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Introdução ao Estudo dos Contratos.pdf

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INTRODUÇÃO	
  AO	
  ESTUDO	
  DOS	
  
CONTRATOS	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
Marcelo	
  Timbó	
  Nilo	
  
	
  
	
   2	
  
Índice	
  	
  Capítulo	
  I	
  -­‐	
  Teoria	
  Geral	
  dos	
  Contratos	
  
	
  
1.	
   Introdução.	
  ..............................................................................................................................	
  7	
  
2.	
   Noções	
  gerais	
  sobre	
  as	
  obrigações.	
  .................................................................................	
  8	
  
3.	
   Situando	
  o	
  Contrato	
  dentro	
  da	
  Teoria	
  do	
  Fato	
  Jurídico.	
  .......................................	
  11	
  
4.	
   Conceito	
  de	
  Contrato.	
  ........................................................................................................	
  12	
  
5.	
   Função	
  Social	
  do	
  Contrato.	
  ..............................................................................................	
  14	
  
6.	
   O	
  Código	
  de	
  Defesa	
  do	
  Consumidor	
  e	
  o	
  Contrato.	
  ...................................................	
  16	
  
7.	
   Requisitos	
  ou	
  Condições	
  de	
  Validade	
  do	
  Contrato.	
  ................................................	
  18	
  
8.	
   Forma	
  e	
  Prova	
  do	
  contrato.	
  ............................................................................................	
  20	
  
9.	
   Princípios	
  do	
  Direito	
  Contratual.	
  .................................................................................	
  21	
  9.1.	
   Princípio	
  da	
  Autonomia	
  Privada.	
  ..........................................................................................................	
  23	
  9.2.	
   Princípio	
  da	
  Função	
  Social	
  dos	
  contratos.	
  ........................................................................................	
  25	
  9.3.	
   Princípio	
  da	
  Força	
  Obrigatória	
  do	
  Contrato	
  (pacta	
  sunt	
  servanda).	
  .....................................	
  27	
  9.4.	
   Princípio	
  da	
  Boa-­‐fé	
  Objetiva.	
  ..................................................................................................................	
  28	
  9.4.1.	
   Boa-­‐fé	
  Objetiva	
  antes,	
  durante	
  e	
  depois	
  do	
  contrato.	
  ..........................................................	
  29	
  9.4.2.	
   Desdobramentos	
  da	
  Boa-­‐fé	
  Objetiva.	
  ..........................................................................................	
  31	
  9.5.	
   Princípio	
  da	
  Relatividade	
  dos	
  Efeitos	
  Contratuais.	
  .......................................................................	
  34	
  
10.	
   Classificação	
  dos	
  Contratos.	
  ...........................................................................................	
  35	
  10.1.	
   Quanto	
  aos	
  direitos	
  e	
  deveres	
  das	
  partes	
  envolvidas.	
  ..............................................................	
  36	
  10.2.	
   Quanto	
  ao	
  sacrifício	
  patrimonial	
  das	
  partes.	
  ................................................................................	
  38	
  10.3.	
   Quanto	
  ao	
  momento	
  de	
  aperfeiçoamento	
  do	
  contrato.	
  ...........................................................	
  38	
  10.4.	
   Quanto	
  aos	
  riscos	
  que	
  envolvem	
  a	
  prestação.	
  .............................................................................	
  39	
  10.5.	
   Quanto	
  à	
  previsão	
  legal.	
  .........................................................................................................................	
  40	
  10.6.	
   Quanto	
  à	
  negociação	
  do	
  conteúdo	
  pelas	
  partes.	
  .........................................................................	
  40	
  10.7.	
   Quanto	
  à	
  presença	
  de	
  solenidades	
  ou	
  formalidades.	
  ................................................................	
  41	
  10.8.	
   Quanto	
  à	
  independência	
  contratual.	
  ................................................................................................	
  42	
  10.9.	
   Quanto	
  ao	
  momento	
  de	
  cumprimento.	
  ...........................................................................................	
  42	
  10.10.	
   Quanto	
  à	
  pessoalidade.	
  .......................................................................................................................	
  43	
  10.11.	
   Quanto	
  à	
  definitividade	
  do	
  negócio.	
  ..............................................................................................	
  43	
  
11.	
   Formação	
  dos	
  Contratos.	
  .................................................................................................	
  43	
  11.1.	
   Puntuação	
  ou	
  Negociações	
  Preliminares.	
  ......................................................................................	
  44	
  11.2.	
   Proposta,	
  Policitação	
  ou	
  Oblação.	
  ......................................................................................................	
  46	
  11.3.	
   Lugar	
  do	
  contrato.	
  ....................................................................................................................................	
  49	
  
12.	
   Estipulação	
  em	
  favor	
  de	
  terceiro.	
  .................................................................................	
  49	
  
	
   3	
  
13.	
   Promessa	
  de	
  fato	
  de	
  terceiro.	
  ........................................................................................	
  50	
  
14.	
   Vícios	
  Redibitórios.	
  ...........................................................................................................	
  51	
  
15.	
   Evicção.	
  ..................................................................................................................................	
  55	
  15.1.	
   Conceito	
  da	
  Evicção.	
  ................................................................................................................................	
  56	
  15.2.	
   Elementos	
  da	
  Evicção.	
  ............................................................................................................................	
  57	
  15.3.	
   Partes	
  da	
  Evicção.	
  .....................................................................................................................................	
  57	
  15.4.	
   Considerações	
  importantes	
  sobre	
  a	
  Evicção.	
  ...............................................................................	
  58	
  
16.	
   Contrato	
  aleatório.	
  .............................................................................................................	
  61	
  
17.	
   Contrato	
  Preliminar.	
  .........................................................................................................	
  63	
  
18.	
   Contrato	
  com	
  pessoa	
  a	
  declarar.	
  ...................................................................................	
  66	
  
19.	
   Extinção	
  do	
  Contrato.	
  ........................................................................................................	
  67	
  19.1.	
   Modalidades	
  de	
  extinção	
  contratual.	
  ...............................................................................................	
  68	
  19.2.	
   Extinção	
  por	
  causas	
  anteriores	
  à	
  celebração	
  do	
  contrato.	
  .....................................................	
  69	
  19.3.	
   Extinçãopor	
  causas	
  posteriores	
  à	
  celebração	
  do	
  contrato.	
  ...................................................	
  70	
  19.3.1.	
   Resilição.	
  ...............................................................................................................................................	
  71	
  19.3.2.	
   Resolução.	
  ............................................................................................................................................	
  72	
  19.3.3.	
   Resolução	
  por	
  onerosidade	
  excessiva.	
  ....................................................................................	
  74	
  
20.	
   Introdução.	
  ...........................................................................................................................	
  78	
  
21.	
   Da	
  Compra	
  e	
  Venda.	
  ..........................................................................................................	
  80	
  21.1.	
   Noções	
  Gerais.	
  ............................................................................................................................................	
  80	
  21.2.	
   Conceito	
  e	
  Natureza	
  Jurídica.	
  ..............................................................................................................	
  82	
  21.3.	
   Características	
  da	
  compra	
  e	
  venda.	
  ..................................................................................................	
  84	
  21.4.	
   Elementos	
  essenciais	
  da	
  compra	
  e	
  venda.	
  .....................................................................................	
  86	
  21.4.1.	
   Consentimento	
  das	
  partes.	
  ...........................................................................................................	
  86	
  21.4.2.	
   Coisa	
  (objeto	
  da	
  compra	
  e	
  venda)	
  .............................................................................................	
  88	
  21.4.3.	
   Preço.	
  ......................................................................................................................................................	
  89	
  21.4.4.	
   O	
  preço	
  e	
  o	
  contrato	
  de	
  adesão.	
  ..................................................................................................	
  91	
  21.5.	
   Efeitos	
  da	
  compra	
  e	
  venda.	
  ...................................................................................................................	
  93	
  21.6.	
   Limitações	
  à	
  autonomia	
  privada	
  na	
  compra	
  e	
  venda.	
  ..............................................................	
  95	
  21.6.1.	
   Venda	
  de	
  ascendente	
  à	
  descendente.	
  .......................................................................................	
  95	
  21.6.2.	
   Venda	
  de	
  bens	
  sob	
  administração.	
  ............................................................................................	
  98	
  21.6.3.	
   Venda	
  entre	
  cônjuges.	
  ..................................................................................................................	
  100	
  21.6.4.	
   Venda	
  de	
  coisa	
  indivisível	
  em	
  condomínio.	
  .......................................................................	
  100	
  21.7.	
   Regras	
  especiais	
  da	
  compra	
  e	
  venda	
  (vendas	
  especiais).	
  ....................................................	
  102	
  21.7.1.	
   Venda	
  por	
  amostra,	
  por	
  protótipos	
  ou	
  por	
  modelos.	
  .....................................................	
  102	
  21.7.2.	
   Vendas	
  ad	
  mensuram	
  e	
  ad	
  corpus.	
  ..........................................................................................	
  103	
  21.7.3.	
   Vendas	
  de	
  coisas	
  conjuntas.	
  ......................................................................................................	
  105	
  21.8.	
   Cláusulas	
  especiais	
  à	
  compra	
  e	
  venda.	
  .........................................................................................	
  105	
  21.8.1.	
   Cláusula	
  de	
  retrovenda.	
  ..............................................................................................................	
  106	
  21.8.2.	
   Venda	
  a	
  contento	
  ou	
  sujeita	
  à	
  prova.	
  ....................................................................................	
  108	
  21.8.3.	
   Cláusula	
  de	
  preempção	
  ou	
  preferência.	
  ...............................................................................	
  110	
  21.8.4.	
   Cláusula	
  de	
  venda	
  com	
  reserva	
  de	
  domínio.	
  ......................................................................	
  112	
  21.8.5.	
   Cláusula	
  de	
  venda	
  sobre	
  documentos.	
  .................................................................................	
  115	
  
