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GESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA - correto

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GESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA 
 
 
 
 
Joyce Grazielle Alves Lima 
 
BELO HORIZONTE – MG 
 2020 
 
 
 
 
 
Joyce Grazielle Alves Lima 
 
 
 
 
 
O DIREITO À SAÚDE E GESTÃO PÚBLICA E OU 
PRIVADA 
 
 
Monografia apresentada à Banca 
Examinadora do Grupo IPEMIG, Instituto 
Pedagógico de Minas Gerais. Como requisito 
parcial para a obtenção do título de 
Especialista em Gestão em Saúde Pública. 
 
 
 
 
BELO HORIZONTE– MG - 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LIMA, Joyce Grazielle Alves 
O direito à saúde e gestão pública e ou privada / Joyce 
Grazielle Alves Lima – Minas Gerais, 2020 
53 f. 
Trabalho de Conclusão de Curso (Pós Graduação) 
Faculdade IPEMIG, Curso de Especialização em Gestão 
em Saúde Pública e da Família, 2020. 1. Saúde. 2. 
Público. 3. Privado. 4. SUS. 5. Estado. I. O direito à saúde 
e gestão pública e ou privada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
Joyce Grazielle Alves Lima 
 
O DIREITO À SAÚDE E GESTÃO PÚBLICA E OU 
PRIVADA 
 
Monografia apresentada à Banca Examinadora do Grupo IPEMIG da 
Faculdade Batista, como requisito parcial para a obtenção do título de 
Especialista em Gestão em Saúde Pública . 
Monografia aprovada em ___/___/_____ Nota: _____ 
 
_______________________________________________ 
Joyce Grazielle Alves Lima 
 
Banca Examinadora: 
_______________________________________________ 
BELO HORIZONTE – MG 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essencialmente à Deus Pai Criador, à toda 
a minha família; aos professores que durante 
todo esse processo de curso incidiram por nossa 
turma deixando parte de seus conhecimentos e, 
assim contribuindo de forma significava para o 
n osso aprendizado, enfim a mim mesma, pela 
perseverança e coragem que apresentei durante 
todo esse trajeto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
 
Para Finalizar este trabalho foi uma tarefa peno a, dadas as condições adversas em 
que foi realizado. Além de imensas persistências, cheia de altos e baixos, tropeços e angústias, 
tive a sorte de receber apoio de algumas pessoas dentre elas toda a minha família, aos 
Mestres, que repassaram de forma sábia todo os embasamentos necessários para o 
desenvolvimento deste trabalho, à todos eu gostaria de expressar meu eterno agradecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se nós estamos querendo atingir objetivos como 
universalização, equanimidade, integralidade do sistema, 
participação, é impossível que um setor importante d a 
assistência à saúde fique sujeito às leis d o mercado”. 
(Deputado constituinte Eduardo Jorge, Diário do Congresso 
Nacional, 17/7/1987:199). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Ultimamente diversos países tem reconhecido o direito à saúde como direito 
humano, e, como obrigação do Estado, buscando o aprimoramento da s ações de saúde, 
no seu mais amplo conceito, a fim de edificar uma sociedade mais livre, justa e solidária. 
No entanto, ainda há diversas falhas nos sistemas de saúde pública e privada, principalmente 
com relação à universalidade do atendimento, e com isso os indivíduos se sente m 
injustamente privados do exercício de seus direitos humanos em toda a sua plenitude; 
já devidamente normatizados e garantidos em lei, ora pela falta de informações de seus 
próprios direitos, ora por ineficácia das Leis. Em especial no Brasil, tanto o atendimento 
em saúde como o próprio conceito de saúde têm passado por diferentes progressos, 
todavia, não suficiente, precisando, portanto ainda evoluir muito. As leis têm auxiliado 
nesse progresso, apresentando mecanismos para defesa do direito à saúde, e m esmo 
instrumentos capazes de fazer a evolução acontecer, ainda que a forçadamente, por meio do 
Poder Judiciário, provocado pelas pessoas individualmente, por organizações não 
governamentais, ou mesmo pelo Ministério Público há que se atrelar ainda quando o 
quesito de ser o Sistema Único de Saúde (SUS) estrutura híbrida de gestão d a saúde, 
baseada no funcionamento simultâneo de uma rede de atendimento pública e gratuita ao 
cidadão e outra privada, que atua d e maneira complementar e conforme a s diretrizes do SUS. 
Com as restrições dos serviços e recursos investidos pelo Esta do para atender as 
demandas de saúde da população brasileira, o setor privado vem atuando sob a forma 
de planos e seguros d e saúde, bem como de hospitais, clínicas, laboratórios, e consultórios 
particulares, daí uma grande contradição clara na questão da proposta de universalidade 
do SUS e a atuação da rede privada é ponto de partida para articulações e movimentos 
contra a tendência de privatização do setor da saúde. E também, as transferências de recursos 
públicos para os planos e seguros privados, o difícil ressarcimento das ações prestadas pelo 
S US aos usuários de planos de saúde privados como ainda a precariedade que vem 
caracterizando o crescimento desordenado da oferta privada, dentre muitas outras 
demandas. 
 Palavras-Chave: Saúde. Público. Privado. SUS. Estado. 
 
 
 ABSTRACT 
 
Lately, several countries have recognized the right to health as a human right, and as an 
obligation of the State, seeking the improvement of health actions, in its broadest concept, in 
order to build a freer, fairer and more solidary society. However, there are still several failures 
in public and private health systems, mainly concerning the universality of care. Therefore, 
individuals feel unjustly deprived of the exercise of their human rights in all its fullness; already 
duly standardized and guaranteed by law, sometimes for lack of information about their own 
rights, sometimes for inefficacy of laws. Especially in Brazil, both health care and the very 
concept of health have undergone different progress, but not enough, and therefore still need to 
evolve a lot. Laws have helped this progress, presenting mechanisms to defend the right to 
health, and also instruments capable of making the evolution happen, even if forcibly, through 
the Judiciary Power, provoked by individuals, non-governmental organizations, or even by the 
Public Prosecutor's Office, even when the requirement of being the Unified Health System 
(SUS) hybrid structure of health management, based on the simultaneous operation of a public 
and free service network to the citizen and a private one, which acts in a complementary way 
and according to SUS guidelines. With the restrictions of the services and resources invested 
by the State private sector has been acting in the form of health plans and insurance, as well as 
hospitals, clinics, laboratories, and private offices, hence a clear contradiction in the proposal 
of universality of the SUS and the action of the private network is the starting point for 
articulations and movements against the trend of privatization of the health sector. Also, the 
transfer of public resources to private plans and insurance, the difficult reimbursement of the 
actions provided by S US to users of private health plans, as well as the precariousness that has 
characterized the disorderly growth of private supply, among many other demands. 
 Keywords: Health. Public. Private. SUS. States.
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO........................................................................................12 
2 O DIREITO À SAÚDE NO BRASIL .....................................................06 
 2.1 SAÚDE PÚBLICA.............................................................................. 15 
 2.2 – SAÚDE PRIVADA........................................................................... 18 
3 OS INSTRUMENTOS CONSTITUCIONAIS E 
INFRACONSTITUCIONAIS DE PROTEÇÃO À SAÚDE PÚBLICA OU 
PRIVADA....................................24 
 3.1 O PUBLICO E O PRIVADO NA SAÚDE, SUAS DIFERENÇAS....33 
 3.2 RELAÇÃO ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO NA SAÚDE 
BRASILEIRA...............................................................................................34 
4 UNIVERSALIDADE, EQUIDADE E ACESSO A SAÚDE DE FORMA 
JUSTA ...................................................................................................................... 36 
5 CONCLUSÃO ..........................................................................................48 
6 BIBLIOGRAFIA........................................................................................50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO: 
 
