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P á g i n a | 1 2014 | Manoela Letícia de Oliveira Carolino Prof. José Costa Transc. Manoela Oliveira Carolino Considera-se homem adultos – Após a adolescência e antes dos 59 anos. A passagem da fase adulta para idosa é fixa e se dá aos 60 anos. Porém a passagem da adolescência para a idade adulta é mais variável, pois a adolescência é uma fase comportamental – mas via de regra aos 20-25 anos a pessoa entra na fase adulta. Esse paciente não frequenta muito a UBS pois o homem geralmente não tem muitas queixas, não tem muito tempo e por personalidade também acaba não indo. A Política Nacional de atenção Integral à Saúde do Homem é uma política que busca modifica essa realidade de não-procura do serviço de saúde pelo homem. Busca-se incentivar o homem a melhorar a saúde o aproximando da ESF. A ação integral engloba desde a promoção da saúde (que é a fase de maior sucesso), prevenção, tratamento e recuperação. A política propõem medidas de gestão, administração e planejamento em todos os tipos de assistência. Precisa-se conhecer a população que se está buscando atingir. Para isso buscamos informações no IBGE. O censo é um serviço constante, ele acontece de 10 em 10 anos e no período entre a coleta de dados são realizados estudos com os dados adquiridos. A atual pirâmide brasileira tem base estreita, corpo gordinho e um ápice começando a encher. Está, portanto, em um nível de desenvolvimento bem avançado. A pirâmide atual é muito boa, o único problema é a base estreita que significa que as pessoas não estão vivendo tanto. A princípio nota-se que o Brasil tem, de 0 a 4 anos, 3,07% de homens e 3,06% de mulheres. Há mais homens que mulheres. Isso é constante em todas as populações: Sempre nascem mais homens que mulheres na proporção 1,1 : 1 embora ninguém saída o motivo. Com o avançar da idade, na faixa de 20 a 24 anos, já uma diminuição do número de homens, que se iguala ao número de mulheres. De 25 a 29 anos, já passa a ter mais mulheres que homens e a partir de então, em todas as faixas etárias subsequentes, há mais mulheres que homens. Há uma inversão (Será que estamos sendo invadidos por aliens disfarçados de mulheres?). Acontece que os homens morrem mais que as mulheres, e isso é tão importante que hoje, a mulher vive em média 6 anos a mais que os homens. Para que os homens alcancem a média de vida das mulheres (recuperem os 6 anos) é preciso 20 anos de evolução. Acima de 95 anos já há, praticamente, 2 mulheres para cada homem. Quando se soma tudo, há 51% de mulheres e 49% de homens. Uma diferença estatisticamente irrelevante. Mas considerando a reversão na porcentagem e a expectativa de vida esse número torna-se muito relevante. P á g i n a | 2 2014 | Manoela Letícia de Oliveira Carolino Analisando a pirâmide atual e a pirâmide de 1960 nota-se que a população da década de 60 tinha muito mais filhos que a atual. Hoje a taxa de fecundidade é de 1,7 filhos sendo que, para que a população se mantivesse a mesma, a taxa de fecundidade deveria ser de 2,1 devido a proporção de crianças e pessoas que morrem de causas não preveniveis. Como consequência a base da pirâmide está se estreitando. Hoje a população é em sua maioria entre 15 e 35 anos – É o maior número de jovens que o Brasil já teve na história, pois quando as crianças de hoje chegarem aos 15 elas serão bem menos numerosas do que somos hoje. Atualmente estamos em uma situação em que não há necessidade de construir novas escolas, pois irá sobrar vagas. Em contrapartida, quando a população jovem atual chegar a velhice não haverá estrutura para receber a população idosa. Esse problema acontece hoje na Grécia e em regra o país quebra – por exemplo, quem paga a aposentadoria dos idosos de hoje somos nós, os adultos, pois a previdência é solidária – pagamos para os idosos de hoje para que os adultos de amanhã paguem a nossa. Quando a população jovem atual envelhecer, não haverá adultos suficientes para pagar as nossas aposentadorias. – há países em que as pessoas se aposentam com 80 anos pois não há como manter a Previdência Social funcionando com aposentados de 60-65 anos. Em prudente, somos 207 mil habitantes, sendo que dessas 107mil são mulheres e 99mil são homens (Não sei onde o Dr. José colocou as mil que