	
   4	
  
22.	
   Da	
  Troca	
  ou	
  Permuta.	
  .....................................................................................................	
  116	
  
23.	
   Do	
  Contrato	
  Estimatório	
  ou	
  Venda	
  em	
  Consignação.	
  ..........................................	
  118	
  
24.	
   Doação.	
  ................................................................................................................................	
  120	
  24.1.	
   Noções	
  conceituais.	
  ...............................................................................................................................	
  121	
  24.2.	
   Elementos	
  da	
  Doação.	
  ..........................................................................................................................	
  123	
  24.3.	
   Espécies	
  de	
  doação.	
  ..............................................................................................................................	
  126	
  24.3.1.	
   Doação	
  contemplativa	
  ou	
  meritória.	
  .....................................................................................	
  126	
  24.3.2.	
   Doação	
  remuneratória.	
  ...............................................................................................................	
  127	
  24.3.3.	
   Doação	
  com	
  encargo	
  ou	
  onerosa.	
  ...........................................................................................	
  127	
  24.3.4.	
   Doação	
  a	
  nascituro.	
  .......................................................................................................................	
  128	
  24.3.5.	
   Doação	
  de	
  ascendentes	
  a	
  descendentes	
  e	
  doação	
  entre	
  cônjuges.	
  ..........................	
  129	
  24.3.6.	
   Doação	
  sob	
  forma	
  de	
  subvenção	
  periódica.	
  .......................................................................	
  131	
  24.3.7.	
   Doação	
  em	
  contemplação	
  de	
  casamento	
  futuro.	
  ..............................................................	
  131	
  24.3.8.	
   Doação	
  com	
  cláusula	
  de	
  reversão.	
  ..........................................................................................	
  132	
  24.3.9.	
   Doação	
  universal.	
  ...........................................................................................................................	
  132	
  24.3.10.	
   Doação	
  inoficiosa.	
  .......................................................................................................................	
  133	
  24.3.11.	
   Doação	
  do	
  cônjuge	
  adúltero	
  ao	
  seu	
  cúmplice.	
  ................................................................	
  134	
  24.3.12.	
   Doação	
  conjuntiva.	
  .....................................................................................................................136	
  24.3.13.	
   Doação	
  à	
  entidade	
  futura.	
  ........................................................................................................	
  136	
  24.4.	
   Regras	
  especiais	
  da	
  doação.	
  ..............................................................................................................	
  137	
  24.5.	
   Revogação	
  da	
  doação.	
  ..........................................................................................................................	
  138	
  
25.	
   Da	
  Locação	
  de	
  Coisas	
  no	
  Código	
  Civil.	
  .......................................................................	
  140	
  
26.	
   Do	
  Empréstimo.	
  ................................................................................................................	
  146	
  26.1.	
   Do	
  Comodato.	
  ..........................................................................................................................................	
  147	
  26.2.	
   Do	
  Mútuo.	
  ..................................................................................................................................................	
  152	
  
27.	
   Da	
  prestação	
  de	
  serviço.	
  ................................................................................................	
  157	
  
28.	
   Da	
  Empreitada.	
  .................................................................................................................	
  166	
  
29.	
   Do	
  Depósito.	
  .......................................................................................................................	
  173	
  29.1.	
   Regras	
  especiais	
  do	
  depósito	
  voluntário	
  ou	
  convencional.	
  .................................................	
  175	
  29.2.	
   Regras	
  especiais	
  do	
  depósito	
  necessário.	
  ...................................................................................	
  179	
  29.3.	
   Do	
  depositário	
  infiel.	
  ............................................................................................................................	
  180	
  
30.	
   Do	
  Mandato.	
  .......................................................................................................................	
  183	
  30.1.	
   Considerações	
  iniciais.	
  ........................................................................................................................	
  183	
  30.2.	
   Conceito.	
  ....................................................................................................................................................	
  184	
  30.3.	
   Diferenciação	
  entre	
  mandato,	
  representação	
  e	
  procuração.	
  ..............................................	
  187	
  30.4.	
   Características.	
  .......................................................................................................................................	
  192	
  30.5.	
   Mandato	
  e	
  contratos	
  afins.	
  ................................................................................................................	
  193	
  30.6.	
   Regras	
  gerais	
  do	
  mandato.	
  ................................................................................................................	
  194	
  30.7.	
   Obrigações	
  do	
  mandatário.	
  ...............................................................................................................	
  196	
  30.8.	
   Obrigações	
  do	
  mandante.	
  ...................................................................................................................	
  198	
  30.9.	
   Do	
  substabelecimento.	
  ........................................................................................................................	
  200	
  30.10.	
   Da	
  extinção	
  do	
  mandato.	
  .................................................................................................................	
  202	
  
	
   5	
  
31.	
   Da	
  Comissão.	
  ......................................................................................................................	
  206	
  31.1.	
   Conceito.	
  ....................................................................................................................................................	
  207	
  31.2.	
   Características.	
  .......................................................................................................................................	
  208	
  31.3.	
   Figuras	
  contratuais	
  correlatas.	
  ........................................................................................................	
  209	
  31.4.	
   Espécies	
  de	
  comissão.	
  ..........................................................................................................................	
  210	
  31.5.	
   Relação	
  de	
  emprego	
  e	
  comissão.	
  ....................................................................................................	
  211	
  31.6.	
   Regras	
  gerais	
  da	
  comissão.	
  ................................................................................................................	
  212	
  
32.	
   Da	
  Agência	
  e	
  Distribuição.	
  ............................................................................................	
  214	
  32.1.	
   Conceito.	
  ....................................................................................................................................................	
  214	
  32.2.	
   Características.	
  .......................................................................................................................................	
  216	
  32.3.	
   Contratos	
  correlatos.	
  ............................................................................................................................	
  217	
  32.4.	
   Regras	
  gerais	
  da	
  agência	
  e	
  distribuição.	
  ......................................................................................	
  219	
  
33.	
   Da	
  Corretagem.	
  .................................................................................................................	
  224	
  33.1.	
   Conceito.	
  ....................................................................................................................................................	
  224	
  33.2.	
   Características.	
  .......................................................................................................................................	
  226	
  33.3.	
   Categorias	
  de	
  corretores.	
  ...................................................................................................................	
  227	
  33.4.	
   Regras	
  da	
  corretagem.	
  .........................................................................................................................	
  228	
  
34.	
   Do	
  Transporte.	
  ..................................................................................................................	
  231	
  34.1.	
   Conceito.	
  ....................................................................................................................................................	
  232	
  34.2.	
   Características.	
  .......................................................................................................................................	
  233	
  34.3.	
   Regras	
  gerais	
  do	
  transporte.	
  .............................................................................................................	
  233	
  34.4.	
   Do	
  transporte	
  de	
  pessoas.	
  ..................................................................................................................	
  235	
  34.5.Do	
  transporte	
  de	
  coisas.	
  .....................................................................................................................	
  240	
  
35.	
   Do	
  Seguro.	
  ...........................................................................................................................	
  244	
  35.1.	
   Noções	
  preliminares.	
  ...........................................................................................................................	
  244	
  35.2.	
   Conceito.	
  ....................................................................................................................................................	
  245	
  35.3.	
   Regras	
  gerais.	
  ..........................................................................................................................................	
  248	
  35.4.	
   Do	
  seguro	
  de	
  dano.	
  ................................................................................................................................	
  255	
  35.5.	
   Do	
  seguro	
  de	
  pessoa.	
  ............................................................................................................................	
  262	
  
36.	
   Da	
  Fiança.	
  ............................................................................................................................	
  268	
  36.1.	
   Noções	
  preliminares	
  e	
  conceito.	
  .....................................................................................................	
  268	
  36.2.	
   Espécies,	
  objeto	
  e	
  regras	
  da	
  fiança.	
  ...............................................................................................	
  270	
  36.3.	
   Extinção	
  da	
  fiança.	
  .................................................................................................................................	
  272	
  
37.	
   Da	
  Edição.	
  ...........................................................................................................................	
  273	
  37.1.	
   Noções	
  preliminares.	
  ...........................................................................................................................	
  273	
  37.2.	
   Características,	
  regras	
  gerais	
  e	
  extinção	
  do	
  contrato	
  de	
  edição.	
  ......................................	
  276	
  
Referências	
  Bibliográficas.	
  ...................................................................................................	
  284	
  
	
  
	
  
	
  
	
   6	
  
NOTA	
  DO	
  AUTOR	
  
	
  	
   	
   	
  	
  	
  	
  	
   	
   Este	
   texto	
   é	
   uma	
   ferramenta	
   introdutória	
   para	
   aquele	
   que	
   deseja	
   uma	
  abordagem	
   objetiva	
   do	
   tema	
   Contratos,	
   com	
   linguagem	
   simples,	
   sem	
   abrir	
   mão	
   da	
  indispensável	
  qualidade	
  doutrinária.	
  	
