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Ponto_4_-_Const,_Adm,_Penal_ e_Proc_Penal

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4º PONTO 
CONSTITUCIONAL: Poder Executivo. Evolução do conceito. Atribuições e responsabilidade do Presidente da República Poder regulamentar, poder regulador e as agências administrativas. Do Conselho da República. Do Conselho de Defesa Nacional. 
Poder Executivo. Evolução do conceito:
Em ciência política, o ramo executivo do governo é a única autoridade e responsabilidade para a administração diária da burocracia do Estado. A divisão de poder em diferentes ramos do governo é fundamental para a ideia democrática da separação de poderes.
Em muitos países o termo "governo" conota apenas o ramo executivo. No entanto, esta ambiguidade não consegue diferenciar entre formas de governo despótica e democrática. Nos sistemas autoritários (como uma ditadura ou monarquia absoluta, onde os diferentes poderes do governo são assumidos por uma única pessoa), o ramo executivo deixa de existir, pois não existe qualquer outro ramo separado com o qual partilhar mas iguais poderes governamentais.
A separação do poder do sistema de poderes é projetado para distribuir autoridade afastado do poder executivo - uma tentativa de preservar liberdade individual, em resposta a liderança tirânica ao longo da história. O executivo não é suposto para fazer leis (o papel da Legislatura), ou interpretá-las (o papel do judiciário). O papel do executivo é o de fazer cumprir a lei, tal como escrito pela Legislatura e interpretado pelo sistema judicial.
Quem primeiro distinguiu as funções do Estado foi Aristóteles. No livro “A Política”, descreveu as funções de fazer normas gerais e abstratas, a função de aplicar estas normas gerais e abstratas ao caso concreto e a de dirimir conflitos. 
As ideias de Montesquieu, por sua vez, partiram das teses de John Locke. Baseada em tal tese de divisão dos poderes, ocorreu a Revolução Francesa, já que, antes desta, o poder estava nas mãos de apenas um indivíduo. Montesquieu distinguia o legislativo do executivo e este partia em dois, “Há, em cada Estado, três espécies de poderes: o poder legislativo, o poder executivo das coisas que dependem do direito das gentes, e o executivo das que dependem do direito civil. Pelo primeiro, o príncipe ou magistrado faz leis por certo tempo ou para sempre e corrige ou ab-roga as que estão feitas. Pelo segundo, faz a paz ou a guerra, envia ou recebe embaixadas, estabelece a segurança, previne as invasões. Pelo terceiro, pune os crimes ou julga as querelas dos indivíduos. Chamaremos este último o poder de julgar, e, o outro, simplesmente o poder executivo do Estado.”
Na revolução Francesa e no liberalismo que se seguiu o poder executivo ficava alijado do poder de legislar, mas foi gradativamente admitido a isto. Hoje existem no Brasil a lei delegada e a medida provisória. Assim:
Poder Executivo:
Atribuição típica (= primária): o PE precipuamente aplica a lei ao caso concreto, administrando a coisa pública (atribuição típica).
Atribuições atípicas (= secundárias): desenvolve outras duas atividades de forma atípica:
 O PE legisla. Ex.: medida provisória (art. 62);
Questão TRF3: Qual a diferença entre medida provisória e lei delegada?
- Medida provisória: exercícios de função atípica por parte do PE.
- Lei delegada: não é exercício de função atípica. É uma exceção ao princípio da indelegabilidade.
 O PE julga contencioso administrativo. Ex.: processo administrativo tributário, PAD, em processo licitatório. A diferença desse julgamento para o julgamento do PJ é a característica da definitividade (princípio da inafastabilidade ou indeclinabilidade do Poder Judiciário – art. 5º, XXXV).
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Atribuição: 
	Aplica a lei ao caso concreto, administrando a coisa pública. 
	É exercido por uma única autoridade no Brasil, ou seja, adotamos o sistema ou regime de governo presidencialista, que é diferente do parlamentarista, o qual é exercido por duas ou mais autoridades.
	Art. 76, CF:
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
No caso específico do Presidente da República, há, no art. 84 da CF, uma lista de competências privativas. Vicente e Marcelo dizem que as atribuições I, II, II,IV,V, VI, IX e XXVII são de natureza eminentemente administrativa; as VII, VIII e XIX estão relacionadas com a chefia de Estado. O parágrafo único do art. 84 permite delegação de competência privativa, nos casos do inciso VI do XII e do XXV.
Estas competências são extensíveis aos demais entes federados.
Relembrando:
	SISTEMAS DE GOVERNO
	SISTEMA DE ASSEMBLÉIA
	PARLAMENTARISMO
	PRESIDENCIALISMO
	Comissão de governo dentro do parlamento
	O primeiro ministro depende da confiança do legislativo
	O presidente não depende de confiança do legislativo.
	Relações íntimas
	Relações interdependentes
	Relações mais distantes
	
	Separam-se as funções de Chefe de Estado (monarca ou presidente) e de Chefe de Governo (Primeiro Ministro), o último é o verdadeiro chefe do Executivo
	O presidente exerce as funções de Chefe de Estado e de Governo.
	
	O chefe do executivo é escolhido pelo projeto de governo aprovado no Parlamento
	O presidente é eleito para mandato popular
	
	Baseado na confiança, o primeiro-ministro pode ser derrubado
	
	
	O Parlamento pode ser dissolvido quando não derrube o primeiro ministro.
	
PRESIDENCIALISMO 
	Histórico: tal como o parlamentarismo, o presidencialismo não surgiu de nenhuma criação teórica. Contudo, ao contrário do parlamentarismo, sua formação não se deu de forma lenta e gradual. Este sistema é uma criação americana pós independência.
	Ideais valorizados: liberdade, igualdade dos indivíduos e soberania popular.
	Grande preocupação com a limitação do poder: procurando evitar a concentração de prerrogativas nas mãos de um só homem ou um só órgão para que não se tornasse possível o surgimento de um governo tirânico, contra o povo.
	Os EUA e a aplicação da teoria de Montesquieu: os americanos aplicaram a teoria apenas parcialmente. Adotaram a Separação de poderes: foram criados 3 poderes/órgãos distintos com funções específicas: o Judiciário (dizer a lei no caso concreto), o Legislativo (editar, criar leis) e o Executivo (incumbido de administrar, aplicanco as leis de ofício). Contudo, em relação ao Poder Executivo os americanos não observaram os ensinamentos de Montesquieu. Com efeito, o autor francês lecionava que este poder deveria ser conferido ao monarca (único exemplo de órgão unipessoal que existia à época). Como na América não havia família real (e tampouco havia intenção de se criar uma), o poder executivo acabou sendo conferido a um cidadão, investido no cargo de Presidente da República.
	Características: 
O presidente da república é chefe de Estado e chefe de governo. Ao contrário do parlamentarismo em que temos como chefe de Estado o monarca (ou o presidente da República) e como chefe de governo o primeiro ministro, no presidencialismo o presidente da república acumula ambas as atribuições. Ele tanto exerce representação do Estado (tarefa típica de Chefe de Estado) como também desempenha as atribuições governamentais, tais como, no caso brasileiro, a de exercer o comando supremo das forças armadas ou enviar ao Congresso Nacional a proposta de orçamento. As atribuições do presidente brasileiro estão elencadas no art. 84 da CF/88.
A chefia do Executivo é unipessoal. Esta segunda característica está implícita na primeira. Significa que cabe unicamente ao presidente da república a fixação de suas diretrizes políticas. Ele tem competência e liberdade plenas para nomear e exonerar seus ministros, subordinados seus, que lhe auxiliarão no exercício da presidência. O vice-presidente, eleito conjuntamente com o presidente não tem nenhuma atribuição específica delineada pela Constituição. OBSERVAÇÃO: DALMO DE ABREU DALLARI, p. 204: referindo-se aos ministros: “mas esse corpo de auxiliares não é previsto na Constituição e não compartilha daresponsabilidade do presidente pelas decisões”; isto é o que ocorre, em geral, nos Estados (países) que adotam o sistema presidencialista. No caso brasileiro, é diferente: os ministros são previstos pela Constituição (arts. 87 e 88) e eles são responsáveis por seus atos perante o Congresso Nacional (arts. 50 e 52 da CF/88).
 O presidente da república é eleito por um prazo determinado. Eleições: caráter democrático. Se as eleições não ocorressem periodicamente, o que teríamos estabelecido seria uma nova forma de governo, a monarquia eletiva. É para se evitar isso que se estabeleceu o mandato com prazo fixo. Ao fim do mandato, o povo é novamente chamado a escolher o próximo governante. Nos EUA, a Constituição não proibia a reeleição. Criou-se a praxe de se admitir a reeleição do presidente uma só vez. Até que Franklin Delano Roosevelt foi eleito por 3 mandatos consecutivos, em virtude da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Para se evitar que este acontecimento se repetisse novamente, a Constituição americana foi emendada (emenda 22) para proibir a possibilidade de reeleição por mais de uma vez de um mesmo governante. A maioria dos países proíbe a reeleição. Entre nós ela é admitida desde 04/06/97, com a edição da EC n°16; 
O presidente da república tem poder de veto. Nos EUA o presidente não tem capacidade legislativa. Para evitar a ditadura do legislativo instituiu-se o poder de veto (na nossa Constituição, está previsto no art. 66, § 1°). Este instituto permite que o presidente rejeite um projeto de lei que (1) entenda inconstitucional ou (2) contrário ao interesse público. Neste caso, o projeto é devolvido ao legislativo que só transforma-lo-á em lei desde que se observe um quórum especial. (art. 66, § 1°, CF/88). No Brasil, além de poder de veto o presidente tem capacidade legislativa. Por delegação do Congresso, o presidente pode editar leis delegadas (art. 68) e em situações de urgência e relevância ele pode editar medidas provisórias (art. 62). Uma outra prerrogativa do presidente, nesta matéria, é que ele tem a possibilidade de enviar projetos de lei ao legislativo (art. 60, II e 61)
Atribuições e Responsabilidade do Presidente da República:
	
