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SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Volume II
SERGIO FERRAZ
(Coordenador)
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Volume II
EDITORA
Roberto Antonio Busato
Presidente da OAB e Presidente Honorário da OAB EDITORA
Jeff«rson U is Kravchychyn
Presidente Executivo da OAB EDITORA
Francisco José Pereira
Editor
Rodrigo Pereira
Capa e Projeto Gráfico
Usina da imagem
Diagramação
Dado Luiz Osti
Revisão
Aiine Maciiado Costa Timm
Secretária Executiva
Conselho Editorial 
Jefferson Luis Kravchychyn (Presidente) 
Cesar Luiz PasoW 
Hermann Assis Baeta 
Pauio Bonavides 
Raimundo César Brítto Aragão 
Sergio Ferraz
F381s Ferraz, Sergio (coordenador)
Sociedade de Advogados - Volume 111 Sergio 
Ferraz (coordenador). - Brasília; OAB Editora, 
2004,
144 p.
1. Direito, l. Titulo
340
ISBN ■ 85-87260-58-8
EDITORA
SAS Quadra 05 • Lote 01 • Bloco M 
Edifício Sede do Conselho Federal da OAB 
Brasília, DF • CEP 70070-050 
Te). (61)316-9600 
www.oab.org.bf 
e-maíl; oabeditora@oab.org.br 
jefferson@kravchychyn.com.br
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO_______________________________________________________
Roberto Antonio Busato.....................................................................7
CAPÍTULO I
Antônio Corrêa Meyer e Mauro Bardawil Penteado
Notfls sobre sociedades de advogados: características, peculiaridades, 
e a influência do novo Código Civil em seu regime jurídico ................ 9
CAPÍTULO II
Waldemar Soares de Lima Júnior
Registro das sociedades de advogados..................................................27
CAPÍTULO III 
Oswaldo Naves
Responsabilidade das sociedades de advogados................................... 35
CAPÍTULO IV
Manoel Antônio de Oliveira Franco, Ricardo Miner Navarro 
e Gabriel Placha
Contratos de associação.........................................................................47
CAPÍTULO V
Clemencia Beatriz Wolthers
Sociedades de advogados: administração social.................................. 59
CAPÍTULO VI
Sergio Ferraz e Antônio Corrêa Meyer
Sociedades de advogados: administração e atos.
0 novo Código C ivil...........................................................
CAPÍTULO VII
.................69
Orlando Di Giacomo Filho
Os consultores estrangeiros.............................................. .................75
CAPÍTULO VIII
Eduardo Grebler
A denominação das sociedades de advogados.................. .................89
CAPÍTULO IX
Oswaldo Naves
As comissões de sociedades de advogados........................ ...............103
CAPÍTULO X
Sérgio Ferraz
Ética profissional e sociedades de advo<^ados.................................. 107
CAPÍTULO XI
Alfredo de Assis Gonçalves Neto
Sociedade de profissionais liberais e sociedade de advogados 119
SOCIEDADE DE ADVOGADOS VoWme II 7
APRESENTAÇAO
Roberto Antonio Busato
Presidente do Conselho Federal da O AB
astan te opo rtu n a a publicação deste segu n d o volum e 
d e "Sociedade de A dvogados", o rgan izado pelo em i­
n en te Conselheiro Sergio Ferraz, que p reside a C om is­
são de Sociedades de A dvogados d o C onselho Federal da OAB. 
N ão só p o rq u e o tem a, em si, desperta g rande interesse, mas 
p rinc ipa lm en te q u an d o se está d ian te das sociedades personifi­
cadas pelo novo Código Civil.
C om o u m tipo societário especial, as sociedades de ad voga ­
dos d ev em se reger p o r lei especial, qual seja, o Estatuto da O r­
dem , seu R egulam ento G eral e Provim entos. A esse respeito, o 
C onselho Federal d a OAB aprovou, em o u tubro de 2002, o P ro ­
v im en to n“ 98/2002, que institui o C adastro N acional das Socie­
d ad es de A dvogados, e o Provim ento n° 99/2002, que cria o C a­
d as tro N acional de C onsultores e de Sociedade de C onsultores 
em Direito Estrangeiro, m ed idas que visam o controle e a fiscali­
zação desses dois segm entos da advocacia.
O P ro v im en to n" 98, co m p lem en ta r ao P ro v im en to n" 95, 
q u e in s t i tu iu o C ad as tro N acional de A d v o g ad o s , exige das 
so c ied a d e s d e a d v o g a d o s u m a série d e d a d o s cad as tra is , a 
se rem p e r io d ic am en te a tu a lizad o s . C om esse in s tru m en ta l , a 
OAB p a ssa rá a ter u m a v isão to tal da advocac ia brasile ira .
8 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
seja e la d e se m p e n h ad a em caráter ind iv idual ou realizada em 
m oldes associativos.
Já o P rov im ento n° 99/2002, que cria o C adastro N acional de 
C onsu lto res e d e Sociedade de C onsultores em Direito Estran ­
geiro, é o in s trum en to que vai perm itir a fiscalização desse novo 
segm en to da advocacia, p reven indo abusos e d efendendo a ad ­
vocacia brasileira. O P rovim ento com plem enta o de n° 91/2000, 
q u e reg u lo u as condições de exercício profissional d o advogado 
estrangeiro n o Brasil.
C om o se vê, esta é um a m atéria em constante aperfe içoam en­
to, m o tiv ad o p o r estudos e debates, den tre os quais destacaria 
tam bém a valiosa colaboração do em inente ad v o g ad o Alfredo 
d e Assis G onçalves Neto. Esperam os que o presen te trabalho 
seja am p lam en te d ifu n d id o p ara esclarecim entos d as dúv id as 
que a in d a po ssam pa ira r sobre a adm inistração societária dos 
advogados.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 9
CAPÍTULO I
NOTAS SOBRE SOCIEDADES DE 
ADVOGADOS: CARACTERÍSTICAS, 
PECULIARIDADES, E A INFLUÊNCIA 
DO NOVO CÓDIGO CIVIL EM SEU 
REGIME JURÍDICO
Antônio Corrêa Meyer 
Mauro Bardawil Penteado
1. Introdução. 2. Peculiaridades das sociedades de advogados. 
3. Filiação dogmática do legislador do novo Código Civil. 3.1. A 
atividade da advocacia em oposição à atividade empresária. 3.2. 
A sociedade de advogados como tipo especial de sociedade.
1. introdução
É sem pre m uito prazeroso analisar e, tan to q u an to for possí­
vel, s is tem atizar as p rincipais características deste peculiar e fas­
c inante tipo societário que é a sociedade d e advogados. Peculiar 
p o rq u e n ão existe, e m nen h u m dos tipos societários reconheci­
d o s pe la lei brasileira, sociedade que a ela se assem elhe em suas 
características m ais m arcantes. Fascinante po rque , d ev ido à es­
cassez d e lite ra tu ra jurídica a respeito d as sociedades d e advo ­
gados, a cada nova reflexão que nos p ropom os a fazer, im p o r­
tan tes conclusões são alcançadas. Some-se a isso a recente publi­
cação da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 ("novo Código Ci­
10 SOCeOfcOE DE WVOGAOOS Volume»
vil")/ q u e a lte rou significativam ente o regim e juríd ico das socie­
d ad es em geral, e se no tará a riqueza e a im portância d o tem a 
objeto do p resen te trabalho.
N o en tan to , d ev ido à limitação na tu ra l d o escopo deste tra ­
balho, não será realizada um a análise de todos os aspectos rele­
vantes envo lvendo a m atéria. O objetivo do presente es tudo será, 
n u m p rim eiro m om ento , apon ta r e identificar as principais ca­
racterísticas das sociedades de advogados, sobretudo aquelas que 
fazem dela u m tipo societário sui generis, para u sar a feliz ex­
p ressão d e H ad d o ck Lobo e C osta N e tto ’ . Depois, serão ab o rda ­
dos, d e form a sucinta, os im pactos do novo Código Civil na re­
gu lam entação d a s sociedades de advogados, no tad am en te em 
relação à ap licab ilidade das norm as das sociedades sim ples às 
sociedades de advogados.
2. Peculiaridades das sociedades de advogados
A sociedade de ad v ogados foi regu lada pe la prim eira vez de 
form a ab rangen te e sistem ática pela Lei 4.215/1963, especifica­
m en te em seus artigos 77 e seguintes. Já nessa o p o rtu n id ad e 
p od ia-se identificarque a disciplina a ela d ad a a reduzia a u m 
tipo societário in te iram ente d istin to de todas as dem ais socieda­
des p rev is tas no d ire ito civil e no direito comercial.
O artigo 77 d o d ip lom a d e 1963 determ inava que "os ad v o ­
gados p o d e rão reunir-se, para colaboração profissional recípro ­
ca, em sociedade civil de trabalho, destinada à disciplina do ex­
p ed ien te e do s resu ltados patrim oniais auferidos na prestação 
d e serviços de advocacia (art. 1.371 do Código Civil; arts. 1° e 44, 
§ 2", da Lei n° 154, de 25 de novem bro d e 1947)". O parágrafo
' Eugênio R. Haddock Lobo e Francisco Costa Netto, in Comentários ao Estatuto da OAB e às 
Pegras da Profissão do Advogado. Editora Rio, 1978, pág. 168.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Voljtne II 1 1
prim eiro d o m esm o artigo 77 adicionava que "as ativ idades p ro ­
fissionais que reúnem os sócios em sociedade se exercem indivi­
dualmente, q u an d o se tra ta r de atos privativos d e advogado , ain ­
d a q u e revertam ao patrim ônio social os honorários respectivos".
Da descrição desses d ispositivos, nota-se que as sociedades 
d e ad v ogados m arcavam -se p o r aspectos próprios, que só a elas 
d iz iam respeito . As pessoas que delas faziam p arte se restring i­
am apenas e tão-som ente aos profissionais d o direito , m em bros 
de u m a classe profissional específica. O objeto social desse tipo 
societário lim itava-se à adm inistração do expediente e do s re­
su ltados patrim oniais auferidos na prestação de serviços de ad- 
vocacia^
Assim , se é correto afirm ar que as sociedades de advogados 
se assem elham às sociedades de pessoas, m uito em razão das 
suas características in tu itus personae, não é m enos exata a p a ra ­
doxal confirm ação de que as sociedades de ad v ogados tam bém 
g u a rd a m im p o rtan tes distinções em relação às sociedades de 
pessoas, po rque , ao contrário destas, aquelas não são constituí­
d a s com o fim p rec ípuo de prestação de serviços a terceiros. Ao 
contrário , o principal m otivo que leva à constituição das socie­
d ad e s d e ad v ogados é a possib ilidade de seus sócios regularem 
rec ip ro cam en te suas relações p rofissionais com o advog ad o s , 
n o tad am en te a v ida adm inistra tiva e financeira d a sociedade^. 
É m ais u m a sociedade voltada para os p ró p rio s sócios, serv in ­
do-lhes com o gestora do expediente e dos recursos financeiros 
auferidos na advocacia.
 ^Nesse sentido, cf. Ruy Azevedo Sodré, in S oc ieda de de A dvog ados . Revista dos Tribunais, 
São Paulo, 1975.
^Ct. Haddock Lobo e Costa Netto, Com entários.-., pág. 169.
í 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
A esse respeito , é sem pre im portan te re lem brar a escorreita 
lição d e O rlan d o G om es^ , o qual, analisando as sociedades de 
advogados, pre leciona que "não é a pessoa jurídica q u e exerce a 
a tiv id ad e profissional m as as pessoas físicas que a in tegram , ca­
b en d o a estas a prá tica dos atos privativos de advogados". E 
m ais à frente conclui que "os efeitos p rop riam en te societários 
do en te criado pelo contrato social restringem -se, lim itam -se, cir­
cunscrevem -se à d istribuição dos resu ltados obtidos com a re­
m uneração d o traba lho dos advogados e à disciplina d o exped i­
en te d o escritório".
Do q u e se deflui q u e as sociedades d e ad v ogados são antes 
u m in s tru m en to p a ra disciplina das relações internas en tre os 
sócios, q u e u m a clássica sociedade de pessoas em que o serviço 
e a a tiv idade são p restados a terceiros em nom e d a sociedade. 
N a v erd ad e , em u m a sociedade de advogados, os sócios exer­
cem individualm ente suas a tiv idades, um a vez que estas são ati­
v idades p rivativas de advogados. D aí o m otivo d a afirm ação de 
O rlan d o G o m es^ para o qual "a sociedade profissional dos ad ­
vogad o s rep resen ta características da 'Innonlschaft' do direito 
alem ão, a cham ada sociedade in terna em tradução literal. N ão o 
é, segu ram en te , m as tem traços d e sem elhança p o rq u e socieda­
d e p ro p riam en te d ita só se m anifesta n a relação do s sócios en tre 
si, in d o p a ra um a conta com um o resu ltado dos negócios, reali­
zados pelos sócios na sua ind iv idualidade" ,
Esses eram os traços m ais m arcantes que a legislação de 1963 
conferiu ao institu to d as sociedades de advogados. Em 1994 foi 
p u b licad o o n o v o E sta tu to d a O rd e m d o s A d v o g ad o s, a Lei
* Orlando Gomes, Parecer, in Sociedade de Advogado, publicado por Pinheiro Neto e Cia. - 
Advogados, São Paulo, 1975, pág. 117.
^Orlando Gomes, Parecer..,, pág. 117.
SOaEQADE DE WVQGADOS Volume » 1 3
8.906/1994, a qual, p o r m eio de seus artigos 15 a 17, 21 e 34, II, 
d iscip linou as sociedades de advogados. Sua disciplina tam bém 
encon tra g u a r id a nos artigos 37 a 43 do R egulam ento G eral e em 
d iversos P rovim entos d o Conselho Federal.
N ã o obstan te a en trad a em vigor dessa nova regulação, Sér­
gio Ferraz inform a que as principais características e peculiari­
d ad es ap o n tad as acim a não foram desfiguradas^ . A o contrário, 
os p o n to s q u e levaram as sociedades de ad v ogados a serem con­
sideradas u m tipo especial de sociedade perm anecem subjacen­
tes, m esm o com a nova regulam entação d ad a à m atéria.
M uito em bora a legislação atua l não tenha conceituado as 
sociedades de advogados com a m esm a precisão técnica d o Es­
ta tu to de 1963^, o conceito de sociedade de ad v o g ad o s - e as 
conseq ü en tes p ecu lia rid ad es criadas pelo E sta tu to de 1963 - 
rem anescem . Veio então o artigo 15 do E statu to v igente d e te r ­
m inar q u e os ad v ogados po d em reunir-se em sociedade civil de 
p restação de serviço de advocacia, na form a d isc ip linada nesta 
Lei e n o R egulam ento Geral. O artigo 34, II, d o m esm o Estatuto 
estabelece que constitui infração disciplinar m an te r sociedade 
profissional fora d as norm as e preceitos estabelecidos no Esta­
tu to da OAB.
®Sergio Ferraz, in Sociedade de Advogados: conceito, natureza jurídica, in Sociedade de Advo­
gados, pág. 18, Malheiros Editores, São Paulo, 2002.
' Sobre a falta de técnica do legislador do atual Estatuto, veja-se o comentário de Alfredo d 
Assis Gonçalves Neto, in Sociedade de Advogados, Juarez de Oliveira, 2. ed., 2002, pág. tO: “C 
artigo 15 do atual Estatuto, ao dispor que “os advogados podem reunir-se em sociedade civil de 
prestação de serviço de advocacia", deixa de declarar, como ocorria no regime anterior, a fun­
ção a ser por ela preenchida. Pode parecer, à primeira vista, que a sociedade de advogados é 
constituída para exercer a advocacia - o que não é verdade, pois, sendo a atividade de advo­
cacia privativa de advogado, certamente essa sociedade não tem por fim exercê-la, mas, permi­
tir ou facilitar a “colaboração recíproca” entre si dos sócios-advogados e demais advogados a 
ela vinculados, “para a disciplina do expediente e dos resultados patrimoniais auferidos na pres­
tação dos serviços’ por eles individualmente realizados para os clientes, como enunciava o art, 
77, caput, da Lei 4.215, de 1963" (grifos no original).
2 4 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
É preciso, nesse passo, seguindo a ag u d a observação d e Ser­
gio Ferraz^, esclarecer que as sociedades de advogados podem , 
a teo r d o caput d o art. 4" d o P rovim ento 92/2000, pra ticar, em 
nom e p róp rio , os atos norm ais de sua adm inistração, incluindo 
a celebração d e "contratos em geral p a ra representação, consul­
toria, assessoria e defesa de clientes p o r in term édio de ad voga ­
d o sd e seus quadros".
N o en tan to , m an ten d o a orientação do Estatuto d e 1963, a 
a tua l legislação d as sociedades de advogados reforçou a noção 
d e q u e os atos privativos da advocacia seriam ind iv iduais , exer­
cidos pelos sócios o u p o r advogados v inculados à sociedade, 
com o associado ou com o em pregado , m esm o que os resu ltados 
revertam p ara o patrim ônio social, sendo a inda d e te rm inado que 
as procurações serão ou to rgadas ind iv idua lm en te aos ad voga ­
dos, com a indicação da sociedade de que façam parte. Essa é a 
redação d o parágra fo único do art. 4° d o P rovim ento 92/2000, 
em estre ita consonância com o parágrafo p rim eiro do art. 77 do 
E statu to anterior.
A esta a ltu ra parece claro que as sociedades de advogados 
constituem u m tipo societário especial; sua disciplina, portan to , 
d istancia-se do s ou tros tipos societários previstos n o novo C ódi­
go Civil. C om efeito, d iferen tem ente d as sociedades personifi­
cadas d o novo C ódigo Civil, a sociedade de ad v ogados som ente 
adqu ire personalidade jurídica com o registro ap rovado dos seus 
atos constitu tivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base 
territorial tiver sede.
A guisa de conclusão, é valido o esforço no sen tido de siste­
m atizar, n a esteira do que até aqui foi dito e com base n as lições 
de A lfredo de Assis Gonçalves Neto, as p rincipa is característi-
® Sergio Ferraz, Sociedade..., pág. 18.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 1 5
cas d a s sociedades de advogados. A p rim eira característica é a 
d e que, ao contrário das dem ais sociedades p restado ras de ser­
viços, a sociedade de advogados não tem a função p recípua de 
p re s ta r serviços em nom e próprio ; na verd ad e sua principal fun ­
ção é servir com o u m instrum ento de organização adm in is tra ti­
va e financeira d as relações internas en tre os sócios que a com ­
põem . A se g u n d a característica reside na exigência de que to­
dos seus sócios estejam legalm ente habilitados p a ra exercer a 
profissão de advogado . A terceira característica está no fato de 
que o único objeto social possível para u m a sociedade de ad v o ­
g a d o s é o b v ia m e n te a d is c ip l in a d o e x p e d ie n te e g e s tão 
pa trim on ia l a tinentes, exclusivam ente, à p restação de serviços 
de advocacia, v ed ad as quaisquer o u tras a tiv idades ou serviços 
concom itantes. A o contrário d o que ocorre em ou tros países, a 
sociedade m ultid iscip linar não é perm itida no Brasil. A quarta 
característica desse especial tipo societário está no fato de que 
elas apenas adq u irem personalidade jurídica com o registro fei­
to jun to ao C onselho Seccional d a OAB. Por fim, a q u in ta e um a 
d as p rincipa is características das sociedades de ad v ogados resi­
d e n o fato de que elas, em n en h u m a hipótese, po d em apresentar 
form a o u características m ercantis - hoje d itas em presaria is - , à 
luz do artigo 16 do Estatuto vigente.
C om base nesse panoram a legislativo - o qual foi traçado com 
o especial objetivo de identificar o que torna as sociedades de 
ad v o g ad o s u m tipo societário tão especial tra tarem os, a se­
guir, d e ap o n ta r as principais alterações ocorridas no bojo das 
sociedades de advogados em decorrência da publicação do novo 
C ódigo Civil, em especial as inovações adv in d as d as norm as re­
lativas às sociedades sim ples, em oposição à an tiga sociedade 
civil d o C ódigo Civil de 1916.
16 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume It
C um pre-nos, entre tanto , antes da análise específica dos im ­
pactos que as regras sobre as sociedades sim ples terão nas soci­
edades de ad v o g ad o s traçar, p o r m ais breve que seja, u m h is­
tórico do s an teceden tes legislativos que levaram o legislador 
p á tr io a ado ta r a sociedade sim ples com o novo tipo societário, 
com parando-a , a grosso m odo , à antiga sociedade civil.
3. Filiação dogmática do iegislador do novo 
Código Civil
O s traba lhos legislativos tenden tes a re fo rm ular o Código 
Civil b rasile iro alicerçaram -se, sem pre, na p rem issa de que a 
unificação d o d ire ito p rivado , sobre tudo na p arte tocante ao d i­
re ito d as obrigações, parecia ser a m ed id a m ais ap ropriada , um a 
vez q u e a m o derna dou trin a civil considerava o d ireito obrigaci- 
onal u m sistem a uno , que transcendia a condição profissional 
dos agen tes q u e co m punham a relação^. Em ou tras palavras, à 
época da elaboração d o novo Código Civil, a tendência d a d o u ­
trina, e p rincipa lm ente do direito com parado, era no sen tido de 
fazer cessar a d icotom ia formal existente entre d ireito comercial 
e d ire ito civil, a in d a que fossem preservados seus princíp ios in ­
form adores.
Assim , transp lan tan d o a idéia d a unificação d o direito obri- 
gacional para o cam po d as sociedades em geral, o prob lem a que 
se p u n h a , nesse passo , foi ag u d am en te d e tec tado p o r Sylvio 
M arcondes. C om efeito, afirm a o g rande m estre e au to r d o Livro
® Sobre a celeuma a respeito da unificação do direito privado no Brasil e no direito comparado, 
vide, Oscar Barreto Filho, in Teoria do Estabelecimento Comercial, 1969, Max Limonad, São 
Paulo, pp. 9 e segs.; Sylvio Marcondes, In Problemas de Direito Mercantil, 1970, Max Limonad, 
São Paulo, pp. 130 e segs.; Tuilio Ascarelli, In 0 Desenvolvimento Histórico do Direito Comercial 
e 0 significado da Unificação do Direito Privado, in Revista de Direito Mercantil n® 114, Malheiros, 
São Paulo, pp. 237 e segs.; Nelson Abrão, in Sociedade Simples; novo tipo societário, Livraria e 
Editora Universitária de Direito, 1975, São Paulo, pp. 9 e segs.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 17
II da P arte Especial - Direito de E m presa - do novo C ódigo Civil 
que, no cam po d as sociedades, o que se v is lum brava antes da 
unificação era, na seara d o direito comercial, u m a regu lam en ta ­
ção p au tad a , prim eiro , em preceitos gerais aplicáveis a todo g ru ­
p o de sociedades e, depois, em preceitos específicos necessários 
à regu lam entação d e cada um dos tipos societários regulados 
p e lo C ó d ig o C om erc ia l de 1850. E sse s is tem a , no en tan to , 
pre leciona a inda Sylvio M arcondes, não foi e nem p oderia ter 
sido ad o tad o pelo Código Civil de 1916, u m a vez que som ente a 
sociedade civil foi regulada po r aquele d iplom a. Assim , cu idan ­
d o apenas de u m tipo de sociedade, o Código Civil de 1916 não 
p od ia d is tin g u ir a aplicação de norm as gerais e específicas, ain­
d a m ais se fosse considerada a am plitude de suas norm as, que 
ab rang iam não só as sociedades, m as tam bém as associações'" .
"Em conseqüência", afirm a Sylvio M arcondes” , "valendo-se 
d as sugestões d o código d e obrigações suíço e do código civil 
italiano'^ - e é sintom ático que, a respeito, este se tenha utiliza­
d o daq u e le - o anteprojeto coordena os preceitos gerais das soci­
edades, d o código comercial, com as regras d o código civil, e 
e s tru tu ra a sociedade simples, com o u m com partim ento com um , 
d e p o rtas abertas p ara receber e d a r solução às apon tadas ques­
tões" (itálico no original).
Som e-se a isso tu d o a superação d o u ltrapassado conceito de 
ato do com ércio, que trazia consigo a artificial e questionável
Sylvio Marcondes, Problemas... cit., p. 147.
" Sylvio Marcondes, Problemas... c it„ p. 147.
Rubens Requiâo, in Projeto de Código C ivil-apreciação critica sobre o Livro II (Da atividade 
negociai), artigo publicado na RT 478, pp. 15; e Nelson Abrão,Soc/edacfe... cit., pp. 12esegs., 
apontam que não obstante o legislador pátrio ter expressamente indicado os códigos suíço e 
italiano como fonte de inspiração para criação da sociedade simples, esta, como inserida no 
direito brasileiro, foi destinada a desempenhar função diversa daquela que lhe foi atribuída nos 
ordenamentos suíço e italiano.
18 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
distinção en tre ativ idades m ercantis de u m lado, e civis d e ou ­
tro, consagrando-se a m oderna dou trin a focada na em presa e no 
em presário .
D aí conclui-se que, com a unificação obrigacional do direito 
p rivado, passa a não mais existir a tradicional diferenciação entre 
sociedades civis e comerciais. C om a unificação, esses dois tipos 
d e sociedades se u n em como sociedades em presárias, d ep en d en ­
tes da prática da ativ idade econômica. É exatam ente nesse ponto 
que se insere a sociedade simples que, p o r não depender da p rá ti­
ca dos atos de em presa, adquire posição de sociedade especial.
Assim, na sistemática adotada pelo novo Código Civil, a socie­
dade simples presta-se justam ente a suprir o espaço deixado pelas 
sociedades empresárias, além de servir-lhes de substrato nos pon­
tos em que suas disposições necessitem de regras de caráter geral.
N esse sen tido , a sociedade sim ples parece ter sido concebida 
c o m função dupla. A prim eira , servir de fonte sup letiva às socie­
d ad es em presárias. Exemplo disso é o artigo 1.053 d o novo Có­
d igo Civil ao estabelecer que "a sociedade lim itada rege-se, nas 
om issões deste Capítu lo , pelas norm as da sociedade simples"^^. 
A seg u n d a função da sociedade sim ples seria albergar as socie­
d ad es cujo objeto não consista no exercício de a tiv idade p rópria 
d e em presário sujeita a registro (art. 982 do no v o C ódigo Civil).
Dessa form a, a sociedade sim ples foi criada com o objetivo 
de regu la r e o rgan izar as relações em sociedade das pessoas que 
não são consideradas em presárias pelo novo Código Civil^^. Daí
Rubens Requião, P ro je to . . .ó l , p, 14, critica severamente a função da sociedade simples 
como substrato às sociedades empresárias. Segundo o mestre, “pelo sistema adotado, a todo 
instante a doutrina e a jurisprudência seriam chamadas a opinar e decidir sobre quais os princí­
pios das sociedades simples que lhe são específicos e quais os gerais, para serem aplicados a 
outros tipos de sociedade".
'* A respeito da conceituação da figura do empresário no novo Código Civil, vide item 3.2. infra.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 19
a im portância da sociedade sim ples na es tru tu ra ad o tad a pelo 
novo C ódigo Civil. Pois som ente a sociedade sim ples é capaz de 
trazer os benefícios da organização societária às pessoas não con­
s ideradas em presárias. As vantagens de se o rgan izar um a ativi­
d a d e não em presária de form a sim ilar às sociedades em presári­
as são in ú m era s '^ . P odem essas vantagens resu ltar da economia 
fiscal*^ q u e a form a societária propicia e, a inda , d a separação 
p a trim on ia l en tre a sociedade e os sócios e sua conseqüente li­
m itação d e responsabilidade.
3.1. A atividade da advocacia em oposição à atividade 
empresária
O no v o C ódigo Civil d iscip linou a em presa em seu perfil 
subjetivo ’^ e s t a b e l e c e n d o que "considera-se em presário quem 
exerce p rofissionalm ente ativ idade econômica o rgan izada para 
a p ro d u ção ou a circulação de bens o u de serviços". Três, p o r ­
tanto , são as condições que caracterizam o em presário ’*^ , a sa-
Luiz Antonio Soares Henlz, in Direito de Empresa no Código Civil de 2002, Juarez de Oliveira, 
2002, São Paulo. pp. 163-164,
Nesse ponto é interessante notar que a aparição das sociedades de advogados no direito 
brasileiro foi motivada inicialmente para produzir economias fiscais ao advogados, Antes da 
entrada em vigor do Estatuto de 1963, grande números de advogados viam-se compelidos a se 
agruparem em sociedades civis, reguladas pelos artigos 1.371 e seguintes do Código Civil de 
1916. Somente num segundo momento as sociedades de advogados foram utilizadas como 
verdadeiro instrumento de obtenção de escala e eficiência no desempenho da profissão.
Sobre os diversos perfis que a empresa apresenta, veja-se o clássico estudo de Alberto 
Asquini, Profili dell'impresa, in Revista Dei Diritto Commerciale, 1943, v. 4 1 ,1.
Note que não obstante o legislador do novo Código Civil ter definido a empresa por meio de 
seu perfil subjetivo, é sintomático que hoje a doutrina mais abalizada tem encontrado na empre­
sa, em seu perfil funcional, comparando-a com a atividade, a forma mais correta de sua concei- 
tuação- Cf., entre outros, Waldiorio Bulgarelti, in Teoria Jurídica da Empresa, pág. M3, Revista 
dos Tribunais, 1985, São Paulo,
Sobre o conceito de empresário, vide: Sylvto Marcondes, in Exposição de Motivos Comple­
mentar, 1973, pág. 123 e, ainda, Tullio Ascarelli, in 0 Empresário, traduzido por Fábio Konder 
Comparato, publicado na Revista de Direito Mercantil n® 109, pp. 183-189.
2 0 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
ber: (I) o exercício d e a tiv idade econômica, destinada à criação 
d e riqueza, p o r m eio da p rodução de bens e de serviços p a ra a 
circulação; (II) a a tiv idade organizada, pela coordenação do s fa­
tores d e p ro d u ção - trabalho, n a tu reza e capital - em m edida e 
p roporções diversas; e (III) a habitualidade , o que significa d izer 
profissionalm ente , o exercício da ativ idade econôm ica em nom e 
p ró p rio e com ân im o de lucro.
T om ando isso em consideração, percebe-se que as socieda­
des em p resária s serão aquelas fo rm adas pelos em presário s - 
assim defin idos na form a do artigo 966 do novo C ódigo Civil - 
em oposição às sociedades sim ples que, com o tipo especial, d es ­
tinam -se às ativ idades executadas po r pessoas não en q u ad rad as 
n a conceituação de em presário .
N esse passo , o novo Código Civil d e te rm inou expressam en ­
te q u e "não se considera em presário quem exerce profissão in te ­
lectual, d e n a tu reza científica, literária ou artística, a inda com o 
concurso d e auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da 
profissão constitu ir elem ento da em presa".
Em sua exposição de motivos, Sylvio M arcondes afirm ou que 
a "conceituação (de em presário) exclui, en tre tan to , quem exerce 
profissão intelectual, m esm o com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, p o r en tender que, não obstante p ro d u z ir servi­
ços, com o o fazem os cham ados profissionais liberais, ou bens, 
com o o fazem os artistas, o esforço criador se implanta na própria 
m ente do autor, de onde resultam, exclusiva e diretamente, o bem ou o 
serviço, sem interferência exterior de fatores de produção, cuja eventu ­
al ocorrência é, dada a natureza do objeto alcançado, meramente aci­
dental"
 (grifamos).
A esse respeito , Ascarelli é perfeito ao a ten ta r que as profis­
sões in telectuais (dentre as quais se inclui a d o advogado) d e ­
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 1
vem ser reg idas p o r norm as especiais, um a vez que se relacio­
nam ao exercício de ativ idades que, p o r natureza , p o ssuem um a 
d iversa vaioração social e que, por isso, d em an d am princípios 
juríd icos diferentes daqueles gerais aplicáveis às ativ idades re­
g u la d a s p e lo C ó d ig o Civil^", A ssim , em razão dessa d iversa 
vaioração social, certos tipos especiais d e sociedades sujeitam- 
se a no rm as q u e levam em consideração, p o r exem plo, o decoro 
e o ríg ido acesso à profissão, o que, p o r si só, im pedem a aplica­
ção d ire ta e irrestrita d as norm as gerais estabelecidas no novo 
C ódigoCivil.