   	
   A	
   idéia	
   é	
   proporcionar	
   uma	
   visão	
   geral	
   capaz	
   de	
   nortear,	
   de	
   modo	
  conciso,	
  a	
  iniciação	
  do	
  acadêmico	
  na	
  disciplina,	
  abordando	
  as	
  questões	
  mais	
  relevantes	
  e	
  recorrentes	
  nos	
  meios	
  jurídicos.	
  	
   	
   Desde	
  já,	
  quero	
  deixar	
  meu	
  profundo	
  agradecimento	
  aos	
  professores	
  que	
  me	
   influenciaram	
   diretamente	
   na	
   paixão	
   pelo	
   estudo	
   deste	
   tema,	
   em	
   especial,	
   aos	
  professores	
   Araken	
   de	
   Assis,	
   Carlos	
   Roberto	
   Gonçalves,	
   Cristiano	
   Chaves	
   de	
   Farias,	
  Flávio	
  Tartuce,	
   José	
  de	
  Oliveira	
  Ascensão,	
  Maria	
  Helena	
  Diniz,	
  Milton	
  Tavares,	
  Nelson	
  Rosenvald,	
   Orlando	
   Gomes,	
   Pablo	
   Stolze	
   Gagliano,	
   Rodolfo	
   Pamplona	
   Filho	
   e	
   Silvio	
  Rodrigues.	
   Para	
   aprofundamento	
   do	
   tema,	
   a	
   leitura	
   dos	
   mencionados	
   autores	
   é	
  indispensável.	
  Obrigado,	
  mestres!	
  	
   Salvador,	
  janeiro	
  de	
  2017.	
  	
  
Marcelo	
  Timbó	
  Nilo.	
  	
  	
  	
  	
  
	
   7	
  
Capítulo	
  I.	
  	
  
Teoria	
  Geral	
  dos	
  Contratos.	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
1. Introdução.	
  	
   O	
   presente	
   estudo	
   do	
   tema	
   Contratos	
   será	
   dividido	
   em	
   duas	
   partes.	
  Seguindo	
  o	
  método	
  adotado	
  na	
  maioria	
  dos	
  ordenamentos	
  e	
  no	
  Código	
  Civil	
   vigente,	
  Lei	
  n.	
  10.406,	
  de	
  10	
  de	
  janeiro	
  de	
  2002,	
  a	
  primeira	
  parte	
  do	
  trabalho	
  será	
  dedicada	
  ao	
  estudo	
  da	
  Teoria	
  Geral	
  dos	
  Contratos	
  e	
  a	
  segunda	
  parte	
  aos	
  Contratos	
  em	
  Espécie.	
  Da	
   leitura	
   do	
   próprio	
   Código	
   Civil,	
   podemos	
   observar	
   que	
   o	
   tema	
  
Contratos	
  está	
  inserido	
  dentro	
  do	
  Livro	
  Do	
  Direito	
  das	
  Obrigações,	
  comprovando	
  que	
  o	
  Contrato	
  é,	
  sem	
  sombra	
  de	
  dúvidas,	
  uma	
  espécie	
  de	
  obrigação,	
  a	
  mais	
  comum	
  e	
  mais	
  relevante	
  de	
  todas.	
  	
  Bom	
  lembrar	
  	
  que	
   há	
   ainda	
   outras	
   espécies	
   de	
   atos	
   obrigacionais	
  tratados	
  no	
  nosso	
  Código	
  Civil,	
   tais	
  como	
  os	
  atos	
  unilaterais	
  de	
  vontade,	
  os	
  títulos	
  de	
  crédito,	
  as	
  obrigações	
  por	
  atos	
  ilícitos,	
  dentre	
  outras.	
  
	
   8	
  
Por	
  ser	
  a	
  espécie	
  mais	
  comum	
  de	
  obrigação,	
  faz-­‐se	
  necessário,	
  ainda	
  que	
  de	
   forma	
   brevíssima,	
   uma	
   revisão	
   dos	
   conceitos	
   básicos	
   do	
   Direito	
   das	
   Obrigações,	
  instrumentalizando	
  o	
  leitor	
  para	
  a	
  leitura	
  da	
  presente	
  obra.	
  	
  	
  
2. Noções	
  gerais	
  sobre	
  as	
  obrigações.	
  	
  	
  Para	
  Carlos	
  Roberto	
  Gonçalves,	
   a	
  obrigação	
   exprime	
   a	
   relação	
   jurídica	
  pela	
  qual	
  uma	
  pessoa	
  (devedor)	
  está	
  adstrita	
  a	
  uma	
  determinada	
  prestação	
  para	
  outra	
  (credor),	
  que	
  tem	
  direito	
  de	
  exigi-­‐la,	
  obrigando	
  a	
  primeira	
  a	
  satisfazê-­‐la1.	
  A	
   obrigação,	
   na	
   sua	
   perspectiva	
   estática	
   (plano	
   estático),	
   na	
   ótica	
   dos	
  doutrinadores	
   tradicionais2,	
   que	
   remonta	
   a	
   definição	
   clássica	
   do	
   direito	
   romano3,	
   é	
  formada	
  por	
  um	
  devedor,	
  um	
  credor,	
  unidos	
  por	
  um	
  vínculo	
  jurídico,	
  prevendo	
  uma	
  
prestação	
  econômica.	
  Obrigação	
  é,	
  portanto,	
  uma	
  relação	
  intersubjetiva	
  de	
  crédito.	
  	
  Em	
   outras	
   palavras,	
   pode-­‐se	
   dizer	
   que	
   a	
   obrigação	
   é	
   a	
   relação	
   jurídica	
  transitória	
   entre	
   um	
   sujeito	
   ativo	
   (credor)	
   e	
   um	
   sujeito	
   passivo	
   (credor),	
  denominados	
  pela	
  doutrina	
  de	
  elementos	
  subjetivos	
  da	
  obrigação.	
  	
  Tais	
   elementos	
   subjetivos	
   da	
   relação	
   obrigacional	
   ligam-­‐se	
   por	
   um	
  
elemento	
   objetivo	
  ou	
  material,	
   denominado	
  de	
  prestação,	
   que	
  pode	
  se	
  apresentar	
  na	
  forma	
  de	
  prestação	
  de	
  dar,	
  fazer	
  ou	
  não	
  fazer.	
  	
  Por	
  sua	
  vez,	
  inserido	
  ou	
  subtendido	
  dentro	
  da	
  prestação,	
  que	
  unesujeito	
  ativo	
  e	
  sujeito	
  passivo,	
  está	
  o	
  vínculo	
   jurídico	
  ou	
  elemento	
  virtual	
   (ideal,	
  imaterial,	
  espiritual)	
  das	
  obrigações,	
  regulamentado	
  pelo	
  ordenamento	
  jurídico.	
  	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  1	
  GONÇALVES,	
   Carlos	
  Roberto.	
  Direito	
  Civil	
   Brasileiro,	
   volume	
  2:	
   teoria	
   geral	
   das	
   obrigações.	
  13ª	
  ed.	
  –	
  São	
  Paulo:	
  Saraiva,	
  2016,	
  p.	
  38.	
  2	
  Por	
   todos:	
  GOMES,	
  Orlando.	
  Direito	
  das	
  Obrigações.	
  15	
  ed.	
  Rio	
  de	
   Janeiro:	
  Forense,	
  1993,	
  p.	
  15.	
  	
  3	
  “Obligatio	
   est	
   juris	
   vinculum,	
   quo	
   necessitate	
   adstringimur	
   alicujus	
   solvendae	
   rei,	
   secundum	
  
nostrae	
  civitatis	
   jura”	
  ou	
  obrigação	
   é	
   o	
   vínculo	
   jurídico	
   que	
  nos	
   adstringe	
  necessariamente	
   a	
  alguém,	
  para	
  solver	
  alguma	
  coisa,	
  em	
  consonância	
  com	
  o	
  direito	
  civil.	
  
	
   9	
  
Identifica-­‐se,	
  assim,	
  os	
  três	
  elementos	
  básicos	
  das	
  obrigações:	
  sujeitos,	
  
prestação	
  e	
  vínculo	
  jurídico.	
  Também	
  podemos	
  observar	
  dentro	
  desta	
  visão,	
  clássica,	
  o	
  caráter	
  transitório	
  das	
  obrigações,	
  ou	
  seja,	
  é	
  relação	
  que	
  não	
  tende	
  à	
  perpetuidade.	
  	
