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Fatores críticos no comportamento do gestor público responsável por compras sustentáveis: diferenças entre consumo individual e organizacional

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Fichamento de Estudo de Caso
Simone Botelho de Oliveira
Trabalho da Disciplina Licitações e Contratos,
 Tutor: Prof. Marcos André Carvalho Neves
Santos 
2018
FICHAMENTO
TÍTULO: Licitações e Contratos 
CASO: Fatores críticos no comportamento do gestor público responsável por compras sustentáveis: diferenças entre consumo individual e organizacional, 
REFERÊNCIA: COUTO, Hugo Leonnardo Gomides do; COELHO, Cristiano. Fatores críticos no comportamento do gestor público responsável por compras sustentáveis: diferenças entre consumo individual e organizacional. Rev. Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n.2, p. 315-336, mar./abr. 2015.
TEXTO: Hugo Leonnardo Gomides do Couto e Cristiano Coelho (2015) elaboraram questionários para um grupo de gestores públicos com perguntas sobre o comportamento de cada um em relação a compras individuais e organizacionais e a sustentabilidade. De posse dessas informações, eles puderam inferir quais eram os critérios utilizados pela maioria para as compras pessoais e para a escolha das empresas ou itens vencedores em cada licitação. Assim, foi possível observar as diferenças e/ou similaridades entre os dois contextos de compras.
Com esse objetivo, Couto e Coelho (2015) introduziram o tema lembrando a responsabilidade que o gestor público tem por definir as regras de cada disputa sem perder o foco na livre-concorrência e visar no final adquirir um produto melhor ou um serviço mais barato.
Nesse contexto, entre 2010 e 2012 foram feitos avanços sobre a definição de práticas sustentáveis na administração pública. E, uma vez que se trata de um meio que movimenta altos valores monetários, procurou-se implementar critérios que beneficiassem as decisões de compras de produtos amigos do meio-ambiente. Vários órgãos, seguindo o governo federal, passaram a apontar regras para compras sustentáveis em seus respectivos departamentos incumbidos da tarefa de licitar.
Os compradores são levados a escolher devido a estímulos variados, podendo eles serem físicos, sociais, regulatórios ou temporais, além de se depararem com reforços sobre as consequências do uso do produto (utilitárias) ou informativas (feedback social do consumo) (Foxall 2005; Foxall et al., 2006).
Nesse instante aparece a dúvida: as escolhas organizacionais são reguladas em alto ou baixo grau por estímulos individuais dos gestores públicos? Afinal, cada pessoa tem suas convicções e atitudes diferentes, e isso se torna necessário entender quando se trata de compras sustentáveis para que realmente as políticas públicas voltadas à sustentabilidade possam se efetivar.
Couto e Coelho (2015) usaram uma amostra não probabilística de conveniência formada pelos servidores do IBGE locados nas 27 unidades estaduais compreendidas nas 27 unidades federativas, que possuíam funções gerenciais do setor responsável pelas compras do governo, ou aqueles que foram designados pregoeiros.
O questionário entregue era dividido em três partes: a primeira, demográfica, englobava sexo, idade, renda per capita, escolaridade e conhecimento de temas ambientais; a segunda funcional (profissional), continha tempo de serviço público e dentro do IBGE, cargo ocupado, função gerencial assumida, participação em eventos de capacitação e conhecimento sobre compras sustentáveis. A terceira parte, com cinquenta afirmações divididas em duas partes de vinte e cinco, sendo que uma delas abordava o comportamento do indivíduo diante das situações relacionadas ao consumo individual, e a outra, similar, porém, tratando de consumo organizacional.
Para estudar se a ordem que cada usuário respondia às perguntas afetaria as respostas, metade dos servidores recebia primeiro as afirmações de contexto individual e a outra metade, ao contrário, as de contexto organizacional. Avaliou-se o efeito da ordem pelo teste de Mann Whitney, usando o pacote estatístico do Bio Estat ® 5.3.
O servidor deveria marcar com que frequência realizava o comportamento descrito em cada afirmação (nunca, minoria das vezes, metade das vezes, maioria das vezes ou sempre).