No presidencialismo, uma única autoridade desempenha as funções de chefe de Estado e de chefe de Governo. O que é função de chefe de Estado? O Presidente defende a unidade nacional, fala em nome do Estado, que é a República Federativa do Estado, e, mantém relações com estados estrangeiros e acredita os seus representantes diplomáticos. 
Art. 84, VIII, CF:
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
1ª fase: fase da incorporação: o presidente assina o tratado.
2ª fase: é aprovado, referendado pelo CN (art. 84, I, CF). Ainda não produz efeitos no Brasil.
3ª fase: o Presidente promulga por meio de decreto. 
Exemplos de função de Chefe de Governo. Art. 84, II, CF:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...)
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
	No presidencialismo, uma autoridade exerce as funções de chefe de Estado e chefe de Governo. Assim, o Presidente da República é chefe de Governo, na medida em que exerce a chefia superior da Administração Pública (máquina administrativa; e também é chefe de Estado, pois representa o país internacionalmente).
	Já o parlamentarismo, cujo PE é dual, pode ser de duas espécies:
	Parlamentarismo monárquico constitucional: o rei é chefe de Estado e o 1º Ministro é chefe de Governo. Ex.: Espanha.
	Parlamentarismo republicano: o Presidente exerce a função de chefe de Estado e o 1º Ministro exerce a função de chefe de Governo. Ex.: Itália, França, Israel, etc.
	Nós já fomos parlamentaristas: de setembro de 1961 até fevereiro de 1963, período em que o 1º Ministro era Tancredo Neves e João Goulart era Presidente. 
	No presidencialismo, o PE é independente do PL. 
	No presidencialismo, o mandato do presidente é cumprido sem qualquer ingerência do PL. 
	No parlamentarismo, o mandato daquele que exerce função executiva recebe influencia/ingerência do parlamento.
	No presidencialismo, o presidente não tem o seu mandato diminuído por vontade do CN. Já no parlamentarismo, o parlamento deve estar afinado com aquele que exerce a função de 1º Ministro. 
	Medida Provisória é um meio de Estado parlamentarista e não de um Estado presidencialista. Diante disso, por que nós adotamos a MP aqui? A assembléia constituinte começou em 01/02/87 e foi encerrada em 05/10/88; os trabalhos da constituinte, até julho de 1987 caminhavam para um Estado parlamentarista. 
OBS: o regime/sistema de governo não é uma cláusula pétrea.
	Requisitos para ser Presidente da República:
 Ser brasileiro nato (art. 12, §3º, CF):
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
        I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
        II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
        III - de Presidente do Senado Federal;
        IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
        V - da carreira diplomática;
        VI - de oficial das Forças Armadas.
        VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
	Isso também se aplica ao Vice. 
	Esse requisito tem como fundamento a segurança nacional.
 Idade mínima de 35 anos. Isso porque, aos 35 anos, o cidadão atinge a capacidade política absoluta, de forma que pode exercer qualquer cargo na República.	
OBS: a capacidade política se inicia aos 16 anos (dos 16 aos 18 anos, o cidadão pode votar, apesar de não poder ser votado).
Art. 14, §3º, CF:
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
        I - a nacionalidade brasileira;
        II - o pleno exercício dos direitos políticos;
        III - o alistamento eleitoral;
        IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
        V - a filiação partidária; 
        VI - a idade mínima de:
        a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
        b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
        c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
        d) dezoito anos para Vereador.
OBS: até que idade é possível prestar concurso para ser funcionário público? Até os 65 anos. E para ser Presidente da República? Não existe limite de idade máximo para o exercício de cargos eletivos. Lembre-se que, no CNJ e CNMP, a idade máxima é de 66 anos. 
 Filiação partidária. Trata-se de condição de elegibilidade. No Brasil, não temos candidatura avulsa. Art. 14, §3º, CF.
 Plenitude do exercício dos direitos políticos, ou seja, não os ter perdido e nem os ter suspenso. Assim, o cidadão não poder ter incorrido em nenhuma das causas do art. 15, CF:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
        I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
        II - incapacidade civil absoluta;
        III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; 
        IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
        V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
	No Brasil, o Presidente e o Vice são eleitos conjuntamente.
	A eleição de Presidente e Vice se dá em 01/10. Eles são eleitos pelo sistema eleitoral majoritário, pelo qual, valoriza-se o candidato registrado por partido político. O candidato que tiver o maior numero de votos registrados será eleito. Pergunta-se: em quais eleições adotamos no sistema eleitoral majoritário no Brasil? Presidente, Governador, Prefeito de Municípios com mais de 200.000 eleitores e Senador. 
	Existem 2 espécies de sistemas majoritários:
- absoluto (=com 2º turno de votação): a CF exige, para que o candidato seja eleito, que ele atinja, no mínimo, a maioria absolutados votos válidos. Se, no 1º turno, nenhum dos candidatos atingir essa maioria, teremos, necessariamente, 2º turno de votação. São eleitos pelo sistema majoritário absoluto: Presidente, Governador, Prefeito de Municípios com mais de 200.000 eleitores.
- simples: a CF se contenta com qualquer maioria. Será eleito o candidato mais votado, independentemente do percentual de votos. São eleitos pelo sistema majoritário simples: Prefeito de Municípios com menos de 200.000 eleitores e Senador.
	No art. 106, CE, os votos brancos na contagem; contudo, pelo art. 77, CF, eles não são computados nos votos válidos. Como compatibilizar as duas regras? O art. 106, CE não foi recepcionado pela CF. Portanto, os votos brancos e os votos nulos não são computados nos votos válidos.
	O Presidente e o Vice tomam posse em 01/01 do ano subseqüente às eleições, em sessão conjunta no CN, oportunidade em que prestam compromisso de manter e defender a CF. Art. 78, CF. Este compromisso é meramente formal? Não. Se ele for desrespeitado, ele incorrerá em crime de responsabilidade previsto no art. 85, CF.
	Qual é o prazo máximo para o Presidente e o Vice tomarem posse? Até 10 dias do dia 01/01, ou seja, até 11/01. Assim, até o dia 11, um dos dois tem que tomar posse, sob pena dos cargos serem declarados vagos. Quem declara esses cargos vagos se nenhum dos dois tomar posse? O CN, salvo motivo de força maior. Assim, caso nenhum dos dois tiverem tomado posse até dia 11 por motivo de força maior, os cargos não serão declarados vagos. 
	Linha sucessória do Presidente: sucessão é o gênero. Ela se divide em duas espécies:
- sucessão em sentido restrito: ocorre nos casos de vacância, que é definitiva. Exemplo de vacância: morte, renúncia, condenação pela prática de crime de responsabilidade. 
- substituição: é temporária. Ocorre nos casos de impedimento. Exemplo de impedimento: férias, licença para tratamento médico, viagens, etc.
	A importância disso é que, na linha sucessória (em sentido lato) do Presidente estão: Vice, Presidente da CD, Presidente do SF e presidente do STF. Só o Vice assume definitivamente o Presidente, nos casos de vacância. Já Presidente da CD, Presidente do SF e presidente do STF só assumem temporariamente, em caso de substituição.
	Pergunta-se: por que o Presidente da CD vem antes do Presidente no SF na linha sucessória? O Presidente da CD vem antes na linha sucessória porque na CD estão os representantes do povo, ou seja, há maior legitimidade, representatividade.
	Pergunta-se: se o Presidente da CD tiver menos de 35 anos, em caso de substituição, ele poderia assumir a Presidência da República? 2 posições:
1ª posição: não, pois a CF deu importância ao princípio da idade mínima de 35 anos.
2ª posição: sim, uma vez que, as condições de elegibilidade para o cargo de deputado federal foram preenchidos, de forma que exercerá todos os ônus e bônus do cargo.
	O que faz o Vice? Art. 79, CF:
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.
OBS: essa lei complementar ainda não existe; por isso, enquanto ela não existir, o Vice exerce funções especiais.
	O mandato do Presidente é de 4 anos, com possibilidade de reeleição.
	Dividimos o mandato do Presidente em 2 períodos. 
	Se o Presidente e o Vice desaparecerem e o Presidente da CD assumir, como a hipótese será de substituição, ou seja, temporária, se estiver nos 2 primeiros anos do mandato, em 90 dias, deverá ocorrer nova eleição direta; se estiver nos 2 últimos, anos, assume o Presidente da CD, e deverá ocorrer eleições indiretas. Vale dizer que este é o único caso de eleições indiretas. Art. 81, CF. 
	O povo é o titular do poder. Se a escolha é feita diretamente, sem intermediários, a eleição é direta. É a regra no Brasil (art. 60, CF). Já a eleição indireta, é aquela que possui intermediários, que são os grandes eleitores. 
	Na realidade, precisamos de um alei que defina as regras para a hipótese em que ocorrerá eleição indireta, mas ela ainda não existe. 
OBS: aquele que assume o mandato nos 2 últimos anos no lugar do Presidente, exerce um mandato-tampão, apenas para terminá-lo. 
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. 
        