  Outra	
  característica	
  marcante	
  das	
  obrigações	
  é	
  o	
  fato	
  delas	
  gerarem	
  um	
  vínculo	
   jurídico	
   endógeno,	
   ou	
   seja,	
   apenas	
   entre	
   as	
   partes,	
   diferentemente	
   dos	
  vínculos	
  exógenos,	
  erga	
  omnes,	
  voltado	
  para	
  todas	
  as	
  pessoas,	
  como	
  ocorre	
  nos	
  direitos	
  reais4,	
  que	
  tendem	
  à	
  perpetuidade.	
  Podemos	
   dizer	
   também	
   que	
   a	
   obrigação	
   está	
   representada	
   por	
   um	
  vínculo	
   jurídico	
   endógeno	
   com	
   exigibilidade	
   patrimonial,	
   portanto,	
   relação	
  intersubjetiva	
   de	
   crédito,	
   marcada	
   por	
   uma	
   característica	
   fundamental:	
   o	
   não	
  cumprimento	
  das	
  prestações	
  autoriza	
  a	
  constrição	
  patrimonial	
  do	
  devedor.	
  Com	
   base	
   no	
   fato	
   de	
   que	
   a	
   obrigação	
   é	
   impulsionada	
   para	
   o	
  adimplemento,	
   é	
   que	
   se	
   desenvolveu	
   o	
   posicionamento	
   mais	
   moderno	
   sobre	
   as	
  obrigações,	
   a	
   chamada	
   perspectiva	
   dinâmica	
   das	
   obrigações,	
   que	
   influenciou	
   o	
  nosso	
   Código	
   Civil	
   de	
   2002.	
   Assim,	
   somando-­‐se	
   aos	
   três	
   elementos	
   da	
   perspectiva	
  estática,	
   há	
   mais	
   um	
   elemento	
   essencial:	
   o	
   adimplemento.	
   É	
   o	
   adimplemento	
   que	
  dinamiza	
  a	
  relação,	
  que	
  é	
  sua	
  força	
  motriz,	
  sob	
  o	
  olhar	
  dinâmico.	
  Assim,	
  o	
  elemento	
  que	
  era	
   deduzido	
   da	
   etapa	
   final	
   na	
   ótica	
   estática,	
   passou	
   a	
   ser	
   a	
   primeira	
   etapa,	
   a	
  mola	
  propulsora	
  das	
  obrigações,	
  que	
  é	
  a	
  vontade	
  de	
  adimplir,	
  ou	
  o	
  viés	
  dinâmico-­‐moderno	
  das	
  obrigações.	
  Tal	
  conceito	
  contemporâneo	
  de	
  obrigação	
  é	
  abordado,	
  dentre	
  outros,	
  por	
  Álvaro	
  Villaça	
  Azevedo5,	
  para	
  quem	
  a	
  obrigação	
  é	
  uma	
  relação	
  jurídica	
  transitória,	
  de	
  natureza	
  econômica,	
  pela	
  qual	
  o	
  devedor	
  fica	
  vinculado	
  ao	
  credor,	
  devendo	
  cumprir	
  determinada	
   prestação	
   positiva	
   ou	
   negativa,	
   cujo	
   inadimplemento	
   enseja	
   a	
   este	
  executar	
  o	
  patrimônio	
  daquele	
  para	
  a	
  satisfação	
  de	
  seu	
  interesse.	
  	
  Seguindo	
   a	
   doutrina	
   alemã,	
   podemos	
   identificar	
   também	
   dois	
   pilares	
  inseridos	
  no	
  elemento	
  imaterial	
  obrigacional:	
  o	
  débito6	
  e	
  a	
  responsabilidade7.	
  	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  4	
  O	
   direito	
   real	
   é	
   aquele	
   que	
   afeta	
   direta	
   e	
   imediatamente	
   à	
   coisa	
   ao	
   passo	
   que	
   o	
   direito	
  obrigacional	
  é	
  direito	
  em	
  face	
  de	
  determinada	
  pessoa,	
  atingindo	
  indireta	
  e	
  eventualmente	
  um	
  bem.	
  5	
  AZEVEDO,	
  Álvaro	
  Villaça.	
  Teoria	
  geral	
  das	
  obrigações.	
  8ª	
  ed.	
  –	
  São	
  Paulo:	
  RT,	
  2000,	
  p.	
  31.	
  	
  6	
  Sinônimos	
  de	
  débito	
  no	
  direito	
  comparado:	
  shuld,	
  debitum.	
  7	
  Sinônimos	
  de	
  responsabilidade	
  no	
  direito	
  comparado:	
  haftung,	
  obligatio.	
  
	
   10	
  
Diz-­‐se,	
   doutrinariamente,	
   que	
   a	
   obrigação	
   se	
   apresentará	
   em	
   sua	
  chamada	
   forma	
   primária	
   quando	
   existir,	
   dentro	
   da	
   obrigação,	
   ao	
   mesmo	
   tempo,	
   o	
  débito	
  (schuld)	
  e	
  a	
  responsabilidade	
  civil	
  patrimonial	
  (haftung).	
  O	
  débito	
  (shuld)	
  surge	
  com	
  a	
  assunção	
  da	
  obrigação,	
  a	
  ser	
  voluntariamente	
  cumprida.	
  Caso	
  não	
  seja	
  cumprida	
  de	
  forma	
  voluntária,	
  surge	
  a	
  responsabilidade	
  (haftung),	
  ou	
  seja,	
  a	
  possibilidade	
  de	
  ter	
  o	
  patrimônio	
  constrangido	
  para	
  pagar	
  a	
  dívida,	
  que	
  regra	
  geral	
   recai	
   sobre	
  o	
  mesmo	
  sujeito	
  que	
  assumiu	
  o	
  débito8.	
  	
  Mas	
   a	
   obrigação	
   também	
   pode	
   ser	
   assumida	
   na	
   forma	
   de	
  responsabilidade	
   secundária,	
   ou	
   seja:	
   a)	
   responsabilidade	
   civil	
   sem	
  débito9,	
   como	
  no	
  caso	
  do	
   fiador,	
  da	
  seguradora	
  ou	
  do	
  sócio	
  da	
  empresa,	
  em	
  que	
  o	
  débito	
   foi	
  assumido	
  por	
   outra	
   pessoa;	
   ou	
   b)	
   débito	
   sem	
   responsabilidade 10 ,	
   quando	
   não	
   houver	
   a	
  possibilidade	
  de	
  constranger	
  o	
  patrimônio	
  da	
  pessoa,	
  mesmo	
  diante	
  da	
  existência	
  de	
  um	
  débito,	
  como	
  no	
  caso	
  da	
   	
  doação	
  em	
  cumprimento	
  de	
  obrigação	
  natural	
  (art.	
  564,	
  III,	
  CC),	
  das	
  dívidas	
  de	
  jogo	
  (art.	
  814,	
  CC)	
  ou	
  da	
  dívida	
  prescrita	
  (art.	
  882,	
  CC),	
  que,	
  uma	
  vez	
  pagas,	
  não	
  podem	
  ser	
  revogadas,	
  	
  recobradas	
  ou	
  repetidas.	
  Destaque-­‐se	
  que	
  o	
  art.	
  391,	
  CC,	
  afirma	
  que,	
  pelo	
  adimplemento,	
  todos	
  os	
  bens	
  do	
  devedor	
  responderão	
  pela	
  dívida.	
  Em	
  verdade,	
  há	
  certo	
  exagero	
  no	
  texto	
  legal,	
  pois	
  sabemos	
  que	
  nem	
  todos	
  os	
  bens	
  do	
  devedor	
  responderão	
  pelo	
  adimplemento	
  dos	
  seusdébitos,	
  ou	
  seja,	
  nem	
  todos	
  os	
  bens	
  do	
  devedor	
  são	
  penhoráveis.	
  	
  Como	
  exemplos,	
  podemos	
   mencionar	
   todos	
   os	
   bens	
   listados	
   no	
   art.	
   833	
   do	
   novo	
   CPC	
   (bens	
  impenhoráveis)	
  ou	
  ainda	
  o	
  caso	
  do	
  homestead	
  (bem	
  de	
  família	
  legal,	
  insculpido	
  na	
  Lei	
  n.	
  8.009/90)11.	
  	
  Oportuno	
   mencionar	
   ainda	
   que	
   a	
   responsabilidade	
   civil	
   pode	
   ser:	
   a)	
  
Contratual	
  (art.	
  402,	
  CC),	
  onde	
  deve	
  ser	
  provada	
  a	
  existência	
  de	
  um	
  negócio	
  jurídico	
  e	
  noticiada	
  a	
  existência	
  de	
  um	
  inadimplemento,	
  pelo	
  qual	
  será	
  pedido	
  o	
  dano	
  emergente	
  e/ou	
  lucro	
  cessante	
  (perdas	
  e	
  danos),	
  ou:	
  b)	
  Aquiliana	
  ou	
  Extracontratual	
  (arts.	
  186,	
  187	
  e	
  927,	
  CC),	
  também	
  ensejando	
  o	
  pedido	
  de	
  indenização,	
  onde	
  o	
  interessado	
  deve	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  8	
  TARTUCE,	
  Flávio.	
  Direito	
  Civil,	
  v.	
  2:	
  direito	
  das	
  obrigações	
  e	
  responsabilidade	
  civil;	
  10	
  ed.	
  rev.,	
  atual	
  e	
  ampl.	
  –	
  Rio	
  de	
  Janeiro:	
  Forense;	
  São	
  Paulo:	
  MÉTODO,	
  2015.	
  9	
  	
  Haftung	
  sem	
  shuld,	
  ou	
  obligatio	
  sem	
  debitum.	
  10	
  Shuld	
  sem	
  haftung,	
  debitum	
  sem	
  obligatio.	
  	
  11	
  Sobre	
  o	
  tema,	
  vale	
  observar	
  o	
  teor	
  da	
  Súmula	
  364,	
  STJ:	
  “o	
  conceito	
  de	
  impenhorabilidade	
  de	
  
bem	
  de	
  família	
  abrange	
  também	
  o	
  imóvel	
  pertencente	
  a	
  pessoas	
  solteiras,	
  separadas	
  e	
  viúvas”.	
  	
  
	
   11	
  
comprovar	
   a	
   existência	
   de	
   um	
   ato	
   ilícito	
   ou	
   lícito	
   que	
   exceda	
   os	
   limites	
   aceitáveis	
  (abuso	
   de	
   direito),	
   não	
   havendo	
   a	
   necessidade	
   de	
   comprovação	
   da	
   existência	
   de	
   um	
  negócio	
  jurídico	
  prévio.	
  