faltaram). São então, 52% de mulheres e 48% de homens. Prudente tem, portanto, características mais avançadas que a do Brasil – o ápice é mais cheio – e tem característica de países intermediários da Europa. A pirâmide é mais desenvolvida por causa da condição socioeconômica melhor há mais tempo – Idade média maior, mortalidade infantil menos, mortalidade materna razoável, etc. – a população, portanto, envelheça mais. A inversão da proporção de gêneros na população nos faz questionar se existe diferença entre a mortalidade de homens e mulheres, e quem morre mais cedo. Para responder essas questões busca-se informações no Data-SUS ou E-SUS. Lá encontramos números de óbitos por idade. Para dividir a população por faixas etárias, deve-se considerar duas classes de idosos: Idosos-Jovens (60-80 anos) e Idosos-Idosos (mais de 80 anos) pois as preocupações são diferentes, as doenças que acometem essas classes são diferentes. De 0-9 anos morrem 2,38% das mulheres e 3,32% dos homens. Mesmo na infância morrem mais homens que mulheres. Por quê? Não existem doenças que expliquem essa morte maior de homens. Explica-se essa morte por questões culturais, de criação de meninos e meninas. Por exemplo, meninos de 7 anos tem mais liberdade que as meninas da mesma idade – ele pode ir mais longe, ficar mais tempo fora de casa... - a preocupação com a menina é sempre maior. A diferença está no cuidado oferecido à criança que permite mais acidentes com os meninos que com as meninas. ISSO É UMA INIQUIDADE (Iniquidade é uma diferença relevante, injusta e que se repete – está acontecendo há muitas gerações e não está mudando). Na adolescência, que considerou-se de 10 a 25 anos, é a fase que menos morre gente: 0,63% das meninas e 2,31% dos meninos. Porém é a fase com maior discrepância entre o número de mortes: praticamente 4:1. As doenças nessa fase da idade são raras – são doenças que não causam relevância estatística. As principais causas de mortes em adolescentes no Brasil estão classificadas P á g i n a | 3 2014 | Manoela Letícia de Oliveira Carolino no grupo de “Causas externas” – que inclui acidentes de trânsito (2ª maior causa) e homicídio (1ª causa de mortes). Os homicídios tem um ambiente muito comum para acontecer: No boteco, de madrugada e na periferia – esse ambiente é praticamente frequentado exclusivamente por homens. Em muitas cidades é proibido o funcionamento de botecos após as 23:00horas. Os adolescentes acabam bebendo muito e causando brigas e, com o fácil acesso a armas, acabam causando homicídio. A arma de fogo é a principal causa de morte e atinge muito mais homens que mulheres. No Brasil morrem, por dia, assassinados 180 pessoas – em regra, jovens. A 2ª causa de mortes entre jovens são os acidentes de transporte, que também afeta mais homens – o homem tem um sentimento de invulnerabilidade e isso faz com que ele se exponha a mais riscos ao passo que a mulher é mais cautelosa. Isso ocorre na moto, carro e qualquer outro veículo. A mulher quando morre de acidente de trânsito, geralmente é carona. Mulheres quando andam de moto são extremamente cautelosas. Em acidentes de trânsito morrem 6 homens para cada mulher. A morte de pedestres tem diminuído devido a lei seca e obrigatoriedade do uso de segurança. Em contrapartida a morte de ciclistas vem aumentando e os ciclistas ainda assim se arriscam cada vez mais. A terceira causa de morte de jovensé o suicídio. E mais uma vez, quem morre mais são os homens. As mulheres tentam 7x mais que os homens, mas os homens são melhores sucedidos (Eita porra. Até no que são melhores, são piores). Isso ocorre porque as mulheres tentam, geralmente, suicídio com remédios (que em alguns casos podem ser revertidos). O homem geralmente provoca o próprio enforcamento (90% dos casos). O pico de suicídio é aos 22 anos e nas outras faixas etárias acima de 15 anos são níveis constantes. Na fase adulta (de 25 a 59 anos) são 11% de morte das mulheres contra 22% dos homens. No início da fase adulta as causas mais importantes ainda são as causas externas mas essas causas começam a ficar menos importantes com o passar dos anos as causas principais de morte são outras. Aos 40-50 anos a principal causa passa a ser doenças cardiovasculares – A mais prevalente é o AVC e a segunda mais prevalente é o