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Sociedade de advogados volume II

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SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Volume II
SERGIO FERRAZ
(Coordenador)
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Volume II
EDITORA
Roberto Antonio Busato
Presidente da OAB e Presidente Honorário da OAB EDITORA
Jeff«rson U is Kravchychyn
Presidente Executivo da OAB EDITORA
Francisco José Pereira
Editor
Rodrigo Pereira
Capa e Projeto Gráfico
Usina da imagem
Diagramação
Dado Luiz Osti
Revisão
Aiine Maciiado Costa Timm
Secretária Executiva
Conselho Editorial 
Jefferson Luis Kravchychyn (Presidente) 
Cesar Luiz PasoW 
Hermann Assis Baeta 
Pauio Bonavides 
Raimundo César Brítto Aragão 
Sergio Ferraz
F381s Ferraz, Sergio (coordenador)
Sociedade de Advogados - Volume 111 Sergio 
Ferraz (coordenador). - Brasília; OAB Editora, 
2004,
144 p.
1. Direito, l. Titulo
340
ISBN ■ 85-87260-58-8
EDITORA
SAS Quadra 05 • Lote 01 • Bloco M 
Edifício Sede do Conselho Federal da OAB 
Brasília, DF • CEP 70070-050 
Te). (61)316-9600 
www.oab.org.bf 
e-maíl; oabeditora@oab.org.br 
jefferson@kravchychyn.com.br
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO_______________________________________________________
Roberto Antonio Busato.....................................................................7
CAPÍTULO I
Antônio Corrêa Meyer e Mauro Bardawil Penteado
Notfls sobre sociedades de advogados: características, peculiaridades, 
e a influência do novo Código Civil em seu regime jurídico ................ 9
CAPÍTULO II
Waldemar Soares de Lima Júnior
Registro das sociedades de advogados..................................................27
CAPÍTULO III 
Oswaldo Naves
Responsabilidade das sociedades de advogados................................... 35
CAPÍTULO IV
Manoel Antônio de Oliveira Franco, Ricardo Miner Navarro 
e Gabriel Placha
Contratos de associação.........................................................................47
CAPÍTULO V
Clemencia Beatriz Wolthers
Sociedades de advogados: administração social.................................. 59
CAPÍTULO VI
Sergio Ferraz e Antônio Corrêa Meyer
Sociedades de advogados: administração e atos.
0 novo Código C ivil...........................................................
CAPÍTULO VII
.................69
Orlando Di Giacomo Filho
Os consultores estrangeiros.............................................. .................75
CAPÍTULO VIII
Eduardo Grebler
A denominação das sociedades de advogados.................. .................89
CAPÍTULO IX
Oswaldo Naves
As comissões de sociedades de advogados........................ ...............103
CAPÍTULO X
Sérgio Ferraz
Ética profissional e sociedades de advo<^ados.................................. 107
CAPÍTULO XI
Alfredo de Assis Gonçalves Neto
Sociedade de profissionais liberais e sociedade de advogados 119
SOCIEDADE DE ADVOGADOS VoWme II 7
APRESENTAÇAO
Roberto Antonio Busato
Presidente do Conselho Federal da O AB
astan te opo rtu n a a publicação deste segu n d o volum e 
d e "Sociedade de A dvogados", o rgan izado pelo em i­
n en te Conselheiro Sergio Ferraz, que p reside a C om is­
são de Sociedades de A dvogados d o C onselho Federal da OAB. 
N ão só p o rq u e o tem a, em si, desperta g rande interesse, mas 
p rinc ipa lm en te q u an d o se está d ian te das sociedades personifi­
cadas pelo novo Código Civil.
C om o u m tipo societário especial, as sociedades de ad voga ­
dos d ev em se reger p o r lei especial, qual seja, o Estatuto da O r­
dem , seu R egulam ento G eral e Provim entos. A esse respeito, o 
C onselho Federal d a OAB aprovou, em o u tubro de 2002, o P ro ­
v im en to n“ 98/2002, que institui o C adastro N acional das Socie­
d ad es de A dvogados, e o Provim ento n° 99/2002, que cria o C a­
d as tro N acional de C onsultores e de Sociedade de C onsultores 
em Direito Estrangeiro, m ed idas que visam o controle e a fiscali­
zação desses dois segm entos da advocacia.
O P ro v im en to n" 98, co m p lem en ta r ao P ro v im en to n" 95, 
q u e in s t i tu iu o C ad as tro N acional de A d v o g ad o s , exige das 
so c ied a d e s d e a d v o g a d o s u m a série d e d a d o s cad as tra is , a 
se rem p e r io d ic am en te a tu a lizad o s . C om esse in s tru m en ta l , a 
OAB p a ssa rá a ter u m a v isão to tal da advocac ia brasile ira .
8 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
seja e la d e se m p e n h ad a em caráter ind iv idual ou realizada em 
m oldes associativos.
Já o P rov im ento n° 99/2002, que cria o C adastro N acional de 
C onsu lto res e d e Sociedade de C onsultores em Direito Estran ­
geiro, é o in s trum en to que vai perm itir a fiscalização desse novo 
segm en to da advocacia, p reven indo abusos e d efendendo a ad ­
vocacia brasileira. O P rovim ento com plem enta o de n° 91/2000, 
q u e reg u lo u as condições de exercício profissional d o advogado 
estrangeiro n o Brasil.
C om o se vê, esta é um a m atéria em constante aperfe içoam en­
to, m o tiv ad o p o r estudos e debates, den tre os quais destacaria 
tam bém a valiosa colaboração do em inente ad v o g ad o Alfredo 
d e Assis G onçalves Neto. Esperam os que o presen te trabalho 
seja am p lam en te d ifu n d id o p ara esclarecim entos d as dúv id as 
que a in d a po ssam pa ira r sobre a adm inistração societária dos 
advogados.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 9
CAPÍTULO I
NOTAS SOBRE SOCIEDADES DE 
ADVOGADOS: CARACTERÍSTICAS, 
PECULIARIDADES, E A INFLUÊNCIA 
DO NOVO CÓDIGO CIVIL EM SEU 
REGIME JURÍDICO
Antônio Corrêa Meyer 
Mauro Bardawil Penteado
1. Introdução. 2. Peculiaridades das sociedades de advogados. 
3. Filiação dogmática do legislador do novo Código Civil. 3.1. A 
atividade da advocacia em oposição à atividade empresária. 3.2. 
A sociedade de advogados como tipo especial de sociedade.
1. introdução
É sem pre m uito prazeroso analisar e, tan to q u an to for possí­
vel, s is tem atizar as p rincipais características deste peculiar e fas­
c inante tipo societário que é a sociedade d e advogados. Peculiar 
p o rq u e n ão existe, e m nen h u m dos tipos societários reconheci­
d o s pe la lei brasileira, sociedade que a ela se assem elhe em suas 
características m ais m arcantes. Fascinante po rque , d ev ido à es­
cassez d e lite ra tu ra jurídica a respeito d as sociedades d e advo ­
gados, a cada nova reflexão que nos p ropom os a fazer, im p o r­
tan tes conclusões são alcançadas. Some-se a isso a recente publi­
cação da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 ("novo Código Ci­
10 SOCeOfcOE DE WVOGAOOS Volume»
vil")/ q u e a lte rou significativam ente o regim e juríd ico das socie­
d ad es em geral, e se no tará a riqueza e a im portância d o tem a 
objeto do p resen te trabalho.
N o en tan to , d ev ido à limitação na tu ra l d o escopo deste tra ­
balho, não será realizada um a análise de todos os aspectos rele­
vantes envo lvendo a m atéria. O objetivo do presente es tudo será, 
n u m p rim eiro m om ento , apon ta r e identificar as principais ca­
racterísticas das sociedades de advogados, sobretudo aquelas que 
fazem dela u m tipo societário sui generis, para u sar a feliz ex­
p ressão d e H ad d o ck Lobo e C osta N e tto ’ . Depois, serão ab o rda ­
dos, d e form a sucinta, os im pactos do novo Código Civil na re­
gu lam entação d a s sociedades de advogados, no tad am en te em 
relação à ap licab ilidade das norm as das sociedades sim ples às 
sociedades de advogados.
2. Peculiaridades das sociedades de advogados
A sociedade de ad v ogados foi regu lada pe la prim eira vez de 
form a ab rangen te e sistem ática pela Lei 4.215/1963, especifica­
m en te em seus artigos 77 e seguintes. Já nessa o p o rtu n id ad e 
p od ia-se identificarque a disciplina a ela d ad a a reduzia a u m 
tipo societário in te iram ente d istin to de todas as dem ais socieda­
des p rev is tas no d ire ito civil e no direito comercial.
O artigo 77 d o d ip lom a d e 1963 determ inava que "os ad v o ­
gados p o d e rão reunir-se, para colaboração profissional recípro ­
ca, em sociedade civil de trabalho, destinada à disciplina do ex­
p ed ien te e do s resu ltados patrim oniais auferidos na prestação 
d e serviços de advocacia (art. 1.371 do Código Civil; arts. 1° e 44, 
§ 2", da Lei n° 154, de 25 de novem bro d e 1947)". O parágrafo
' Eugênio R. Haddock Lobo e Francisco Costa Netto, in Comentários ao Estatuto da OAB e às 
Pegras da Profissão do Advogado. Editora Rio, 1978, pág. 168.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Voljtne II 1 1
prim eiro d o m esm o artigo 77 adicionava que "as ativ idades p ro ­
fissionais que reúnem os sócios em sociedade se exercem indivi­
dualmente, q u an d o se tra ta r de atos privativos d e advogado , ain ­
d a q u e revertam ao patrim ônio social os honorários respectivos".
