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Iran Barros da Silva Matricula 201408273829 – prática simulada I – caso 2 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA...........VARA CÍVEL DA COMARCA DE ITABUNA DO ESTADO DA BAHIA JOANA, brasileira, solteira, técnico em contabilidade, portadora da i- dentidade nº....., expedida pelo........, inscrita no CPF sob o nº......., residente e domicili-ada à rua......, nº......., Itabuna/BA, CEP nº........, endereço eletrônico:........, vem por seu Advogado......., inscrito na OAB nº.........., endereço profissional à rua....., nº......., cidade ......., estado......, CEP nº......, Email:........, conforme Art. 77, V – CPC, vem propor a pre- sente. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO Pelo rito comum, em face de JOAQUIM, nacionalidade.........., estado civil......., profissão......., portador da identidade nº........, expedido pelo......., inscrito no CPF sob o nº......., residente e domiciliado à rua......., nº........, cidade......., estado........., endereço eletrônico:........., pelos fatos e fundamentos que passa a expor: 01.DA AUDIÊNCIA A parte Autora manifesta seu interesse pela realização de audiên-cia de conciliação na amplitude do Art. 334 – CPC. 02. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Requer a autora o deferimento a gratuidade de justiça, conforme Art. 8, I- CPC, por não ter condições financeiras de arca com as custas processuais e honorários advogatícios, sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família. 03. DOS FATOS Trata-se, do caso em que Marcos no dia 20/12/2016, foi preso de forma ilegal e encaminhado equivocadamente ao presídio xxx. No mesmo dia, Joana sua mãe, recebe notícia de sua prisão e procurou imediatamente um advogado criminalista para atuar no caso, o profissional cobrou honorários no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Joana ao chegar em casa, comenta com seu vizinho Joaquim a situação do filho, Joaquim vendo a situação de desespero de Joana, propôs a compra de seu carro no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sendo o valor do carro no mer- cado no importe de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Joana, no desespero, resolve celebrar o negócio jurídico, antes de procurar o advogado para o contratar, descobre, que a avó paterna de seu filho ti- nha contratado um advogado criminalista, para atuar no caso e o mesmo havia conse-guido a liberdade de seu filho através de um Harbeas Corpus. A Autora então, procura o Srº Joaquim, para o desfazimento do negócio jurídico realizado entre eles, entretanto, Joaquim informou que não pretende desfazer o negócio. 04. DOS DIREITOS Dos fatos, restou provado que o réu, beneficiando-se da pre- mente necessidade da autora em socorrer o filho que estava preso, induziu-a a vender seu automóvel por preço muito inferior ao valor de mercado. A- giu ardilosamente e ilicitamente, viciando o negócio jurídico celebrado, cau-sando lesão ao patrimônio da autora. Neste sentido, a ilustre professora, Maria Helena Diniz lesi- ona: o instituto da lesão tem o escopo de “proteger o contratante, que se encon tra em posição de inferioridade, ante o prejuízo por ele sofrido na conclusão do contrato, devido à desproporção existente entre as prestações das duas partes” exemplificando com a situação da pessoa que, na iminência de ser despejada do imóvel onde reside, necessitando achar outro lugar para abrigar sua famíli- a, aceita pagar valor exorbitante a título de aluguel, em outro imóvel. ( Curso de Direito Civil Brasileiro, op. Cit., p. 398). Dispõe o CC, art. 145 que: “São os negócios jurídicos anulá- veis por dolo, quando este for a sua causa”. Tem-se aqui o dolo principal, o qual, para a doutrinadora Maria Helena Diniz, “o dolo principal é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído CC art 145, acarretando, então, a anulabilidade daquele negócio” (2004, p. 418). Pode- mos concluir, portanto, que o dolo é essencial, sem o qual o negócio não se concretizaria, sendo a anulação do negócio plenamente válida. Por sua vez, dispõe o art. 147, do mesmo diploma legal: “Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a res- peito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado”. Também o art. 171, II, do CC, verbis: “Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negó- cio jurídico: (...) II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou frau- de contra credores”. Ora, não há dúvida de que o réu agiu dolosamente, aprovei- tou-se do desespero de uma mãe ao ver o filho preso, e ofertou-lhe exatamente o montante que a autora necessitava para contratar um Advogado Criminalis- ta, quando sabedor que o veículo da autora, no mercado, alcançava o valor de cerca de R$ 50.000,00. Havendo o dolo, não há como manter o negócio jurídi- co celebrado entre as partes litigantes. Como é de sobejo conhecimento, o Código Civil não define dolo, mas para compreendê-lo, traz-se definição de Clóvis Beviláqua: “Dolo é artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a ter- ceiro”. Pode-se dizer que dolo é qualquer meio utilizado intencionalmente pa- ra induzir ou manter alguém em erro na prática de um ato jurídico, amoldan- do-se ao caso sub judice. Maria Helena Diniz, citando Clóvis Beviláqua, leciona: “Pa- rece-nos contudo que a razão está com Clóvis, pois além de que, na prática, ocorre uma correspondência entre a vantagem auferida pelo autor do dolo e um prejuízo patrimonial sofrido pela outra parte, há, virtualmente, um pre-juízo moral pelo simples fato de alguém ser induzido a efetivar negócio jurí- dico por manobras maliciosas que afetaram sua vontade”. (2004, p. 417). Ora, é certo que não era da vontade da autora vender seu veículo naquele mo-mento, e por aquele preço. O réu, repita-se, maliciosa e dolosamente, estimu-lou a autora a vender-lhe o veículo exatamente pelo valor que necessitava. A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do RJ também é pacífica ao determinar: DES (a). DENISE LEVY TREDLER - JULGAMENTO: 01/12/2010 - DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO, CUJO PEDIDO É CUMULADO COM OS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. ACIDENTE NO INTERIOR DE COLETIVO DE PROPRIEDADE DA RÉ, QUE VITIMOU A AUTORA, PASSAGEIRA DO ÔNIBUS. ACORDO EXTRAJUDICIAL CELEBRADO PELAS PARTES PARA A COMPOSIÇÃO DOS DANOS. TRANSAÇÃO PREJUDICIAL À VÍTIMA, HAJA VISTA O VALOR IRRISÓRIO PAGO A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO. EXISTÊNCIA DE LESÃO (...) Assim, está claro que o contrato foi celebrado com vício de consentimento, caracterizado pela “lesão”, ou seja, o valor era desproporcional em relação ao real preço do bem móvel. Analisando sob essa ótica, o réu estari- a colhendo para si vantagem ilícita, ao passo que o patrimônio da autoria so- freria prejuízos em prol da salvaguarda do seu filho. Dessa forma, é possível a anulabilidade do contrato pela in-teligência dos dispositivos trazidos à colação, dada aineficácia causada pelo ví-cio do ato arquitetado pelo réu, que culminou em diminuição do patrimônio da autora. Com a anulação do negócio jurídico em questão, a autora devolverá ao réu o valor pago por este. 04. DO PEDIDO Requer a Autora a V. Exa.: a) a designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu para o seu comparecimento; b) citação do réu para integrar a relação processual; c) a procedência do pedido da autora para anular o negócio jurídico entabula- do pelas partes; d) a condenação do réu nos ônus sucumbência. 05. DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental super- veniente, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do réu. 06. DO VALOR DA CAUSA Dá–se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte e mil reais), nos termos do art. 292, I, do CPC. Termos em que Pede deferimento. Itabuna/BA, ......../........./.......... ADVOGADO OAB/...........
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