	
  
3. Situando	
  o	
  Contrato	
  dentro	
  da	
  Teoria	
  do	
  Fato	
  Jurídico.	
  	
  De	
   acordo	
   com	
   a	
   Teoria	
   do	
   Fato	
   Jurídico,	
   pode-­‐se	
   afirmar	
   que	
   os	
  
contratos	
   são	
   espécies	
   de	
   atos	
   jurídicos,	
   ou	
   seja,	
   fatos	
   jurídicos	
   (acontecimentos	
  relevantes	
  para	
  o	
  Direito)	
  gerados	
  pela	
  vontade	
  humana	
  consciente,	
  que	
  produzem	
  efeitos	
  jurídicos	
  validados	
  pelo	
  ordenamento.	
  São,	
  portanto,	
  espécies	
  de	
  atos	
  lícitos.	
  	
  Quando	
  os	
  atos	
  jurídicos	
  produzem	
  efeitos	
  previamente	
  determinados	
  
na	
   lei	
   estamos	
   diante	
   do	
   chamado	
   Ato	
   Jurídico	
   em	
   Sentido	
   Estrito,	
   veículo	
   de	
  expressão	
  dos	
  direitos	
  potestativos12,	
  onde	
  as	
  partes	
  não	
  podem	
  escolher	
  os	
  efeitos	
  jurídicos,	
  aceitando	
  as	
  consequências	
  impostas	
  pelo	
  ordenamento.	
  Nestes	
  atos	
  não	
  há	
  
vontade	
  negocial,	
  aplicando-­‐se,	
  apenas	
  no	
  que	
  couber13,	
  as	
  disposições	
  relativas	
  aos	
  negócios	
   jurídicos.	
   Como	
   exemplo	
   de	
   Ato	
   Jurídico	
   em	
   Sentido	
   Estrito	
   podemos	
  mencionar	
   o	
   achado	
   de	
   um	
   tesouro	
   (art.	
   1.264,	
   CC/02),	
   onde	
   aquele	
   que	
   acha	
  casualmente	
  a	
   coisa	
  preciosa	
  deve	
  dividi-­‐la	
   com	
  o	
  proprietário	
  do	
   imóvel,	
   em	
  partes	
  iguais.	
   O	
   efeito	
   jurídico	
   de	
   ter	
   que	
   dividir	
   o	
   achado	
   ao	
   meio	
   está	
   na	
   lei,	
   ou	
   seja,	
   o	
  descobridor	
  não	
  pode	
  determinar	
  de	
  modo	
  diverso.	
  Outros	
   exemplos	
  de	
  Ato	
   Jurídico	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  12	
  O	
  Direito	
  Potestativo	
  é	
  um	
  tipo	
  especial	
  de	
  direito	
  subjetivo.	
  Estes	
  direitos	
  são	
  aqueles	
  que	
  atribuem	
   ao	
   titular	
   a	
   possibilidade	
   de	
   produzir	
   efeitos	
   jurídicos	
   em	
   determinadas	
   situações	
  mediante	
   um	
   ato	
   próprio	
   de	
   vontade,	
   inclusive	
   atingindo	
   a	
   terceiros	
   interessados	
   nessa	
  situação,	
  que	
  não	
  	
  poderão	
  se	
  opor.	
  Mediante	
  uma	
  declaração	
  de	
  vontade,	
  o	
  titular	
  tem	
  o	
  poder	
  de	
  modificar	
  ou	
  extinguir	
  uma	
  relação	
  jurídica,	
  sendo	
  que	
  os	
  outros	
  sujeitos	
  da	
  relação	
  jurídica	
  (passiva)	
   não	
   têm	
   uma	
   situação	
   de	
   obrigação,	
   mas	
   sim	
   de	
   sujeição,	
   onde	
   são	
   submetidos	
   a	
  admitir	
  os	
  efeitos	
  produzidos	
  em	
  decorrência	
  da	
  exclusiva	
  manifestação	
  de	
  vontade	
  do	
  titular	
  do	
  direito	
  potestativo.	
  Pode-­‐se	
  mencionar	
  como	
  exemplos	
  de	
  direitos	
  potestativos	
  a	
  revogação	
  do	
   mandato,	
   a	
   qualquer	
   tempo,	
   pelo	
   mandante;	
   o	
   poder	
   do	
   empregador	
   de	
   despedir	
   o	
  empregado	
  e	
  deste	
  de	
  pedir	
  desligamento	
  do	
  emprego;	
  a	
  prerrogativa	
  do	
  sócio	
  de	
  retirar-­‐se	
  da	
  sociedade;	
   o	
   direito	
   da	
   pessoa	
   casada	
   se	
   divorciar	
   etc.	
   Já	
   que	
   seu	
   exercício	
   depende	
   tão	
  somente	
  do	
  próprio	
  titular,	
  o	
  direito	
  potestativo	
  não	
  pode	
  sofrer	
  lesão	
  (não	
  admite	
  violação).	
  Oportuno	
   ressaltar	
   ainda	
   que,	
   se	
   a	
   norma	
   trouxer	
   a	
   previsão	
   de	
   algum	
   prazo	
   para	
   o	
   seu	
  exercício,	
   o	
   seu	
   não-­‐exercício	
   importará	
   em	
   decadência.	
   Se	
   não	
   houver	
   tal	
   prazo,	
   o	
   direito	
  potestativo	
   não	
   se	
   extinguirá	
   pelo	
   decurso	
   do	
   tempo,	
   podendo	
   ser	
   exercido	
   a	
   qualquer	
  momento.	
  13	
  Art.	
  185,	
  CC/02.	
  
	
   12	
  
em	
  Sentido	
  Estrito:	
  reconhecimento	
  de	
  paternidade,	
  a	
  aquisição	
  da	
  propriedade	
  de	
  res	
  
nullius	
  etc.	
  	
   Existem	
  Atos	
  Jurídicos,	
  entretanto,	
  em	
  que	
  as	
  partes	
  podem	
  escolher	
  os	
  
efeitos	
   jurídicos,	
   atos	
   que	
   derivam	
   de	
   uma	
   vontade	
   negocial.	
   São	
   os	
   chamados	
  negócios	
  jurídicos,	
  onde	
  há	
  pleno	
  exercício	
  da	
  autonomia	
  privada	
  das	
  partes.	
  As	
  normas	
  gerais	
  sobre	
  os	
  negócios	
  jurídicos	
  estão	
  no	
  Código	
  Civil,	
  entre	
  os	
  arts.	
  104	
  e	
  184.	
  Os	
  exemplos	
  clássicos	
  de	
  negócios	
  jurídicos	
  são	
  o	
  Testamento	
  e	
  o	
  
Contrato,sendo	
  este	
  último	
  a	
  espécie	
  mais	
  usual	
  de	
  negócio	
  jurídico.	
  	
  	
  
4. Conceito	
  de	
  Contrato.	
  	
   Onde	
  há	
  sociedade	
  haverá	
  contrato.	
  É	
  a	
  mais	
  importante	
  e	
  mais	
  comum	
  fonte	
  de	
  obrigação.	
  Celebramos	
  contratos	
  a	
  todo	
  instante.	
  	
  Se	
  você	
  está	
   lendo	
  estas	
  páginas	
  na	
  biblioteca	
  de	
   sua	
   faculdade	
   já	
  deve	
  ter	
   realizado	
  alguns	
   contratos	
  no	
  presente	
  dia.	
   Se	
  mora	
  distante	
  de	
   sua	
  escola	
   e	
  não	
  possui	
   carro	
   próprio,	
   já	
   negociou	
   uma	
   condução	
   até	
   o	
   seu	
   campus	
   universitário,	
  firmando	
   um	
   contrato	
   de	
   transporte	
   de	
   pessoas,	
   no	
   momento	
   em	
   que	
   visualizou	
   a	
  proposta	
  de	
  trajeto	
  no	
   letreiro	
  da	
  frente	
  do	
  ônibus	
  e	
  demonstrou	
  seu	
  consentimento,	
  sua	
  vontade	
  de	
  contratar,	
  com	
  um	
  simples	
  gesto,	
  levantando	
  o	
  braço.	
  Talvez	
  também	
  já	
  tenha	
  degustado	
  um	
  cafezinho	
  na	
  cantina,	
  realizando	
  outro	
  contrato,	
  agora	
  de	
  compra	
  
e	
  venda.	
  Esta	
  obra,	
  que	
  ora	
  me	
  honra	
  com	
  a	
  sua	
   leitura,	
  deve	
  ter	
  sido	
  disponibilizada	
  através	
   de	
   outro	
   pacto,	
   um	
   comodato,	
   ou	
   uma	
   cessão,	
   gratuita	
   ou	
   onerosa,	
   em	
  impressão	
   física	
   ou	
   pela	
   internet,	
   ou	
   ainda	
   uma	
   compra	
   e	
   venda,	
   caso	
   esteja	
  materializado	
  em	
  um	
  livro.	
  Enfim,	
  realizamos	
  e	
  estamos	
  executando	
  contratos	
  a	
   todo	
  instante.	
   Desde	
   que	
   começamos	
   a	
   viver	
   em	
   sociedade	
   tem	
   sido	
   assim	
   e	
   assim	
   será	
  provavelmente	
   por	
   toda	
   existência	
   humana,	
   pois	
   relacionar-­‐se	
   em	
   vida	
   passa,	
  necessariamente,	
  pela	
  realização	
  incessante	
  de	
  pactos.	
  	
