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TRF5 - Ponto 5 - Administrativo, Penal, Processo Penal, Civil e Processo Civil

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TRF 5ª Região – Ponto 5: Administrativo, Penal, Processo Penal, Civil, Processo Civil
Atualização na cor vermelha por Moniky Mayara Costa Fonseca (Novembro/2013).
SUMÁRIO
	Direito Constitucional _________________________________________________
	
	Direito Administrativo ________________________________________________
	02
	Direito Penal _________________________________________________________
	44
	Direito Processual Penal _______________________________________________
	142
	Direito Civil _________________________________________________________
	255
	Direito Processual Civil ________________________________________________
	297
	Direito Previdenciário _________________________________________________
	
	Direito Financeiro e Tributário _________________________________________
	
	Direito Ambiental ____________________________________________________
	
	Direito Internacional Público e Privado __________________________________
	
	Direito Empresarial ___________________________________________________
	
	Direito Econômico e de Proteção ao Consumidor __________________________
	
	Noções Gerais de Direito e Formação Humanística _________________________
	
Ponto 05 – ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO E DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS PÚBLICOS. CONCEITOS E TEORIAS. A RESPONSABILIDADE POR AÇÃO E POR OMISSÃO. EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO DIREITO BRASILEIRO. ELEMENTOS. A REPARAÇÃO DO DANO. AÇÃO REGRESSIVA E LITISCONSÓRCIO. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL DO SERVIDOR.
Abreviaturas: 
C.A. (Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, 19ª. edição, atualizado até emenda 47, 2005)
J.S (José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, 11ª. edição, atualizada até a Emenda 42)
 R.F (Regis Fernandes de Oliveira, Servidores Públicos, 2004)
Obs.: os destaques foram feitos na transcrição
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
1) CONCEITO
Entende-se por responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado a obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à esfera juridicamente garantida de outrem e que lhe sejam imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais, LÍCITOS OU ILÍCITOS, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos. (C.A)
No que diz respeito ao fato gerador da responsabilidade, não está ele atrelado ao aspecto da licitude ou da ilicitude. (J.S)
Renato Alessi, em sua clássica monografia sobre ‘La Responsabilità della Pubblica Amministrazione’, assinala que só cabe falar em responsabilidade, propriamente dita, quando alguém viola um direito alheio. Se não há violação, mas apenas debilitamento, sacrifício de direito, previsto e autorizado pela ordenação jurídica, não está em pauta o tema responsabilidade do Estado. (C.A)
Não há falar, pois, em responsabilidade, propriamente dita, quando o Estado debilita, enfraquece, SACRIFICA um direito de outrem, ao exercitar um poder que a ordem jurídica lhe confere, autorizando-o a praticar um ato cujo conteúdo jurídico intrínseco consista precisa e exatamente em ingressar na esfera alheia para incidir sobre o direito de alguém. (C.A) Ex: Desapropriação.
Não conservaremos a distinção terminológica entre as palavras indenização e ressarcimento, mas acolhemos, por sua indiscutível procedência, o discrímen entre sacrifício de direito e responsabilidade do Estado. (C.A)
Do que se expôs não se segue, entretanto, a impossibilidade de uma real, verdadeira, responsabilidade do estado por atos lícitos, como ao diante se verá. Nesse ponto afastamo-nos das conclusões de Alessi.
	Parece-nos que só desassiste falar em responsabilidade quando a ordem jurídica estabelece em prol do Estado um poder – consoante já se disse – cujo conteúdo reside especificamente em aniquilar um direito alheio, que se converterá em correlativa expressão patrimonial.
	Pelo contrário, caberá falar em responsabilidade do Estado por atos LÍCITOS nas hipóteses em que o poder deferido ao Estado e legitimamente exercido acarreta, INDIRETAMENTE, como SIMPLES CONSEQÜÊNCIA – não como sua finalidade própria - a lesão de um direito alheio.
(...) Entendemos necessário (...) sacar para fora do campo da responsabilidade, apenas os casos em que o Direito confere à Administração poder jurídico diretamente preordenado ao SACRIFÍCIO do direito de outrem. Diversamente, consideramos inclusos no tema responsabilidade os casos em que uma atividade lícita do Estado, orientada para certo fim não necessariamente entrechocante com direito de outrem, vem, todavia, a compor a situação na qual este resulta transgredido, como conseqüência mediata do comportamento estatal lícito. (C.A)
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, na Obra Direito Administrativo, Impetus, 13 ª Edição, lecionam que há responsabilidade administrativa, por ato lícito, quando por exemplo, a execução de uma obra de interesse público resulte em prejuízos para os moradores adjacentes. Nesse caso, a responsabilidade é objetiva, tanto se a obra for executada diretamente pela administração, quanto quando ela foi licitada há um particular, e o dever de indenizar decorre da necessidade de repartir com a sociedade o custo enfrentado pelos moradores do local. 
Caso o executor tenha agido com culpa e ocasionado dano excedente àquele natural do só fato da obra, os autores defendem que restaria afastada a responsabilidade objetiva da administração. Não concordei com o argumento, pois estaria a afastar a incidência do art. 37 § 6º da CF, sem uma justificativa plausível, fica o registro do posicionamento. Mas o autor ressalva que se nesse caso a administração indenizar (mesmo não tendo dever) caberá ação regressiva contra o executor da obra. Entendo que sempre a administração deve ressarcir e depois regressivamente ser ressarcido.
2) EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO
Segundo entendemos, a idéia da responsabilidade do Estado é uma conseqüência lógica inevitável da noção de Estado de Direito. (C.A)
Como se sabe, o grande desenvolvimento da responsabilidade civil do Estado proveio do Direito francês e através da construção pretoriana do Conselho de Estado. (C.A)
2.1) Teoria da Irresponsabilidade do Estado
Na origem do Direito Público em geral vigia o princípio da irresponsabilidade do Estado. (‘The king can do not wrong’) (C.A)
Essas assertivas, contudo, não representavam completa desproteção dos administrados perante comportamentos unilaterais do Estado. Isto porque, de um lado, admitia-se responsabilização quando leis específicas a previssem explicitamente (caso, na França, de danos oriundos de obras públicas, por disposição da Lei 28 pluvioso do Ano VIII); de outro lado, também se admitia responsabilidade por danos resultantes da gestão do domínio privado do Estado, bem como os causados pelas coletividades públicas locais. (C.A)
O reconhecimento da responsabilidade do Estado, à margem de qualquer texto legislativo e segundo princípios de Direito Público, como se sabe, teve por marco relevante o famoso aresto Blanco�, do Tribunal de Conflitos, proferido em 1º. de fevereiro de 1873. Ainda que nele se fixasse que a responsabilidade do Estado ‘não é nem geral nem absoluta’ e que se regula por regras específicas, desempenhou a importante função de reconhecê-la como um princípio aplicável mesmo à falta de lei. 
Admitida a responsabilidade do Estado já na segunda metade do século XIX, sua tendência foi expandir-se cada vez mais, de tal sorte que evolui de uma responsabilidade subjetiva, isto é, baseada na culpa, para uma responsabilidade objetiva, vale dizer, ancorada na simples relação de causa e efeito entre o comportamento administrativo e o evento danoso. (C.A)
Antes, porém, de passar à responsabilidade objetiva: o abandono da teoria da irresponsabilidade do Estado marcou o aparecimento da doutrina da responsabilidade estatal no caso de ação culposa de seu agente.Passava a adotar-se, desse modo, a doutrina civilista da culpa. 
2.2) Teoria civilista da culpa – teoria da responsabilidade com culpa
Procurava distinguir-se, para esse fim, dois tipos de atitude estatal: os atos de império e os atos de gestão. Aqueles seriam coercitivos porque decorrem do poder soberano do Estado, ao passo que estes mais se aproximariam com os atos de Direito Privado. Se o Estado produzisse um ato de gestão, poderia ser civilmente responsabilizado, mas se fosse a hipótese de ato de império não haveria responsabilização, pois que o fato seria regido pelas normas tradicionais de direito público, sempre protetivas da figura estatal. (J.S)
CRÍTICA: Critério confuso. Difícil distinguir os atos de império e gestão na prática. Difícil dissociar as faltas do agente relacionadas á função pública daquelas não ligadas com as suas atividades. 
2.3) Teoria da culpa administrativa
O reconhecimento subseqüente da culpa administrativa passou a representar um estágio evolutivo da responsabilidade do Estado, eis que não mais era necessária a distinção acima apontada, causadora horário de plantão de tantas incertezas. A teoria foi consagrada pela clássica doutrina de Paul Duez, segundo a qual o lesado não precisaria identificar o agente estatal causador do dano. Bastava-lhe comprovar o mau funcionamento do serviço público, mesmo que fosse impossível apontar o agente que o provocou. A doutrina, então, cognominou o fato como culpa anônima ou falta do serviço. (J.S)
 	Em face dos princípios publicísticos não é necessária a identificação de uma culpa individual para deflagrar-se a responsabilidade do Estado. Essa noção civilista é ultrapassada pela idéia denominada de ‘faute du service’ entre os franceses. Ocorre a culpa do serviço ou ‘falta do serviço’ quando este não funciona, devendo funcionar, funciona mal ou funciona atrasado.
(...) É mister acentuar que a responsabilidade por ‘falta de serviço’, falha do serviço ou culpa do serviço NÃO É, de modo algum, modalidade de RESPONSABILIDADE OBJETIVA, ao contrário do que entre nós e alhures, às vezes, tem-se inadvertidamente suposto. (C.A)
Outro fato que há de ter concorrido para robustecer este engano é a circunstância de que em inúmeros casos de responsabilidade por ‘faute du service’ necessariamente haverá de ser admitida uma presunção de culpa, pena de inoperância desta modalidade de responsabilização, ante a extrema dificuldade (às vezes intransponível) de demonstrar-se que o serviço operou abaixo dos padrões devidos, isto é, com negligência, imperícia ou imprudência, vale dizer, culposamente. Em face da presunção de culpa, a vítima do dano fica desobrigada de comprová-la. (C.A). 
O TRF da 5 Região em 2005, presumiu a culpa de enfermeira, funcionária de hospital da rede pública, que deixou de socorrer bebê, por já ter decorrido o seu horário de plantão e encontrar-se em mudança de turno de funcionários. No acórdão fez-se menção à responsabilidade objetiva, mas, de acordo com C.A., seria responsabilidade subjetiva (por falha no serviço), mas com culpa presumida.
Em outros julgados também se responsabilizou objetivamente o Estado por evento omissivo, como se vê do aresto a seguir transcrito:
Remessa oficial e apelações em ação ordinária. Administrativo. Acidente automobilístico. Buracos em rodovia. Responsabilidade objetiva do estado. Omissão. Conservação. Danos morais e materiais configurados. - trata-se de remessa oficial e apelações (fls. 98/107) e (fls. 116/133) em ação ordinária interpostas contra sentença (...), que julgou procedente, em parte, o pedido de indenização por danos morais, materiais e de pensão alimentícia, sob o argumento de que restou configurada a responsabilidade do DNIT por acidente automotivo, causado por buracos em rodovia. - inicialmente, observa-se que o juízo de 1º grau decidiu que: a) o valor da indenização por danos materiais deve ser arbitrada em r$ 9.088,33 correspondente a r$ 8.000,00 do valor do veículo, acrescido de r$ 1.088,33, equivalente ao valor de 1/3 de um jazigo de 3 gavetas; b) os danos morais devem ser fixados em r$ 60.000,00 ; c) o valor da pensão alimentícia deve ser de 2 salários mínimos; d) as parcelas vencidas devem ser acrescidas de taxa selic e juros de mora de 1% ao mês, desde a data da citação. - a união estável entre a apelante e o de cujus (fls.35) restou demonstrada(...).
