Buscar

AULA 22 DIREITOS SOCIAIS

Prévia do material em texto

1
Direitos Sociais
DIREITO CONSTITUCIONAL
www.grancursosonline.com.br
AN
O
TAÇ
Õ
ES
Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online
DIREITOS SOCIAIS
Na Constituição Federal, os direitos sociais estão dispostos do artigo 6º ao 
11 e podem ser divididos em três blocos. No artigo 6º, são tratados os direitos 
sociais propriamente ditos. No art. 7º, são tratados os direitos dos trabalhadores 
urbanos e rurais. Já nos arts. 8º a 11, é tratado o direito sindical com todas as 
suas especificidades, tema bastante cobrado pelas bancas de concurso.
Uma dica importante diz respeito à Reforma Trabalhista. É importante lem-
brar que essa reforma foi realizada por meio de uma lei e que as leis não podem 
retirar direitos previstos na Constituição. Os direitos constitucionais são asse-
gurados e dependem de regulamentação, sendo esse o ponto em que mais há 
influência de dispositivos como a CLT, a Lei n. 8.112/1990 e a Lei n. 13.467/2017.
RESERVA DO POSSÍVEL X MÍNIMO EXISTENCIAL
No mundo todo, a saúde é um grande problema, pois não há dinheiro sufi-
ciente para atender às necessidades de saúde de toda a população. Sabe-se 
que a expectativa dos indivíduos tem crescido a cada ano e o grande problema 
disso é que, quanto mais a população envelhece, mais se torna dependente dos 
serviços de saúde.
Esse caos não é uma exclusividade do Brasil. Essa falta de recursos começa 
a ser discutida em uma teoria alemã que é muito cobrada em provas: a teoria 
da reserva do possível. No art. 6º da Constituição Federal, está disposto que 
são direitos sociais: saúde, educação, lazer, alimentação, transporte, moradia, 
dentre outros. A questão é: o Brasil consegue assegurar todos os direitos sociais 
em plenitude para toda a sua população? 
A resposta a esse questionamento é não, pois o Estado deve atender os direi-
tos sociais na medida do possível, isto é, dentro de suas possibilidades. O pro-
blema é que, em um dado momento, a teoria da reserva do possível começou a 
ser utilizada para justificar toda e qualquer omissão estatal. Assim, para restringir 
a reserva do possível, veio a teoria do mínimo existencial.
2
Direitos Sociais
DIREITO CONSTITUCIONAL
www.grancursosonline.com.br
AN
O
TA
Ç
Õ
ES
Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online
OObs.:� é preciso ter cuidado, pois em prova o mínimo existencial pode ter outros 
nomes, como teoria dos limites dos limites, teoria das restrições das restri-
ções, teoria do minimo minimorum (latim) e também o seu nome em alemão.
No mínimo existencial, os direitos sociais serão atendidos na medida do pos-
sível, mas aquilo que for o núcleo essencial para que a pessoa tenha uma vida 
digna não pode ser negado pelo Estado.
Mas o que seria o mínimo existencial? Isso depende, pois trata-se de uma 
construção jurisprudencial e não é fechada; mas é possível dizer o que se enqua-
dra nessa situação, por exemplo: reserva de vagas em UTIs, o acesso a creches 
e pré-escolas. Pode-se dizer que saúde e educação são os temas principais, 
mas a teoria do mínimo existencial não se aplica somente a elas.
Existe uma eterna discussão entre a teoria da reserva do possível e a teoria 
do mínimo existencial justamente porque uma é o contrário da outra. Enquanto 
uma dispõe que o Estado deve atender dentro do possível, a outra dispõe que 
algumas coisas o Estado não pode negar.
Mas existe um problema que é explorado em provas discursivas: o “conse-
quencialismo” judicial. Este pode ser dividido em judicial e legislativo e, para faci-
litar o entendimento, será explicado primeiramente o legislativo. 
O Estatuto do Idoso é uma lei que foi criada para ser boa para o idoso. Nele 
há a previsão de que acima dos 60 anos de idade não pode haver reajuste no 
valor dos planos de saúde individual. Assim, quem tem maior propensão a preci-