Da descrição desses d ispositivos, nota-se que as sociedades 
d e ad v ogados m arcavam -se p o r aspectos próprios, que só a elas 
d iz iam respeito . As pessoas que delas faziam p arte se restring i­
am apenas e tão-som ente aos profissionais d o direito , m em bros 
de u m a classe profissional específica. O objeto social desse tipo 
societário lim itava-se à adm inistração do expediente e do s re­
su ltados patrim oniais auferidos na prestação de serviços de ad- 
vocacia^
Assim , se é correto afirm ar que as sociedades de advogados 
se assem elham às sociedades de pessoas, m uito em razão das 
suas características in tu itus personae, não é m enos exata a p a ra ­
doxal confirm ação de que as sociedades de ad v ogados tam bém 
g u a rd a m im p o rtan tes distinções em relação às sociedades de 
pessoas, po rque , ao contrário destas, aquelas não são constituí­
d a s com o fim p rec ípuo de prestação de serviços a terceiros. Ao 
contrário , o principal m otivo que leva à constituição das socie­
d ad e s d e ad v ogados é a possib ilidade de seus sócios regularem 
rec ip ro cam en te suas relações p rofissionais com o advog ad o s , 
n o tad am en te a v ida adm inistra tiva e financeira d a sociedade^. 
É m ais u m a sociedade voltada para os p ró p rio s sócios, serv in ­
do-lhes com o gestora do expediente e dos recursos financeiros 
auferidos na advocacia.
 ^Nesse sentido, cf. Ruy Azevedo Sodré, in S oc ieda de de A dvog ados . Revista dos Tribunais, 
São Paulo, 1975.
^Ct. Haddock Lobo e Costa Netto, Com entários.-., pág. 169.
í 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
A esse respeito , é sem pre im portan te re lem brar a escorreita 
lição d e O rlan d o G om es^ , o qual, analisando as sociedades de 
advogados, pre leciona que "não é a pessoa jurídica q u e exerce a 
a tiv id ad e profissional m as as pessoas físicas que a in tegram , ca­
b en d o a estas a prá tica dos atos privativos de advogados". E 
m ais à frente conclui que "os efeitos p rop riam en te societários 
do en te criado pelo contrato social restringem -se, lim itam -se, cir­
cunscrevem -se à d istribuição dos resu ltados obtidos com a re­
m uneração d o traba lho dos advogados e à disciplina d o exped i­
en te d o escritório".
Do q u e se deflui q u e as sociedades d e ad v ogados são antes 
u m in s tru m en to p a ra disciplina das relações internas en tre os 
sócios, q u e u m a clássica sociedade de pessoas em que o serviço 
e a a tiv idade são p restados a terceiros em nom e d a sociedade. 
N a v erd ad e , em u m a sociedade de advogados, os sócios exer­
cem individualm ente suas a tiv idades, um a vez que estas são ati­
v idades p rivativas de advogados. D aí o m otivo d a afirm ação de 
O rlan d o G o m es^ para o qual "a sociedade profissional dos ad ­
vogad o s rep resen ta características da 'Innonlschaft' do direito 
alem ão, a cham ada sociedade in terna em tradução literal. N ão o 
é, segu ram en te , m as tem traços d e sem elhança p o rq u e socieda­
d e p ro p riam en te d ita só se m anifesta n a relação do s sócios en tre 
si, in d o p a ra um a conta com um o resu ltado dos negócios, reali­
zados pelos sócios na sua ind iv idualidade" ,
Esses eram os traços m ais m arcantes que a legislação de 1963 
conferiu ao institu to d as sociedades de advogados. Em 1994 foi 
p u b licad o o n o v o E sta tu to d a O rd e m d o s A d v o g ad o s, a Lei
* Orlando Gomes, Parecer, in Sociedade de Advogado, publicado por Pinheiro Neto e Cia. - 
Advogados, São Paulo, 1975, pág. 117.
^Orlando Gomes, Parecer..,, pág. 117.
SOaEQADE DE WVQGADOS Volume » 1 3
8.906/1994, a qual, p o r m eio de seus artigos 15 a 17, 21 e 34, II, 
d iscip linou as sociedades de advogados. Sua disciplina tam bém 
encon tra g u a r id a nos artigos 37 a 43 do R egulam ento G eral e em 
d iversos P rovim entos d o Conselho Federal.
N ã o obstan te a en trad a em vigor dessa nova regulação, Sér­
gio Ferraz inform a que as principais características e peculiari­
d ad es ap o n tad as acim a não foram desfiguradas^ . A o contrário, 
os p o n to s q u e levaram as sociedades de ad v ogados a serem con­
sideradas u m tipo especial de sociedade perm anecem subjacen­
tes, m esm o com a nova regulam entação d ad a à m atéria.
M uito em bora a legislação atua l não tenha conceituado as 
sociedades de advogados com a m esm a precisão técnica d o Es­
ta tu to de 1963^, o conceito de sociedade de ad v o g ad o s - e as 
conseq ü en tes p ecu lia rid ad es criadas pelo E sta tu to de 1963 - 
rem anescem . Veio então o artigo 15 do E statu to v igente d e te r ­
m inar q u e os ad v ogados po d em reunir-se em sociedade civil de 
p restação de serviço de advocacia, na form a d isc ip linada nesta 
Lei e n o R egulam ento Geral. O artigo 34, II, d o m esm o Estatuto 
estabelece que constitui infração disciplinar m an te r sociedade 
profissional fora d as norm as e preceitos estabelecidos no Esta­
tu to da OAB.
®Sergio Ferraz, in Sociedade de Advogados: conceito, natureza jurídica, in Sociedade de Advo­
gados, pág. 18, Malheiros Editores, São Paulo, 2002.
' Sobre a falta de técnica do legislador do atual Estatuto, veja-se o comentário de Alfredo d 
Assis Gonçalves Neto, in Sociedade de Advogados, Juarez de Oliveira, 2. ed., 2002, pág. tO: “C 
artigo 15 do atual Estatuto, ao dispor que “os advogados podem reunir-se em sociedade civil de 
prestação de serviço de advocacia", deixa de declarar, como ocorria no regime anterior, a fun­
ção a ser por ela preenchida. Pode parecer, à primeira vista, que a sociedade de advogados é 
constituída para exercer a advocacia - o que não é verdade, pois, sendo a atividade de advo­
cacia privativa de advogado, certamente essa sociedade não tem por fim exercê-la, mas, permi­
tir ou facilitar a “colaboração recíproca” entre si dos sócios-advogados e demais advogados a 
ela vinculados, “para a disciplina do expediente e dos resultados patrimoniais auferidos na pres­
tação dos serviços’ por eles individualmente realizados para os clientes, como enunciava o art, 
77, caput, da Lei 4.215, de 1963" (grifos no original).
2 4 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
É preciso, nesse passo, seguindo a ag u d a observação d e Ser­
gio Ferraz^, esclarecer que as sociedades de advogados podem , 
a teo r d o caput d o art. 4" d o P rovim ento 92/2000, pra ticar, em 
nom e p róp rio , os atos norm ais de sua adm inistração, incluindo 
a celebração d e "contratos em geral p a ra representação, consul­
toria, assessoria e defesa de clientes p o r in term édio de ad voga ­
d o sd e seus quadros".
N o en tan to , m an ten d o a orientação do Estatuto d e 1963, a 
a tua l legislação d as sociedades de advogados reforçou a noção 
d e q u e os atos privativos da advocacia seriam ind iv iduais , exer­
cidos pelos sócios o u p o r advogados v inculados à sociedade, 
com o associado ou com o em pregado , m esm o que os resu ltados 
revertam p ara o patrim ônio social, sendo a inda d e te rm inado que 
as procurações serão ou to rgadas ind iv idua lm en te aos ad voga ­
dos, com a indicação da sociedade de que façam parte. Essa é a 
redação d o parágra fo único do art. 4° d o P rovim ento 92/2000, 
em estre ita consonância com o parágrafo p rim eiro do art. 77 do 
E statu to anterior.
A esta a ltu ra parece claro que as sociedades de advogados 
constituem u m tipo societário especial; sua disciplina, portan to , 
d istancia-se do s ou tros tipos societários previstos n o novo C ódi­
go Civil. C om efeito, d iferen tem ente d as sociedades personifi­
cadas d o novo C ódigo Civil, a sociedade de ad v ogados som ente 
adqu ire personalidade jurídica com o registro ap rovado dos seus 
atos constitu tivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base 
territorial tiver sede.
A guisa de conclusão, é valido o esforço no sen tido de siste­
m atizar, n a esteira do que até aqui foi dito e com base n as lições 
de A lfredo de Assis Gonçalves Neto, as p rincipa is característi-
® Sergio Ferraz, Sociedade..., pág. 18.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 1 5
cas d a s sociedades de advogados. A p rim eira característica é a 
d e que, ao contrário das dem ais sociedades p restado ras de ser­
viços, a sociedade de advogados não tem a função p recípua de 
p re s ta r serviços em nom e próprio ; na verd ad e sua principal fun ­
ção é servir com o u m instrum ento de organização adm in is tra ti­
va e financeira d as relações internas en tre os sócios que a com ­
põem . A se g u n d a característica reside na exigência de que to­
dos seus sócios estejam legalm ente habilitados p a ra exercer a 
profissão de advogado . A terceira característica está no fato de 
que o único objeto social possível para u m a sociedade de ad v o ­
g a d o s é o b v ia m e n te a d is c ip l in a d o e x p e d ie n te e g e s tão 
pa trim on ia l a tinentes, exclusivam ente, à p restação de serviços 
de advocacia, v ed ad as quaisquer o u tras a tiv idades ou serviços 
concom itantes. A o contrário d o que ocorre em ou tros países, a 
sociedade m ultid iscip linar não é perm itida no Brasil. A quarta 
característica desse especial tipo societário está no fato de que 
elas apenas adq u irem personalidade jurídica com o registro fei­
to jun to ao C onselho Seccional d a OAB. Por fim, a q u in ta e um a 
d as p rincipa is características das sociedades de ad v ogados resi­
d e n o fato de que elas, em n en h u m a hipótese, po d em apresentar 
form a o u características m ercantis - hoje d itas em presaria is - , à 
luz do artigo 16 do Estatuto vigente.
