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Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 41 - Suplemento 01 - 2012 21 ATUALIZAÇÃO EM CUIDADOS DE FERIDA COM CURATIVO À VÁCUO UPDATED ON WOUND CARE WITH VACUUM THERAPY IVAN MALUF JR1, BRUNO CESAR LEGNANI2, ADRIANA SAYURI KUROGI1, GUATAÇARA SCHENFELDER SALLES JUNIOR3, MARLON AUGUSTO CAMARA LOPES1 RESUMO O uso da pressão negativa para o tratamento de feridas é uma modalidade abundantemente utilizada e explorada nos últimos 1520 anos desde seus primeiros relatos de uso.¹ O objetivo deste estudo é mostrar a experiência do grupo de feridas complexas do Hospital de Clinicas e do Hospital do Trabalhador de Curitiba no período de janeiro de 2010 a junho de 2011 com o curativo à vácuo. Conclusão: A prática clínica tem mostrado resultados superiores do curativo à vacuo quando comparado aos tratamentos convencionais, e ao que tudo indica a terapia com pressão negativa será considerada, em breve, o curativo padrão ouro no manejo das feridas complexas. DESCRITORES: 1. Curativo; 2. Vácuo; 3. Feridas. ABSTRACT The use of negative pressure wound treatment is a modality abundantly used and exploited in the past 1520 years since its first use reports. ¹ The objective of this study is to show the experience of the group of complex wounds of the Hospital Clinics and Hospital Workers in Curitiba from January 2010 to June 2011 with the dressing to the a vacuum. Conclusion: Clinical practice has shown superior results when the dressing to the vacuum compared to conventional treatments, and the results indicate that the negative pressure therapy will be considered in Soon, the gold standard dressing in the management of complex wounds. KEYWORDS: 1. Therapy; 2. Vacuum; 3. Wound. INTRODUÇÃO O uso da pressão negativa para o tratamento de feridas é uma modalidade abundantemente utilizada e explorada nos últimos 1520 anos desde seus primeiros relatos de uso.¹ O aumento crescente de feridas complexas e crônicas avaliadas por cirurgiões e clínicos resultam de mudanças demográficas decorrentes do aumento da sobrevida em doenças crônicas, envelhecimento populacional, obesidade, diabetes mellitus entre outros. Conjuntamente com esses fatores destacamse avanços no manejo dos politraumatizados, dos grandes queimados, do uso da radiação, o que contribui para o aumento na complexidade das feridas.² OBJETIVO O objetivo deste estudo é mostrar a experiência do grupo de feridas complexas do Hospital de Clinicas e do Hospital do Trabalhador de Curitiba no período de janeiro de 2010 a junho de 2011 com o curativo à vácuo. MÉTODOS O uso dessa modalidade pode ser recomendada para todos os tipos de feridas crônicas e agudas para acelerar o processo de cicatrização, destacando o seu uso nas feridas resultantes do pé diabético, úlceras de pressão, incisões cirúrgicas, trauma, queimaduras, fasceíte necrotizante, feridas infectadas do esterno e após a realização de enxertos. A duração da terapia varia de dias a meses, dependendo do objetivo do tratamento e da etiologia da ferida.³ O tratamento baseia-se na distribuição homogênea de pressão negativa na superfície da ferida, através de um filme oclusivo associado a um material poroso conectado a uma bomba capaz de produzir 80- 125mmHg de pressão negativa.³ Através do uso desse mecanismo, é possível melhorar a homeostase da ferida, diminuir o tamanho e a complexidade da área cruenta, incrementar o aporte circulatório e angiogênese, estimular a granulação, dentre outros benefícios que ainda necessitam de estudo. RESULTADOS Em 23,08% das feridas foi utilizado o curativo a vácuo. Observou-se uma melhora significativa da ferida com o curativo a vácuo em 91,6% dos pacientes A principal indicação foram feridas decorrentes de trauma(50%), Síndrome 1. Médico Residênte em Cirurgia Plástica - HC UFPR 2. Residência em cirurgia geral - Hospital Evangélico do Paraná 3. Professor Adjunto da Diciplina de Cirurgia Plastica do HC UFPR Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 41 - Suplemento 01 - 201222 de Fournier(16,6%) e complicações de ferida operatória(16,6%). CASO 1 CASO 2 CASO 3 DISCUSSÃO Quando o fechamento definitivo da ferida não é possível, seja pelas condições clínicas do paciente ou pela extensão da ferida, a terapia de pressão negativa (TPN) visa uma cobertura temporária do local possibilitando maior taxa de sucesso no tratamento definitivo.1 Os resultados promissores da TPN levaram a uma rápida disseminação de seu uso, antes mesmo que fosse documentada sua eficácia e custo benefício através de estudos clínicos. 