Para se ter um a idéia de com o essa especial vaioração social 
se reflete na legislação específica das sociedades de advogados, 
b asta m encionar que essas sociedades não p o d em pra ticar o u ­
tras a tiv idades senão aquelas ligadas ao exercício profissional 
d a advocacia. M ais que isso, o cnput do art. 16 d o Estatu to esta ­
belece expressam ente que não serão adm itidas a registro, nem 
p o d erão funcionar, as sociedades de advogados que realizarem 
a tiv idades es tranhas à advocacia. Por esse m otivo, com o já foi 
d ito neste trabalho, as cham adas sociedades m ultid iscip linares 
(aquelas q u e conjugam em seu objeto, além da prestação de ser­
viços jurídicos, o u tras ativ idades com o contabilidade, engenha ­
ria, etc.) não p o d em funcionar no Brasil.
A inda em relação às especificidades das sociedades de ad v o ­
gados, questão bastan te interessante d iz respeito à possibilida-
“ Tuilio Ascarelli, in Corso di Diritto Commerciale, 3. ed, Giuffrè, Milão, 1962, p, 179, Note-se 
que as considerações de Ascarelli em nenhuma hipótese devem ser consideradas despiciendas, 
eis que o Código Civil italiano serviu de base para a elaboração do nosso novo Código Civil, 
notadamente na parte do Direito de Empresa. Por exemplo, o citado parágrafo único do art. 966 
do novo Código Civil deriva, indubitavelmente, do art. 2.238 do Código Civil italiano, in verbis-. 
“Se 1'esercizio delia prolessione constituisce elemento di um'attivita organizzata in forma 
d'impresa, si appiicano anche le disposizioni dei titolo I I [2.082 ss.].
In ogni caso, se 1’esercente una prolessione intellecttuale impiega sostituti o ausiiiari, si appiicano 
le disposizioni delle sezioni II, 111 e IV dei capo I dei titolo II [2.094 ss.).
2 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume I I
de de associação en tre sociedades d e advogados. O Provim ento 
n" 92/2000, em seu art. 6° letra d,e% 3°, expressam ente , autoriza 
"os ajustes de associação ou de colaboração com ou tras socieda­
des de advogados" , d esde que averbados à m argem do registro 
da sociedade. Esclareça-se que a associação é adm itida en tre so ­
ciedades d e ad vogados apenas, sendo im possível a associação 
en tre um a sociedade de advogados e sociedade com ou tro obje­
to (por exem plo, auditoria). Essa vedação é decorrência natural 
d a reg ra d o caput do art. 16, acima citado, estabelecendo que a 
sociedade de ad vogados não po d e pra ticar ativ idades estranhas 
à advocacia.
N orm alm ente a associação entre escritórios de advocacia ocor­
re em razão da facilidade e conveniência de dois escritórios se 
u n irem para presta r um dete rm inado serviço para um cliente 
específico (num a licitação, por exemplo), ou, com o tam bém com 
freqüência vem ocorrendo, em razão das facilidades que a asso­
ciação p o d e lhes trazer no desenvolv im ento de todas as áreas de 
a tuação d o escritório. N ote que, nesse últim o caso, é im portan te 
que as sociedades definam com precisão com o se d ará a atuação 
d o s ad v o g ad o s n o atend im ento dos diversos clientes d as socie­
dades; isso p a ra que não se configure o conflito de interesses, 
p rev isto n o § 6" d o art. 15 d o Estatuto que dete rm ina que os só ­
cios de u m a m esm a sociedade não p o d em rep resen ta r em juízo 
clientes d e interesses opostos^ '.
Q uestão tam bém m uito in teressante e que tam bém se insere 
no bojo dessa d iscussão diz respeito à possib ilidade de um a so­
c iedade de ad v ogados partic ipar no capital social de outra. A 
p a r do s p rob lem as de conflito de interesses - em nossa opinião, 
u m do s p rincipa is problem as desse expediente a partic ipação
Cf. Alfredo de Assis Gonçalves Neto, in S ociedãde... c it„ pp. 68,
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 3
d e um a sociedade de advogados no capital de outra não é possível, 
em prim eiro lugar, porque apenas advogados, pessoas naturais, 
p odem reimir-se em sociedade de advogados (caput, art. 15 do Es­
tatuto). Em segundo lugar, porque a participação de um a socieda­
de no capital de outra poderia ser considerada u m ato com carac­
terísticas m ercantis, o que, como já se deixou claro, não é adm iti­
d o n as soc iedades d e ad v o g ad o s {caput, art. 16 do Estatuto).
Por essas e o u tras razões os advogados, m esm o sendo profis­
sionais liberais, devem constituir sociedade de acordo com o dis­
posto no Estatu to de 1994, e não consoante as regras d as socie­
d ad e s sim ples, tipo societário escolhido pelo legislador d o novo 
C ódigo Civil p ara a atuação dos dem ais profissionais liberais. 
Isso po rque , conform e restou am plam en te dem onstrado , a soci­
e d a d e d e ad v o g ad o s é considerada um tipo societário especial 
e, com o tal, deve ser regida por um a série de norm as que som en­
te a ela se aplicam. É o que se dem onstrará no próxim o tópico.
3.2. A sociedade de advogados como tipo especial de 
sociedade
R etom ando p arte d o que até aqui foi exposto, observa-se que, 
pela sistem ática d o novo Código Civil, existem , de u m lado, re­
gras específicas para as sociedades em presárias, en tend idas em 
seu perfil subjetivo com o aquelas que têm n o em presário a p es ­
soa q u e o rgan iza em torno de si todos os elem entos da em presa 
e, d e outro , as regras das sociedades sim ples destinadas, em p ri ­
m eiro lugar, p ara a disciplina d as sociedades em que o titular 
não seja o em presário (como os profissionais liberais, po r exem ­
plo) e, em segu n d o lugar, com o fonte de regras gerais suscetí­
veis de aplicação sup letiva às sociedades em presárias (confor­
m e p rev is to no artigo 1.053 do novo Código Civil).
24 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
A sociedade de advogados, portanto , po r expressa de te rm i­
nação do novo C ódigo Civil, não se sujeita às norm as das socie­
d ad es em presárias, situação que, em tese, a levaria a sujeitar-se 
às regras d as sociedades simples.
O corre, en tre tan to , que as sociedades de ad v ogados são con­
s id erad as u m tipo societário especial, sujeitas a regras especiais, 
q u e som en te a elas se aplicam. Interessante destacar que o legis­
lado r do novo C ódigo Civil, atento à especificidade de certas 
sociedades, d e te rm inou , p o r m eio do parágra fo único do art. 
9 8 3 ^ , que as sociedades que p o r suas características especiais 
d em a n d are m a constituição de um novo tipo societário não de ­
verão reger-se, em absoluto, pelas regras d o novo C ódigo Civil, 
o q u e significa dizer, no caso das sociedades de advogados, que 
as d isposições especiais a elas aplicáveis dev e rão prevalecer 
q u an d o em confronto com as regras da sociedade simples.
Assim , a sociedade de advogados se en quadra perfeitam ente 
na h ipó tese prev ista pelo parágrafo único d o artigo 983, um a 
vez que , p o r ser reg u lada p o r lei especial, deve ser constituída 
seg u n d o tipo societário específico. E com o tipo especial de soci­
ed ad e d everá reger-se, prim eiro, pelas regras de caráter especial 
q u e com põem sua disciplina, i.é. Estatuto da O rdem , R egula­
m en to G eral e Provim ento. Caso as disposições constantes d es ­
sas leis especiais sejam om issas sobre dete rm inada m atéria , en ­
tão aplicar-se-ão, apenas subsidiariam ente, as disposições que 
regu lam as sociedades sim ples no novo Código Civil.
“ Artigo 983, A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos 
arts. 1.039 a 1,092; a sociedade simples pode constituir-se de conlormidade com um desses 
tipos, e, não o fazendo subordina-se às normas que lhe são próprias.
Parágralo único. Ressalvam-se as disposiçõesconcernentes à sociedade em conta de partici­
pação e á cooperativa, bem com o as constantes de le is especiais que, para o exercício de 
certas a tividades, imponham a constitu ição da sociedade segundo determ inado tipo.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 5
Saliente-se qu e o regim e ado tado pelo novo Código Civil, em 
se tra tando de sociedades constantes de leis especiais, é o mais 
aconselhável. Isso po rque não há com o se p re te n d e r disciplinar 
um a sociedade especialíssim a - com o é o caso d as sociedades de 
ad v o g ad o s - utilizando-se apenas d as norm as de caráter geral 
d o no v o C ódigo Civil. Aqui já foi m encionado que a sociedade 
de ad v o g ad o s não só pode, com o deve ser reg ida p o r norm as 
especiais q u e im ponham u m regim e diferenciado, pois as ativi­
d ad es po r ela p ra ticadas possuem um a valoração social diversa 
d aque las a tiv idades pra ticadas pelas sociedades regu ladas pe ­
los tipos gerais do novo Código Civil.
N o en tan to , essa especialidade não im pede a subm issão das 
sociedades de advogados a certas regras e princíp ios d as socie­
d ad es sim ples, sem pre que as disposições especiais forem om is­
sas. Em verdade , com o tipo especial de sociedade, a sociedade 
de ad v o g ad o s deve, prim eiro , seguir as regras específicas que 
no rte iam sua disciplina e, posteriorm ente, observar, no que cou­
ber, as regras gerais aplicáveis às sociedades s im p le s ^ . A penas 
p a ra citar u m caso no qual as regras das sociedades sim ples de ­
verão ser aplicadas, p o r falta de disciplina específica, d iz respei­
to à d issolução das sociedades. Com efeito, com o a legislação 
especial não regula a dissolução d as sociedades de advogados, 
pela lógica até aqui exposta, deverão ser aplicadas as norm as 
sobre dissolução constantes do novo Código Civil.
À guisa de conclusão, portan to , verifica-se, com o regra geral, 
que as sociedades de advogados são reg idas pela legislação es­
pecial que lhe dá guarida . A penas em casos excepcionais, cuja 
m atéria não foi tratada pela legislação especial, deverão se ap li­
car as regras d as sociedades simples.
Orlando Gomes, Parecer... , pág. 117.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 7
CAPÍTULO II
REGISTRO DA SOCIEDADE 
DE ADVOGADOS 
Comentários aos artigos 16 do Estatuto 
e 38 a 43 do Regulamento Geral, 
bem como ao Provimento n ° 92/2000
Waldemar Soares de Lima Júnior
Siii generis. C om o já havíam os nos m anifestado em data an te ­
rior, a sociedade de advogados tem com o principal característi­
ca o fato de som ente p o d e r ser in tegrada p o r ad v ogados e para o 
exercício d a a tiv id ad e da advocacia. Assim , não p o d e rá dela 
p a r t i c ip a r p e s s o a n ão r e g u la rm e n te in s c r i ta em u m a d as 
Seccionais da O rd em dos A dvogados d o Brasil - OAB o u fazer 
p a rte de sociedade cujos fins sejam distin tos da advocacia. O b­
servam os que o Estatu to da Advocacia e da OAB, Lei n" 8.906/ 
94, art. 16 e parágrafos, p rocurou , regu lam en tado pelo descrito 
no R egulam ento G eral do EAOAB, ver arts. 37 a 43, e P rovim en­
to n“ 92 do C onselho Federal da OAB, delim itar o alcance desta 
característica d as sociedades de advogados. Cabe, neste ponto, 
descrever o contido no art. 16 do Estatuto, visto que o contido 
no R egulam ento G eral da OAB e o inteiro teor do P rovim ento n" 
92/2000 constam ao final de nossa explanação;
"Lei u" 8.906/94 (ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA 
OAB)
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
Art. 16. Não são adm itidas a registro, nem podem funci­
onar, as sociedades de advogados que apresentem forma 
ou características mercantis, que adotem denominação 
de fantasia, que realizem atividades estranhas à advoca­
cia, que incluam sócio não inscrito como advogado ou 
totalmente proibido de advogar.
§ 1" A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome 
de, pelo menos, um advogado responsável pela socieda­
de, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que 
prevista tal possibilidade no ato constitutivo.
§ 2" O licenciamento do sócio para exercer atividade in­
compatível com a advocacia em caráter temporário deve 
ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua 
constituição.
§ 3" É proibido o registro, nos cartórios de registro civil 
de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de socieda­
de que inclua, entre outras finalidades, a atividade de 
advocacia."
N ão ob stan te a ap a ren te clareza na delim itação d o ponto , 
p o d em o s concluir, analisando vários pronunciam entos acerca do 
assun to , no âm bito d o C onselho Federal da OAB, que até hoje 
p a ira m d ú v id as sobre o alcance dos d ispositivos enfocados. Pro­
curarem os, em u m prim eiro m om ento, nesse b reve com entário , 
afastá-las.
T en d o em vista o objetivo de sistem atizar o o rdenam en to ju ­
rídico, cabe enfatizar que o atual Código Civil, Lei n° 10.406, de 
10 de janeiro de 2002, nos apresentou u m a realidade com o con­
dão de perm itir u m a com preensão m ais larga sobre o alcance 
das sociedades de advogados. A p a r dos diversos tipos de soci­
ed ad es q u e estabelece, tan to de índole civil com o comercial, ob ­
servou o legislador, no Livro II, Título II, C apítu lo Único, arts. 
982 e 983, particu la rm en te no parágrafo único deste, a situação 
d aque las sociedades regidas p o r um a legislação especial, com o 
é o caso d as sociedades d e advogados:
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 29
"Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se em ­
presária a sociedade que tem por objeto o exercício de 
atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 
967); e, simples, as demais.
Parágrafo único............................
"Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se se­
gundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a 
sociedade simples pode constituir-se de conformidade 
com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às 
norm as que são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernen­
tes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, 
bem como as constantes de leis especiais que, para o exer­
cício de certas atividades, im ponham a constituição da ' 
sociedade segundo determinado tipo."
D esta form a, podem os v islum brar que as sociedades de ad ­
vogad o s são reg idas p o r lei especial, Lei 8.906/94, e, p o rtan ­
to, un icam ente a ela estão sujeitas, m otivo pelo qual, p o r não se 
confund irem com n en h u m a outra e nem estarem regu ladas por 
n en h u m dispositivo legal alheio ao seu conteúdo, com o antes 
esclarecido (som ente p o d em ser constitu ídas p o r advogados e 
p a ra o exercício d a advocacia), é que os seus atos não estão sujei­
tos a reg is tro p o r n en h u m o u tro órgão que n ão aquele as quais 
estão v inculadas: a OAB, visto que não são sociedades com erci­
ais o u civis típicas, cujas regras estão estabelecidas na lei civil.
Hoje, com m aior clareza, poderem os afirm ar que as socieda­
des d e ad vogados não podem apresen tar form a o u característi­
cas m ercan tis ou ado ta r denom inação de fantasia ou realizar a ti­
v idades alheias à advocacia, razão pela qual não po d em adm itir 
em seus q u ad ro s sócios não inscritos na OAB ou to talm ente im ­
p ed id o s d e advogar, tal o com ando exsurg ido do art. 16, caput, 
d o E statu to d a A dvocacia e da OAB. Portanto , p resen te à legis­
3 0 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u r n e | |
lação de regência especial dessas sociedades é que o registro de 
q u a lq u e r ato relacionado à sua constituição e desenvolvim ento , 
até final dissolução, deve ser feito peran te o Ó rgão do Conselho 
Seccional,base territorial cujos sócios tiverem os seus registros 
profissionais, e não, com o já p ensaram alguns, nos cartórios do 
reg istro civil ou nas jun tas comerciais.
V isando o rien ta r o ad vogado sobre os requisitos m ín im os 
ind ispensáve is à constituição de um a sociedade d e advogados é 
nó s ap resen tam o s no livro SOCIEDADE DE ADVOGADOS, sob 
a coordenação do C onselheiro SERGIO FERRAZ, em capítulo 
específico, ao qual rem etem os o leitor, um a orientação nesse sen ­
tido, pois com a elaboração de seus atos constitu tivos e o com ­
peten te reg istro no ó rgão específico da OAB é q u e a sociedade 
passa rá a ter personalidade jurídica e p o derá efetivam ente de- 
senvolver-se, nos term os da lei.
Surge dessa necessidade de registro dos atos constitu tivos e, 
a p a r tir daí, de qualquer ou tra m odificação ou alteração ocorri­
da na sociedade de advogados, a necessidade de que, em cada 
u m a dessas bases territoriais. Conselhos Seccionais, exista um 
ó rgão p ró p rio para o recebim ento, processam ento e a rqu iv am en ­
to desses atos, p o d en d o presta r o assessoram ento necessário à 
p reservação de direitos. Esse órgão, com o ocorre em tod o s os 
setores da v ida com ercial e civil, não po d e ser confund ido ou ter 
atribuições d istin tas das d e registro d as sociedades de ad voga ­
dos, ten d o em vista a im portância desses atos de registro em 
relação à verificação aos atos po r elas pra ticados, seja em re la ­
ção às suas finalidades ou aos interesses de terceiros.
A possib ilidade d a constituição de u m Ó rgão de Registro, em 
cada C onselho Seccional, decorre da in terpretação d a d a ao ex­
p ressam en te p rev isto n o art. 43 do R egulam ento G erai do Esta­
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 31
tu to da A dvocacia e da OAB, c /c o d isposto no art. 5'' do Provi­
m en to n" 92/2000 do C onselho Federal:
"Regulamento Geral da OAB
Art. 43, O registro da sociedade de advogados observa 
os requisitos e procedimentos previstos em Provimen­
to do Conselho Federal.
Provimento n" 92/2000
Art. 5". O registro de constituição das sociedades de ad ­
vogados e o arquivamento de suas alterações contratuais 
devem ser feitos perante o Consellio Seccional da OAB 
em que forem inscritos seus membros, m ediante prévia 
deliberação do próprio Conselho ou de órgão a que de­
legar tais atribuições, na forma do respectivo Regimen­
to Interno/'
Portanto , p o d erá haver, com com petência exclusiva delega­
da, u m órgão de deliberação sobre os atos de registro e altera­
ções con tra tua is em cada Conselho Seccional, ao qual caberia, 
no exercício da função delegada, o a rqu ivam ento dos registros 
deferidos, no que respeita à constituição, b em com o as altera­
ções e averbações dos atos ocorridos d u ran te a sua existência, 
tais com o, den tre ou tros que forem ju lgados convenientes em 
relação à sociedade e aos seus sócios ou que possam envolver 
d ireitos d e terceiros:
a) a com unicação do falecimento de sócio com ponen te da 
sociedade, com a respectiva dem onstração;
b) a saída de sócio da sociedade;
c) os instrum entos de associação d a sociedade com ou ­
tros profissionais d a advocacia ou sociedades de ad v o ­
gados;
3 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
d) os requerim entos d e registro e autenticação de livros e 
d ocum entos necessários ao desenvolv im ento d as soci­
edades;
e) a com unicação d e abertu ra de filial da sociedade em 
o u tra U n idade da Federação.
R estou reafirm ado no P rovim ento n° 92/2000, em seu art. 8° 
e § 2®, a im portância da constituição de u m órgão, em cada C on ­
selho Seccional, responsável pelos atos de registro, ao estabele­
cer que:
"Provimento n° 92/2000
Art. 8°. O Setor de Registro das Sociedades de A dvoga­
dos de cada Conselho Seccional da OAB deve manter 
um sistema de anotação de todos os atos relativos às so­
ciedades de advogados que lhe incumba registrar, arqui­
var ou averbar, controlado por meio de livros ou fichas 
que lhe perm itam assegurar a veracidade dos lançamen­
tos que efetuar, bem como a eficiência na prestação de 
informações e sua publicidade.
§ 2°. O Conselho Seccional é obrigado a fornecer, a qual­
quer pessoa, com presteza e independentem ente de des­
pacho ou autorização, certidões contendo as informações 
que lhe forem solicitadas, com a indicação dos nomes de 
advogados que figurarem, por qualquer modo, nesses 
livros ou fichas de registro."
Cabe inform ar, a p a r da necessidade que se p rocurou dem ons­
tra r d e u m ó rgão com atribuições específicas de registros dos 
atos d e constitu ição alteração e averbação da sociedade de a d ­
vogados, q u e essa tarefa tende a possibilitar u m a fiscalização 
sobrem aneira eficiente sobre as sociedades constituídas, ev itan ­
d o a n ão observância d as norm as que regem a espécie, pois este
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 3 3
servirá, inclusive, de referência à com preensão d a n a tu reza jurí­
dica d a s sociedades sobre as quais exerce as suas ativ idades de 
registro e ao a tend im ento ao disposto no P rovim ento n° 95/2002 
d o C onselho Federal, que estabelece o necessário p ara o cadas­
tro das sociedades de advogados.
T endo em vista as norm as de regência, com o antes salienta­
do em suas linhas gerais, o estabelecido no Estatuto d a A dvoca­
cia e da OAB, em seu R egulam ento Geral e no P rovim ento do 
C onselho Federai, ficam as sociedades de advogados, socieda­
des especiais, escorreitam ente re sguardadas em term os de re­
gistro de constituição, desenvolvim ento e térm ino d e sua exis­
tência, ev itan d o que as facu ldades p rivativas dos ad v ogados 
sejam deles sub tra ídas em detrim ento d e um a norm alização ci­
vil e comercial.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 3 5
CAPÍTULO III
RESPONSABILIDADE DAS 
SOCIEDADES DE ADVOGADOS
O s w a ld o N a v e s
1. introdução. 2. Da responsabilidade civil do advogado. 3. Da 
responsabilidade da sociedade, pessoal dos sócios, associa­
dos e empregados. 4. Da responsabilidade administrativa e 
é lico-discip linar da sociedade. 5, Do seguro de responsabili­
dade civil para a sociedade de advogados e sua abrangência.
1. Introdução
O assun to sociedades d e advogados e a responsab ilidade por 
seus atos e om issões é assun to dos m ais interessantes. Sua análi­
se par te do Estatu to d a Advocacia, passa pelo R egulam ento Ge­
ral, P rov im ento n “ 92, C ódigo Civil, d e Processo Civil, Código 
d e Defesa d o C onsum idor e até m esm o pela Consolidação das 
Leis d o Trabalho.
A análise feita neste capítu lo será b reve e objetiva, com enfo­
que p rá tico e sem pretensões de inovar, apenas reu n in d o o en ­
ten d im en to m ais abalizado existente sobre a m atéria.
O en tend im en to m ais acurado da responsab ilidade de advo ­
gados é algo d e extrem a valia p ara os operadores do direito, em 
especial do s ad v ogados que p re tendem se ag ru p a r em socieda­
3 6 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
d es de advogados, m as tam bém para os clientes, p o d e r judiciá­
rio o u com issões d e arb itragem que venham a analisar a im pró ­
p ria p restação d o serviço d e advocacia.
P artin d o d o es tu d o d a responsabilidade civil d o advogado , 
ana lisarem os m ais deta lhadam en te a responsab ilidade civil das 
sociedades d e advogados, seu disciplinam ento, distinção en tre 
os d iversos com ponentes da sociedade e espécies de atos p ra ti ­
cados, responsab ilidade ético-disciplinar da sociedade e seguro 
d e responsab ilidade civil.
2. Da responsabilidade civil do advogado
O rig inada no direitorom ano e contida n as O rdenações do 
R eino , a re s p o n sa b i l id a d e civ il d o a d v o g a d o é su b je tiv a e 
contratual peran te seus clientes. Existe, tam bém , a não-contratual, 
deco rren te da infringência da regra geral de não causar d ano a 
n inguém , sem falar na penal e adm inistra tiva pelos dan o s que 
causar aos seus clientes ou não, seja p o r dolo, culpa, ação ou 
om issão. A prev isão está contida nos arts. 17 e 32 d o Estatu to da 
A dvocacia e d a OAB (Lei 8.906/94), no art. 40 do R egulam ento 
Geral d o Estatu to da A dvocacia e da OAB, P rovim ento n° 92, 
no s arts. 186, 389,927 a 954 do Código Civil d e 2002 e no art. 14, 
§ 4° c / c arts. 2° e 3° d o Código de Defesa d o C on su m id o r e m es­
m o n o art. 462 d a Consolidação d as Leis do Trabalho.
P ara b em iniciarm os a análise da responsab ilidade do ad v o ­
gad o é preciso n o ta r que a teoria ado tada p ara os profissionais 
liberais é a da responsab ilidade subjetiva, que dep en d e de culpa 
o u dolo, d iferen tem ente dos dem ais p restadores d e serviço, con­
form e esta tu ído no CDC, ao qual os advogados se subm etem 
neste particular.
N a área contenciosa, devem os advogados utilizarem -se de
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Vokme I I
todos OS m eios e recursos que en tender cabíveis e necessários na 
defesa d o d ire ito d o seu cliente. N ão se obrigam , po rém , pelo 
resu ltado , vez q u e não "decidem " a causa.
Existem, porém , áreas de atuação da advocacia que, em prin ­
cípio, são caracterizadas com o obrigações de resu ltado , com o na 
elaboração d e u m contra to ou de um a escritura, no qual o ad v o ­
gad o com prom ete-se, em tese, a u ltim ar o r e s u lta d o '.
Esta m atéria , porém , não é pacífica, e a obrigação de inden i­
zar deve ser ana lisada sob o prism a da necessidade de agir com 
perícia e diligência, escolhendo o m elhor rem édio processual e 
in terp retação legal, de form a que não sejam absu rd am en te con­
trárias à lei.
A lém d a responsab ilidade contratual, p o d e responder o ad ­
vo g ad o po r violar o dever de não causar dan o a alguém , como 
bem lem bra Sérgio Novais^, a q u em rem etem os o leitor que de ­
seje u m a acu rad a análise do tema.
O m estre Sílvio Venosa d iz que "É fora d e d ú v id a , porém , 
q u e a inab ilidade profissional evidente e pa ten te q u e ocasiona 
p re ju ízos ao cliente gera dever d e indenizar. O erro d o ad voga ­
d o qu e d á m argem à indenização é aquele injustificável, e lem en­
tar p a ra o ad v o g ad o médio,..
A distinção obrigação de fins e d e m eios gera d iferentes efei­
tos q u an to à responsabilidade. A p rim eira gera o dev e r de inde­
n iza r p o r erros grosseiros na elaboração de pareceres, existindo 
n o caso a cu lpa m odalidades im perícia, im prudênc ia ou negli­
gência. N a segunda hipótese, o advogado deverá responder qu an ­
do , p o r exem plo, p e rd e r u m prazo e com isto im p ed ir o cliente
' Sílvio de Sálvio Venosa, “Responsabilidade Civil” , em D ire ito C ivil. Atlas, 2003, p. 175. 
^Sérgio Novais Dias, R e sp o n sa b ilid a d e C iv il d o A d vo g a d o na P erda de um a Chance. LTr, 1999, 
^S ilv iodeS àlv io Venosa. ob. cit.. p, 176.
Ò8 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
d e ter seu p ed id o reapreciado, o que a dou trin a e ju risprudência 
v êm cham ando de perda da chance, tendo Sérgio Novais'* desta ­
cado a necessidade de utilizar-se o advogado de argum entos ju rí­
dicos que venham ao encontro do que deseja seu cliente, ainda 
que, pessoalm ente, com o jurista, filie-se a entendim ento distinto.
N ão se po d e olvidar, a inda, a necessidade de g u a rd a r segre­
do dos fatos que tom ar ciência em razão da profissão®, obriga­
ção esta co m um em ou tros ramos. D escum prido o dever do sigi­
lo e ad v in d o d an o ao cliente, aparece a obrigação de responder 
civilm ente.
A specto relevante para a m atéria da responsab ilidade civil 
do ad v o g ad o está contido no art. 14, § 4" d o CDC, que p revê a 
apu ração da cu lpa para se responsabilizar o profissional liberal, 
regra esta q u e se aplica à sociedade d e advogados pela natu reza 
específica d a pessoa jurídica.
N o cam po das m ed id as adm inistrativas, p rev istas no CDC 
nos arts. 18 a 28, as m esm as não se aplicam aos advogados, d i­
an te d a com petência da OAB, p rev istas no art. 44 do EOAB, II, 
para "p rom over, com exclusividade, a representação, a defesa, a 
seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Fede­
ra tiva d o Brasil", lei posterior e especial.
3. Da responsabilidade da sociedade, pessoal 
dos sócios, associados e empregados
O EOAB prevê, em seus arts. 15 a 17, a possib ilidade d e os
'S érg io Novais Dias, ob. cit.
® É 0 seguinte o teor do art. 7-. XIX, do EOAB:
São direitos do advogado:
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, 
ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autoriza­
do ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;”
SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II 3 9
ad v o g ad o s se reun irem em sociedades de advogados. De acor­
do com o C ódigo Civil de 2002, arts. 966, par. ún. e 982^, as soci­
ed a d es fo rm ad as p o r ad v o g ad o s são sociedades sim ples, em 
contraposição às em presárias, e a inda segu n d o o CC, art. 983, 
par. ú n / , as sociedades sim ples p o d em tom ar os tipos aos quais 
deve subm eter-se a em presária ou o constante em lei especial, 
com o é obrigatoriam ente o caso d as sociedades de advogados. 
A lei especial para o caso é o EOAB, e o tipo sociedade d e ad v o ­
g ad o s v em defin ido em seus artigos 15 a 17, no R egulam ento 
G eral, art. 40, e no P rovim ento n" 92 do Conselho Federal, órgão 
m áxim o d a advocacia nacional.
C om o sociedade de pessoas e de finalidades profissionais, com 
caráter especial, a sociedade d e advogados não se confundindo 
com as dem ais sociedades civis. N a visão do m estre Paulo Lôbo®, 
apo iad o nou tros d o u trinadores d e escol, a sociedade "desenvol­
ve ativ idades-m eio e não ativ idades-fim da advocacia. É en tida ­
d e coletiva o rganizada, m eio e racionalização, p a ra perm itir a
® É 0 seguinte o teor do art. 966 e 982 do CC:
“Art. 966, Considera-se empresário quem exerce protissionalmente atividade econômica orga­
nizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
cientifica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o 
exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
“Arf. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por 
objeto 0 exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e simples, as 
demais....”
' Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 
1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, 
não 0 tazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes á sociedade em conta de partici­
pação e á cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercido de 
certas atividades, imponfiam a constituição da sociedade segundo determinado tipo,"
*Paulo Luiz Netto LÔbo, C om e n tá r io s a o N ovo E sta tu to d a A d vo ca c ia e da O AB. Brasília Jurídi­
ca. p. 76.
40 SOCIEDADE DEM3V0GAD0S Volume II
a tiv idade associativade profissionais, que d istribuem e com par­
tilham tarefas, receitas e despesas, q u an d o atingem u m nível de 
com plexidade que u ltrapassa a atuação individual, m esm o q u an ­
d o agregada.
D iferen tem ente d as dem ais sociedades de serviços, a finali­
d a d e d a s sociedades de advogados, com o lem bram H addock 
Lobo e C osta N eto , é de regular e d isciplinar relações recíprocas 
en tre advogados, n o que pertine fundam en ta lm en te a v ida a d ­
m in istra tiva e financeira do grupo , ou, com o disse O rlando G o­
m es p o r eles citado, "a rem uneração dos resu ltados obtidos com 
a rem uneração d o trabalho dos advogados e disciplina d o expe­
d ien te d o escritório” .
F irm ado o contra to de prestação d e serviço en tre o advogado 
e cliente, na h ipó tese de dano o advogado responde com base 
nos arts. 186, 389 e seguintes do CC, além da responsabilidade 
solidária da sociedade que integra na qualidade de sócio, em ­
p re g a d o ou associado. N a hipótese do contra to de p restação de 
serviço ser firm ado en tre sociedade de advogados, A lfredo G on­
çalves preleciona: "se o cliente celebrou contrato de prestação 
d e serviços com sociedade de advogados, pela qual ela assum iu 
a obrigação d e prestá-los p o r m eio dos advogados d e seu q u a ­
d ro , re sp o n d e ela, d iretam ente, p o r descum prim ento dessa p ro ­
m essa d e fa to d e terceiro (art. 929 d o Código Civil de 1916; arts. 
439 e 440 do novo Código)"*^.
O art. 15, § 3° do EOAB"^ estabelece que ao se contra tar ad v o ­
gados sócios, associados ou em pregados de um a sociedade, deve
® Alfredo de Assis Gonçalves Neto, Sociedades c/e A dvog ados . 2. ed. Juarez de Oliveira, p. 44,
Dicção do art. 15, § 3 - do EOAB;
“As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade 
de que façam parte” .
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 4 2
constar n a p rocuração o nom e d a sociedade q u e integram .
Im porta destacar as d u as ordens de responsab ilidade civil às 
quais a sociedade d e advogados está subm etida: a p rim eira d e ­
corren te d e atos e om issões no exercício da profissão pelos a d ­
vogad o s q u e a in tegram ; a segunda em razão dos seus atos como 
pessoa jurídica, e nesta respondem subsidiária e ilim itadam ente 
os sócios, vez que ao caso se aplicam as regras com uns às socie­
dades, p rev istas nos arts. 1.023 e seguintes do CC e 748 do CPC.
