é cabível quando não houver nenhuma condição que possa prejudicar o direito real da divisão. Logo, é dispensada a designação de audiência de instrução e julgamento e, após certificado o trânsito em julgado da sentença, o feito passa para a sua fase de execução. Para Humberto Theodoro Junior (2016), na segunda fase poderá ser discutida sobre outras questões, como exemplo a força dostítulos na formação das quotas. Isso porque, esse tipo de questão não possui condições seguras na primeira fase, já que ainda não se procederam às questões técnicas. 3.1.6. Da Revelia O instituto da revelia na ação de divisão não nasce da mesma forma que no processo ordinário, por exemplo. Não ocorre a revelia se, a parte demandada (ou as partes demandadas) deixarem de contestar o feito no prazo de 15 (quinze) dias após sua efetiva citação, mas comparecerem em juízo, acompanhadas por patrono constituído, a fim de acompanhar o feito. À respeito, tem-se o entendimento de Humberto Theodoro Jr. (2016, p. 213): “ pr p t a re e a, e e-se ter em conta que a ação de divisão tem natureza judicium duplex, o que, em regra, não confere à falta de contestação o caráter e os e e t e a er a e ra re e a”. Assim, se a parte não contestar o feito devidamente, mas comparecer em juízo, juntamente com procurador constituído para acompanha-lo, obrigatoriamente, deverá ser intimada de todos os atos processuais constantes nos autos, não incidindo sua preclusão. Da mesma forma, além de não resultar em revelia a ausência da contestação no prazo legal, também não há na ação de divisão a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor na inicial. Nesse sentido, a parte que, embora devidamente citada para contestar o feito, o fizer, mas não impugnar diretamente determinado ponto alegado na peça vestibular, não poderá ser punida com a confissão ficta. Os casos em que a presunção de veracidade dos fatos abrangidos na inicial não é admitida são elencados do seguinte modo por Humberto (2016, p. 213): a) Quando, sendo vários comunheiros, um ou alguns deles contestarem a ação, visto tratar-se de litisconsórcio unitário (art. 345, I). Mas, contra o condômino que não contestou, nem se fez representar nos autos, os prazos correrão independentemente de intimação (art. 346). b) Quando a inicial não estiver acompanhada do título de propriedade do autor, por se tratar de documentação pública indispensável à prova do fato fundamental da ação (art. 345, III). Por outro lado, mesmo sendo oferecida contestação, o condômino será havido como revel: a) Quando for encontrada irregular sua representação nos autos, e intimada a promover a respectiva regularização, a parte deixar de fazê- lo no prazo que o juiz lhe tiver assinado (art. 76, § 1º, II). b) Quando, falecido o advogado do réu, este, intimado pelo juiz, não constituir novo representante no prazo de quinze dias (art. 313, § 3º). ( Como se nota, não se admitirá a presunção de veracidade dos fatos quando pelo menos um dos comunheiros contestarem, quando a inicial não estiver acompanhada do título de propriedade do autor, quando a representação nos autos não estiver regular e deixar de regularizar no prazo determinado pelo juiz e quando o advogado do réu for falecido e não seja constituído novo representante no prazo legal. 3.1.7. Da Prova Pericial Depois de encerrada a primeira fase da ação de divisão, com o trânsito em julgado da sentença de mérito, a qual avalia a viabilidade da divisão do imóvel, passa-se, conforme mencionado, a sua fase de execução. Na fase execut a a a , “ e aprec a at r a re , a e t c a, e te , at r a e a a e c te c a e e ate” (THEODORO JR., 2016, p. 214). e e t e te e t e D ett (2016, p. 598) “Tra ta a em julgado a sentença que julgou a pretensão de dividir, tem início a segunda fase pr ce e t , e a, a e ec ater a a ”. O Novo Código de Processo Civil não inovou nesse sentido, de modo que permaneceu existindo duas fases na ação divisória: contenciosa (discussão/debates) e a executiva (preparação de atos para consequente divisão). Os atos realizados na fase executiva, ainda se dividem em duas partes. Procedimentos técnicos e procedimentos jurídicos. Os técnicos são aquelas diligências realizadas