- quanto ao argumento de inexistência de nexo causal, entendo descabido, em face da responsabilidade civil objetiva dos entes públicos, nos termos do art. 37, 67º da cf/883.(Não houve diferenciaciação entre a responsabilidade por ato comissivo e o omissivo).(...) -Portanto, pode-se afirmar que houve omissão do ente público, devido à ausência de conservação na BR -101 (fls.29).
- Não merece prosperar o argumento do DNITt no sentido de que houve culpa exclusiva ou concorrente da vítima, tendo em vista que não há prova nos autos no sentido de que o falecido dirigia em alta velocidade,(...).
- Assim, levando em consideração que: a) o falecido possuía renda mensal de aproximadamente r$ 1.200,00 (fls. 38)(..); b) a dependência econômica da requerente(..); c) não restou comprovada a culpa exclusiva ou concorrente da vítima; d) mantenho o valor da pensão alimentícia em 2 salários mínimos.
- No que se refere aos danos materiais, deve ser mantido o valor de r$ 9.088,33 correspondente a R$ 8.000,00 do valor do veículo (fls.21/22), acrescido de r$ 1.088,33, equivalente ao valor de 1/3 de um jazigo de 3 gavetas (fls. 37).
- Quanto ao valor do dano moral, este Eg. TRF da 5ª região e o colendo STJ,, em casos análogos ao presente, entenderam que o valor de 300 (trezentos) salários mínimos deve ser arbitrado para a reparação do dano.
- Precedentes (STJ, 2T resp 549812/ce .Rel. Min. Franciulli Netto. Julgamento 05/05/2004).
- Sobre as parcelas vencidas devem incidir correção monetária e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação, devendo ser afastada a aplicação da taxa selic.
- Quanto aos honorários advocatícios, em face da sucumbência mínima do particular, arbitro em 5% (cinco por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 20, parágrafo 4º do CPC, a serem custeados pelo DNIT. - Remessa Oficial e Apelações parcialmente providas para: a) manter o valor da pensão(...); b) manter o valor da indenização por danos materiais(...)e majorar o valor da indenização por danos morais de r$ 60.000,00 para 300 (trezentos) salários mínimos; c) determinar a incidência de correção monetária e juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação, sobre as parcelas vencidas; d) arbitrar os honorários advocatícios em 5% por cento sobre o valor da condenação (TRF5. 1 T. Ac - 2003.84.00.004952-1. Relator Des. Federal Hélio Sílvio Ourem campos (substituto) julgamento 31/08/2006).
[Por outro lado,] Há responsabilidade objetiva quando basta para caracterizá-la a simples relação causal entre um acontecimento e o efeito que produz. (C.A.)
2.4) Teoria da Responsabilidade Objetiva 
Ampliando a proteção do administrado, a jurisprudência administrativa da França veio a admitir também hipóteses de responsabilidade estritamente objetiva, isto é, independentemente de qualquer falta ou culpa do serviço, a dizer, responsabilidade pelo RISCO ADMINISTRATIVO ou, de todo modo, independente de comportamento censurável juridicamente. (C.A)
Além do risco decorrente das atividades estatais em geral [risco administrativo], também constituiu fundamento da responsabilidade objetiva do Estado o princípio da REPARTIÇÃO dos ENCARGOS SOCIAIS. (J.S)
A nosso ver, o fundamento [da responsabilidade] se biparte:
a) No caso de comportamentos ilícitos omissivos (...), jurídicos ou materiais, o dever de reparar o dano é a contrapartida do princípio da legalidade. Porém, no caso de comportamentos ilícitos comissivos, o dever de reparar já é, além disso, imposto também pelo princípio da isonomia.
b) No caso de comportamentos lícitos, assim como na hipótese de danos ligados a uma situação criadapelo Poder Público, o fundamento da responsabilidade estatal é garantir uma EQUÂNIME REPARTIÇÃO DOS ÔNUS provenientes de atos ou efeitos lesivos, evitando que alguns suportem prejuízos ocorridos por (...) atividades desempenhadas no interesse de todos. (C.A)
A relação entre a vontade e a ação do Estado e de seus agentes é uma relação de imputação direta dos atos dos agentes ao Estado, o que decorre da teoria orgânica. O que o agente queira, na sua qualidade funcional,(...) entende-se que o Estado o quis, ainda que haja querido mal. O que o agente nessas condições faça é o que o Estado fez. Não se bipartem Estado e agente (...) que são considerados uma unidade. (C.A)
Daí que acarretam responsabilidade do Estado não só os danos produzidos no próprio EXERCÍCIO da atividade pública do agente, mas também aqueles que só puderam ser produzidos graças ao fato de o agente PREVALECER-SE da CONDIÇÃO de agente público. (C.A)
Não importará, para tais fins, o saber-se se os poderes que manipulou de modo indevido continham-se ou não, abstratamente, no campo de suas competências específicas. O que importará é saber se a sua qualidade de agente público foi determinante para a conduta lesiva.
Havendo vinculação da conduta com a situação de agente público, o Estado será civilmente responsável. O STF já teve oportunidade de confirmar acórdão do TJ-SP, que atribuiu responsabilidade civil ao Estado em hipótese na qual um policial militar, sem estar fardado, agrediu a vítima com arma da corporação e lhe provocou danos. Defendeu-se o Estado com o fato de o agressor não estar fardado, mas o Tribunal rejeitou o argumento ante a circunstância de que, embora não estando no exercício da função, utilizou equipamento próprio dela, o que colocou o policial como estando a pretexto de exercê-la. (R.E. n.160.401-SP, Rel. Ministro Velloso, 20/4/99) (J.S) 
Para Celso Antônio Bandeira de Mello a teoria adotada tem que ser sempre do risco administrativo, sem exceção. Já a doutrina clássica (como Hely Lopes Meirelles) defende que a teoria do risco administrativo é a regra, mas é possível a teoria do risco integral, excepcionalmente, para material bélico, substância nuclear e dano ambiental (prevalece nos concursos).
hipóteses de risco integral no ordenamento brasileiro
- Acidentes por dano nuclear. 
- Atos terroristas
- DANO AMBIENTAL (STJ, REsp n. 1.114.398/PR, Relator Ministro SIDNEI BENETI, 2ª SEÇÃO, julgado em 8/2/2012, DJe 16/2/2012, sob o rito do art. 543-C do CPC; TRF4, AC 0004155-95.2004.404.7101, Terceira Turma, Relator Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, D.E. 24/09/2010)
3) EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE NO BRASIL
No Brasil, jamais foi aceita a tese da irresponsabilidade do Estado. (C.A, citando um precedente do STF de 1904).
Ao tempo do Império, a Constituição de 1824, em seu art.178, n.29, estabelecia que ‘Os empregados públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no exercício de suas funções e por não fazerem efetivamente responsáveis aos seus subalternos”. Equivalente dispositivo encontrava-se no art.82 da Constituição de 1891. (C.A)
Com o advento do Código Civil, a matéria, desde 1917 (época em que entrou em vigor o Código de 1916), não admitiria dúvida alguma, em face de seu art.15, segundo o qual: ‘As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmente responsáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano.’ (C.A)
A GRANDE ALTERAÇÃO LEGISLATIVA concernente à responsabilidade do Estado ocorreu a partir da CONSTITUIÇÃO DE 1946. O art.194 daquele diploma introduziu normativamente, entre nós, a teoria da responsabilidade objetiva. (C.A)
Na esfera federal, é sempre citada a Lei n. 4.619/65, que dispõe sobre o exercício judicial do direito de regresso. Diz a lei que cabe aos Procuradores da República [hoje, cabe à AGU] propor obrigatoriamente a ação indenizatória, no caso de condenação da Fazenda, no prazo de 60 dias a contar da data em que transitar em julgado a sentença condenatória.
Apesar do teor da lei, parece-nos que dentro do período marcado na lei para ser proposta a ação ainda não terá nascido para o Estado a condição da ação relativa ao interesse de agir. Este só deve surgir quando o Estado já tiver pago a indenização ao lesado (...) (J.S)
	O STJ, porém, já entendeu que não é necessário o deslinde da ação indenizatória contra o Estado para que este venha a exercer seu direito de rgresso contra o seu agente (REsp 236.837, de 03/02/2000)
4) A RESPONSABILIDADE DO ESTADO E A CF/88
- Duplicidade de relações jurídicas:
CF, art. 37, 6º: § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
4.1) Pessoas responsáveis
- pessoas jurídicas de direito público: pessoas componentes da federação, as autarquias e fundações públicas autárquicas.
- pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. 
(...) Constituiu inovação no mandamento constitucional, a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de DIREITO PRIVADO prestadoras de serviços públicos. A intenção do constituinte foi a de igualar(...) as pessoas de direito público e as que, embora com personalidade jurídica de direito privado, executassem funções que, em princípio, caberiam ao Estado. (...) Dada a grande variedade de formas de delegação, de pessoas delegatárias e de serviços públicos, bem como a noção nem sempre muito precisa do que se configura como serviços públicos, poderá haver algumas dúvidas quanto ao enquadramento da pessoa prestadora do serviço na norma constitucional. 
Entretanto, pode-se a princípio, considerar como classificadas nessa categoria as pessoas privadas da ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas com personalidade de direito privado), quando se dedicarem à prestação de serviços públicos, e os CONCESSIONÁRIOS e os PERMISSIONÁRIOS de serviços públicos, estes expressamente referidos no art.175 da Constituição Federal, como é o caso das empresas de transporte coletivo, de fornecimento de água, de distribuição e fornecimento de energia elétrica e outras dessa natureza.
	Diante do requisito constitucional, ficam, pois, excluídas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista que se dedicam à exploração de atividade econômica, por força do art.173 §1º., da CF, que impõe sejam elas regidas pelas normas aplicáveis às empresas privadas. Em conseqüência, estão elas sujeitas à responsabilidade subjetiva comum do Direito Civil. (J.S)
Devem prestar o serviço de forma delegada pelo Poder Público, sendo necessário que haja um vínculo jurídico de direito público entre o Estado e o seu delegatário. Desse modo, algumas pessoas privadas só aparentemente prestam serviços públicos, mas como o fazem sob o regime de direito privado, sem qualquer elo jurídico típico com o Poder Público, não estão inseridas na regra constitucional. É o caso, por exemplo, de sociedades religiosas, de associações de moradores, de fundações criadas por particulares, muitas das quais se dedicam à assistência social, à educação, ao atendimento de comunidades, etc. Sua responsabilidade é regida pelo Direito Civil. (J.S)
De outro lado, entendemos que as pessoas de COOPERAÇÃO governamental (ou SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS) estão sujeitas à responsabilidade objetiva atribuída ao Estado.
Em relação às organizações sociais e às organizações da sociedade civil de interesse público, qualificação jurídica atribuída a entidades de direito privado que se associaram ao Poder Público em regime de parceria, poderão surgir dúvidas sobre se estariam ou não sujeitas à responsabilidade objetiva. O motivo reside na circunstância de quesão elas vinculadas ao ente estatal por meio de contratos de gestão ou termos de parceria, bem como pelo fato de que se propõem ao desempenho de serviço público.