 É da república Federativa d o Brasil de 1988), institui, em seu art. 196, que 
a saúde é direito d e todos e dever do Estado, garantindo , assim, mediante políticas 
públicas, sociais e econômicas; as quais têm como objetivo a redução dos riscos de 
doenças e de outros agravos como ainda ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. O art. 19 8, ainda da citada 
Constituição dispõe ainda que as ações e serviços públicos de saúde unificam uma rede 
regionalizada e hierarquizada constituindo assim o que conhecemos como sendo o Sistema 
Único de Saúde - SUS. É notório que a construção do SUS vem se 
aquilatando/aperfeiçoado, todavia, o Brasil ainda encontra-se longe de dedicar a mesma 
atenção à Saúde Pública que os demais países que detêm um sistema público e universal, 
tais como Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, Canadá dentre outros. Para atesta r 
essa afirmação, basta lembrar que, em 20 09, enquanto o SUS gastou 4 ,0% do produto 
interno bruto (PIB), o gasto público em saúde nos países mencionados foi, em média, 
7,0%. Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde, a participação do gasto 
público no total da despesa com saúde também é baixo no país: cerca de 44,1%. Nos 
demais países, o percentual é, em média, 80%. No caso brasileiro, ainda, é significativo 
o incentivo concedido pelo governo federal à saúde privada, na forma de redução de 
Imposto de Renda a pagar da pessoa física ou jurídica, o que é aplicado sobre despesas 
com plano de saúde e/ou médicas e similares. Portanto, tal Sistema, o (SUS) proposto 
na Constituição Federal de 1988 ainda é uma aspiração a ser perseguida, sobretudo no 
que se refere à igualdade de ingresso e à qualidade da atenção. Assim sendo, está obvio 
e claro que é necessário a implantação urgente de políticas publicas mais direcionadas 
quanto aos serviços oriundo do Sistema Único de Saúde (SUS), como ainda o papel do 
gestor dentro deste processo , acrescido ainda ao que tange as questões de seus avanços 
e limitações, e, também como se dá esse processo gestor público e privado da 
saúde. As excitações que levaram a desenvolver essa pesquisa , abordando tal tema; 
nasceram, em grande parte, do que se observa no dia-a-dia: como a falta de estrutura das 
instituições de saúdes, as filas enormes p ara se ter acesso a um serviço tão basilar e 
fundamenta l, já defendido pela nossa Constituição, mas que, infelizmente o que tem 
13 
 
 
ocorrido é o processo reverso. Sabendo que o modelo de saúde em vigo r está sendo 
seriamente rediscutido, da í a relevância d e se repensar as questões acima alinhavadas e 
de aprofundar o estudo das dificuldades inerentes à construção de um sistema único de saúde 
assinalado pela equidade, qualidade, eficácia, eficiência e a participação social, 
considerando que uma das dificuldades diz respeito à atuação (ou não) d o gestor 
estadual no processo. A escolha do tema deveu -se ainda ao fato de se conhecer uma boa 
parcela de usuários que dependem do Sistema Único de Saúde e com isso se observa que 
tais necessidades acabam que por não ser devidamente atendida, tanto em âmbito municipal, 
estadual quanto federal. Desde a Constituição Federal de 1988, iniciou -se o processo de 
constituição do Sistema Único de Saúde, regulamentado pelas Leis nos 8.080 e 8.142, 
de 1 990. Em linhas gerais, se propunha que a União lançasse as normas gerais para o 
setor e que os Municípios tivessem autonomia para executar a política de saúde de 
maneira ajustada às suas condições e/ou prioridades locais. Nessa conjuntura, competiria 
ao Estado o papel de coordenador, avaliador e intermediador d a política de saúde entre 
os Municípios. Contudo, desde aquela época até então, percebe-se que o Estado tem 
mostrado dificuldades em assumir seu novo papel, gerando um visível esvaziamento da 
esfera estadual nas ações de saúde, em outras palavras: uma ineficácia. Além das 
responsabilidades inerentes tanto na esfera municipal, estadual e federal, compete a inda 
a os Esta dos constituído s p elas suas Secretarias de Saúde a responsabilidade dos go 
vernos estaduais e m instituir suas próprias políticas de saúde e auxiliar no cumprimento 
e execução das políticas nacionais injetando recursos próprios como ainda aqueles 
recursos repassados pela União. E, consequentemente os Estados também repassam verbas 
aos se uns municípios. Além disso, os estados coordenam sua rede de laboratórios e 
hemocentros, determinam os hospitais de referência e gerenciam o s locais de atendimentos 
complexos d a região. Os obstáculos para que o Estado desempenhe bem suas atribuições 
deve-se a diversos fatores. 
 
 
 
 
 
 14 
 
Podemos citar três desses aspectos, dentreoutros, que serão abordados no percurso do 
desenvolvimento deste TCC. O primeiro diz respeito ao excessivo número de norma s 
difundidas pelo Ministério da Saúde, que faz com que Estado s e Municípios mal tenham 
tempo de se amoldar-se às normas antes que surjam n ovas mudanças, suscitando, assim, 
um processo de permanentes adaptações e readaptações nas ações de saúde , e com isso 
há um “atropelamento” no processo de adequação do sistema . O segundo refere-se à 
excessiva centralização dos recursos na esfera federal , isto, devido a um processo de 
repartição de competências mista; que é adota no Brasil, seguindo exemplos dos EUA e 
Alemanha, e , dentro deste contexto, toca aos estados e demais entes federativos uma 
competência remanescente (art. 25, §1º da CRFB/88), e, à interdependência entre o 
cumprimento de tantas normas e o recebimento dos recursos. O terceiro envolve o 
despreparo da maioria dos Municípios para arcar com as responsabilidades que atualmente 
lhes cabem. Este é um trabalho monográfico do curso de especialização em Gestão em 
Saúde Pública e da Família e, portanto, sua metodologia se respalda em pesquisas 
bibliográficas, onde se procura explana r tal problemática a través de teorias publicadas 
em algumas obras do referido gênero . 
 Objetivando assim, conhecer e analisar as principais contribuições teóricas 
existentes sobre o tema em questão, tornando-se, portanto, um instrumento indispensável 
para qualquer pesquisa. Assim, tal pesquisa lança como embasamentos algum a obras 
como: BASTOS (1988 ), BONAVIDES (2000), DAL LARI (1993;2002), JÚNIOR (2004), 
PIOVERSAN (1998) e SILVA (1968; 2001), entre outros. Como a inda consultas a 
diversos documentos como: CRFB/88, Leis 9.656/98, 8.080/90 dentre outras e ainda 
leituras em documentos pertinentes ao assunto pertencentes ao SUS (Sistema Único de 
Saúde), OMS Organização Mundial de Saúde, ONU (Organização das Nações Unidas), 
CEP (Comitê de Ética e Pesquisa). A partir disso, foi presumível fazer uma interconexão 
entre a s teorias do direito constitucional e do processo de formação do Estado federativo 
com a teoria da construção histórica da saúde pública no Brasil e os impasses gerados 
na atuação d o Estado como esfera intermediária entre a União e os Municípios da saúde no 
âmbito Público e Privado. Assim, este trabalho está estruturado, além desta Introdução e 
das Considerações finais, mais 4 tópicos. No tópico 2 busca -se apresentar de forma 
objetiva em embasada o Direito à Saúde no Brasil, onde se é possível discutir sobre a 
 
 
 
 15 
 
 
questão do público e do privado na saúde; o tópico 3 vem traçando os remédios 
constitucionais e infraconstitucionais que surgem como proteção à esse direito à saúde 
sendo ela pública e/ou privada e por fim o tópico 4 o qual vem traçar dessa 
universalidade e equidade no acesso a saúde pública. 
 