C om base nesse panoram a legislativo - o qual foi traçado com 
o especial objetivo de identificar o que torna as sociedades de 
ad v o g ad o s u m tipo societário tão especial tra tarem os, a se­
guir, d e ap o n ta r as principais alterações ocorridas no bojo das 
sociedades de advogados em decorrência da publicação do novo 
C ódigo Civil, em especial as inovações adv in d as d as norm as re­
lativas às sociedades sim ples, em oposição à an tiga sociedade 
civil d o C ódigo Civil de 1916.
16 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume It
C um pre-nos, entre tanto , antes da análise específica dos im ­
pactos que as regras sobre as sociedades sim ples terão nas soci­
edades de ad v o g ad o s traçar, p o r m ais breve que seja, u m h is­
tórico do s an teceden tes legislativos que levaram o legislador 
p á tr io a ado ta r a sociedade sim ples com o novo tipo societário, 
com parando-a , a grosso m odo , à antiga sociedade civil.
3. Filiação dogmática do iegislador do novo 
Código Civil
O s traba lhos legislativos tenden tes a re fo rm ular o Código 
Civil b rasile iro alicerçaram -se, sem pre, na p rem issa de que a 
unificação d o d ire ito p rivado , sobre tudo na p arte tocante ao d i­
re ito d as obrigações, parecia ser a m ed id a m ais ap ropriada , um a 
vez q u e a m o derna dou trin a civil considerava o d ireito obrigaci- 
onal u m sistem a uno , que transcendia a condição profissional 
dos agen tes q u e co m punham a relação^. Em ou tras palavras, à 
época da elaboração d o novo Código Civil, a tendência d a d o u ­
trina, e p rincipa lm ente do direito com parado, era no sen tido de 
fazer cessar a d icotom ia formal existente entre d ireito comercial 
e d ire ito civil, a in d a que fossem preservados seus princíp ios in ­
form adores.
Assim , transp lan tan d o a idéia d a unificação d o direito obri- 
gacional para o cam po d as sociedades em geral, o prob lem a que 
se p u n h a , nesse passo , foi ag u d am en te d e tec tado p o r Sylvio 
M arcondes. C om efeito, afirm a o g rande m estre e au to r d o Livro
® Sobre a celeuma a respeito da unificação do direito privado no Brasil e no direito comparado, 
vide, Oscar Barreto Filho, in Teoria do Estabelecimento Comercial, 1969, Max Limonad, São 
Paulo, pp. 9 e segs.; Sylvio Marcondes, In Problemas de Direito Mercantil, 1970, Max Limonad, 
São Paulo, pp. 130 e segs.; Tuilio Ascarelli, In 0 Desenvolvimento Histórico do Direito Comercial 
e 0 significado da Unificação do Direito Privado, in Revista de Direito Mercantil n® 114, Malheiros, 
São Paulo, pp. 237 e segs.; Nelson Abrão, in Sociedade Simples; novo tipo societário, Livraria e 
Editora Universitária de Direito, 1975, São Paulo, pp. 9 e segs.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 17
II da P arte Especial - Direito de E m presa - do novo C ódigo Civil 
que, no cam po d as sociedades, o que se v is lum brava antes da 
unificação era, na seara d o direito comercial, u m a regu lam en ta ­
ção p au tad a , prim eiro , em preceitos gerais aplicáveis a todo g ru ­
p o de sociedades e, depois, em preceitos específicos necessários 
à regu lam entação d e cada um dos tipos societários regulados 
p e lo C ó d ig o C om erc ia l de 1850. E sse s is tem a , no en tan to , 
pre leciona a inda Sylvio M arcondes, não foi e nem p oderia ter 
sido ad o tad o pelo Código Civil de 1916, u m a vez que som ente a 
sociedade civil foi regulada po r aquele d iplom a. Assim , cu idan ­
d o apenas de u m tipo de sociedade, o Código Civil de 1916 não 
p od ia d is tin g u ir a aplicação de norm as gerais e específicas, ain­
d a m ais se fosse considerada a am plitude de suas norm as, que 
ab rang iam não só as sociedades, m as tam bém as associações'" .
"Em conseqüência", afirm a Sylvio M arcondes” , "valendo-se 
d as sugestões d o código d e obrigações suíço e do código civil 
italiano'^ - e é sintom ático que, a respeito, este se tenha utiliza­
d o daq u e le - o anteprojeto coordena os preceitos gerais das soci­
edades, d o código comercial, com as regras d o código civil, e 
e s tru tu ra a sociedade simples, com o u m com partim ento com um , 
d e p o rtas abertas p ara receber e d a r solução às apon tadas ques­
tões" (itálico no original).
Som e-se a isso tu d o a superação d o u ltrapassado conceito de 
ato do com ércio, que trazia consigo a artificial e questionável
Sylvio Marcondes, Problemas... cit., p. 147.
" Sylvio Marcondes, Problemas... c it„ p. 147.
Rubens Requiâo, in Projeto de Código C ivil-apreciação critica sobre o Livro II (Da atividade 
negociai), artigo publicado na RT 478, pp. 15; e Nelson Abrão,Soc/edacfe... cit., pp. 12esegs., 
apontam que não obstante o legislador pátrio ter expressamente indicado os códigos suíço e 
italiano como fonte de inspiração para criação da sociedade simples, esta, como inserida no 
direito brasileiro, foi destinada a desempenhar função diversa daquela que lhe foi atribuída nos 
ordenamentos suíço e italiano.
18 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
distinção en tre ativ idades m ercantis de u m lado, e civis d e ou ­
tro, consagrando-se a m oderna dou trin a focada na em presa e no 
em presário .
D aí conclui-se que, com a unificação obrigacional do direito 
p rivado, passa a não mais existir a tradicional diferenciação entre 
sociedades civis e comerciais. C om a unificação, esses dois tipos 
d e sociedades se u n em como sociedades em presárias, d ep en d en ­
tes da prática da ativ idade econômica. É exatam ente nesse ponto 
que se insere a sociedade simples que, p o r não depender da p rá ti­
ca dos atos de em presa, adquire posição de sociedade especial.
Assim, na sistemática adotada pelo novo Código Civil, a socie­
dade simples presta-se justam ente a suprir o espaço deixado pelas 
sociedades empresárias, além de servir-lhes de substrato nos pon­
tos em que suas disposições necessitem de regras de caráter geral.
N esse sen tido , a sociedade sim ples parece ter sido concebida 
c o m função dupla. A prim eira , servir de fonte sup letiva às socie­
d ad es em presárias. Exemplo disso é o artigo 1.053 d o novo Có­
d igo Civil ao estabelecer que "a sociedade lim itada rege-se, nas 
om issões deste Capítu lo , pelas norm as da sociedade simples"^^. 
A seg u n d a função da sociedade sim ples seria albergar as socie­
d ad es cujo objeto não consista no exercício de a tiv idade p rópria 
d e em presário sujeita a registro (art. 982 do no v o C ódigo Civil).
Dessa form a, a sociedade sim ples foi criada com o objetivo 
de regu la r e o rgan izar as relações em sociedade das pessoas que 
não são consideradas em presárias pelo novo Código Civil^^. Daí
Rubens Requião, P ro je to . . .ó l , p, 14, critica severamente a função da sociedade simples 
como substrato às sociedades empresárias. Segundo o mestre, “pelo sistema adotado, a todo 
instante a doutrina e a jurisprudência seriam chamadas a opinar e decidir sobre quais os princí­
pios das sociedades simples que lhe são específicos e quais os gerais, para serem aplicados a 
outros tipos de sociedade".
'* A respeito da conceituação da figura do empresário no novo Código Civil, vide item 3.2. infra.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 19
a im portância da sociedade sim ples na es tru tu ra ad o tad a pelo 
novo C ódigo Civil. Pois som ente a sociedade sim ples é capaz de 
trazer os benefícios da organização societária às pessoas não con­
s ideradas em presárias. As vantagens de se o rgan izar um a ativi­
d a d e não em presária de form a sim ilar às sociedades em presári­
as são in ú m era s '^ . P odem essas vantagens resu ltar da economia 
fiscal*^ q u e a form a societária propicia e, a inda , d a separação 
p a trim on ia l en tre a sociedade e os sócios e sua conseqüente li­
m itação d e responsabilidade.
3.1. A atividade da advocacia em oposição à atividade 
empresária
O no v o C ódigo Civil d iscip linou a em presa em seu perfil 
subjetivo ’^ e s t a b e l e c e n d o que "considera-se em presário quem 
exerce p rofissionalm ente ativ idade econômica o rgan izada para 
a p ro d u ção ou a circulação de bens o u de serviços". Três, p o r ­
tanto , são as condições que caracterizam o em presário ’*^ , a sa-
Luiz Antonio Soares Henlz, in Direito de Empresa no Código Civil de 2002, Juarez de Oliveira, 
2002, São Paulo. pp. 163-164,
Nesse ponto é interessante notar que a aparição das sociedades de advogados no direito 
brasileiro foi motivada inicialmente para produzir economias fiscais ao advogados, Antes da 
entrada em vigor do Estatuto de 1963, grande números de advogados viam-se compelidos a se 
agruparem em sociedades civis, reguladas pelos artigos 1.371 e seguintes do Código Civil de 
1916. Somente num segundo momento as sociedades de advogados foram utilizadas como 
verdadeiro instrumento de obtenção de escala e eficiência no desempenho da profissão.
Sobre os diversos perfis que a empresa apresenta, veja-se o clássico estudo de Alberto 
Asquini, Profili dell'impresa, in Revista Dei Diritto Commerciale, 1943, v. 4 1 ,1.
Note que não obstante o legislador do novo Código Civil ter definido a empresa por meio de 
seu perfil subjetivo, é sintomático que hoje a doutrina mais abalizada tem encontrado na empre­
sa, em seu perfil funcional, comparando-a com a atividade, a forma mais correta de sua concei- 
tuação- Cf., entre outros, Waldiorio Bulgarelti, in Teoria Jurídica da Empresa, pág. M3, Revista 
dos Tribunais, 1985, São Paulo,
Sobre o conceito de empresário, vide: Sylvto Marcondes, in Exposição de Motivos Comple­
mentar, 1973, pág. 123 e, ainda, Tullio Ascarelli, in 0 Empresário, traduzido por Fábio Konder 
Comparato, publicado na Revista de Direito Mercantil n® 109, pp. 183-189.