Em que pese a existência desses elementos de vinculação jurídica ao Estado, entendemos que sua responsabilidade é SUBJETIVA e, conseqüentemente, regulada pelo Direito Civil. É que estes entes não têm fins lucrativos e sua função é a de auxílio ao Poder Público (...) (José dos Santos Carvalho Filho). JS ressalva, porém, o entendimento contrário, asseverando que respeitável doutrina advoga a incidência do referido dispositivo constitucional sobre as organizações sociais, realçando-lhes o fato de prestarem serviço público para considera-las sujeitas à responsabilidade objetiva. 
Responsabilidade sobre usuários e não usuários do serviço público
Aplica-se indistintamente a usuários e terceiros, sendo este o entendimento atual do STF que modificou o seu posicionamento anterior, ampliando o manto da responsabilidade, suprimindo a equivocada distinção. 
4.2) Agentes do Estado
	Nessa noção estão incluídas todas aqulas pessoas cuja vontade esteja imputada ao Estado, sejam elas dos mais elevados níveis hierárquicos e tenham amplo poderes decisórios, sejam elas os trabalhadores mais humildes. (JS)
- Notários e tabeliães: O STJ entende que a responsabilidade do notário é subjetiva e direta, respondendo o Estado apenas subsidiariamente (RESp 1134677, de 07/04/2011). O STF, por sua vez, entende que o Estado responde objetivamente pelos atos dos notários (RE 518894, de 02/08/2011). Esse entendimento, contudo, não é o que prevalece:
Informativo n. 421 – STJ
DANOS MATERIAIS. TITULAR. CARTÓRIO. 
É subsidiária a responsabilidade do Estado membro pelos danos materiais causados por titular de serventia extrajudicial, ou seja, aquele ente somente responde de forma subsidiária ao delegatário. Por outro lado, a responsabilidade dos notários equipara-se às das pessoas jurídicas de Direito Privado prestadoras de serviços públicos, pois os serviços notariais e de registros públicos são exercidos por delegação da atividade estatal (art. 236, § 1º, da CF/1988), assim seu desenvolvimento deve dar-se por conta e risco do delegatário (Lei n. 8.987/1995). Também o art. 22 da Lei n. 8.935/1994, ao estabelecer a responsabilidade dos notários e oficiais de registro pelos danos causados a terceiros, não permite uma interpretação de que há responsabilidade solidária pura do ente estatal. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, deu provimento ao recurso do Estado membro condenado a pagar R$ 115.072,36 por danos materiais imputados ao titular de cartório. Precedente citado do STF: RE 201.595-SP, DJ 20/4/2001. REsp 1.087.862-AM, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2/2/2010.
	DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INTERESSE DE AGIR EM AÇÃO NA QUAL SE BUSQUE A RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO ESTADO POR FRAUDE OCORRIDA EM CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS.
	Deve ser extinto o processo, sem resolução do mérito, na hipótese de ação em que se pretenda obter do Estado, antes de declarada a nulidade do registro imobiliário, indenização por dano decorrente de alegada fraude ocorrida em Cartório de Registro de Imóveis. Nessa situação, falta interesse de agir, pois, antes de reconhecida a nulidade do registro, não é possível atribuir ao Estado a responsabilidade civil pela fraude alegada. Isso porque, segundo o art. 252 da Lei 6.015/1973, o registro, enquanto não cancelado, produz todos os efeitos legais, ainda que, por outra maneira, prove-se que o título está desfeito, anulado, extinto ou rescindido. REsp 1.366.587-MS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 18/4/2013.
 4.4) Pressupostos
A) Fato administrativo
B) Dano
Não há confundir dano patrimonial, dano econômico, com dano em direito. (...)
Logo, o dano assim considerado pelo Direito, o dano ensanchador de responsabilidade, é mais que simples dano econômico. Pressupõe sua existência, mas reclama, além disso, que consista em agravo a algo que a ordem jurídica reconhece como garantido em favor de um sujeito. (C.A)
No caso de comportamentos comissivos, a existência ou inexistência do dever de reparar não se decide pela qualificação da conduta geradora do dano (ilícita ou lícita), mas pela qualificação da lesão sofrida. Isto é, a juridicidade do comportamento danoso não exclui a obrigação de reparar se o dano consiste em extinção ou agravamento de um direito. Donde, ante atuação lesiva do Estado, o problema da responsabilidade resolve-se no lado passivo da relação, não do lado ativo dela. Importa que o dano seja ilegítimo – se assim podemos expressar; não que a conduta causadora o seja. (C.A)
Dano especial é aquele que onera a situação particular de um ou alguns indivíduos, não sendo, pois, um prejuízo genérico, disseminado pela Sociedade. (C.A)
Dano anormal é aquele que supera os meros agravos patrimoniais pequenos e inerentes às condições de convívio social. (C.A)
O dano nem sempre tem cunho patrimonial, como era concebido no passado. A evolução da responsabilidade culminou com o reconhecimento jurídico de duas formas de dano – o dano material (ou patrimonial) e o dano moral. (J.S)
Dano eventual e impossível não são indenizáveis.
A Turma não conheceu do REsp em que presidiário alegava ter sofrido danos morais devido à superlotação de presos em estabelecimento penal: a capacidade era de 130 detentos, mas conviviam 370 presos. No caso, o Tribunal, na análise fático-probatória, afastou a responsabilidade objetiva estadual com fulcro na Constituição Federal (art. 37, § 6º), afirmando, também, não ter o demandante comprovado efetivamente os danos morais sofridos. Dessa forma, não é possível analisar a responsabilidade do Estado à luz da legislação ordinária (art. 186 do CC/2002), ou seja, o nexo causal entre a suposta omissão estadual e os danos morais suportados. REsp 1.114.260-MS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 3/11/2009
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. DANO MORAL. GARANTIA DE RESPEITO À IMAGEM E À HONRA DO CIDADÃO. INDENIZAÇÃO CABÍVEL. PRISÃO CAUTELAR. ABSOLVIÇÃO. ILEGAL CERCEAMENTO DA LIBERDADE. PRAZO EXCESSIVO. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA PLASMADO NA CARTA CONSTITUCIONAL. MANIFESTA CAUSALIDADE ENTRE O "FAUTE DU SERVICE" E O SOFRIMENTO E HUMILHAÇÃO SOFRIDOS PELO RÉU.
1. A Prisão Preventiva, mercê de sua legalidade, dês que preenchidos os requisitos legais, revela aspectos da Tutela Antecipatória no campo penal, por isso que, na sua gênese deve conjurar a idéia de arbitrariedade.
2. O cerceamento oficial da liberdade fora dos parâmetros legais, posto o recorrente ter ficado custodiado 741 (setecentos e quarenta e um) dias, lapso temporal amazonicamente superior àquele estabelecido em Lei - 81 (oitenta e um) dias - revela a ilegalidade da prisão.
3. A coerção pessoal que não enseja o dano moral pelo sofrimento causado ao cidadão é aquela que lastreia-se nos parâmetros legais (Precedente: REsp 815004, DJ 16.10.2006 - Primeira Turma).
C) Nexo de causalidade
Nos casos de responsabilidade objetiva o Estado só se exime de responder se faltar o nexo entre o seu comportamento comissivo e o dano.
(...) A culpa do lesado – freqüentemente invocada para elidi-la – não é, em si mesma, causa excludente. Quando, em casos de acidente de automóveis, demonstra-se que a culpa não foi do Estado, mas do motorista do veículo particular que conduzia imprudentemente, parece que se traz à tona demonstrativo convincente de que a culpa da vítima deve ser causa bastante para elidir a responsabilidade estatal. Trata-se de equívoco. Deveras, o que se haverá demonstrado, nesta hipótese, é que o causador do dano foi a suposta vítima, e não o Estado. (C.A)
O que se vem de dizer não interfere com o problema das CONCAUSAS. Com efeito, pode ocorrer que o dano resulte de dupla causação. Hipóteses haverá em que o evento lesivo será fruto de ação conjunta do Estado e do lesado, concorrendo ambos para a geração do resultadodanoso. Ainda aqui não haverá falar em excludente de responsabilidade estatal. Haverá, sim, ATENUAÇÃO do ‘QUANTUM’ indenizatório, a ser decidido na proporção em que cada qual haja participado para a produção do evento. (C.A)
A questão relativa à prova leva, primeiramente, em conta a defesa do Estado na ação movida pelo lesado. Diante dos pressupostos da responsabilidade objetiva, ao Estado só cabe defender-se provando a inexistência do fato administrativo, a inexistência do dano ou a ausência do nexo causal entre o fato e o dano.
Mas há, ainda, outro fator que merece ser analisado. A pretensão formulada pelo indivíduo para obter do Estado a reparação de prejuízos atenua em muito o princípio de que o ônus da prova incumbe a quem alega. Se o autor da ação alega a existência do fato, o dano e o nexo de causalidade entre um e outro, cabe ao Estado-réu a contraprova sobre tais alegações. (J.S)
Emagis 40.12 Em matéria de nexo de causalidade, adota-se a teoria do dano direto e imediato (também chamada de teoria da interrupção do nexo causal) que tem aplicação em matéria de nexo de causalidade na responsabilidade civil do Estado, e não a teoria da equivalência das condições (também chamada de teoria da ‘conditio sine qua non’).
Na hipótese de caso fortuito ou força maior nem ocorreu fato imputável ao Estado, nem fato cometido por agente estatal. E, se assim é, não existe nexo de causalidade entre qualquer ação do Estado e o dano sofrido pelo lesado. A conseqüência, pois, não pode ser outra que não a de que tais fatos imprevisíveis não ensejam a responsabilidade do Estado. Em outras palavras, são excludentes da responsabilidade. (J.S)
OBSERVAÇÃO: CELSO ANTÔNIO PENSA DIFERENTE:
Nos casos ora cogitados (de responsabilidade objetiva), eventual invocação de força maior – força da natureza irresistível – é relevante apenas na medida em pode comprovar ausência de nexo causal entre a atuação do Estado e o dano ocorrido. Se foi produzido por força maior então não foi produzido pelo Estado. (...) O caso fortuito não é utilmente invocável, pois, sendo um acidente cuja raiz é tecnicamente desconhecida, não elide o nexo entre o comportamento defeituoso do Estado e o dano assim produzido. (C.A)
O STJ em Julgamento de 21/08/2007, relatoria de Eliana Calmon (Resp. 721439/RJ) entendeu que o fortuito, a força maior e a culpa da vítima excluem a responsabilidade do poder público.
4.5) Responsabilidade por ato omissivo
Quando o dano foi possível em decorrência de uma omissão do Estado (o serviço não funcionou, funcionou tardia ou ineficientemente) é de aplicar-se a teoria da responsabilidade subjetiva. Com efeito, se o Estado não agiu, não pode, logicamente ser ele o autor do dano. E, se não foi autor, só cabe responsabilizá-lo se descumpriu dever legal que lhe impunha obstar ao evento lesivo. (C.A)
Logo, a responsabilidade estatal por ato omissivo é sempre responsabilidade por comportamento ilícito. E, sendo responsabilidade por ilícito, é necessariamente responsabilidade subjetiva, pois não há conduta ilícita do Estado (embora do particular possa haver) que não seja proveniente de negligência, imprudência ou imperícia (culpa) ou, então, deliberado propósito de violar a norma que o constituía em dada obrigação (dolo). (C.A)
STJ – entende que a responsabilidade decorrente de omissão estatal é subjetiva.
STF – em julgados mais recentes (STA 223-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 14-4-08, Informativo 502 e RE 573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-08, 2ª Turma, DJE de 15-8-08) tem-na entendido como responsabilidade objetiva. (...) “situações configuradoras de falta de serviço podem acarretar a responsabilidade civil objetiva do Poder Público, considerado o dever de prestação pelo Estado, a necessária existência de causa e efeito, ou seja, a omissão administrativa e o dano sofrido pela vítima”
“Professora. Tiro de arma de fogo desferido por aluno. Ofensa à integridade física em local de trabalho. Responsabilidade objetiva. Abrangência de atos omissivos.” (ARE 663.647-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 14-2-2012, Primeira Turma, DJE de 6-3-2012.)