  Como	
   espécie	
   de	
   negócio	
   jurídico,	
   o	
   contrato	
   depende,	
   para	
   sua	
  formação,	
   da	
   participação	
   de	
   pelo	
  menos	
   duas	
   partes.	
   É,	
   portanto,	
  negócio	
   jurídico	
  
	
   13	
  
bilateral	
   ou	
   plurilateral.	
   Sempre,	
   pois,	
   que	
   o	
   negócio	
   jurídico	
   resultar	
   de	
   mútuo	
  consenso,	
  do	
  encontro	
  de	
  duas	
  vontades,	
  estaremos	
  diante	
  de	
  um	
  contrato14.	
  O	
   contrato	
   não	
   se	
   restringe	
   apenas	
   ao	
   Direito	
   das	
   Obrigações,	
   mas	
   se	
  estende	
   a	
   outros	
   ramos	
   do	
   direito,	
   como,	
   por	
   exemplo,	
   o	
   contrato	
   especial	
   de	
  casamento,	
  estudado	
  no	
  Direito	
  de	
  Família,	
  ou	
  os	
  Contratos	
  Administrativos,	
  estudado	
  pelo	
  Direito	
  Administrativo.	
  	
  Sob	
  a	
  ótica	
  dos	
  planos	
  de	
  análise	
  do	
  negócio	
  jurídico,	
  o	
  contrato	
  pode	
  ser	
  definido	
  como	
  a	
  manifestação	
  de	
  vontade	
  (ato	
  jurídico),	
  emitida	
  em	
  obediência	
  aos	
  seus	
  
pressupostos	
   de	
   existência,	
   validade	
   e	
   eficácia,	
   com	
   o	
   propósito	
   de	
   produzir	
   efeitos	
  
admitidos	
  pelo	
  ordenamento	
  jurídico,	
  pretendidos	
  pelo	
  agente15.	
  Especificamente	
  sob	
  o	
  prisma	
  do	
  plano	
   de	
   validade,	
  dentro	
  da	
  Escada	
  Ponteana,	
   ou	
   Pontiana,	
   como	
   preferem	
   Cristiano	
   Chaves	
   e	
   Nelson	
   Rosenvald16,	
   o	
  contrato,	
   como	
   negócio	
   jurídico	
   que	
   é,	
   deve	
   surgir	
   de	
   uma	
   vontade	
   manifestada	
  
livremente	
   e	
   de	
   boa-­‐fé,	
   atendendo	
   ainda	
   aos	
   outros	
   requisitos	
   do	
   art.	
   104,	
   CC:	
   ser	
  celebrado	
   por	
   agente	
   capaz,	
   ter	
   objeto	
   lícito,	
   possível,	
   determinado	
   ou	
  
determinável	
  e	
  forma	
  prescrita	
  ou	
  não	
  defesa	
  em	
  lei.	
  Sob	
  um	
  ponto	
  de	
  vista	
  clássico,	
  o	
  contrato	
  pode	
  ser	
  conceituado	
  como	
  um	
  
negócio	
   jurídico	
  bilateral	
  ou	
  plurilateral	
  que	
  visa	
  à	
  criação,	
  modificação	
  ou	
  extinção	
  de	
  
direitos	
  e	
  deveres	
  com	
  conteúdo	
  patrimonial17.	
  Este	
   conceito	
   tradicional	
   é	
   encontrado	
   no	
   art.	
   1.321	
   do	
   Código	
   Civil	
  Italiano:	
  “il	
  contrato	
  è	
  l’accordo	
  di	
  due	
  ou	
  più	
  parti	
  per	
  costituire,	
  regolare	
  ou	
  estinguere	
  
tra	
  loro	
  un	
  rapporto	
  giuridico	
  patrimoniale”18.	
  Entretanto,	
  sob	
  um	
  viés	
  mais	
  atual,	
  devemos	
  permear	
  esta	
  visão	
  clássica	
  do	
  contrato	
  com	
  o	
  princípio	
  constitucional	
  da	
  solidariedade	
  social	
  (art.	
  3º,	
  I,	
  CF/88).	
  Isto	
  é	
  resultado	
  do	
  fenômeno	
  da	
  Constitucionalização	
  do	
  Direito	
  Civil	
  ou	
  do	
  Direito	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  14	
  GONÇALVES,	
  Carlos	
  Roberto.	
  Direito	
  Civil	
  Brasileiro,	
  volume	
  3	
  –	
  contratos	
  e	
  atos	
  unilaterais	
  -­‐	
  	
  12.	
  ed.	
  São	
  Paulo:	
  Saraiva,	
  2015,	
  p.	
  22.	
  15	
  GAGLIANO,	
  Pablo	
  Stolze;	
  PAMPLONA	
  FILHO,	
  Rodolfo.	
  Novo	
  Curso	
  de	
  Direito	
  Civil,	
  volume	
  IV:	
  
contratos,	
  tomo	
  I:	
  teoria	
  geral.	
  5.	
  ed.	
  –	
  São	
  Paulo:	
  Saraiva,	
  2009,	
  p.	
  17.	
  16	
  FARIAS,	
  Cristiano	
  Chaves	
  de;	
  ROSENVALD,	
  Nelson.	
  Curso	
  de	
  Direito	
  Civil:	
  Contratos	
  –	
  teoria	
  
geral	
  e	
  contratos	
  em	
  espécie.	
  V.	
  4	
  –	
  5ª	
  ed.	
  -­‐	
  São	
  Paulo:	
  Atlas,	
  2015,	
  p.	
  39.	
  17	
  PEREIRA,	
   Caio	
   Mário	
   da	
   Silva.	
   Instituições	
   de	
   Direito	
   Civil	
   –	
   Contratos.	
   Atualizador:	
   Regis	
  Fichtner.	
  11	
  ed.	
  Rio	
  de	
  Janeiro:	
  Forense,	
  2003,	
  p.	
  7.	
  18	
  Tradução	
   livre:	
   o	
   contrato	
   é	
   o	
   acordo	
   de	
   duas	
   partes	
   ou	
   mais,	
   para	
   constituir,	
   regular	
   ou	
  
extinguir	
  entre	
  elas	
  uma	
  relação	
  jurídica	
  patrimonial.	
  
	
   14	
  
Civil	
  Constitucional,	
  ou	
  melhor	
  ainda,	
  da	
  leitura	
  dos	
  contratos	
  através	
  das	
  lentes	
  dos	
  princípios	
  fundamentais.	
  	
  Atualmente,	
   além	
   do	
   dever	
   de	
   servir	
   ao	
   objetivo	
   fundamental	
   da	
  
solidariedade	
   social,	
   os	
   contratos	
   podem	
   versar,	
   não	
   somente	
   sobre	
   aspectos	
  patrimoniais,	
  mas	
   também	
   sobre	
   os	
  aspectos	
   existenciais,	
   relativos	
   aos	
   direitos	
   da	
  personalidade.	
  	
  Em	
  resumo,	
  o	
  Professor	
  Paulo	
  Nalin	
  propõe,	
   ao	
   lado	
  de	
  outros	
   juristas,	
  um	
   conceito	
   pós-­‐moderno,	
   afirmando	
   que	
   “o	
   contrato	
   constituia	
   relação	
   jurídica	
  
subjetiva,	
   nucleada	
   pela	
   solidariedade	
   constitucional,	
   destinada	
   à	
   produção	
   de	
   efeitos	
  
jurídicos	
  existenciais	
  e	
  patrimoniais”19.	
  	
  	
  
5. Função	
  Social	
  do	
  Contrato.	
  	
  	
  O	
  nosso	
  ordenamento,	
  a	
  partir	
  da	
  Carta	
  Magna	
  de	
  1988	
  e	
  do	
  Código	
  Civil	
  de	
   2002,	
   se	
   afastou	
   das	
   concepções	
   puramente	
   individualistas,	
   baseadas	
   na	
  
autonomia	
   da	
   vontade,	
   que	
   norteavam	
  o	
   Código	
  Beviláqua,	
   de	
   1916,	
   para	
   seguir	
   o	
  entendimento	
  contemporâneo	
  pautado	
  na	
  sua	
   função	
   social,	
  baseado	
  na	
  autonomia	
  
privada,	
   que	
   nada	
   mais	
   é	
   do	
   que	
   a	
   autonomia	
   da	
   vontade	
   limitada	
   pelo	
   interesse	
  social.	
   Contratos	
  que	
  atendem	
  à	
  sua	
   função	
   social20	
  são	
  aqueles	
  que,	
  além	
  do	
  interesse	
  das	
  partes	
  envolvidas,	
  também	
  albergam	
  outros	
  interesses	
  sociais,	
  tais	
  como:	
  
ü O	
  respeito	
  ao	
  meio	
  ambiente;	
  
ü O	
  respeito	
  à	
  dignidade	
  humana;	
  
ü O	
  respeito	
  à	
  boa-­‐fé	
  objetiva;	
  
ü O	
  respeito	
  ao	
  valor	
  social	
  do	
  trabalho.	
  	
  Em	
   resumo,	
   os	
  Contratos,	
   e	
   todos	
  os	
  demais	
   institutos	
  do	
  Direito	
  Civil	
  como	
   um	
   todo,	
   devem	
   sobrepor	
   os	
   interesses	
   da	
   sociedade	
   sobre	
   os	
   interesses	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  19	
  NALIN,	
  Paulo	
  Roberto.	
  Do	
  contrato:	
  conceito	
  pós-­‐moderno.	
  1ª	
  ed.	
  5ª	
  tir.	
  Curitiba:	
  Juruá,	
  2005,	
  p.	
  255.	
  20	
  Art.	
  421,	
  CC/02.	
  