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
        
§ 1º - A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.
        
§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
        
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. (O CAPUT FOI ALTERADO E O PARÁGRAFO NÃO, VALE O CAPUT QUE É POSTERIOR)
        
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
        
§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. (CRITÉRIO CRONOLÓGICO SERÁ UTILIZADO COMO REGRA DE DESEMPATE GERAL).
        
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. (O VICE PODE ASSUMIR SE O PRESIDENTE NÃO ASSUMA)
        
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. (ESSE IMPEDIMENTO NÃO É O IMPEACHMENT)
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.
        
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. (LINHA SUCESSÓRIA DO PR) (SOMENTE O VICE ASSUME COM ÂNIMUS DE DEFINITIVIDADE, OS OUTROS SOMENTE ASSUMEM TRANSITORIAMENTE) 
        
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. (ELEIÇÃO DIRETA, SALVO A HIPÓTESE DO § 1O.)
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.[1: JOSÉ AFONSO DA SILVA diz que se não houver lei, a eleição será feita pelo Congresso, na forma do regimento interno.]
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.
Vacância e impedimento
	O Presidente será sucedido, em caso de vacância, e substituído, em caso de impedimento, pelo Vice-Presidente.
	Caso o vice não possa assumir, ocuparão a presidência, na respectiva ordem, as seguintesautoridades:
presidente de Câmara dos Deputados
presidente do Senado Federal
presidente do Supremo Tribunal Federal
As autoridades acima descritas só podem assumir o cargo da presidência em caráter temporário, portanto, havendo vacância ou impedimento tanto do Presidente quanto do Vice-Presidente, ocorrerão novas eleições para o cargo.
Eleição em caso de vacância do Presidente e Vice-presidente:
Se a vagar ocorrer nos dois primeiro anos do mandato, haverá nova eleição, no período de 90 dias da vacância;
se a vaga ocorrer nos dois últimos anos do mandato, a escolha será feita pelo Congresso Nacional, no período de 30 dias da vacância. Este é o único caso de eleição indireta (exceção à regra). Não fere a cláusula pétrea do voto direto, pois é uma norma originária.
Obs – O Presidente eleito nos casos acima, terá direito, apenas, de terminar o mandato que ficou vacante.
        
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
        
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. (STF POR SIMETRIA APLICA-SE O DISPOSTO PARA OS GOVERNADORES E PREFEITOS).
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (SEPARAR ENTRE CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE GOVERNO; ALGUNS DOUTRINADORES – tal como JOSÉ AFONSO DA SILVA - AINDA SEPARAM EM CHEFIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA)[2: ALEXANDRE DE MORAES: “Como Chefe de Estado, o Presidente representa o Brasil nas relações internacionais (art. 84, VII, VIII, XIX), bem como corporifica a unidade interna do Estado. Como Chefe de Governo, a função presidencial corresponde à representação interna, na gerência dos negócios internos, tanto as de natureza política (participação no processo legislativo), como nos de natureza eminentemente administrativa (art. 84, I, II, III, IV, V, VI , IX a XXVII). Assim o Chefe de Governo exercerá a liderança da política nacional, pela orientação das decisões gerais e pela direção da máquina administrativa”.]
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; (CHEFE DA ADM. PÚBLICA)
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) (CHEFE DA ADM. PÚBLICA)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) (DECRETO AUTONOMO QUE INOVA NO ORDENAMENTO JURÍDICO, REVOGANDO A LEI QUE CRIOU OS CARGOS OU FUNÇÕES)
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; (CHEFE DE ESTADO)
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; (CHEFE DE ESTADO)
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; 
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União (CHEFE DA ADM. PÚBLICA);
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; (CHEFE DE ESTADO)
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; (CHEFE DA ADM. PÚBLICA)
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; (CHEFE DA ADM. PÚBLICA)
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Obs – Essas atribuições aplicam-se aos chefes de governo estadual e municipal, por um princípio de simetria, guardando-se as devidas proporções.
Obs – As atribuições previstas nos artigos VI, XII e XXV, podem ser delegadas, conforme o parágrafo único do artigo acima.
Responsabilidade:
A marca distintiva mais forte do princípio republicano é a possibilidade de responsabilização dos agentes públicos por seus atos.
A constituição prevê responsabilidade para o presidente da república tanto no que se refere ao político administrativo quanto no que se refere aos crimes comuns.
 Crimes de Responsabilidade:
Infrações político-administrativas que poderão resultar no impeachment. 
Só a União pode legislar sobre crimes de responsabilidade ainda que se tratem de agentes dos demais entes federados, súmula 723 do STF.
Qualquer cidadão é parte legítima para oferecer a acusação contra o presidente da república à câmara dos deputados, pela prática do crime de responsabilidade.
O julgamento da câmara é eminentemente político e tange à conveniência e oportunidade.
Se a câmara admitir a acusação, o senado não pode emitir novo juízo de admissão. Deve promover o julgamento.
A apresentação de renúncia após iniciado o julgamento não paralisa o processo de impeachment. Se absolvido o agente a renúncia terá seus efeitos normais, se condenado não terá qualquer efeito sobre as sanções aplicadas. 
No que diz respeito ao mérito a decisão do Senado é definitiva e não se sujeita a qualquer tipo de controle ou grau de apelação. Há possibilidade de provocação do judiciário se forem feridas garantias processuais, inciso XXXV do art. 5º da CF. 
Nos Crimes Comuns:
Nestes e nos de responsabilidade exige-se para o processamento do chefe do executivo federal o quorum qualificado de 2/3 dos votos da câmara dos deputados admitindo o processo. O presidente, conforme art. 86 § 3ºda CF, não pode ser preso antes do trânsito em julgado da sentença. O parágrafo quarto do mesmo artigo adrede citado impõe que não se processe o presidente por fato estranho as funções de seu mandato, proibição que só se refere a lides de natureza penal. O presidente pode ser processado por ilícito civil, tributário ou administrativo. Não está impedida a investigação do crime durante o mandato somente o seu processamento.
Nas infrações penais comuns quem julga o presidente da república é o STF. 
O recebimento da denúncia ou queixa crime pela câmara dos deputados implica fastamento do presidente de suas funções pelo prazo máximo de cento e oitenta dias sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
Se o presidente for condenado pelo STF, como conseqüência da perda de seus direitos políticos, perderá o cargo. Tal perda não está condicionada a nenhum ato posterior de nenhum órgão, a simples condenação definitiva implica perda do mandato.
Segundo o STF somente a imunidade formal que exige 2/3 do legislativo para o processamento do chefe do executivo pode ser estendido aos governadores e prefeitos as imunidades à prisão e ao processamento por feto estranho ao mandato seriam decorrência direta das prerrogativas de chefe de estado e por tanto incompatíveis com prefeitos e governadores.
Poder Regulamentar:
Cabe ao presidente da república expedir decretos e regulamentos para a fiel execução das leis. Não lhe cabe, princípio a expedição de ato normativo primário, mas somente secundário. Quer dizer que seus atos normativos não inovam o ordenamento fazendo surgir direitos e obrigações, só explicitam o “modus faciendi” da administração pública. Só cabe poder regulamentar quando a lei regulamentada se refira à matéria administrativa, não se admite regulamentação em matéria de direito privado por exemplo.
A partir da emenda constitucional nº 32 existe uma espécie de decreto do executivo que não pressupõe lei a ser regulamentada e que inova no ordenamento jurídico, tal decreto foi taxado de “autônomo”. Refere-se à organização administrativa que não implique despesa e à extinção de cargos vagos na administração, art. 84, inciso VI da CF.
Marcelo e Vicente falam de um decreto autorizado. Quando a lei dispusesse que tal ou qual assunto seria regulamentado pelo executivo, desde que não houvesse obrigação constitucional de que tal matéria seja por lei, que se refira a assunto técnico e que a possibilidade de regulamentação seja expressa em lei. Este decreto teria força normativa primária, pois em assuntos eminentemente técnicos inovaria no ordenamento. Eles ressalvam que “embora a doutrina tradicional seja pela impossibilidade do regulamento autorizado, e o STF entenda que é inconstitucional a delegação ‘em branco’, ....”.
Seção III
Da Responsabilidade do Presidente da República
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
       