“”Dano sofrido por um aluno causado por outro: O STF, analisando um caso do Rio de Janeiro que envolvia a Procuradoria do Município do Rio de Janeiro. Foi o caso que envolvia um aluno de escola pública municipal, que foi beber água no bebedouro e veio um amiguinho por trás e bateu na cabeça do menor. O olho foi no bebedouro, e perdeu o globo ocular, simplesmente isso. Uma “brincadeira” entre duas crianças causou esse dano absurdo. E aí, a criança, representada por seus pais, propôs ação em face do Município e o STF condenou. E aí o STF falou em responsabilidade objetiva
“Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da CB. Latrocínio cometido por foragido. Nexo de causalidade configurado. Precedente. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no art. 37, § 6º, da CB.” (RE 573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-2008, Segunda Turma, DJE de 15-8-2008.)
TRF5:
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. PROJETO BETUME EM SERGIPE. INUNDAÇÕES EM ÁREA DE IRRIGAÇÃO IMPLANTADA PELA CODEVASF. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE NEXO CAUSAL ENTRE OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E OS DANOS ALEGADOS. PREJUÍZOS SOFRIDOS NÃO EVIDENCIADOS. 1. Apelações interpostas pelas partes, em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar a CODEVASF ao pagamento de indenização por danos morais e materiais decorrentes de inundação ocorrida, em junho/2006, no perímetro irrigado de Betume, na região do Baixo São Francisco, em razão do rompimento do dique no riacho do aterro/Poções. A pretensão de indenização por danos decorrentes de inundações ocorridas em outros períodos, supostamente ocasionadas por falhas do sistema de drenagem/irrigação, restou afastada, ao argumento de inexistência de prova do nexo de causalidade entre o ato apontado como lesivo (ato omissivo do Poder Público caracterizado pela falha no dimensionamento adequado de diques e comportas, deficiência na manutenção de fiscalização e omissão frente às providências necessárias à garantia de higidez do projeto de assentamento/colonização) e os danos alegados. 2. Nos casos de danos decorrentes de atos de terceiros ou de fenômenos da natureza, para se configurar a obrigação estatal de indenizar, há necessidade de comprovação de que concorreu para o resultado danoso, determinada omissão culposa da Administração Pública. É, pois, necessária a demonstração do nexo de causalidade entre a falta ou deficiência na prestação do serviço e o dano sofrido. 3. Hipótese em que, não tendo sido elaborado laudo pericial contemporâneo aos eventos danosos, e sendo o mesmo indispensável para delimitar o estado passado da barragem, não há como se considerar, com segurança, que a ineficiência dos serviços prestados pela Administração foi determinante para o desfecho lesivo. 4. Atividade desenvolvida pelos colonos que não é insuscetível de risco, encontrando-se ordinariamente sujeita às intempéries climáticas, aos problemas do solo associados ao relevo, o que impossibilita, nessas ações, a condenação da CODEVASF em uma indenização por tudo o que potencialmente se poderia ter plantado na área de cada parceleiro, colhido e vendido, de forma ideal, sem a ocorrência de nenhum fator de risco a ser assumido pelos colonos. Inexistência de comprovação dos prejuízos sofridos pelo postulante. Precedente deste Tribunal (AC 489336/SE, Segunda Turma, DJ: 02/06/2010) 5. À parte autora incumbe a prova dos requisitos ensejadores da responsabilidade do Estado, posto que aqui não se trata de responsabilidade objetiva, prevista do art. 37, parágrafo 6º da CF/88, mas de responsabilidadesubjetiva, decorrente de ato omissivo da Administração Pública, e que, por conseguinte, comprova-se através de provas trazidas pelos lesados, o que não aconteceu no caso apresentado. 6. Quanto à inundação decorrente do rompimento do dique em 2006, ocasionado, segundo alegações do próprio autor, por terceiros invasores, a CODEVASF não possui, dentre suas atribuições, o exercício do poder de polícia, de modo que tendo procedido ao registro de ocorrência na Polícia Civil, bem como comunicado o ocorrido à Superintendência da Polícia Federal, tomou as providências cabíveis e possíveis, de modo a caracterizar o evento como autêntico fato de terceiro, a ensejar o rompimento do nexo causal indispensável ao reconhecimento do dever de indenizar. 7. Apelação da parte autora improvida. Apelação da CODEVASF provida, para afastar a condenação ao pagamento de indenização por danos morais e materiais reconhecidos na sentença recorrida, em face da enchente ocorrida, em junho/2006, no perímetro irrigado de Betume. 8. Vencida a parte autora, devem ser invertidos os ônus sucumbenciais, ressalvando-se, no caso, a isenção do postulante por ser beneficiário da justiça gratuita.
(AC 200785000041931, Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::21/10/2010 - Página::95.)
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. BURACO NA RODOVIA. DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Apelação Cível interposta pelo DNIT contra sentença que o condenou ao pagamento de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente automobilístico de que foi vítima a parte autora, ocorrido no dia 16 de março de 2007, às 17:55 horas, na BR 101, no município de Rio Real/BA. 2. É subjetiva a responsabilidade civil do Estado nos casos em que o ato apontado como causador do dano consiste em omissão do serviço público. Para a caracterização da culpa, devem restar atendidos os respectivos requisitos: a previsibilidade e a evitabilidade do acontecido/dano e o dever de agir do Estado. Este só pode ser responsabilizado quando não atuou quando deveria atuar ou atuou não atendendo aos padrões legais exigíveis. 3. Por força do disposto no art. 82, IV, da Lei 10.233/2001, cumpre ao DNIT administrar os programas de operação, manutenção, conservação, restauração e reposição de rodovias . 4. Hipótese em que resta suficientemente evidenciada a omissão do DNIT na conservação e restauração de trecho de rodovia federal, o que foi condição fundamental para a ocorrência do acidente. Segundo informações registradas no Boletim de Ocorrência emitido pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal, o autor, ao passar por um buraco existente no Km 18 da BR-101, perdeu o controle do veículo, que capotou, vindo, inclusive, a sair da pista. Por outro lado, o DNIT não logrou comprovar a alegação de que o acidente foi ocasionado pela velocidade excessiva imposta pelo motorista, não restando demonstrada a culpa exclusiva da vítima, suscitada como fundamento para afastar sua responsabilidade. 5. Reconhecidos danos materiais a serem reparados. O autor demonstrou, através de orçamento devidamente datado e assinado, que, após o acidente na BR 101, seu veículo precisou de reparos, estes totalizados no valor de R$ 11.999,23. O pagamento do montante referido encontra-se suficientemente comprovado por recibos emitidos em nome do postulante. 6. Em face das alegações suscitadas pelo autor e das provas produzidas nos autos, os transtornos decorrentes do acidente, sem nenhuma consequência mais grave, não enseja responsabilização por dano moral. O simples fato de alguém passar por um acidente automobilístico que cause avarias em seu veículo não gera necessariamente dano moral a ser indenizado. Sequer foi relatado na petição inicial que o autor tenha sofrido trauma emocional ou qualquer tipo de abalo psicológico em razão do acidente. 7. O prejuízo moral deve ser causado por acontecimento que foge à normalidade, aos problemas do cotidiano, acarretando intensa dor psíquica, vexame, humilhação e/ou ataque à honra de alguém, o que não se observa no caso apresentado. 8. Apelação parcialmente provida, para afastar a condenação do DNIT ao pagamento de indenização por danos morais e, em face da sucumbência recíproca, para determinar que a autarquia ré arque apenas com a parte que lhe cabe das custas, nos termos do art. 21 do CPC, e com os honorários de seu patrono, por ser a parte autora beneficiária da Justiça Gratuita. (AC 200884000057333, Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::25/06/2010 - Página::154.)
Não há resposta ‘a priori’ quanto ao que seria o padrão normativo tipificador da obrigação a que estaria legalmente adstrito. Cabe indicar, no entanto, que a normalidade da eficiência há de ser apurada em função do meio social, do estágio de desenvolvimento tecnológico, cultural, econômico e da conjuntura da época, isto é, das possibilidades reais médias dentro do ambiente em que se produziu o fato danoso. (C.A)
Por exemplo: se o Poder Público licencia edificações de determinada altura, não poderá deixar de ter, no serviço de combate a incêndio e resgate de sinistrados, meios de acesso compatíveis para enfrentar eventual sinistro. Se o Poder Público despoja os internos em certo presídio de quaisquer recursos que lhes permitam atentar contra a própria vida, não pode eximir-se de responsabilidade em relação ao suicídio de algum ou alguns detentos a respeito dos quais se omitiu na adoção de igual cautela. (C.A)
A conseqüência, dessa maneira [em se tratando de atos de multidões] reside em que a responsabilidade civil do Estado, no caso de conduta omissiva, só se desenhará quando presentes estiverem os elementos que caracterizam culpa. (J.S)
Ao contrário do que se passa com a responsabilidade do Estado por comportamentos comissivos, na responsabilidade por comportamentos omissivos a questão não se examina nem se decide pelo ângulo passivo da relação (a do lesado em sua esfera juridicamente protegida), mas pelo pólo ativo da relação. É dizer: são os caracteres da omissão estatal que indicarão se há ou não responsabilidade. (C.A)
Os acontecimentos suscetíveis de acarretar responsabilidade estatal por omissão ou atuação insuficiente são os seguintes:
a) fato da natureza a cuja lesividade o Poder Público não obstou, embora devesse fazê-lo. (...)
b) comportamento material de terceiros cuja atuação lesiva não foi impedida pelo Poder Público, embora pudesse e devesse fazê-lo. Cite-se, por exemplo, o assalto processado diante de agentes policiais inertes, desidiosos. (C.A)
Há determinados casos em que a ação danosa, propriamente dita, não é efetuada por agente do Estado, contudo é o Estado quem produz a situação do qual o dano depende. Vale dizer: são hipóteses nas quais é o Poder Público quem constitui, por ato comissivo seu, os fatores que propiciarão decisivamente a emergência de dano. Tais casos, a nosso ver, assimilam-se aos de danos produzidos pela própria ação do Estado e por isso ensejam, tanto quanto estes, a aplicação do princípio da responsabilidade objetiva. (...) O caso mais comum, embora não único, é o que deriva da guarda, pelo Estado de pessoas ou coisas perigosas, em face do quê o Poder Público expõe terceiros a risco. Servem de exemplo o assassinato de um presidiário por outro presidiário; os danos nas vizinhanças oriundos de explosão em depósito militar em decorrência de um raio (...)
Com efeito, em todos estes casos, o dano liga-se, embora mediatamente, a um comportamento positivo do Estado. Sua atuação é o termo inicial de um desdobramento que desemboca no evento lesivo, incindivelmente ligado aos antecedentes criados pelo Estado. (C.A)
A fuga de internos em manicômio ou presídio que se homiziem nas vizinhanças e realizem violências sobre os bens ou pessoas sediados nas imediações ou que nelas estejam acarretará responsabilidade OBJETIVA do Estado. (C.A)
Cumpre, apenas, esclarecer quea responsabilidade em tais casos evidentemente está correlacionada com o RISCO suscitado. Donde, se a lesão sofrida não guardar qualquer vínculo com este pressuposto, não haverá falar em responsabilidade objetiva.