	
   15	
  
individuais,	
  marca	
  da	
  transição	
  dos	
  Estados	
  Liberais	
  para	
  os	
  Estados	
  Sociais,	
  sem	
  que	
  isso	
  implique,	
  necessariamente,	
  na	
  anulação	
  da	
  pessoa	
  humana,	
  justificando-­‐se	
  a	
  ação	
  do	
  Estado	
  pela	
  necessidade	
  de	
  acabar	
  com	
  as	
  injustiças	
  sociais21.	
  É	
   importante	
   lembrar	
   que	
   o	
   princípio	
   da	
   Função	
   Social	
   foi	
   elevado	
  modernamente	
  à	
  categoria	
  de	
  cláusula	
  geral,	
  servindo	
  como	
  norma	
  que	
  vincula	
  todo	
  
o	
  ordenamento	
  e	
  consequentemente	
  todo	
  o	
  Direito	
  Civil22.	
  As	
  partes	
  podem	
  celebrar	
  seus	
   contratos	
   com	
   ampla	
   liberdade,	
   desde	
   que	
   observadas	
   as	
   exigências	
   de	
   ordem	
  pública,	
  como	
  é	
  o	
  caso	
  das	
  cláusulas	
  gerais.	
  	
  Com	
   nos	
   ensina	
   o	
   professor	
   Nelson	
   Nery	
   Junior,	
   “sendo	
   a	
   norma	
   de	
  ordem	
  pública,	
  o	
  juiz	
  pode	
  (deve)	
  aplicar	
  as	
  cláusulas	
  gerais	
  em	
  qualquer	
  ação	
  judicial,	
  independentemente	
   de	
   pedido	
   da	
   parte	
   ou	
   do	
   interessado,	
   pois	
   deve	
   agir	
   ex	
   officio.	
  Com	
  isso,	
  ainda	
  que,	
  por	
  exemplo,	
  o	
  autor	
  de	
  ação	
  de	
  revisão	
  de	
  um	
  	
  contrato	
  não	
  haja	
  pedido	
   na	
   petição	
   inicial	
   algo	
   relativo	
   à	
   determinada	
   cláusula	
   geral,	
   o	
   juiz	
   pode,	
   de	
  ofício,	
  modificar	
  a	
   cláusula	
  de	
  percentual	
  de	
   juros,	
   caso	
  entenda	
  que	
  deve	
  assim	
  agir	
  para	
   adequar	
   o	
   contrato	
   à	
   sua	
   função	
   social.	
   Assim	
   agindo,	
   autorizado	
   pela	
   cláusula	
  geral	
   expressamente	
   prevista	
   na	
   lei,	
   o	
   juiz	
   poderá	
   ajustar	
   o	
   contrato	
   e	
   dar-­‐lhe	
   a	
   sua	
  própria	
  noção	
  de	
  equilíbrio,	
  sem	
  ser	
  tachado	
  de	
  arbitrário”23.	
  Continuando	
   seu	
   raciocínio,	
   leciona	
   o	
   ilustre	
   professor	
   fluminense:	
   “o	
  contrato	
  estará	
  conformado	
  à	
  sua	
  Função	
  Social	
  quando	
  as	
  partes	
  se	
  pautarem	
  pelos	
  valores	
   da	
   solidariedade	
   (CF,	
   art.	
   3º,	
   I)	
   e	
   da	
   justiça	
   social	
   (CF,	
   art.	
   170,	
   caput),	
   da	
  
livre-­‐iniciativa,	
   for	
   respeitada	
   a	
  dignidade	
   da	
  pessoa	
  humana	
   (CF,	
   1º,	
   III),	
   não	
   se	
  ferirem	
  valores	
  ambientais	
  (CDC,	
  art.	
  51,	
  XIV)	
  etc.	
  Haverá	
  desatendimento	
  da	
  Função	
  Social,	
   quando:	
   a)	
   a	
   prestação	
   de	
   uma	
   das	
   partes	
   for	
   exagerada	
   ou	
   desproporcional,	
  extrapolando	
  a	
  álea	
  normal	
  do	
  contrato;	
  b)	
  quando	
  houver	
  vantagem	
  exagerada	
  para	
  uma	
  das	
  partes;	
  c)	
  quando	
  quebrar-­‐se	
  a	
  base	
  objetiva	
  ou	
  subjetiva	
  do	
  contrato	
  etc”24.	
  Então,	
   a	
   regra	
   geral	
   é	
   que	
   o	
   Juiz	
   pode	
   (deve),	
   ex	
   officio,	
   aplicar	
   as	
  Cláusulas	
   Gerais,	
   dentre	
   elas	
   a	
   Função	
   Social,	
   decretando	
   a	
   nulidade	
   do	
   contrato	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  21	
  FARIAS,	
  Cristiano	
  Chaves	
  de;	
  ROSENVALD,	
  Nelson.	
  Curso	
  de	
  Direito	
  Civil:	
  Contratos	
  –	
  teoria	
  
geral	
  e	
  contratos	
  em	
  espécie	
  –	
  5ª	
  ed.	
  -­‐	
  São	
  Paulo:	
  Atlas,	
  2015,	
  p.	
  36	
  22	
  Ver	
  art.	
  2.035,	
  parágrafo	
  único	
  e	
  art.	
  421,	
  ambos	
  do	
  CC/02.	
  23	
  NERY	
   JUNIOR,	
  Nelson.	
  Contratos	
  no	
  Código	
  Civil	
   –	
  Apontamentos	
  gerais.	
   In:	
  O	
  novo	
  Código	
  
Civil:	
  estudos	
  em	
  homenagem	
  ao	
  Professor	
  Miguel	
  Reale.	
  Coord.	
  De	
  Domingos	
  Franciulli	
  Netto,	
  Gilmar	
  Ferreira	
  Mendes	
  e	
  Ives	
  Gandra	
  da	
  Silva	
  Martins	
  Filho,	
  São	
  Paulo:	
  LTr,	
  2003,	
  p.	
  416-­‐417.	
  24	
  Ibidem,	
  p.	
  427.	
  
	
   16	
  
como	
   um	
   todo,	
   ou	
   de	
   apenas	
   algumas	
   de	
   suas	
   cláusulas,	
   quando	
   contrariarem	
   sua	
  Função	
  Social,	
   por	
   fraude	
  à	
   lei	
   imperativa	
   (art.	
   166,	
  VI,	
  CC/02),	
  pois	
   a	
  norma	
  do	
  art.	
  421	
  é	
  de	
  ordem	
  pública	
  (art.	
  2.035,	
  parágrafo	
  único,	
  CC/02).	
  	
  A	
   regra	
   geral	
   é	
   de	
   que,	
   uma	
   vez	
   contrariando	
   sua	
   Função	
   Social,	
   o	
  contrato	
  deve	
  ser	
  considerado	
  como	
  nulo.	
  	
  Excepcionalmente,	
  a	
  nulidade	
  não	
  poderá	
  ser	
  declarada	
  de	
  ofício,	
   como	
  nos	
   contratos	
   bancários:	
   Súmula	
   381,	
   STJ:	
   “Nos	
   contratos	
   bancários,	
   é	
   vedado	
   ao	
  
julgador	
  conhecer,	
  deofício,	
  da	
  abusividade	
  das	
  cláusulas”.	
  Mas	
  isto	
  é	
  exceção.	
  	
  Entretanto,	
   o	
   juiz	
  deve	
  optar	
  por	
   convalidar	
  o	
   contrato,	
   quando	
  o	
   vício	
  não	
   é	
   tão	
   grave	
   a	
   ponto	
   de	
   fulminá-­‐lo	
   de	
   nulidade,	
   contrariando	
   normas	
   de	
   ordem	
  pública,	
   mas	
   apenas	
   tornar	
   o	
   acordo	
   anulável25,	
   confirmando	
   o	
   negócio	
   entre	
   as	
  
partes,	
   quando	
  o	
  pacto	
   apenas	
   contrariar	
   normas	
  de	
   ordem	
  privada,	
   sendo	
   atingido	
  pelos	
  vícios	
  do	
  negócio	
  jurídico.	
  Neste	
  caso,	
  o	
  negócio	
  será	
  apenas	
  ajustado,	
  adequado,	
  reequilibrado,	
   determinando-­‐se,	
   por	
   exemplo,	
   a	
   indenização	
   da	
   parte	
   que	
   se	
  prejudicou	
  com	
  o	
  vício.	
  Atente	
  para	
  o	
  fato	
  de	
  que	
  a	
  anulabilidade,	
  diferentemente	
  da	
  nulidade,	
  não	
  tem	
  efeito	
  antes	
  de	
  julgada	
  por	
  sentença,	
  nem	
  se	
  pronuncia	
  ex	
  officio;	
  só	
  os	
  interessados	
  podem	
  alegar,	
  e	
  aproveita	
  exclusivamente	
  aos	
  que	
  a	
  alegarem,	
  salvo	
  o	
  caso	
  de	
  solidariedade	
  ou	
  indivisibilidade	
  da	
  prestação26.	
  	