Não se trata de responsabilização penal, o STF reconhece que se trata de infração com natureza político-administrativa. A lei prevista no parágrafo único é a Lei 1079/50, que foi recepcionada em parte pela nova CF/88. Entretanto, a lei não regula todos os 07 incisos do artigo 85. EXEMPLO: “livre exercício do ministério público”. O MP não é poder mas, pelo artigo, tem sua autonomia garantida da mesma forma como se garante a autonomia dos Poderes Legislativo e Judiciário.
Os crimes previstos no artigo 85, são regulamentos por Lei Federal (lei 1.079/50), portanto, nenhum outro ente, a não ser a União pode tipificar as referidas condutas, conforme já decidido pelo STF.
Logo, os estados e os municípios não têm competência legislativa para estabelecer quais são os crimes de responsabilidade de seus agentes, cabendo, tão-somente à União Federal.
Obs – Aos crimes acima descritos, por serem de responsabilidade, o Presidente da República responde perante o Senado Federal, em ato presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal. No referido julgamento, o chefe do executivo federal só poderá ser condenado caso haja a concordância de 2/3 dos membros da casa legislativa, cabendo ao presidente do ato (presidente do STF) apenas exarar a condenação.
Obs – Para que o Presidente da República possa ser julgador tanto pelo STF (crime comum) como pelo Senado (crime de responsabilidade), necessita-se, previamente, de autorização da Câmara dos Deputados, que deverá ocorrer por votação de 2/3 de seus membros.
Obs – O Presidente só poderá ser preso, caso pratique infração comum, após sentença condenatória. O Presidente não pode ser responsabilizado por atos estranhos à sua função.
Obs – O Vice-Presidente não pratica crime de responsabilidade enquanto não assumir a presidência. (posição de José Afonso da Silva)
 Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados (ANÁLISE JURÍDICA E POLÍTICA), será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. 
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.
Suspensão das funções do Presidente e caso de perda do mandato
O Presidente será suspenso de suas funções caso:
pratique infração penal comum e a denúncia ou queixa venha ser recebida pelo STF;
nos crimes de responsabilidade, após instrução do processo de “impeachment” no Senado.
Os processos contra o Presidente têm que ser julgados no prazo máximo de 180 dias, pois, se assim não procederem o STF e o Senado, cessará o afastamento do Presidente.
Obs – Caso o Chefe do executivo federal, ou o Vice, venha a se ausentar do país, por período maior que 15 dias, deverá pedir autorização ao Congresso Nacional, sob pena de perder o mandato, caso assim não procedam.
PRISÃO DO PR: nos crime comuns somente poderá ser preso depois da sentença condenatória. Nos crimes de responsabilidade não há hipótese de prisão, porque não há prisão para o caso do impeachment.
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. (IMUNIDADE PENAL TEMPORÁRIA, NÃO IMUNIDADE CIVIL OU TRABALHISTA).
IMUNIDADE DO PR: é imunidade somente penal. Decorrido o mandato, ele poderá se responsabilizado, o que demonstra a relativização da imunidade que não é absoluta. E a prescrição corre? ROBÉRIO: não corre porque é anti-republicano, observe-se que a prescrição penal não pode correr enquanto o processo estiver suspenso, é uma decorrência lógica de todo o ordenamento jurídico, há previsões de suspensão da prescrição na CF (parlamentares federais), no CP (artigo 366) e no PAES (suspensão da pretensão penal suspende o prazo da prescrição). (ALEXANDRE DE MORAES é neste sentido, p.439).
TABELA DE FIXAÇÃO
	CARGO
	ELEIÇÃO
	MANDATO
	SUBSTITUIÇÕES
	ATRIBUIÇÃO
	REPONSAB.
	Presidente
	Majoritária
	4 anos, facultada 1 reeleição
	Vice-Presidente,presidente da Câmara, presidente do Senado e presidente do STF
	Artigo 84, CF, entre outras esparsas na Carta Maior 
	Artigo 85, CF.
	Vice-Presidente
	Na chapa do presidente (majoritária)
	4 anos
	Presidente da Câmara, presidente do Senado e do STF
	Artigos 79, 89, I e 91, I, todos da CF.
	Só pratica crime de responsabilidade (artigo 85, CF) quando assume a presidência
Seção IV
DOS MINISTROS DE ESTADO
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. (NATURALIZADO EXCETO O MINISTRO DA DEFESA).
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). (ESSSA LEI É LIMITADA JÁ QUE NÃO PODE EXTINGUIR OS MINISTÉRIOS CITADOS PELA CF, SE NÃO FOSSE ASSIM, A LEI TERIA O PODER DE ALTERAR A CF, NÃO PODEM SER EXTINTOS OS MINISTÉRIOS QUE TENHAM PREVISÃO CONSTITUCIONAL).
Poder regulamentar, poder regulador e as agências administrativas 
Regime de Direito Público e regime de Direito Administrativo – Conjunto de normas (direito privado) que regem a relação jurídica estabelecida com o Estado, que defende o interesse público (princípio da finalidade ou princípio da supremacia do interesse público em relação ao interesse particular). Excepcionalmente, o direito privado se aplica às relações da administração pública de forma subsidiária. É o regime (conjunto de normas) que de um lado outorga PRERROGATIVAS à administração pública, mas que por outro lado impõe-lhe determinadas SUJEIÇÕES ou RESTRIÇÕES. Os poderes da Administração estão ligados às prerrogativas.
Os poderes são instrumentos para atendimento da função pública. Sem os poderes a administração não teria como atender ao interesse público.
Poder/dever – da administração pública é nomenclatura usada para designar que a administração, quando tem um poder, quer dar-lhe força de dever. Então, eles devem necessariamente ser utilizados, são compulsórios.
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO – são os poderes que surgem como instrumentos (prerrogativas) através dos quais o poder público irá perseguir o interesse coletivo, são servientes do dever de bem cumprir a finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Os poderes se materializam por meio de ATOS ADMINISTRATIVOS.
EXERCÍCIO DOS PODERES – os poderes do administrador não podem ser extrapolados, consistindo em ABUSO DE PODER, que pode decorrer:
EXCESSO DE PODER.- extrapolar os poderes que lhe são concedidos, ou seja, o administrador extrapola a 
DESVIDO DE FINALIDADE – é um vício subjetivo, é vício na vontade. Aparentemente, o ato não tem defeito. 
O exercício de um poder pode ser controlado pelo Poder Judiciário, sempre que se tratar de controle de legalidade principalmente, em relação aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
CARACTERÍSTICAS: comuns em todos os poderes:
a) de exercício obrigatório – a Administração é obrigada a exercer os seus poderes, ou seja, não são faculdades, são poderes deveres, alguns doutrinadores vêm falando que são deveres poderes. EXEMPLO: obrigatoriedade de punição do servidor infrator.
b) são irrenunciáveis – a Administração Pública não pode renunciar aos poderes, o administrador é um mero representante do povo para o exercício do poder, que, na verdade, é o real titular do poder, o administrador não pode renunciar o que não é seu, em decorrência do PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE; o administrador não pode vincular os futuros administradores, criando-lhes obstáculos;
c) têm limites – o administrador tem que ser autoridade competente; deve respeitar as previsões da lei; 
d) cabe responsabilização – em casos de abuso do poder ou excesso do poder ou desvio do poder; a responsabilização pode ser por ação ou omissão; 
I – PODER REGULAMENTAR OU NORMATIVO - alguns autores entendem que as expressões são sinônimas, consistindo em “é aquele que cabe à administração pública, mediante a edição de atos vinculados de normas”. Atos normativos da administração ou atos administrativos normativos são a expressão do poder regulamentador. É importante saber o real significado desse poder, pois não é exercício legislativo. Ele consiste na aplicação da lei de ofício aos casos concretos visando à satisfação dos interesses públicos. O administrador público é um aplicador da lei (sem lide e sem necessidade de provocação externa).
Poder regulador - Maria Sylvia utiliza outro nome: Poder Normativo.
O administrador não tem capacidade legislativa e política, então, o poder regulamentar tem como objetivo normatizar/regulamentar definindo regras complementares à previsão legal buscando sua fiel execução.
Quando complementa lei, busca a sua fiel execução (sua melhor aplicação).
Ex.: A Lei n. 10.520/2002 (pregão) estabelece que o pregão deve ser utilizado para bens e serviços comuns, que é aquele que pode ser conceituado com expressão usual de mercado. Essa lei depende de complementação para saber o que é expressão usual de mercado. Um ato no exercício do poder regulamentar complementa essa previsão legal, permitindo a sua fiel execução.