Então, se os evadidos de uma prisão vierem a causar danos locais afastados do prédio onde se sedia a fonte de risco, é óbvio que a lesão sofrida por terceiros não estará correlacionada com a situação perigosa criada por obra do Poder Público. Nessa hipótese, só caberá responsabilizar o Estado se o serviço de guarda dos delinqüentes não houver funcionado ou houver funcionado mal, pois será caso de responsabilidade por comportamento omissivo, e não pela geração de risco oriundo de guarda de pessoas perigosas. (C.A)	
5) RESPONSABILIDADE PRIMÁRIA E SUBSIDIÁRIA
Tema que tem merecido muitas considerações por parte de especialistas é o relativo à responsabilidade primária e subsidiária no que toca às condutas estatais. (...) Em conseqüência, a responsabilidade do Estado será primária quando o dano tiver sido provocado por um de seus agentes. (...) Nem sempre, entretanto, a responsabilidade do Estado será primária. Como já vimos anteriormente, há muitas pessoas jurídicas que exercem sua atividade como efeito da relação jurídica que as vincula ao Poder Público, podendo ser variados os títulos jurídicos que fixam essa vinculação. Estão vinculadas ao Estado as pessoas de sua Administração Indireta, as pessoas prestadoras de serviços públicos por delegação negocial (concessionários e permissionários de serviços públicos) e também aquelas empresas que executam obras e serviços públicos por força de contratos administrativos.
Em todos esses casos, a responsabilidade primária deve ser atribuída à pessoa jurídica a que pertence o agente autor do dano. Mas, embora não se possa atribuir responsabilidade direta ao Estado, o certo é que também não será lícito eximi-lo inteiramente das conseqüências do ato lesivo. Sua responsabilidade, porém, será subsidiária, ou seja, somente nascerá quando o responsável primário não tiver mais forças para cumprir a sua obrigação de reparar o dano (J.S. apoiado em C.A)
STF:
“Responsabilidade contratual. Subsidiária. Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial do outro contraente. Transferência consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art. 71, § 1º, da Lei federal 8.666/1993. Constitucionalidade reconhecida dessa norma. (...). É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal 8.666, de 26-6-1993, com a redação dada pela Lei 9.032, de 1995.” (ADC 16, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 9-9-2011.) No mesmo sentido: Rcl 13.689, Rel. Min. Dias Toffoli, decisão monocrática, julgamento em 10-5-2012, DJE de 16-5-2012; Rcl 12.532, Rel. Min. Dias Toffoli, decisão monocrática, julgamento em 30-11-2011, DJE de 5-12-2011; Rcl 9.894-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 17-2-2011. Vide: Rcl 7.517-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 14-4-2011; Rcl 8.150-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 3-3-2011.
6) ATOS LEGISLATIVOS
Tivemos a oportunidade de consignar, em trabalho que publicamos, que a regra geral, no caso de atos legislativos, deve sempre ser a de não ser atribuída responsabilidade civil ao Estado, sobretudo porque a edição de leis, por si só, não tem normalmente o condão de acarretar danos indenizáveis aos membros da coletividade. (J.S). 
Contudo, a MODERNA DOUTRINA admite a responsabilidade nos casos de LEIS DE EFEITO CONCRETO, nas hipóteses de OMISSÃO LEGISLATIVA (quando foge dos padrões de razoabilidade) e nos casos de LEIS DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS em controle concentrado.
Leis inconstitucionais:
Enfoque inteiramente diverso é o que diz respeito à produção de leis inconstitucionais. (...) Desse modo, é plenamente admissível que, se o dano surge em decorrência de lei inconstitucional, a qual evidentemente reflete atuação indevida do órgão legislativo, não pode o Estado simplesmente eximir-se da obrigação de repará-lo, porque nessa hipótese configurada estará a sua responsabilidade civil. (J.S., citando um precedente do STF: RE 158.962, Rel. Min. Celso de Mello, in RDA 191)
No mesmo sentido: Diógenes Gasparini;
contra: Hely Lopes Meirelles
O STJ no RESP 593.522/SP, rel. Eliana Calmon entendeu que somente cabe responsabilidade do Estado por ato do legislativo quando a lei for declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle concentrado (INf. 297, 18 a 22/09/2007).
Ressalte-se, porém, que há doutrina no sentido de que mesmo a declaração incidental de inconstitucionalidade enseja a responsabilidade do Estado, já que também resta caracterizado o erro legislativo. 
7) ATOS JUDICIAIS
No que concerne aos atos administrativos (ou atos judiciários), incide normalmente sobre eles a responsabilidade civil objetiva do Estado, desde que, é lógico, presentes os pressupostos de sua configuração. Enquadram-se aqui os atos de todos os órgãos de apoio administrativo e judicial do Poder Judiciário (...)
Os atos jurisdicionais, já antecipamos, são aqueles praticados pelos magistrados no exercício da respectiva função. São, afinal, os atos processuais caracterizadores da função jurisdicional. (...) Não obstante, é relevante desde já consignar que, tanto quanto os atos legislativos, os atos jurisdicionais típicos são, em princípio, insuscetíveis de redundar na responsabilidade civil do Estado. (J.S)
Marcelo Alexandrino, na obra citada, defende que a regra para os atos tipicamente jurisdicionais é a irresponsabilidade Estatal, o que decorre do principio da livre convicção do magistrado.
No que tange aos atos administrativos praticados pelo Judiciário incide a regra geral de responsabilidade objetiva.
Em relação à área criminal, a CF art. 5º, LXXV, garante a indenização ao condenado por erro judiciário. Ainda que esse erro seja decorrente de culpa. Regra esta não extensiva à seara cível. Somente caberá responsabilização REGRESSIVA ao JUIZ, caso reste comprovado que este agiu com DOLO no exercício da função (CPC, art. 133). 
8) REPARAÇÃO DO DANO
8.1) Meios de reparação
A) Via administrativa
Na via administrativa, o lesado pode formular seu pedido indenizatório ao órgão competente da pessoa jurídica civilmente responsável, formando-se, então, processo administrativo no qual poderão manifestar-se os interessados, produzir-se provas e chegar-se a um resultado final sobre o pedido. Se houver acordo quanto ao montante indenizatório, é viável que o pagamento se faça de uma só vez ou parceladamente, tudo de acordo com a autocomposição das partes interessadas. (J.S)
Na via administrativa, o pagamento da indenização pelo agente será sempre resultado de acordo entre as partes. Ao Estado é vedado estabelecer qualquer regra administrativa que obrigue o agente, ‘manu militari’, a pagar o débito. É ilegal, por exemplo, qualquer norma que autorize o Estado a descontar, por sua exclusiva iniciativa, parcelas indenizatórias dos vencimentos do servidor. (J.S)
Via judicial
A ação de Reparação de Dano do Particular deve ser intentada contra a Administração Pública: que poderá 1) comprovar a inocorrência do fato, do dano ou de nexo de causalidade entre o fato da administração e o dano; 2) comprovar que o dano decorreu de culpa exclusiva do particular ou de terceiro (havendo quem defenda também que caso fortuito ou força maior afastam) caso em que haverá exclusão da responsabilidade; e 3) comprovar que houve culpa recíproca caso em que haverá atenuação do valor da indenização.
Ocorre perguntar se o terceiro lesado poderia mover a ação de indenização diretamente contra o agente prescindindo de responsabilizar o Estado ou quem lhe faça as vezes, ou se poderia buscar responsabilização solidáriade ambos. É bem de ver que no primeiro caso, o lesado estaria disputando a lide apenas no campo da responsabilidade subjetiva, dado que o agente só responderia na hipótese de dolo ou culpa.
Hely Lopes Meirelles sustenta que o funcionário só responde perante o Estado, descabendo ao lesado acionar o funcionário. (...) Esta posição do ilustre autor não nos convence. Celso Antonio Bandeira de Mello entende que o art.37 § 6º. não tem caráter defensivo do funcionário perante terceiro. No mesmo sentido: J.S
Há entendimento do STF no sentido de que o artigo 37 § 6 da CF é também garantia para o agente público, é que devido ao princípio da impessoalidade, seus atos não podem ser imputados à sua pessoa, mas sim ao ente público em nome do qual atua, assim a responsabilização do agente seria apenas e somente perante a administração pública. 
Concluiu-se que o mencionado art. 37, § 6º, da CF, consagra DUPLA GARANTIA: uma em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste serviço público; outra, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer. (Informativo 436 STF, rel. Carlos Brito, RE 327904/SP). Esta orientação repetiu-se no julgamento seguinte:
RESPONSABILIDADE - SEARA PÚBLICA - ATO DE SERVIÇO - LEGITIMAÇÃO PASSIVA. Consoante dispõe o § 6º do artigo 37 da Carta Federal, respondem as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, descabendo concluir pela legitimação passiva concorrente do agente, inconfundível e incompatível com a previsão constitucional de ressarcimento - direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. (RE 344133, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 09/09/2008)
“Responsabilidade objetiva do Estado por atos do Ministério Público (...). A legitimidade passiva é da pessoa jurídica de direito público para arcar com a sucumbência de ação promovida pelo Ministério Público na defesa de interesse do ente estatal. É assegurado o direito de regresso na hipótese de se verificar a incidência de dolo ou culpa do preposto, que atua em nome do Estado.” (AI 552.366-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 6-10-2009, Segunda Turma, DJE de 29-10-2009.) Vide: RE 551.156-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 10-3-2009, Segunda Turma, DJE de 3-4-2009.
"O § 6º do art. 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular." (RE 327.904, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 15-8-2006, Primeira Turma, DJ de 8-9-2006.) No mesmo sentido: RE 470.996-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 18-8-2009, Segunda Turma, DJE de 11-9-2009.
O STJ, por sua vez, assim se manifestou:
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. PRESCRIÇÃO.
EXISTÊNCIA DE PROCESSO PENAL.
1. "O prazo prescricional da ação de indenização proposta contra pessoa jurídica de direito público é de cinco anos (art. 1º do Decreto nº 20.910/32). O termo inicial do qüinqüênio, na hipótese de ajuizamento de ação penal, será o trânsito em julgado da sentença nesta ação, e não a data do evento danoso, já que seu resultado poderá interferir na reparação civil do dano, caso constatada a inexistência do fato ou a negativa de sua autoria" (REsp 442.285/RS, Rel. Min. Franciulli Netto).
2. Inexiste a vedação legal ao litisconsórcio entre o ente estatal e os agente públicos causadores do dano em ação de indenização por responsabilidade civil do Estado. Precedentes.
3. Recurso especial não provido.
(REsp 997.761/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/06/2008, DJe 23/06/2008)
 Ação de regresso
Marcelo Alexandrino aponta dois requisitos para que seja possível o regresso da administração contra o servidor: 1) Comprovação de prévia indenização à vítima do dano, havendo divergência se deve esperar o processamento do precatório com o efetivo pagamento para o lesado, ou se basta a condenação com transito em julgado (o STJ, porém, já entendeu que não é necessário o deslinde da ação indenizatória contra o Estado para que este venha a exercer seu direito de regresso contra o seu agente (REsp 236.837, de 03/02/2000), e 2) comprovação de dolo ou culpa na atividade do servidor – lembrando que se tratar de atos jurisdicionais deve-se comprovar o dolo do juiz.
Os efeitos de reparação civil transmitem-se aos herdeiros do servidor, até o limite da herança. A ação pode ser intentada mesmo após o fim do vinculo do agente com a administração pública. 
A ação de reparação de danos por ato ilícito é IMPRESCRITÍVEL nos termos do art. 37 § 5 da CF:
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
 