Infarto sendo que em outros países do mundo essa relação é o contrário pois o AVC é mais previnível que o infarto, porém, nossa prevenção não é tão efetiva. Os fatores de risco para essas doenças são: Hipertensão: Para controlar deve-se trabalhar a alimentação (e o homem se alimenta pior do que a mulher); realização de atividade física (e mulheres tem mais atividade física que o homem, principalmente porque homens geralmente fazem só a “pelada do fim de semana” e não o recomendado que é 150minutos dividido em pelo menos 3x por semana - alias... a pelada de fim de semana é pior e geralmente causa o infarto); Além disso a HAS é uma doença silenciosa e tem indicação de rastreamento em toda a população. O problema é que os homens não vão na ESF pois no Brasil a maior parte dos homens são chefes de família e ele se sente na obrigação de passar a imagem de que está bem e, portanto, não são diagnosticado. “Nossos postos de saúde tem imagem de postos de doentes” portanto os homens não o procuram porque não se consideram doentes. Em Prudente e na maioria do Brasil as pessoas economicamente ativas vivem de serviços (marceneiro, lanterneiro, etc.) e recebem por dia de serviço. Nessas circunstancias não é viável o homem perder o dia de trabalho para ir a ESF. O paciente acaba, indiretamente, pagando pela consulta. Enquanto não for viável o atendimento para esse paciente em no máximo uma hora ele acabará não vindo. Desenvolver atendimento em horários diferenciados é uma opção. Cada ESF cuida de aproximadamente 3000 pessoas e o número de pacientes cadastradas como HAS é de aproximadamente 80 pessoas. Se P á g i n a | 4 2014 | Manoela Letícia de Oliveira Carolino considerarmos que a prevalência de HAS é aproximadamente 30% deveriam ter 900 pessoas cadastradas. Isso significa que a maioria das pessoas não sabem que tem HAS. Outra causa de morte em adultos maduros e idosos-jovens são as neoplasias. A neoplasia que mais mata no Brasil é a neoplasia de Traqueia, brônquios e pulmões e está intimamente relacionado ao tabagismo (e o homem fuma mais que a mulher) – essas neoplasias são muito graves e geralmente levam a morte. Em segundo lugar, o câncer de próstata que deveria ser prevenível, mas não é porque o homem não frequenta a ESF e, portanto, não faz prevenção. O terceiro câncer que mais mata é o de estômago que se relaciona intimamente com o consumo de álcool (homens bebem mais que mulheres). Quarto lugar é esôfago. Em quinto lugar está o câncer de cólon (mesmo que a mulher tenha mais constipação – que é o principal fator de câncer de cólon que o homem – a alimentação do homem é tão péssima que consegue reverter as estatísticas). Em termos de neoplasias, todas são passíveis de prevenção – a última a ser considerada passível de prevenção foi o câncer de mama mas já foi provado que pode ser prevenida. (Embora existe carga genética para o câncer de mama, em comparação com o efeito da alimentação saudável e atividade física a genética é pouco importante). No homem os principais câncer estão relacionados ao tabagismo e etilismo. Outra causa de morte são as doenças do aparelho digestivo: Cirrose e hepatite. A maioria das doenças são causadas pelo etilismo. As doenças pulmonares também são altamente prevalentes e sua etiologia é o tabagismo (especialmente exacerbações de DPOC). Em idosos, repete-se o ocorrido na fase adulta. Morrem 71% dos homens e 50% das mulheres. Sendo que acima de 80 anos morrem 35% das mulheres e apenas 2,35% dos homes (morrem menos homens, porque já morreram todos). A expectativa de vida do brasileiro hoje é de 74 anos sendo que as mulheres vivem até 77 anos e os homens até 71 anos em média. Para reverter esse quadro de iniquidades o governo criou a Política Nacional de atenção Integral à Saúde do Homem. O homem tem que ser informado do exposto. Orientar o paciente é essencial. A ideia é provar que o estilo de vida dele está errado. Já pacientes que tem consciência e querem melhor, cabe a nós guia-los rumo a um novo estilo de vida. “Primeiro tem que convencer o paciente e depois orientar as atividades corretas.” Muitas vezes o paciente já sabe o correto e tem uma alimentação adequada. Deve-se abordar o paciente de acordo com o nível de conhecimento dele.
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