 2 O DIREITO À SAÚDE NO BRASIL: 
 O Direito à saúde é parte integrante e indissolúvel de um conjunto de direitos 
chamados de direitos sociais, reconhecidos e protegidos dentro da Constituição Federal 
Brasileira de 1988, conhecido ainda como direito de segunda geração, segundo Paulo 
Bonavides e que têm como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. 
Segundo defende o jurista Luiz Roberto Barroso (2009, p.10): 
 
O Estado constitucional de direito gravita em torno da dignidade da pessoa humana e da 
centralidade dos direitos fundamentais. A dignidade da pessoa humana é o centro de irradiação dos direitos 
fundamentais, sendo frequentem ente identificada como o núcleo essencial de tais direitos. 
 O capítulo II da nossa Constituição, que trata Dos Direitos Sociais, já traz como 
artigo inicial, o art. 6º, “capit.” todo embasamento constitucional a garantia do direito à 
saúde no Brasil: 
 São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
 Observe que no Brasil este direito apenas foi reconhecido n a Constituição Federal 
de 1988, antes disso o Estado apenas oferecia atendimento à saúde para trabalhadores com 
carteira assinada e suas famílias, os d e mais tinham acesso a estes serviços como um 
favor e não como um direito. Durante a Constituinte de 1988 as responsabilidades do 
Esta do são repensadas e promover a saúde de todos passa a ser seu dever: 
 
 
 
 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco 
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
 
 
 
 
 16 
ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação. Constituição 
Federal de 1988, artigo 196. 
 
 E ainda o art. 199 §1º da CRFB/88 determina mais: 
 
 Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada 
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma 
complementar do sistema único d e saúde, segundo diretrizes deste, 
mediante contrato d e direito público ou convênio, tendo preferência as 
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
 
 Assim, tais artigos não devem ser lidos somente como uma promessa ou uma 
declaração de intenções, mas antes deve ter uma aplicabilidade imediata, sendo, portanto, 
um direito fundamental do cidadão, isto é, pode e deve ser cobrado. A saúde é assim 
classificada por se tratar de um direito de todos e , mesmo porque sem esta não pode 
haver uma qualidade de vida tão bem defendida na nossa CRFB/88, e é, portanto, uma 
obrigação estatal, já que se trata de um instrumento financiado por meio d os impostos que 
são imputados à toda a população de forma erga -omnes (geral). Logo, para que o direito 
à saúde possa vir a ser uma realidade, é preciso que este gestor maior ( Estado); a quem 
delegamos poderes, crie condições de atendimento nos locais destinado a o atendimento 
médico-hospitalar, tais como: postos de saúde, hospitais, programas de prevenção, como 
ainda na questão da dispensação de medicamentos, dentre outros meios, e também é 
preciso que este atendimento seja universal (atingindo a todos os que precisam) e integral, 
ou seja, garantindo tudo o que a pessoa precise, e, que tais serviços cheguem à maior 
quantidade de pessoaspossível. A saúde pública não pode oferecer serviços de vanguarda 
para determinadas pessoas e descuidar das condições d e saúde das demais, já que parte 
de um princípio coletivo e comunitário e não pessoal. Ao depender do Estado, a saúde 
pública não deve fazer quaisquer descriminações entre os habitantes de uma mesma região. 
 
Assim, observe-se o que consolida essa Ação de Inconstitucionalidade: 
"Consolidou-se a juris prudência desta Corte n o sentido de que, 
embora o art. 196 da Constituição de 1988 traga norma de caráter 
programático, o Município não pode furtar - se do dever de propiciar os 
meios necessários ao gozo do direito à saúde por todos os cidadãos. Se 
uma pessoa necessita, para garantir o seu direito à saúde, d e tratamento 
médico adequa do, é dever solidário da União, do Estado e do Município 
 
 
 
 17 
 
providenciá-lo." ( AI 550 .530-AgR, rel. m in. Joaquim Barbosa, 
julgam em 26- 6-2012,Segunda turma , DJE de 16-8-2012.) 
 
Hoje se tem como objeto central de debates intensas discussões sobre tal 
reconhecimento, qual seja; o do direito à Saúde, pois, enquanto há o argumento jurídico 
ligado aos direito s sociais, também existe resistência na defesa de ser a saúde um bem 
econômico. Contudo dentro d as mais diversas espécies de Estados, há unanimidade em 
desejar que a saúde seja versada como direito. Para que se possa compreender e 
reconhecer o direito à saúde, necessário se faz perceber que tal bem (a saúde) se 
apresenta de vários aspectos, os quais se interagem, proporcionando um completo bem 
-estar físico, mental e social. É notório que esse conjunto inclui o equilíbrio d o ser 
humano com se u meio, uma vez que, o sujeito jamais foi ou é puro espectador da 
natureza, m as antes fazendo parte e interagindo com a mesma diretamente. Assim, a 
estabilização da natureza serão reflexos diretos sobre o estado d e saúde desses sujeitos. 
Tal interação do homem com o meio traz uma consequência: apresenta a saúde como 
um direito cujo sujeito não é um indivíduo, ou alguns indivíduos, mas todo um grupo, 
ou até mesmo a humanidade, pois o meio ambiente saudável não é bem indivisível. José 
Afonso da Silva (2002, p.285-286) conceitua os direitos sociais como sendo: 
 [...] prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou 
indiretamente, enunciadas nas normas constitucionais, que possibilitam 
melhores condições de vida aos m ais fracos, direitos que tendem a realizar 
a igualização das situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que 
se ligam ao direito d e igualdade. Valem como pressupostos do gozo dos 
direitos individuais na medida em que criam condições materiais mais 
propícias ao aferimento da igualdade real, o que, por sua vez, proporciona 
condição m ais compatível com o exercício efetivo da liberdade. 
 
 Logo se conclui que a saúde, quanto direito humano, só pode ser obtida em um 
Estado de Direito, já menciona do anteriormente. Daí a carência de uma positivação do s 
direitos humanos, o que já vem ocorrendo mesmo que a passos lentos. Partindo dessa 
premissa é que já vem surgindo alguns documentos sobre direitos humanos, e aos poucos 
se tem concluído que os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais se 
mostram de forma interdependentes, e só com o pleno exercício de todos estes direitos 
é que será possível a existência da pessoa humana, o ideal do homem livre. 
 
 
 
 
 18 
 
A ide ia deste sistema unificado de saúde está diretamente ligada à responsabilidade 
estatal; onde se sabe que o objeto principal Sistema Único de Saúde vai muito além do 
que se observa e se imagina ser, como: a disponibilização de centros de apoio à saúde, 
onde os usuários possam acessar quando precise, no entanto, a ideia vai bem mais além, 
pro põe -se que seja possível atuar antes disso, com ações preventivas, ampliando a 
abrangência e o escopo das ações da atenção básica, b em como sua resolubilidade, 
evitando assim, situações mais onerosas aos cofres públicos, uma vez que, tratar uma 
do- ença se torna bem m ais oneroso que preveni-la e tais ações de vem ser realizadas 
através dos agentes de saúde que visitam frequentemente as famílias p ara se antecipar 
 
os problemas e conhecer a realidade de cada família, encaminhando as pessoas 
para os equipamentos públicos de saúde quando necessário. 
 Desta forma, organizado com o objetivo de resguardar, 
o SUS deve promover e recuperar a saúde de todos os 
brasileiros, independente de qualquer condição ou situ ação. 
Infelizmente é sabido que tal sistema ainda não está 
completamente organizado existindo, portanto, diversas f 
alhas; podendo -se afirmar que uma ineficácia do que se foi 
é proposto por tal Sistema, no entanto, seus direitos estão 
garantidos e devem ser cobrados para que sejam cumpridos. 
O Decreto nº 7 .508, de 28 de junho de 2 011 foi muito 
bem redigido e está ai p ara que tais diretos possam ser 
garantidos e desta feita de forma mais absorvente. 
 
Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para 
dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o 
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação federativa, e 
dá ou trás providências. 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
Vejamos alguns direitos que nos são ressalvados ainda dentro da nossa 
Constituição, apesar de que na sua grande maioria ainda chega a ser necessário 
reescrevê-las nas Constituições Esta duais, como ainda por meio de Resoluções, Decretos, 
 
Leis Complementares para que se cumpra p elo menos em p arte tais direitos como é o 
caso da Lei Estadual (São Paul o) Nº 10.241, d e 17/03/1999. Pareceres dos Conselhos de 
Medicina . Resolução Nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que determina: Ter acesso 
ao conjunto de ações e serviços necessários para a promoção, a proteção e a recuperação 
da sua saúde. 
Ter acesso gratuito a os medicamentos necessários para tratar e 
restabelecer sua saúde . Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo 
possível e hábil para que possa ser preservada a sua saúde. 
 
 Enfim, são inúmeros os direitos mencionados e respaldados dentro destes 
mecanismos legais já mencionados, mas que infelizmente na sua grande maioria a 
“engrenagem” acaba que não funcionando da maneira como deveriam, deixando assim 
muito a desejar e, consequentemente trazendo prejuízos para a grande maioria dos 
usuários que pagam caro para ter acesso a tais serviços, que a priori tem -se a ideia de 
seriam tais serviços prestados de forma gratuita,mas que na realidade não é bem assim. 
 Se Partir do principio Constitucional, todos têm direito a saúde, que deverá ser 
oferecida através da integração do SUS, muito embora, de certa forma deficitária, já que, 
como mencionado, deixa muito a desejar tanto no pronto atendimento como ainda no 
tratamento dispensado ao doente. Ainda, a prevenção para redução dos riscos da doença 
está longe de ser considerada como aceitável. É quase que ineficaz o pouco investimento 
proporcionado na área da saúde para que a determinação legal tenha eficácia plena. 
 Importante de cisão sobre saúde, que merece destaque especial foi proferida pelo Excelso 
Supremo Tribunal Federal que deixa claro de que: 
 “O direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa 
jurídica da República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente 
tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder 
Público, a quem incumbe formular – e implementar – políticas sociais e 
econômicas que visem a garantir, aos cidadãos, o acesso universal e 
 
 
 
 
 20 
 
igualitário à assistência médico -hospitalar. O caráter programático da regra 
inscrita no art. 196 da Carta Política – que tem por destinatários t odos 
os entes políticos que com põem, no plano institucional, a organização 
federativa do Estado Brasileiro – não pode converter -se em promessa 
institucional sob pena d e o Poder Público, fraudando justas expectativa s 
nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o 
cumprimento de seu impostergável dever por um gesto de infidelidade 
governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado” 
(RE 267.612 – RS, DJU 23/08/2000, Rel. Min. Celso de Mello). 
 
 É fato; se analisarmos com acuidade o teor da redação desta decisão, pode se 
observar que fica bem resumido de que é de responsabilidade do Poder Público, tal 
responsabilidade quanto ao cumprimento das normas constitucionais e ordinárias que 
regulamentam a saúde pública, e que deve prestar um atendimento que satisfaça as 
necessidades das pessoas. A nossa Carta magna resguarda não só a cura como a 
prevenção de doenças por meio de medidas que asseguram a integridade física e psíquica 
do ser humano como consequência direta do fundamento da dignidade da pessoa humana, 
cabendo , portanto, a o Estado dar a efetiva proteção. É bom lembrar, que quando se 
fala de Estado, está compreendido todos os entes federativos, quais sejam: a União, o 
Estado e os Municípios, já que, tal competência é comum ao entes federados e, portanto, 
de responsabilidade do poder Público tanto em nível de União, como d e Estados, de 
Distrito Federal e de Municípios, incumbindo a estes “cuidar da saúde e assistência 
pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência”, conforme o artigo 
23, inciso II da CRFB. O completo acolhimento proporcionado diretamente pelo Município 
ou SUS, tem de atender suficientemente as demandas e necessidades de cada cliente, 
tanto no que diz respeito a prestação dos serviços médicos de consultas quanto na 
realização de quaisquer tipos de exames que se fizerem necessários ao completo 
diagnóstico do médico. E, na situação em que o cliente não disponha de condições 
financeiras para adquirir as medicações ora prescritas pelo profissional da saúde ( médico), 
de vem buscar o posto de saúde local ou serviço de assistência social de seu município 
para que tenha acesso de forma rápida, “gratuita” e necessária tais medicamentos e no 
caso de não concessão por estes, podem fazer valer os seu s direitos através de uma 
ação judicial. Existem reiteradas decisões dos Tribunais quanto a questão da obrigação 
 
 
 
 21 
 
do Estado no fornecimento de medicamentos aos pacientes desprovidos financeiramente, 
que não possuam recursos para a aquisição dos medicamentos que necessitam. O 
medicamento é essencial à vida das pessoas e não podendo ser negado a quem deles 
necessita. É situação em que poderá até o Poder Público se r passivo em uma ação de 
reparação em caso do não cumprimento e que tal omissão venha gerar prejuízos ao 
usuário deixando -o com sequelas em detrimento da ausência de atendimento médico ou 
fornecimento de medicamentos dentro do prazo adequado para evitar um dano ao próprio 
corpo. 
Conforme Dallari (1996) esclarece que, o direito a saúde é um direito social 
individual e coletivo, uma vez que o indivíduo tem que zelar pela igualdade sem 
qualquer discriminação, no direito individual, mas também, pensando no coletivo, para o 
desenvolvimento da sociedade onde se habita . Evidencia-se assim, a dificuldade existente 
em garantir o direito a saúde quando se leva e m conta a intensidade d o significado do 
termo saúde e a complexidade do direito que depende do equilíbrio entre a liberdade e 
a igualdade permeado pela necessidade de conhecimento do direito do estado ao 
desenvolvimento. Descobrir o meio de garantir efetivamente o direito à saúde é tarefa 
que se impõe de modo iniludível aos atuais constituintes brasileiros. Não é suficiente 
afirmar que todos têm direito à saúde: é indispensável que a Constituição organize os 
poderes do Estado e a vida social de forma a garantir a cada sujeito o seu direito (Dallari, 1988). 
A forma de o cidadão garantir se u direito à saúde é ter conhecimento d os seus diretos 
além de participar d as ações de controle social, possibilitando ao usuário o exercício de sua 
cidadania. 
Dallari (1988, p.62) declara: 
 Quando o Brasil reconhece constitucionalmente que todo o povo 
tem direito à saúde e que esse direito tão com plexo só pode ser definido e 
garantido pelo município, se terá dado o primeiro passo para conquista 
efetiva da saúde para todos . 
 
 Partindo desses pressupostos a saúde é adotada como direito na Declaração 
Universal de Direitos Humanos (ONU), mesmo que indiretamente, garantida como 
decorrência do direito a um nível de vida adequado, que possa trazer a saúde. 
Segundo adverte Dallari, 2002, p. 38: 
 
 
 
 22 
 Os documentos internacionais relativos a direitos hum anos 
conceituam saúde de forma ampla, desde o direito de um indivíduo à 
assistência médica em caso de doença, até a necessidade do direito do 
Estado ao desenvolvimento, implícito no direito a um nível de vida que 
proporcione a dignidade humana. 
 
 A saúde no âmbito do direito humano determina a ação positiva do Estado, isto 
é, um caráter positivo e não um absenteísmo estatal, isto para preservar as liberdades 
fundamentais, a través do Poder Judiciário, seja para a realização de políticas públicas 
direcionadas a reduzir as desigualdades.E o Estado detentor dessa missão quanto à 
saúde, o gestor tem de reconhecer a supremacia d a vontade geral sobre o particular, 
defendida por Rousseau, e, saber o que é o interesse público em um Esta do de Direito: 
esse interesse público é definido nos textos legislativos, que representam a vontade do 
geral, e tudo deve ser feito em sua defesa, até mesmo proteger a saúde contra os 
desatinos dos cidadãos. Logo, no núcleo do Direito, é possível afirmar que o Direito à 
Saúde está diretamente ligado aos Direitos Humanos, pela sua própria natureza universal; 
ao Direito Administrativo, pelo envolvimento com a gestão pública; ao Direito 
Constitucional, por suas disposições na Constituição Federal; ao Direito Regulatório, por 
sua necessidade de controle social; a o Direito Internacional, por sua abordagem e m T 
ratados e Convenções Internacionais; Direito do Trabalho, p ela necessidade das práticas 
de preservação da saúde dentro do ambiente de trabalho; e a outros ramos. 
 