CABM, porém, revendo posição anterior, passou a entender que quando a CF quis estabelecer a imprescritibilidade, ela o fez de forma expressa, não sendo o caso da ação de ressarcimento movida pelo Poder Público. Assim estabelece:
“Como explicar, então, o alcance do art. 37, 5º,? Pensamos que o que se há de extrair dele é a intenção manifesta, ainda que mal expressada, de separar os prazos de prescrição do ilícito propriamente, isto é, penal, ou administrativo, dos prazos das ações de responsabilidade que não terão porque obrigatoriamente coincidir. Assim, a ressalva para as ações de ressarcimento significa que terão prazos autônomos em relação aos que a lei estabelecer para as responsabilidades administrativas e penal. (...) 
Pensamos que o prazo prescricional serão os mesmos acima apontados para a decretação de invalidade dos atos viciados. Cinco anos, quando não houver má-fé, (aqui ele aplica a Lei n. 9.784/99 e fala ser uma constante no direito o prazo prescricional quinquenal) e dez anos, no caso de má-fé (já que a mencionada lei ressalva os casos em que o administrativo está de má-fé, razão pela qual aplica o prazo geral do CC) – sempre contados a partir do término do mandado do governante em cujo período foi praticado o ato danoso.”
Prescrição:
A prescrição qüinqüenal das ações contra o Estado era regulada pelo Decreto nº 20.910/32, o qual previa o prazo de cinco anos, que foi mantido pelo art. 1º-C da Lei 9.494/97:
 