T em a com a lgum a controvérsia, o art. 17 d o EOAB prevê que, 
"A lém d a sociedade, o sócio responde subsid iária e ilim itada­
m en te pelos danos causados aos clientes p o r ação o u om issão no 
exercício da advocacia, sem prejuízo da responsab ilidade disci­
p lin a r em q u e possa incorrer"'. À in terpretação de que apenas o 
sócio causador do d an o responde estão filiados Sérgio N ovais e 
A ssis Gonçalves, com am paro nos arts. 265” , que em conjunto 
com os arts. 990, 1.039,1.045, todos d o CC, explicitam que deve 
ser expressa a solidariedade. Este destaque é im portan te devido 
à in te rp re tação ex isten te’^, com base no P rov im ento n '’ 92, da 
re sponsab ilidade n ão se ater ao sócio causador, m as a todos os 
sócios, en ten d im en to de P aulo Lôbo. A insubsistência deste en ­
tend im en to , d a ta vênia, aflora p o r sua contraposição ao texto 
legal que visa regular, pois u ltrapassa a com petência colocada 
n o art. 54, V e XVIII d o EOAB, q u an d o am plia prev isão de res­
p o nsab ilidade civil não existente na lei regu lada, p ad ecendo de 
vício m aterial, d ian te da necessidade d e prev isão da solidarie­
d ad e nos term os que d ispõe através de lei federal.
" 0 que diz o art. 265 do CC:
“A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes” .
0 ilustríssimo Paulo Lôbo entende ser solidária e ilimitada a responsabilidade de todos os 
sócios, ob. cit.
Aliredo de Assis Gonçalves Neto, ob. cit.
4 2 SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II
A lfredo de Assis’-* lem bra que no contrato social poderão os 
sócios p rev er a responsabilidade solidária, ou m esm o a lim ita­
ção até certo valor para algum sócio. A segunda hipótese não 
terá eficácia em relação a terceiros.
Porém , q u an d o a sociedade responde p o r atos ou om issões 
cu lposas o u dolosas em detrim ento dos clientes, todos os sócios, 
p ro p o rc io n a lm en te a sua partic ipação societária, acabam por 
arcar com a reparação do dano. Sem em bargo, p o d erão se res­
sarcir jun to ao sócio, associado ou advogado em pregado causa­
d o r via ação regressiva, vez que não partic iparam do a to /o m is ­
são d an o so /cu lp o so .
N a h ipótese ind icada no art. 990 d o CC, sociedade d e fato, se 
estabelece a responsab ilidade ilim itada e solidária de todos os 
sócios, associados e advogados em pregados pelos d anos causa­
dos aos clientes, incid indo a regra geral p ara sociedades que não 
estão form alm ente constituídas.
N a linha de en tend im ento d a so lidariedade expressa em lei 
ou contra to , contida no art. 265 do CC, p o derá ser pac tuado no 
contra to d e prestação de serviço que todos os sócios são so lida­
riam ente responsáveis, prevalecendo, no caso d e existir apenas 
in s tru m en to de procuração, sem contrato escrito, a responsabili­
d a d e apenas d a sociedade e do sócio causador do dano.
N ão se deve, entre tanto , o lvidar a necessária p roteção ao cli­
ente, d e resto base da confiança em toda a classe dos advogados. 
N os casos em que não seja possível identificar o responsável, 
com o b em lem bra Sérgio N ovais, o cliente terá a opção de acio­
n a r todos q u e constem na publicação ou procuração, ou alguns 
deles, m an tid a a possib ilidade de ação regressiva, com o exposto 
acima, com base na divisão in terna d o serviço.
A paren te antinom ia surge en tre as norm as contidas no art.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 4 3
14, § 4° do CDC e a existência d e p ersonalidade jurídica, que 
faria a sociedade de advogados se subm eter, para verificação da 
responsab ilidade civil, à teoria da responsabilidade objetiva. A 
análise u m pouco m ais detida faz sup era r a aparen te con trad i­
ção pela constatação de que a pessoalidade intrínseca ao traba­
lho do advogado , m esm o in tegrante de es tru tu ra presen te em 
g ran d es bancas, em regra com grande nú m ero de sócios, associ­
ados e em p reg ad o s advogados, não se configura em elem ento 
d e em presa , não fazendo sentido, nu m a sociedade de pessoas e 
d e finalidades profissionais a aplicação de regra d istin ta da que 
regu la seus in tegrantes, m esm o na qualid ad e d e em pregados, 
na h ipó tese de d anos a clientes, sendo sem pre subjetiva. Desta 
m a n e ir a e n te n d e m o p ro fe s s o r S érg io N o v a is '^ e A n tôn io 
L in d b erg h C. M o n tenegro ’^ p rev en d o este ú ltim o um a única 
p o ssib ilidade p ara a responsabilidade objetiva, a de falta não 
im p u ta d a pessoa lm ente ao profissional liberal.
N o q u e d iz respeito à responsabilidade civil p o r atos não p r i ­
vativos da advocacia, o art. 1.023 e seguintes do CC, em conjun­
to com o art. 748 d o CPC, d iscip linam a m atéria , sen d o re sp o n ­
sáveis subsid iária e ilim itadam ente os sócios na p roporção da 
partic ipação no capital social ou, d ispondo o contrato , subsidia- 
riam en te à sociedade e solidária en tre os sócios.
4. Da responsabilidade administrativa e ético-discipiinar 
da sociedade
N este capítu lo já m encionam os a não-subm issâo dos ad v o ­
gados ou d as sociedades de advogados às sanções adm in istra ti­
vas do CDC, poisa OAB trata da m atéria com exclusiv idade nos
"S e rg io Ferraz, ob. cit.
Aritônio Lindbergh C. Monlenegro, Ressarcimento de D anos. Lumen Juris, 5. ed,. 1998.
44 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
arts. 34 a 44 d o seu Estatuto. Por estas regras d o EOAB, quando 
a sociedade com ete infração, a sua punição se dá via sócio-ge- 
ren te que pra ticou o ato agindo pela sociedade, sem pre deste ou 
d e todos os sócios que participarem d o ato infrator, p o r entender- 
se que a sociedade não po d e pra ticar infração ético-disciplinar.
5. Do seguro de responsabilidade civil das sociedades 
de advogado e sua abrangência
O seguro d e responsabilidade civil profissional de socieda­
d es d e ad v o g ad o s foi criado no Brasil em 1994, desenvolv ido e 
exclusivo pa ra os associados do C entro de E studos d as Socieda­
des d e A dvo g ad o s (CESA) até o ano de 2001, sendo m entores os 
Drs. L uiz R oberto N ovaes e o corretor F ernando Coelho, sob a 
liderança do Dr. O rlando Giácomo, presiden te do CESA. Inicial­
m ente com três bancas contratantes, hoje m ais de oitenta escri­
tórios contam com o seguro, em constante evolução.
O objetivo do seguro de responsabilidade civil é garan tir a 
p ro teção d o cliente e d a sociedade de advogados, sendo obriga­
tó ria sua contra tação em países com o a Inglaterra, A lem anha e 
Á ustria. N a E spanha ocorre a contratação de cobertura pelo Co­
légio de A dvogados, que oferece um seguro a todos os seus as­
sociados pessoas físicas, sem elhante ao m odelo p roposto ao C on­
selho Federal d a OAB, no qual tram ita processo sobre o assunto. 
N os Estados U nidos, em bora não obrigatória , na m aioria dos 
estados existe a obrigação dos advogados d ivu lgarem a seus cli­
entes se p o ssuem o u não a apólice.
A firm a o Dr. F ernando Coelho, fo rm ulador da apólice ju n ta ­
m en te com o CESA, que na Inglaterra a sociedade de advogados 
deve co n tra ta r no m ercado aberto e, caso não consiga, d eve re ­
correr a u m pool de seguradoras po r u m p eríodo m áxim o de dois
SOOeOADE DE AAVOGA.DOS Volume 4 5
anos a té ser aceito novam en te nas corretoras hab ilitadas pelo 
The Law Society . U ltra p a s sa d o esse p ra z o sem ace itação de 
con tra tação n o m ercado aberto, dá ensejo à liqu idação com pul­
sória d a sociedade de advogados.
Por certo o n ú m ero de ações contra ad v ogados ou sociedades 
d e ad vogados não é ainda expressivo, m as a apólice de respon ­
sab ilidade civil já serviu de apoio a escritórios que se v iram na 
situação d e resp o n d er pela im própria prestação do serviço como, 
p o r exem plo, no caso da não-assinatura de recurso para T ribu ­
nal Superior, m as poderia ser tam bém a p e rd a de u m prazo , a tu ­
ação com desconhecim ento d e texto legal v igente e ou tras s itua­
ções de cu lpa configurada pelo não-cum prim ento da obrigação 
de m eios, com o visto acima.
A apólice do CESA abrange ad v ogados sócios, associados, 
ad v o g ad o s em pregados, estagiários e dem ais funcionários en ­
q u an to ag indo em suas respectivas funções e com petências, co­
b rin d o tam bém indenizações p o r dan o m oral, p o r perda , extra­
vio, roubo ou furto de docum entos de clientes em posse do se­
g u rad o p ara trabalhos. D entre os riscos excluídos po d em o s citar 
os atos dolosos e quebra do sigilo profissional e a perda , extra­
vio, ro ubo o u fu rto de d inheiro e / o u docum entos de crédito.
D entre as inovações recentes da apólice d e seguro do CESA 
está um a cláusula que cobra a indenização d o d ano pun itivo ou 
exem plar, algo existente em países com o os Estados U nidos, d en ­
tre outros, m as que atende à necessidade de um a apólice global.
É objetivo d o seguro de responsab ilidade civil, en tre outros, 
ev itar ações judiciais en tre clientes de sociedades d e advogados, 
algo que teria im plicações n ão só éticas, m as v iria ao encontro 
m esm o a u m a ráp id a reparação ao cliente d o escritório, d a í p o r ­
q u e já consta d a apólice de seguro a possib ilidade de recorrer à
4 6 SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II
m ediação e à arb itragem para solução dos casos em ergentes, re­
correndo-se às C âm aras ligadas ao Conselho d as Instituições de 
M ediação e A rb itragem m ais a C âm ara da F undação Getúlio 
V argas de SP (CONIMA).
M erece atenção a correta utilização do seguro existente, evi­
tan d o a utilização p o r clientes d e má-fé ten tando encobrir erros 
seus a través d o profissional da advocacia, causando danos p o r 
vezes irreversíveis para a reputação do advogado.
SOOEOAOE DE ADVOGADOS V o l u m e i l 4 7
CAPÍTULO IV
CONTRATOS DE ASSOCIAÇÃO 
Com entários ao artigo 39 do Regulam ento 
G eral do Estatuto da Advocacia e da OAB
Manoel Antonio de Oliveira Yranco 
Kicarào Miner Navarro 
Gabriel Placha
1. Introdução
N estes tem pos em que a advocacia exercida ind iv idualm ente 
deixa d e ser a reg ra p a ra tornar-se a exceção, d an d o lu g a r às 
g ran d es b ancas de advocacia com postas d e dezenas ou até cen­
tenas d e advogados, com filiais p o r todo o país, o institu to da 
associação en tre sociedades o u en tre estas e ad v ogados au tôno ­
m os é cada vez m ais com um .
A advocacia m o derna exige do profissional alto g rau de es­
pecialização, to rn an d o p ra ticam en te im possível ao ad vogado 
a tender, ind iv idua lm ente , a todos os interesses de seus clientes, 
em todas as áreas do direito , com qualidade e com petência.
O u tro obstáculo enfren tado pelos ad v ogados a tua lm en te é 
que, com o acúm ulo de audiências, p razos, reuniões, estudos e 
pesquisas, todas as ho ras do dia são insuficientes p a ra o esgota­
m ento da agenda.
A lém disso, os altos custos de instalação e m anu tenção de 
u m escritório com em pregados com petentes, m odern o s equ ipa ­
48 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
m entos d e telefonia e inform ática, biblioteca a tua lizada e outros, 
to rna a advocacia "artesanal" p ra ticam ente inviável.
A colaboração recíproca en tre profissionais e sociedades, em 
q ue se p a rtilh am responsabilidades e resultados, tem sido a so­
lução en co n trad a p ara a m elhor organização d a a tiv idade da 
advocacia.
2. Associação e sociedade - diferenças
im p o rtan te , d esde já, apon ta r as principais diferenças entre 
associação e sociedade’ .
A sociedade é u m a en tidade complexa, com personalidade 
juríd ica d istin ta de seus m em bros, patrim ônio p ró p rio e razão 
social, o q u e lhe perm ite pra ticar atos de adm inistração em seu 
p ró p rio nom e^. Essencial a presença da affectio societatis, v o n ta ­
de de subm eter-se ao regim e societário. A von tade social deve 
prevalecer.
’ Para Paulo Luiz Netto Lóbo “0 regulamento geral introduziu a disciplina de um tipo intermedi­
ário entre o sócio da sociedade e o advogado empregado. É o advogado associado, muito co­
mum nos costumes dos escritórios de advocacia brasileiros” (LÔBO, Paulo Luiz Netto, C o m e n ­
tá r ios a o E s ta tu to da A d vo ca c ia e da OAB. 3. ed. São Paulo; Saraiva, 2002. p. 114),
2 A sociedade de advogados somente pratica atos de administração. A advocacia, por imposi­
ção legal, somente pode ser exercida por pessoas naturais. Assis Gonçalves esclarece que 
“Pode parecer, à primeira vista que a sociedade de advogados é constituída para exercer a 
advocacia - o que não é verdade, pois, sendo a atividade de advocacia privativa de advogado, 
certamente essa sociedade não tem por fim exercê-la, mas, permitir ou facilitar a 'colaboração 
reciproca’ entre si dos sócíos-advogadose dos demais advogados a ela vinculados, ‘para a 
disciplina do expediente e dos resultados patrimoniais auferidos na prestação dos serviços’ por 
eles individualmente realizados para os clientes, como enunciava o art. 77, caput, da Lei n® 
4.215, de 1963" (GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. S o c ieda de d e A dvog ados . 2. ed. São 
Paulo: Juarez de Oliveira, 2002. p. 10/11). 0 tema é bem definido no art. 4- do Provimento n- 92/ 
2000 do Conselho Federal da OAB: A ri. 4 ^ - A s so c ie d a d e s d e ad vogados, n o e xe rc íc io d e sua s 
a tiv id a d e s , so rrien te p o d e m p ra t ic a r os a to s ind isp ensáve is às sua s fina lid ades, a s s im c o m p re ­
en d idos, d e n tre ou iro s . o s d e sua ad m in is tra çã o regular, a ce le b ra çã o d e co n tra to s e m g e ra l 
p a ra re p rese n taçã o , con su lto ria , asse sso ria e de fesa de c lie n te s p o r in te rm é d io d e a d vogad os 
d e s e u s qu adro s. P a rá g ra fo ún ico. O s a to s p r iva tivo s de a d vo g a d o d e ve m s e r exe rc id o s pe lo s 
sóc ios o u p o r a d vogad os vincu lados à sociedade, com o associados ou co m o em pregados, m esm o 
q u e o s re su lta d o s re ve rta m pa ra o p a tr im ô n io socia l.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 4 9
}á a associação é apenas a aproxim ação de interesses com uns. 
N ão existe p e rsonalidade jurídica d istin ta d e seus m em bros. A 
in d ependência é a sua m aior característica^. É u m contra to civil, 
regido, portan to , pelo Código Civil e pelas norm as especiais que 
lhe são aplicáveis'’ .
3. Previsão legal
O contra to de associação po d e ser firm ado en tre advogados 
au tônom os, en tre sociedades de advogados ou, ainda, en tre so­
c iedades e advogados. O contrato de associação firm ado entre 
ad v o g ad o s au tônom os é m ais raro e não causa m aior polêmica. 
O contrato de associação entre sociedades será abordado adiante.
Já o con tra to d e associação entre ad vogado au tô n o m o e soci­
ed ad e de ad v o g ad o s m erece m elhor atenção. C om a prolifera­
ção d as sociedades de advogados a partir d as décadas de 80 e 
90, este tipo de contrato tornou-se corriqueiro, causando, para 
alguns, a falsa im pressão de que se tratava de um a b u rla ao con ­
tra to de trabalho.
V isando dem onstra r a legalidade d o institu to , esta m odali­
d a d e de contra to de associação foi no rm atizada pelo Regulam en­
to G eral d a A dvocacia e da OAB que, em seu artigo 39, dispõe:
"Art. 39 - A sociedade de advogados pode associar-se 
com advogados, sem vínculo de emprego, para partici­
pação nos resultados.
^Segundo Gisela Gondin Ramos, "A finalidade é de ordem prática. Por este meio, permite-se 
que a sociedade estabeleça uma relação profissional com advogados nas várias especialidades 
da atividade da advocacia, sem que haja necessidade de incluí-los como sócios. (RAMOS, 
Gisela Gondin. E sta tu to da A d vo ca c ia - C om e n tá rios e Ju r isp ru d ê n c ia S e lec ion ada . Florianó­
polis: OAB/SC, Editora, 2® ed„ 1999, p. 225.)
‘ Destaca-se que o contrato de associação deverá obedecer aos princípios da t)oa-fé objetiva e 
da lunção social do contrato (artigos 421 e 422 do Código Civil Brasileiro).
5 0 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume I I
Parágrafo único. Os contratos referidos neste artigo são 
averbados no registro da sociedade de advogados"’ .
A norm atização não criou o instituto, apenas p rev iu a possi­
b ilidade d e sua utilização. O Estatuto da Advocacia e da OAB 
(Lei 8.906, d e 4 de ju lho de 1994) é ex trem am ente rígido, p ro i­
b indo , expressam ente , a "m ercantilizaçâo" da advocacia. A so­
c iedade de advogados, com o vim os, é adm itida apenas como 
ins tru m en to de facilitação do exercício d a advocacia pelos seus 
co m ponen tes ou ad v o g ad o s v inculados. Assim , se em algum 
m om ento , talvez tenha su rg ido d ú v ida quan to à legalidade d es ­
te tipo d e associação, o R egulam ento Geral acabou com qual­
quer d ú v id a^ .
4. Forma e conteúdo
A norm a d o artigo 39 d o R egulam ento G eral apenas estabe­
lece q u e o contra to deve ser averbado no registro da sociedade, 
e a d o § T , do artigo 6" do P rovim ento n® 92/2000, que os contra­
tos de associação deverão ser ap resen tados para averbação em 
três vias.
Logo, os contra tos d e associação en tre sociedade d e ad voga ­
d o s e ad v o g ad o s au tônom os devem ser obrigatoriam ente escri­
tos e lav rados, ao m enos, em três vias. N o mais, a form a é livre. 
Pode ser p o r escritura pública ou p o r in strum en to particular, e 
seu con teúdo é livrem ente pac tuado en tre as partes, d e acordo
^0 Provimento n- 92/2000 do Conselho Federal trata brevemente no parágrafo segundo do seu 
artigo 6- sobre a averbação do contrato de associação.
® Assis Gonçalves explica que “Não padece a regra regulamentar de qualquer vicio de ilegalida­
de, porque não está a criar nova figura jurídica, mas simplesmente a contemplar uma possibili­
dade concreta, dentre as várias possiveis, de contratação de serviços de advocacia pela socie­
dade. Ou seja, com ou sem a norma regulamentar, nada impediria que a sociedade de advoga­
dos celebrasse contratos de associação com advogados autônomos” (GONÇALVES NETO, 
Alfredo de Assis. Ob. c it„ p. 59).
SOCIEDADE DE ADVOGAMS V o l u m e I I 51
com os seus interesses, recom endando-se, en tre tan to , que nele 
sejam d ispostas todas as condições d o pacto^.
C abe ressaltar que cada Conselho Seccional poderá , através 
do órgão responsável pela averbação, regu lam entar m in im am en­
te a form a e o conteúdo dos contratos de associação apresen ta ­
dos, v isando estabelecer u m p adrão m ínim o que a tenda às ne­
cessidades organizacionais d o p róprio órgão, com o microfilma- 
g e m /d ig i ta l iz a ç ã o , encadernação , a rm a zen am en to , controle , 
d en tre ou tros^ . A lém disso, p a ra cada ad vogado associado, d e ­
verá ser ap resen tado u m contrato em separado , sendo v ed ad a a 
ap resen tação de contratação coletiva.
5. Averbação
A averbação do contrato de associação é feita junto ao registro 
da sociedade de advogados, m ediante requerim ento dirigido ao 
Presidente do Conselho Seccional. O contrato deverá ser apresen­
tado em três vias, sendo que um a ficará arquivada no Conselho 
Seccional e as outras d u as serão devolvidas para as partes.
Im portan te ressaltar que o advogado associado deverá ter, 
obrigatoriam ente, inscrição no Conselho Seccional on d e será feito 
0 registro.
D everão ser observadas, ainda, as norm as im postas pelo C on­
selho Seccional e pagos os preços devidos.
■ Para Assis Gonçalves “esse contrato deve ser detalhado na determinação, não só (i) dos 
vincules dele decorrentes, como (ii) das atividades contratadas, (iii) das responsabilidades as­
sumidas, tanto pelo advogado associado como pela sociedade, (iv) a forma, cálculo ou critério 
de remuneração, (v) da oportunidade de pagamento etc. Enfim, devem ser estabelecidas 'todas 
as cláusulas que irão reger as relações e condições da associação estabelecida pelas partes’" 
(GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. cit., p. 61).
® É 0 caso, por exemplo, do Conselho Seccional do Paraná, que, através de sua Comissão de 
Sociedade de Advogados, editou a Instrução Normativa n® 01/2002, que trata, entre outros as­
suntos, da forma e do conteúdo mínimo dos contratos de associação.
52 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
Para Assis Gonçalves, o não-cum prim ento da fo rm alidade da 
averbação n ão invalida o ato, m as ocasiona infração disciplinar'^.
É im p o rtan te a averbação dos pactos d e associação no Conse­
lho Seccional p ara que este tenhao controle d as relações en tre 
p rofissionais e sociedades, não p erm itindo que u m advogado 
associe-se a m ais de um a sociedade ou, sendo sócio de um a soci­
edade , associe-se a o u tra" '.
6. Responsabilidade do advogado associado
O tem a d a responsabilidade é assun to do C apítu lo III desta 
obra. N o en tan to , cabe aqui fazer a lgum as considerações.
O artigo 40 d o R egulam ento G eral estabelece que:
"Art. 40 - Os advogados sócios e os associados respon­
dem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados 
diretamente ao cliente, nas hipóteses de dolo ou culpa e 
por ação ou omissão, no exercício dos atos privativos da 
advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar 
em que possam incorrer."
* “A ausência deste último pressuposto, no entanto, não prejudica a conclusão antes exposta, 
pois a função da averbação é a de dar publicidade ao pacto (para que a clientela possa conhe­
cer a extensão dos vínculos da associação e suas implicações relativamente aos seus interes­
ses e para controle da OAB), não sendo possiveS atribuir-lhe natureza constitutiva. Em outras 
palavras, o descumprimento dessa exigência não invalida o ajuste, podendo a omissão ocasio­
nar, porém, infração disciplinar, passível de advertência ou censura” (GONÇALVES NETO, Alfredo 
de Assis. Ob. c it.,p . 61),
Assis Gonçalves ensina que “por interpretação extensiva do art, 15, § 4- do Estatuto, o advo­
gado não se pode associar a mais de uma sociedade de advogados nem ser sócio de uma e se 
associar a outra dentre as registradas no mesmo Conselho Seccional" (GONÇALVES NETO, 
Alfredo de Assis. Ob. cit,, p. 62). No mesmo sentido, Gisela Gondin Ramos afirma que “0 cerne 
do problema, aqui, está em definir se o advogado associado integra ou não a sociedade à qual 
se associa, frente à restrição consignada no parágrafo quarto do art, 15 do Estatuto. Após aná­
lise da questão, concluímos, d a ta ven ia , que o contrato de associação, efetivamente, tem o 
condão de tornar o advogado associado elemento Integrante da sociedade, o que se evidencia 
pela redação do art. 40 do Regulamento Geral, que ao mesmo faz referência expressa. Desta 
tonna entendemos que a associação, nestes termos, não è possível” {RAMOS, Gisela Gondin, 
Ob. cit., p. 225).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 5 3
O artigo trata apenas da responsabilidade pelos danos cau­
sados diretamente ao cliente, não abrangendo a responsabili­
d ad e social, ou seja, não responde o ad vogado associado pelas 
obrigações assum idas pela sociedade" .
A responsab ilidade civil p o r danos causados ao cliente, é, de 
acordo com o artigo citado, subsidiária. N o en tan to , A lfredo de 
Assis G onçalves N eto d iscorda da possib ilidade d a caracteriza­
ção d e responsabilidade subsidiária do advogado associado por 
atos p o r si praticados, entendendo, neste caso, ser a responsabili­
d ad e solidária'^, posição que encontra os m elhores argum entos.
A responsab ilidade disciplinar, p o r óbvio, som ente po d e ser 
a tribu ída ao ad vogado ou advogados que com eteram a infra­
ção, seja p o r ação ou omissão. N o caso concreto, deverá ser a p u ­
rada a extensão do envolvim ento de cada ad v o g ad o '^ .
" Para Paulo Luiz Netto Lôbo “(0 associado) Pode utilizar as instalações da sociedade, mas 
não assume qualquer responsabilidade social" (LÔBO, Paulo Luiz Netto, Ob, cit,, p. 114). Neste 
sentido, Assis Gonçalves: “0 advogado associado, não sendo sócio, não responde pelas obri­
gações assumidas pela sociedade, nem mesmo em caráter subsidiário" (GONÇALVES NETO, 
Alfredo de Assis. Ob. cit., p. 62).
“Reafirmo essas conclusões apesar de o art. 40 do Regulamento Geral falar em responsabi­
lidade subsidiária do advogado associado, pois não vejo como caracterizá-la. É que, (i) ou bem 
0 advogado associado agiu ou deixou de agir causando o dano, por culpa ou dolo a si imputá- 
veis e sua responsabilidade é pessoal e direta (art. 32 do EAOAB), (ii) ou bem nada fez e quem 
agiu ou deixou de agir foi outro advogado, integrante da sociedade. Nessa última hipótese, não 
fiá norma legal que atribua qualquer responsabilidade ao advogado associado - rectius, ao 
advogado não sócio - por conta de atos de outro advogado que atuou pela sociedade associa­
da. Já na primeira hipótese, não pode o pacto associativo ser empecilho para que o cliente aja 
diretamente contra o advogado que o prejudicou; a seu turno, a sociedade, em razão do contrato 
de associação 'para participação nos resultados’, vincula-se ao cliente em caráter solidário, por 
força dessa convenção que atribui a ambos o proveito patrimonial da atuação associada” (GON­
ÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. cit., p. 62).
Para Assis Gonçalves, “A responsabilidade por infrações ético-disciplinares é dos advogados 
que as tenham cometido, ainda que atuem sob o manto de uma sociedade de advogados. Em 
outras palavras, se um advogado vinculado à sociedade por laços societários, trabalhistas ou 
associativos, comete alguma infração disciplinar no exercido da advocacia, é ele quem deve 
responder ao processo disciplinar; não o é a sociedade nem os demais advogados integrantes 
do seu quadro, A falta cometida por um não contamina o conjunto nem os indivíduos desse 
conjunto, singularmente considerados" (GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob, cit., p. 51).
54 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
7. Aspectos tributários
A dvogado associado é advogado au tônom o, p o r isso, deve 
cu m p rir com as obrigações tributárias incidentes sobre sua ati­
v idade.
O contra to d e associação deve d ispor sobre a form a de rem u ­
neração. Se o ad v o g ad o associado receber seus honorários d ire ­
tam ente d o cliente, a sociedade nada tem a fazer em relação àque­
le m on tan te recebido pelo advogado. Por ou tro lado, se os hono ­
rários forem pagos pelo cliente à sociedade, p ara som ente d e ­
pois ser repassada a parte que couber ao ad vogado associado, 
deverá, a sociedade, observar todas as im plicações tributárias 
decorren tes desta o p e ra ç ã o " .
O ad v o g ad o associado, a seu turno , não terá n en h u m a res­
ponsab ilidade pelos tributos dev idos pela sociedade, da m esm a 
form a com o não tem p or n enhum a outra obrigação social, com o 
visto acima.
8. Aspectos trabalhistas
Já m encionam os que o contrato d e associação en tre socieda­
d e d e ad v o g a d o s e ad v o g ad o s au tô n o m o s não é u m a form a 
d isfarçada d e contra to d e trabalho.
P ara q u e seja caracterizada a relação d e em prego é preciso 
q u e estejam presentes todos os requisitos d o art. 3°, da C onsoli­
dação das Leis do Trabalho: (I) onerosidade; (II) não-eventuali- 
dade; (III) pessoalidade; e (IV) subordinação.
A subord inação é o elem ento chave da relação aqui estuda-
" Assis Gonçalves lembra que “Muitas sociedades de advogados lém preferido que o advogado 
a elas associado constitua outra sociedade de advogados a fim de que os pagamentos a ele 
efetuados não sejam onerados com tributação mais gravosa (percentual bem mais elevado de 
retenção de imposto de renda na ionle e contribuição previdenciària incidente sobre o valor 
pago ao autônomo)" (GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis, Ob. cit., p. 68).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e II 5 5
da. Pois não há subord inação entre o ad vogado associado e a 
sociedade d e advogados, logo não há relação de em prego '^ , mas 
tão-som ente um a relação de trabalho.
O p ró p r io artigo 40 do R egulam ento Geral não deixa dúv ida 
ao defin ir q u e "A sociedade de advogados pode nssociar-sc com advo­
gados, sem v ín c u lo de em prego, para participação nos resultados".
O R egulam ento Geral, saliente-se, não confronta com a legisla­
ção trabalhista, pois se trata de um a forma de prestaçãode servi­
ços do advogado associado para com a sociedade de advogados, 
na qual perm anecem garantidos os direitos fundam entais.
O q u e caracteriza a relação en tre a sociedade d e advogados e 
o ad v o g ad o associado é a conveniência. N em o ad v o g ad o au tô ­
nom o, nem a sociedade de advogados firm arão u m pacto cujos 
term os não lhes sejam convenientes'^.
9. Sociedades associadas
A associação en tre sociedades de advogados foi expressam en­
te adm itid a pelo P rovim ento n" 92/2000 do C onselho Federal*^.
Paulo Luiz Netto Lõbo afirma que “0 advogado associado não estabelece qualquer vínculo de 
subordinação ou de relação de emprego com a sociedade ou com os sócios dela" (LÕBO, Paulo 
Luiz Netto. Ob. cit., p. 114). No mesmo sentido, Assis Gonçalves esclarece que “Mesmo traba­
lhando sob 0 mesmo teto e usufruindo a estrutura organizacional da sociedade de advogados, o 
advogado associado mantém sua independência. Não se subordina às ordens e determinações 
dos administradores da sociedade, não recebe salário e seu vinculo é relativo aos casos ou 
trabalhos que são confiados à sua execução (pareceres, elaboração de peças processuais, 
atendimento a determinado cliente, fornecimento de consultas etc). A sociedade não interfere 
minimamente em sua atuação, trabalhando ele segundo seu modo de agir e sua convicção". 
(GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. Cit., p, 60).
Gisela Gondin Ramos ensina que “0 objetivo da norma, esclareça-se, não é permitir a 
contratação de advogados, isentando a sociedade do vínculo empregatício dai conseqüente . 0 
caso em tela é distinto. Trata, exclusivamente, daquelas situações em que interessa, tanto à 
sociedade, quanto ao advogado, unirem-se para a prestação de determinados serviços profissi­
onais, em geral, mas não necessariamente, limitados pela especialização técnica do associado” 
(RAMOS, Gisela Gondin. Ob. cit., p. 225).
A letra “d" do artigo 6- do Provimento n- 92/2000 do Conselho Federal dispõe que serão 
averbados à margem do registro da sociedade "os a ju s te s de a s s o c ia ç ã o o u d e co la b o ra çã o
5 6 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
O bserve que som ente é possível a associação en tre socieda­
des d e advogados, não se adm itindo a associação de um a socie­
d a d e d e ad v o g ad o s e u m a sociedade de objeto diverso'®.
O u tro aspecto in teressante é que a associação não p o d e ser 
co n d u z id a de form a que u m a sociedade passe a ser sócia d a ou ­
tra, pois, vale lem brar, som ente pessoas na tu ra is p o d em consti­
tu ir sociedades de ad v ogados ’^ .
Q uan to à form a, conteúdo e registro, os contra tos de associa­
ção en tre sociedades d e advogados obedecem às m esm as n o r­
m as im postas às associações en tre sociedade de ad vogado e a d ­
vogado au tônom o.