 2.1 SAÚDE PÚBLICA 
A Saúde Pública visa com bater os fatores condicionantes da propagação de 
doenças, o u seja, tenta manter um controle das incidências nas populações através de 
ações de vigilância e d e investigações governamentais, é ainda viabilizada por meio da 
ação estatal. Uma das mais citadas definições de Saúde Pública f oi apresentada por 
Edward Amory (1877–1957), nos EUA, 1920. Assim, foi realizada. 
 
 A arte e a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida, 
promover a saúde e a eficiência física e mental mediante o esforço 
organizado da comunidade . Abrangendo o saneamento do meio, o controle 
das infecções, a educação dos indivíduos nos princípios de higiene pessoal, 
a organização de serviços médico s e de enfermagem para o diagnóstico 
 
 
 
 23 
 
precoce e pronto tratamento das doenças e o desenvolvimento de um a 
estrutura social que as segure a cada indivíduo na sociedade um padrão 
de vida adequado à manutenção da saúde. 
 
Assim, tal conceito clássico de Saúde Pública define o termo como a arte e a 
ciência de prevenir doenças, prolongar a vida, possibilitar a saúde e a eficiência física 
e menta l a través d o esforço organiza do da comunidade. Tal questão engloba diversas 
medidas apropriada para o incremento de uma composição social adequada a proporcionar 
a todos os indivíduos d e uma sociedade a condição de saúde necessária. Tal definição 
é ainda utilizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o principal órgão 
internacional que visa à manutenção do bem-estar físico, psíquico e social. 
 A atuação do Estado é fundamental na promoção da Saúde Pública. É o poder 
estatal que deve estabelecer de acordo com suas questões sociais e políticas fazendo 
aplicar os serviços médicos na organização do sistema de saúde. A Saúde Pública visa 
combater os fatores condicionantes da propagação de doenças, o u seja, tenta manter um 
controle das incidências nas populações por meio de ações d e vigilância e de 
investigações governamentais. 
 
 No Brasil a Saúde Pública incide d e personalidades respeitáveis como Oswaldo 
Cruz e Carlos Chagas. 
Conforme esclarece FILHO, 2003, p19: 
Na fase heroica dos institutos pesquisas, muitos médicos atuavam 
ao mesmo tempo com o cientistas e com o sanitaristas. Seguindo o 
exemplo de Oswaldo cruz, Emilio Ribas e Vital Brasil, seus discípulos 
realizavam pesquisas laboratoriais e, paralelamente, empreendiam 
arriscadas viagens pelo interior do Brasil , dando continuidade e seus 
estudos e oferecendo soluções práticas para os problemas sanitários das 
regiões visitadas (...) 
 
 E, a inda de proeminentes instituições como o Instituto Vital Brasil, Butantã ou 
Adolfo Lutz. Tais institutos de pesquisa e aperfeiçoamento do combate à s doenças 
referenciais no que se refere à saúde no país. São, por outro lado, exemplos isolados 
de atividade competente e importante da Saúde Pública brasileira. Já o grande instrumento 
de atendimento populacional no combate e controle de doenças é o conhecido SUS, 
 
 
 
 24 
 
Sistema Único de Saúde, o qual tem sido alvo de múltiplas críticas e m função da 
precariedade dos serviços proporcionados, da insuficiência mão -de-obra qualificada para 
atender a grande demanda populacional, como ainda a grande demora na solução de 
problemas por causa d e uma grande sobrecarga burocrática, sendo preciso algumas vezes 
o usuário ter acionar o poder judiciário para ter tal direito atendido e respeitado. 
Entretanto, nã o pode negar que mesmo a passos lentos o sistema de Saúde Pública 
brasileiro passo u por certas evoluções, se observarmos todo seus histórico. No período 
colonial, não havia qualquer medida de combate ou prevenção de doenças. Quando 
alguém era a cometido de qualquer enfermidade tinha de recorrer a mitos e crenças. 
Conforme esclarece FILHO, 2003. P.6: 
 Os poucos médicos e cirurgiões que s e instalaram no Brasil 
encontraram todo tipo de dificuldades para exercer a profissão. Além do 
imenso território e da pobreza da maior parte dos habitantes, que não 
podiam pagar um a consulta, o povo tinha medo de submeter aos 
tratamentos. Baseados em purgantes e sangrias. Em vez d e recorrer aos 
médicos formados na Europa, a população colonial rica ou pobre, 
preferia utilizar os remédios recomendados pelos curandeiros negros ou 
indígenas . 
 
Tal deficiência no sistema de saúde só f oi moderadamente diminuída, quando do 
surgimento da criação das primeiras Santas Casas de Misericórdia. Mesmo assim, as 
melhorias só surgira m com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, e m 1808, 
período em que foram criadas as primeiras escolas de medicina do país. Entretanto foram 
as únicas medidas governamentais até a chegada da República. A capital do país, por 
exemplo, era carente de saneamento básico e fornecendo então condições propensas a 
disseminação para diversas doenças. As classes trabalhadoras não tinham qualquer amparo 
do governo federal no caso de doenças e acidente s, o que só foi conquistado após muitas 
manifestações e a ocorrências das grandes greves da década de 1910. Mesmo assim, a 
atuação do Estado expandiu –se ligeiramente. Na década de 1920 foram criadas as Caixas 
de Aposentadoria e Pensão e, já na década de 193 0, os Institutos de Aposentadoria a 
Pensão. Todos atendiam apenas os trabalhadores urbanos e, mesmo assim, somente 
determinadas categorias. O crescimento das políticas públicas foi lento, com o já 
mencionado anteriormente e o atendimento em grande medida à população só ocorreu 
 
 
 
 25 
 
em 1960, abrangendo as mais diversas categorias d e trabalhadores urbanos. Os trabalhado 
res rurais, por sua vez, só foram contemplados três anos mais tarde, em 19 63,na teoria. 
O período militar fez algumas melhorias no sistema de assistência pública de saúde, mas 
também abriu espaço para a atividade privada, o que causou a grande explosão dos 
convênios médicos no Brasil. Foi ao lado dos procurados planos médicos que a estrutura 
da Saúde Pública no país foi reformada, gerando o atual Sistema Único de Saúde que 
se encontra em atual vigência. 
 
 2.2 - SAÚDE PRIVADA 
 
 Como já citado acima a saúde pública encontra -se inserida no SUS, regulamentada 
pela Lei n° 8.080/90, ao passo que a saúde privada é regida por legislação própria e 
diversa, obedecendo é claro os parâmetros legislativos do Estado.. 
 Nesse diapasão, para melhor compreender o âmbito da reflexão deste subtítulo, 
é esclarecedora a seguinte transcrição de texto dos Professo res Juliana de Souza Gouvêa 
Russo e Marlon Russo: 
 
 A assistência privada à saúde no Brasil é feita por médicos, 
odontólogos, clínicas, laboratórios, hospitais. A prestação dos serviços 
pode ser contratada de forma direta, com ajuste e cobrança de honorários 
dos tom adores, ou por intermédio de planos privados de assistência à 
saúde. A Lei n.º 10.18 5/2001 dispõe, em seu artigo 2.°, que o seguro -
saúde enquadra -se como plano priva do de assistência à saúde e a 
sociedade seguradora especializada em saúde como operadora de plano 
de assistência à saúde . Por esse motivo, no presente trabalho, a expressão 
plano de saúde é utilizada no sentido legal, englobando o seguro -saúde. (O 
CNJ e os desafios da efetivação do Direito à Saúde – 1.ª edição, Belo 
Horizonte: Editora Fórum ; 2011, p. 182). 
 