2 0 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
ber: (I) o exercício d e a tiv idade econômica, destinada à criação 
d e riqueza, p o r m eio da p rodução de bens e de serviços p a ra a 
circulação; (II) a a tiv idade organizada, pela coordenação do s fa­
tores d e p ro d u ção - trabalho, n a tu reza e capital - em m edida e 
p roporções diversas; e (III) a habitualidade , o que significa d izer 
profissionalm ente , o exercício da ativ idade econôm ica em nom e 
p ró p rio e com ân im o de lucro.
T om ando isso em consideração, percebe-se que as socieda­
des em p resária s serão aquelas fo rm adas pelos em presário s - 
assim defin idos na form a do artigo 966 do novo C ódigo Civil - 
em oposição às sociedades sim ples que, com o tipo especial, d es ­
tinam -se às ativ idades executadas po r pessoas não en q u ad rad as 
n a conceituação de em presário .
N esse passo , o novo Código Civil d e te rm inou expressam en ­
te q u e "não se considera em presário quem exerce profissão in te ­
lectual, d e n a tu reza científica, literária ou artística, a inda com o 
concurso d e auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da 
profissão constitu ir elem ento da em presa".
Em sua exposição de motivos, Sylvio M arcondes afirm ou que 
a "conceituação (de em presário) exclui, en tre tan to , quem exerce 
profissão intelectual, m esm o com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, p o r en tender que, não obstante p ro d u z ir servi­
ços, com o o fazem os cham ados profissionais liberais, ou bens, 
com o o fazem os artistas, o esforço criador se implanta na própria 
m ente do autor, de onde resultam, exclusiva e diretamente, o bem ou o 
serviço, sem interferência exterior de fatores de produção, cuja eventu ­
al ocorrência é, dada a natureza do objeto alcançado, meramente aci­
dental"
 (grifamos).
A esse respeito , Ascarelli é perfeito ao a ten ta r que as profis­
sões in telectuais (dentre as quais se inclui a d o advogado) d e ­
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 1
vem ser reg idas p o r norm as especiais, um a vez que se relacio­
nam ao exercício de ativ idades que, p o r natureza , p o ssuem um a 
d iversa vaioração social e que, por isso, d em an d am princípios 
juríd icos diferentes daqueles gerais aplicáveis às ativ idades re­
g u la d a s p e lo C ó d ig o Civil^", A ssim , em razão dessa d iversa 
vaioração social, certos tipos especiais d e sociedades sujeitam- 
se a no rm as q u e levam em consideração, p o r exem plo, o decoro 
e o ríg ido acesso à profissão, o que, p o r si só, im pedem a aplica­
ção d ire ta e irrestrita d as norm as gerais estabelecidas no novo 
C ódigoCivil.
Para se ter um a idéia de com o essa especial vaioração social 
se reflete na legislação específica das sociedades de advogados, 
b asta m encionar que essas sociedades não p o d em pra ticar o u ­
tras a tiv idades senão aquelas ligadas ao exercício profissional 
d a advocacia. M ais que isso, o cnput do art. 16 d o Estatu to esta ­
belece expressam ente que não serão adm itidas a registro, nem 
p o d erão funcionar, as sociedades de advogados que realizarem 
a tiv idades es tranhas à advocacia. Por esse m otivo, com o já foi 
d ito neste trabalho, as cham adas sociedades m ultid iscip linares 
(aquelas q u e conjugam em seu objeto, além da prestação de ser­
viços jurídicos, o u tras ativ idades com o contabilidade, engenha ­
ria, etc.) não p o d em funcionar no Brasil.
A inda em relação às especificidades das sociedades de ad v o ­
gados, questão bastan te interessante d iz respeito à possibilida-
“ Tuilio Ascarelli, in Corso di Diritto Commerciale, 3. ed, Giuffrè, Milão, 1962, p, 179, Note-se 
que as considerações de Ascarelli em nenhuma hipótese devem ser consideradas despiciendas, 
eis que o Código Civil italiano serviu de base para a elaboração do nosso novo Código Civil, 
notadamente na parte do Direito de Empresa. Por exemplo, o citado parágrafo único do art. 966 
do novo Código Civil deriva, indubitavelmente, do art. 2.238 do Código Civil italiano, in verbis-. 
“Se 1'esercizio delia prolessione constituisce elemento di um'attivita organizzata in forma 
d'impresa, si appiicano anche le disposizioni dei titolo I I [2.082 ss.].
In ogni caso, se 1’esercente una prolessione intellecttuale impiega sostituti o ausiiiari, si appiicano 
le disposizioni delle sezioni II, 111 e IV dei capo I dei titolo II [2.094 ss.).
2 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume I I
de de associação en tre sociedades d e advogados. O Provim ento 
n" 92/2000, em seu art. 6° letra d,e% 3°, expressam ente , autoriza 
"os ajustes de associação ou de colaboração com ou tras socieda­
des de advogados" , d esde que averbados à m argem do registro 
da sociedade. Esclareça-se que a associação é adm itida en tre so ­
ciedades d e ad vogados apenas, sendo im possível a associação 
en tre um a sociedade de advogados e sociedade com ou tro obje­
to (por exem plo, auditoria). Essa vedação é decorrência natural 
d a reg ra d o caput do art. 16, acima citado, estabelecendo que a 
sociedade de ad vogados não po d e pra ticar ativ idades estranhas 
à advocacia.
N orm alm ente a associação entre escritórios de advocacia ocor­
re em razão da facilidade e conveniência de dois escritórios se 
u n irem para presta r um dete rm inado serviço para um cliente 
específico (num a licitação, por exemplo), ou, com o tam bém com 
freqüência vem ocorrendo, em razão das facilidades que a asso­
ciação p o d e lhes trazer no desenvolv im ento de todas as áreas de 
a tuação d o escritório. N ote que, nesse últim o caso, é im portan te 
que as sociedades definam com precisão com o se d ará a atuação 
d o s ad v o g ad o s n o atend im ento dos diversos clientes d as socie­
dades; isso p a ra que não se configure o conflito de interesses, 
p rev isto n o § 6" d o art. 15 d o Estatuto que dete rm ina que os só ­
cios de u m a m esm a sociedade não p o d em rep resen ta r em juízo 
clientes d e interesses opostos^ '.
Q uestão tam bém m uito in teressante e que tam bém se insere 
no bojo dessa d iscussão diz respeito à possib ilidade de um a so­
c iedade de ad v ogados partic ipar no capital social de outra. A 
p a r do s p rob lem as de conflito de interesses - em nossa opinião, 
u m do s p rincipa is problem as desse expediente a partic ipação
Cf. Alfredo de Assis Gonçalves Neto, in S ociedãde... c it„ pp. 68,
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 3
d e um a sociedade de advogados no capital de outra não é possível, 
em prim eiro lugar, porque apenas advogados, pessoas naturais, 
p odem reimir-se em sociedade de advogados (caput, art. 15 do Es­
tatuto). Em segundo lugar, porque a participação de um a socieda­
de no capital de outra poderia ser considerada u m ato com carac­
terísticas m ercantis, o que, como já se deixou claro, não é adm iti­
d o n as soc iedades d e ad v o g ad o s {caput, art. 16 do Estatuto).
Por essas e o u tras razões os advogados, m esm o sendo profis­
sionais liberais, devem constituir sociedade de acordo com o dis­
posto no Estatu to de 1994, e não consoante as regras d as socie­
d ad e s sim ples, tipo societário escolhido pelo legislador d o novo 
C ódigo Civil p ara a atuação dos dem ais profissionais liberais. 
Isso po rque , conform e restou am plam en te dem onstrado , a soci­
e d a d e d e ad v o g ad o s é considerada um tipo societário especial 
e, com o tal, deve ser regida por um a série de norm as que som en­
te a ela se aplicam. É o que se dem onstrará no próxim o tópico.
3.2. A sociedade de advogados como tipo especial de 
sociedade
R etom ando p arte d o que até aqui foi exposto, observa-se que, 
pela sistem ática d o novo Código Civil, existem , de u m lado, re­
gras específicas para as sociedades em presárias, en tend idas em 
seu perfil subjetivo com o aquelas que têm n o em presário a p es ­
soa q u e o rgan iza em torno de si todos os elem entos da em presa 
e, d e outro , as regras das sociedades sim ples destinadas, em p ri ­
m eiro lugar, p ara a disciplina d as sociedades em que o titular 
não seja o em presário (como os profissionais liberais, po r exem ­
plo) e, em segu n d o lugar, com o fonte de regras gerais suscetí­
veis de aplicação sup letiva às sociedades em presárias (confor­
m e p rev is to no artigo 1.053 do novo Código Civil).
24 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
A sociedade de advogados, portanto , po r expressa de te rm i­
nação do novo C ódigo Civil, não se sujeita às norm as das socie­
d ad es em presárias, situação que, em tese, a levaria a sujeitar-se 
às regras d as sociedades simples.
O corre, en tre tan to , que as sociedades de ad v ogados são con­
s id erad as u m tipo societário especial, sujeitas a regras especiais, 
q u e som en te a elas se aplicam. Interessante destacar que o legis­
lado r do novo C ódigo Civil, atento à especificidade de certas 
sociedades, d e te rm inou , p o r m eio do parágra fo único do art. 
9 8 3 ^ , que as sociedades que p o r suas características especiais 
d em a n d are m a constituição de um novo tipo societário não de ­
verão reger-se, em absoluto, pelas regras d o novo C ódigo Civil, 
o q u e significa dizer, no caso das sociedades de advogados, que 
as d isposições especiais a elas aplicáveis dev e rão prevalecer 
q u an d o em confronto com as regras da sociedade simples.