Exemplos de atos regulamentares: regulamentos, portarias, instruções normativas, resoluções, deliberações, regimentos.
Regulamento ≠ Decreto regulamentar: sempre que um ato normatiza uma situação, chama-se de regulamento (decorre do conteúdo desse ato). Mas para que ele ganhe um formato/uma forma tem que ser via decreto regulamentar. Nem todo decreto tem conteúdo de regulamento, ex. nomeação de um servidor. 
Regulamento ≠ Lei: há duas diferenças significativas:
- a lei é feita através de um processo legislativo rigoroso, público, com deliberações parlamentar e executiva, com muitas formalidades. O regulamento não é feito via procedimento; ele não tem qualquer formalidade; não há deliberações.
- quem faz lei é a casa legislativa, na qual existem vários representantes de vários interesses, classes sociais, regiões, grupos, etc. Assim, a Casa Legislativa tem, em tese o interesse de toda a sociedade. Já o regulamento é feito, em regra, pelo Chefe do PE; note que não existe a mesma representatividade de uma casa legislativa. 
Assim, o regulamento surgiu com o objetivo inicial de vir como regulamento executivo, para dar fiel execução da lei.
Regulamento executivo: complementa a lei buscando sua execução a lei, esse é o exercício do poder regulamentar. Tem seu fundamento de validade na lei. Ex.: art. 84, IV da Constituição:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...)
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Mas hoje no Brasil há o regulamento autônomo, é uma exceção: em vez de complementar/executar a lei, ele faz o papel da própria ele. Ele tem seu fundamento de validade não na lei, mas sim na própria Constituição. Não tem lei anterior. 
Ex.: normalmente, o cargo é criado por lei (à exceção da assessoria do PL); se a regra é a criação por lei, em tese, deveria ser extinto por lei. Mas a CF admite a extinção de cargo vago via decreto regulamentar autônomo. 
É possível o decreto autônomo? Hoje se admite no Brasil. Isso não veio com o texto original da Constituição, mas através da EC 32, que deu nova redação ao inciso VI do art. 84, VI passando a admitir a admitir o decreto autônomo em duas hipóteses:
a)organizar a estrutura da Administração;
b) extinguir cargo vago.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...)
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
É, portanto, um decreto regulamentar que tem seu fundamento de validade na própria Constituição.
HLM: diz que pode decreto autônomo em qualquer hipótese.
CABM: não pode em nenhuma hipótese.
STF: é possível autônomo em caráter excepcional e somente quando expressamente autorizado pela Constituição. Se reconhece como autônomos as alíneas do art. 84, VI da CF. A hipótese que mais cai em provas é a da alínea b.
Art. 225 da CF – alguns admitem a possibilidade de autônomo para criação de área de preservação permanente. 
1. Regulamento – disciplina determinado assunto, para o regulamento para ser praticado pelo Administrador assume a forma de DECRETO, por isso, fala-se em DECRETO REGULAMENTAR. O decreto é somente a forma que é dada a um regulamento. É o poder que cabe à administração pública mediante a edição de regulamentos; que são destacados por que têm uma importância que decorre da própria CF, artigo 84. O artigo trata das competências exclusivas do PR: “compete expedir decretos e regulamentos para a fiel execução das leis”.
Decreto – a forma de que se revestem os atos praticados pelo chefe do poder executivo. O seu conteúdo pode variar, podendo ser: um regulamento (DECRETO-REGULAMENTAR) ou sem o conteúdo regulamentar (DECRETO–NÃO REGULAMENTAR), por exemplo, dar o nome a um prédio público.
Regulamento – ato expedido pelo chefe do poder executivo e é sempre expedido pela forma de decreto. O regulamento é conteúdo do ato. Por ser emitido pelo chefe do executivo, ele terá aplicação a toda administração subordinada. 
1.1. Tipos:
a) executivo e
b) autônomo (divergência - art. 84, IV e VI e art. 25, ADCT, da CF)
1.2. Regulamento e a Lei: em regra, o regulamento é subordinado à lei. possuem as seguintes diferenças básicas:
ÓRGÃO QUE ELABORA – regulamento em regra é feito pelo chefe do Poder Executivo; em regra, quem faz a lei é o Poder Legislativo.
PROCEDIMENTO DE ELABORAÇÃO – no regulamento, não há discussão pública; ao passo que a lei possui várias etapas, com procedimento mais amplo e poderoso, com representação geral de todas as classes sociais.
No direito comparado, há dois tipos de decretos: 
DECRETO EXECUTIVO (serve para complementar matéria constante em lei, serve para viabilizar o que está estabelecido na lei, não se muda o conteúdo da lei, busca-se a uniformização de procedimentos do que está estabelecido na lei, EXEMPLO: definindo procedimentos; o regulamento pode também complementar os conceitos que estejam vagos na lei, jamais criando uma obrigação ou situação jurídica nova, somente permite a execução da lei) e [3: Nem todas as leis demandam uma regulamentação, para ser cabível são necessários dois requisitos:A lei deve ser aplicada pelo próprio ExecutivoA lei deve entregar ao administrador público, uma certa dose de discricionariedade.]
DECRETO AUTÔNOMO (existe independentemente da existência de uma lei, mesmo não sendo lei, ganha o papel de uma lei, já que passa a fazer aquilo que deveria ser feito pela lei, ou seja, ele pode criar uma situação nova, criando uma situação jurídica nova). Sobre o cabimento no Brasil, há 03 correntes doutrinárias:
HELY LOPES MEIRELLES: é possível o decreto autônomo em qualquer circunstância, em qualquer caso, o administrador tem que disciplinar o que não foi disciplinado pela lei. 
MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, DIÓGENES GASPARINI, STF: no artigo 25, ADCT, há a previsão de que ficam com validade 180 dias os atos praticados pelo Executivo, que de agora em diante passam a ser competência do Congresso Nacional, passado esse período o que é do Congresso não é do PR, assim, o que for de competência de lei, não pode ser feito por meio de regulamento. Por esse texto, houve a proibição do decreto regulamentar autônomo. No Brasil, não cabia a existência do DECRETO AUTÔNOMO. O artigo 84, VI, “a”, foi modificado pela EC/32 (antes somente o legislativo e o judiciário teriam competência para estabelecer seus órgãos internos), permitindo que o chefe do executivo pode dispor sobre a organização e funcionamento na administração por decreto (alguns autores estão entendendo que se trata de decreto autônomo – divergência doutrinária); note-se que em qualquer hipótese, o Chefe do Executivo não pode criar ou extinguir órgãos e nem as suas medidas podem determinar aumento de custos. MARIA SYLVIA: “com a alteração do dispositivo constitucional, fica restabelecido o regulamento autônomo no direito brasileiro, para a hipótese específica inserida na alínea ‘a’ (do art. 84, VI). No entanto, alguns órgãos ainda hoje dispõem de competência normativa, porque a legislação que a delegava, antes da Constituição de 1988, teve o prazo de vigência prorrogado por lei, tal como previsto expressamente no artigo 25 das Disposições Transitórias. Fora dessas hipóteses, os demais órgãos administrativos que continuam a exercer função normativa, dispondo sobre matéri reservada à lei ou ao regulamento, não mais dispõem desse poder e as normas que editam padecem do vício de inconstitucionalidade. Há que se lembrar que, em matéria de telecomunicações e de petróleo, as Emendas Constitucionais nº 8/95 e 9/95 alteraram, respectivamente, a re1ação dos artigos 21, XI, e 177, § 212, III, para prever a promulgação de lei que disponha sobre a exploração dessas atividades e a instituição de seu órgão regulador. Com base nesses dispositivos, foram criadas a Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel (Lei 9.472, de 26-12-96) e a Agência Nacional de Petróleo - ANP (Lei 9.478, de 6-8-97). Além disso, leis ordinárias foram criando outras agências reguladoras, algumas com funções ligadas a concessões, ~mo é o caso da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel (Lei 9.427, de 26-12-96), outras com funções de polícia em áreas específicas, a exemplo da Agência Nacional de Águas - ANA (Lei 9.984, de 17-7-2000), Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa (Lei 9.782, de 26-1-99), Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS (Lei 9.961, de 29-1-2000), além de agências criadas nos âmbitos estadual e municipal. Isso significa que esses órgãos reguladores exercerão função normativa, porém dentro dos limites do princípio da legalidade. (Direito administrativo, 15ª ed,, p. 89)