pelos peritos, agrimensores, arbitradores, engenheiros, enquanto as funções jurídicas são aquelas que ficam direcionadas a ação do juiz. Contudo, ressalta-se que, tanto os procedimentos técnicos quanto os jurídicos, possuem o condão de determinar exatamente qual será a parte exata de cada membro do processo. Humberto (2016, p. 214) a r a e e te pr ce e t “ e ta para fim eminentemente prático, qual seja, o de determinar, de forma material, os quinhões em que o imóvel comum há se der dividido entre os diversos c e r ”. Entre as operações realizadas na fase executiva, as principais são: preparação do imóvel para divisão (medição do imóvel, apresentação de memoriais e planta do imóvel, análise e classificação dos títulos, etc.); trabalhos da execução final da medição do imóvel, ou seja, com as demarcações devidamente determinadas; deliberação pelo juiz acerca da partilha e, por fim, a homologação por sentença da divisão efetuada. Em relação as inovações que o Novo Código de Processo Civil trouxe no instituto da prova pericial, pode-se dizer que não foram muitas e que, em grande parte, permaneceu mesma determinação. Todavia, pelo antigo Código, no que tange à quantidade de perito para realização das atividades, eram exigidos 3 (três), o que atualmente passou-se a e r “ a per t ”. e te ca e t , ca e a a tare a e ear a . Ma , “ e r e c per t ú c , ter e er t c c e a r e ra, porque a operação de retalhação geodéstica do imóvel dividendo reclama conhecimentos espec c a a r e ra” (THEODORO JR., 2016, p. 215). Além disso, o Novo Código também extinguiu a necessidade de prestação de compromisso legal pelo perito, bem como determinou a obrigatoriedade da análise da lei especial que trata dos imóveis rurais na ação de divisão. Outra inovação trazida pelo Novo Código de Processo Civil é em relação ao prazo que as partes possuem para impugnarem os títulos dominais do imóvel que foram apresentados. Com o Código de 1973 o prazo previsto era de 10 (dez) dias, e agora passou-se à 15 (quinze) dias. Contudo, o prazo para exibição deste título permaneceu em 10 (dez) dias e a decisão acerca das impugnações aventadas também não houve mudança, sendo a determinação dada em 10 (dez) dias. Em relação ao plano de divisão, encerrada a fase de medição do terreno será apre e ta pr ce “p a e ” pe ( ) per t ( ). Humberto Theodoro Junior (2016, p. 216) define plano de divisão: [...] Encerra a primeira etapa dos trabalhos técnicos da fase executiva do pr ce e t r a, c “parecer e per tos (agrimensor e arbitradores) emitem sobre a forma de partilha do imóvel e a maneira de se instituírem as servidões necessárias, notadamente as de trânsito, ou sobre conveniência da conservação ou extinção de um ou outra das que já existiam, referindo-se expressamente a elas. Depois de apresentado em juízo pelo (s) perito (s) o plano de divisão, o magistrado designa audiência e ouve as partes e lavra decisão de deliberação da partilha. A única mudança trazida nesse ponto pelo Novo Código de Processo Civil, foi a dilação do prazo para oitiva das partes, que de 10 (dez) dias, aumentou-se para 15 (quinze) dias. Nesse sentido, a questão que mais gerou discussão em relação a deliberação da partilha, se referia a que caráter essa recebia: despacho ou decisão interlocutória. Tal divergência surgiu basicamente pela forma de se recorrer de tal decisão. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça manifestou-se pelo entendimento minoritário, ou seja, de que essa deliberação de partilha trata-se de decisão interlocutório, passível de interposição de recuso de agravo.Por fim, os critérios analisados para formação dos quinhões, estão previstos no art. 595 do Código de Processo Civil, que assim dispõe: Art. 595. Os peritos proporão, em laudo fundamentado, a forma da divisão, devendo consultar, quando possível, a comodidade das partes, respeitar, para adjudicação a cada condômino, a preferência dos terrenos contíguos às suas residências e benfeitorias e evitar o retalhamento dos quinhões em glebas separadas. (BRASIL, 2015). Da análise do dispositivo, vê-se que o dispositivo legal é claro ao dispor que, no momento de dividir o imóvel entre os condôminos, deve ser, acima