Assim , a sociedade de advogados se en quadra perfeitam ente 
na h ipó tese prev ista pelo parágrafo único d o artigo 983, um a 
vez que , p o r ser reg u lada p o r lei especial, deve ser constituída 
seg u n d o tipo societário específico. E com o tipo especial de soci­
ed ad e d everá reger-se, prim eiro, pelas regras de caráter especial 
q u e com põem sua disciplina, i.é. Estatuto da O rdem , R egula­
m en to G eral e Provim ento. Caso as disposições constantes d es ­
sas leis especiais sejam om issas sobre dete rm inada m atéria , en ­
tão aplicar-se-ão, apenas subsidiariam ente, as disposições que 
regu lam as sociedades sim ples no novo Código Civil.
“ Artigo 983, A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos 
arts. 1.039 a 1,092; a sociedade simples pode constituir-se de conlormidade com um desses 
tipos, e, não o fazendo subordina-se às normas que lhe são próprias.
Parágralo único. Ressalvam-se as disposiçõesconcernentes à sociedade em conta de partici­
pação e á cooperativa, bem com o as constantes de le is especiais que, para o exercício de 
certas a tividades, imponham a constitu ição da sociedade segundo determ inado tipo.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 5
Saliente-se qu e o regim e ado tado pelo novo Código Civil, em 
se tra tando de sociedades constantes de leis especiais, é o mais 
aconselhável. Isso po rque não há com o se p re te n d e r disciplinar 
um a sociedade especialíssim a - com o é o caso d as sociedades de 
ad v o g ad o s - utilizando-se apenas d as norm as de caráter geral 
d o no v o C ódigo Civil. Aqui já foi m encionado que a sociedade 
de ad v o g ad o s não só pode, com o deve ser reg ida p o r norm as 
especiais q u e im ponham u m regim e diferenciado, pois as ativi­
d ad es po r ela p ra ticadas possuem um a valoração social diversa 
d aque las a tiv idades pra ticadas pelas sociedades regu ladas pe ­
los tipos gerais do novo Código Civil.
N o en tan to , essa especialidade não im pede a subm issão das 
sociedades de advogados a certas regras e princíp ios d as socie­
d ad es sim ples, sem pre que as disposições especiais forem om is­
sas. Em verdade , com o tipo especial de sociedade, a sociedade 
de ad v o g ad o s deve, prim eiro , seguir as regras específicas que 
no rte iam sua disciplina e, posteriorm ente, observar, no que cou­
ber, as regras gerais aplicáveis às sociedades s im p le s ^ . A penas 
p a ra citar u m caso no qual as regras das sociedades sim ples de ­
verão ser aplicadas, p o r falta de disciplina específica, d iz respei­
to à d issolução das sociedades. Com efeito, com o a legislação 
especial não regula a dissolução d as sociedades de advogados, 
pela lógica até aqui exposta, deverão ser aplicadas as norm as 
sobre dissolução constantes do novo Código Civil.
À guisa de conclusão, portan to , verifica-se, com o regra geral, 
que as sociedades de advogados são reg idas pela legislação es­
pecial que lhe dá guarida . A penas em casos excepcionais, cuja 
m atéria não foi tratada pela legislação especial, deverão se ap li­
car as regras d as sociedades simples.
Orlando Gomes, Parecer... , pág. 117.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 2 7
CAPÍTULO II
REGISTRO DA SOCIEDADE 
DE ADVOGADOS 
Comentários aos artigos 16 do Estatuto 
e 38 a 43 do Regulamento Geral, 
bem como ao Provimento n ° 92/2000
Waldemar Soares de Lima Júnior
Siii generis. C om o já havíam os nos m anifestado em data an te ­
rior, a sociedade de advogados tem com o principal característi­
ca o fato de som ente p o d e r ser in tegrada p o r ad v ogados e para o 
exercício d a a tiv id ad e da advocacia. Assim , não p o d e rá dela 
p a r t i c ip a r p e s s o a n ão r e g u la rm e n te in s c r i ta em u m a d as 
Seccionais da O rd em dos A dvogados d o Brasil - OAB o u fazer 
p a rte de sociedade cujos fins sejam distin tos da advocacia. O b­
servam os que o Estatu to da Advocacia e da OAB, Lei n" 8.906/ 
94, art. 16 e parágrafos, p rocurou , regu lam en tado pelo descrito 
no R egulam ento G eral do EAOAB, ver arts. 37 a 43, e P rovim en­
to n“ 92 do C onselho Federal da OAB, delim itar o alcance desta 
característica d as sociedades de advogados. Cabe, neste ponto, 
descrever o contido no art. 16 do Estatuto, visto que o contido 
no R egulam ento G eral da OAB e o inteiro teor do P rovim ento n" 
92/2000 constam ao final de nossa explanação;
"Lei u" 8.906/94 (ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA 
OAB)
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
Art. 16. Não são adm itidas a registro, nem podem funci­
onar, as sociedades de advogados que apresentem forma 
ou características mercantis, que adotem denominação 
de fantasia, que realizem atividades estranhas à advoca­
cia, que incluam sócio não inscrito como advogado ou 
totalmente proibido de advogar.
§ 1" A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome 
de, pelo menos, um advogado responsável pela socieda­
de, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que 
prevista tal possibilidade no ato constitutivo.
§ 2" O licenciamento do sócio para exercer atividade in­
compatível com a advocacia em caráter temporário deve 
ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua 
constituição.
§ 3" É proibido o registro, nos cartórios de registro civil 
de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de socieda­
de que inclua, entre outras finalidades, a atividade de 
advocacia."
N ão ob stan te a ap a ren te clareza na delim itação d o ponto , 
p o d em o s concluir, analisando vários pronunciam entos acerca do 
assun to , no âm bito d o C onselho Federal da OAB, que até hoje 
p a ira m d ú v id as sobre o alcance dos d ispositivos enfocados. Pro­
curarem os, em u m prim eiro m om ento, nesse b reve com entário , 
afastá-las.
T en d o em vista o objetivo de sistem atizar o o rdenam en to ju ­
rídico, cabe enfatizar que o atual Código Civil, Lei n° 10.406, de 
10 de janeiro de 2002, nos apresentou u m a realidade com o con­
dão de perm itir u m a com preensão m ais larga sobre o alcance 
das sociedades de advogados. A p a r dos diversos tipos de soci­
ed ad es q u e estabelece, tan to de índole civil com o comercial, ob ­
servou o legislador, no Livro II, Título II, C apítu lo Único, arts. 
982 e 983, particu la rm en te no parágrafo único deste, a situação 
d aque las sociedades regidas p o r um a legislação especial, com o 
é o caso d as sociedades d e advogados:
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 29
"Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se em ­
presária a sociedade que tem por objeto o exercício de 
atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 
967); e, simples, as demais.
Parágrafo único............................
"Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se se­
gundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a 
sociedade simples pode constituir-se de conformidade 
com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às 
norm as que são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernen­
tes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, 
bem como as constantes de leis especiais que, para o exer­
cício de certas atividades, im ponham a constituição da ' 
sociedade segundo determinado tipo."
D esta form a, podem os v islum brar que as sociedades de ad ­
vogad o s são reg idas p o r lei especial, Lei 8.906/94, e, p o rtan ­
to, un icam ente a ela estão sujeitas, m otivo pelo qual, p o r não se 
confund irem com n en h u m a outra e nem estarem regu ladas por 
n en h u m dispositivo legal alheio ao seu conteúdo, com o antes 
esclarecido (som ente p o d em ser constitu ídas p o r advogados e 
p a ra o exercício d a advocacia), é que os seus atos não estão sujei­
tos a reg is tro p o r n en h u m o u tro órgão que n ão aquele as quais 
estão v inculadas: a OAB, visto que não são sociedades com erci­
ais o u civis típicas, cujas regras estão estabelecidas na lei civil.
Hoje, com m aior clareza, poderem os afirm ar que as socieda­
des d e ad vogados não podem apresen tar form a o u característi­
cas m ercan tis ou ado ta r denom inação de fantasia ou realizar a ti­
v idades alheias à advocacia, razão pela qual não po d em adm itir 
em seus q u ad ro s sócios não inscritos na OAB ou to talm ente im ­
p ed id o s d e advogar, tal o com ando exsurg ido do art. 16, caput, 
d o E statu to d a A dvocacia e da OAB. Portanto , p resen te à legis­
3 0 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u r n e | |
lação de regência especial dessas sociedades é que o registro de 
q u a lq u e r ato relacionado à sua constituição e desenvolvim ento , 
até final dissolução, deve ser feito peran te o Ó rgão do Conselho 
Seccional,base territorial cujos sócios tiverem os seus registros 
profissionais, e não, com o já p ensaram alguns, nos cartórios do 
reg istro civil ou nas jun tas comerciais.
V isando o rien ta r o ad vogado sobre os requisitos m ín im os 
ind ispensáve is à constituição de um a sociedade d e advogados é 
nó s ap resen tam o s no livro SOCIEDADE DE ADVOGADOS, sob 
a coordenação do C onselheiro SERGIO FERRAZ, em capítulo 
específico, ao qual rem etem os o leitor, um a orientação nesse sen ­
tido, pois com a elaboração de seus atos constitu tivos e o com ­
peten te reg istro no ó rgão específico da OAB é q u e a sociedade 
passa rá a ter personalidade jurídica e p o derá efetivam ente de- 
senvolver-se, nos term os da lei.
Surge dessa necessidade de registro dos atos constitu tivos e, 
a p a r tir daí, de qualquer ou tra m odificação ou alteração ocorri­
da na sociedade de advogados, a necessidade de que, em cada 
u m a dessas bases territoriais. Conselhos Seccionais, exista um 
ó rgão p ró p rio para o recebim ento, processam ento e a rqu iv am en ­
to desses atos, p o d en d o presta r o assessoram ento necessário à 
p reservação de direitos. Esse órgão, com o ocorre em tod o s os 
setores da v ida com ercial e civil, não po d e ser confund ido ou ter 
atribuições d istin tas das d e registro d as sociedades de ad voga ­
dos, ten d o em vista a im portância desses atos de registro em 
relação à verificação aos atos po r elas pra ticados, seja em re la ­
ção às suas finalidades ou aos interesses de terceiros.