CELSO ANTONIO, JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO: em nenhuma hipótese cabe o decreto autônomo (mesmo após a EC 32/01). O administrador não pode criar órgãos e nem aumentar despesas, então está simplesmente regulamentando o que está na lei, assim, o decreto é simplesmente regulamentar complementar à lei. é necessário tomar cuidado, porque o Brasil é um país, no qual a democracia está engatinhando, dar poder demais a quem não tem é um perigo, vide o caso das medidas provisórias.
1.3. Formas de controle dos regulamentos – devem ser verificadas as possibilidades de controle pelo:
Poder Judiciário – pode ser feito por meio de ADI, de mandado de injunção (na hipótese, de ausência do administrador, o judiciário poderá determinar o cumprimento em 30 dias, sob pena de crime de desobediência) e demais ações judiciais.
Poder Legislativo (artigo 49, V, CF) – permite que o Congresso Nacional poderá sustar os atos administrativos que ultrapassem o poder regulamentar, ou seja, pode suspender os efeitos do ato. Se o administrador não disciplinar o assunto, cabe Mandado de Injunção, (RENATA, olhar a AÇÃO DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO contra ato normativo)
Destinatários dos atos normativos são os próprios agentes públicos, ou seja, para os que estão dentro da administração, os órgãos públicos, logo, não podem vincular os particulares; a eficácia dos atos normativos – administrativos é “interna corporis”.
PODERREGULAMENTAR X PODER REGULADOR 
(JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, Manual, . p. 44, 4. ed, 2006)
“De acordo com o sistema clássico da separação de Poderes, não pode o legislador, fora dos casos expressos na Constituição, delegar integralmente seu poder legiferante aos órgãos administrativos. Significa dizer que o poder regulamentar legítimo não pode simular o exercício da função de legislar decorrente de indevida delegação oriunda do Poder Legislativo, delegação essa que seria na verdade, inaceitável renúncia à função que a Constituição lhe reservou.
Modernamente, contudo, em virtude da crescente complexidade das atividades técnicas da Administração, passou a aceitar-se nos sistemas normativos, originariamente na França, o fenômeno da deslegalização, pelo qual a competência para regular certas matérias se transfere da lei (ou ato análogo) para outras fontes normativas por autorização do próprio legislador: a normatização sai do domínio da lei (domaine de la loi) para o domínio de ato regulamentar (domaine de l'ordonnance). O fundamento não é difícil de conceber: incapaz de criar a regulamentação sobre algumas matérias de alta complexidade técnica, o próprio Legislativo delega ao órgão ou à pessoa administrativa função específica de instituí-Ia, valendo-se dos especialistas e técnicos que melhor podem dispor sobre tais assuntos.
Não obstante, é importante ressaltar que referida delegação não é completa e integral. Ao contrário, sujeita-se a limites. Ao exercê-Ia, o legislador reserva para si a competência para o regramento básico, calcado nos critérios políticos e administrativos, transferindo tão-somente a competência para a regulamentação técnica mediante parâmetros previamente enunciados na lei. É o que no Direito americano se denomina delegação com parâmetros (delegation with standards). Daí poder afirmar-se que a delegação só pode conter a discricionariedade técnica.
Trata-se de modelo atual do exercício do poder regulamentar, cuja característica básica não é simplesmente a de complementar a lei através de normas de conteúdo organizacional, mas sim de criar normas técnicas não contidas na lei, proporcionando, em conseqüência, inovação no ordenamento jurídico. Por esse motivo, há estudiosos que o denominam de poder regulador para distingui-lo do poder regulamentar tradicional ( é o pensamento de JOSÉ MARIA PINHEIRO MADEIRA). Contudo, a despeito da distinção entre os modelos, parece-nos não existir erronia no emprego da expressão poder regulamentar para ambos. É que tanto num como noutro caso o órgão administrativo está complementando a lei e possibilitando a sua execução, o que, em última instância, se configura como objeto do poder regulamentar).
Exemplos dessa forma especial do poder regulamentar têm sido encontrados na instituição de algumas agências reguladoras, entidades autárquicas às quais o legislador tem delegado a função de criar as normas técnicas relativas a seus objetivos institucionais. É o caso da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL e da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, em cuja competência se insere a produção de normas técnicas para os setores de energia elétrica e telecomunicações, objeto de sua atuação controladora.”
AGÊNCIAS ADMINISTRATIVAS (AGÊNCIAS REGULADORAS):
NOÇÕES INICIAIS
1. As principais características das agências são:
a impossibilidade de exoneração ad nutum dos seus dirigentes, 
a organização colegiada, 
a formação técnica, 
a impossibilidade de recursos hierárquicos impróprios. 
Assim, apenas com a conjunção de todos estes elementos, poderemos reconhecer a existência de uma Agência Reguladora, dado que eles caracterizam a existência, além de competências regulatórias, de autonomia orgânica e funcional.
2. Fundamento sócio-político: reformulação do modelo de Estado, com redução do seu tamanho, deixando de agir diretamente e passando a intervir por regulação. Trata-se da transição da “administração de gestão” para a “administração de regulação”. Tudo isso em função da concepção de que o Estado não atua adequadamente na execução de atividades econômicas.
3. Origem das agências: as agências são criação do direito anglo-saxão, em que se tem uma concepção de administração pública pluricêntrica, em contraposição ao modelo inicial da administração pública francesa, que se organizou de forma piramidal, com toda a administração subordinada hierarquicamente ao chefe do executivo. 
4. Deslegalização ou desregulação: a deslegalização é o fenômeno pelo qual a normatização de determinadas matérias passa a ser feita por ato infralegal. A desregulação é o fenômeno de diminuição da quantidade de regras sobre determinados setores da economia, de modo a permitir que o mercado se auto-regule pela competição entre os diversos agentes. 
5. A regulação é um fenômeno novo Não. O Estado já faz regulação há muito tempo. Cite-se, a título de exemplo, o antigo Dnaee (Departamento Nacional de Energia Elétrica, que disciplinava quanto ao serviço de energia elétrica antes do surgimento da Aneel) e o BACEN (que disciplina, por meio de suas resoluções, o SFN). A novidade fica por conta da existência e autoridades administrativas independentes para desenvolver esta função.
6. Toda agência regula serviços públicos Não. É muito importante diferenciar as agências reguladoras que regulam serviços públicos (Aneel, Anatel, Antt), das agências que desenvolvem atividade econômica (ANP, Anvisa). Segundo Alexandre Santos de Aragão, estas, que regulam atividade econômica strito senso, desenvolvem poder de polícia. Já as primeiras, que regulam serviços públicos delegados, não desenvolvem poder de polícia, mas simplesmente executam atividades decorrentes de um vínculo especial de sujeição que existe entre o poder público e seus delegatários. 
7. As agências reguladoras têm fundamento constitucional Só a Anatel e a ANP tem previsão constitucional.
8. Natureza jurídica das agências reguladoras: as agências reguladoras, no Brasil, têm sido criadas sob a forma de autarquias de regime especial. É este “regime especial” que diferencia as agências reguladoras das demais autarquias. A lei que cria cada agência estabelece o que seria o seu regime especial. Em geral, esse regime especial consistem em (a) maior autonomia em relação ao poder central (administração direta); (b) estabilidade de seus dirigentes, garantida por mandato fixo, o qual só será perdido nas hipóteses expressamente previstas, afastada a possibilidade de exoneração ad nutum; (c) capacidade normativa alargada; (d) atividade “quase judicial”, tendo em vista o caráter final de suas decisões, que não são passíveis de apreciação por outros órgãos ou entidades da Administração Pública.
9. Independência das agências: no que toca ao legislativo e ao judiciário, as agências estão submetidos ao mesmo controle desenvolvido em relação à administração pública em geral; quanto ao executivo, aí entendido como a administração central, ela é dotada de maior autonomia, conforme observado no item 8.