de tudo, respeitado as partes, analisando de forma abrangente se a decisão não gerar prejuízo a nenhuma delas. Além disso: (...) o juiz deve observar as convenções que a partes houverem celebrado a respeito; e quando elas não existam, nunca perder de vista que uma partilha, para ser perfeita, além de igual, deve consultar a comodidade das partes a ser armada de modo a evitar pleitos futuros (THEODORO JR., 2016, p. 217). Portanto, ainda que a ação de divisão possua diversas fases e seja dividida em inúmeras atividades preparatórias, a sua característica mais importante encontra-se na divisão do imóvel propriamente dita, pois é o resultado da divisão que produzirá efeitos direito sobre os interessados, de modo que, se realizado sem a análise dos critérios legais previsto no Código de Processo Civil, certamente trará prejuízos irreversíveis às partes. 3.1.8 Auto de Divisão e Sentença Homologatória Inicia-se a segunda fase de ação de divisão com o pedido de quinhões. Com base nas alegações dos condôminos o magistrado em nova decisão irá determinar como a partilha haverá de ser ultimada, cabendo aos peritos proceder com a demarcação dos quinhões, consoante regras dos incisos I a IV do art. 596 do Código de Processo Civil. (THEODORO JR., 2016). Assim dispõe o art. 596, incisos I ao IV do referido diploma legal: Art. 596. Ouvidas as partes, no prazo comum de 15 (quinze) dias, sobre o cálculo e o plano da divisão, o juiz deliberará a partilha. Parágrafo único. Em cumprimento dessa decisão, o perito procederá à demarcação dos quinhões, observando, além do disposto nos arts. 584 e 585, as seguintes regras: I - as benfeitorias comuns que não comportarem divisão cômoda serão adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação; II - instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis em favor de uns quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente; III - as benfeitorias particulares dos condôminos que excederem à área a que têm direito serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição; IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e as reposições serão feitas em dinheiro. (BRASIL, 2015). Elaborado o memorial descritivo, será proferida nova decisão. Havendo impugnação em relação a perícia, deverão ser sanadas, para somente após o escrivão elaborar o auto de divisão, qual deverá estar acompanhado das folhas de pagamento, se estas faltarem, impedirá a homologação da partilha. (THEODORO JR., 2016). Assim, ao homologar o auto de divisão, o juiz pronuncia uma sentença formalmente homologatória, tratando-se de uma sentença de mérito, apta a fazer coisa julgada material, constituindo em título hábil para que o oficial do registro de imóveis proceda ao cancelamento da matrícula anterior e abra tantas novas matrículas para cada condômino. (THEODORO JR., 2016). Se o auto de divisão estiver desacompanhado das folhas de pagamento, e sem a demarcação dos quinhões, a sentença que homologar tornar-se-á nula. 3.1.9 Aplicação de Regras a Demarcatória à Ação de Divisão O art. 598 do Código de Processo Civil encerra o regime traçado para a ação de divisão, fazendo referência aos arts. 575 a 578, os quais elencam as regras para a ação de demarcação, que por sua vez, são aplicadas à ação de divisão, nos seguintes termos: Art. 598. Aplica-se às divisões o disposto nos arts. 575 a 578. Art. 575. Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do imóvel comum, requerendo a intimação dos demais para, querendo, intervir no processo. Art. 576. A citação dos réus será feita por correio, observado o disposto no art. 247. Parágrafo único. Será publicado edital, nos termos do inciso III do art. 259. Art. 577. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 15 (quinze) dias para contestar. Art. 578. Após o prazo de resposta do réu, observar-se-á o procedimento comum. (BRASIL, 2015). Embora a ação possa ser promovida por qualquer condômino, independente do limite de sua cota, devem-se observar os limites de fracionamento da propriedade rural estabelecidas pela legislação agrária. A citação dos réus, em regra, será feita pelo correio, tendo os réus o prazo para contestação de quinze dias, aplicável tanto à ação de demarcação como à de divisão. Após o prazo de resposta, observar-se-á o procedimento comum (CPC, art. 578). Diferente do que se passa na ação demarcatória, não há obrigatoriedade da realização de prova pericial antes do julgamento da primeira fase na ação de divisão. Isso porque, somente será exigida a perícia geodésica na segunda fase, depois que o pedido de divisão for acolhido pela primeira sentença. 