A possib ilidade d a constituição de u m Ó rgão de Registro, em 
cada C onselho Seccional, decorre da in terpretação d a d a ao ex­
p ressam en te p rev isto n o art. 43 do R egulam ento G erai do Esta­
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 31
tu to da A dvocacia e da OAB, c /c o d isposto no art. 5'' do Provi­
m en to n" 92/2000 do C onselho Federal:
"Regulamento Geral da OAB
Art. 43, O registro da sociedade de advogados observa 
os requisitos e procedimentos previstos em Provimen­
to do Conselho Federal.
Provimento n" 92/2000
Art. 5". O registro de constituição das sociedades de ad ­
vogados e o arquivamento de suas alterações contratuais 
devem ser feitos perante o Consellio Seccional da OAB 
em que forem inscritos seus membros, m ediante prévia 
deliberação do próprio Conselho ou de órgão a que de­
legar tais atribuições, na forma do respectivo Regimen­
to Interno/'
Portanto , p o d erá haver, com com petência exclusiva delega­
da, u m órgão de deliberação sobre os atos de registro e altera­
ções con tra tua is em cada Conselho Seccional, ao qual caberia, 
no exercício da função delegada, o a rqu ivam ento dos registros 
deferidos, no que respeita à constituição, b em com o as altera­
ções e averbações dos atos ocorridos d u ran te a sua existência, 
tais com o, den tre ou tros que forem ju lgados convenientes em 
relação à sociedade e aos seus sócios ou que possam envolver 
d ireitos d e terceiros:
a) a com unicação do falecimento de sócio com ponen te da 
sociedade, com a respectiva dem onstração;
b) a saída de sócio da sociedade;
c) os instrum entos de associação d a sociedade com ou ­
tros profissionais d a advocacia ou sociedades de ad v o ­
gados;
3 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
d) os requerim entos d e registro e autenticação de livros e 
d ocum entos necessários ao desenvolv im ento d as soci­
edades;
e) a com unicação d e abertu ra de filial da sociedade em 
o u tra U n idade da Federação.
R estou reafirm ado no P rovim ento n° 92/2000, em seu art. 8° 
e § 2®, a im portância da constituição de u m órgão, em cada C on ­
selho Seccional, responsável pelos atos de registro, ao estabele­
cer que:
"Provimento n° 92/2000
Art. 8°. O Setor de Registro das Sociedades de A dvoga­
dos de cada Conselho Seccional da OAB deve manter 
um sistema de anotação de todos os atos relativos às so­
ciedades de advogados que lhe incumba registrar, arqui­
var ou averbar, controlado por meio de livros ou fichas 
que lhe perm itam assegurar a veracidade dos lançamen­
tos que efetuar, bem como a eficiência na prestação de 
informações e sua publicidade.
§ 2°. O Conselho Seccional é obrigado a fornecer, a qual­
quer pessoa, com presteza e independentem ente de des­
pacho ou autorização, certidões contendo as informações 
que lhe forem solicitadas, com a indicação dos nomes de 
advogados que figurarem, por qualquer modo, nesses 
livros ou fichas de registro."
Cabe inform ar, a p a r da necessidade que se p rocurou dem ons­
tra r d e u m ó rgão com atribuições específicas de registros dos 
atos d e constitu ição alteração e averbação da sociedade de a d ­
vogados, q u e essa tarefa tende a possibilitar u m a fiscalização 
sobrem aneira eficiente sobre as sociedades constituídas, ev itan ­
d o a n ão observância d as norm as que regem a espécie, pois este
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 3 3
servirá, inclusive, de referência à com preensão d a n a tu reza jurí­
dica d a s sociedades sobre as quais exerce as suas ativ idades de 
registro e ao a tend im ento ao disposto no P rovim ento n° 95/2002 
d o C onselho Federal, que estabelece o necessário p ara o cadas­
tro das sociedades de advogados.
T endo em vista as norm as de regência, com o antes salienta­
do em suas linhas gerais, o estabelecido no Estatuto d a A dvoca­
cia e da OAB, em seu R egulam ento Geral e no P rovim ento do 
C onselho Federai, ficam as sociedades de advogados, socieda­
des especiais, escorreitam ente re sguardadas em term os de re­
gistro de constituição, desenvolvim ento e térm ino d e sua exis­
tência, ev itan d o que as facu ldades p rivativas dos ad v ogados 
sejam deles sub tra ídas em detrim ento d e um a norm alização ci­
vil e comercial.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 3 5
CAPÍTULO III
RESPONSABILIDADE DAS 
SOCIEDADES DE ADVOGADOS
O s w a ld o N a v e s
1. introdução. 2. Da responsabilidade civil do advogado. 3. Da 
responsabilidade da sociedade, pessoal dos sócios, associa­
dos e empregados. 4. Da responsabilidade administrativa e 
é lico-discip linar da sociedade. 5, Do seguro de responsabili­
dade civil para a sociedade de advogados e sua abrangência.
1. Introdução
O assun to sociedades d e advogados e a responsab ilidade por 
seus atos e om issões é assun to dos m ais interessantes. Sua análi­
se par te do Estatu to d a Advocacia, passa pelo R egulam ento Ge­
ral, P rov im ento n “ 92, C ódigo Civil, d e Processo Civil, Código 
d e Defesa d o C onsum idor e até m esm o pela Consolidação das 
Leis d o Trabalho.
A análise feita neste capítu lo será b reve e objetiva, com enfo­
que p rá tico e sem pretensões de inovar, apenas reu n in d o o en ­
ten d im en to m ais abalizado existente sobre a m atéria.
O en tend im en to m ais acurado da responsab ilidade de advo ­
gados é algo d e extrem a valia p ara os operadores do direito, em 
especial do s ad v ogados que p re tendem se ag ru p a r em socieda­
3 6 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
d es de advogados, m as tam bém para os clientes, p o d e r judiciá­
rio o u com issões d e arb itragem que venham a analisar a im pró ­
p ria p restação d o serviço d e advocacia.
P artin d o d o es tu d o d a responsabilidade civil d o advogado , 
ana lisarem os m ais deta lhadam en te a responsab ilidade civil das 
sociedades d e advogados, seu disciplinam ento, distinção en tre 
os d iversos com ponentes da sociedade e espécies de atos p ra ti ­
cados, responsab ilidade ético-disciplinar da sociedade e seguro 
d e responsab ilidade civil.
2. Da responsabilidade civil do advogado
O rig inada no direitorom ano e contida n as O rdenações do 
R eino , a re s p o n sa b i l id a d e civ il d o a d v o g a d o é su b je tiv a e 
contratual peran te seus clientes. Existe, tam bém , a não-contratual, 
deco rren te da infringência da regra geral de não causar d ano a 
n inguém , sem falar na penal e adm inistra tiva pelos dan o s que 
causar aos seus clientes ou não, seja p o r dolo, culpa, ação ou 
om issão. A prev isão está contida nos arts. 17 e 32 d o Estatu to da 
A dvocacia e d a OAB (Lei 8.906/94), no art. 40 do R egulam ento 
Geral d o Estatu to da A dvocacia e da OAB, P rovim ento n° 92, 
no s arts. 186, 389,927 a 954 do Código Civil d e 2002 e no art. 14, 
§ 4° c / c arts. 2° e 3° d o Código de Defesa d o C on su m id o r e m es­
m o n o art. 462 d a Consolidação d as Leis do Trabalho.
P ara b em iniciarm os a análise da responsab ilidade do ad v o ­
gad o é preciso n o ta r que a teoria ado tada p ara os profissionais 
liberais é a da responsab ilidade subjetiva, que dep en d e de culpa 
o u dolo, d iferen tem ente dos dem ais p restadores d e serviço, con­
form e esta tu ído no CDC, ao qual os advogados se subm etem 
neste particular.
N a área contenciosa, devem os advogados utilizarem -se de
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Vokme I I
todos OS m eios e recursos que en tender cabíveis e necessários na 
defesa d o d ire ito d o seu cliente. N ão se obrigam , po rém , pelo 
resu ltado , vez q u e não "decidem " a causa.
Existem, porém , áreas de atuação da advocacia que, em prin ­
cípio, são caracterizadas com o obrigações de resu ltado , com o na 
elaboração d e u m contra to ou de um a escritura, no qual o ad v o ­
gad o com prom ete-se, em tese, a u ltim ar o r e s u lta d o '.
Esta m atéria , porém , não é pacífica, e a obrigação de inden i­
zar deve ser ana lisada sob o prism a da necessidade de agir com 
perícia e diligência, escolhendo o m elhor rem édio processual e 
in terp retação legal, de form a que não sejam absu rd am en te con­
trárias à lei.
A lém d a responsab ilidade contratual, p o d e responder o ad ­
vo g ad o po r violar o dever de não causar dan o a alguém , como 
bem lem bra Sérgio Novais^, a q u em rem etem os o leitor que de ­
seje u m a acu rad a análise do tema.
O m estre Sílvio Venosa d iz que "É fora d e d ú v id a , porém , 
q u e a inab ilidade profissional evidente e pa ten te q u e ocasiona 
p re ju ízos ao cliente gera dever d e indenizar. O erro d o ad voga ­
d o qu e d á m argem à indenização é aquele injustificável, e lem en­
tar p a ra o ad v o g ad o médio,..
A distinção obrigação de fins e d e m eios gera d iferentes efei­
tos q u an to à responsabilidade. A p rim eira gera o dev e r de inde­
n iza r p o r erros grosseiros na elaboração de pareceres, existindo 
n o caso a cu lpa m odalidades im perícia, im prudênc ia ou negli­
gência. N a segunda hipótese, o advogado deverá responder qu an ­
do , p o r exem plo, p e rd e r u m prazo e com isto im p ed ir o cliente
' Sílvio de Sálvio Venosa, “Responsabilidade Civil” , em D ire ito C ivil. Atlas, 2003, p. 175. 
^Sérgio Novais Dias, R e sp o n sa b ilid a d e C iv il d o A d vo g a d o na P erda de um a Chance. LTr, 1999, 
^S ilv iodeS àlv io Venosa. ob. cit.. p, 176.
