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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA INSTITUTO DE TECNOLOGIA - ITEC FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS - FEA DISCIPLINA: ENGENHARIA BIOQUIMICA DOCENTE: ELISA NEVES VINAGRE BELÉM 2013 CRISLIANE CAMARGO DENYSE GOME JOSEANE POMBO KELEM POMPEU 1 INTRODUÇÃO Desde os tempos mais remotos, o ser humano descobriu que poderia aproveitar reações que sucediam espontaneamente na natureza para tornar sua vida melhor e mais agradável. Dessa forma, passou a utilizar em seu benefício, os efeitos surpreendentes e, durante muito tempo, inexplicáveis, dos processos fermentativos para conservar alimentos e preparar bebidas. O objetivo principal deste trabalho é estudar a obtenção de vinagre, a partir da fermentação acética dando ênfase ao processo submerso. HISTÓRICO O vinagre é um alimento fermentado conhecido há milhares de anos, as primeiras referências datam de 8000 anos a.C; Utilizado como condimento, conservante, aromatizante, refresco e medicamento; No século XVII a produção de vinagre, primeiramente se estabeleceu na França, seu nome provém do francês vinaigre ou vinho azedo; Originalmente, era obtido do vinho de uvas e da cerveja, por fermentação espontânea. DEFINIÇÃO SEGUNDO A LEGISLAÇÃO Os fermentados acéticos são definidos como os produtos obtidos da fermentação acética do fermentado alcoólico de mosto de frutas, cereais ou de vegetais, de mel, ou da mistura de vegetais, ou ainda da mistura hidroalcoolica, devendo apresentar acidez volátil mínima de 4,0 gramas por 100 mililitros, expressa em ácido acético; A graduação alcoólica não pode exceder 1° GL e deve ser obrigatoriamente pasteurizado; Classificado de acordo com a origem da matéria-prima, sendo designados de fermentados acéticos ou vinagres, seguidos do nome da matéria-prima de origem. 4 IMPORTÂNCIA E APLICAÇÕES INDUSTRIAIS Condimento: o vinagre é usado com a finalidade de conferir odor e sabor ácido ao produto. Agente de limpeza: o vinagre é utilizado para clarear materiais metálicos como prata, alumínio e latão. Propriedades preservativas são utilizadas principalmente contra fungos(bolores) em pães, panetones e biscoitos ELEMENTOS DE MICROBIOLOGIA APLICADA AOS AG. FERMENTATIVOS Bactérias acéticas pertencem à família Acetobacteraceae Dois gêneros (Acetobacter e Gluconobacter) Principais espécies: A. aceti, A. pasteurianus, A. peroxidans, A. xylinum e Gluconobacter oxydans Polimorfismo: bastonetes e cocos, Gram negativos Temperatura: 25°C a 30°C pH: 3 a 4 Estritamente Aeróbias. Fatores que afetam o crescimento das espécies do gênero Acetobacter: Falta de fontes de carbono e nitrogênio como manitol e sulfato de amônio; Falta de vitaminas do complexo B, tais como tiamina, piridoxina, cianocobalamina, ácido pantotênico e nicotínico; Algumas espécies demonstram a necessidade de ácido p-aminobenzóico. sais minerais (macronutrientes) de boro, ferro, zinco, manganês. ELEMENTOS DE MICROBIOLOGIA APLICADA AOS AG. FERMENTATIVOS Interesse industrial : A capacidade de suportar altas concentrações de álcool no mosto e ácido acético no vinagre; Boa capacidade de produção de ácido acético; Bom rendimento industrial na conversão de álcool à ácido acético; Rapidez na transformação; Baixa exigência em nutrientes, minerais e vitaminas; Tolerar uma faixa ampla de temperatura. ELEMENTOS DE MICROBIOLOGIA APLICADA AOS AG. FERMENTATIVOS As características desejáveis de meios de cultivo: Atender as necessidades nutricionais do microrganismo escolhido ( vitaminas e minerais). Cepas do gênero Acetobacter (meio de Frateur); Meio de Frateur: 10g de extrato de levedura, 20g de etanol, 20g de CaCO3 e 20g de agar em 1litro de água destilada, com pH ajustado entre 6,0-7,0. Melhores fontes de carbono para o crescimento de Acetobacter são, etanol, glicerol e lactato ELEMENTOS DE MICROBIOLOGIA APLICADA AOS AG. FERMENTATIVOS ELEMENTOS DE MICROBIOLOGIA APLICADA AOS AG. FERMENTATIVOS Preparo do Inoculo: 1,0 x 109 células mL-1 é o ideal para um inóculo de bactérias acéticas as bactérias acéticas se desenvolvam em tubos com água estéril contendo ácido nicotínico de autolisado de leveduras e álcool como substrato. Enzimas A fermentação acética consiste na reação de transformação do vinho em vinagre, que é catalisada através da enzima alcooxidase, formada pelo fungo Micoderma aceti. Na fermentação acética originam-se também outros compostos que vão dando sabor e cheiro característico para o vinagre ELEMENTOS DE MICROBIOLOGIA APLICADA AOS AG. FERMENTATIVOS MATÉRIAS PRIMAS Classificação da matéria prima: Vinagres de sucos de frutas: uva, uva-passa, maçã, abacaxi, etc. Vinagres de tubérculos