A lfredo de Assis Gonçalves N eto d ivide as associações entre 
sociedades de advogados em d u as categorias: "(I) am pla , envol­
v en d o todas as ativ idades desenvolvidas pelas sociedades asso­
ciadas, ou (II) restrita , quan d o celebrada para um a área dete r­
m in ad a ou ram o do direito, para o a tend im ento de certo cliente, 
para a partic ipação em licitações relativas à prestação de servi­
ços d e advocacia etc."^".
c o m o u tra s so c ie d a d e s d e a d v o g a d o s ” e o § 3- do mesmo artigo que “A s asso c ia çõ e s en tre 
so c ie d a d e s d e a d v o g a d o s não p o d e m co n d u z ir a q u e m a p a s s e a s e r sóc ia d a ou tra , c u m p rin ­
d o -lh e s re s p e ita ra reg ra d e q u e s o m e n ie advogados, p e sso a s na tu ra is , p o d e m c o n s titu ir so c ie ­
d a d e d e a d vo g a d o s .'.
Assis Gonçalves lembra que “É preciso esclarecer que essa faculdade de associação só tem 
lugar entre sociedades de advogados. Se se admitisse a associação entre uma sociedade de 
advogados e uma outra, dedicada a atividade estranha à advocacia, estaria sendo desrespeita­
da, por via oblíqua - ou melhor dizendo, burlada - , a proibição contida no art. 16, caput, do 
EAOAB" (GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. c it„ p, 68).
'8 Na lição de Assis Gonçalves: “também não é possível, a teor do que estatui o art, 6-, § 3®, do 
Provimento n- 92, que dessa associação resulte a participação de uma das sociedades no capi­
tal da outra, dada a ex igêm a de que somente advogados pessoas naturais irrscritas na OAB, 
podem fazer parte do quadro social de uma sociedade de advogados. As figuras de sociedades 
controladas ou coligadas são incompatíveis com as sociedades de advogados" (GONÇALVES 
NETO, Alfredo de Assis. Ob. c it„ p, 68),
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis, Ob. cit,, p, 69,
SOCIEDADE DE ADVOQADOS Volume II 5 7
N as relações de associação en tre sociedades de ad v ogados a 
questão d a responsabilidade é m uito próxim a do q u e ocorre na 
associação en tre sociedade de advogado e ad v o g ad o autônom o. 
N as obrigações sociais, cada sociedade responde pelas obriga­
ções p o r si assum idas. A responsabilidade d iscip linar será atri­
b u íd a ao efetivo infra tor (advogado). Já a responsab ilidade civil 
p o r d an o s causados ao cliente possu i um a disciplina m ais com ­
plexa. O ad v o g ad o causador do dan o responde solidariam ente 
com a sociedade a que está d ire tam ente v inculado , en q u an to a 
sociedade associada possu i responsabilidade subsid iá ria^ '.
C o n siderando que a associação de sociedades não cria um a 
no v a pessoa jurídica, cada sociedade deverá recoliier seus tribu ­
tos ind iv idualm ente.
H á, a inda , os pactos de colaboração, p rev istos no P rovim en­
to n" 92/2000 do C onselho Federal (artigo 6”, letra d)^^. Trata-se 
de um a form a d e aproxim ação de sociedades d e advogados mais 
sutil. N as palavras de Assis Gonçalves, "N ão v isam à atuação 
conjunta, à in tegração de ativ idades, m as, sim plesm ente, o esta­
belecim ento d e u m a form a de cooperação en tre d u as ou mais 
dessas so c ie d a d e s"^ . N ão existe vínculo d e responsabilidade de 
n en h u m a espécie. As form alidades para registro devem ser ob­
servadas, com as dev idas adaptações.
10. Considerações finais
O s pactos d e associação en tre sociedades de ad v ogados e en-
Assis Gonçalves ressalva que "É evidente que, se a associação celebrada é restrita e não 
engloba o ramo de advocacia de que decorreu o fato danoso, não há responsabilidade alguma 
da sociedade associada. Sua responsabilidade circunscreve-se às atividades de advocacia com­
preendidas no ajuste dessa associação (restrita)” (GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. 
cit-, p.70).
d) os a ju s te s d e a sso c ia çã o o u d e co lab o ra ção com ou tras so c ie d a d e s de ad vogados.
(GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. d l . p. 70/71],
58 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I
tre soc ied ad e d e ad v o g ad o s e ad v o g a d o au tô n o m o , po r sua 
p ra tic idade e conveniência, são utilizados com freqüência e, por 
isso, m ereceram regulam entação p o r parte d a OAB.
E m bora os pactos não deixem de ter va lidade p o r falta de 
reg istro , incorrem os pac tuan tes em infração d isc ip linar pela 
om issão. A dem ais, d ian te d as repercussões tributárias, trabalhis­
tas, de responsab ilidade civil, en tre outras, im portan te o regis­
tro do do cu m en to para garan tir a harm onia da relação e publici­
d a d e do ato.
O bservadas as norm as que incidem sobre o instituto , e sendo 
ele bem u tilizado , o contrato de associação é instrum ento a ser­
viço dos ad v ogados e suas sociedades, contribu indo para o exer­
cício conjunto d a advocacia d e form a o rgan izada e racional.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume H 5 9
CAPÍTULO V
SOCIEDADES DE ADVOGADOS- ADMINISTRAÇÃO SOCIAL
Clemencia Beatriz Wolthers
Art. 41 do RGEAOAB: "As sociedades de advogados 
podem adotar qualquer forma de administração social, 
permitida a existência de sócios-gerentes, com indicação 
dos poderes atribuídos."
Art. 3" do Provimento n” 92/2000: "A administração so­
cial pode adotar qualquer forma e, se convier aos sócios, 
ser orientada ou fiscalizada por órgão colegiado, integra­
do por um certo núm ero deles."
C om estes dois sim ples dispositivos, a legislação aplicável às 
sociedades d e ad v ogados estabelece a form a de adm inistração 
dessas sociedades, perm itindo que elas possam ado ta r qualquer 
tipo de adm inistração , m as exigindo que a m esm a seja exercida 
p o r u m ou m ais sócios. Logo, po r advogado , ou m elhor, por 
ad v o g ad o s sócios. Essa regra já estava explícita n o P rovim ento 
an terio r, n' ^ 2 3 /65 , o qual estabelecia q u e "som en te os sócios 
p o d e rão exercer as funções de d iretoria e gerência da sociedade 
d e advogados".
N o sistem a d o novo C ódigo Civil, a adm in istração das socie­
d ad es sim ples, po d e ser conferida a não sócio, p o rém essa regra 
não se aplica às Sociedades de A dvogados. Logo, cabe exclusi-
6 0 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume li
v ãm en te ao sócio, ou sócios da sociedade d e ad v o g ad o s seu 
gerenciam ento . Isso não significa que não possa o sócio ad m i­
n is trad o r delegar poderes a terceiro para que exerça a adm in is ­
tração com o seu m andatário . Trata-se, nesse caso, da gestão por 
procuração , ficando o m andan te responsável pelos atos d o seu 
m an d a tá r io e ten d o que averbar na OAB esse in strum en to , à 
m arg em do contra to social.
N ad a im p ed e que a adm inistração seja m ais sofisticada, com 
a criação de órgãos colegiados, para as deliberações m ais im por­
tantes, não só d as contas e do s assun tos financeiros, m as tam ­
b ém da q u a lid a d e dos serviços prestados. Seria u m a espécie 
de im itação d a e s tru tu ra adm in is tra tiva das sociedades com er­
ciais, q u e não en co n tra q u a lq u e r obstáculo n a n o rm a q u e nào 
p e rm ite a adoção d e características m ercantis. Essa es tru tu ra 
p o d e ser a té necessária para as sociedades de g ran d e porte , com 
n ú m ero significativo de ad v o g ad o s sócios, associados e em p re ­
gados, cuja e s tru tu ra organizacional exige um a adm inistração 
m ais complexa.
A sociedade d e advogados tem , efetivam ente, características 
m u ito especiais, com requisitos legais específicos, que estão tra ­
tad o s n o s artigos 15 a 17 do EAOAB e nos artigos 37 a 43 do 
RGEAOAB, além d o d isposto em vários Provim entos d o C onse­
lho Federal da OAB. E um a sociedade sim ples, de acordo com o 
novo C ódigo Civil, po rém regida p o r lei especial, aplicando-se o 
C ódigo Civil subsid iariam ente , no que couber, m an ten d o in te ­
g ra lm ente as no rm as do EAOAB.
A lém dessas características legais especiais, que são bem d i ­
ferentes d as de o u tras sociedades de prestação de serviços p ro ­
fissionais, as sociedades d e advogados a inda têm o u tras carac­
terísticas essenciais e d e caráter mais filosófico e cultural, que
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 61
d e te rm in a m u m a atenção toda especial em sua e s tru tu ração e 
em sua ad m in is tração e n as d ire tr izes operacionais. A convi­
vência de vários profissionais, so m an d o conhecim entos, ta len ­
tos, experiênc ias e especia lidades d iversas, en riquece e ap r i ­
m ora co n stan tem en te os ad v o g ad o s que de la p a rtic ip am e, p o r 
c o n se q ü ên c ia , q u a lif ic a m a p ró p r ia p re s ta ç ã o d o s serv iços 
advocatícios, em benefício do s clientes e n a p ro cu ra constan te 
d a sua satisfação.
Toda essa com plexidade no exercício da advocacia especializa­
da e pro je tada em dim ensões em presariais, exige u m a estru tu ra 
in terna igualm ente com plexa, que po d e chegar a sofisticações 
m aiores o u m enores, de acordo com o tam anho da sociedade, 
dos seus ram os de especialização, dos seus clientes e dos casos 
em que p re ten d a atuar. N essa d im ensão, pod em o s considerar 
três tipos, ou três n íveis de adm inistração, ou gestão adm in is ­
trativa, nas sociedades de advogados:
• adm in istração funcional ou estrutural;
• adm in is tração profissional; e
• adm in istração estratégica.
V am os ten tar d istingu ir os conceitos, as atribuições e com pe­
tências de cada u m a delas.
ADMINISTRAÇÃO FUNCIONAL - ESTRUTURAL
É a m ais fácil de identificar, porque ela não difere da es tru tu ­
ra de apo io e su p o rte que qualquer o u tra sociedade de p res ta ­
ção de serviços precisa m an ter para atingir seus objetivos e con­
segu ir a ten d er à clientela que a procura e contrata seus serviços. 
Estão nessa classificação todos os serviços de ca rá te r interno.
6 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
adm in is tra tivos e financeiros, exigidos pela p ró p ria o rgan iza ­
ção d a sociedade e pela legislação aplicável, em especial a fiscal, 
trabalhista e previdenciária , tais como:
C ontro ladoria: contabilidade, tesouraria;
F aturam ento : lançam entos, faturas, cobranças;
R ecursos h u m an o s: folha de salários, encargos, benefícios
sociais, prev idência pública ou privada;
C om unicações: telefonia, fax, recepção, postagem ;
S uprim en to de materiais: com pras, estoques;
P rocessam ento de d ados e textos;
Secretariado e atend im ento em geral.
N ão h á necessidade de en trar em deta lhes a respeito desses 
serviços pp . d itos, pois não são exclusivos nem específicos de 
u m a sociedade de advogados. M as, vale destacar a im portância 
que tem a correta adm inistração e o controle desses serviços, 
p o rq u e p o d em ser o g rande diferencial no g rau de eficiência e 
de eficácia na execução d a atividade-fim dessa sociedade, ou seja, 
o serviço juríd ico p restado e a sem pre p rocu rada satisfação dos 
clientes.
A inda den tro da adm inistração funcional, dois im portan tes 
d ep a rtam en to s e / o u serviços, que já têm características b em es­
peciais e p ró p ria s nas sociedades de advogados, que são:
• O A R Q U IV O e A BIBLIOTECA. T ratando-se de um a p ro ­
fissão em inen tem ente formal e intelectual, essas d u as funções 
p ra ticam en te se incorporam na atividade-fim do advogado , exi­
g indo recursos, m étodos e sistem as de busca, pesquisa e contro ­
les que os to rnam significativam ente especiais e im portan tes na
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume I I 6 3
es tru tu ra organizacional de u m a sociedade de advogados. Es­
sas d u as funções o u serviços especializados e com plem entares 
cos tum am ser identificadas com o GERENCIAM ENTO DE D O ­
CUM ENTOS. A m bas utilizam a m esm a base, o docum ento , de 
q ualque r tipo e espécie e tra tam dele sob enfoques totalm ente 
d istintos:
• N O ARQUIVO, o docum ento é p ar te de u m caso, d e um 
processo, d e u m cliente. Tem nom e, data , form a, núm ero , p a r ­
tes, a u to r etc. e é tra tado e classificado sob essas características.
• N A BIBLIOTECA, esse m esm o docum ento tem conteúdo, 
tem assunto , tem referências, e é tra tado e classificado sob esses 
aspectos.
Para am bos d epartam en tos o desafio é o m esm o, ou seja, que 
o d o cu m en to in tegre u m todo, seja um a pasta de u m caso ou 
processo, seja um a pasta de u m assunto, e possa ser im ediata ­
m en te localizado e u tilizado para o fim ao qual o profissional 
ad v o g ad o se propõe , naquele exato m om ento . Trata-se, em li­
n h as gerais, da cham ada a tiv idad e -m eio .
ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAL
A brange toda a es tru tu ra profissional, ou seja, a es tru tu ra ju ­
rídica, única responsável pelo atend im ento ao cliente nas ques­
tões juríd icas para que foi contratado. Essa sim é a a tiv idade- 
fim , a q u e justifica a p rópria existência e a perm anência da soci­
ed ad e de ad vogados n o cam po de trabalho. Essa e s tru tu ra ju rí­
dica po d e ser de po rte pequeno, m édio ou grande, não im porta, 
m as sem pre contará com um a equipe com posta de advogados 
sócios, ad v o g ad o s associados, ou contra tados, consultores, esta­
giários de direito, paralegals e assistentes jurídicos. A estru tu ra
6 4 SOCreOADE DE ADVOGADOS Vctame 11
profissional, com níveis de conhecim ento e d e experiência, reu ­
n in d o os ad v ogados e g rupos, que a tu am em dete rm in ad a área 
ou especialidade, sob a responsabilidade e orientação do sócio. 
N essa equipe, o trabalho jurídico se d istingue de acordo com a 
com plex idade d o assun to e a fase do caso ou processo. O traba ­
lho em equ ipe é um a d as características d a sociedade de a d v o ­
gados. É a m ola p ropu lso ra do seu crescim ento e da consolida­
ção e fortalecim ento no m ercado.
N u m traba lho em equipe, os advogados se substituem , so­
m am seus conhecim entos, a tendem às causas e clientes d e for­
m a in tegral, constan te e in in terrupta . C ada m em bro da equipe 
executa p arte do trabalho, m aior ou m enor, sim ples ou com ple­
xa, fo rm ando u m todo d e m aior qualidade e eficiência. A equipe 
perm ite e incentiva o aprim oram ento dos m ais jovens, pela con­
vivência e partic ipação no s casos e questões atendidas. Desse 
ap rim o ram en to su rgem o crescimento, as o p ortun idades, a for­
m ação de novas equipes, a subdivisão de áreas d e especializa­
ção e, p o r conseqüência, o crescim ento e a consolidação da p ró ­
p ria sociedade.
A form ação, contratação e m anutenção dessa equipe, a d iv i­
são d o trabalho , o controle, o cum prim ento de p razos, o tre ina ­
m ento , o ap roveitam ento de conhecim entos e talentos, o p lano 
d e carreira, a m otivação dos profissionais, o ap rim oram en to em 
novas áreas de especialização, a discussão de tem as e a em issão 
d e op in iões legais, a apresentação dos trabalhos e, p rinc ipa lm en ­
te, A QUA LIDADE do serviço p restado e o decorren te C O N ­
TR O LE DE Q U A LID A D E são atribuições da cham ada ad m i­
nistração profissional, no rm alm ente exercida pelos sócios p r in ­
cipais da sociedade de advogados, responsáveis pelo prestíg io e 
pela repu tação alcançada, fru to de m uitos anos de trabalho, de ­
SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I 6 5
dicação e recoiihecim ento pelos clientes. Este é o b em m aior de 
um a sociedade de advogados e p o r isso deve ser m u ito bem cui­
d a d o e constan tem ente zelado pelos seus responsáveis maiores.
ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
C hegam os ao nível m ais alto da adm in is tração d e um a soci­
ed a d e d e advog ad o s . Esta é a função principa l d o advogado- 
sóc io -em p reen d ed o r, q u e tenha com o objetivo d esenvo lve r e 
d ir ig ir u m a soc iedade de serviços juríd icos, com caracterís ti­
cas em presárias, m as sem p e rd e r as características personalistas 
ex ig idas pe la p ró p r ia profissão. Q ue saiba en co n tra r o pon to 
de equ ilíb rio en tre o exigido pelo cam po d e traba lho e o p e rm i­
tid o , re sp e itan d o as restrições legais e os p rinc íp ios éticos vi­
gentes.
E n a adm in is tração estratégica que os sócios responsáveis 
identificam e desenvolvem novas áreas d e especialização, que 
im p lan tam novos m étodos de trabalho, que inovam na form a de 
a ten d e r o cliente e de defender seus interesses legítimos, que 
lu tam pela m anu tenção de opiniões jurídicas fu n d am en tad as e 
q ue usam toda a força do seu conhecim ento juríd ico p a ra fazer 
prevalecer suas teses inovadoras, to rnando-os especiais e dife­
renciados. A sociedade de advogados sem um a adm inistração 
estratégica defin ida, certam ente, não vai sobreviver m uito tem ­
p o n u m m u n d o globalizado e com petitivo com o o que estam os 
v ivendo n o m om ento atual.
É n a adm in istração estratégica que o sócio, o u o colegiado de 
sócios, dec ide suas d iretrizes de contratações, d e abertu ra de fi­
liais, d e negociação de parcerias e associações com o u tras socie­
d ad es d e advogados.
As a tiv idades institucionais e de caráter social desenvolvidas
66 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Vohme II
pelas sociedades de advogados, tam bém fazem p a r te d a ad m i­
nistração estratégica, que define as diretrizes a serem seguidas e 
cum p rid as pelos sócios.
O estabelecim ento da política de d ivulgação das ativ idades 
pela sociedade de advogados é u m dos pon tos m ais sensíveis da 
adm in is tração estratégica, principalm ente nos dias de hoje, nos 
quais a pub lic id ad e precisa ser m an tida den tro do s limites esta­
belecidos pelo C ódigo d e Ética e Disciplina d a OAB.
S om ente o ad v o g ad o sócio, seja sócio-gerente, seja colegiado 
d e sócios, incum bidos da direção e adm inistração da sociedade 
d e ad v o g ad o s é capaz d e in terp retar e conciliar as no rm as ap a ­
ren tem en te ríg idas d o Código de Ética com a tendência e a im ­
p o rtânc ia cada vez m aior que a sociedade d á à "p ro p ag an d a" 
ou ao ch am ad o "m arketing jurídico". Som ente u m advogado 
sócio consegue perceber que a m aior divulgação que po d e espe­
ra r e alm ejar, é o reconhecim ento da sua capacidade profissio­
nal, da sua qualid ad e no serviço prestado , da sua conduta , da 
seriedade e profissionalism o no atend im ento d as questões soli­
citadas pelos clientes.
C abe aos sócios d irigentes solidificar esses conceitos e fixar 
esses princíp ios de condu ta com o sendo um a d as p rincipa is ca­
racterísticas d a sociedade de advogados que dirige. É esse dife­
rencial que a to rna especial e substitu i qualquer tipo de "p ro p a ­
ganda".
O § 2“ d o artigo 15 d o EAOAB determ ina: "Aplica-se à Socie­
d a d e de A dvo g ad o s o Código de Ética e Disciplina, no qu e cou ­
ber". O cum prim en to desse dispositivo é d a in teira responsabi­
lidade do s sócios e, portan to , parte in tegrante da adm inistração 
profissional e estratégica da sociedade.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 6 7
CONCLUSÃO
D efinidos os três n íveis de adm inistração, p o d em o s re tornar 
aos d ispositivos legais m encionados no início deste artigo e con­
cluir que apenas a adm inistração funcional ou estru tu ra l é que 
p o d eria ser delegada, p o r procuração a u m profissional não só­
cio e, p o rtan to , não advogado. C ertam ente, a u m adm in is trado r 
d e em presas que, com seus conhecim entos dirig idos p ara as áre ­
as adm in is tra tivas , saberá, até m elhor que u m advogado , dirigir 
e coo rdenar essas funções, tendo sob sua responsab ilidade to ­
d o s os em pregados-funcionários, não advogados, que executam 
as funções não jurídicas, já m encionadas.
O m esm o não ocorre com a adm inistração profissional e com 
a adm in is tração estratégica, que deverão ficar sem pre nas m ãos 
do s sócios p rincipa is d as sociedades de advogados, pois são es­
tas funções q u e definem a id en tidade e a condu ta profissional 
do s m em bros in tegran tes d a p rópria sociedade. É um a função 
indelegável, p o r princípio e p o r preceito legal.
T odos estes conceitos e níveis de com petência assum em um a 
im portância significativa, na m edida em que a sociedade de a d ­
vogadosque a tu a em questões em presaria is acaba sen d o obri­
g ada e exigida a com portar-se e estru turar-se tam bém de forma 
em presaria l, pa ra conseguir com petir e colocar-se em igualdade 
d e condições técnicas e jurídicas com os concorrentes, sejam n a ­
cionais o u estrangeiros.
N u m m ercado de traba lho com petitivo e g lobalizado, com 
negociações nacionais e internacionais acontecendo e d em an d an ­
do orientação jurídica das partes contratantes, m u itas vezes de 
p a íses d is tin tos , os ad v ogados e as sociedades d e advogados 
enfren tam constan tem ente essa concorrência d e profissionais de 
o u tras áreas e nacionalidades, que u ltrapassam os lim ites e avan ­
68 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
çam n as a tiv idades p rivativas dos advogados, c laram ente defi­
n idas no artigo 1” d o Estatu to d a A dvocacia, re lacionando quais 
são os atos p rivativos que apenas os advogados legalm ente ins­
critos n a OAB p o d em praticar, sob pena de exercício ilegal d a 
profissão. N em sem pre o cliente percebe essa invasão do cam po 
profissional e nem tem conhecim ento que, de acordo com o ar ti ­
go 4° d o E statu to da Advocacia, são nu los os atos privativos de 
ad v o g ad o p ra ticados p o r pessoa não inscrita na OAB.
M as, não basta que o advogado e a sociedade de advogados 
se s in tam p ro teg idos p o r esses dispositivos legais e não se p re ­
p arem profissional e es tru tu ra lm ente para com petir e vencer 
essa concorrência pelo m érito , pela qua lidade d o serviço, pelo 
conhecim ento juríd ico e, ta m b é m , pela es tru tu ra adm inistrativa 
e funcional q u e perm ita colocar to d o esse esforço e capacidade a 
serviço d o cliente e da causa que esta sob sua in teira responsa ­
b ilidade, h o n ra n d o o artigo 133 da C onstituição Federal^que diz: 
"O ad v o g ad o é ind ispensável à adm inistração da justiça, sendo 
inviolável p o r seus atos e m anifestações no exercício da profis­
são, nos lim ites da lei” . D ispositivo esse re ite rado e consagrado 
n o C ódigo de Ética e Disciplina d a OAB (artigo 2") "O ad voga ­
do, ind ispensável na adm inistração da justiça, é defensor d o es­
tado dem ocrático de direito, da cidadania, da m ora lidade púb li­
ca, da justiça e da p az social, su b ord inando a a tiv idade d o seu 
M inistério P rivado à elevada função pública que exerce".
SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II 6 9
CAPÍTULO VI
SOCIEDADES DE ADVOGADOS: 
ADMINISTRAÇÃO E ATOS. 
O NOVO CÓDIGO CIVIL
Sergío Ferraz 
Antônio Corrêa Meyer
A n o rm ativ id ad e legal, regu lam entar e p rov im ental dos te­
m as v ersados neste C apítu lo , é extrem am ente rarefeita. N em por 
isso p o d e a m atéria restar intocada, n u m trabalho q u e se p ro p o ­
n h a a u m exam e m ultifacetado d as sociedades d e advogados.
É sab ido q u e o novo Código Civil a lterou significativam ente 
a legislação atinen te às sociedades em geral, criando inclusive 
cap ítu lo p ró p rio para a disciplina do cham ado "d ireito de em ­
presa". R esum idam ente , observa-se, pela sistem ática d o novo 
C ódigo Civil, observa-se, existem, de u m lado, reg ras específi­
cas p a ra as sociedades em presárias, en ten d id as em seu perfil 
subjetivo com o aquelas que têm no em presário a pessoa que or­
ganiza em to rno d e si todos os elem entos d a em presa; e, de ou ­
tro , as sociedades simples, destinadas, em prim eiro lugar, à d is­
ciplina d as sociedades nas quais o titu lar não seja o em presário 
(como é o caso dos profissionais liberais, p o r exem plo) e, em 
seg u n d o lugar, com o fonte d e regras gerais suscetíveis de ap li­
cação tam b ém às sociedades em presárias {conforme previsto no 
artigo 1.053 d o novo C ódigo Civil).
7 0 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
O ad v o g ad o , p o r expressa dete rm inação do p arág ra fo ú n i ­
co d o art. 966 d o no v o C ódigo Civil, não se sujeita às no rm as 
d a s soc iedades em presárias, m as, sim, às regras d as socieda­
d es sim ples.
O corre, en tre tan to , que as sociedades d e advogados são d is ­
c ip linadas p o r um a série de norm ativas de caráter especial, e 
som ente a elas se aplica. Assim, as sociedades d e ad v ogados são 
d isc ip linadas pelos artigos 15 a 17, 21 e 34, II, d o Estatuto da 
O rdem dos A dvogados do Brasil (Lei n° 8.906, d e 04.07.1994), 
pelos artigos 37 a 43 do R egulam ento Geral, e po r vários P rovi­
m entos, especialm ente o de n° 92/2000.
N esse sen tid o , im p o rta n te d es tac ar q u e a esp ec ia lid ad e le­
g is la tiv a d e certos tipos de a tiv id ad e s - com o as do s a d v o g a ­
d o s - é ex p ressam en te reconhec ida p e lo no v o C ód igo Civil. 
C om efeito , d e aco rd o com o p a rág ra fo ún ico d o art. 983 do 
no v o C ó d ig o C ivil, ficam ressa lv ad as d e suas d isposições as 
so c ied ad es co n s tan te s d e lei especial que , p a ra o exercício de 
ce rtas a t iv id ad e s , im p o n h a m a constitu ição d e soc ied ad es se ­
g u n d o u m t ip o soc ie tá rio especia l (caso d a s so c ied ad es de 
ad v o g a d o s) . Em o u tra s p a lav ras , q u a n d o se está d ian te d e um 
d e te rm in a d o tipo de a tiv id ad e que, p o r ex p ressa d isposição 
legal, su je ita-se a n o rm as especiais, a ap licação do n o v o C ó d i­
go C ivil se rá ap e n as su bsid iá ria . Em ú ltim a in stância , isso sig ­
n ifica d iz e r q u e as n o rm as q u e reg u lam as d ita s soc iedades 
e sp ec ia is d e v e rã o p re v a lec e r q u a n d o em co n fro n to com as 
re g ra s d a so c ied ad e sim ples.
Por essa razão, a sociedade de advogados é tida com o socie­
d a d e profissional d e caráter au tônom o e especial. Essas socieda­
des, é fato notório, têm base pessoal e, nas suas relações in ter­
n a s , é ca rac te r ís t ico o " in tu i tu s personae". A esse re sp e ito .
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
Ascarelli’ já ap o n tav a que as profissões intelectuais (dentre as 
quais se inclui a d o advogado) devem ser reg idas po r norm as 
especiais, p o rq u e se relacionam ao exercício de ativ idades que, 
p o r n a tu reza , p o ssuem um a diversa valoração social e, p o r isso, 
d em a n d a m princíp ios jurídicos d iferentes daque les gerais ap li­
cáveis às ativ idades reguladas pelo Código Civil. Assim, em ra­
zão dessa d iversa valoração social, certos tipos especiais de soci­
ed ad es sujeitam -se a norm as que levam em consideração, por 
exem plo, o decoro e o rígido acesso à profissão, o que, p o r si só, 
im p ed e a aplicação d ireta e irrestrita das norm as gerais estabe­
lecidas no no v o C ódigo Civil.
N o en tan to , saliente-se, essa especialidade não im p ed e a su b ­
m issão d a s sociedades de advogados às regras e princíp ios das 
sociedades sim ples, sem pre que as disposições especiais forem 
om issas . Em verdade , com o tipo au tônom o de sociedade, a soci­
ed ad e d e ad v o g ad o s deve, prim eiro, seguir as regras específicas 
q ue no rte iam sua disciplina e, posteriorm ente , observar, no que 
couber, as regras gerais aplicáveis às sociedades simples.
A am pla m arg em de liberdade conferida ju rid icam en te às 
sociedades de advogados, na form a d as considerações p roceden ­
tes, atra í u m pap e l fundam en ta l para o contra to social e p a ra os 
P rovim entos d o C onselho Federal, na conform ação d e seu m o­
delo adm inistrativo . A regra é, pois, já da liberdade conferida à 
sociedade, que aten tará un icam ente a suas conveniências e pre-
' Tuilio Ascarellí. i n “ C o r s o d iD ir í t toC o m m e rc ia l^ , 3. ed, Giuffrè, Milão, 1962, p. 179. Note-se 
que as considerações de Ascarellí em nenhuma hipótese devem ser consideradas despiciendas, 
eis que o Código Civil italiano serviu de base para a elaboração do nosso novo Código Civil, 
notadamente na parte do Direito de Empresa. Por exemplo, o citado parágrafo único do art. 966 
do novo Código Civil deriva, indubitavelmente, do ari. 2,238 do Código Civil italiano, in v e it is : 
“S e 1'esercizio de lia p ro fess ion e constitu isce e lem ento d i un 'a ttiv ità o rgan izza ta in fo m ia d ’impresa. 
s i a p p io c a n o a n c h e ie d isp o s iz io n i d e i t i to b It í20S2ss.J. In ogni caso, se /'esecente di una 
p ro fe s s io n e in te lle c ttu a le im p ie g a so s tu tu ti o ausilia ri. s i a p p iica n o le d is p o s iz io n i de lie se z io n i II,
I I I e IV d e i ca p o tito lo I I [2 .0 9 4 ss .j.
7 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
ferências, tendo com o limite único a não-infringência à lei (e ao 
o rd en am en to jurídico em geral). Assim, tan to po d e ser ela ad ­
m in is trada singu lar com o colegiadam ente (mas sem pre p o r ad- 
vogado), com o u sem superposição de órgãos coletivos de ori­
en tação e / o u fiscalização (sem pre in tegrados apenas p o r ad v o ­
gados). N ão se po d e d ispensar que a indicação d o sócio ou sóci­
os- geren tes conste d o contra to social, com a identificação dos 
respectivos p oderes e atribuições. Sem pre se tenha em m ente 
q u e constitu i infração disciplinar provocadas a sociedade fora 
d a s n o rm as e preceitos aplicáveis (EOAB, art. 34, II).
V árias o u tras m anifestações concretas da adm inistração da 
sociedade ficam tam bém subm etidas, no que diz respeito a sua 
efetivação, à descrição dos sócios, m anifestada sob re tudo (mas 
não só) no contra to social, m erecendo destaque, no particular:
— fixação do s critérios d e d istribuição dos resu ltados e p re ­
juízos d o exercício;
— cálculo e form a de pagam ento dos haveres e de eventuais 
honorários penden tes , do sócio falecido, do que se re tirar da so­
c iedade o u do que dela for excluído;
— alteração d o contra to social (que p o d em ser dec id idas por 
m aioria sim ples (salvo se o contrário estipu lar o contrato), a p u ­
rad a d e acordo com o valor das quotas de cada sócio (ressalvada 
d isposição em contrário , do contra to social);
— to m ad a d e deliberações em geral (por m aioria sim ples, sal­
vo o u tra operação, d o contra to social);
— substitu ição do s sócios-gerentes, ou redefinição d as a tri­
buições e p oderes deles;
— cessão d e quotas;
— exclusão d e sócios, deliberada pela m aioria destes (salvo 
d isposição diversa, d o contra to social).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS VoJurr» II 7 3
C onstituem atos de adm inistração regu lar da sociedade aque­
les necessários à m anutenção de sua existência regu lar e ao cum ­
p rim en to d as finalidades d a sociedade (desde que não se trata 
de ato p rivativo de advogado), den tre eles com preendidos, exem- 
plificativam ente:
— celebração de contratos em geral, inclu indo locações, ad ­
m issão de pessoal etc.