3.1.10 A Coisa Julgada a Ação de Divisão Como já visto, o mérito se resolve em duas fases. Na primeira será resolvido o direito a extinção do condomínio, e na segunda, será definido os quinhões individuais. Na sentença da primeira fase, a questão dominial fará coisa julgada acerca daquilo que fora arguido na defesa de mérito oposta à pretensão de dividir a coisa comum, porém, a improcedência do pedido de dividir não faz coisa julgada ao direito dominial do autor. (THEODORO JR., 2016). Assevera Humberto Theodoro Junior citando Pontes de Miranda (2016, p. 220 apud MIRANDA, p. 506-507): (...) que não é correto afirmar que a decisão sobre a divisão faz coisa julgada material sobre o domínio. E explica: tratando-se de divisão, (...) se não se julgou da validade dos títulos, inclusive usucapião, a eficácia de coisa julgada é somente quanto à declaração dos quinhões, e não sobre o direito de propriedade. Na hipótese da parte impugnante ter contra a parte adversária outras pretensões, mesmo que relacionadas com o direito enfrentado na sentença transitada em julgado, não impede a apreciação em nova ação, desde que não tenha sido objeto de consideração na causa finda. Nesse sentido explica Theodoro Jr. (2016, p. 220): (...) se a questão de validade do título de propriedade do autor da ação de divisão foi rejeitada pela sentença da primeira fase, formar-se-á sobre ela a res iudicata, impedindo que, na segunda fase, possa sofrer reapreciação. Nem em qualquer outra causa futura entre as mesmas partes a questão acobertada pela coisa julgada poderá voltar a ser arguida e decidida. As questões prejudiciais ao mérito do pedido de divisão do imóvel comum, que, contudo, não foram aventadas na ocasião, não sofrem os impactos da coisa julgada, visto que não foi objeto das questões decididas no juízo divisório. e p ca “o desacolhimento da exceção de usucapião proposta no bojo da ação divisória impede que a pretensão de reconhecimento da prescrição aquisitiva venha a ser demandada em ulterior ação especial de usucapião” (THEODORO JR., 2016, p. 220). De outro lado, se a ação de divisão teve curso sem que essa exceção de mérito fosse arguida em juízo, o usucapiente poderá postular o reconhecimento da prescrição aquisitivaem ação própria (THEODORO JR., 2016). Encerrado o processo divisório, far-se-á a coisa julgada material sobre o que foi decidido no mérito pela sentença da primeira fase, assim como sobre a decisão homologatória em favor dos comunheiros. Desse modo, transitada em julgado a sentença homologatória de laudo de divisão, será executada a decisão, não cabendo nova perícia para corrigir eventual erro de tal laudo. 3.1.11 Cumprimento da Sentença de Divisão A ação de divisão tem por objetivo findar ao condomínio, estabelecendo o quinhão que irá caber a cada comunheiro. Desse modo, pode-se dizer que a ação de divisão e a de demarcação tem natureza condenatória. Tratando-se de uma sentença que põe termo à comunhão e julga a partilha, é evidente que a mesma condena os ex-sócios ou comunheiros a entregar, reciprocamente, uns aos outros o que a cada um for adjudicado. A condenação é, consequentemente, à entrega de coisa certa. (THEODORO JR., 2016, p. 221 apud MOTTA, 1942, p. 246). Considerando que o novo Código de Processo Civil substituiu a ação de execução de título judicial pelo cumprimento de sentença, no juízo divisório a execução do julgado se fará pela expedição de mandado de imissão de posse, que ocorrerá logo após o trânsito em julgado. 3.1.12 Terceiro Prejudicado Pela Ação de Divisão e as Benfeitorias Dentro da Área Dividenda Havendo controvérsia sobre limites das terras dividendas ou ainda, sobre obras e benfeitorias de estranhos dentro do imóvel do condomínio, não cabe ao juízo divisório dirimir esse tipo de conflito. Ou seja, antes de iniciar os atos de extinção do condomínio, deverá ser realizada a demarcação da linha de confrontação com o prédio confinante objeto de conflito. O Código de Processo Civil, em seu art. 593 prevê: Art. 593. Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias permanentes dos confinantes feitas há mais de 1 (um) ano, serão elas respeitadas, bem como os terrenos onde estiverem, os quais não se computarão na área dividenda. (BRASIL, 2015). Desse modo, restará ao condômino que se julgar prejudicado ajuizar ação reivindicatória a fim de reaver a sua propriedade em relação a esse terreno. Isso posto, a regra legal procura manter a liquidez da área a partilhar, evitando que algum comunheiro venha a ser contemplado com gleba sujeita a litígio. Observa-se com isso, que a área que possuir benfeitorias não será computada no imóvel dividendo, porquanto os comunheiros não estão abandonando a área em litígio, de modo que permanecerá em condomínio e poderá ser objeto de reivindicação, de medida possessória, ou ainda, de pedido de indenização, dependendo da situação concreta, pleitos esses a serem formulados pelos condôminos. (THEODORO JR., 2016, p. 222 apud CARNEIRO, 1999, p. 245). Havendo a comunhão sobre a área na posse do vizinho, qualquer dos condôminos terá legitimidade para promover a respectiva reivindicação. O art. 593 do CPC não regula a proteção para o confinante injustamente afetado, mas sim o vizinho que possui benfeitoria antiga e permanente no imóvel submetido à divisão. Assim, vê-se que o confinante afetado de forma injusta está resguardado pelo art. 594 do CPC, o qual assegura o direito de demandar, pelas vias adequadas para a restituição dos terrenos usurpados em decorrência da operação de divisão. 3.1.13 Usurpação de Terrenos de Vizinhos da Área Dividenda Os confrontantes que não forem partes na divisão não poderão ter seus direitos dominiais prejudicados em razão dos trabalhos divisórios. Ocorrendo equívoco pelo agrimensor na linha levantada, vindo a invadir terreno do confrontante, este poderá demandar a restituição da área usurpada. Proposta ação ainda em curso do procedimento divisório, todos os comunheiros serão citados, sendo o procedimento dos embargos de terceiros o mais adequado para propositura, ou em caso da ação já ter sido julgada, deverá ser proposta ação apenas contra o quinhoeiro ou os quinhoeiros que foram contemplados com a área usurpada ao confrontante. (THEODORO JR., 2016, p. 223). Dispõe o art. 594 do Código de Processo Civil que: Art. 594. Os confinantes do imóvel dividendo podem demandar a restituição dos terrenos que lhes tenham sido usurpados. [...] § 2 o Nesse último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma sentença que os obrigar à restituição, a haver dos outros condôminos do processo divisório ou de seus sucessores a título universal a composição pecuniária proporcional ao desfalque sofrido. (BRASIL, 2015). Assim, os confinantes poderão ajuizar ação reivindicatória ou outra que se preste à solução do conflito, devendo ser analisado as particularidades do caso concreto para sua interposição. 4 CONCLUSÃO Conclui-se com o presente artigo que a ação de divisão possui um único fim, que é o de dividir o bem de uso comum e com isso extinguir o condomínio. Em que pese no Código de Processo Civil a ação de divisão e de demarcação de terras particulares sejam tratadas em conjunto, evidencia-se que são dois procedimentos distintos. Não obstante, não se possa olvidar que é indispensável que o objeto do direito da ação de divisão seja precisamente identificado, ou seja, demarcado. Diversas foram as inovações trazidas em relação a ação de divisão pelo Novo Código de Processo Civil, dentre as quais se destaca a distinção realizada pelo novo diploma legal acerca da finalidade da ação. Dessa forma, percebe-se que o objeto da ação de divisão não é mais a partilha da coisa comum e sim para estremar os quinhões. No mesmo sentido, é importante ressaltar que a ação de divisão só poderá ser instaurada se houver demarcação exata sobre o imóvel dividendo, de modo que, em falta desse pressuposto, o pedido de demarcação deve ser cumulado na petição