Ò8 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
d e ter seu p ed id o reapreciado, o que a dou trin a e ju risprudência 
v êm cham ando de perda da chance, tendo Sérgio Novais'* desta ­
cado a necessidade de utilizar-se o advogado de argum entos ju rí­
dicos que venham ao encontro do que deseja seu cliente, ainda 
que, pessoalm ente, com o jurista, filie-se a entendim ento distinto.
N ão se po d e olvidar, a inda, a necessidade de g u a rd a r segre­
do dos fatos que tom ar ciência em razão da profissão®, obriga­
ção esta co m um em ou tros ramos. D escum prido o dever do sigi­
lo e ad v in d o d an o ao cliente, aparece a obrigação de responder 
civilm ente.
A specto relevante para a m atéria da responsab ilidade civil 
do ad v o g ad o está contido no art. 14, § 4" d o CDC, que p revê a 
apu ração da cu lpa para se responsabilizar o profissional liberal, 
regra esta q u e se aplica à sociedade d e advogados pela natu reza 
específica d a pessoa jurídica.
N o cam po das m ed id as adm inistrativas, p rev istas no CDC 
nos arts. 18 a 28, as m esm as não se aplicam aos advogados, d i­
an te d a com petência da OAB, p rev istas no art. 44 do EOAB, II, 
para "p rom over, com exclusividade, a representação, a defesa, a 
seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Fede­
ra tiva d o Brasil", lei posterior e especial.
3. Da responsabilidade da sociedade, pessoal 
dos sócios, associados e empregados
O EOAB prevê, em seus arts. 15 a 17, a possib ilidade d e os
'S érg io Novais Dias, ob. cit.
® É 0 seguinte o teor do art. 7-. XIX, do EOAB:
São direitos do advogado:
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, 
ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autoriza­
do ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;”
SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II 3 9
ad v o g ad o s se reun irem em sociedades de advogados. De acor­
do com o C ódigo Civil de 2002, arts. 966, par. ún. e 982^, as soci­
ed a d es fo rm ad as p o r ad v o g ad o s são sociedades sim ples, em 
contraposição às em presárias, e a inda segu n d o o CC, art. 983, 
par. ú n / , as sociedades sim ples p o d em tom ar os tipos aos quais 
deve subm eter-se a em presária ou o constante em lei especial, 
com o é obrigatoriam ente o caso d as sociedades de advogados. 
A lei especial para o caso é o EOAB, e o tipo sociedade d e ad v o ­
g ad o s v em defin ido em seus artigos 15 a 17, no R egulam ento 
G eral, art. 40, e no P rovim ento n" 92 do Conselho Federal, órgão 
m áxim o d a advocacia nacional.
C om o sociedade de pessoas e de finalidades profissionais, com 
caráter especial, a sociedade d e advogados não se confundindo 
com as dem ais sociedades civis. N a visão do m estre Paulo Lôbo®, 
apo iad o nou tros d o u trinadores d e escol, a sociedade "desenvol­
ve ativ idades-m eio e não ativ idades-fim da advocacia. É en tida ­
d e coletiva o rganizada, m eio e racionalização, p a ra perm itir a
® É 0 seguinte o teor do art. 966 e 982 do CC:
“Art. 966, Considera-se empresário quem exerce protissionalmente atividade econômica orga­
nizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
cientifica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o 
exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
“Arf. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por 
objeto 0 exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e simples, as 
demais....”
' Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 
1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, 
não 0 tazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes á sociedade em conta de partici­
pação e á cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercido de 
certas atividades, imponfiam a constituição da sociedade segundo determinado tipo,"
*Paulo Luiz Netto LÔbo, C om e n tá r io s a o N ovo E sta tu to d a A d vo ca c ia e da O AB. Brasília Jurídi­
ca. p. 76.
40 SOCIEDADE DEM3V0GAD0S Volume II
a tiv idade associativade profissionais, que d istribuem e com par­
tilham tarefas, receitas e despesas, q u an d o atingem u m nível de 
com plexidade que u ltrapassa a atuação individual, m esm o q u an ­
d o agregada.
D iferen tem ente d as dem ais sociedades de serviços, a finali­
d a d e d a s sociedades de advogados, com o lem bram H addock 
Lobo e C osta N eto , é de regular e d isciplinar relações recíprocas 
en tre advogados, n o que pertine fundam en ta lm en te a v ida a d ­
m in istra tiva e financeira do grupo , ou, com o disse O rlando G o­
m es p o r eles citado, "a rem uneração dos resu ltados obtidos com 
a rem uneração d o trabalho dos advogados e disciplina d o expe­
d ien te d o escritório” .
F irm ado o contra to de prestação d e serviço en tre o advogado 
e cliente, na h ipó tese de dano o advogado responde com base 
nos arts. 186, 389 e seguintes do CC, além da responsabilidade 
solidária da sociedade que integra na qualidade de sócio, em ­
p re g a d o ou associado. N a hipótese do contra to de p restação de 
serviço ser firm ado en tre sociedade de advogados, A lfredo G on­
çalves preleciona: "se o cliente celebrou contrato de prestação 
d e serviços com sociedade de advogados, pela qual ela assum iu 
a obrigação d e prestá-los p o r m eio dos advogados d e seu q u a ­
d ro , re sp o n d e ela, d iretam ente, p o r descum prim ento dessa p ro ­
m essa d e fa to d e terceiro (art. 929 d o Código Civil de 1916; arts. 
439 e 440 do novo Código)"*^.
O art. 15, § 3° do EOAB"^ estabelece que ao se contra tar ad v o ­
gados sócios, associados ou em pregados de um a sociedade, deve
® Alfredo de Assis Gonçalves Neto, Sociedades c/e A dvog ados . 2. ed. Juarez de Oliveira, p. 44,
Dicção do art. 15, § 3 - do EOAB;
“As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade 
de que façam parte” .
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 4 2
constar n a p rocuração o nom e d a sociedade q u e integram .
Im porta destacar as d u as ordens de responsab ilidade civil às 
quais a sociedade d e advogados está subm etida: a p rim eira d e ­
corren te d e atos e om issões no exercício da profissão pelos a d ­
vogad o s q u e a in tegram ; a segunda em razão dos seus atos como 
pessoa jurídica, e nesta respondem subsidiária e ilim itadam ente 
os sócios, vez que ao caso se aplicam as regras com uns às socie­
dades, p rev istas nos arts. 1.023 e seguintes do CC e 748 do CPC.
T em a com a lgum a controvérsia, o art. 17 d o EOAB prevê que, 
"A lém d a sociedade, o sócio responde subsid iária e ilim itada­
m en te pelos danos causados aos clientes p o r ação o u om issão no 
exercício da advocacia, sem prejuízo da responsab ilidade disci­
p lin a r em q u e possa incorrer"'. À in terpretação de que apenas o 
sócio causador do d an o responde estão filiados Sérgio N ovais e 
A ssis Gonçalves, com am paro nos arts. 265” , que em conjunto 
com os arts. 990, 1.039,1.045, todos d o CC, explicitam que deve 
ser expressa a solidariedade. Este destaque é im portan te devido 
à in te rp re tação ex isten te’^, com base no P rov im ento n '’ 92, da 
re sponsab ilidade n ão se ater ao sócio causador, m as a todos os 
sócios, en ten d im en to de P aulo Lôbo. A insubsistência deste en ­
tend im en to , d a ta vênia, aflora p o r sua contraposição ao texto 
legal que visa regular, pois u ltrapassa a com petência colocada 
n o art. 54, V e XVIII d o EOAB, q u an d o am plia prev isão de res­
p o nsab ilidade civil não existente na lei regu lada, p ad ecendo de 
vício m aterial, d ian te da necessidade d e prev isão da solidarie­
d ad e nos term os que d ispõe através de lei federal.
" 0 que diz o art. 265 do CC:
“A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes” .
0 ilustríssimo Paulo Lôbo entende ser solidária e ilimitada a responsabilidade de todos os 
sócios, ob. cit.
Aliredo de Assis Gonçalves Neto, ob. cit.
4 2 SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II
A lfredo de Assis’-* lem bra que no contrato social poderão os 
sócios p rev er a responsabilidade solidária, ou m esm o a lim ita­
ção até certo valor para algum sócio. A segunda hipótese não 
terá eficácia em relação a terceiros.
Porém , q u an d o a sociedade responde p o r atos ou om issões 
cu lposas o u dolosas em detrim ento dos clientes, todos os sócios, 
p ro p o rc io n a lm en te a sua partic ipação societária, acabam por 
arcar com a reparação do dano. Sem em bargo, p o d erão se res­
sarcir jun to ao sócio, associado ou advogado em pregado causa­
d o r via ação regressiva, vez que não partic iparam do a to /o m is ­
são d an o so /cu lp o so .
N a h ipótese ind icada no art. 990 d o CC, sociedade d e fato, se 
estabelece a responsab ilidade ilim itada e solidária de todos os 
sócios, associados e advogados em pregados pelos d anos causa­
dos aos clientes, incid indo a regra geral p ara sociedades que não 
estão form alm ente constituídas.
N a linha de en tend im ento d a so lidariedade expressa em lei 
ou contra to , contida no art. 265 do CC, p o derá ser pac tuado no 
contra to d e prestação de serviço que todos os sócios são so lida­
riam ente responsáveis, prevalecendo, no caso d e existir apenas 
in s tru m en to de procuração, sem contrato escrito, a responsabili­
d a d e apenas d a sociedade e do sócio causador do dano.
N ão se deve, entre tanto , o lvidar a necessária p roteção ao cli­
ente, d e resto base da confiança em toda a classe dos advogados. 
N os casos em que não seja possível identificar o responsável, 
com o b em lem bra Sérgio N ovais, o cliente terá a opção de acio­
n a r todos q u e constem na publicação ou procuração, ou alguns 
deles, m an tid a a possib ilidade de ação regressiva, com o exposto 
acima, com base na divisão in terna d o serviço.
