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Mecanismos de doenças que tem relação com a imunopatologia

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Mecanismos de doenças que tem relação com a imunopatologia: doenças imunologicamente mediadas – líquen plano, pênfigo vulgar, eritema polimórfico (doenças que tem manifestação bucal).
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IMUNOLOGIA
A imunidade compreende um processo/mecanismo de defesa específica do nosso organismo 
Inflamação é um mecanismo de defesa inespecífico, assim como a barreia de defesa representada pela pele, mucosas, febre, dor.
O sistema imune é um dos nosso sistemas de defesa mas ele é muito mais regulado e especifico e para que tenhamos resposta imunológica pressupõe-se um contato prévio com um agente lesivo ou agressor.
IMUNOPATOLOGIA 
Temos que considerar um desvio na função básica de proteção.
QUAL O OBJETIVO BÁSICO DO SISTEMA IMUNE?
Reconhecer substância estranhas ao nosso corpo (microrganismos, agentes infecciosos), uma vez reconhecido, o nosso sistema imune desencadeia uma serie de tarefas que vão em busca de neutralizar/ eliminar esse agente infeccioso de tal maneira que ele não nos cause dano.
DESVIO : Quando temos desvio dessa função básica de proteção e o sistema imune passa a causar lesões nas células e nos tecidos temos os processos que estão englobados no ramo da imunopatologia.
Quando consideramos as doenças/processos que estão incluídos na imunopatologia temos 3 grandes classes.
Reações de hipersensibilidade
Doenças auto imunes que são aquelas que aparecem quando o sistema imune passa a reconhecer como não próprios os componentes que são próprios e contra esses componentes ativa uma resposta.
Doenças por imunodeficiência sendo o exemplo mais clássico: AIDS (Síndrome da imunodeficiência adquirida)
PROCESSO DA REAÇÃO IMUNOLÓGICA 
A partir da entrada no organismo de um material estranho, esse antígeno será processado e apresentado aos linfócitos pelas células apresentadoras de antígeno (na pele temos muitas célula de LANGHANS, mas temos muitas outras células que fazem esse papel), (na mucosa essas células são menos numerosas)
Então a partir da apresentação desse antígeno aos linfócitos teremos desencadeamento de dois tipos de resposta imune →→→→→→→→→→→- celular (executada principalmente pelos linfócitos T) 
- humoral (envolve a produção de anticorpos pelos linfócitos B)
Muitas vezes as duas ocorrem simultaneamente em conjunto
A CÉLULA GIGANTE DE LANGHANS OU CÉLULA DE LANGHANS é um tipo celular encontrado em condições granulomatosas (granulomas)
É formada pela fusão de células epitelióides (macrófagos) e caracterizada pela presença de vários núcleos arranjados ao redor da periferia celular.
AS REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE 
Quando temos reações de hipersensibilidade – processo em que existe uma ativação muito intensa/exagerada do sistema imunológico, essa resposta acaba gerando lesões nas células e nos tecidos podendo ser mais LOCALIZADO (menos grave) ou um processo que AFETE O CORPO INTEIRO (mais grave).
Vamos discutir 4 TIPOS DE HIPERSENSIBILIDADE
Desses 4, 3 (I, II, III) envolvem a resposta imune humoral – estão relacionados a produção de anticorpos, a do TIPO IV não, quem atua são os linfócitos T.
Único que é uma doença é a HIPERSENBILIDADE DO TIPO I, que é a ALERGIA.
 EXEMPLO: Quando o paciente chega com alergia na clínica, pode estar com a mucosa inchada, vermelha, relata ardência imagino que seja alergia, vou tratar como alergia.
Para os outros processos (TIPO II, III e IV) eles são bases para outras doenças, são mecanismo que atuam em determinadas doenças, não é a doença em si.
Não irei dizer o paciente tem HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO II, vou dizer paciente tem pênfigo vulgar que é uma doença auto imune em que o paciente tem bolhas na pele e mucosa.
HIPERSENSIBILIDADE TIPO I 
Sinônimos: 
Reação imediata
Reação anafilática 
ALERGIA 
É imediata pois se desenvolve minutos após o contato com o alérgeno no indivíduo que já foi previamente sensibilizado.
O anticorpo clássico da HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I é a IgE.
Todo antígeno que faz com que o nosso organismo produza IgE irá ser chamado de ALÉRGENO.
COMO SE DESENCADEIA A REAÇÃO ANAFILÁTICA / IMEDIATA / ALÉRGICA?
EXEMPLO:
PÓLEN 
O indivíduo que nunca foi exposto ao pólen ele não pode ter rinite alérgica, mas ai entrou em contato com o pólen pela 1ª vez.
Esse antígeno (pólen) será processado por uma célula apresentadora de antígeno geralmente na mucosa nasal, essa célula irá apresentar este antígeno ao linfócito, este linfócito vai estimular ou atrair a transformação de linfócito B em PLASMÓCITO e vai haver a produção de IgE, essa IgE se fixa/gruda na superfície dos mastócitos que estão na mucosa nasal e eventualmente na superfície de basófilos circulantes.