— celebração de contra tos p ara representação, consultoria, 
assessoria e defesa de clientes, ativ idades essas a serem exercidas 
pessoa lm en te p o r advogados de seus quadros;
— registro e averbação dos atos societários jun to à OAB, quan ­
d o e n a form a p o r este exigida.
De n o tar que, em todos os atos celebrados pela sociedade, 
d ev e rá constar o n ú m ero d e seu registro.
H á u m fluxo considerável d e atos legalm ente v ed ad o s às so ­
c iedades.
N ão p o d em contra tar a representação d e clientes com in te ­
resses opostos. Tam pouco se adm ite que ado tem denom inação 
d e fantasia, q u e realizem ativ idades estranhar à advocacia (so­
b re tu d o as de cunho tipicam ente m ercantil), que incluam sócio 
n ão inscrito com o advogado ou to talm ente p ro ib ido d e ad v o ­
gar. Em con trapartida , várias ou tras gam as de atos, tip icam ente 
societários, lhes são ensejados. D estacadam ente a elaboração de 
contra tos de associação com advogados (sem vínculo em prega- 
tício com a contra tante) ou m esm o com o u tras sociedades de 
ad v ogados (sem transferência das responsabilidades da contra ­
tante, peran te o cliente).
A qui tam bém , enfim , com o em tu d o que diz respeito às soci­
edades de advogados, p res ide a regra do que tudo , não sendo 
expressam ente vedado , pela lei (é dizer, o Estatu to , seu Regula-
7 4 SOaEDADE DE ADVOGADOS Volume II
m ento Geral, o C ódigo de Ética e Disciplina e os Provim entos do 
C onselho Federal) ou pelo contra to social, é facultado às socie­
d ad es de advogados.
SOCIEDADE DE M3VOGA.OOS Volume II 7 5
CAPÍTULO VII
OS CONSULTORES ESTRANGEIROS 
Comentários ao Provimento n" 91/2000 
do Conselho Federal da OAB
Orlando Di Giacomo Filho
HISTÓRICO
O s ad vogados m ilitantes não m uito jovens, q u e é o caso do 
subscrito r deste artigo presenciaram , d u ran te sua atuação, as­
s is tindo a clientes m ultinacionais, a p resença, a distância, dos 
ad v o g ad o s "d a m atriz" , assim cham ados na época.
Em escritó rios e sociedades de ad v o g ad o s essencialm ente 
n a c io n a is , p o r o c a s iã o d e o p e ra ç õ e s d e s e u c l ie n te a q u i 
dom iciliado , não só em alterações d e contra tos sociais, associa­
ções, licenciam entos, m as tam bém em casos d e aquisições im o ­
b iliárias, n a m ais d as vezes, as m in u tas e ram en d e reçad as à 
m atriz , no exterior, para o " re fe ren d u m " ou o "d e aco rdo" , seja 
d o seu ju ríd ico " in te rno" ou do s seus assessores, ju ríd icos ex­
te rnos , estes, escritórios de advocacia, de g ran d e porte , lá esta ­
belecidos.
C om isso, nós já estávam os, po r assim dizer, "fam iliarizados" 
com os colegas do exterior, C ontudo, eles LÁ e nós A Q U I, sem 
quaisq u er invasões de prá ticas jurídicas.
O corre que o m u n d o m u d o u e o nosso BRASIL tam bém e 
para m elhor ao que se tem.
7 6 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
A econom ia brasileira, p o r volta de 1990, com eçou a m ostrar 
u m aceleram ento n o cenário m undia l, com d ad o s positivos, tais 
como: inflação sob controle, governo com cred ib ilidade ju n to aos 
investido res estrangeiros. Surgiam , pouco a p ouco , as p riv a tiza ­
ções e, conseqüen tem ente , o fluxo razoave lm en te g ra n d e d e in ­
vestim entos diretos. Facilitou-se o acesso a c réd ito n o m ercado 
d e capitais.
Se tu d o isso ocorria no território nacional, no exterior já se 
p ro n u n c iav a u m princíp io d e crise, que logo depo is se apressou , 
chegando a u m "quase" clímax em 1999.
O q u e fazer?
N ão h av ia dú v id a . O s nossos colegas d o exterior, localizados 
n o hem isfério N orte , já referidos - dos "g randes escritórios" -, 
q u e conosco conviv iam re ferendando nossas operações legais, 
p assa ram a ver o Brasil com ou tros olhos, isto é, o lhos g randes 
em cim a d e u m bom m ercado , d iferen te d o deles que, com o v is­
to, enfraquecia.
A rru m ara m as m alas e v ieram p a ra cá.
P odiam ?
Eis a questão .
DA PRÁTICA JURÍDICA NO BRASIL
C om a chegada, então, dos colegas d o exterior e, p o r assim 
dizer, a invasão d o nosso cam po d e atuação, nosso ó rgão m aior, 
a O R D E M D O S A D V O G A D O S D O BRASIL, com eçou a se 
p re o c u p a r com o assunto.
Por quê?
Porque, ev iden tem ente , som ente p o d e m "ad v o g ar" , no Bra­
sil:
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 7 7I) OS ad v o g ad o s q u e se bachare laram em cursos regu la res por 
facu ldades brasileiras; e
II) estrangeiros d ip lom ados n o exterior, q u e revalidassem seus 
d ip lom as, após cursos de adap tação , em facu ldades brasileiras.
E m am b o s os casos, d e sd e que ap ro v ad o s no Exam e d e O r ­
d e m e p o r tad o re s d a respec tiva carteira d e hab ilitação p ro fis ­
sional.
É reg ra m áx im a do nosso E STA TU TO D A A D V O C A C IA 
(Lei n “ 8.906, de 4 de ju lh o de 1994)
"Art 3'*. O exercício da atividade de advocacia no 
território nacional e a denominação de advogado são 
privativos dos inscritos na O rdem dos A dvogados 
do Brasil - OAB.
Art. 4" São nulos os atos privativos de advogado pra­
ticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuí­
zo das sanções civis, penais e adm inistrativas
O n d e ficavam os estrangeiros?
Foi en tão , na profícua gestão d o Dr. R E G IN A L D O O SC A R 
DE C A ST R O , na P residência d o C o n se lh o F edera l da O rd e m 
do s A d v o g ad o s d o B rasil, que, p o r m eio d a com issão d a s socie­
d ad e s d e advog ad o s , p o r ele instalada, foi e lab o rad o o prim eiro 
esboço de u m P rovim ento , p ara alcançar tais h ipó teses , o u seja, 
d o estrangeiro a tu a n d o n o Brasil.
A pós m u ita e acalorada discussão dos com ponen tes d a refe­
rid a com issão, foi ap ro v ad o pelo D r. R E G IN A L D O O S C A R DE 
C A ST R O o texto defin itivo , no ano d e 2000, ten d o com o Relator
o C onselheiro Federal D r. SE R G IO FERRAZ, conform e segue 
abaixo, p o r com pleto:
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
"PROVIMENTO N° 91, DE 13 DE MARÇO DE 2000
Dispõe sobre o exercício da atividade de consultores e socie­
dades de consultores em direito estrangeiro no Brasil.
0 CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS 
DO BRASIL, no uso das atribuições que lhe são conferidas 
pelo art. 54, V, da Lei n" 8.906/94, e tendo em vista o constan­
te do Processo 4467/1999/COP,
RESOLVE:
Art. 1“. O estrangeiro profissional em direito, regularm ente 
adm itido em seu país a exercer a advocacia, som ente poderá 
prestar tais serviços no Brasil depois de autorizado pela Or­
dem dos A dvogados do Brasil, na forma deste Provimento.
§ 1°. A autorização da O rdem dos A dvogados do Brasil, sem ­
pre concedida a título precário, ensejará exclusivamente a 
prática de consultoria no direito estrangeiro correspondente 
ao país ou estado de origem do profissional interessado, ve­
dados expressamente, mesmo com o concurso de advogados 
ou sociedades de advogados nacionais, regularm ente inscri­
tos ou registrados na OAB:
1 — o exercício do procuratório judicial;
II — a consultoria ou assessoria em direito brasileiro.
§2 ° . As sociedades de consultores e os consultores em direi­
to estrangeiro não poderão aceitar procuração, ainda quando 
restrita ao poder de substabelecer a outro advogado.
Art. 2 ° . A autorização para o desem penho da atividade de 
consultor em direito estrangeiro será requerida ao Conselho
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 79
Seccional da OAB do local onde for exercer sua atividade pro ­
fissional, observado no que couber o disposto nos arts. 8", 
incisos í, V, VI e VII e 10, da Lei n" 8.906, de 1994, exigindo-se 
do requerente:
I — prova de ser portador de visto de residência no Brasil;
II — prova de estar habilitado a exercer a advocacia e /o u de 
estar inscrito nos quadros da O rdem dos A dvogados ou ór­
gão equivalente do país ou estado de origem; a perda, a qual­
quer tempo, desses requisitos im portará na cassação da auto­
rização de que cuida este artigo;
III — prova de boas conduta e reputação, atestadas em docu­
m ento firmado pela instituição de origem e po r 3 (três) advo ­
gados brasileiros regularm ente inscritos nos quadros do Con­
selho Seccional da OAB em que pretender atuar;
IV — prova de não ter sofrido punição disciplinar, m ediante 
certidão negativa de infrações disciplinares emitida pela O r­
dem dos A dvogados ou órgão equivalente do país ou estado 
em que estiver adm itido a exercer a advocacia ou, na sua fal­
ta, m ediante declaração de que jamais foi pu n id o por infra­
ção disciplinar; a superveniência com provada de punição dis­
ciplinar, no país ou estado de origem, em qualquer outro país, 
ou no Brasil, im portará na cassação da autorização de que 
cuida este artigo;
V — prova de que não foi condenado p o r sentença transitada 
em julgado em processo criminal, no local de origem do exte­
rior e na cidade onde pretende prestar consultoria em direito 
estrangeiro no Brasil; a superveniência com provada d e con­
denação criminal, transitada em julgado, no país ou estado 
de origem, em qualquer outro país, ou no Brasil, im portará 
na cassação da autorização de que cuida este artigo;
SOCtEDADE DE ADVOGADOS Volume »
VI — prova de reciprocidade no tratamento dos advogados 
brasileiros no país ou estado de origem do candidato.
§ 1”. A O rdem dos A dvogados do Brasil poderá solicitar o u ­
tros docum entos que entender necessários, devendo os docu­
m entos em língua estrangeira ser traduzidos para o vernácu ­
lo po r tradu tor público juramentado.
§ 2°. A O rdem dos Advogados do Brasil deverá m anter cola­
boração estreita com os órgãos e autoridades com petentes, 
do país ou estado de origem do requerente, a fim de estar 
permanentemente informada quanto aos requisitos dos incisos 
IV, V e VI deste artigo.
§ 3°. Deferida a autorização, o consultor estrangeiro prestará 
o seguinte compromisso, perante o Conselho Seccional: 
"Prom eto exercer exclusivamente a consultoria em direito do 
país onde estou originariamente habilitado a praticar a advo ­
cacia, a tuando com dignidade e independência, observando 
a ética, os deveres e prerrogativas profissionais, e respeitan­
do a Constituição Federal, a ordem jurídica do Estado Demo­
crático Brasileiro e os Direitos Hum anos."
Art. 3®. Os consultores em direito estrangeiro, regularm ente 
autorizados, poderão reunir-se em sociedade de trabalho, com
0 fim único e exclusivo de prestar consultoria em direito es­
trangeiro, observando-se para tanto o seguinte:
1 — a sociedade deverá ser constituída e organizada de acor­
do com as leis brasileiras, com sede no Brasil e objeto social 
exclusivo de prestação de serviços de consultoria em direito 
estrangeiro;
II — os seus atos constitutivos e alterações posteriores serão 
aprovados e arquivados, sem pre a título precário, na Seccio­
SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I 81
nal da OAB de sua sede social e, se for o caso, na de suas 
filiais, não tendo eficácia qualquer outro registro eventual­
m ente obtido pela interessada;
III — a sociedade deverá ser integrada exclusivamente por 
consultores em direito estrangeiro, os quais deverão estar 
devidam ente autorizados pela Seccional da OAB com peten­
te, na forma deste Provimento.
Art. 4°. A sociedade poderá usar o nom e que internacional­
m ente adote, desde que com provadam ente autorizada pela 
sociedade do país ou estado de origem.
Parágrafo único. Ao nome da sociedade se acrescentará obriga­
toriamente a expressão "Consultores em Direito Estrangeiro".
Art. 5°. A sociedade comunicará à Seccional com petente da 
OAB o nom e e a identificação completa de seus consultores 
estrangeiros, bem como qualquer alteração nesse quadro.
Art. 6°. O consultor em direito estrangeiro autorizado e a so­
ciedade de consultores em direito estrangeiro cujos atos cons­
titutivos hajam sido arquivados na O rdem dos Advogados 
do Brasil devem, respectivamente, observar e respeitar as re­
gras de conduta e os preceitos éticos aplicáveis aos advoga­
dos e às sociedades de advogados no Brasil e estão sujeitos à 
periódica renovação de sua autorização ou arquivam ento pelaOAB.
Art. 7®. A autorização concedida a consultor em direito es­
trangeiro e o arquivam ento dos atos constitutivos da socieda­
de de consultores em direito estrangeiro, concedidos pela
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
OAB, deverão ser renovados a cada três anos, com a atualiza­
ção da documentação pertinente.
§ 1®. As Seccionais m anterão quadros específicos e separados 
para anotação da autorização e do arquivam ento dos atos 
constitutivos, originário e suplem entar, dos consultores e so­
ciedades a que se refere este artigo.
§ 2°. A cada consultor ou sociedade de consultores será atri­
bu ído um núm ero im utável, a que se acrescentará a letra S, 
quando se tratar de autorização ou arquivam ento suplem en­
tar.
§ 3®. Haverá, em cada Seccional, um a comissão de sociedades 
de advogados à qual caberá, na forma do que dispuser seu 
ato de criação e o Regimento Interno da Seccional, exercer a 
totalidade ou algum as das competências previstas neste Pro­
vimento. Nas Seccionais em que inexista tal comissão, deverá 
ser ela criada e instalada no prazo de 30 (trinta) dias, conta­
dos da publicação deste Provimento.
Art. 8°. Aplicam-se às sociedades de consultoria em direito 
estrangeiro e aos consultores em direito estrangeiro as dispo­
sições da Lei Federal n" 8.906, de 4 de julho de 1994, o Regula­
m ento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, o Código 
de Ética e Disciplina da OAB, os Regimentos Internos das 
Seccionais, as Resoluções e os Provimentos da OAB, em espe­
cial este Provimento, podendo a autorização e o arquivam en­
to ser suspensos ou cancelados em caso de inobservância, res­
peitado o devido processo legal.
Art. 9°. A O rdem dos Advogados do Brasil adotará, de ofício 
ou m ediante representação, as m edidas legais cabíveis, admi-
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume
nistrativas e /o u judiciais, sem pre que tenha ciência de con­
dutas infringentes às regras deste Provimento.
Ali. 10. Os consultores e as sociedades constituídas na forma 
do presente Provimento estão sujeitos às m esm as anuidades 
e taxas aplicáveis aos nacionais.
Art. 11. Deferida a autorização ao consultor em direito estran­
geiro, ou arquivados os atos constitutivos da sociedade de 
consultores em direito estrangeiro, deverá a Seccional da OAB, 
em 30 (trinta) dias, comunicar tais atos ao Conselho Federal, 
que m anterá um cadastro nacional desses consultores e socie­
dades de consultores.
Art. 12. O presente Provimento entra em vigor na data de sua 
publicação, revogando-se as disposições em contrário.
Brasília, 13 de março de 2000
R eginaldo Oscar de Castro
Presidente
Sergio Ferraz
Relator"
M ister se faz consignar que a O R D E M D O S A D V O G A D O S 
D O BRASIL não p re ten d eu , ao ed ita r o texto legal su p ra , q ual­
qu er reserva de m ercado. A idéia ou in tenção n ão foi PR O IB IR 
a a tiv idade do s ad v o g ad o s estrangeiros n o Brasil, m as sim dar
84 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
T R A N S P A R Ê N C IA a essas a tiv idades, ou seja, possib ilitar o 
reg istro desses ad v o g ad o s e a fiscalização d a s suas ativ idades.
O P R O V IM E N T O criou a figura n ão só do C O N S U L T O R 
em d ire ito estrangeiro , no caso de pessoa física, m as tam b ém da 
S O C IE D A D E DE C O N SU L T O R E S em dire ito estrangeiro , no 
caso d e pessoa jurídica.
E m resum o: venham , con tudo , ven h am LEG A LIZA D O S.
Passam os, com o d e te rm in a o títu lo deste traba lho , a tecer a l­
g u m as considerações sobre o referido texto legal.
I) conform e se infere d o art. 2°, a au to rização se re su m e tão- 
som en te em p ro v as docum enta is, ou seja, p rovas, v in d as d o lo ­
cal o n d e o p re ten d en te se bacharelou, d em o n s tra n d o conclusão 
d o curso , boa co n d u ta e reputação , não ter so frido p u n ição d is ­
c ip linar n em condenação em processo crim inal, bem com o p ro ­
va d e " rec ip roc idade" , isto é, q u e o seu país d e o rigem , recebe, 
n as m esm as condições, o ad v o g ad o brasileiro.
II) a sociedade de consultores em dire ito estrangeiro , n o seu 
objeto social d everá fazer constar q u e p res ta rá serviços som ente 
em dire ito estrangeiro , do país on d e seus in teg ran tes fo ram h a ­
bilitados.
III) u m g ran d e perm issivo legal foi d a d o à e n t id a d e /so c ie ­
d a d e d e consu lto res em d ire ito estrangeiro , a saber:
"poderá usar o nom e que internacionalm ente ado ­
te, desde que com provadam ente autorizada pela 
sociedade do país de origem"
Esse perm issivo é de g ran d e alcance, p o rq u a n to a "m arca" , 
p o r assim d izer, constru ída n o decorrer do s anos e in ternacio ­
n a lm en te conhecida, p o d erá se r tra z ida p a ra o Brasil.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 85
IV) a au to rização concedida, com o reza o art. T , d everá ser 
re n o v ad a a cada 3 (três) anos. Este m ecan ism o possib ilitará à 
O rd em do s A dvo g ad o s do Brasil verificar a c o n d u ta do req u e ­
ren te nos 3 (três) ú ltim os anos.
V) ao consu lto r em d ire ito estrangeiro e à soc iedade de con ­
su ltores em dire ito estrangeiro são aplicáveis n ão só o ESTATU­
TO DA ADV OCA CIA, m as tam bém o REGULAM EN TO GERAL 
D O ESTATUTO DA ADV OCA CIA e, o m ais im p o rtan te , o C Ó ­
D IG O DE ÉTICA E DISCIPLINA DA ORDEM DOS A D V O G A ­
DOS D O BRASIL.
* * *
0 PROVIMENTO E SUA EFETIVAÇÃO 
DO PONTO DE VISTA PRÁTICO
Em razão d e n o ssas funções ju n to à O R D E M D O S A D V O ­
G A D O S D O BRA SIL, não só n o C onselho d a O A B /S Ã O PA U ­
LO, m as tam b ém com o P res id en te da C om issão d a s Socieda­
des de A d v o g a d o s da referida Seccional, tiv em o s a o p o r tu n i ­
d a d e de te s tem u n h a r o a n d a m en to do assu n to d o p o n to de v is­
ta p rá tico
A ssim q u e ed itad o o P rov im en to , os p rim eiros consultores, 
pessoas físicas, com eçaram a pro toco lar seus p ed id o s , d ev id a ­
m en te do cu m en tad o s , jun to a nossa Seccional d e São Paulo.
Em segu ida , em m en o r núm ero , a lg u m as sociedades de con­
su lto res em dire ito estrangeiro tam bém assim p rocederam .
Por quê?
E v id en tem en te , os escritórios es tran g e iro s , no início deste 
artigo referidos, em sua m aioria com filiais em várias p ar te s do 
m u n d o , gozam d e repu tação ilibada e, ev iden tem en te , querem 
se en q u a d ra r d en tro dos lim ites da Lei N acional.
86 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e II
Em conseqüência , não p re ten d em a tu a r ILEGALMENTE no 
Brasil, o q u e re d u n d a ria em g rande preju ízo p a ra a sua im agem 
ínternacionaL
A ssim , a lg u m as delas ap resen ta ram seus ped idos.
A lguns já deferidos. O u tros sob análise.
E os q u e não se ad a p ta ram ao P rov im ento?
Foram poucos, m as de g rande envergadura .
O q u e vem sendo feito pela OAB?
N a Seccional d e São Paulo, o DD. Presidente, a través da sua 
C om issão de S ocied ad es de A dvogados, p o r "carta -convite" , 
vem p e d in d o esclarecim entos às referidas sociedades es trangei­
ras, n u m total d e 13 (treze).
A m aioria delas ou, quase todas, p o r assim d izer, a tendeu .
O s p rocessos encontram -se , hoje, com os re la tores d esigna ­
d o s pelo P residen te da referida com issão para apreciação e p e ­
d id o s de m ais docum en tos , em a lguns casos.
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS COLEGAS 
ESTRANGEIROS E CONCLUSÃO
A p a r tir do ano 2000 a m íd ia com eçou a veicu lar vasta m a té ­
ria sobre a "chegada dos estrangeiros no Brasil” . A lg u m as con ­
s id eran d o esta chegada com o u m a invasão total na advocacia 
nacional e, ou tras , pontificando que esta "chegada" tão -som en ­
te traria u m a m elhora para a advocacia brasile ira, p o rq u e estari- 
am trazen d o u m a bagagem enorm e de conhecim entos d o pon to 
d e v ista p rá tico n o q u e d iz respeito à inform ática, em geral, e, 
tam bém , q u an to à adm in is tração dos escritórios e d as socieda­
des d e advogados.
P odem os afirm ar: nem tan to o céu e nem tan to a terra.
A v in d a do s escritórios d o exterior, ev iden tem en te , p o d e rá
SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I 87
trazer, com o sem pre ocorre, um som atório de conhecim entos e 
u m a boa troca de inform ações. C ontudo, não po d em o s dizer que 
não tem os, hoje, esse tipo de experiência.
Tem os sim, e não pouca.
D esde m uito , contam os com sociedades de advogados, com 
existência de m ais de 60 anos, que, em suas instalações, p o ssu ­
em equ ip am en to s com paráveis a qualquer organização d o cha­
m ad o p rim eiro m u n d o , m as a troca de inform ações e experiên ­
cias som ente acresce e m elhora os níveis de desenvolvim ento 
profissional, em qualquer lugar do m undo .
Isso tem ocorrido e sem pre ocorrerá, não só nesse segm ento, 
m as em quaisq u er outros.
O u tro pon to que a m ídia tem p or vezes feito a lgum a confu­
são é considerar que en tid ad es in ternac ionais que aglom eram 
vários escritórios de advocacia, no m u n d o todo, seriam parcei­
ras o u associadas de en tidades /e scritó rio s nacionais.
N ão é verdade. Não corresponde à realidade.
N esses casos, não se trata de "associações d e escritórios", como 
em várias o p o r tu n id ad e s tem os nos m anifestado , m as sim. de 
e n tid a d e s in tern ac io n a is , às quais os escritórios se filiam não só 
com a finalidade de trocarem inform ações jurídicas e técnicas, 
m as tam bém e, principalm ente , conviverem , q u an d o da realiza­
ção d e reuniões e indicar clientes nos respectivos países. N o dia- 
a-dia são cham adas de "clubes".
As reun iões são prom ovidas, no rm alm ente , a cada ano ou 
sem estra lm ente , em diferentes países, com palestras e eventos 
sociais.
N o Brasil, m u itas das nossas sociedades de advogados são 
filiadas a essas entidades.
Por exem plo, podem os citar; Lex M undi, Interlex, C lube de
88 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
A bogados, W orld Law G roup, Terralex etc.
O im portan te , com o observam os, é não confund ir essas enti­
d ad es (internacionais) com advogados estrangeiros, a tu an d o no 
Brasil, p o n to ora tra tad o neste artigo.
Por d e rrade iro , gostaríam os d e frisar que tu d o isso se deve a 
tão decan tada GLOBALIZAÇÃO, que alcançou todos os segm en­
tos d o m u n d o m od ern o e o to rnou pequeno.
Existe e existirá lu g a r para T O D O S, d esd e q u e sob a d isc i­
p l in a da Lei.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I 89
CAPÍTULO VIII
A DENOMINAÇÃO DAS SOCIEDADES 
DE ADVOGADOS
Eduardo Grebler
Denominação das sociedades no novo Código Civil
A sociedade de advogados é conhecida p o r u m nom e d istin ­
tivo que a d iferencia das dem ais pessoas juríd icas e que deve 
acom panhá-la d esde o nascim ento. Tal condição é exigida pelo 
n o v o C ódigo Civil à generalidade d as pessoas jurídicas, p o r oca­
sião d o respectivo registro no órgão c o m p e te n te '.
O nom e da sociedade de advogados é u m direito da p ersona ­
lidade^ , p ro teg ido pelo novo diplom a civil contra o uso indevido 
p o r p ar te d e terceiros. Sendo a sociedade de ad v ogados um a 
sociedade sim ples - em bora su i generis - para os efeitos da p ro ­
teção ao nom e, aplicam -se-lhe tam bém as no rm as do novo Có­
digo Civil concernentes ao nom e em presarial, norm as estas que 
alcançam indistin tam ente as sociedades em presárias, as simples, 
as associações e as fu n d açõ es \
' “Art. 4 6 .0 registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;’ (CCiv),
 ^ “Art, 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome’ 
(CCiv).
' “Art. 1.155...............
Parágrafo Único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a deno­
minação das sociedades simples, associações e fundações" (CCiv).
90 SOCIEDADE DE ADVOGADOS VoUme II
Da pro teção ao nom e da pessoa - inclusive a jurídica'* - d e ­
corre que o m esm o não po d e ser em pregado em publicações ou 
representações que a exponham ao desprezo público, ainda qu an ­
do não haja in tenção difam atória^, e que, sem autorização, não 
p o d e ser u sad o em p ro p a g an d a c o m e rc ia i .
Denominação das sociedades de advogados 
na lei e nos regulamentos especiais
O reg ram en to específico da sociedade de ad v ogados advém 
d o Estatu to d a A dvocacia e da OAB (EAOAB)% lei especial que, 
no caso de sociedades que envolvam o exercício de certas ativi­
d ades , o no v o C ódigo Civil consagrou com o fonte legislativa 
p rim ária".
A denom inação da sociedade de advogados tem m erecido 
a té agora escassa norm atização. Pouco d iz o Estatuto da A dvo ­
cacia e da OAB a respeito deste aspecto da v ida da sociedade de 
advogados, lim itando-se a exigir que a razão social contenha, 
obrigatoriam ente, o nom e de pelo m enos u m ad vogado respon ­
sável pela sociedade, p o d en d o perm anecer o d e sócio falecido,
* “Art. 52, Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalida­
de" (CCiv).
^ “A rt-1 7 .0 nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou represen­
tações que a exponham ao desprezo pút>lico, ainda quando não haja intenção ditamatória."
 ^“Art. 18, Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial” (CCiv). 
' "Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de advo­
cacia, na forma disciplinada nesta Lei e no Regulamento Geral.
§ r , A sociedade de advogados adquire personalidade juridica com o registro de seus atos 
constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede” (Lei n® 8.906, de 
4/7/94).
8 "Art. 983.................
Parágralo Único, flessalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de partici­
pação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de 
certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo um determinado tipo" (CCiv).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume It 91
desd e que prev ista tal possib ilidade no ato constitutivo*^. O Re­
gu lam en to G eral da A dvocacia, igualm ente, dedicou a este tem a 
apenas u m a breve referência, lim itando-se a rep ro d u z ir a n o r ­
m a já encon trada no EAOAB"'.
A lgum regram ento adicional foi p roporcionado pelo ato do 
C onselho Federal que dispõe sobre o registro e atos correlatos 
d a s sociedades de advogados, po r meio do P rovim ento n® 92, de 
10 /4 /2000 . N esse instrum ento , acha-se tam bém rep ro d u z id a a 
exigência de que o contrato da sociedade de ad vogados conte­
nha a razão social, designada pelo nom e com pleto o u abreviado 
d o s sócios ou, pelo m enos, de u m deles, responsável pela ad m i­
n istração, assim com o a prev isão de sua alteração, o u m an u ten ­
ção, po r falecim ento d e sócio que lhe tenha d ad o o n o m e” . Indo 
u m pouco além , estabeleceu-se tam bém que, na com posição da 
razão social, não p o d em ser ado tadas siglas ou expressões de 
fantasia o u de características mercantis'^.
' “Ari. 16.................
§ r . A razão social deve ter, obrigatoriamente,o nome de, pelo menos, um advogado responsá­
vel pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilida­
de no ato constitutivo" (EAOAB).
“Art. 3 8 .0 nome completo ou abreviado de, no mínimo, um advogado responsável pela soci­
edade consta (sic) obrigatofiamente da razão social, podendo permanecer o nome de sócio 
falecido se, no ato constitutivo ou na alteração contratual em vigor, essa possibilidade tiver sido 
prevista" (RGA).
" “Art. 2°. Vedada a adoção de qualquer das espécies de sociedade mercantil, o contrato social, 
celebrado por instrumento público ou particular, deve conter:
VI - a razão social designada pelo nome completo ou abreviado dos sócios ou. pelo menos, de 
um deles, responsável pela administração, assim como a previsão de sua alteração, ou manu­
tenção, por falecimento de sócio que lhe tenfia dado o nome’ (Provimento n* 92/2000}.
“Art. 2“ ................
§ r . Na composição da razão social, não podem ser adotadas siglas ou expressões de fantasia 
ou de características mercantis” (Provimento n° 92/2000}.
9 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Voijme II
Homonímía entre sociedades de advogados
O notável crescim ento do n ú m ero de sociedades de advoga­
dos em todo o país suscitou preocupações com relação à hom o- 
n ím ia e n t r e so c ie d a d e s in sc r i ta s em d ife re n te s C o n se lh o s 
Seccionais. N os d ias atuais, a reputação d as sociedades de ad v o ­
g ados transpõe os limites territoriais dos Estados da Federação 
em q u e estão sediadas, tornando-se conhecidas em todo o terri­
tório nacional, p o r efeito da com petência e experiência de seus 
profissionais. N essas circunstâncias, torna-se m ais freqüente a 
coincidência en tre nom es de sociedades inscritas em diferentes 
C onselhos Seccionais, p o d en d o d a r origem à confusão en tre as 
m esm as.
Esta questão adq u iriu m aior relevância tam bém pelo fato de 
q u e sociedades d e ad v ogados reg istradas orig inalm ente em um 
do s C onselhos Seccionais estaduais passaram a estabelecer-se em 
ou tros Estados da Federação, em cujos C onselhos Seccionais es­
tão tam bém obrigadas a se inscrever. C onquan to o registro de 
sociedades de ad v ogados seja de com petência do C onselho Sec­
cional da respectiva sede '^ , não se poderia conceber que socie­
d ad e reg is trada em u m dos Estados da Federação fosse im p ed i­
da de se reg istra r peran te ou tro Conselho Seccional, seja na for­
m a d e filial, seja com o nova sociedade form ada, no todo ou em 
parte , pelos m esm os sócios. Tal discrim inação, se ocorresse, v io ­
laria no rm as e princíp ios constitucionais que asseguram a todos 
os brasile iros e aos estrangeiros residentes no País - pessoas n a ­
tu ra is e juríd icas - a liberdade d e traba lhar e de se associar em 
to d o o territó rio nacionaP^.
Ao se su bm eter a registro, um a sociedade de ad v ogados pode
Ari. 15,§r,EA0AB.
" Constituição Federal, art. 5°, incisos XIII e XVII.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume It 9 3
encon trar sociedade de advogados hom ônim a p rev iam en te re ­
g istrada n o C onselho Seccional, caso em que a coincidência de 
nom es p o d e ocasionar problem as diversos, seja en tre as p ró p ri­
as sociedades, seja em relação a seus respectivos clientes.
C om vistas a resolver as situações já existentes, bem com o a 
preven ir o su rg im en to de outras, o C onselho Federal d a OAB 
ed itou o P rov im ento n° 98, de 15/10/2002, criando o C adastro 
N acional de Sociedades de A dvogados, a ser p o r ele m antido, 
con tendo todos os d ad o s d as sociedades de ad v ogados existen­
tes no País.