sar de fazer uso do plano de saúde, uma pessoa mais jovem ou um idoso?
Nesse sentido, como após os 60 anos de idade as operadoras de planos de 
saúde não podem mais aplicar os aumentos progressivos de acordo com a faixa 
de idade, surgiu um problema, pois elas pararam de oferecer o serviço a quem 
tem mais de 59 anos. Assim, uma lei que foi criada para ser boa para o idoso 
acabou causando-lhe prejuízos.
Sobre esse assunto, cabe uma reflexão: quando alguém contrata a cober-
tura básica de um plano de saúde, acaba pagando um valor menor do que a 
cobertura mais completa do mesmo plano e, por esse motivo, tem acesso a um 
número menor de serviços e tratamentos. Da mesma forma, aquele que compra 
um carro básico tem menos acessórios disponíveis do que aquele que comprou 
3
Direitos Sociais
DIREITO CONSTITUCIONAL
www.grancursosonline.com.br
AN
O
TAÇ
Õ
ES
Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online
um carro completo. Entretanto, em algumas ocasiões, quando surge uma neces-
sidade específica por um tratamento de saúde que só é coberto pelo plano mais 
caro, muitas pessoas entram na justiça exigindo que a operadora do plano de 
saúde lhe conceda o serviço ou tratamento solicitado, mesmo tendo ciência, no 
momento da contratação, de que ele não fazia parte da cobertura. Isso seria o 
mesmo do que pagar por um carro básico e exigir da concessionária a entrega 
de um carro completo.
Muitas vezes o Judiciário, no caso do plano de saúde, acaba por conce-
der o serviço ou tratamento exigido ao usuário do plano, que costuma alegar o 
princípio da dignidade da pessoa humana para justificar o seu pedido. Isso traz 
algumas consequências, por exemplo: o plano de saúde pode parar de oferecer 
o plano mais barato (como pararam de oferecer o plano para os idosos); além 
disso, podem começar a negar atendimento e a fazer contas (se compensa ou 
não conceder alguns tratamentos a determinadas pessoas). 
A oOrigatoriedade de fornecimento de medicamentob por parte do Ebtado
No mínimo existencial entram leitos em UTI e também remédios de alto custo; 
porém, há uma discussão a respeito de quem deve prestar essa obrigação. O 
Estado (país) é composto pela União, Estados-Membros e Municípios, dentre os 
quais a União é aquela que detém maior poder financeiro e o Município é aquele 
que possui menor poder financeiro. Em contrapartida, quem está mais próximo 
do cidadão é o Município e quem está mais longe dele é a União, fato que gerou 
uma grande discussão a respeito da responsabilidade subsidiária.
Na responsabilidade subsidiária, o cidadão seria obrigado a procurar primeiro 
o Município, depois o Estado e, por último, a União. Já na responsabilidade soli-
dária, é possível acionar qualquer um em qualquer tempo. No Supremo acabou 
prevalecendo que a responsabilidade é solidária, e não subsidiária.
Contudo, há um problema: o Estado é obrigado a fornecer medicamentos, mas 
não é qualquer tipo de medicamento. Há remédios que são experimentais e esses 
não precisam ser fornecidos, pois o SUS trabalha com a chamada “medicina de 
resultado”, ou seja, aquilo que foi testado e aprovado como seguro e eficaz.
4
Direitos Sociais
DIREITO CONSTITUCIONAL
www.grancursosonline.com.br
AN
O
TA
Ç
Õ
ES
Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online
Nesse sentido, entra a chamada “pílula da luz” (fosfoetanolamina), desenvol-
vida por um professor da USP (Universidade de São Paulo), um medicamento 
experimental que apresentou ótimos resultados na luta contra o câncer. Ocorre 
que, em 2014, ainda no governo Dilma, uma lei federal obrigava o fornecimento 
da pílula da luz. Tal situação foi parar no STF, que declarou essa lei inconstitu-
cional, pois essa medicação ainda não havia passado pelos testes necessários 
para a sua regulamentação.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.

Continue navegando