A paren te antinom ia surge en tre as norm as contidas no art.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 4 3
14, § 4° do CDC e a existência d e p ersonalidade jurídica, que 
faria a sociedade de advogados se subm eter, para verificação da 
responsab ilidade civil, à teoria da responsabilidade objetiva. A 
análise u m pouco m ais detida faz sup era r a aparen te con trad i­
ção pela constatação de que a pessoalidade intrínseca ao traba­
lho do advogado , m esm o in tegrante de es tru tu ra presen te em 
g ran d es bancas, em regra com grande nú m ero de sócios, associ­
ados e em p reg ad o s advogados, não se configura em elem ento 
d e em presa , não fazendo sentido, nu m a sociedade de pessoas e 
d e finalidades profissionais a aplicação de regra d istin ta da que 
regu la seus in tegrantes, m esm o na qualid ad e d e em pregados, 
na h ipó tese de d anos a clientes, sendo sem pre subjetiva. Desta 
m a n e ir a e n te n d e m o p ro fe s s o r S érg io N o v a is '^ e A n tôn io 
L in d b erg h C. M o n tenegro ’^ p rev en d o este ú ltim o um a única 
p o ssib ilidade p ara a responsabilidade objetiva, a de falta não 
im p u ta d a pessoa lm ente ao profissional liberal.
N o q u e d iz respeito à responsabilidade civil p o r atos não p r i ­
vativos da advocacia, o art. 1.023 e seguintes do CC, em conjun­
to com o art. 748 d o CPC, d iscip linam a m atéria , sen d o re sp o n ­
sáveis subsid iária e ilim itadam ente os sócios na p roporção da 
partic ipação no capital social ou, d ispondo o contrato , subsidia- 
riam en te à sociedade e solidária en tre os sócios.
4. Da responsabilidade administrativa e ético-discipiinar 
da sociedade
N este capítu lo já m encionam os a não-subm issâo dos ad v o ­
gados ou d as sociedades de advogados às sanções adm in istra ti­
vas do CDC, poisa OAB trata da m atéria com exclusiv idade nos
"S e rg io Ferraz, ob. cit.
Aritônio Lindbergh C. Monlenegro, Ressarcimento de D anos. Lumen Juris, 5. ed,. 1998.
44 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
arts. 34 a 44 d o seu Estatuto. Por estas regras d o EOAB, quando 
a sociedade com ete infração, a sua punição se dá via sócio-ge- 
ren te que pra ticou o ato agindo pela sociedade, sem pre deste ou 
d e todos os sócios que participarem d o ato infrator, p o r entender- 
se que a sociedade não po d e pra ticar infração ético-disciplinar.
5. Do seguro de responsabilidade civil das sociedades 
de advogado e sua abrangência
O seguro d e responsabilidade civil profissional de socieda­
d es d e ad v o g ad o s foi criado no Brasil em 1994, desenvolv ido e 
exclusivo pa ra os associados do C entro de E studos d as Socieda­
des d e A dvo g ad o s (CESA) até o ano de 2001, sendo m entores os 
Drs. L uiz R oberto N ovaes e o corretor F ernando Coelho, sob a 
liderança do Dr. O rlando Giácomo, presiden te do CESA. Inicial­
m ente com três bancas contratantes, hoje m ais de oitenta escri­
tórios contam com o seguro, em constante evolução.
O objetivo do seguro de responsabilidade civil é garan tir a 
p ro teção d o cliente e d a sociedade de advogados, sendo obriga­
tó ria sua contra tação em países com o a Inglaterra, A lem anha e 
Á ustria. N a E spanha ocorre a contratação de cobertura pelo Co­
légio de A dvogados, que oferece um seguro a todos os seus as­
sociados pessoas físicas, sem elhante ao m odelo p roposto ao C on­
selho Federal d a OAB, no qual tram ita processo sobre o assunto. 
N os Estados U nidos, em bora não obrigatória , na m aioria dos 
estados existe a obrigação dos advogados d ivu lgarem a seus cli­
entes se p o ssuem o u não a apólice.
A firm a o Dr. F ernando Coelho, fo rm ulador da apólice ju n ta ­
m en te com o CESA, que na Inglaterra a sociedade de advogados 
deve co n tra ta r no m ercado aberto e, caso não consiga, d eve re ­
correr a u m pool de seguradoras po r u m p eríodo m áxim o de dois
SOOeOADE DE AAVOGA.DOS Volume 4 5
anos a té ser aceito novam en te nas corretoras hab ilitadas pelo 
The Law Society . U ltra p a s sa d o esse p ra z o sem ace itação de 
con tra tação n o m ercado aberto, dá ensejo à liqu idação com pul­
sória d a sociedade de advogados.
Por certo o n ú m ero de ações contra ad v ogados ou sociedades 
d e ad vogados não é ainda expressivo, m as a apólice de respon ­
sab ilidade civil já serviu de apoio a escritórios que se v iram na 
situação d e resp o n d er pela im própria prestação do serviço como, 
p o r exem plo, no caso da não-assinatura de recurso para T ribu ­
nal Superior, m as poderia ser tam bém a p e rd a de u m prazo , a tu ­
ação com desconhecim ento d e texto legal v igente e ou tras s itua­
ções de cu lpa configurada pelo não-cum prim ento da obrigação 
de m eios, com o visto acima.
A apólice do CESA abrange ad v ogados sócios, associados, 
ad v o g ad o s em pregados, estagiários e dem ais funcionários en ­
q u an to ag indo em suas respectivas funções e com petências, co­
b rin d o tam bém indenizações p o r dan o m oral, p o r perda , extra­
vio, roubo ou furto de docum entos de clientes em posse do se­
g u rad o p ara trabalhos. D entre os riscos excluídos po d em o s citar 
os atos dolosos e quebra do sigilo profissional e a perda , extra­
vio, ro ubo o u fu rto de d inheiro e / o u docum entos de crédito.
D entre as inovações recentes da apólice d e seguro do CESA 
está um a cláusula que cobra a indenização d o d ano pun itivo ou 
exem plar, algo existente em países com o os Estados U nidos, d en ­
tre outros, m as que atende à necessidade de um a apólice global.
É objetivo d o seguro de responsab ilidade civil, en tre outros, 
ev itar ações judiciais en tre clientes de sociedades d e advogados, 
algo que teria im plicações n ão só éticas, m as v iria ao encontro 
m esm o a u m a ráp id a reparação ao cliente d o escritório, d a í p o r ­
q u e já consta d a apólice de seguro a possib ilidade de recorrer à
4 6 SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II
m ediação e à arb itragem para solução dos casos em ergentes, re­
correndo-se às C âm aras ligadas ao Conselho d as Instituições de 
M ediação e A rb itragem m ais a C âm ara da F undação Getúlio 
V argas de SP (CONIMA).
M erece atenção a correta utilização do seguro existente, evi­
tan d o a utilização p o r clientes d e má-fé ten tando encobrir erros 
seus a través d o profissional da advocacia, causando danos p o r 
vezes irreversíveis para a reputação do advogado.
SOOEOAOE DE ADVOGADOS V o l u m e i l 4 7
CAPÍTULO IV
CONTRATOS DE ASSOCIAÇÃO 
Com entários ao artigo 39 do Regulam ento 
G eral do Estatuto da Advocacia e da OAB
Manoel Antonio de Oliveira Yranco 
Kicarào Miner Navarro 
Gabriel Placha
1. Introdução
N estes tem pos em que a advocacia exercida ind iv idualm ente 
deixa d e ser a reg ra p a ra tornar-se a exceção, d an d o lu g a r às 
g ran d es b ancas de advocacia com postas d e dezenas ou até cen­
tenas d e advogados, com filiais p o r todo o país, o institu to da 
associação en tre sociedades o u en tre estas e ad v ogados au tôno ­
m os é cada vez m ais com um .
A advocacia m o derna exige do profissional alto g rau de es­
pecialização, to rn an d o p ra ticam en te im possível ao ad vogado 
a tender, ind iv idua lm ente , a todos os interesses de seus clientes, 
em todas as áreas do direito , com qualidade e com petência.
O u tro obstáculo enfren tado pelos ad v ogados a tua lm en te é 
que, com o acúm ulo de audiências, p razos, reuniões, estudos e 
pesquisas, todas as ho ras do dia são insuficientes p a ra o esgota­
m ento da agenda.
A lém disso, os altos custos de instalação e m anu tenção de 
u m escritório com em pregados com petentes, m odern o s equ ipa ­
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m entos d e telefonia e inform ática, biblioteca a tua lizada e outros, 
to rna a advocacia "artesanal" p ra ticam ente inviável.
A colaboração recíproca en tre profissionais e sociedades, em 
q ue se p a rtilh am responsabilidades e resultados, tem sido a so­
lução en co n trad a p ara a m elhor organização d a a tiv idade da 
advocacia.
2. Associação e sociedade - diferenças
im p o rtan te , d esde já, apon ta r as principais diferenças entre 
associação e sociedade’ .
A sociedade é u m a en tidade complexa, com personalidade 
juríd ica d istin ta de seus m em bros, patrim ônio p ró p rio e razão 
social, o q u e lhe perm ite pra ticar atos de adm inistração em seu 
p ró p rio nom e^. Essencial a presença da affectio societatis, v o n ta ­
de de subm eter-se ao regim e societário. A von tade social deve 
prevalecer.
’ Para Paulo Luiz Netto Lóbo “0 regulamento geral introduziu a disciplina de um tipo intermedi­
ário entre o sócio da sociedade e o advogado empregado. É o advogado associado, muito co­
mum nos costumes dos escritórios de advocacia brasileiros” (LÔBO, Paulo Luiz Netto, C o m e n ­
tá r ios a o E s ta tu to da A d vo ca c ia e da OAB. 3. ed. São Paulo; Saraiva, 2002. p. 114),
2 A sociedade de advogados somente pratica atos de administração. A advocacia, por imposi­
ção legal, somente pode ser exercida por pessoas naturais. Assis Gonçalves esclarece que 
“Pode parecer, à primeira vista que a sociedade de advogados é constituída para exercer a 
advocacia - o que não é verdade, pois, sendo a atividade de advocacia privativa de advogado, 
certamente essa sociedade não tem por fim exercê-la, mas, permitir ou facilitar a 'colaboração 
reciproca’ entre si dos sócíos-advogados

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