 Desregulação ou deslegalização?
Como ensina o Prof. Francisco Queiroz (CE), os países, em especial os de modernidade periférica, vêm reformulando seu modelo de Estado. O principal aspecto dessa reformulação é a redução do tamanho do Estado enquanto prestador de bens e serviços. É nesse “vácuo” deixado pelo Estado que se inserem as chamadas “agências reguladoras”. Destaca F. Queiroz que a idéia de aprimoramento do exercício pelo Estado de funções reguladoras cresce e ganha importância na medida em que ele se afasta do papel de agente das atividades reguladas”. 
Segundo a doutrina italiana, a Administração Pública mudou seu perfil, deixando de ser uma “administração de gestão” e passando a ser uma “administração de regulação”. 
O modelo das agências reguladoras surgiu nos EUA e Reino Unido, tendo sido paulatinamente acolhido e adaptado por outros ordenamentos. É curioso observar que o modelo de agências passou a ser copiado por outros países, a exemplo do Brasil, justamente no momento em que vem decaindo nospaíses de origem. Com efeito, enquanto no Brasil vivencia-se hoje uma “febre de agências”(fenômeno que chegou inclusive a ser chamado de “agencificação”); nos EUA, verifica-se que as agências perderam grande parte do prestígio de que antes desfrutavam, passando inclusive a inspirar desconfiança seja por parte dos órgãos de governo, seja por parte dos cidadãos.
No tocante a essa “cópia” do modelo norte-americano por parte de outros países, é de se observar que, muitas vezes, a recepção desse instituto pelo ordenamento de alguns Estados se deu com dificuldade tendo em vista as próprias limitações constitucionais existentes. Com efeito, a figura de um ente regulador autônomo nem sempre se compatibiliza com as molduras constitucionais de alguns Estados. O princípio da legalidade, por exemplo, consagrado em algumas Constituições, constitui por vezes um “entrave” ao adequado funcionamento das agências. As agências reguladoras pressupõem o desenvolvimento da idéia de “desregulação” pelos entes políticos, permitindo-se, por conseguinte, o surgimento de normatizações secundárias, setoriais e especializadas. Segundo Francisco Queiroz, é mais correto dizer que as agências reguladoras pressupõem o fenômeno da “deslegalização” e não “desregulação”, pois o que se observa é a redução da disciplina legal e o incremento da disciplina regulamentar. Para Eduardo Garcia de Enterría, é “a operação efetuada por uma lei que sem entrar na regulação material do tema, até então regulado por uma lei anterior, abre tal tema à disponibilidade do poder regulamentar da Administração”(apud Alexandre Santos de Aragão, ob. cit. p. 419). 
A propósito da dificuldade de compatibilização da figura das agências reguladoras com as Constituições de diversos países, é importante ter em mente o exemplo brasileiro, como será esmiuçado mais adiante. A Constituição de 88 consagra o princípio da legalidade, prevendo uma série de limites ao poder regulamentar, bem como assegura a inafastabilidade do controle jurisdicional. Em face dessas garantias constantes da CF de 88, indaga-se até que ponto as agências reguladoras seriam admissíveis em nosso ordenamento jurídico. 
Como observa Maria Sylvia Zanella Di Pietro, inicialmente, as agências reguladoras foram introduzidas no Direito Brasileiro para assumir o papel que, na concessão, era desempenhado pela Administração Pública direta na qualidade de poder concedente. No exercício desse papel, as agências detêm os mesmos poderes e atribuições que a Administração direta teria, tais como, fixar e alterar unilateralmente as cláusulas contratuais, encampar, intervir, uso compulsório de recursos humanos e materiais da empresa concessionária, poder de direção e controle sobre a execução do serviço, poder sancionatório, dentre outros. 
Hoje, porém, estão surgindo outras agências, além das que regulam os serviços concedidos, permitidos ou autorizados. É o caso da ANA (Agência Nacional de Águas), ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), ANP (Agência Nacional de Petróleo). O papel dessas agências é semelhante ao desempenhado por entidades já existentes no direito brasileiro, como o BACEN, o Conselho Nacional de Trânsito, o Conselho Nacional de Educação, todos entes com função reguladora. 
Não existe uma lei específica disciplinando as agências, que vêm sendo criadas por leis esparsas. Destaca Maria Sylvia que as únicas agências com fundamento na Constituição são a ANATEL (art. 21, XI) e a ANP (art. 177, §2º, III). Em função disto, Maria Sylvia entende que somente estas agências poderiam ter poder normativo. Esses dispositivos constitucionais utilizam a expressão “órgão regulador”. Veja-se que a redação do dispositivo constitucional é dotada de atecnia. As agências reguladoras não são órgãos (atividade desconcentrada), mas sim entidades (atividade descentralizada), com personalidade jurídica própria e autonomia em relação à administração central. 
Autarquias de regime especial
As agências reguladoras estão sendo criadas como autarquias de regime especial. Assim, incidem as normas constitucionais que disciplinam as autarquias em geral. Já esse “regime especial” é definido pelas leis instituidoras das agências. Abstraindo-se as particularidades de cada lei, em linhas gerais, o regime especial das agências apresenta as seguintes características básicas (F. Queiroz):
maior autonomia em relação ao poder central (administração direta);
estabilidade de seus dirigentes, garantida por mandato fixo, o qual só será perdido nas hipóteses expressamente previstas, afastada a possibilidade de exoneração ad nutum;
capacidade normativa alargada;
atividade “quase judicial”, tendo em vista o caráter final de suas decisões, que não são passíveis de apreciação por outros órgãos ou entidades da Administração Pública. 
Função reguladora e poder normativo das agências
Na esteira de Alexandre Aragão, pode-se indicar como incluídas na função reguladora as atividades: (a) normativa, (b) fiscalizadora, (c) sancionadora e (d) julgadora, i.e., de solução de conflitos.
E justamente a atividade reguladora que provoca maiores discussões é a normativa, principalmente porque, face ao direito constitucional brasileiro, uma interpretação rígida dos princípios da separação dos poderes e da legalidade vedaria a possibilidade de detenção de tal poder pelas agências. Todavia, observa Leila Cuéllar (As agências reguladoras e seu poder normativo) que, embora a competência legislativa incumba essencialmente ao Poder Legislativo, a própria Constituição Federal dispõe acerca da atuação normativa, autônoma ou em caráter de colaboração, dos demais poderes.
 No que tange à natureza dessa competência administrativa, destaca a professora paranaense que não se trata de delegação de poderes legislativos, eis que a própria natureza do ato de delegar não seria compatível com a natureza jurídica das agências reguladoras: “Assim, uma vez que a delegação legislativa consiste em outorga temporária e excepcional de competência legislativa específica, afirmar que o poder normativo das agências deriva de delegação legislativa implicaria a possibilidade, ainda que teórica, de extinção da agência, em decorrência da cassação do poder delegado pelo delegante”. 
Ainda segundo Cuéllar, no Brasil o que existe é um poder normativo/regulamentar diverso daquele que existe em outros países. Trata-se de um poder temperado, adaptado ao sistema jurídico brasileiro, não podendo: a) inovar de forma absoluta, ab ovo, na ordem jurídica; b) contrariar a lei e o direito; c) desrespeitar o princípio da tipicidade; d) impor restrições à liberdade, igualdade e propriedade ou determinar alteração do estado das pessoas; e) ter efeito retroativo (em princípio). Ademais, a expedição de regulamentos deve ser fundamentada, precisa respeitar a repartição de competências entre os entes da Federação, e se submete a controle pelo Poder Judiciário.
Assim, para a autora, é possível considerar-se legítima a atuação normativa das agências, em razão da natureza das atividades que desempenham, dos objetivos traçados com sua instituição, assim como da foram como atuam (imparcial, técnica, especializada, participativa) e da forma pela qual foram instituídas (mediante lei aprovada pelo Parlamento).