P or ocasião do respectivo p ed ido d e registro d e nova socie­
d a d e de advogados, o C onselho Seccional envolv ido fica obri­
g ad o a realizar consulta formal ao C onselho Federal quan to à 
razão social p re tend ida , cabendo a este responder à consulta em 
d ez dias. D etectada a existência de sociedade de advogados re­
g is trada p receden tem ente com a m esm a razão social p re ten d i­
d a o u com razão sem elhante , o C onselho Federal responderá 
n ega tivam en te à possib ilidade de registro, ap o n tan d o a iden ti­
d a d e ou a sem elhança, caso cujo respectivo C onselho Seccional 
d everá d e te rm in a r aos requerentes para p rovidenciarem outra 
razão social, que será subm etida à nova consulta.
Em relação às sociedades já existentes, d ispõe o norm ativo 
que, se for de tectada a existência de iden tidade o u sem elhança 
en tre as razõ es sociais das soc iedades cujos re g is tro s forem 
efetuados an terio rm ente à im plem entação d o C adastro N acio­
nal, o C onselho Federal deverá, po r in term édio d o C onselho Sec­
cional d e te n to r do reg istro posterior, d e te rm in a r à sociedade 
respectiva que, no p razo de 60 (sessenta) dias, p ro m o v a a com ­
peten te alteração contra tual, seja ap resen tando n ova razão, seja 
acrescen tando o u excluindo d ados de m aneira a fazer a distin ­
9 4 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I
ção en tre ela e a ou tra registrada precedentem ente. N essa h ipó ­
tese, o C onselho Seccional efetuará consulta formal ao Conselho 
Federal, ev itando-se a ocorrência de nova iden tidade ou seme- 
lh a n ç a '\
Outros princípios aplicáveis à denominação 
das sociedades de advogados
Do p o n to d e vista da regra positiva, pois, impÕe-se apenas 
que, p o r ocasião do registro d a sociedade de advogados na Sec­
cional d a OAB, o respectivo contrato social contenha dispositi­
v o sobre: a) a razào social, constando o nom e de pelo m enos um 
do s sócios responsáveis p o r ela; b) se os contra tan tes assim d e ­
sejarem , a au torização p a ra que o nom e do sócio que vier a fale­
cer perm aneça na razão social. A lém disso, a razão social não 
po d erá conter siglas ou expressões de fantasia ou de caracterís­
ticas m ercantis, nem p o derá ser idêntica ou sem elhante à razão
“Art. 4°. Os Conselhos Seccionais ficam obrigados a repassar ao Conselho Federal, no prazo 
de 60 (sessenta) dias a contar da publicação deste Provimento, todos os dados necessários à 
implementação do Cadastro Nacional.
§ 1 Implementado o Cadastro Nacional com a consumação do repasse desses dados, durante 
a tramitação dos novos pedidos de registro de sociedades, os Conselhos Seccionais ficam obri­
gados a realizar consulta formal ao Conselho Federal, quanto à razão sociai preterydida.
§ 2°. 0 Conseitto Federal responderá à consulta em 10 (dez) dias. sendo que, detectada a 
existência de sociedade de advogados registrada precedentemente com a mesma razão social 
pretendida ou com razão social semelhante, apontando a identidade ou a semelhança, respon­
derá negativamente à possibilidade de registro, devendo o Conselho Seccional consulenfe de­
terminar aos requerentes que providenciem outra razão social, que será submetida a nova con­
sulta.”
§ 3°. Se, do confronto das razões sociais das sociedades cujos registros foram efetuados ante­
riormente à implementação do Cadastro Nacional, o Conselho Federal detectar a existência de 
identidade ou semelhança, deverá, por intermédio do Conselho Seccional detentor do registro 
posterior, determinar à sociedade respectiva que, no prazo de 60 (sessenta) dias, promova a 
competente alteração contratual, seja apresentando nova razão, seja acrescentando ou excluin­
do dados que a distingam da sociedade registrada precedentemente.
§ 4°. Na hipótese do parágrafo anterior, o Conselho Seccional efetuará consulta formal ao Con­
selho Federal, evitando-se a ocorrência de nova identidade ou semelhança” (Provimento n“ 98/ 
2002).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS VcXuine II 9 5
social d e o u tra sociedadejá existente, m esm o q u e reg istrada 
peran te o u tro C onselho Seccional.
E m bora as disposições da lei e de seus regu lam entos sejam 
re la tiv am en te lacônicas, certos princíp ios desen v o lv id o s pela 
d o u tr in a sobre o nom e d as sociedades em geral são tam bém 
aplicáveis à razão social da sociedade de advogados. ALFREDO 
DE ASSIS GONÇALVES NETO assinala que v igem na socieda­
de d e ad v ogados os princípios da veracidade, d a originalidade e 
da unicidade, significando, respectivam ente, que o nom e social 
deve refletir a v e rdadeira com posição societária, ser d istin to de 
o u tros já existentes e ser único para cada sociedade '^ .
N esse sentido, em bora os d ispositivos acim a m encionados 
n ad a d igam sobre ou tros vocábulos ou expressões, na razão so­
cial, além d o nom e de pelo m enos u m dos sócios responsáveis, 
tem -se en ten d id o que a denom inação da sociedade d e ad voga ­
do s não p o d e referir-se a ativ idades que não sejam dire tam ente 
conexas ao exercício d a advocacia. C om efeito, som ente será ve- 
raz o nom e social que revelar o objeto da sociedade, para o que é 
m ister que dele conste, p o r exem plo, expressão com o "advoca­
cia", "ad vogados" , "consultores legais", "consultores jurídicos", 
"escritório d e advocacia", "sociedade de advogados" ou asse­
m elhada , d e m odo que o público saiba tratar-se de sociedade 
d isc ip linada pelo E statu to da A dvocacia e da OAB'’ .
Para conform ar-se a esse m esm o princípio da veracidade, a 
razão social não deve conter outros vocábulos que in d u zam à 
confusão ou à concom itância com ou tras a tiv idades profissio ­
nais. T endo em conta que à sociedade de ad v ogados é vedado
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Sociedade de Advogados. 2. ed. São Paulo: Juarez de 
Oliveira, 2002. p, 32.
SODRÉ, Ruy de Azevedo. Sociedade de Advogados. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975.
p. 16.
96 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o h j m e I I
exercer q u a lq u e r o u tra a tiv id ad e profissional além d a advoca- 
cia^®, m enc ionar na razão social expressões q u e d en o tem o u tras 
especialidades, ainda que a sociedade de advogados não as exerça 
d e fato, feriria a co rrespondência exigida en tre o n o m e e objeto 
social.
O m esm o se p o d e dizer q u an to ao uso d e no m es d e pessoas 
q u e n ão sejam partíc ipes da sociedade. C on q u an to as d isposi­
ções reg u lam en ta res estabeleçam apenas que a razão social deve 
con ter o no m e de pelo m enos u m ad v o g ad o responsável pela 
sociedade - n a d a an o tan d o sobre nom es d e o u tras pessoas além 
deste - , a boa exegese dessa no rm a, sob a ég ide d o p rincíp io da 
veracidade, leva à conclusão de que som ente p o d em constar da 
razão social os nom es dos advogados que dela façam p a r te na 
qu alid ad e de sócios. Conspícua exceção a esta regra, expressa­
m ente contem plada n o Estatuto da Advocacia e da OAB, autoriza 
que perm aneça na razão social o nom e de ad vogado que tenha 
falecido na condição de sócio da sociedade, d esde q u e tal possibi­
lidade tenha sido prevista no ato constitutivo - ou, naturalm ente, 
em alterações contratuais antecedentes ao falecimento''^.
Prenome, sobrenome e alcunha
A lgum a controvérsia já se ap resen tou sobre a in terp re tação e 
alcance d a s n o rm as em relação ao nom e d as sociedades d e a d ­
vogados. A casuística conhecida reg istra d ú v id as su rg id as p o r 
ocasião d o reg is tro d e contra tos de sociedades de advogados, 
sobre se seria necessário m enc ionar os no m es com ple tos do s
“Art. 16. Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades de advogados 
que apresentem forma ou características mercantis, que adotem denominação de fantasia, que 
realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócio não inscrito como advogado ou 
totalmente proibido de advogar" (EAOAB),
'®Ver Nota n° 9 supra.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 9 7
ad v o g ad o s que in tegram a sociedade (p renom e e sobrenom e ju n ­
tos) o u se, ao contrário , adm itir-se-iam os no m es ou sobrenom es 
iso ladam ente .
É certo q u e o novo C ódigo Civil refere-se a nome com o com ­
p re en d en d o o prenome e o sobrenome^'^; p o r seu tu rn o , foi flexível 
a in terp retação do art. 16, § 1° d o EAOAB, d a d a p e lo R egula­
m en to G eraP ' e pelo P rovim ento n° 92/2000^^, ad m itin d o q u e a 
razão social contenha o nome completo ou abreviado, d a í concluir- 
se ser possível m encionar apenas u m a p arte d o n o m e do ad v o ­
g ad o in teg ran te d a sociedade.
M as q u e p arte d o no m e deve constar d a razão social: o p re ­
no m e ou o sobrenom e? O direito brasileiro, seg u in d o a sis tem á­
tica do s d ire itos eu ropeus , priv ilegia o patroním ico , ou no m e de 
família, com o a p ar te principal do nom e, que confere à pessoa 
na tu ra l sua ind iv idualizaçâo em relação às d em ais pessoas. Por 
isto, tem -se en ten d id o que, p ara com por a razão social d a socie­
d ad e de advogados, adm ite-se o uso apenas d o sob renom e do 
ad v o g ad o sócio-’ .
PA U LO LUIZ NETTO LÔBO lem bra q u e o Conselho Federal 
da O A B , antes do novo Estatuto, jâ decidira que a sociedade de advoga­
dos podia ser identificada ou pelo nome completo de um de seus advo­
gados ou pelo sobrenome, pelo menos, de qualquer um deles^^. H á ex­
ceções, co n tu d o , u m a d as quais no tic iada p o r ALFREDO DE 
ASSIS GONÇALVES NETO, q u an d o o p re n o m e seja particu la r ­
m en te d is tin tivo d e m o d o a bem identificar o ad v o g ad o inte-
® Ver Nota n° 2 supra.
Ver Nota n° 10 supra.
“ Ver Nota n° 11 supra.
" GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Obra citada, p. 35.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Comentários ao Novo Estatuto da Advocacia e da OAB. Brasília: 
Brasília Jurídica, 1994, p. 79.
98 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I
gran te d a sociedade. O bserva GLAD STO N M AM EDE, en tre tan ­
to, restrição à utilização de a lcunha o u p seu d ô n im o na razão 
social, salvo se in co rpo rada ao nom e do ad v o g ad o em deco rrên ­
cia d e retificação de seu registro civiP^.
Denominação de fantasia ou de características 
mercantis
C om certa freqüência tem -se colocado a q uestão d o q u e se 
deva en ten d e r p o r denominação de fantasia, p a ra os fins d o art. 16 
d o E statu to d a A dvocacia e da OAB, ou siglas ou expressões de 
fantasia ou de características mercantis, p a ra os efeitos do art. 2°, § 
1° do P ro v im en to n° 92/2000. Acim a já se co m en to u so b re a 
necessidade de q u e a razão social trad u za a v e rd ad e ira com po ­
sição e objeto da sociedade, com o form a d e d a r ao púb lico a cor­
re ta in form ação a respeito d as pessoas que a in teg ram e d a s a ti­
v id ad es q u e d esem penha . E p o r força desse m esm o princíp io 
que n ão se p e rm ite à sociedade de ad v o g ad o s ad o ta r q ualque r 
d enom in ação q u e vá além de sua razão social, po is fazê-lo im ­
p licaria ap a rta r-se da estrita co rrespondência q u e d ev e haver 
e n tre os e lem entos fáticos e a noção levada ao conhecim ento 
público p o r in term éd io d o no m e social.
Q u an to às expressões de características mercantis, parece ter h a ­
v ido certa red u n d â n c ia n a no rm a q u e a im p ed e (art. 2°, § 1®, 
P rov im en to n° 92/2000)'^. N a realidade, veda-se à sociedade de 
ad v o g ad o s conter em seu n o m e quaiscjuer expressões qu e n ão cor­
re sp o n d a m à sua v e rd ad e ira n a tu reza , com posição o u objetosocial - n ão apenas as q u e tenham características m ercantis. As-
^^MAMEDE, Gladston. A Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. Porto Alegre: Síntese, 
1999. p. 129.
“ Ver Nota n" 12 supra.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 99
sim, sen d o a sociedade d e ad v o g ad o s im p ed id a d e revestir a 
form a ou características m ercantis (art. 16, EAOAB) - na te rm i­
nologia do novo C ódigo C iv ú , form a ou características empresárias 
n ão lhe seria lícito utilizar, em sua razão social, vocábulos ou 
ab rev ia tu ra s p ró p r ia s d as sociedades m ercan tis - a tu a lm en te 
sociedades empresárias - , tais com o limitada, companhia, sociedade 
anônima o u suas respectivas abreviações.
C uriosa questão , d iversas vezes suscitada em d iferen tes C on ­
selhos Seccionais da OAB, d iz respeito ao uso d o sinal com o 
conectivo do s nom es que in tegram a razão social, t ido p o r al­
g u n s com o expressão d e características m ercantis. C on q u an to 
haja, de fato, tradic ional uso desse sinal em conjunto com o vo­
cábulo companhia, a d esignar as sociedades m ercan tis - hoje em ­
p resárias - em q u e haja sócios de re sp onsab ilidade ilim itada, o 
sinal & n a d a m ais é d o que a estilização do conectivo latino “et", 
incapaz, p o r si só, de conferir características m ercan tis - o u em ­
p resá rias - à sociedade em cuja razão social figurar. N ão há, pois, 
m otivo justo p a ra que se vede a utilização desse sinal com o in te ­
g ran te d a razão social das sociedades de advogados.
E m bora não se inclua p rop riam en te na questão d o n o m e da 
sociedade de advogados, tem certa relação com ela a p rá tica - 
hoje corren te - d e estilização gráfica d o n o m e d a sociedade para 
fo rm ar u m a logom arca, ora agregando-se ao n o m e certos ele­
m entos gráficos - sím bolos, acrônim os, linhas, cores etc. - , ora 
d o tan d o -o de características d is tin tivas p ró p ria s , capazes d e lhe 
conferir o rig ina lidade visual.
N ão se encon tra vedação expressa a esse respeito n as no rm as 
regu lam en ta res da profissão, q u er no tocante ao ad v o g a d o in d i­
v id u a lm en te considerado , quer no tocante às sociedades de ad ­
vogados. H á, con tudo , no C ódigo d e Ética e D isciplina d a OAB,
100 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I
recom endação no sen tido d e q u e a p u b lic id ad e do ad v o g ad o 
d eva ser feita com discrição e m oderação , e q u e o anúnc io não 
d ev a con te r fo tografias, ilustrações, cores, f igu ras , d esenhos , 
logotipos, m arcas o u sím bolos incom patíveis com a sob riedade 
d a advocacia^^.
In teg rando-se a lacuna norm ativa com recu rso à analogia , é 
razoável concluir que a utilização de efeitos v isuais associados 
ao n o m e d a sociedade d e ad vogados deva, igualm ente , p au ta r- 
se pe la d iscrição e com patib ilidade com a sob ried ad e d a a d v o ­
cacia. O g ra n d e elastério destes conceitos perm ite q u e as socie­
d ad e s d e ad v o g ad o s façam uso dos recursos da m o d e rn a co m u ­
nicação, observando-se, no en tan to , q u e a a tiv id ad e advocatícia 
não é com patíve l com excessivos im pactos visuais, n em com a 
exploração com ercial d e marcas.
Conclusão
O tra tam en to legal e regu lam en ta r d a denom in ação social d a 
sociedade de ad v o g ad o s obedece a regras e p rincíp ios ap licá ­
veis à gen e ra lid ad e d a s sociedades, na óptica d o C ódigo Civil. 
P au ta-se tam bém , n o en tan to , p o r certos d ispositivos legais e 
regu lam en ta res que, em bora poucos, es tabeleceram a d iscip lina 
específica d a denom inação d este tipo p a r ticu la r d e sociedade 
sim ples.
Busca-se, com os lim ites im postos à denom inação d a s socie­
d ad e s de advog ad o s , q u e estas não percam , p e ran te o público,
^ "Art, 2 8 .0 advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual ou coletivamen­
te, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente informativa, vedada a divulga­
ção em conjunto com outra atividade."
“Art. 3 1 .0 anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores, figuras, desenhos, logotipos, 
marcas ou símbolos incompatíveis com a sobriedade da advocacia, sendo proibido o uso dos 
símbolos oficiais e dos que sejam utilizados pela Ordem dos Advogados do Brasil" (Código de 
Ética e Disciplina da OAB).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I 101
suas características essenciais, q u e as fazem dis tingu ir-se do gê­
n e ro p a r a c o n s t i tu í re m esp éc ie su i g eneris , com traç o s q u e 
O R L A N D O GOM ES identificou com o de u m a sociedade interna^ .
Em decorrência dessas limitações, a sociedade d e ad v o g ad o s 
só p o d e ter com o denom inação os nom es com pletos ou os so­
b renom es d e u m ou m ais de seus sócios atuais (excepcionalm ente 
tam b ém d e sócio falecido, se assim h o u v er co n stad o d o contra to 
social). A o no m e ou aos nom es d e seus sócios d ev e rá es ta r ap o s ­
ta a expressão indicativa d e tratar-se d e u m a reu n ião d e profis ­
sionais d a advocacia , em a lgum a d as varian tes q u e incluem as 
designações escritório de advocacia, advogados, advocacia, consulto­
res jurídicos etc.
A dm ite-se o uso m o d erad o d e elem entos gráficos distin tivos, 
que, todav ia , n ão são passíveis de reg istro no C onse lho Seccio­
nal d a OAB, n em tam pouco de p ro teção m arcaria , p o r caracteri­
z a r tal reg is tro a exploração d e m arca de ind ú stria e comércio.
* *
“ GOMES, 0 liando. Parecer, in Sociedade de Advogados. São Paulo: Pinheiro Neto Advoga­
dos, 1975. p. 117 e 118, apt/d FERRAZ, Sergio e l al, Sociedades de Advogados. São Paulo; 
Malheiros Editores, 2002, p, 17.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume I I 203
CAPÍTULO IX
AS COMISSÕES DE 
SOCIEDADES DE ADVOGADOS
O sw aldo Naves
N o E sta tu to da O rd em dos A dvogados d o Brasil, art.64, está 
a base e o fu n d am en to da criação d as com issões tem áticas para 
auxiliar o C onselho Federal a d esem p en h ar suas a tiv idades e la ­
b o ran d o pareceres, p ro m o v en d o pesquisas, sem inários, acom ­
p a n h a n d o a tram itação de projetos d e lei e p ro p o n d o m ud an ças 
legislativas. As sociedades de ad v ogados têm n ecessidades es­
pecíficas, d iferen tes d as enfren tadas pelos ad v o g ad o s q u e a tu ­
am iso ladam en te ou do s in tegrantes da advocacia pública, acen­
tu ad a s pelo crescim ento do n ú m ero d e escritórios e do s re su lta ­
d o s d a g lobalização na prestação dos serviços jurídicos. O C o n ­
selho Federal, en ten d en d o a necessidade de m elh o r d ese m p e ­
n h a r suas a tiv idades referentes ao tem a, ap resen tan d o es tu d o s e 
p ro p o s ta s com a fina lidade de m elho ra r o re su ltad o au ferido 
pelos escritórios d e advocacia , invasão d o cam po profissional e 
ou tros tem as afetos, criou, em 18 de agosto d e 1997, a C om issão 
d e Sociedades de A dvo g ad o s (CSAD).
A CSAD, com issão p erm anen te e com reg im en to com u m às 
d em ais com issões do C onselho Federal, tem p o r objeto "p ro p o r 
a adoção d e m ed id as necessárias ao ap r im o ram en to d as socie­
d ad e s d e ad v o g ad o s e à m elhoria do s re su ltados pe las m esm as
104 SOOEDAOE DE ADVOGADOS Volume II
auferidos, iden tificando invasões d o cam po profissional d as re ­
feridas sociedades p o r categorias o u profissionais não habilita ­
dos". O C onselheiro Federal pelo Acre, Dr. Sérgio Ferraz, é o 
a tu a lp re s id e n te d a com issão , q u e co n ta com m em b ro s sócios 
d e esc ritó rio s com re p resen tação , d e n tre o u tra s , em c id ad es 
com o Rio d e Jane iro , São Paulo , B rasília, Recife, S a lv ad o r e 
F orta leza .
As Seccionais d a O rd e m d o s A dvogados d o Brasil, a exem ­
p lo d e São P aulo e Pernam buco, criaram suas com issões d e soci­
ed ad es d e advogados, possib ilitando que a apreciação d e tem as 
com o o reg is tro d e sociedades se processem com a análise p ré ­
via d e com issão especializada, d e a lgum a form a em p res tan d o 
ce leridade ao trabalho, e ana lisando tem as d e in teresse localiza­
do da Seccional.
A com issão d e sociedades, den tre as várias a tiv idades d esde 
a sua criação, a tu o u n a regulação d a a tuação d o consu lto r em 
d ire ito estrangeiro , tem a d o P rov im ento n'' 91/2000, m atéria d e 
destacad a com plexidade, já que in terage com reg ras hoje em d is ­
cussão na O rgan ização M undial d o Com ércio (OMC), na fo rm u ­
lação do con tra to d e associação en tre sociedades de ad v ogados 
e d estas com advogados, P rovim ento 92/2000, e partic ip o u 
de aud iência pública na C âm ara dos D ep u tad o s sobre a tr ib u ta ­
ção d e sociedades p res tad o ras de serviço e ap o iou sem inários 
com o o q u e d iscu tiu a m u ltid isc ip linariedade , g lobalização e 
liberalização d a profissão jurídica n o âm bito d a O M C, CATS, 
ALCA, M ercosul e U nião Européia.
C om o adv en to de novas leis e m esm o na d iscussão delas, 
ap o ia d a pe la assessoria p a r lam en ta r d a O rd e m e a trav és dos 
m em bros d a com issão, a CSAD se dedica a tem as com o o cu id a ­
d o so trab a lh o d e a tua lizar o P rov im ento q u e tra ta d a s socieda­
SOCIEDADE OE ADVOGADOS V o l u m e II 105
des d e ad v o g ad o s p a ra harm onizá-lo às reg ras d o n o v o C ódigo 
C ivil. M ais re c e n te m e n te , te n d o p o r r e la to r o D r. O r la n d o 
G iacom o, en cam inhou à Escola S uperior d a A dvocacia o p ro ­
g ram a d o C u rso sobre a A dm in istração d e Escritórios de A d v o ­
cac ia /S o c ied ad es de A dvo g ad o s e D epartam en tos Jurídicos.
Em razão da especia lidade d o objeto d a CSAD, nos ú ltim os 
m eses ela vem se institucionalizando com o in terlocu to ra junto 
ao M inistério d e Relações Exteriores para assu n to s re lacionados 
ao com ércio de serviços, ten d o som ado esforços com o u tra s ins­
titu ições p a ra o d esen v o lv im en to de e s tu d o s e re la tó rio s nas 
negociações no tabuleiro internacional.
Im p o rtan te p o r sua p e rm an en te a tuação em favor do s escri­
tórios d e advocacia , a com issão está d ispon ível p a ra consu ltas e 
sugestões a través d o correio eletrônico do C onselho Federal, car­
ta, fax o u ofício, ana lisando m atérias d e âm bito nacional d e com ­
petência da OAB.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 107
CAPÍTULO X
ÉTICA PROFISSIONAL E 
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Sergio Ferraz
1. A infração ético-disciplinar e os novos desafios. 2. A dissemi­
nação das sociedades de advogados e seus efeitos. Uma pri­
meira etapa histórica. 3. O Estatuto de 1963 (Lei n- 4.215). 4. O 
Estatuto de 1994 e sua preocupação com a responsabilidade 
disciplinar das sociedades de advogados: 4 .1 .0 tratamento do 
tema, antes de 1994; 4.2. O Estatuto de 1994; 4.2.1. Seu artigo 
15; 4.2.2, Seu artigo 17, 5. Os pressupostos da responsabiliza­
ção disciplinar das sociedades de advogados. 6. Conclusões.
1. A infração ético-díscíplínar e os novos desafios
A s sem elhanças de natu reza , en tre as infrações d iscip linares 
e as penais, são m uitas e têm sido, ao longo d o tem po, m ais e 
m ais en fatizadas n a legislação e na d ou trina . Essa aproxim ação 
etiológica tem feito com que igua lm en te se aprox im em , dia-a- 
d ia , os respectivos regim es jurídicos repressivos.
A sorte de considerações, acim a perfu n c to riam en te {até p o r ­
q u e axiom áticas) enunciadas, p ropõe , concretam ente , ao analis ­
ta d o tem a a ser aqui versado , um a indagação que, adem ais de 
ser retórica, já carrega em si u m instrum en ta l m etodológico: se a
108 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
lei penal — de reg ra a m ais severa d a s reações sociais aos com ­
portam en to s desv iad o s — já adm ite, com tendência inclusive ao 
a la rgam en to d e suas fronteiras de incidência, a responsab iliza ­
ção crim inal d a pessoa juríd ica, p o r que a n o rm a tiv id ad e ético- 
d isc ip linar fugiria dessa questão? A resposta só p o d e ser um a: 
tal escap ism o não tem razão de ser, q u er no p lan o da causa lida ­
de, q u er no d a conveniência, quer, enfim , n o da razoabilidade. 
Por isso, an tes de orig inar estranheza , ap lausos m erece o o rd e ­
n am en to ju ríd ico da advocacia brasileira, ao d e te rm in a r a ap li­
cação de sua m alha ético-disciplinar às sociedades de ad v o g a ­
dos. Aliás, a d issem inação dessa m o d alid ad e d e exercício advo- 
catício p o d eria a té en g en d ra r graves deform ações na p ra g m á ti ­
ca d a profissão , d o p o n to de vista ético, n ão tivesse nosso legis­
lado r p ru d e n te m en te cu id ad o d a m atéria.
2. A disseminação das sociedades de advogados e seus 
efeitos. Uma primeira etapa histórica
Bom é q u e fique gizado: o tem a em deba te não é u m a n o v id a ­
d e d a Lei 8.906/94. M as tam pouco sua consideração é assun to 
vetusto . Em v erd ad e , de sociedades d e ad v o g ad o s cogitou, se­
q u e r d e longe, o antigo R egulam ento da OAB (seja na versão 
orig inal. Decreto n" 20.784, de 14.12.31, seja na versão "consoli­
d ad a " , veicu lada n o Decreto 22.478, de 20.02.33). M as inexiste 
razão p a ra estranhezas: na década de 30, d o século passado , a 
v isão d a advocacia era exclusivam ente a d o exercício in d iv id u ­
al, solitário, a rtesanal até.
C oube à Lei 4.215, de 27.04.63, a p rim az ia na d iscip lina do 
a s s u n to . C o lh e - s e co m fa c i l id a d e , n ã o só d o s t r a b a lh o s 
legislativos qu e an tecederam a edição d o Estatu to , m as a in d a da 
p o n d eração do u trin ár ia qu e seqüenciou sua p rom ulgação , a ins-
SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II 2 0 9
■Lpiração q u e conduz iu à inovação. £ aí nos d ep a ram o s com a com ­
p lex id ad e crescente do o rd en am en to juríd ico , a expansão dos 
cam pos m ateria is da ciência jurídica, a proliferação legislativa 
incontrolável, o d inam ism o sem pre e sem pre m ais vertig inoso 
d as relações sociais, a globalização da econom ia etc. De fato, hoje 
é p ra ticam en te im possível d e tenha o ad v o g ad o conhecim ento 
enciclopédico d o direito , até m esm o do d ire ito d o seu país. O 
traba lho d e equ ipe , q u a lq u e r que seja o figurino ad o tad o , é q u a ­
se inevitável no p resen te (e no fu turo , p o r certo), d a advocacia. 
D aí o su rg im en to d a s sociedades d e advogados. S ociedade de 
novos conto rnos, p o r certo, a té p o rq u e não vo ltad as p recipua- 
m en te à es tru tu ração d as prestações de serviços a terceiros, m as 
sim à discip lina d a s relações recíprocas en tre os ad v o g ad o s sóci­
os, q u an to a seus liam es adm in is tra tivos e a regu lação da s ap ro ­
p riaçõ es d o s re su lta d o s p a tr im o n ia is au fe r id o s . N o en tan to , 
em bora novas, sociedades exclusivam ente d e advog ad o s , neces­
sariam en te in form adas, pois, de todas as p ecu lia rid ad es e no ­
b rezas ad s tr itas ao desem p en h o daadvocacia. E é essa circuns­
tância n o d a l q u e vai estar a em basar o núcleo d es te trabalho, 
consoante m ais ad ian te se explicitará.
M as n ão se constró i u m arcabouço cultura l, fechando os olhos 
ao passado . Assim , com o prim eiro passo , im p en d e considerar 
com o o leg islador d e 1963, d ire tam en te in fluenciado pelos tra ­
balhos d o C onselho Federal d a OAB, voltou seus o lhos a esse 
cam po até en tão v irgem en tre nós. E com o chegou à discip lina 
do assu n to alvo d este trabalho.
3. O Estatuto de 1963 (Lei 4.215)
Em 1956, o C onselho Federal da O rd em do s A d v o g ad o s do 
Brasil rem eteu , ao C ongresso N acional, o A ntepro je to q u e viria.
110 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume «
p o r fim, em 27 d e abril de 1963, a ser o E statu to legal (em senso 
estrito) da profissão advocatícia: a Lei 4.215. Ao fazê-lo, a OAB 
inseria, d en tre as g ran d es nov idades da iniciativa, a sociedade 
d e advogados. E dizia-se a tan to in sp irad o não só em m atrizes 
n o rm ativas q u e nesse sen tido apo n tav am (v.g., artigo 1.371 do 
en tão v igen te C ódigo Civil, artigos 1° e 4° da Lei de Im posto de 
R enda da época — Lei n“ 154, de 25.11.47), com o a in d a na cres­
cente d ifu são do m odelo , na E uropa (particu larm ente . França e 
Inglaterra) e nos Estados Unidos. M as não fa lta ram vozes d iv er­
gentes, as q uais en fatizavam , com o fulcro das objeções, a rg u ­
m en tos que iam d o risco da m ercantilização d a profissão, a té o 
inevitável esgarçam ento d o sigilo e da confiança pessoal, m a tr i ­
ciais na relação advogado-cliente . C on q u an to a resistência v ies­
se a ser afinal vencida, no curso do tem po, v e rd ad e é que, m es­
m o na Lei 4.215, m esm o após o início de sua vigência, a socieda­
d e d e ad v o g ad o s perm aneceu sendo, d u ran te m u ito tem po , fon­
te d e es tranheza e, a té m esm o p a ra alguns, d e desconforto .
N o ân gu lo d o re lacionam ento en tre o n o v o m odelo d e a tu a ­
ção e os im pera tivos éticos d a profissão, a es tranheza e o d e s ­
conforto m enc ionados aparecem com nitidez: efetivam ente, con­
q u an to sem pre se tivesse p o r pacífico que os "m em bros d a soci­
ed ad e estão sujeitos a todas as regras éticas, e p o r elas re sp o n ­
d e m em casos de transgressão, ind iv idua lm en te" ("Ética Profis­
sional e Estatu to do A dvogado", Ruy Sodré, LTr, pág . 479), a 
sujeição ética da sociedade m esm a só foi tim idam en te tangenci- 
ada q u an d o , n o p a rág ra fo 5" do artigo 77, se assen tou que
“Aplicam-sc à sociedade de advogados as regras da ética 
profissional que disciplinam a propaganda e publicidade".
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 1 1 1
E tão-só! M as, m esm o nessa ap e rtad a sujeição, a p erp lex id a ­
d e grassou. D em onstra-o sobejam ente o silêncio, sobre a in teli­
gência q u e o preceito deveria m erecer, dos m ais au to rizad o s co­
m en tad o res d o Estatu to , serv indo aqui d e exem plos em blem áti­
cos os no m es de R uy de A zevedo Sodré (na obra clássica, mais 
acim a, citada) e d a d u p la H addock L obo /F ranc isco Costa N eto 
("C om entários ao Estatu to da OAB", Rio, 1978).
4. O Estatuto de 1994 e sua preocupação com 
a responsabilidade disciplinar das sociedades 
de advogados
Já bem d iversa era a vivência da advocacia em sociedade, 
q u a n d o da elaboração da Lei 8.906. P resen tem ente a advocacia 
de g ra n d e e m éd io p o rte (seja no que d iz respeito aos valores 
econôm icos d o s interesses patroc inados, seja no ân gu lo do n ú ­
m ero d e clientes que com põem a carteira d o escritório) é p re d o ­
m in an tem en te a tu ad a p o r sociedades d e advogados. E, p o r isso, 
a subm issão da sociedade ao Código de Ética e D isciplina é in te ­
g ra l (a r t ig o 15, § 2", d a Lei 8 .9 0 6 /9 4 ) , a e la se im p o n d o , 
co rresponden tem en te , responsab ilidade d isc ip linar (Lei 8.906/ 
94, artigo 17), in d ep en d en tem en te da do sócio.