O favoritismos a estes prestadores privados tem colaborado para essa intensa 
multiplicidade tornando , portanto, uma marca característica do sistema de saúde brasileiro. 
Estudos efetivados por Hanson (1995), que abordava o final dos anos 8 0 e inicio d a 
 
 
 
 
 26 
 
década de 90, o território brasileiro era um dos que a presentava o maior número de 
leitos 
 
privados per capita , entre 52 países de baixa e media renda nos continentes 
americano , africano e asiático — 2,5 leitos privados por pessoa comparado a media de 
0 ,45 leitos privados por habitante para o conjunto dos países estudados. 
 
É preciso que a sociedade, em seus diversos segmentos, especialmente na questão 
da saúde, promova amplo debate, a fim de que as melhores soluções sejam viabilizadas, 
m inimizando as controvérsias existente s, posto que se, por um lado, as operadoras de 
planos e seguros de saúde, atrela dos à iniciativa privada da qual fazem parte, atuam no 
mercado sob -regime empresarial, por outro lado, não se pode deixar de considerar que 
as operadoras lidam com o mais precioso bem do ser humano, que é a vida, da qual a 
saúde é corolário. Assim sendo, as regras empresariais para a área da saúde devem ser 
encaradas com as devidas cautelas, pois a possibilidade de dano irreversível ou irreparável 
é evidente. 
 A lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 em seu título III que trata dos 
serviços privados de assistência à saúde, em seu capítulo I fundamenta tal funcionamento 
da seguinte forma: 
Art. 20. Os serviços privados de assistência à 
saúde caracterizam -se pela atuação, por iniciativa própria, 
de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de 
pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção 
e recuperação da saúde. 
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa 
privada. 
 Art. 22. Na prestação de serviços privados de 
assistência à saúde, serão observados os princípios éticos 
e as normas expedidas pelo órgão d e direção do Sistema 
Único de Saúde (S US) quanto às condições para seu 
funcionamento. 
 Art. 23. É vedada a participação direta o u 
indireta de em presas ou de capitais estrangeiros na 
assistência à saúde, s alvo através de doações de 
 
 
 
 27 
 
organismos internacionais vinculados à Organização das 
Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de 
financiamento e em préstimos . 
 § 1° Em qualquer caso é obrigatória a 
autorização do órgão de direção nacional do Sistema 
Único de Saúde (SUS), submetendo -s e a seu controle 
as atividades que f orem desenvolvidas e os instrumentos 
que forem firmados 
 
. § 2° Excetuam -se do disposto neste artigo os 
serviços de saúde mantidos, em finalidade lucrativa, por 
em presas, para atendimento de seus empregados e 
dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social. 
 E, assim continuando em seu capítulo II, 
vem abordando quanto à participação 
complementar, qual seja: 
 Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem 
insuficientes para garantir a cobertura assistencial à 
população de uma determinada área, o Sistema Único de 
Saúde (SU S) poderá recorrer aos serviços ofertados pela 
iniciativa privada. Parágrafo único. A participação 
complementar dos serviços privados será formalizada 
mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as 
normas de direito público. 
 Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as 
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão 
preferência para participar do Sistema Único de Saúde 
(SUS). 
Art. 26. Os critérios e valores para a 
remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura 
assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do 
Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no Conselho 
Nacional de Saúde. 
 § 1° Na fixação dos critérios, valores, formas 
de reajuste e de pagamento da remuneração aludida n 
este artigo, a direção nacional do Sistema Único de 
Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato em 
 
 
 
 
 28 
 
demonstrativo econômico -financeiro que garanta a efetiva 
qualidade de execução dos ser viços contratados. 
 § 2° Os serviços contratados submeter-se às 
normas técnicas e administrativas e aos princípios e 
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o 
equilíbrio econômico e financeiro do contrato. § 3° 
(Vetado). 
§ 4° Aos proprietários, administradores e 
dirigentes de entidades ou serviços contratados é vedado 
exercer cargo de chefia ou função de confiança no Sistema 
Único de Saúde (SUS). 
 
 
 Normalmente a forma como o Estado está organizado para produzir os serviços 
de saúde é que dá os contornos e a dimensão do setor privado. Assim, tal setor privado 
tende a emergir quando ocorre uma percepção coletiva de que o sistema público oferece 
serviços d e baixa qualidade, não permite, portanto possibilidade de escolha do provedor 
o u por cobrir apenas alguns tipos de serviços. 
 Era esperado que a fundação d o SUS n a CRFB de 19 88, viesse reverter totalmente 
ou no mínimo em p arte tal condição, tendo em vista, a mesma surgir como artificio de 
promoção ao acesso total, universal e igualitário dos seus serviços ora 
dispensados/oferecidos. No entanto, o aparelho sistematizado não tem funcionadoe ou 
produzido o que se esperava e que tem sido destinado; qual seja o d e absorver para o 
se u núcleo todas as famílias que compunham o núcleo dinâmico d a economia, 
caracterizando assim, uma Universalização não inclusiva, mas, antes Excludente. É 
presumível ainda, assinalar como causas principais, a escassez da oferta e a baixa 
qualidade dos serviços oferecidos pelo sistema público, como já ponderado anteriormente. 
Talvez por se caracterizar tal Sistema como sendo híbrido, este tende a pender 
mais para um suposto favoritismo, no quesito que envolve o sistema público e a ampliação 
dos seguros de saúde priva dos. 
 Logo, se e vidência que a ação do Estado está sucessivamente a serviço do 
capital monopolista e globaliza do, adotando medidas de incentivo ao Setor Terciário 
(Setor de serviços), para que o capitalismo possa sobrepor e assim realizar sua atividade 
fim, qual seja, a de garantir a produção e reprodução ampliada do capital mediante 
 
 
 
 29 
 
exploração da classe trabalhadora. É dessa forma que a política social será a primeira 
a ser atingida pela Reforma do Estado, sendo a política de saúde uma área que cada 
vez mais está sendo mercantilizada e privatizada pelo capital sobrante, rebatendo 
frontalmente o direito fundamental que lhe foi reservado constitucionalmente. 
 
 
 ANS - Agência Nacional d e Saúde Suplementar tem como finalidade promover a 
defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras 
setoriais - inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo 
para o desenvolvimento das ações de saúde no país. Entretanto, até então, não tem 
conseguido cumprir satisfatoriamente sua função. Isso talvez se deva à falta de um 
debate mais amplo com a sociedade civil, quando se traçaram as diretrizes da lei do 
plano de saúde, posteriormente substituída por Medidas Provisórias. Nesse sentido, vale 
ressaltar os ensinamentos da professora Angélica Carlini , que esclarece: 
É possível afirmar que quanto melhor fosse a legislação d e 
saúde suplementar, quanto mais ampla tivesse s ido o debate antes d e 
sua entrada em vigor, menor seriam as dificuldades da ANS na 
regulamentação e fiscalização do setor, que certam ente estar ia m ais 
maduro para compreender e superar as dificuldades próprias da atividade. 
(p. 22.) 
A lei 9.656 /98 introduziu novas pautas no mercado, como: a ampliação de 
cobertura assistencial à idosos e status de saúde (idosos e deficientes físicos); manutenção 
de coberturas para aposentados e desempregados; lesões e doenças pré-existentes; e 
ventos cobertos; inexistência d e limite s para a utilização de serviços de saúde. O 
ressarcimento a o SUS; o registro das operadoras; o acompanhamento de preços p elo 
governo; permissão para a atuação de empresas de capital estrangeiro, dentre outras. 
Discussões sobre a constitucionalidade; ressarcimento será cobrado de acordo com 
procedimentos estabelecidos na tabela única de equivalência de procedimentos; 
identificação dos beneficiários: as operadoras de planos e seguros de saúde fornecem à 
Agência informações de natureza cadastral para fins d o ressarcimento ao SUS. Essas 
informações alimentam o sistema de informações d e beneficiários (SIB), que é atualizado 
mensalmente, e são comparadas, através de relacionamento nominal de banco de dados, 
com as bases do SIH/SUS. 
 