inicial, pois falta requisito essencial no processo. O foro de competência para ingresso da ação de divisão é o local onde situa- se o imóvel discutido. Todavia, em casos que o imóvel encontra-se em mais de um local, o foro será escolhido por prevenção. No que tange a legitimidade ativa da ação de divisão, tendo em vista seu objeto (dividir o bem), cada condômino que possua interesse pode ingressar em juízo para ter sua tutela atendida, quando, pela via amigável, não obtiver resultado satisfatório. Assim, percebe-se que, consequentemente, a legitimidade passiva será daqueles consortes (também condôminos) que não atenderam os pedidos do autor. Além disso, o Código também realizou mudanças no que se referem aos prazos para manifestação na ação de divisão, o que, na maioria dos casos, dilatou- se ou atendeu a exigência que até então era admitida pela doutrina e jurisprudência. Quanto à citação dos demandados na ação de divisão, mais uma mudança trouxe o Novo Código de Processo Civil. Na vigência do antigo código era perfeitamente admitida a citação dos demandados residentes fora da comarca na qual o processo foi distribuído, por meio de edital. Porém, atualmente a citação por edital só será admitida quando o paradeiro do réu for incerto ou sua identidade desconhecida. Ademais, ainda em relação à citação, o prazo estabelecido pelo Novo Código passou a ser de 15 (quinze) dias. Assim, decorrido o prazo de 15 (quinze) dias, sem que haja manifestação nos autos pela parte, não ocorre a revelia, como no processo ordinário, tampouco a confissão ficta, em determinados casos específicos. A parte que, efetivamente citada, não apresentar defesa no prazo legal, não é considerada revel no processo da ação de divisão. As provas produzidas na ação de divisão são elencadas em duas fases diferentes, a fase de cognição e a de execução. Naprimeira, o conteúdo discutido entre os envolvidos pode ser o mais amplo possível, enquanto na segunda tratará somente da divisão do bem propriamente dito. Nessa toada, temos então na ação de divisão duas sentenças de mérito. Uma que põe fim a fase cognitiva, decidindo sobre a possibilidade jurídica do pedido (se o objeto está em conformidade com a lei) e a segunda que define exatamente o quinhão correspondente à cada envolvido no processo. Esta ainda faz coisa julgada material e só poderá ser rediscutida por meio de ação rescisória. Em relação as benfeitorias realizadas no imóvel dividendo, cabe ao condômino que se julgar prejudicado ajuizar ação reivindicatória a fim de reaver a sua propriedade em relação a esse terreno. Outrossim, ocorrendo equívoco pelo agrimensor na linha levantada, vindo a invadir terreno do confrontante, este poderá demandar a restituição da área usurpada. REFERÊNCIAS BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil : procedimentos especiais do Código de Processo Civil. Juizados Especiais, vol. 2, tomo II, 3rd edição. Saraiva, 11/2013. [Minha Biblioteca]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502217898/cfi/112!/4/4@0.00: 34.2. Acesso em Nov.2016. BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de processo civil: baseado no novo código de processo civil, 1ª edição.. Saraiva, 8/2015. [Minha Biblioteca]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502635500/cfi/442!/4/2@100:0 .00. Acesso em Nov.2016. GONÇALVES, Marcus Vinicius R. Novo curso de direito processual civil: processo de conhecimento e procedimentos. Volume 2, 12ª edição.. Saraiva, 12/2015. [Minha Biblioteca]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502638600/cfi/234!/4/4@0.00: 44.3. Acesso em Nov.2016. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Procedimentos Especiais – vol. II – 50ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. SANTOS, Ernane dos. Manual de Direito Processual Civil, Vol. 3, 14ª edição. Saraiva, 11/2010. [Minha Biblioteca]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502120709/cfi/162!/4/4@0.00: 34.8. Acesso em Nov.2016. STRECK, Lenio. Comentários ao código de Processo Civil, 11ª edição.. Saraiva, 3/2016. [Minha Biblioteca] . Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502635609/cfi/816!/4/4@0.00: 4.39. Acesso em Nov.2016.