amiláceos: batata, batata-doce, mandioca, etc. Vinagres de cereais: cevada, centeio, trigo, arroz, milho, etc. Vinagres de matérias-primas açucaradas: xarope de açúcar, mel, melaço, etc. Vinagres de álcool: álcool propriamente dito diluído, aguardentes, outros destilados. Para os materiais amiláceos (Cereais, raízes e tubérculos) há a necessidade de uma gomificação prévia do material através de cozimento sob alta temperatura e pressão para expor o amido ao catalisador que promoverá a hidrólise do amido (sacarificação). Em matérias-primas açucaradas, o teor de açúcar no mosto deve estar ao redor de 15 g/dl o que resultará num vinho com aproximadamente 8,5oGL. Caso se verifique concentração maior, é necessária a diluição com água, e concentrações menores podem ser corrigidas pela adição de açúcar de correção ou mostos concentrados. PREPARO DO MOSTO Fermentação alcoólica PREPARO DO MOSTO Meio de cultura Inoculo Vinho não pasteurizado + Vinagre não pausterizado Concentração Alcoólica: o vinho (5 a 12oGL); Acidez Inicial: vinagre forte não pasteurizado adição de 25 a 30% ( acidez inicial entre 2 a 3% de ácido acético); Controle da Oxigenação: suprimento adequado de O2, (microrganismo aeróbioestrito); Controle da Temperatura: temperatura entre 25-32oC. Correção de Nutrientes: adição de minerais, aminoácidos e vitaminas do complexo B. Fermentação acética CINÉTICA DOS PROCESSOS ESTUDOS DOS PROCESSOS DESCONTÍNUOS E CONTÍNUOS Fermentação Descontínua (ou Batelada) Com um inóculo por tanque Com recirculação de células Fermentação Descontínua Alimentada (Batelada alimentada) Sem recirculação de células Com recirculação de células Fermentação Contínua Um biorreator (com ou sem recirculação de células) Reatores em série (com ou sem recirculação de células) ESTUDOS DOS PROCESSOS DESCONTÍNUOS E CONTÍNUOS Vantagens Desvantagens Maior produtividade devido à redução de tempos não produtivos; Maior investimento inicial na planta; Menor capacidade de: dornas, trocadores, e outros; Possibilidade de mutações genéticas espontâneas; Obtençãode um caldo fermentado uniforme Maior possibilidade de contaminações, por se tratar de um sistema aberto, necessitando mais cuidados de assepsia; Devido ao regime estacionário que se pode trabalhar, é possível trabalhar em condições ótimas para o microrganismo; Dificuldade de manutenção de homogeneidade no reator, principalmente quando se trabalha com grandes volumes e baixas vazões; Possibilidade de associação com outras operações contínuas (destilação). Menor flexibilidade e menor robustez em relação ao processo batelada Dificuldade de operação em estado estacionário; Tabela 1: Vantagens e Desvantagens do Processo Contínuo em relação ao Batelada PROCESSO SUBMERSO Baseia-se na presença da bactéria acética submersa no vinho (fermentação acética) saturado constantemente por ar. Tempo de processo = 30 a 40 h Concentração de álcool residual = 0,2% v/v Vantagens: Sistema muito eficiente e extremamente rápido. As perdas são mínimas por evaporação. Desvantagens: Vinagre turvo Qualidade inferior àquela obtido pelo método lento EQUIPAMENTOS Acetificador de Frings: funciona de maneira contínua a- turbina de ar; b- compensador de ar; c- dispositivo para coletar líquido de condensação; d-e- dispositivo para controlar a formação de espuma; f- dispositivo para medir o álcool; g- serpentina para refrigeração; h- dispositivo para refrigeração; i- termômetro; j- bomba para entrada do vinho; k- bomba para retirada do vinagre. Fluxograma dos equipamentos envolvidos no processo. EQUIPAMENTOS A ventilação adequada para manter a salubridade do ar, a temperatura e a umidade; Iluminação, suficientemente intensa, podendo se utilizar de luz natural; Pisos e paredes resistentes e de fácil higienização; Portas e janelas com telas, para evitar pragas; Fluxo contínuo da produção; O s equipamentos posicionados de forma a facilitar o processamento e reduzir os riscos de contaminação do produto final; Área reservada para possíveis ampliações. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS Área total de aproximadamente 16000 m² Vista frontal da indústria de vinagre. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS Vista superior (Layout) da indústria de vinagre. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS Vista interior (Layout) da indústria de vinagre. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS 1. Tanque de preparo do mosto; 2. Acetificadores; 3. Tanque de clarificação; 4. Filtro prensa; 5. Toneis de envelhecimento; 6. Pasteurizador; 7. Tanque de diluição; 8. Envasador; Perspectiva isométrica do processo ESTERILIZAÇÃO A esterilização implica a destruição, inativação ou remoção de toda forma de vida microbiana. Tabela 01: Métodos de esterilização. ESTERILIZAÇÃO DO MOSTO . ESTERILIZAÇÃO DO MOSTO O mosto deve ser esterilizado para que todos os contaminantes (microrganismos estranhos) que estão presentes no ar, água, equipamento, vidraria, e no próprio mosto sólido sejam retirados para não consumirem o meio de cultivo, competindo assim com os microrganismos responsáveis pela fermentação. ESTERILIZAÇÃO DO MOSTO Os dois processos industriais mais importantes são o modo de operação contínuo e descontínuo. Descontínuo (batelada) O meio de cultura é colocado dentro do fermentador, assim, esterilizam-se simultaneamente o meio e o fermentador. O aquecimento do sistema pode ser realizado de duas maneiras: Aquecimento com vapor direto; Aquecimento com vapor indireto. Em qualquer dos casos, o meio é agitado mecanicamente, a fim de homogeneizar a temperatura em todos os pontos do sistema. ESTERILIZAÇÃO DO MOSTO Contínuo O meio de cultura é esterilizado antes de entrar no fermentador através do sistema mostrado abaixo: Preaquecimento: utilizado como fluido de resfriamento Trocador de calor de placas ou de tubos Tubo de espera: termicamente isolado dimensionado de modo que o tempo de espera seja igual ao tempo de esterilização Trocador de calor onde a T é reduzida até a T de fermentação Mistura do meio com o vapor: atinge a T de esterilização ESTERILIZAÇÃO DO MOSTO O processo contínuo de esterilização do meio de cultura apresenta algumas vantagens com relação ao processo descontínuo, a saber: Menor destruição de nutrientes do meio de cultura: por trabalhar com T mais elevadas e por ser um processo mais rápido tanto no aquecimento como no resfriamento, o tempo de permanência do meio em T elevada é relativamente pequeno (10 a 15 min). As fermentações que utilizam esterilização do meio de cultura por processo contínuo apresentam maior rendimento. Evita contaminação metálica do meio de cultura com a parede do tubo: tubo de espera com dimensões pequenas. Dispensa a utilização de motores de potência elevada para acionamento dos agitadores, como no processo descontínuo: especialmente quando o meio é viscoso ou de alta densidade. Economia de vapor, e de água de resfriamento, em relação ao processo descontínuo. ESTERILIZAÇÃO DO AR ESTERILIZAÇÃO DO AR Os métodos para esterilização do ar são: Calor seco; Radiações; Filtros que apresentam poros; Filtração Filtros de camadas de material fibroso (lã-de-vidro). . PROCESSOS FERMENTATIVOS Para obtenção do vinagre a partir das matérias primas original, são necessários dois processos de fermentação distintos: Fermentação alcoólica; Fermentação acética. PROCESSOS FERMENTATIVOS Fermentação Alcoólica: A primeira fase da fermentação é um processo anaeróbio cuja equação simplificada é: Açúcar Leveduras Álcool C6H12O6 2CH3CH2O + 2CO2 Fermentação acética: Álcool Bactérias Acéticas Ácido Acético CH3CH2OH + O2 CH3COOH + H2O PROCESSOS FERMENTATIVOS Identificação: Acetificador Nº necessário: 8 Função: Transformar o álcool do mosto alcoólico em ácido acético através de uma fermentação acética. Operação: Semi-contínuo Tipo: Horizontal Fixo Cilíndrico Capacidade: 1000 Kg/h Área: 10 m2 Características de operação: Material alimentado: mosto alcoólico proveniente da fermentação alcoólica Pressão: 1 atm Temperatura: 25ºC Material: Aço inoxidável Dimensões do reator: Cilíndrico com diâmetro de 1 m, altura de 2 m e um volume de 15 m3. Utilitários: Sistema de resfriamento Controle: Trocador de calor à vapor Comentários: a localização e o tamanho do equipamento são estabelecidos segundo o desenho da planta. Reator de Acetificação PROCESSOS FERMENTATIVOS Balanço Material: Base calculo (C1= 1000kg/h) Balanço para o tanque de preparo do meio de cultura: Qas=Qae=900 kg/h Qete=Qets=100kg/h Qae=Quantidade de água que entra; Qas=Quantidade de água que sai; Qete=Quantidade etanol que entra; Qets=Quantidade etanol que sai; PROCESSOS FERMENTATIVOS Balanço Material: Balanço de massa para o acetificador: C3=Quantidade que sai do acetificador; Qac=Quantidade de Acido acético; In=Inoculo; Qets=Quantidade etanol que sai; (Quantidade de vinagre produzido). CONCLUSÕES Uma característica bastante particular da produção dos vinagres é que as bactérias (acetobacteres), que fazem a oxidação dos alcoóis estão no ar. O processo é bastante delicado. Os processos fermentativos, assim como os processos químicos, são limitados pela cinética. Por ela é possível relacionar o tempo necessário para atingir concentrações desejadas e com essas informações é possível buscar melhorias para a otimização do processo produtivo.
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