Então pólen internalizado estimulou a a produção de IgE e a IgE uniu lá nos mastócitos e basófilos – etapa de sensibilização.
A partir do momento em que os mastócitos e basófilos ficaram carregados com a imunoglobulina na sua superfície o indivíduo está sensibilizado.
Nesta etapa de sensibilização não tem nenhum sinal clínico, indivíduo sem sabe que foi sensibilizado. 
Em um segundo contato com o polén que pode demorar 1 semana/15 dias, se entrar em conato com o pólen novamente, no momento em que for internalizado ele irá grudar na IgE que está na superfície dos mastócitos ocorrendo união de antígeno/anticorpo essa união irá estimular a liberação dos grânulos dos mastócitos → DEGRANULAÇÃO DOS MASTÓCITOS.
O QUE TEM NOS MASTÓCITOS? muita HISTAMINA 
A HISTAMINA faz VASODILATAÇÃO 
Como reação basicamente quando temos liberação dos mediadores contidos nos mastócitos terei estimulo a vasodilatação, ↑ da permeabilidade vascular e a contração do musculo liso .
Essas são as 3 principais funções ou efeitos do mediadores contidos nos mastócitos e basófilos.
Então essas funções fazem com que eu tenha exsudação → saída de líquido de dentro do vaso, por isso que as pessoas que tem rinite tem coriza 
ONDE OCORE ISSO? Localmente, na mucosa nasal.
Essa é uma REAÇÃO DE HIPERSENBILIZADE DO TIPO I LOCALIZADA ou ATOPIA ou ALERGIA LOCAL.
Se o processo for mais intenso, posso ter choque anafilático.
Os mediadores 1º que são aqueles que já estão prontos nos grânulos dos mastócitos são: 
HISTAMINA
SEROTONINA
HEPARINA 
FATORES QUIMIOTÁTICOS p/neutrófilos e p/ eosinófilos 
A eosinófilia é um sinal que podemos detectar no sangue periférico característico de reação alérgica.
Os mediadores primários caracteristicamente atraem os eosinófilos.
EXEMPLO:
Se eu fizer biópsia de uma local que está passado por reação alérgica.
 É provável que veja no tecido grande quantidade de eosinófilos, esse fizer análise do sangue periférico dependendo da intensidade do processo no indivíduo também poderei ver eosinófilia. 
Os neutrófilos também são atraídos porém são mais inespecíficos.
Além desses mediadores temos os mediadores secundários, como a prostaglandina entre outros que se formam no local e potencializam o efeito desses mediadores primários.
 O QUE IRÁ DETERMINAR SE TEREI SOMENTE UMA REAÇÃO LOCALIZADA OU UM CHOQUE ANAFILÁTICO? GRAU DE SENSIBILIZAÇÃO do organismo, e o que interfere nesse grau é a VIA DE INOCULAÇÃO DO ANTÍGENO E A QUANTIDADE DE ANTIGENO que foi inoculado.
Então um antígeno que penetra no corpo pela pele ou pela mucosa nasal, ocular geralmente causam reações mais localizadas, já um que penetre via circulação mais provavelmente irá causar reações mais graves, o grau de sensibilização será maior e a intensidade da reação também.
SE TIVER DEGRANULAÇÃO GERAL DE MASTÓCITOS E BASÓFILOS O QUE IRÁ ACONTECER COM A REDE VASCULAR?
Lembrar do choque microvasogênico, os mediadores causam vasodilatação e aumento de permeabilidade, se isso tiver acontecendo vasodilatando, abrindo novos vasos em todo o organismo o volume sanguíneo que tenho circulando não vai ser suficiente pra atender essa rede então terei o choque anafilático que é o choque microvasogênico.
Se ocorre no consultório tenho que ter ADRENALINA pra reverter esse quadro e evitar o óbito do paciente.
Temo alguns grupos de alérgenos bem conhecidos: 
Polén
Pó 
MofoOvos
Nozes
Frutos do mar
Na maioria faz vezes estes alimentos causam desconforto abdominal, mas não levam a óbito, mas na literatura há registros de pessoas que vieram a óbito ao ingerir frutos do mar.
É muito difícil firmar um diagnóstico de alergia pois o principal desafio é descobrir qual alérgeno causou.
Na mucosa se suspeita de alergia trata com bochecho de corticoide, o paciente melhorando ai será feita a pesquisa muitas vezes usando de novo para descobrir.
Existem vacinas pra alergia onde vão sendo administradas pequenas quantidades do antígeno via subcutânea, visando estimular a produção de IgG pra competir com a IgE.
Traços genéticos podem determinar alergia, nem sempre em relação ao mesmo alérgeno mas a predisposição a ter alergia.
HIPERSENSIBILIDADEDO TIPO II
Os anticorpos que atuam são a IgG OU IgM 
Nessa reação que também é chamada de reação citotóxica o antígeno que vai ser reconhecido pelo sistema imune está na superfície de uma célula alvo.