2,5 Esta terapêutica possui diferentes mecanismos de ação como manutenção da umidade no leito da ferida; redução do edema; incremento do fluxo sanguíneo local; estímulo da angiogênese, da formação do tecido de granulação e da proliferação celular; redução da área de superfície cruenta e da complexidade da ferida.4 As complicações pelo uso de pressão negativa relatadas são sangramento, lesão de pele e infecção3, e as contra indicações ao seu uso incluem a utilização em áreas de exposição de vasculatura, nervos, sítios anastomóticos e órgãos. A terapia deve ser iniciada após o debridamento da ferida quando este é necessário1 e o uso deve se descontinuado em caso de ocorrência de exsudato purulento.2 É reconhecido que seu uso prévio possibilita um leito melhor para o fechamento cirúrgico com enxertos pela proliferação do tecido de granulação e pela redução do tamanho da ferida. Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 41 - Suplemento 01 - 2012 23 Ainda é fator de discussão qual a intensidade da pressão negativa que deve ser utilizada, se o uso da pressão deve ser contínuo ou intermitente e qual o tipo de material deve revestir o ferimento. A recomendação feita é de ajustar a pressão de acordo com a localização e a profundidade da ferida, mas ainda faltam estudos para estabelecer uma recomendação definitiva. Já os pacientes toleram melhor o tratamento intermitente4,6. Há evidências de que esta terapia é tão eficaz ou melhor que o tratamento convencional de feridas3, especialmente em feridas crônicas como úlceras em pé diabético, úlceras venosas e úlceras de pressão.4,7 A relação custo benefício da TPN é melhor demonstrada em ocasiões nas quais o tempo de cicatrização da ferida é reduzido quando comparado ao tratamento convencional, sendo que sistemas não industrializados de pressão negativa, ou seja "feitos de forma artesanal" também são efetivos , reduzindo tempo de internamento e consequentemente gastos com medicações.3 O Food and Drug Administration (FDA) classifica o curativo à vacuo como classe II (controle especial), ou seja deve ser usado para pacientes selecionados apenas. O uso do curativo deve ser contra indicado nos casos de tecido necrótico com escara presente, osteomielite não tratada, presença de neoplasia na ferida, exposição de vasos sanguíneos ou nervos, exposição óssea ou tendinosa.8 Esta modalidade terapêutica não substitui o debridamento cirúrgico, as medidas para melhorar a circulação sanguínea e o tratamento de infecção quando estes são necessários no manejo das feridas.3 CONCLUSÃO A prática clinica tem mostrado resultados superiores do curativo à vácuo quando comparado aos tratamentos convencionais, e ao que tudo indica a terapia com pressão negativa será considerada, em breve, o curativo padrão ouro no manejo das feridas complexas. REFERÊNCIAS 1 - 1 N. Runkel et al. Evidencebased recommendations for the use of Negative Pressure Wound Therapy in traumatic wounds and reconstructive surgery: Steps towards an international consensus. Injury, Int. J. Care Injured, 2011, Volume 42, 01S12S. 2 - 2 Dennis P. Orgill, Lauren R. Bayer. Update on NegativePressure Wound Therapy.Plastic and Re- constructive Surgery, 2011, January, Volume 127, 105S115S. 3 - 3 P. Vikatmaa et al. Negative Pressure Wound Ther- apy: a Systematic Review on Effectiveness and Safety. Eur J Vasc Endovasc Surg, 2008, Volume 36, 438448. 4 - 4 C. M. Mouës et al. A review of topical negative pressure therapy in wound healing: sufficient evi- dence? The American Journal of Surgery, 2011, April, Vol 201, No 4. 5 - 5 Peinemann F, Sauerland S.Negativepressure ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA Rafael Francisco Greca, 129 - Curitiba - Ac Cep: 80620150 E-mail: bcl_legs@hotmail.com wound therapy: systematic review of random- ized controlled trials. Dtsch Arztebl Int. 2011 Jun;108(22):3819. Epub 2011 Jun 3. 6 - 6 Dunn RM, Ignotz R, Mole T, Cockwill J, Smith JM. Assessment of gauzebased negative pressure wound therapy in the splitthickness skin graft clini- cal pathwayan observational study. Eplasty. 2011 Mar 16;11:e14. 7 - 7 Zelen CM, Stover B, Nielson D, Cunningham M.A prospective study of negative pressure wound therapy with integrated irrigation for the treatment of diabetic foot ulcers. Eplasty. 2011 Feb 16;11:e5. 8 - 8 Food and Drug Administration, HHS.Medical de- vices; general and plastic surgery devices; clas- sification of nonpowered suction apparatus device intended for negative pressure wound therapy. Final rule. Fed Regist. 2010 Nov 17;75(221):701124.
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