C laro está q u e os preceitos legais, agora traz idos à colação, 
não são d e sim ples e au tom ática intelecção. N em p o r isso é dad o 
ao in térprete , ou ao aplicador, desistir da labu ta exegética.
4.1. O tratamento do tema, antes de 1994
N a d im ensão m ais restrita — no ponto de que estam os a tratar 
apenas — d a Lei 4.215, apesar m esm o dos pressupostos conceituais 
m a is co n tid o s en tão v igen tes, p a ra a re sp o n sab iliz ação não- 
patrim onial d as sociedades, não houve escapism o científico.
222 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
C o nfron tado com as d ificu ldades d o p arág ra fo 5°, artigo 77, 
do E statu to d e 1963, Ruy Sodré (op. cit., págs. 479/480) postou- 
se com o corajoso h erm eneu ta q u e era. E propôs:
a) os m em bros da sociedade estão sujeitos a todas as re ­
g ras éticas, e p o r elas resp o n d em em caso de transg res ­
são, ind iv idualm ente;
b) na ocorrência de infração ética, de p ar te da sociedade, 
em ato p o r ela pra ticado com o uso d a denom inação 
social — o q u e ocorreria, com o se viu, no s casos d e ex­
cesso o u im p ro p ried ad e na p ro p a g an d a e / o u na p u b li­
c idade — , responderia o responsável pela sociedade, 
"com o se fosse ele, ind iv idua lm ente , o au to r da tran s ­
gressão, caso este não seja ap o n tad o " . E m bora n ão v is­
lum brem os a razão d a subsid iariedade, abraçada n o co­
m en tá r io d e Ruy Sodré, revela-se, d e sua p a r te , u m 
d e d ic a d o esforço n o en fren tam e n to d a in o v ação da 
n o rm a tiv id ad e , com as d if icu ld ad es a ela ineren tes. 
N ossa rejeição à su bsid ia riedade em q uestão assenta- 
se em n o ssa p ercepção de q u e a re sp o n sab ilização , 
es ta tu ída no dispositivo legal em referência, t inha com o 
alvo p rec ípuo a sociedade (ou, q u an d o m enos, aquele 
que p o r ela responsável), sendo então secundária a iden ­
tificação d o au to r d a transgressão (a não ser que fosse 
ele tam bém o responsável pe la sociedade).
4.2. 0 Estatuto de 1994
Do leitor d a Lei 8.906 não se p o d e esperar a tenção e d ed ica ­
ção inferiores.
Já agora, dois são os m an d am en to s no rm ativos d e sujeição 
das sociedades d e advogados aos im perativos ético-disciplinares.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e II 1 1 3
4.2.1. Seu artigo 15
O p rim eiro deles é localizado no p arág ra fo T , d o artigo 15. 
N essa passagem , o legislador, re to rn an d o à tem ática do p a rá ­
grafo 5° do artigo 77, da Lei 4.215, am pliou , en tre tan to , no tav e l­
m en te o âm bito da aplicabilidade d o C ódigo d e Ética e Discipli­
na: agora , não só às sociedades se com pele a observância das 
regras deonto lógicas alusivas à pub lic idade e à p ro p a g a n d a — 
atua lm en te , é todo o C ódigo de Ética e D isciplina q u e há d e ser 
p o r elas fielm ente observado. A cláusula ' 'n o q u e couber", com 
q u e a rrem a tad o o parágra fo 2" d o artigo 15 d o Estatu to , só po d e 
ser en ten d id a de u m a forma: apenas não se ap licam as regras 
ético-disciplinares às sociedades, q u an d o tenham aque las com o 
únicas destinatárias possíveis o advogado , in d iv id u a lm en te con­
s iderado . É o q u e se dá, p o r exem plo, q u a n d o o C ódigo de Ética 
e D isciplina d ita ao ad v o g ad o que vele “p o r sua repu tação pes ­
soal" (art. T , parágra fo único, III), ou q u an d o lhe com ina o d e ­
ver d o es tu d o e d o ap rim o ram en to (artigo 2", p a rág ra fo único, 
inciso IV); o u q u an d o o ad vogadoincorre na falta d iscip linar 
consistente na inépcia profissional (Estatuto, artigo 34, XXIV).
4.2.2. Seu artigo 17
M as a lém d o artigo 15 esta tu tário tam b ém cabe enfatizar, em 
nossa lei básica da advocacia, seu artigo 17, assim redigido:
"Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e 
ilim itadamente pelos danos causados aos clientes 
por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem 
prejuízo da responsabilidade disciplinar em que 
possa incorrer".
114 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e I I
Da conjugação d o transcrito preceito, com o q u e veicu lado 
no artigo 15, p a rág ra fo 2‘\ deixando agora de lado a figura do 
sócio in d iv id u a lm e n te considerado , decan ta-se d a n o rm a em 
análise q u e as sociedades de advogados, além de resp o n d erem 
p a trim o n ia lm en te pelos dan o s que causem aos clientes, p o r es­
ses fatos danosos re sp o n d em a inda d iscip linarm ente . M as com o 
se configura u m a responsabilização societária, e, adem ais , com o 
funciona en tão o m ecanism o sancionatório?
5. Os pressupostos da responsabilização disciplinar 
das sociedades de advogados
A p edra-de-toque , conducen te à resposta a essas indagações, 
repousa , n o rm a tiv am e n te . nos artigos 15 e 17 esta tu tários, aci­
m a referidos. E, factualm ente, na prática d e atos d as sociedades 
de advogados, infringentes ao o rd en am en to jurídico.
O R egu lam ento G eral d o Estatu to d a A dvocacia e da OAB 
faculta, no artigo 42, às sociedades de advogados a prática d e atos 
próprios, com o tais devendo ser en tendidos aqueles desem p en h a ­
d o s com o uso d a razão social, in d isp en sáv e is às fina lidades 
societárias e que não sejam legalm ente reservados com exclusivi­
d a d e aos advogados ind iv idualm ente tom ados em consideração.
Tais atos N Ã O se lim itam a prá ticas de cu n h o un icam ente 
adm in is tra tivo , "com o a contratação de em p reg ad o s , a locação 
de im óveis , a aquisição d e bens e utensílios, a m an u ten ção de 
serviços d e inform ática, de eq u ipam en tos d e ar-cond icionado 
e tc ." (S erg io N o v a is D ias, in " S o c ie d a d e d e A d v o g a d o s " , 
M alheiros Ed., 2002, pág. 96). A lém desses com etim entos, que 
não são, aliás, exclusivos das sociedades d e advogados, m uitos 
o u tros há, concernentes a essas sociedades, q u e não se encartam 
n as a tiv idades p rivativas do ad vogado — ind iv íd u o , m as são
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 3 5
alvo de nosso Estatuto e d izem respeito ao exercício da advoca ­
cia. É o q u e se dá, p o r exem plo, com a pub lic id ad e im oderada 
ou enganosa d a sociedade, a captação de clientela m ed ian te d is ­
tribuição de "folders” e utilização d e "m alas d ire ta s" e corres­
pondên c ias eletrônicas, o seu patrocín io de e m p reen d im en to de 
cu n h o d u v id o so ou a ten ta tório aos princíp ios d o artigo 2" do 
C ódigo de Ética e Disciplina {v.g., apo iar a sociedade u m sem i­
nário juríd ico q u e se p ro p o n h a à susten tação de alternativas que 
im portem em redução ou exclusão da im p era tiv id ad e d o p a tro ­
cínio advocatício), a violação coletiva (i.é, com o uso da razão 
social) ao sigilo profissional etc.
Em todas as situações, aqui aven tadas, o que se tem é a p rá ti ­
ca, pela sociedade d e advogados, com a utilização d e seu nom e, 
de atos ofensivos ao p ad rão ético-disciplinar da advocacia. N ão 
é possível, destarte , afastar aprioristicam ente a possib ilidade , em 
tese, de as sociedades de ad v ogados com ete rem ilícitos ético- 
discip linares. E é bom que assim se en tenda , sob p en a de, cedo 
ou ta rde , a tra irm os p a ra o cam po da advocacia, pelos eventuais 
lesados, a aplicação d o Código de Defesa d o C o n su m id o r e da 
a tuação do s PRO CO N s e CO D ECO N s, o que, defin itivam ente , o 
artigo 44 do Estatu to alm ejou im possibilitar. Im porta registrar, 
p o r lea ldade, que nossa posição conflita com a d e a lg u n s em i­
nen tes h erm eneu tas , q u e susten tam a inv iab ilidade juríd ica de 
responsabilização d iscip linar d as sociedades d e ad v o g ad o s (por 
exem plo: A lfredo de Assis G onçalves N eto, "Sociedade d e A d ­
vogados" , 2. ed. Juarez de Oliveira, págs. 50/55; Paulo Luiz N etto 
Lôbo, "C om entários ao Estatu to d a A dvocacia", 2. ed. Brasília 
Jurídica, pág. 96; Gisela G ond in Ramos, "E sta tu to d a A dvoca ­
cia", O A B /S C Ed., pág. 224). Posição q u e rejeitam os, pelos fu n ­
d am en to s an tes esposados.
116 S O C I E D A D E O E A D V O G A D O S V o l u m e I I
6. Conclusões
Enfim, d a nossa leitura d o artigo 17 esta tu tário , ex tra ím os o 
corolário d e que, pelos atos típicos da sociedade, com o uso de 
sua razão , contrários às reg ras ético-disciplinares, re sp o n d e a 
sociedade m esm a (por conseqüência, as responsab ilidades su b ­
sid iária / so lidária do s sócios, p rev istas no artigo 17 d o Estatu to 
e 2^ inciso X, d o P rov im ento n° 92/2000, são patrim oniais , civis 
exclusivam ente).
D o u tra parte , com o sujeitas que estão as sociedades, p o r ex­
pressa d isposição legal já referida, aos preceitos ético-discipli- 
nares da advocacia , tem -se que, com o co n trapartida , a lcançadas 
pelos p er tinen tes com andos sancionatórios do s artigos 34 e se ­
gu in tes do Estatu to , ev iden tem en te n o q u e com patíve l com a 
n a tu re za d e en te ideal. N esse ângu lo , facilm ente se p o d e d e tec ­
tar, nos a rticu lados 34 e subseqüentes, vários que cabem nas a ti­
v id ad es da pessoa jurídica; s irvam de exem plo os incisos IV, VII, 
XIII, XVI, XXI e XXIII, do artigo 34 estatu tário . E, p o r consegu in ­
te, expõem -se elas às facu ldades d e censura , su sp en são d a s ati­
v idades, cassação de registro (no caso d e ser p u n id a , p o r três 
vezes, com su sp en são — art. 3 8 ,1) e m ulta .
O esforço m aior, deste ensaio, radica-se pois na susten tação 
d e q u e o velho, m as inafastável, b rocardo seg u n d o o q u a l não há 
crim es o u pen a , sem lei que p rev iam ente o estabeleça, em n ad a 
se conflita com a tese, aqu i esposada, d e responsab ilização e 
apenação discip linares d as sociedades de advogados. T anto m ais 
conven ien te a n ó s se afigura o em p en h o d o u trin á rio ora in ten ta ­
do, q u an d o se tem em vista o cenário pato lógico cada vez m ais 
d ifu n d id o en tre nós: escritórios alienígenas su focando a ad v o ­
cacia brasile ira, sem atenção às norm as qu e disc ip linam su a p re ­
sença n o país; g ran d es escritórios, inclusive brasile iros, iançan-
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e ( I 117
do-se à com petição p red ató ria e à conquista agressiva d a clien­
tela, m ed ian te oferecim ento d e serviços em a tro p e lo a p ro ced en ­
tes relações profissionais estabelecidas (m uitas vezes, p ro p o n d o 
honorá rio s irrisórios — até m esm o zero — p o r a lg u n s meses, 
p a ra a tra ir o interessado); a exploração ex trem a d o jovem a d v o ­
gad o e d o estagiário , sem p aga condigna e sem lim ites de jo rna ­
d a s ; a s u b m issã o d o s in te re sse s n ac io n a is ao s d a s g ra n d e s 
corporações in ternacionais, inclusive com a prá tica d esab rid a de 
lobby. Enfim , toda u m a m acro -delinqüênc ia ético -d isc ip linar, 
tipificada m uito m ais n a a tuação d as sociedades advocatícias, 
que n a d o s ad v o g ad o s com o indivíduos.
Sabem os d o desafio conceituai e do incôm odo d a n o v id ad e 
q u e este traba lhop o d e vir a suscitar. M as ad vogar, criar e sus ­
ten tar conceitos jam ais foram opções com odistas.
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I 119
CAPÍTULO X
SOCIEDADE DE PROFISSIONAIS 
LIBERAIS E SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Alfredo de A ssis Gonçalves Neto
1. Introdução
U m a q uestão in teressante, q u e tem p re o cu p ad o os países in ­
tegran tes da U nião Européia, d iz respeito às p ro fissõ es in te lec tu ­
a is p ro teg id a s (aqui conhecidas com o regu lam en tad as) , isto é, 
àque las cujo exercício é su b o rd in ad o à aprovação em u m exam e 
de habilitação, com obriga to riedade d e reg istro p o s te rio r n o res­
pectivo ó rgão d e classe, reg u lam en tad o r d a ativ idade . Discute- 
se a respeito d e um a flexibilidade m aior n o q u e toca ao seu exer­
cício sob form a societária e sobre o seu fu tu ro n u m a d im ensão 
transnacional. O assun to passou a assum ir m aio r re levo com o 
fenôm eno da globalização, que acentuou a tendência, ao que tu d o 
indica irreversível, d a necessidade, cada vez m ais freqüen te , do 
exercício, não só em colaboração, m as em co m u m o u em co-par- 
ticipação de pessoas no desenvolv im ento dessa espécie de ativ i­
d a d e profissional.
Para ap im entá-lo , re la tivam ente a um a dessas profissões, o 
P arlam ento E u ro p eu e o C onselho d a U nião E uropéia ap ro v a ­
ram , em 16 de fevereiro de 1998, a D iretiva 9 8 /5 /C E , " tenden te 
a facilitar o exercício p e rm an en te da profissão de ad v o g a d o n u m 
E stado-m em bro d iferen te daq u e le em qu e foi ad q u ir id a a quali­
120 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S volume II
ficação profissional" . Essa D ire tiva q u ebra u m a série d e e n tra ­
ves e preconceitos existentes nas d iversas legislações d o s Esta- 
d o s-m em b ro s e finaliza sancionando a facu ldade d e exercício 
em com um , inclusive sob form a associativa, da p rofissão d e ad ­
vogado , p o r se ter to rn ad o um a realidade, e a lib e rd ad e de es ta ­
belecim ento do s ad v o g ad o s cidadãos d e seus E stados-m em bros 
p ara , com as condicionantes que estabelece, perm itir-lhes a tu a r 
p ro fissionalm ente em qualq u e r deles. Exceção feita à Ing la terra 
e d em ais países segu idores d o sistem a da common law, houve, aí, 
u m a g u in ad a su rp reen d en te em relação à legislação d a m aioria 
d o s E stados-m em bros in tegrantes dessa com u n id ad e , o n d e a in ­
d a grassa m uita polêmica a respeito (I) da licitude d o exercício das 
profissões intelectuais regulam entadas sob forma de associação ou 
d e sociedade e (11) da possib ilidade de conferir aos advogados 
perm issão para um a atuação transnacional, aparen tem ente incom ­
patível com a d iversidade de seus o rdenam entos jurídicos.
Esses países, n u m a visão geral, sem pre b u sca ram tra ta r de 
m o d o diferencia l o exercício em co m u m d as profissões intelec­
tua is reg u lam en tad as , criando um a série d e restrições ao seu 
exercício sob form a societária e, no q u e toca ao exercício d a a d ­
vocacia, p ra ticam en te todos lim itando-a às fron te iras d e seus 
respectivos territórios.
Sem p re te n d e r ser exaustivo, acho in teressan te p e rco rre r ra ­
p id am en te a lgum as legislações do sistem a europeu-con tinen ta l, 
q u e fo rm am a base d o nosso sistem a jurídico, com o in tu ito de 
p ro v o car o d eb a te d o assun to no Brasil, p rin c ip a lm en te em v ir­
tu d e d as no rm as q u e aqu i v ieram a ser recen tem ente in tro d u z i­
d a s pelo C ódigo Civil d e 2002, d as d iscussões q u e têm aflo rado 
q u an to ao exercício dessas profissões em form a societária e, n o ­
m ead am en te , da advocacia n o âm bito d o M ercosul.
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I 121
2. As sociedades de profissões protegidas 
no ordenamento francês
N a França, as pessoas que exercem profissão liberal p o d em 
constitu ir so c ied ad es civis p ro f iss io n a is (sociétés civiles professi- 
onnelles), d isc ip linadas pela Lei n. 66-879, de 29 d e n o v em b ro d e 
1966, qu e estabelece os critérios e as condições gerais em que são 
adm itidas . S egundo essa lei, tais sociedades d ev em ser constitu ­
ídas, exclusivam ente, p o r pessoas físicas q u e exerçam a m esm a 
profissão liberal, subm etida a u m esta tu to ou reg u lam en to ou 
cujo títu lo seja p ro teg ido . É v ed ad a a partic ipação d e pessoas 
jurídicas e de qualquer ou tra que não possua a habilitação exigida 
p a ra a ten d im en to do objeto social. Do m esm o m odo , é preciso 
que 05 sócios d a sociedade civil profissional exerçam efetiva e 
reg u la rm en te a profissão, d e acordo com as leis e regu lam en tos 
q u e a d isc ip l in a m '.
Inicialm ente, só pod iam ser constitu ídas soc iedades civis para 
o exercício d as profissões liberais, tam bém ch am ad as profissões 
in telectuais pro teg idas. A g ra n d e n o v id ad e su rg iu com a Lei n" 
90-L258, de 31 d e dezem b ro de 1990, q u e possib ilitou o d esen ­
v o lv im en to dessas a tiv idades, tam bém , a través d e sociedades 
trad ic iona lm ente com erciais ou, m ais p recisam ente, da s sociétés 
p ro fe s s io n n e lle s co m m erc ia le s ou so c ié té s d 'exerc ise liheraP - 
p assan d o a ser perm itida , então, a constitu ição, p a ra tal fim, "de 
sociedades d e responsab ilidade lim itada, d e sociedades anôni-
' A aplicação dessa lei a cada profissão é detalhada por decretos do C o n s e il d ’E ta it. Especifica­
mente no que respeita à advocacia, as condições para seu exercício em sociedade foram fixa­
das pelo Decreto n- 92-680, de 20 de julho de 1992, complementado, posteriormente, pelo De­
creto n® 93.492, de 25 de março de 1993.
^As condições de aplicação das disposições referentes às ditas sociedades profissionais co­
merciais a cada profissão também dependem de decreto específico do Conselho de Estado. 
Sua aplicação à profissão de advogado foi regulada, posteriormente, pelo Decreto n- 93-492, de 
25 de março de 1993.
122 S O C I E D A D E O E A D V O G A D O S V o l u m e I I
m as ou, m esm o, de sociedades em com andita p o r ações, reg idas 
pela Lei de 24 d e ju lho d e 1996, sobre sociedades com erciais, sob 
as reservas qu e a m esm a lei estabeleceu"^. O fato su rp re en d e u a 
do u tr in a pela ap a ren te q u eb ra do sistem a, em v ir tu d e d e regras 
h íb ridas q u e ap rox im am essas sociedades d as sociedades com er­
ciais e, ao m esm o tem po, p reservam -lhes o reg im e civil, no tada- 
m en te no tocante à jurisdição. O btem pera , p o r isso, o respeitado 
PAUL DIDIER, Professor da U nivers idade d e Paris II, que, em ­
bora se tenha hesitação em adm itir um a n a tu reza m ercantil para 
essas sociedades, parece correto considerá-las com o u m a varia ­
ção d a em p resa m ercantil e não com o u m a en tid ad e específica^.
A p a r tir dessa lei, sem pre ju ízo da p o ssib ilidade d e opção 
pela constitu ição de sociedades civis profissionais, p rev is tas na 
lei de 1966, as nov as espécies p o d em ser criadas sob as d en o m i­
nações de "soc iedades de exercício liberal d e responsab ilidade 
lim itada (S.E.L.A.R.L.), sociedade de exercício liberal em form a 
a n ô n im a (S.E.L.A.F.A .) e so c ied a d e d e exerc íc io l ib e ra l em 
com and ita p o r ações (S.E.L.C. A .)"^ com estas p rincipa is p a r ti ­
cu laridades:
a. a sociedade não p o d e exercer a ou as profissões q u e constitu ­
am seu objeto social senão após a licençad a au to r id a d e ou 
d a s au to rid ad es com petentes ou a inscrição na lista ou listas 
d o cadastro d as respectivas o rdens profissionais;
b. q u a n d o se tra ta r d e sociedade anôn im a d eve haver, u m n ú ­
m ero m ínim o de três associados, não sendo perm itido o voto
^JAUFFRET, Alfred. D roit com mercial. 21, ed „ atualizada por Jacques MESTRE. Paris: Libraire 
Générale de Droil et de Jurisprudence, 1993, n- 506, p. 329.
'DIDIER, Paul. Droit com mercial - {'enterpriseem société. 2. ed. Paris: Presses Universitaires 
de France, 1997, p. 40.
^JAUFFRET, Alfred, op. loc. cit.
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I 1 2 3
plural para q u em não seja profissional em exercício na socie­
d ad e e, sen d o criadas ações preferenciais sem d ire ito d e voto, 
elas n ão deverão pertencer aos profissionais q u e a tu a m na 
sociedade;
c. m ais d a m e tad e do capital social e dos d ire itos d e voto deve 
ser de tido , d iretam ente, ou po r in term édio d e sociedade cons­
titu ída pelos assalariados profissionais em exercício na socie­
dade;
d. cada associado re sp o n d e com a to ta lidade de seu p a trim ôn io 
pelos atos profissionais q u e praticar, sen d o a sociedade com 
ele so lidariam en te responsável;
e. na sociedade d e exercício liberal em com and ita p o r ações os 
sócios com an d itad o s (adm inistradores) n ão p o d e m p o ssu ir a 
q u a lid ad e de com erciantes, resp o n d en d o , po rém , ilim itada e 
so lidariam ente pelas d ív idas sociais;
f. os geren tes, adm in is tradores em geral, p res id en tes d e órgãos
de adm in is tração e, pelo m enos, dois terços d o s m em bros de 
conselho de adm in is tração ou d o conselho fiscal d ev em ser 
sócios exercendo sua profissão na sociedade;
g. a ju risd ição p a ra questões em que um a d as p a r te s seja um a 
dessas sociedades é civil e não com ercial, p o d e n d o os sócios, 
m ed ian te convenção, subm eter suas d ivergências a árb itros 
p o r eles escolhidos.
Sem as vestes d e u m a sociedade p ro p r iam en te d ita o u - na 
linguagem d o C ódigo Civil brasile iro - com o sociedade n ão p e r ­
sonificada^, o art. 22 d a m esm a Lei n" 90-1.258 p rev ê a possib ili­
d a d e d e ser igualm en te ajustada, en tre pessoas físicas q u e exer-
® Sobre o assunto, ver minhas Lições de D ireito Societário, 2. ed. São Paulo: Juarez de Olivei­
ra. 2004, n®71,pp, 177-184.
124 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S Volume II
çam profissão liberal su b m etid a a u m esta tu to legislativo o u re­
g u lam en ta r em q u e o título seja pro teg ido , u m a sociedade em 
conta de participação, d esp rov ida d e p erso n a lid ad e juríd ica, na 
qual os sócios são considerados solidária e ilim itadam en te res­
ponsáveis pe ran te terceiros pelas obrigações assu m id as p o r q ual­
qu er deles na q u a lid ad e de sócios.
N o que se relaciona com a atuação de advogados em grupo 
h av ia p rev isão expressa n a respectiva lei d e regência (art. 8° da 
Lei r f 71-1.130, d e 31 d e dezem bro de 1971)^, ad m itin d o o exer­
cício d a advocacia em conjunto seg u n d o estas variantes: em es ­
critório com um , a través d e um a associação o u d e u m a socieda­
de civil profissional, ou, a inda, p o r contratos de participação 
en tre ad v o g ad o s o u g ru p o de advogados. S egundo o reg im e ju ­
rídico p rev is to nessa lei, m esm o sem associar-se, os ad v ogados 
p o d e m ter suas salas d e trabalho em u m m esm o escritório. Tal 
s ituação é regu lam en tad a , de sorte q u e esse escritório coletivo 
tem d e o b ter au to rização p ara funcionar ju n to ao C onselho da 
O rd e m d o s A dvogados, sem que o com partilh am en to d e e sp a ­
ços caracterize um verdad e iro exercício da profissão em g rupo , 
p o r p erm anecer individual.
Por o u tro lado, era e continua sen d o p e rm itid o aos a d v o g a ­
dos q u e se u tilizem d a sociedade de m eios p ara o exercício de 
sua p rofissão (art. 36 da Lei n" 879, de 29 d e no v em b ro de 1966), 
ou seja, q u e celebrem u m contra to societário p a ra ter seus escri­
tórios ag ru p ad o s com o fim de utilização, em com um , d o s ele­
m en tos e e s tru tu ra s ú te is o u necessárias ao exercício d a advoca ­
cia, sem q u e a sociedade p o r eles assim constitu ída possa , ela 
m esm a, exercê-la. E, p o r não exercer u m a d e te rm in a d a pro fis ­
são, a sociedade d e m eios pode , perfeitam ente , ser in teg rad a p o r
' Regulamentada pelo Decreto n- 72-486, de 9 de junho de 1972.
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I 125
sócios d e profissões diferentes, já que cada q ual age iso ladam ente 
no atendim ento de sua própria e particular clientela, não lhes sen­
do vedado, nem m esm o, possuir clientes com interesses opostos.
A m atéria relativa à sociedade d e ad v o g ad o s veio regu lada, 
posterio rm ente , pelos Decretos n “ 92-680, d e 20 d e ju lho d e 1992, 
e n^ ’ 93-492, d e 25 de m arço de 1993, estabelecendo-se neste a 
p o ssib ilidade de sua constituição sob form a de so c ied ad e de re s ­
p o n sa b i l id a d e lim itad a , an ô n im a ou co m an d ita p o r ações, com 
as p articu la rid ad es acim a ind icadas e sob as reservas contidas 
neste ú ltim o Decreto. Essa sociedade p o d e ser constitu ída en tre 
ad v o g ad o s inscritos ou estagiários, pertencen tes à circunscrição 
d a m esm a C orte de A pelação na qual tiver sua sed e e naque las 
em q u e for inscrito um ou m ais do s sócios q u e exercerem a p ro ­
fissão no seio da sociedade, cabendo ao C onselho d a O rd e m dos 
A dvo g ad o s ap ro v a r o ato de sua criação e arqu ivá-lo (recebê-lo 
em depósito). A transferência de quo tas, ações ou p a r te s sociais 
é p e rm itid a com a condição suspensiva da aprovação d e sua ins­
crição; as no rm as relativas ao exercício profissional são aplicá­
veis à sociedade, aos sócios e even tuais associados etc. De todo 
m odo , a sociedade só ad q u ire p e rso n a lid ad e ju ríd ica com sua 
m atrícu la no Registro d o Com ércio e d e Sociedades.
A ssim , os ad v o g ad o s franceses hoje tan to p o d e m o p ta r pelo 
m odelo d a s sociedades d e meios, com o, igualm ente , lançar m ão 
das so c ied ad es civ is p ro f iss io n a is (inclusive n a s m o d a lid ad es 
lim itada , an ô n im a o u em com andita p o r ações, acim a referidas), 
v isan d o à p restação d e serviços coletivos, n isso perm itindo-se 
u m ajuste q u e se afasta da a tiv idade profissional clássica. N essa 
ú ltim a espécie de sociedade, com o dizem HAM ELIN e DAMIEN, 
o cliente não possu i v ínculo com u m ad v o g ad o , com atuação 
in d iv id u a l o u em conjunto com u m o u m ais colegas, eis q u e con­
3 2 6 S O C t E D A O E D E A D V O G A D O S V o l u m e 1 1
tra ta com a sociedade, tendo-a na q u a lid ad e de seu advogado . 
O s ad v o g ad o s in tegran tes dessa sociedade ficam em seg u n d o 
p lano , com sua in d iv id u a lid ad e su p e rad a pela d a sociedade. O 
objeto d e tal sociedade é o exercício em co m um da advocacia, 
consistindo seu negócio em propiciar o trabalho coletivo, em troca 
do pessoal, e d iv id ir os resu ltados desse traba lho en tre os p ro ­
fissionais p o r ela reun idos* .
N o q u e se refere à m atéria relativa à a tuação d e ad v o g ad o s 
estrangeiros, d ip lo m ad o s e inscritos em o u tros E stados-m em - 
b ros d a U nião Européia, as norm as da D iretiva n"" 9 8 /5 /C Ees­
tão genericam ente con tem pladas nos artigos 200 a 204 d o D ecre­
to 191-1.197, de 27 de novem bro de 1991, e posterio res a lte ra ­
ções, sendo-lhes p e rm itid o exercer liv rem ente a p ro fissão em 
territó rio francês, seg u n d o as condicionantes ali p rev istas. H á a 
identificação d a titulação que cada q ual deve p o ssu ir em seus 
p a íses d e o rigem , exigência d e inscrição, subm issão às n o rm as a 
que estão sujeitos os ad v ogados franceses etc.
3, A legislação alemã
A a tiv id ad e sob form a de sociedade d e p rofissionais liberais 
é d isc ip linada, n a A lem anha, pela Lei d e S ociedades d e 1"^ de 
ju lho de 1995, que, para tanto , cria um a nova form a d e socieda­
d e (um a espécie de sociedade sim ples), a lternativa àque las tra ­
dicionais, a P a r tn e r sc h a f t ou, no vernáculo , a Sociedade d e P ar­
ceria (um a sociedade d e pessoas, à sem elhança da parhiership do 
d ire ito inglês).
N esse tip o societário, tam bém só p o d em se associar pessoas 
físicas q u e exerçam profissão liberal, v ed ad a a partic ipação de
^Sobre o assunto, MAMELIN, Jacques, e DAMIEN. André. Les regies de Ia nouvelle profession 
d ’advocat. 4. ed. Paris: Daloz, 1981, pp. 46-66.
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o W m e I I 127
pessoas jurídicas, m esm o congêneres, e d e q u em m ais n ão tiver 
a necessária habilitação.
O exercício da a tiv idade profissional está cond ic ionado aos 
regu lam en tos específicos de cada profissão. A responsab ilidade 
dos sócios pelas d ív idas sociais é ilim itada, o q u e a caracteriza 
com o sociedade de pessoas, d esp ida de p e rso n a lid ad e jurídica. 
É possível, po rém , lim itar-se a resp o n sab ilid ad e d o sócio p o r 
d an o s deco rren tes de erro profissional.
E m relação à soc iedade d e advog ad o s , especificam ente, já 
in sp irada na D ire tiva d o Parlam ento E uro p eu n"" 9 8 /5 /C E , foi 
ed itada , em 31 de agosto d e 1998, lei q u e altera as no rm as refe­
ren tes à profissão de advogado , criando a poss ib ilid ad e d o exer­
cício da advocacia na form a d e um a sociedade de responsabili­
dade limitada. Trata-se d a prim eira sociedade de capita l reco­
nhec ida na A lem anha para o exercício de p rofissão liberal.
N o en tan to , em consideração às especificidades da profissão 
de ad v o g ad o , referida lei buscou a ten u ar os efeitos da socieda­
de de capital. S egundo suas disposições, a m aioria d a s quotas 
sociais e, conseqüen tem ente , dos votos d ev em perten ce r a ad v o ­
gados, aos quais tam bém incum be a adm in is tração da socieda­
de. Aos sócios, po rém , não é perm itida a partic ipação em outra 
sociedade d e profissionais. In tegrada p o r ad v o g ad o s q u e efeti­
vam en te estejam au to rizados ao exercício d a profissão, a socie­
d a d e não p o d e ter po r sócios pessoas exclusivam ente p restadoras 
de capital, a in d a que habilitadas p ara a advocacia , ev itando , com 
isso, a exploração d o exercício da profissão, q u e d ev e p e rm a n e ­
cer, m esm o em sociedade, com o cunho de p restação ind iv idua l 
e v inculativa d a s pessoas do s ad v ogados sócios o u d o s ad v o g a ­
dos p a ra tan to contratados.