A questão sobre o que e até onde podem regular as agências, sem estar, com isto, invadindo a competência legislativa é enfrentada também por Celso Antônio Bandeira de Mello. Para o ilustre administrativista, dado o princípio constitucional da legalidade, e conseqüente vedação a que atos inferiores inovem na ordem jurídica, resulta claro que as determinações normativas advindas de tais entidades hão de se cifrar a aspectos estritamente técnicos, que estes, sim, podem, na foram da lei, provir de providências subalternas. “Afora isto, nos casos em que suas disposições se voltem para os concessionários ou permissionários de serviço público, é claro que podem, igualmente, expedir as normas e determinações da alçada do poder concedente ou para quem esteja incluso no âmbito doméstico da Administração”.De toda sorte, esclarece o autor, “ditas providências, em quaisquer hipóteses, jamais poderão contravir o que esteja estabelecido em alguma lei ou por qualquer maneira distorcer-lhe o sentido, principalmente para agravar a posição jurídica dos destinatários da regra ou de terceiros; assim como não poderão também ferir princípios jurídicos acolhidos em nosso sistema, sendo aceitáveis apenas quando indispensáveis, na extensão e intensidade requeridas para o atendimento do bem jurídico que legitimamente possam curar e obsequiosas à razoabilidade”.
Independência das Agências Reguladoras
Para Maria Sylvia, a independência das agências reguladoras deve ser entendida em termos compatíveis com o regime constitucional brasileiro. Assim, a independência em relação ao Poder Judiciário seria praticamente inexistente; a agência poderia dirimir conflitos em última instância administrativa, mas isso não impede o controle de suas decisões pelo Poder Judiciário, tendo em vista o disposto no art. 5º, XXXV, da CF, que significa a adoção, no direito brasileiro, do sistema da unidade de jurisdição. Qualquer ato praticado pelas agências reguladoras, desde que cause lesão ou ameaça de lesão, pode ser apreciado pelo Poder Judiciário. 
A independência em relação ao poder legislativo também não existe, tendo em vista que seus atos normativos não podem conflitar com as normas constitucionais ou legais. Além disso, estão sujeitos ao controle pelo Congresso Nacional, previsto no art. 49, X, da CF, e ao controle financeiro, contábil e orçamentário exercido pelo Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas, conforme previsto no art. 70 e seguintes da CF. 
A independência maior que existe é em relação ao Poder Executivo, assim mesmo nos limites estabelecidos em lei, podendo variar de um caso para outro. Como autarquias que são, estão sujeitas à tutela ou controle administrativo exercido pelo Ministério a que se acham vinculadas. Todavia, como autarquias de regime especial, seus atos não podem ser revistos ou alterados pelo Poder Executivo. Segundo Maria Sylvia, a estabilidade outorgada aos dirigentes das agências confere maior independência, não muito comum na maior partes das entidades da administração indireta, em que os dirigentes, por ocuparem cargos de confiança do Poder Executivo acabam por se curvar a interferências, mesmo que ilícitas. Inclusive, a doutrina indica como uma das principais características das agências reguladoras a inexistência de recurso hierárquico impróprio, i.e., aquele realizado para autoridade que não guarda hierarquia para com a autoridade recorrida.
Wald e Moraes (Agências Reguladoras. Revista de Informação Legislativa, nº 141) identificam quatro dimensões que qualificariam a independência de uma agência reguladora: 
1) independência decisória: consiste na autonomia face à Administração Central no que se refere à atuação das agências, à tomada de decisões, bem como na capacidade de resistir às pressões de grupos de interesse – empresas reguladas e governo-, consoante garantido pelos procedimentos de nomeação e demissão de dirigentes, fixação de mandatos longos e não coincidentes com o ciclo eleitoral;
2) independência de objetivos: significa a escolha dos objetivos almejados com a atividade de regulação, desde que não conflitem com a busca prioritária do bem estar do consumidor/usuário;
3) independência de instrumentos: equivale à capacidade das agencias em definir os marcos regulatórios e escolher os instrumentos de regulação, de forma a atingir os seus objetivos da maneira mais eficiente possível;
4) independência financeira: referente à disponibilidade de recursos materiais, através da transferência de patrimônio às agências pelas leis que as instituíram e da previsão de diversas fontes de rendas e de recursos humanos suficientes para a execução das atividades de regulação.
Leila Cuéllar (As agências reguladoras e seu poder normativo) destaca também como definidor da independência, o “poder jurisdicional” das agências. Segundo ela, na medida em que as agências reguladoras têm competência para apreciar e desenvolver processos administrativos sem controle e (ou) a possibilidade de interposição de recursos administrativos para a Administração Central, frisa-se sua independência decisória. Independência que não diz respeito unicamente à adoção de providências administrativas ex officio, mas também à solução de controvérsias que podem envolver a Administração e pessoas privadas e (ou) pessoas privadas entre si.
Estabilidade dos administradores
		A estabilidade que é conferida aos administradores é apontada pela doutrina como uma das principais garantias à independência dos órgãos de direção das agências. A estabilidade se concretiza por meio da forma de escolha e nomeação dos dirigentes, mas também pela fixação, prévia e certa, de um mandato e impossibilidade de exoneração desmotivada dos dirigentes por parte do Chefe do Poder Executivo.
		Consoante se infere da legislação nacional sobre agências reguladoras, os seus administradores são nomeados pelo Chefe do Poder Executivo, após escolha por ele efetuada, com aprovação do Senado Federal. Quanto à forma de exoneração, os diretores das agências não podem ser demitidos discricionariamente pelo chefe do Poder Executivo, sendo-lhes garantida uma sorte de estabilidade provisória, enquanto ocupam o cargo após os primeiros meses de mandato.
		A destituição motivada é autorizada, desde que circunscrita a determinadas hipóteses previstas em lei, entre elas: renúncia, condenação transitada em julgado, decisão em procedimento administrativo disciplinar, ato de improbidade administrativa, violação de regras de incompatibilidade para o exercício da função, prática de atos lesivos aos interesses ou patrimônio da agência.
		Indaga-se a doutrina se a estabilidade dos dirigentes das agências estaria garantida mesmo após findo o mandado do Chefe do Poder Executivo. Conclui Celso Antônio Bandeira de Mello que a garantia do mandato dos dirigentes opera somente durante o período governamental em que foram nomeados: 
“Questão importante é a de saber-se se a garantia dos mandatos por todo o prazo previsto pode ou não estender-se além de um mesmo período governamental.
Parece-nos evidentíssimo que não. Isto seria o mesmo que engessar a liberdade administrativa do futuro Governo. Ora, é da essência da República a temporariedade dos mandatos, para que o povo, se o desejar, possa eleger novos governantes com orientações políticas e administrativas diversas do Governo Precedente. 
Fora possível a um dado governante outorgar mandatos a pessoas de sua confiança, garantindo-os por um período que ultrapassasse a duração de seu próprio mandato, estaria estendendo sua influência para além da época que lhe correspondia (o mandato de alguns dirigentes da Anatel é de sete anos) e obstando que o novo Presidente imprimisse, com a escolha dos novos dirigentes, a orientação política e administrativa que foi sufragada nas urnas. Em última instância, seria uma fraude contra o próprio povo.”
No julgamento da liminar da ADIN 1.949-0/RS, o Supremo Tribunal Federal analisou importantes aspectos relacionados à independência dos entes reguladores. Tratava-se de um pedido de suspensão de dispositivos da Lei Estadual nº 10.931, que cria a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Delegados (AGERGS). Tendo como relator o Ministro Sepúlveda Pertence, foi deferida a medida liminar suspendendo, até decisão final da ação, a eficácia do art. 8º da referida lei, que determinava a competência da Assembléia Legislativa para destituir os conselheiros da AGERGS. Consoante voto do Ministro Relator, a destituição dos conselheiros só cabe se for justificada e após processo administrativo. A decisão teve como fundamento o princípio da separação dos Poderes, ao afirmar que o Poder Executivo não poderia ficar submetido à decisão do Poder Legislativo. Por outro lado, a Corte manteve o dispositivo que retira o poder de exoneração imotivada do Chefe do Executivo.
Observa o juiz federal

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