Nunca o antígeno estará circulando sozinho, estará na superfície de uma célula, e a ligação do anticorpo a esse antígeno na superfície faz com que a célula fique fluorescente, começa a brilhar e indicar pro sistema imune “eu tenho que ser eliminado” e então essa célula será eliminada junto com o antígeno.
Não é a ligação do anticorpo que destrói a célula diretamente.
A ligação do anticorpo ou atrai uma célula NK ou macrófago pra induzir apoptose ou existe uma ativação do complemento para induzir a lise osmótica danificando a membrana dessa célula.
Acontece 5 a 8 horas após a 2ª exposição.
EXEMPLO:
Eritroblatose fetal – Mãe Rh– gera feto Rh+, ela não tem anticorpos, nunca entrou em contato com Rh, no momento do parto hemácias do feto se misturam com o sangue da mãe, a mãe começa a produzir anticorpos anti Rh. Na segunda gestação feto novamente Rh+, os anticorpos da mãe vão se ligar ao Rh na superfície das hemácias do feto. Essa ligação anticorpo materno Rh na superfície das células das hemácia fetal vai levar a 2 possíveis reações: células NK ou macrófagos destruindo células ou sistema complemento. 
Se faz vacina de Roghan tem que ser aplicada até 72 horas após o parto, ela destrói as hemácias fetais que estejam circulando na mãe, impede que a mãe produza anticorpos anti Rh.
Também temos esse tipo de reação em transplantados.
No pênfigo vulgar também temos esse mecanismo da hiper sensibilidade do tipo II atuando.
HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO III
Nesse caso o antígeno está solúvel, está no tecido ou plasma circulando com o sangue.
Sinônimo: Lesão por imunocomplexos
PORQUE LESÃO POR IMUNOCOMPLEXOS? Porque onde formar o complexo antígeno/anticorpo e esse complexo se depositar, haverá nesse local uma reação inflamatória que irá causar a destruição celular e tecidual.
A destruição pode ser mais LOCALIZADA que é a REAÇÃO DE ARTHUS ou
Pode ser na forma SISTÊMICA que é chamada de DOENÇA DO SORO – está relacionada com O LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO:
Doença autoimune onde os pacientes nascem com problemas articulares, renais porque os imunocomplexos se depositam em locais de maior velocidade de circulação e estes locais são onde temos mais turbulência, ocasionando reação inflamatória.
ERITEMA POLIMORFO OU MULTIFORME é uma forma localizada DESSA REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO III (pode afetar lábios- ulcerações sanguinolentas extensas hemorrágicas, muita dor) pode ser desencadeado por drogas ou pelo vírus da herpes.
Tratamento se dá por meio de corticoides e quando a reação é mais localizada o prognóstico é excelente.
Alguns pacientes podem ter essa doença na forma sistêmica que é chamada de Síndrome de Stevens-Johnson onde são tratados como grandes queimados.
Dentro da parede vascular ocorre deposição de imunocomplexos 
Tenho antígeno na forma solúvel, este antígeno estimula linfócito B a se diferenciar em plasmáticos e este produz IgM ou IgG contra o antígeno.
 ↓
Uma vez que o antígeno liga com o anticorpo forma complexo se deposita na parede do vaso, onde depositou serão atraídos neutrófilos, será liberado fator ativador de plaquetas, tenho formação de radicais oxigenados e reação inflamatória que acaba levando a destruição tecidual.
HIPERSENBILIDADE DO TIPO IV
Única que envolve a resposta imune celular pela atuação dos linfócitos T.
Também chamada de Tardia porque demora de 24 a 72 horas para acontecer após 2º contato do indivíduo com o antígeno
Temos 2 processos que podem levar as manifestações clinicas 
1º é a lesão mediada por macrófagos ativados:
Antígeno apresentado por célula de Langhans ou macrófago ao linfócito T e essa apresentação estimula esse linfócito a liberar Interferon α (citosina) →principal função é atrair pro local onde está o antígeno macrófagos, e começa a se formar um granuloma 
Reação experimental- reação tuberculínica – teste de manto
2 º processo é citotoxicidade mediada por células T:
Tenho antígeno na superfície da célula e um linfócito T especifico para este antígeno e vão se ligar e irá destruir essa célula por ação direta.
EXEMPLO: 
dermatite de contato, alergia ao látex.
DOENÇAS AUTO IMUNES 
Tem –se observado a prevalência/ incidência dessas doenças 
No PÊNFIGO VULGAR produção de auto anticorpos contra desmogleína que é uma proteína que está na região dos desmossomos.
Esses auto anticorpos se ligam a desmogleína, com isso a ligação entre as células epiteliais fica muito frágil e frente a esforço as células epiteliais se separam sofrendo acantólise, e essa área onde perdeu a adesão imediatamente é preenchida por soro formando-se bolha ou vesícula.
Mecanismo envolvido é a do TIPO II, mas a doença é o pênfigo.
Está classificada dentro da estomatodermatopatologia.

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