 
 
 30 
 
 O cartão nacional de saúde pode rá representar um importante passo nessa direção, 
tornando desnecessário o batimento nominal, o debate sobre o tema da 
 
regulação na assistência suplementar é ainda muito incipiente n o país. Existem 
divergências quando se discute qual é o objeto e a intensidade dessa regulação, para a 
grande maioria, a regulamentação visa corrigir/atenuar as falhas do mercado com relação 
à assimetria de informações entre clientes, operadoras e provedores de serviços. 
O seguro-saúde não é um bem totalmente privado. O contrato de seguro em si é um 
bem privado, tal como um ingresso para um espetáculo também é. 
Mas o que está por trás desse contrato é um bem coletivo para o grupo de 
segurados, tal como o espetáculo por trás do ingresso também é um bem coletivo para 
a plateia. O trabalho do segurador é agir como aglutinador social, organizando um fundo 
monetário com os pagamentos dos contratos de vários consumidores. Por essa perspectiva, 
o contrato de seguro é um contrato de participação num fundo coletivo. O segurador 
deverá administrar o fundo de modo a transferir a renda dos consumidores que 
permanecerem saudáveis para cobrir despesas médicas dos consumidores que adoecerem. 
 
 
3 OS INSTRUMENTOS CONSTITUCIONAIS E INFR 
ACONSTITUCIONAIS DE PROTEÇÃO À SAÚDE – PÚBLICA OU 
PRIVADA. 
O n osso sistema universal de saúde – Sistema Único de Saúde (SUS) prevê 
uma composição híbrida de gestão da saúde, baseada no funcionamento simultâneo de uma 
rede de atendimento pública e gratuita ao cidadã o; na qual se situa a administração 
pública e age o gestor público e outra privada; que é âmbito de atuação por excelência 
do administrador de empresas e que atua de maneira complementar e sob a anuência 
das diretrizes do SUS. Com as restrições dos serviços e recursos investidos pelo Estado 
p ara atender as demandas de saúde da população brasileira, o setor privado vem atuando 
sob a forma de planos e seguros de saúde, bem como de hospitais, clínicas, laboratórios, 
e consultórios particulares. 
 
 
 
 
 31 
 
Existe ai uma tendência de privatização do sistema de saúde brasileiro em que 
tal intenção tem se portado na contramão do que esta ocorrendo no restante do mundo, 
mais precisamente nos EUA que na atualidade reconhece que o sistema deve ser universal, 
reconhece ainda que deve haver forte intervenção estatal para que o sistema seja regulado 
em prol da saúde, para a saúde e não que o livre mercado possa dar conta de resolver 
problemas de saúde, isso é um amplo reconhecimento mundial, e, neste momento que o 
Brasil tem um SUS universal reconhecido pela Constituinte, mais parece uma ironia 
paradoxal que neste país onde tal processo de privatização tem caminhado serenamente, 
ao passo que os outros países estão precisando construir um sistema universal, e, já nós 
que temos um sistema universal e , no entanto estamos detonando nosso sistema universal 
em detrimento deste processo de privatização. 
 Pode-se observar que a qualidade dos serviços de saúde prestados para pobres e ricos 
é tão desigual no Brasil que acaba por dividir a nação em duas nações distintas. Basta 
tão somente observar osequipamentos e profissionais entre as classes sociais e o setor 
público e privado. Se for observar considerando os tipos de serviços prestados fica claro 
que existe um excesso de equipamentos sofisticados nos planos privados; que se 
concentram nas regiões mais ricas e locais em que faltam equipamentos básicos. 
No entanto, a CRFB/88 em seu art. 5º, caput estabelece que: 
 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ... 
 
 Tal título/princípio prevê a igualdade de aptidões e de possibilidades virtuais d 
os cidadãos de gozar de tratamento isonômico pela lei. Por meio de tal princípio são 
vedadas as diferenciações arbitrárias e absurdas, não justificáveis 
 
pelos valores da CRFB/88, e tem por finalidade limitar a atuação do legislador, do 
intérprete ou autoridade pública e do particular. 
 Assim, o legislador não pode editar norma s que se afastem do princípio da 
igualdade, sob pena de evidencias de inconstitucionalidade. O intérprete e autoridade política 
não podem aplicar as leis e ato s normativos aos caso s concretos de forma a cria r ou 
 
 
 
 32 
 
aumentar desigualdades. O particular não pode pautar suas condutas em atos discrimina 
tórios, preconceituosos, racistas ou sexistas. 
 A contradição entre a proposta de universalidade do SUS e a atuação da rede privada 
é ponto de partida para articulações e movimentos contra a tendência de privatização 
do setor da saúde. Além disso, as transferências de recursos públicos para os planos e 
seguros privados, o difícil ressarcimento das ações p restadas pelo SUS aos usuários de 
planos de saúde privados e a precariedade que vem caracterizando o crescimento 
desordenado da oferta privada estão na agenda das críticas do movimento sanitário e nas 
propostas de fortalecimento do SUS. 
 Nesta mesma linha de pensamento inovador d os direitos dos se r humano, 
conferindo -lhes o caráter de unidade indivisível e interdependente, Flávia Piovesan 
transcreve trecho de Hector Gros Espiell, na obra Los de trechos económicos, sociales y 
culturales en el sistema interamericano (San José: Libro Libre, 1986. P. 16-17): 
 
Só o reconhecimento integral de todos esses direitos pode 
assegurar a existência real de cada um deles, j á que sem a efetividade de 
gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais, os direitos civis e 
políticos se reduzem a m eras categorias formais. Inversamente, sem a 
realidade dos direitos civis e políticos, sem a efetividade da liberdade 
entendida em seu m ais amplo sentido, os direitos econômicos, sociais e 
culturais carecem , por sua vez, de verdade ira significação. Esta ideia de 
necessária integralidade, interdependência e indivisibilidade quanto ao 
conceito e à realidade do conteúdo dos direitos humanos, que de certa 
forma está implícita na Carta das Nações Unidas, se compila, se amplia 
e se sistematiza em 1948, n a Declaração Universal de Direitos Humanos, 
e se reafirma definitivamente nos Pactos Universais de Direitos Hum anos, 
aprova dos pela Assembleia Geral em 1966, e em vigência desde 1976, 
na Proclamação de Teerã de 19 68 e na Resolução da Assembleia Geral, 
a dotada em 16 de dezembro de 19 77, sobre os critérios e meios para 
melhorar o gozo efetivo dos direitos e das liberdades fundamentais 
(Resolução n . 32/130). 
 
Foi sob tal visão, de que os direitos sociais e econômicos consistem -se em direitos 
fundamentais; os quais nasceram, através da ONU, mecanismos de proteção internacional, 
como os tratados Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional 
 
 
 
 33 
 
 dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 1966, considerando o s direitos 
econômicos e sociais de realização progressiva, e a necessidade de medidas imediatas 
por parte dos Estados, com obrigações mínimas voltadas à subsistência (alimentação, 
moradia, saúde, educação, trabalho), a fim de neutralizar os efeitos de políticas recessivas 
sobre a parcela mais vulnerável da população. 
 E n o cerne desses entendimentos foram instituídos os dispositivos de proteção 
internos, tanto constitucionais como infraconstitucionais, que estão expressos de forma 
resumida logo abaixo. 
 A Constituição Federal de 1988 pode ser considerada dirigente ou compromissória 
por apresentar um sentido superior ao de um elenco d e 
instrumentos de governo, a o definir programas e tarefas d e governo, dirigindo o Estado 
e a sociedade ao cumprimento desses programas. 
Conforme Fonseca, em seu artigo "A Constituição Federal e o Trabalho: um 
exercício de aproximação", o texto constitucional deve ser utilizado como guia no trabalho 
de interpretação do Direito Infraconstitucional. 
Tal entendimento pode ser compendiado pelas afirmações de Canotilho: 
 
...marcando uma decidida ruptura em relação à doutrina clássica, 
pode e deve dizer se que hoje não há mais normas constitucionais 
programáticas. Existem , é certo, normas -fim, normas tarefa, normas 
programa que impõem uma atividade (...) Às normas programáticas é 
reconhecido hoje um valor jurídico constitucionalmente idêntico ao dos 
restantes preceitos da Constituição. 
Defendendo a mesma corrente d e entendimento, leciona Silva, 
196 8, p. 150: Em conclusão, as normas programáticas têm eficácia jurídica 
imediata, direta e vinculante nos casos seguinte s: I - estabelecem um 
dever para o legislador ordinário; II - condicionam a legislação futura, 
com a consequência de serem inconstitucionais as leis ou atos que as 
ferirem; III - informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram 
sua ordenação jurídica, mediante a atribuição de fins sociais, proteção dos 
valores da justiça social e revelação dos componentes do bem com um; 
IV - constituem um sentido teleológico para a interpretação e aplicação 
das normas jurídicas; V - condicionam a atividade discricionária da 
Administração e do Judiciário; VI - criam situações jurídicas subjetivas, de 
vantagem ou desvantagem . 
 