Art. 1º-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.  (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
 
Carvalho Filho sustenta que, com o advento do art. 206, § 3º, V do CC, o qual estabelece o prazo de 3 anos para a prescrição da pretensão de reparação civil, estaria derrogado o artigo acima transcrito. Defende o autor que, como a redução do prazo pelo CC beneficia tanto as pessoas jurídicas de direito público, quanto as de direito privado prestadoras de serviço público, deve ser esse o prazo a ser aplicado. 
Atualmente, porém, o entendimento assentado no STJ é no sentido de que, para a Fazenda Pública, aplica-seo prazo do Decreto 20.910, e, para as prestadoras de serviços público, o CC/02. 
Quanto ao prazo prescricional:
SÚMULA 383 STF
A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
-INTERRUPÇÃO OCORRIDA ANTES DO TRANSCURSO DA METADE DO PRAZO: contagem volta a correr pelo tempo restante. [ “(...) mas não ficará reduzida aquém de 5 anos (...)”] Ex.: interrupção após o transcurso de 1 ano  prazo restante: 4 anos]
-INTERRUPÇÃO OCORRIDA APÓS O TRANSCURSO DA METADE DO PRAZO: prazo prescricional de 2 anos e meio. [“(...) recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo (....)”] Ex.:interrupção após o transcurso de 4 anos  prazo restante: 2 anos e meio]
JURISPRUDÊNCIA:
STJ:
 
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS MORAIS. DESAPOSSAMENTO DE COLONOS PELO ESTADO. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA DO ART. 206, § 3O., IV DO CC/2002. APLICAÇÃO DO DECRETO 20.910/32. AGRAVO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DESPROVIDO.
1. A Primeira Seção desta Corte, em Sessão de 13.12.2010, no julgamento dos EREsp 1.081.885/RR, de relatoria do Min. HAMILTON CARVALHIDO, consolidou o entendimento de que o art. 1o. do Decreto 20.910/32 deve ser aplicado a todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja ela federal, estadual ou municipal, independentemente da natureza da relação jurídica.
3. Agravo Regimental do ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL desprovido.
(AgRg no AREsp 34.053/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/05/2012, DJe 21/05/2012)
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932.
- Conforme jurisprudência firmada no STJ, é de 5 (cinco) anos o prazo para a pretensão de reparação civil contra o Estado, nos termos do art. 1º do Decreto n. 20.910/1932.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1241640/RS, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/02/2012, DJe 10/02/2012)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO PRESTADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS. PRAZO PRESCRICIONAL. DECRETO 20.190/32. CÓDIGO CIVIL. RECURSO PROVIDO.
1. Os autores ajuizaram ação de reparação de danos contra o município e uma empresa privada prestadora de serviços públicos, em decorrência de demolição de seus pontos comerciais, com revogação das permissões de uso anteriormente concedidas. Na r. sentença, o Juízo monocrático decretou a prescrição em relação ao município e julgou improcedente o pedido indenizatório relativamente à empresa. Em sede recursal, o Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, no julgamento da apelação cível, reconheceu de ofício também a prescrição em relação à empresa, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC.
2. O prazo prescricional previsto no Decreto 20.910/32 não é aplicável às concessionárias de serviço público que ostentem personalidade jurídica de direito privado, como na hipótese dos autos, em que empresa é pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços urbanos e de limpeza pública no município. Com efeito, "a prescrição qüinqüenal, prevista pelo Decreto n. 20.910/32, não beneficia empresa pública, sociedade de economia mista ou qualquer outra entidade estatal que explore atividade econômica" (REsp 897.091/MG, 2ª Turma, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe de 10/6/08). A propósito: REsp 925.404/SE, 2ª Turma, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 8/5/07; REsp 431.355/MG, 2ª Turma, Rel. Min.
FRANCIULLI NETTO, DJ de 30/8/04.
3. Na hipótese em exame, o evento lesivo ocorreu em 21 de abril de 1999, na vigência do Código Civil de 1916, o qual, em seu art. 177, estabelecia o prazo de prescrição de vinte anos para as ações de caráter pessoal e, durante o curso do prazo prescricional para o ajuizamento da ação indenizatória, entrou em vigor o atual Código Civil, que alterou para três anos o prazo de prescrição nas ações de reparação de dano, nos termos do art. 206, § 3º, V. Portanto, deve ser aplicada a regra de transição do art. 2.028 do atual Código Civil, que dispõe: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais de metade do tempo estabelecido na lei revogada." 
4. Quando entrou em vigor o atual Código Civil, em 11 de janeiro de 2003, ainda não havia transcorrido nem metade do prazo prescricional de vinte anos previsto no art. 177 do Código Civil de 1916, na medida em que entre a data do evento lesivo (21 de abril de 1999) e a vigência do novo Código Civil (11 de janeiro de 2003) não se passaram mais de dez anos (metade do prazo prescricional previsto no referido art. 177). Destarte, o prazo de prescrição aplicável é o do art. 206, § 3º, V, do atual Código Civil. Como a ação indenizatória foi ajuizada em 13 de maio de 2004, dentro do prazo de três anos após a vigência do novo Código Civil, não se implementou a prescrição, devendo, assim, ser reformado o acórdão recorrido.
5. Recurso especial provido, para afastar a prescrição relativamente à empresa privada e determinar o retorno dos autos à Corte de origem para análise dos fundamentos da apelação interposta pelos autores.
(REsp 1073090/SE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/02/2011, DJe 17/02/2011)
 