128 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I
4. 0 sistema italiano
Para bem en ten d e r com o a m atéria re la tiva às sociedades de 
"profissões p ro teg id as" é hoje tra tada no d ire ito italiano, con ­
v ém re tro ced e r ao p eríodo d e edição do C ódigo Civil d e 1942. 
C om o se sabe, esse d ip lom a foi ed itad o p o r partes, a p a r tir de
1938. A ntes d a publicação d o Livro Del Lavoro (que tra ta ria do 
traba lho au tônom o, n o qual foi inserida a a tiv idade intelectual, 
ap a rtad a da noção d e em presa), m as já d u ra n te os traba lhos de 
sua elaboração, foi p ro m u lg ad a a Lei n® 1.815, d e n o v em b ro de
1939, q u e vetava o exercício d a s profissões intelectuais em for­
m a societária. Ela perm itia , p o rém , a associação p rofissional, 
identificada p o r denom inação com a dicção "escritório técnico, 
legal, com ercial, contábil, adm in is tra tivo ou trib u tá rio " , segu i­
d o d o n o m e e sobrenom e, bem com o dos títu los profissionais 
dos associados individuais.
A d o u tr in a e a ju r isp ru d ê n c ia ita lianas , p o s te r io rm e n te , in ­
t ro d u z i r a m a d is t in ção e n tre soc ied ad es de p ro f iss io n a is e 
so c ied a d es de m eios , e en tre p rofissões p roteg idas e p ro fis ­
s õ e s não protegidas. "Em p a r tic u la r , a C o rte d ^ C assação t i ­
n h a e x p re s sa m e n te in d icad o q u e a m esm a ra z ã o q u e p re s c re ­
v e u m a m o d a l id a d e p a r tic u la r p a ra as assoc iações d e p ro f is ­
s ionais , v e ta q u e u m a em p re sa com erc ia l p o ssa d e se n v o lv e r 
u m a a t iv id a d e p ro f iss io n a l p ro te g id a deb a ix o d e u m a firm a 
in d iv id u a l e cujo ti tu la r n ão se id en tif iq u e co m o u m p ro f is s i ­
o n a l h a b il i ta d o (sent. n. 3441/93). N ão era ex c lu ída , p o ré m , 
s e g u n d o a S u p re m a C orte , a co n stitu ição d e so c ied a d e , n o c ir ­
c u n sc rito âm b ito d a a t iv id a d e re la tiv a à sa ú d e , p o rq u e sua 
co n s ti tu ição p o d e r ia ter p o r fim a o ferta d e u m p ro d u to o u 
se rv iço d iv e rso e m ais com p lex o re la t iv a m e n te ao trab a lh o 
d o p ro f is s io n a l in d iv id u a lm e n te co n s id e rad o , o u a g es tão do s
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I 129
m eio s in s tru m e n ta is p a ra o exercício d e u m a a t iv id a d e p ro te -
A ssim , u m a sociedade en tre pessoas de profissões reg u lam en ­
tad as era perm itida som ente q u an d o
a) o objeto social p revisse u m p ro d u to o u u m serviço d i ­
verso , e certam ente m ais com plexo, em re lação ao t ra ­
b a lh o p re s ta d o pela pessoa n a tu ra l h ab ilitad a , com o 
seria o caso de u m a sociedade d e en genharia re la tiva ­
m en te à p restação de u m engenheiro , o u a in d a o da 
a tiv id ad e de u m hospital em relação à p restação d e u m 
m édico; e
b) n o caso de a sociedade ter p o r objeto a realização da 
gestão d o s m eios in strum en ta is p a ra o exercício d e um a 
a tiv id ad e profissional p ro teg ida , q u e fosse, n o en tan to , 
d is tin ta d a organização dos bens d e q u e se utilizasse.
De todo m odo, a referida Lei n^ * 1.815 não excluiu a possibili­
d a d e d e exercício em form a associativa (não societária), quan d o 
tal associação fosse constituída entre pessoas habilitadas o u au to ­
rizadas ao exercício d e u m a m esm a e única ativ idade intelectual.
Era freqüen te , na Itália, a estipulação de con tra tos pelos quais 
u m a d e te rm in ad a sociedade de m eios e serviços obrigava-se a 
fornecer ao profissional todos os bens in s tru m en ta is e serviços 
d o s q uais ele necessitava e este, de sua vez, a co n trib u ir com 
a lg u m recu rso em d inheiro ou em bens in natiira p a ra a socieda­
de: desse m o d o n ão ficava co m prom etido o ca rá te r fiduciário 
típico da p restação d o profissional, q u e perm anec ia o ún ico su ­
jeito a m an te r relação com sua p ró p r ia clientela.
^DISEGNI, Giuíio. Socifità tra profession istí: qua le fu tu ro? ConsígIíoNazionale dei Ragíonierí 
Commercialisti - Summa 183, /2002/novembre/p. 46-50.
130 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I ITratava-se, com o indicado , de sociedade d e m eios o u servi­
ços, caracterizada pela ausência de u m a a tiv id ad e profissional 
conjunta o u co m u m peran te a clientela, sem q u e se fizesse p re ­
sente, aí, o p ressu p o sto da colaboração en tre os sócios no d esen ­
vo lv im ento d a a tiv id ad e social. O caráter pessoal d a p restação 
in telectual acen tuava a n a tu reza in tu itu personae da sociedade - 
o suficiente n eg a r a adm issib ilidade d e sociedades de capital 
en tre q u an to s que exercessem profissões in telec tuais p ro teg idas , 
po is é sab ido q u e a discip lina d a s sociedades de capita l con tras ­
ta abertam en te com o p rincíp io in sp irad o r d a Lei n" 1.815, de
1939, pela necessária qualificação profissional do s sócios e pelo 
p rincíp io d a transparência .
Essa p ro ib ição v igeu até a Lei Bersani (n" 266, d e 7 d e agosto 
d e 1977), q u e revogou o art. 2° da até en tão v igen te Lei n® 1.815, 
d e 1939. M as o p ro b lem a d as sociedades d e p ro fiss iona is libe­
ra is n ão ficou reso lv id o p lenam en te , p o rq u e o reg u lam en to , ao 
qual a lei se re p o r to u p a ra regu lá-las, n u n ca foi ed itad o . P o ­
rém , essa Lei, na op in ião de DISEGNI, " teve o co n d ão de e lim i­
n a r u m vício d e in co n stitu c io n a lid ad e ínsito n a Lei d e 1939, 
q u a n d o m en o s sob o aspecto da d isp a r id a d e d e tra tam en to , re ­
la tiv am en te às figu ras profissionais d is tin ta s (basta p en sa r no 
caso d a soc ied ad e de engenharia , consen tida pe la Lei M erloni, 
ter. n. 109/94)""’.
A Lei Bersani, con tudo , possib ilitou su s ten ta r-se q u e u m a 
sociedade en tre profissionais intelectuais seria u m a espécie de 
sociedade de p restação de serviços, com capacidade d e exercer 
em n o m e p ró p r io a profissão. A pesar disso, n a prá tica, os res­
pectivos contra tos sociais m an tiveram com o n o rm a a pessoali- 
d a d e na execução d a p restação profissional pela pessoa na tu ra l
'«DISEGNI, Giuiio, cit.. p. 47.
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e l i 131
lega lm ente habilitada , sua independência e sua re sponsab ilida ­
de in d iv id u a l pelo que fizesse" .
C om o ad v en to da Diretiva 9 8 /5 /C E , a Itália incum biu-se de 
se ad e q u a r às suas norm as, recepcionadas pelo D ecreto Legisla­
tivo n*' 96, de 2 de fevereiro de 2001, v isando , essencialm ente, 
facilitar o exercício d a advocacia em u m E stado-m em bro d is tin ­
to d aq u e le n o qual o ad v o g ad o ad q u ir iu sua habilitação pro fis ­
sional. O in teressan te é que, em bora lim itado a reg u la r a profis­
são d o s advog ad o s , foi nessa o p o rtu n id ad e q u e o leg is lador in ­
tro d u z iu no o rd en am en to juríd ico italiano a figura da sociedade 
de advog ad o s , fazendo cair, assim , as lim itações ao exercício em 
form a societária, d as profissões in telectuais p ro teg id a s ou re g u ­
lam entadas.
S egundo a p rev isão contida no artigo 16 do D ecreto Legisla­
tivo n° 96 de 2001, a a tiv idade profissional de rep resen tação , as­
sistência e defesa em ju ízo p o d e ser exercida em form a com um 
"seg u n d o o tipo da sociedade en tre profissionais, d en o m in ad a 
de sociedade d e advogados".
A sociedade d ev e inscrever-se na Seção d a O rd e m do s A d v o ­
g ados d e su a sede, a ela aplicando-se n a tu ra lm en te as norm as 
legislativas, p rofissionais e deonto lógicas que d isc ip linam a p ro ­
fissão forense. A constitu ição da sociedade d e ad v o g ad o s deve 
ser rea lizada p o r escritu ra pública ou p riv ad a au ten ticad a e tem 
p o r objeto exclusivo "o exercício com um d a p rofissão do s p ró ­
p rios sócios". O ato constitu tivo da sociedade d ev e ind icar os 
sócios, a sede e o objeto social; se não forem ind icados os sócios 
q u e têm a adm in is tração da sociedade, esta p ertence a qua lq u e r 
deles d isjun tivam en te , e não p o d e ser confiada a terceiros, com
" Cf. recomendação do Conselho Nacional dos Notários a seus membros na elaboração dos 
instrumentos de constituição das sociedades de profissões regulamentadas (DISEGNI, Giulio, 
c it ,p . 48).
1 3 2 S O C I E D A D E O E A D V O G A D O S V o l u m e I I
isso exclu indo-se a partic ipação social d e p essoas es tran h as à 
profissão. Só po d em ser sócios os portadores d o título d e advoga­
do, seja d o direito italiano, seja do direito estrangeiro estabelecido 
na Itália - o que significa que não são adm itidas sociedades inter- 
disciplinares ou cujos integrantes pertençam a outras profissões.
Q u an to à razão social, a lei d e 2001 ad ap ta à soc iedade de 
ad v o g ad o s a prev isão v igente em m atéria d e sociedade em nom e 
coletivo, com expressa exigência de que tenha u m a razão social 
constitu ída pelo n o m e e pelo títu lo profissional d e todos os sóci­
os o u d e u m o u m ais sócios, seguidos d a locução "e ou tro s" (ed 
altri) e da ind icação de se tra ta r de sociedade de profissionais, 
em form a abrev iada "s.t.p ." (sodetà tra profissionisti).
T am bém há n o rm a especial d isp o n d o q u e as q u o tas de p a r ti ­
cipação p o d e m ser objeto de transm issão p o r ato en tre v ivos com 
o consen tim en to de todos os sócios; em caso de m orte a quo ta 
d o sócio falecido deve ser liqu idada p a ra seus herdeiros , se es­
tes, p reen ch en d o os requisitos d e sócio, n ão p re te n d am p ro sse ­
g u ir na relação societária. N ão há o u tras prev isões especiais, re ­
p o rtan d o -se a lei, qu an to ao m ais, às d isposições re la tivas à soci­
ed a d e em n o m e coletivo p a ra aplicação subsid iária - o q u e traz 
à tona a q ues tão d e saber se um a sociedade d e ad v o g ad o s p o d e 
ser co n sid erad a em presária o u se fica m an tid a d is tan te dessa 
qualificação. Suas particu laridades, contudo , en fa tizando "a pes- 
soa lidade d a prestação , a sub je tiv idade perso n a lizad a q u e ca­
racteriza o desenvo lv im ento e a função d o profissional, n o caso 
específico d o advogado , não liberado da garan tia de in d ep e n ­
dência, faz p en sa r que não é a objetiv idade da em presa , societária 
o u associada q u e seja, a se erigir no fu tu ro o leit m o tiv d o m in an te 
d a a tiv id ad e e da figura do profissional"^^.
'^DISEGNI.GiuIiO, c it.,p . 49,
S O C f f i O A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I 133
A lém disso, re ferido Decreto Legislativo in tro d u z iu no o rd e ­
n am en to ita liano a possib ilidade de exercício p e rm an en te , no 
territó rio d a Itália, d a profissão d e ad v o g ad o p o r p a r te d e cida­
d ão s d e u m E stado-m em bro da U nião E uropéia , d e posse do 
seu respectivo título, tan to em caráter in d iv id u a l com o em for­
m a associada ou societária.
5. Em Portugal
Em P o rtu g a l não h á lei que discip line as sociedades de p ro ­
fissionais liberais, m as sim atos no rm ativos específicos p a ra cada 
profissão.
Para os ad v o g ad o s h á a sociedade civil de ad v o g ad o s , cujo 
reg im e ju ríd ico é fixado pelo Decreto-Lei n° 513-Q /79 , d e 26 de 
d ezem b ro d e 1979 {alterado pelo Decreto-Lei n*^ 237, de 30 de 
agosto d e 2001) que, em 28 artigos, con tém reg ras bas tan te d e ta ­
lhad as d isp o n d o sobre sua constituição, e s tru tu ra , func ionam en ­
to, adm in is tração , re lacionam ento en tre os sócios, atribuições, 
transm issão d e partic ipações, n atu reza d a s contribuições, d e li­
berações, d isso lução etc.
N esse tipo societário, só h á aquisição de personalidade jurídi­
ca com seu registro na O rdem dos A dvogados de Portugal, tendo 
po r escopo exclusivo o exercício em com um d a profissão de a d ­
vogado p o r seus sócios. A pesar d o cunho especial de que se re­
veste, n o tad am en te d a pessoa lidade d o exercício d a a tiv idade 
profissional, há discussões acerca da natureza em presarial, o u não, 
da sociedade de advogados ou, pelo menos, d as g randes socieda­
des de ad v ogados que lá desenvolvem suas a tiv id ad es ’^
N o tocante à a tuação d e ad v o g ad o s estrangeiros em seu ter-
A respeito do tema; ABREU, Jorge Manuel Coutinho de. Da em presaria lidade - as empre­
sas do d ire ito . Coleção Teses. Coimbra: Almedina, 1999. p. 100 e seg.
1 34 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I
ritório , o C onselho G eral da O rdem dos A dvo g ad o s de Portugal 
baixou, em 7 d e m aio d e 2002, o "R egu lam ento de Registro e 
Inscrição do s A dvo g ad o s P rovenientes de O u tro s Estados-M em - 
bros d a U nião E uropéia", que, in co rporando as d isposições le­
gais v igentes, d isp ô s sobre a liberalização e as condicionantes 
p a ra o exercício d e sua advocacia n aque le país , em consonância 
com a referida Diretiva baixada pelo P arlam en to Europeu.
6. Tratamento no Brasil
O o rdenam en to jurídico nacional não fazia q ua lque r distinção 
en tre sociedades de prestação de serviços em geral e sociedades 
constitu ídas para o exercício de ativ idades intelectuais, den tre es­
sas as de profissões regu lam entadas'^ . Todas possu íam u m único 
regim e jurídico, que era o estabelecido pelo Código Civil d e 1916, 
segu n d o as previsões genéricas de seus artigos 1.379,1.381 e 1.409, 
aplicáveis às sociedades civis em geral, gênero no qual se rep u ta ­
vam en q u ad rad as as sociedades de prestação de serviço.
A pesar disso, não só o exem plo d as legislações estrangeiras, 
m as u m en foque p rá tico apon ta d iferenças que reco m en d am a 
existência de u m tra tam en to peculiar, p o rq u e , en q u an to a lg u ­
m as sociedades de prestação de serviços p re sc in d em d e m ão- 
de-obra qualificada, o u tras têm com o p re ssu p o sto a a tuação de 
pessoas com ta len to p ró p r io ou com conhecim entos técnicos es­
pecíficos, ob tidos em cursos q u e fornecem títu los d e habilitação 
profissional.
' ‘ Hà tratamento diferenciado no campo do Direito Tributário, não permitindo nossa legislação, 
por exemplo, que as sociedades de profissões regulamentadas adotem o sistema de tributação 
conhecido como SIMPLES, mas, em contrapartida, assegurando-lhes regime especial no to­
cante ao COFINS (hoje a questão da revogação do benefício instituído pela Lei Complementar 
n. 70 pende de definição pelo Supremo Tribunal Federal) e ao Imposto sobre Serviços, que tem 
tomado como base de cálculo para sua incidência, normalmente, não o volume do faturamento 
da sociedade, mas o número de profissionais que através dela exercem sua atividade.
S O C I E D A D E DE ADVOGADOS Vohjme II 135
U m a sociedade constitu ída p ara p res ta r serviços d e lim peza, 
p o r exem plo, p o d e desenvolver sua a tiv idade sem necessidade 
d e id en tifica r cada q ual d aq u e les q u e recru ta p a ra exercê-la, 
p o d e n d o substitu í-los nas funções sem que isso afete o m o d o de 
p re s ta r o serviço ou que o fato seja re levan te p a ra o d estina tário 
d e sua a tiv id ad e , isto é, para qu em con tra ía os serviços. Para 
este, o que im porta é a qualidade do serviço que a sociedade lhe 
oferece, sendo-lhe irrelevante verificar quem é a pessoa que o pres­
ta efetivamente. O contrato é com a sociedade, sendo indiferente a 
identificação da pessoa por ela recrutada para cumpri-lo. Nesse 
exemplo, sobressai a em presa, ficando o executor efetivo da presta­
ção contratada em plano secundário ou, até m esm o, ignorado.
Já a p ro d u ção in telectual é, p o r natu reza , pessoal. N in g u ém 
procura um a sociedade de artistas para com prar-lhe u m quadro , 
p o rq u e aí o que im porta é o sócio-pintor ou o em pregado-p in to r 
(por sua inspiração e pelo trabalho que ele p ró p rio produz).
É o q u e se dá, tam bém , c o m a m aioria d a s ch a m ad as p ro fis ­
sões regu lam en tad as, objeto destas considerações: u m a socieda­
d e q u e re ú n e ad v o g ad o s não exerce a advocacia , n em a d e m éd i­
cos a m edicina. O q u e h á é o exercício in d iv id u a l d a profissão 
pelas pessoas de ten to ras d a co rresponden te habilitação, serv in ­
d o a sociedade de apoio p ara que elas a exerçam . A ssim com o o 
d o m d o artis ta q u e recebe a encom enda d e u m q u ad ro , tam bém 
o títu lo d e habilitação profissional é ind ispensável p a ra o exercí­
cio dessas d itas profissões liberais, não sendo possível nem p e r ­
m itid o q u e a elas se d ed iq u em pessoas q u e não p o ssu am a n e ­
cessária qualificação. A m esm a particu la rid ad e - de ser necessá­
ria a assunção d o serviço pela pessoa na tu ra l e n ão pela pessoa 
ju ríd ica d a sociedade - (e já aqui pelo conhecim ento técnico su ­
posto e n ão pela q u a lid ad e d o re su ltado d a obra) recom enda
136 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S Volume II
u m regim e pecu lia r para q u e não se abra a p o ssib ilidade d e o 
exercício d a profissão esconder, sob o m an to d e u m a sociedade 
constitu ída, a tuação d e terceiros erm os da habilitação específica 
qu e constitua seu escopo social.
N o cam p o d a advocacia esse p rob lem a aflorou, m ais a g u d a ­
m en te n a prá tica, com a abertu ra d e sociedades civis de ad v o g a ­
d o s que, n u m p rim eiro m om ento , pareciam ser incom patíveis 
com os p o s tu lad o s d a profissão, n o tad am en te os re la tivos à pes- 
s o a l id a d e d a a tu a ção p ro fiss iona l, o s ig ilo e a p ro ib içã o d e 
agenciam en to d e causas, m ed ian te a partic ipação nos re su lta ­
d o s sem colaboração na execução dos serviços. C o n tu d o , tra ta ­
va-se d e u m a rea lidade que n ão p o d ia ser d e sp re z a d a '^ .
Foi p o r isso q u e o an te rio r Estatu to da O rd em do s A d v o g a ­
d o s d o Brasil, con tido na Lei n® 4.215, d e 1963, ad m itiu , pe la p r i ­
m eira vez , u m a sociedade de profissionais liberais com con tor­
nos d iversos d aque les genéricos estabelecidos pelo C ódigo C i­
vil d e 1916, aplicáveis às sociedades civis de p restação d e servi­
ços. N a referida Lei ficou estabelecido, pa ra o q u e a esta exposi­
ção in teressa , que “os advogados podem reunir-se, para colaboração 
profissional recíproca, em sociedade civil de trabalho, destinado à disci­
plina do expediente e dos resultados patrimoniais auferidos na presta­
ção de serviços de advocacia” (art. 77), dev en d o ser p re s ta d as in d i­
v idualm en te , po rém , as ativ idades profissionais "quando se tra­
tar de atos privativos de advogado, ainda que revertam ao patrimônio
'^Sobre a origem das sociedades de advogados no Brasil, reporlo-me ao meu livro Sociedade 
de Advogados. {2. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, n - 1, pp. 7-8). Com todo acerto, obtempera 
Daniela V. L. de MELO BORGES que, nesse tipo societário, “muito mais importante do que o 
imóvel em que se localiza a sociedade e demais bens corpóreos lá presentes, o verdadeiro 
elemento valorativo da sociedade é a própria atividade intelectual exercida por seus sócios, 
associados ou empregados, ou seja, o bem incorpóreo trazido pelo profissional através de seu 
intelectoque, juntamente com os outros bens maiores da sociedade, os clientes, possam resul­
tar num perfeito equilíbrio, através do qual poderá ser atendida a função social da advocacia e 
da sociedade de advogados" (Empresa de trabalho inte lectual - a a tiv idade inte lectual 
exercida pe lo advogado. Revista do Advogado, Ed. AASP, n- 74, p. 31).
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I 137
social OS honorários respectivos" (§ 1”), sen d o as p rocu rações "ou ­
torgadas individualm ente aos advogados", com indicação "da socie­
dade de que façam parte" (§ 3").
O v igen te Estatu to da Advocacia, em bora sem defini-la, m a n ­
teve as lin h as m estra s d a sociedade d e ad v o g a d o s , ta l com o 
em o ld u ra d a pela no rm a anterior, to rnando-a m ais ríg ida ao ex­
clu ir a possib ilidade de partic ipação de estag iários d o s cursos 
juríd icos, d e m o d o que só ad v o g ad o s dela p o d e m fazer p a rte 
(arts. 15 a 17 d a Lei n" 8.906, d e 1994).
C om o se observa, perm itiu -se a constitu ição de u m a socieda­
de de m eios - um a sociedade de apoio para o exercício d a ad v o ­
cacia pelos sócios e dem ais ad v o g ad o s a ela v in cu lad o s - , ao 
m esm o tem p o em que se facultou, não só o ra te io d a s despesas 
(d a s c h a m a d a s p e rd a s ) , m a s ta m b é m d a s re c e i ta s (lu c ro s) 
au feridas pela a tuação ind iv idua l de cada q ual d e seus m em ­
bros. Isso não é nad a parecido com as sociedades p re s tad o ras de 
serviços gerais e já devia ter servido d e exem plo p a ra aplicação 
a o u tras sociedades de profissão in telectual regu lam en tada .
C om o ad v en to d o C ódigo Civil de 2002, o leg islador p ro c u ­
rou d is tin g u ir as sociedades de profissão in telectual d a s dem ais 
sociedades, ao estabelecer que estas ficam su b o rd in ad a s ao reg i­
m e ju ríd ico d as sociedades sim ples (art. 982, seg u n d a parte , com ­
b in ad o com seu art. 966, par. ú n i c o ) . Ao fazê-lo, po rém , n ão se 
p re o cu p o u com os deta lhes aqui destacados. De fato , em bora 
tenha eng lobado o tra tam en to d as a tiv idades d e p restação de 
serviço n o gênero d as ativ idades econôm icas sujeitas ao d ireito
'®0 professor Sylvio MARCONDES, a quem coube a feitura do Livro II da Parte Especial do 
Anteprojeto do Código Civil, assim justificava a exclusão da profissão intelectual do conceito de 
empresário: "Há, porém, pessoas que exercem profissionalmente uma atividade criadora de 
bens ou de serviços, mas não devem e não podem ser consideradas empresários - referimo- 
nos às pessoas que exercem profissão intelectual - pela simples razão de que o profissional 
intelectual pode produzir bens, como o fazem os artistas; podem produzir serviços, como o
2 38 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I
de em p resa e d e k s separado , p a ra reg ram en to d iferenciado , a 
profissão intelectual, de na tu reza científica, literária o u artística, 
n ão cu id o u de estabelecer n en h u m a regra q u e leve em conside ­
ração as p a rticu la rid ad es de seu exercício.
P en h o r do q u e acabo de afirm ar está na p o ssib ilidade d e a 
sociedade sim ples constitu ir-se segu n d o u m do s tipos d e socie­
d ad e em presária , subord inando-se , assim , ao reg im e ju ríd ico do 
tipo esco lh ido (art. 983), salvo no tocante ao registro , q u e não 
m ig ra p a ra as Jun tas Com erciais, p erm an ecen d o no Ofício de 
Registro de Pessoas Jurídicas {art. 1.150). T odavia , o local de re ­
gistro n ad a significa nem diz respeito às distinções q u e recla­
m am tra tam en to especial. Da m esm a form a, não se d ev e o lv idar 
q u e a sociedade sim ples, em bora espécie, é, acim a de tudo , a 
sociedade-base ou sociedade-tronco, cujas n o rm as são sup le ti ­
vas d a s d isposições estabelecidas p ara as dem ais sociedades - o 
q u e a desloca p a ra o centro do sistem a, com o a sociedade geral, 
sem p ar ticu la rid ad es p róp rias , de sorte a p ro p ic ia r a aplicação 
d e suas n o rm as a q u a lq u e r ou tro tipo societário q u e não conte­
n h a (este sim ) p rev isão d e tra tam en to especial'^.
fazem os chamados profissionais liberais: mas nessa atividade profissional, exercida por essas 
pessoas, falta aquele elemento de organização dos fatores da produção; porque na prestação 
desse serviço ou na criação desse bem, os fatores de produção, ou a coordenação de fatores, é 
meramente acidental: o esforço criador se implanta na própria mente do autor, que cria o bem ou 
0 serviço. Portanto, não podem - embora sejam profissionais e produzam bens ou serviços - 
ser considerados empresários. A não ser que, organizando-se em empresa, assumam a veste 
de empresários. Parece um exemplo bem claro a posição do médico, o qual, quando opera, ou 
fa i diagnóstico, ou dá a terapèuiica, es\á prestando um serviço resultante da sua alivitiade 
intelectual, e por isso não é empresário. Entretanto, se ele organiza fatores de produção, isto é, 
une capita!, trabalf^o de outros médicos, enfermeiros, ajudantes etc., e se utiliza de imóvel e 
equipamentos para a instalação de um hospital, então o hospital é empresa e o dono ou titular 
desse hospital, seja pessoa física, seja pessoa jurídica, será considerado empresário, porque 
está, realmente, organizando os fatores da produção, para produzir serviços" (Questões de 
D ire ito M ercantil. Direito Mercantil e Atividade Negociai no Projeto do Código Civil. São Paulo: 
Saraiva, 1977, p. 11).
Uma crítica mais ampla ao regime jurídico da sociedade simples pode ser encontrada nas
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I 339
De q u a lq u e r form a, as norm as das sociedades sim ples não 
a te n d em às exigências da rea lidade nacional. Pelo contrário , sua 
rig idez engessa - se perm itida a expressão - a necessária flexibi­
lidade d e q u e d ev em d ispo r esses tipos societários, no tad am en - 
te no q u e d iz respeito ao ingresso e à saída d e sócios, aos q u ó ru n s 
d e deliberação, à e s tru tu ra de funcionam ento etc. O s ad v o g a ­
dos, ta lvez p o r o assu n to estar ligado ao exercício d e sua p rofis ­
são, já perceberam as d ificu ldades qu e irão en fren tar na atuação 
em g ru p o , sob form a societária e, p o r m eio d e iniciativas jun to 
ao C onselho Federal, estão p ro c u ran d o , a trav és d a ed ição de 
p rov im en to , suav iza r as incongruências q u e os a p a n h a ra m com 
a en trad a em v igor d as no rm as codificadas. M as, n ão é o b a s tan ­
te. É preciso q u e haja u m a conscientização d o nosso legislador 
p a ra que, u rgen tem en te , b u sq u e a lte rar a legislação relativa à 
sociedade sim ples, seja ad e q u an d o suas no rm as às particu la res 
exigências desses tipos societários, seja criando u m tra tam en to 
p ró p r io q u e as regu le ad eq u ad a e eficazmente.
Por últim o , no qu e respeita à liberação do s serviços jurídicos, 
parece certa a posição da OAB no sen tido de evitá-la, d a d a s as 
particu la res exigências de conhecim ento que envo lvem seu exer­
cício em cada país. N o en tan to , é tam bém necessário q u e sejam 
levadas em consideração situações especiais, com o a q u e ocorre 
en tre os países da U nião Européia, e q u e justificam u m regra- 
m en to libera lizante para perm itir a a tuação d o ad v o g ad o , que 
ob tém seu credenciam ento em u m d e seus E stados-m em bros, 
ju n to aos dem ais. E aqui tem os o exem plo d o M ercosul, onde, 
ap esa r d e já es tarem em fase ad ian tad a as d iscussões sobre a 
liberalização dosserviços, m uito há a fazer n o q u e d iz respeito à
minhas L ições de D ire ito Societário (2. ed, São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004, nos 46-48, 
pp. 109-126).
140 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e I I
ad v o cac ia . Q u e s tõ e s com o a p o m p o sa t ra m ita ç ã o d e ca r ta s 
roga tórias p a ra diligências que, de te rm in ad as p o r u m Estado- 
m em bro , d ev am ser cum pridas em outro (apesar de, às vezes, 
haver a necessidade, apenas, de atravessar um a rua ou a pon te de 
u m rio) cham am a atenção tanto quan to a ausência de credencia­
m ento p ara a atuação de advogados d a região envolv ida p o r esse 
tra tado em cortes supranacionais, com o o Tribunal Arbitrai.
O s m o d elo s eu ro p eu s p o d em a juda r n a d iscussão desses te ­
m as, sen d o d igna d e registro a iniciativa to m ad a pelo C onselho 
d o s Colégios e O rd en s do s A dvogados d o M ercosul - COADEM , 
que, sob a P residência d o Conselheiro Federal Sergio Ferraz, em 
reu n ião realizada em M ontevidéu , dia 24 de m aio de 2004, ap ro ­
v o u o texto d e u m pro jeto qu e regu lam en ta a a tuação do s a d v o ­
gad o s nos E stados-m em bros d o M ercosul (a cham ad a a tuação 
transfronteira), pe rm itindo que, a tend idas certas condicionantes, 
u m profissional d o d ire ito de q ualque r deles p res te consultoria 
e a ss is tên c ia ju r íd ic a no s o u tro s , sem a o b r ig a to r ie d a d e de 
revalidação d o d ip lom a. A p roposta é no sen tido d e exigir, para 
tanto , p ro v a d e inscrição d o ad vogado n o ó rgão d e classe d o seu 
p a ís d e o rigem , subm eter-se às regras d o C ódigo d e Ética do 
país o n d e p re te n d e a tu a r e se ap resen tar ao Colégio ou O rd em 
dos A dvogados desse últim o p o r indicação de u m ad vogado local 
ou q u e ali já esteja a tu an d o , vedados, p o rém o pa troc ín io e a 
rep resen tação judicial'®.
A única facilidade aceita pelo Brasil até agora nessa matéria é a do advogado português, que 
goza de tratamento especial devido ao Provimento n- 37, de 22 de julho de 1969, segundo o 
qual pode inscrever-se no Brasil sem revalidação do diploma, observados os requisitos comuns 
de inscrição das legislações brasileira e portuguesa quanto aos seus nacionais. Não se trata de 
permitir que o advogado português atue no Brasil com sua inscrição portuguesa, mas de lhe 
proporcionar a obtenção da inscrição brasileira com a apresentação de prova de inscrição na 
Ordem dos Advogados de Portugal e submissão, como qualquer brasileiro, às demais exigênci­
as de inscrição, inclusive exame de ordem.
Execução Gráfica:
Editora 
TeleFaxpii3391 0 6 4 4
d e Livros iuíb
lilhera@lithera.com.br
ÉÉ Esperamos que o presente 
trabalho seja amplamente 
difundido para esclarecimentos 
das dúvidas que ainda possam 
pairar sobre a administração 
societária dos advogados. J J
Roberto Antonio Busato
Presidente do Conselho Federal da OAB
ISBN 85-87260-58-8
9"788587"260581

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