 
 
 34 
 
Têm ainda diversas outras correntes, que sucede o documento supremo de um 
povo como o resultado das relações de poder existentes numa determinada sociedade o u 
como a decisão política fundamental de uma nação, mas tais axiomas não traduz a 
conexão entre direito e sociedade, entre a ciência do direito e as demais ciências 
humanas. A essência da norma está nos fatos e nas relações de natureza social e estatal, em 
tudo o que é real. 
 Portanto, a norma constitucional não pode ser considerada apenas como um 
documento destinado a estabelecer os limites da atuação da entidade estatal e da interferência 
do Estado na sociedadecivil, como se ambos fossem adversários. A norma não pode 
se r apenas a criação de proibições, vedações, limites. As mudanças históricas que levaram 
ao advento do Estado Social aboliram aquela concepção de norma Hoje a tendência é 
de que as Constituições dos Estados não mais se o ponham à sociedade, e sim tragam 
a interação entre Estado e sociedade. 
 
É o próprio documento constitucional que estabelece tarefas ao Estado no sentido 
de construir um determinado tipo de sociedade, e não outro. 
Há uma opção ideológica na Constituição que agora a orienta para o 
estabelecimento de determinadas ações. O direito deixa de simplesmente estabelecer os 
limites negativos de atuação d o Estado e passa a impor tarefas a ele. A norma deixa 
de ser mera proibição, passando a ser também ação. Essa é a Constituição Dirigente, 
que, além de ser um documento normativo e ter uma interação com a sociedade, possui 
força normativa inequívoca. 
 Sob essa ótica, é possível concluir que a Constituição é dotada de aplicabilidade, 
ainda que mínima, ou seja, toda norma constitucional produz efeitos até onde possa 
mesmo as chamadas normas programáticas (efeitos jurídicos parciais). Cada norma 
constitucional detém, p elo menos, um a eficácia mínima, no sentido de d errogar (perda 
parcial de vigência de uma Lei) a legislação anterior que lhe seja antagônica bem como 
impedir a legislação posterior que seja incompatível com seus postulados. Portanto, toda 
norma constitucional que firmar uma posição conceitual vincula a conduta do legislador, 
do administrador e do Juiz, e derroga as disposições infraconstitucionais em sentido 
contrário. 
 
 
 
 
 35 
 
Partindo de tal conclusão, o direito à saúde na CRFB/88, locupletado pela legislação 
infraconstitucional correlata, passa a ser ponderado, em síntese, a começar pelo direito à 
igualdade. 
 A ideia de igualdade está intimamente ligada à de democracia, e há muito 
tempo é objeto de discussão e de estudo. A igualdade faz parte dos fundamentos do 
cristianismo e inquietava a filosofia grega. Em 1755 o tema intrigou Rousseau, fazendo-
o escrever o “Discurso sobre a origem da desigualdade entre o s homens”. O princípio 
da igualdade norteou a Revolução Francesa, que tinha por fim derrubar o Feudalismo, e 
os privilégios da nobreza e do clero. 
 Observa-se, então, que o objetivo de uma sociedade livre, justa e solidária, se 
alicerça no princípio da igualdade, o qual se traduz na obediência à isonomia de todos 
perante a lei, evitando discriminações. O princípio da igualdade, indicado 
 
n o artigo 5º da Constituição Federal, demonstra a preocupação do constituinte em 
trata r as pessoas com igualdade, sem qualquer distinção ou privilégio. É o que se chama de 
igualdade formal. A igualdade perante a lei, derivada do artigo 5º da Lei Maior, constou 
como regra mãe, tanto que foi colocada no caput do artigo, transformando -se em 
pressuposto do entendimento d e todos os direitos individuais, ou seja, como princípio. 
 
 Conforme determina a CRFB/88 : Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
... 
Sobre esta questão, Celso Ribeiro Basto s (1988 , p. 13) explica que, nesse aspecto, 
houve considerável mudança em relação à Constituição anterior: 
 O atual artigo isonômico teve trasladada a sua topografia. Deixou 
de ser um direito individual tratado tecnicamente com o os demais. Passou 
a encabeçar a lista destes direitos, que f oram transformados em parágrafos 
do artigo. Essa transformação é prenhe de significação. Com efeito, 
reconheceu-se à igualdade o papel que ela cumpre na ordem jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 36 
 
Parte desta premissa a conclusão de que todo o texto constitucional deverá ser 
interpretado sob a luz do princípio da igualdade. E de tal princípio surge o significado 
de que todos devem ser tratados igualmente perante a lei. A aplicação do direito deve ser 
idêntica diante da lei, não podendo o juiz, o agente público, o particular, diferenciar as 
pessoas diante dela. 
E f oi à luz do direito à igualdade que nasceu a Seção II do Capítulo II do 
Título VIII da Constituição Federal de 1 988 em seu artigo 196, dedicada à saúde, dentro 
da abordagem da ordem social, qual seja: 
 
 a saúde é direito de todos e dever d o Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco 
de doença e de outros agra vos e ao a cesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação 
 
Tal dispositivo deve nortear tudo o que for ligado à saúde, porque foi legislado 
sob a visão da justiça social contida no direito universal aos cuidados em saúde. 
 Como é notório, esse princípio constitucional depende de norma que o 
complemente, criando as políticas sociais e econômicas que ela menciona. No entanto, 
a inda que não possa ser aplicada sem essa norma complementar, proíbe a criação de 
qualquer medida que reduza ou inviabilize o direito universal à saúde, aí consagrado. 
 E diversas políticas sociais já foram criadas, por meio da Lei n. 8.080, de 19 
de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde). Tal lei surge com o intuito de operacionalizar 
as diretrizes constitucionais, dispondo sobre as condições para a promoção, proteção e 
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, 
além de outras providências. Ela reconhece todos os elementos componentes da saúde, 
quais seja a alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, 
educação, transporte, lazer, acesso a bens e serviços essenciais, lembrando que os níveis 
de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. Descreve 
ainda o SUS, identificando seus objetivos e atribuições, suas diretrizes e definindo se u 
funcionamento, organização, direção e gestão, no âmbito d a União, dos Estados, Distrito 
Federal e Municípios, além de p rever seu financiamento, recursos, gestão financeira, 
planejamento e orçamento e dispor sobre os serviços privados de assistência à saúde, 
inclusive a título de participação complementar do sistema de saúde pública. Vale lembrar 
 
 
 
 37 
 
a alteração da citada lei, por meio da Lei n. 10.424, de 15 de abril de 2002; que acrescentou 
um capítulo e um artigo à Lei Orgânica da Saúde, Lei n. 8.080/90, regulamentando a 
Assistência Domiciliar no Sistema Único de Saúde, com a criação do Subsistema de 
Atendimento e Internação Domiciliar, que inclui 
 
procedimentos

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