Em sentido diverso ao referido na parte grifada do julgado anterior: Prescrição - Pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público.Nessa hipótese não há a aplicação do Decreto no 20.910/1932. Há previsão expressa de prazo prescricional de 5 anos no art. 1o-C da Lei 9.494/97. Nesse caso, diferente do que ocorre com o art. 10 do Decreto 20.910/32 (que traz ressalva de aplicação de disposição que trouxer prazo menor - o que faz surgir discussão quanto à aplicação do prazo de 3 anos previsto no art. 206, p. 3o, V, CC) não há ressalva alguma quanto aplicação de outro prazo. Assim, diante da aplicação parêmia de que lei geral posterior (no caso o CC de 2002) não revoga lei especial (no caso o art. 1o-C da Lei 9.494), é de se entender pela aplicação do prazo de 05 anos às pretensões indenizatórias contra as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. (atualização do TRF4)
Denunciação da lide:
Outra questão é a de saber-se se é aplicável ao tema da responsabilidade do Estado o disposto no art. 70, III, do Código de Processo Civil (...) Celso Antonio, revendo posição anteriormente assumida, filia-se a Weida Zancaner ao sustentar o descabimento de tal denunciação. (C.A)
Fredie Didier (Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 6ª edição) faz um apanhado, sobre as teorias acerca da possibilidade de denunciação à lide do servidor público pelo Estado, nos seguintes termos: “É com base nesta linha de pensamento (teoria restritiva) que não se admite a denunciação da lide ao servidor, pelo Estado,(...) como o Estado responde objetivamente pelos prejuízos causados, a denunciação introduziria um fundamento jurídico novo, que é a responsabilidade subjetiva do servidor. 
Cássio Scarpinela Bueno, embora adepto da concepção restritiva, após examinar jurisprudência do STJ, conclui que “toda vez que a ação indenizatória também se basear na existência de culpa, a denunciação do agente público não destoará da mesma fundamentação da ação principal. Deve, pois, ser admitida nesses casos. E ainda quando o Estado, em sua defesa, alegar a tese de culpa do particular ou culpa concorrente, pois não haverá acréscimo na fase instrutória.
Para Alexandre Câmara não é possível a denunciação, porque seria na verdade uma hipótese de chamamento ao processo, já que segundo ele há uma relação de solidariedade entre o servidor e o Estado.
Anote-se, ainda, que essa parece ter sido a posição adotadapela Lei 8.112/90, segundo a qual, ocorrendo dano causado a terceiros, o servidor deverá responder perante a Fazenda Pública em ação regressiva (art.122, §2º.). Conquanto não seja o dispositivo de extrema clareza, é de supor-se que considerou tal ação como autônoma, diversa, portanto, daquela em que o lesado tenha demandado a Fazenda. (J.S) Obs.: ele próprio ressalva que a matéria é muito controvertida
CUIDADO: Segundo a Jurisprudência firmada pelo STF, não é legítima a responsabilização solidária do servidor que edita um parecer jurídico de natureza meramente opinativa com o administrador público que pratica o ato baseado na opinião constante no parecer. Só poderia ser autor do parecer responsabilizado na hipótese de erro grave, inescusável, ou se comprovada a sua ação ou omissão culposa (culpa em sentido amplo).
JURISPRUDÊNCIA:
STJ:
 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. CONCLUSÕES DO TRIBUNAL DE ORIGEM. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATO ILÍCITO PRATICADO POR AGENTE PÚBLICO QUE, NESSA QUALIDADE, CAUSA DANO A TERCEIRO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. FACULDADE.
1. Sobre a alegada contrariedade aos arts. 186 e 403 do Código Civil, nota-se que a revisão do valor fixado a título de danos morais encontra óbice na Súmula n. 7/STJ, uma vez que este fora estipulado em razão das peculiaridades do caso concreto, a exemplo, a capacidade econômica do ofensor e do ofendido, a extensão do dano, o caráter pedagógico da indenização.
2. Não é demais lembrar que, segundo a jurisprudência deste Tribunal, a revisão do valor a ser indenizado somente é possível quando exorbitante ou irrisória a importância arbitrada, em violação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o que não se observa in casu diante da quantia fixada em R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Precedentes.
3. Quanto à aludida ofensa ao art. 76 do CPC, também não prospera a alegação do recorrente, em virtude de esta Corte ter pacificado-se no sentido da desnecessidade de denunciação da lide em matéria de responsabilidade civil objetiva do Estado. Precedentes.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 60.305/CE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe 01/12/2011)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
HOSPITAL DA POLÍCIA MILITAR. ERRO MÉDICO. MORTE DE PACIENTE.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
FACULTATIVA.
1. Os recorridos ajuizaram ação de ressarcimento por danos materiais e morais contra o Estado do Rio de Janeiro, em razão de suposto erro médico cometido no Hospital da Polícia Militar.
2. Quando o serviço público é prestado diretamente pelo Estado e custeado por meio de receitas tributárias não se caracteriza uma relação de consumo nem se aplicam as regras do Código de Defesa do Consumidor. Precedentes.
3. Nos feitos em que se examina a responsabilidade civil do Estado, a denunciação da lide ao agente causador do suposto dano não é obrigatória. Caberá ao magistrado avaliar se o ingresso do terceiro ocasionará prejuízo à celeridade ou à economia processuais.
Precedentes.
4. Considerando que o Tribunal a quo limitou-se a indeferir a denunciação da lide com base no art. 88, do CDC, devem os autos retornar à origem para que seja avaliado, de acordo com as circunstâncias fáticas da demanda, se a intervenção de terceiros prejudicará ou não a regular tramitação do processo.
5. Recurso especial provido em parte.
(REsp 1187456/RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 01/12/2010)
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DENUNCIAÇÃO À LIDE DO AGENTE CAUSADOR DO SUPOSTO DANO. FACULTATIVO. AÇÃO DE REGRESSO RESGUARDADA. OFENSA AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA.
1. A denunciação à lide na ação de indenização fundada na responsabilidade extracontratual do Estado é facultativa, haja vista o direito de regresso estatal restar resguardado ainda que seu preposto, causador do suposto dano, não seja chamado à integrar o feito.
2. Precedentes: REsp 891.998/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 01/12/2008; REsp 903.949/PI, Rel.
Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/05/2007, DJ 04/06/2007 p. 322; AgRg no Ag 731.148/AP, Rel.
Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/08/2006, DJ 31/08/2006 p. 220; REsp 620.829/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2004, DJ 22/11/2004 p. 279; EREsp 313886/RN, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2004, DJ 22/03/2004 p. 188.
3. Os embargos de declaração que enfrentam explicitamente a questão embargada não ensejam recurso especial pela violação do artigo 535, II, do CPC, tanto mais que, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão.
4. Agravo Regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1149194/AM, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 23/09/2010)
RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. MORTE DECORRENTE DE ERRO MÉDICO. DENUNCIAÇÃO À LIDE. NÃO OBRIGATORIEDADE. RECURSO DESPROVIDO.
1. Nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado (CF/88, art. 37, § 6º), não é obrigatória a denunciação à lide do agente supostamente responsável pelo ato lesivo (CPC, art. 70, III).
2. A denunciação à lide do servidor público nos casos de indenização fundada na responsabilidade objetiva do Estado não deve ser considerada como obrigatória, pois impõe ao autor manifesto prejuízo à celeridade na prestação jurisdicional. Haveria em um mesmo processo, além da discussão sobre a responsabilidade objetiva referente à lide originária, a necessidade da verificação da responsabilidade subjetiva entre o ente público e o agente causador do dano, a qual é desnecessária e irrelevante para o eventual ressarcimento do particular. Ademais, o direito de regresso do ente público em relação ao servidor, nos casos de dolo ou culpa, é assegurado no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, o qual permanece inalterado ainda que inadmitida a denunciação da lide.
3. Recurso especial desprovido.
(REsp 1089955/RJ, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/11/2009, DJe 24/11/2009)
Outras
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INDENIZAÇÃO POR NEGLIGÊNCIA MÉDICA. PRESCRIÇÃO. TERMO A QUO. DATA DA CONSTATAÇÃO DO DANO. EVENTO MORTE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS ACÓRDÃOS. NÃO CUMPRIMENTO DO QUE DISPÕEM OS ARTS.
541, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC E 255, § 2º, DO RISTJ.
1. O direito de a recorrente pleitear indenização pelo erro médico contra o Estado não nasce com o fim do processo ético-disciplinar no órgão fiscalizador da classe médica, mas, sim, com a constatação do dano que, no caso, se deu com o evento morte. Incide à hipótese a teoria da actio nata. Nesse sentido: "Esta Corte Superior de Justiça é firme no entendimento de que, no caso de responsabilidade civil do Poder Público em virtude de erro médico, o termo a quo do prazo prescricional conta-se da efetiva constatação do dano (AgRg no Ag 1290669/RS, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 29/06/2010)".
2. O recurso especial pelo dissídio jurisprudencial não deve ser admitido ante o não cumprimento do que dispõem os artigos 541, parágrafo único, do CPC e 255, § 2º, do RISTJ, pois as hipóteses cotejadas são dessemelhantes. O acórdão indicado como paradigma (REsp 678.240/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques) não tratou da prescindibilidade ou da imprescindibilidade do término do procedimento ético-disciplinar para o exercício

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