Quinze, dos trinta e oito servidores, responderam o questionário que foi elaborado com a Plataforma Google Drive ® e remetido por e-mail a todos. Para comparar as respostas dos oito servidores que responderam primeiro o teste com as afirmações de contexto individual e os sete que receberam primeiro aquelas relacionadas às compras organizacionais, aplicou-se o teste de Wilcoxcon, com nível de decisão β=0,05 usando o pacote estatístico do Bio Estat ® 5.3.
Os resultados colhidos por Couto e Coelho (2015) apontaram mais homens que mulheres em cargos pesquisados, 40% dos gerentes com idades entre 30 e 39 anos, elevado nível de escolaridade e pouco mais da metade dos gestores sem cursar disciplinas com temas ambientais. Apesar de a maioria já ter participado de pelo menos um evento de capacitação em licitações, somente 33% participou de algum evento sobre compras sustentáveis. Ficou conhecido também que o IBGE tem estimulado os servidores a se qualificarem, por meio do uso de gratificações. Inferiu-se ainda que o IBGE vem destinando os cargos de gestores e pregoeiros a pessoas mais capacitadas, teoricamente, uma vez que 73% dos entrevistados tinham cargos de nível superior.
Pela análise dos resultados do efeito de ordem, entendeu-se que ela influiu em apenas duas respostas aos questionamentos de consumo individual: uma sobre a preferência de desligar ou não os aparelhos em vez de deixá-los no stand-by quando não usados e outra sobre a compra de produtos com especificações que exigissem certificação ambiental. Já em relação ao consumo da organização, não houve diferenças.
Em se tratando de critérios escolhidos, as respostas aos questionamentos mostraram que o fator preço é relevante tanto individualmente quanto para a organização, o tempo no processo de decisão para compras organizacionais é maior do que o tempo gasto em compras individuais e os fatores ambientais são considerados com maior atenção na aquisição de produtos para o setor público. Isso se deve à restrição de leis perante às alternativas oferecidas nas licitações (segundo o menor preço ou técnica e preço e não preferência por marcas) e às ações de incentivo à sustentabilidade (as campanhas desenvolvidas dentro do IBGE para mudanças de hábitos, redução de consumo, exigência de uso de álcool nos automóveis da administração e compra de recipientes de descarte de pilhas e baterias e lixeiras de coleta coletiva).
Foi notado que, ainda assim, alguns comportamentos respeitosos ao meio-ambiente, com efeitos de longo prazo, não foram adotados como costumes; haveria, portanto, necessidade de criação de projetos para majorar o valor das implicações ambientais a longo prazo e indicar os lucros sociais da implantação das práticas de modo efetivo. Incentivos sozinhos têm efeitos maiores que o feedback avulso e incentivos somados a reações têm efeitos mais próximos e duráveis. Usar implicações mais imediatas pode aumentar a constância dos comportamentos pró-ambientais e viabilizar as consequências de longo prazo.
A conclusão a que Couto e Coelho (2015) chegaram também aponta a gestão como sendo o maior desafio para a prática da política pública de compras sustentáveis, e não o ambiente jurídico, pois as iniciativas das instituições, a exemplo do que foi feito no IBGE, podem superar as restrições impostas na legislação estimulando comportamentos sustentáveis.
Sugestiona-se a pesquisas futuras uma relação entre diferentes organizações e a medição da conexão entre as respostas aos questionamentos e os comportamentos reais organizacionais e individuais, assim como a análise sobre o papel das consequências utilitárias e informativas.
LOCAL: Rev. Adm. Pública — Rio de Janeiro 49(2):519-543, mar./abr. 2015
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
COUTO, Hugo Leonnardo Gomides do; COELHO, Cristiano. Fatorescríticos no comportamento do gestor público responsável por compras sustentáveis: diferenças entre consumo individual e organizacional. Rev. Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n.2, p. 315-336, mar./abr. 2015.
FOXALL, Gordon. R. Understanding consumer choice. Palgrave McMillian: Hampshire, 2005. 
FOXALL, Gordon R. et al. Consumer behavior analysis and social marketing: the case of environ¬mental conservation. Behavior and Social Issues, v. 15, n. 1, p. 101-124, 2006.
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