  
6. O	
  Código	
  de	
  Defesa	
  do	
  Consumidor	
  e	
  o	
  Contrato.	
  	
  A	
  defesa	
  do	
  consumidor	
  está	
  prevista	
  na	
  nossa	
  Constituição	
  Federal	
  em	
  seu	
   art.	
   5º,	
   XXXII,	
   materializada	
   no	
   plano	
   infraconstitucional	
   através	
   da	
   Lei	
   nº	
  8.078/90	
   –	
   Código	
   de	
   Defesa	
   do	
   Consumidor.	
   Esta	
   lei	
   trouxe	
   inovações	
   ao	
   nosso	
  ordenamento,	
   inaugurando	
   uma	
   série	
   de	
   medidas	
   protetivas	
   ao	
   consumidor,	
   parte	
  menos	
  favorecida	
  nas	
  relações	
  de	
  consumo.	
  Ora,	
  se	
  uma	
  parte	
  é	
  menos	
  favorecida,	
  para	
  reequilibrar	
   a	
   relação	
   jurídica	
   é	
   preciso	
   dar-­‐lhe	
   vantagens,	
   a	
   fim	
   de	
   atingir	
   uma	
  desejada	
  igualdade	
  material.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  25	
  Arts.	
  171	
  e	
  172,	
  CC/02.	
  26	
  Art.	
  177,	
  CC/02.	
  
	
   17	
  
Deste	
   modo,	
   o	
   CDC	
   trouxe	
   uma	
   série	
   de	
   normas	
   de	
   ordem	
   pública	
  protetivas	
  ao	
  consumidor,	
  representando	
  uma	
  evolução	
  do	
  sistema	
  privatista	
  até	
  então	
  vigente,	
  Código	
  Civil	
  de	
  1916,	
  diploma	
  que	
  regulava	
  a	
  prestação	
  de	
  serviços	
  zelando,	
  especialmente,	
  pela	
  autonomia	
  da	
  vontade	
  das	
  partes27.	
  Assim,	
   a	
   partir	
   da	
   entrada	
   em	
   vigor	
   do	
   CDC,	
   em	
   1991,	
   as	
   relações	
  contratuais	
  de	
  consumo,	
  	
  ou	
  a	
  venda	
  de	
  produtos	
  e	
  serviços	
  em	
  que	
  estejam	
  presentes	
  os	
  elementos	
  da	
  relação	
  de	
  consumo28,	
  passaram	
  a	
  ser	
  tratadas	
  pela	
  norma	
  especial,	
  o	
  CDC,	
   sendo	
   que	
   o	
   Código	
   Civil	
   de	
   2002	
   em	
   vigor	
   reforçou	
   esta	
   especialidade,	
   ao	
  estabelecer,	
   em	
   seu	
   art.	
   593,	
   que	
   somente	
   cuidará	
   da	
   prestação	
   de	
   serviço	
   que	
   não	
  estiver	
  sujeita	
  às	
  leis	
  trabalhistas	
  ou	
  a	
  lei	
  especial,	
  como	
  	
  o	
  CDC.	
  Mas	
  atenção.	
  Excepcionalmente,	
  o	
  próprio	
  Código	
  Civil	
  pode	
  prever	
  uma	
  inversão	
  da	
  regra	
  geral	
  de	
  que	
  prestação	
  de	
  serviço	
  em	
  relações	
  de	
  consumo	
  é	
  matéria	
  regulada	
  pela	
  lei	
  especial.	
  De	
  fato,	
  o	
  Código	
  Civil	
  em	
  si	
  é	
  norma	
  geral,	
  mas	
  está	
  repleto	
  de	
  normas	
  gerais	
  e	
  especiais.	
  Por	
  exemplo:	
  em	
  se	
  tratando	
  do	
  fornecimento	
  de	
  serviço	
  
de	
  transportes,	
  o	
  CDC	
  será	
  aplicado	
  apenas	
  subsidiariamente,	
  ou	
  seja,	
  desde	
  que	
  não	
  contrarie	
  o	
  que	
  está	
  disposto	
  no	
  Código	
  Civil29.	
  As	
  regras	
  que	
  devem	
  prevalecer,	
  neste	
  caso,	
  são	
  as	
  do	
  Código	
  Civil.	
  Outro	
  exemplo:	
  a	
  lei	
  de	
  Locação	
  de	
  Imóveis	
  Urbanos,	
  Lei	
  n.	
  8.245/1991,	
   é	
   legislação	
   especial,	
   devendo	
   o	
   Código	
   Civil	
   ser	
   aplicado	
   apenas	
  subsidiariamente,	
   quando	
   a	
   relação	
   jurídica	
   for	
   de	
   locação	
   de	
   imóvel	
   urbano.	
  Entretanto,	
   se	
   o	
   contrato	
   de	
   locação	
   de	
   imóvel	
   urbano	
   for	
   por	
   adesão,	
   devem	
  prevalecer	
   as	
   normas	
   do	
   Código	
   Civil	
   que	
   tratam	
   do	
   tema,	
   pois	
   normas	
  especialíssimas30.	
  	
  Ainda	
   em	
   relação	
   aos	
   contratos,	
   o	
   Código	
   de	
   Defesa	
   do	
   Consumidor	
  inovou	
   em	
   nosso	
   ordenamento	
   trazendo	
   uma	
   série	
   de	
   princípios	
   protetivos	
   para	
   o	
  consumidor,	
  que	
  foram	
  reafirmados	
  pelo	
  Código	
  Civil	
  atual.	
  Sobre	
  o	
  tema,	
  devemos	
  observar	
  as	
  seguintes	
  súmulas	
  importantes:	
  
Ø Súmula	
   321,	
   STJ:	
   “O	
   Código	
   de	
   Defesa	
   do	
   Consumidor	
   é	
   aplicável	
   à	
  
relação	
  jurídica	
  entre	
  a	
  entidade	
  de	
  previdência	
  privada	
  e	
  seus	
  participantes”.	
  	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  27	
  GONÇALVES,	
  Carlos	
  Roberto.	
  Direito	
  Civil	
  Brasileiro,	
  volume	
  3	
  –	
  contratos	
  e	
  atos	
  unilaterais	
  -­‐	
  	
  12.	
  ed.	
  São	
  Paulo:	
  Saraiva,	
  2015,	
  p.	
  30.	
  28	
  Ver	
  arts.	
  2º	
  e	
  3º,	
  CDC.	
  	
  	
  29	
  Art.	
  732,	
  CC.	
  30	
  Arts.	
  423	
  e	
  424,	
  CC.	
  
	
   18	
  
Ø Súmula	
   297,	
   STJ:	
   “O	
   Código	
   de	
   Defesa	
   do	
   Consumidor	
   é	
   aplicável	
   às	
  
instituições	
   financeiras”.	
   Mas	
   lembre	
   que,	
   apesar	
   do	
   CDC	
   trazer	
   normas	
   de	
  ordem	
   pública,	
   que	
   são	
   aplicáveis	
   aos	
   negócios	
   bancários	
   por	
   força	
   da	
  Súmula	
  297,	
  quanto	
  à	
  possibilidade	
  de	
  conhecer	
  da	
  abusividade	
  das	
  cláusulas	
  de	
  ofício,	
  ao	
  arrepio	
  da	
  maioria	
  esmagadora	
  da	
  doutrina,	
  o	
  STJ	
  entende	
  que	
  estas	
  só	
  poderão	
  ser	
  conhecidas	
  mediante	
  provocação	
  da	
  parte	
  interessada31.	
  Posicionamento	
  incoerente,	
  data	
  máxima	
  vênia,	
  mas	
  é	
  o	
  entendimento	
  atual	
  do	
  STJ.	
  	
  
7. Requisitos	
  ou	
  Condições	
  de	
  Validade	
  do	
  Contrato.Os	
   requisitos	
   essenciais	
   ou	
   condições	
   de	
   validade	
   de	
   todo	
   negócio	
  jurídico	
  estão	
  previstos	
  genericamente	
  no	
  art.	
  104	
  do	
  Código	
  Civil.	
  A	
  melhor	
  doutrina	
  divide-­‐os	
   em	
   requisitos	
   subjetivos,	
   que	
   dizem	
   respeito	
   aos	
   sujeitos	
   envolvidos,	
   e	
  
objetivos,	
  que	
  dizem	
  respeito	
  ao	
  objeto	
  contratado32.	
  Os	
  requisitos	
  subjetivos	
  são:	
  	
  	
  
Ø Capacidade	
   genérica	
   (art.	
   104,	
   I,	
   CC)	
   –	
   Se	
   o	
   negócio	
   for	
  realizado	
  por	
  absolutamente	
  incapaz	
  (art.	
  3º,	
  CC),	
  sem	
  a	
  devida	
  
representação,	
  o	
  acordo	
  será	
  nulo	
  (art.	
  166,	
  I,	
  c/c	
  art.	
  1.747,	
  I,	
  CC).	
  Se	
  realizado	
  por	
  relativamente	
  incapaz	
  (aqueles	
  constantes	
  do	
   rol	
   do	
   art.	
   4º,	
   CC),	
   sem	
   a	
   devida	
  assistência,	
   o	
   acordo	
   será	
  
anulável	
  (art.	
  171,	
  I,	
  c/c	
  art.	
  1.747,	
  I,	
  CC).	
  
Ø Legitimidade	
   (Capacidade	
   Específica)	
   –	
   Em	
   alguns	
   casos,	
  mesmo	
  uma	
  pessoa	
  com	
  capacidade	
  civil	
  plena	
  precisará	
  de	
  uma	
  
capacidade	
   especial,	
   um	
   plus	
   na	
   capacidade,	
   para	
   a	
   prática	
   de	
  determinado	
   ato.	
   É	
   o	
   que	
   ocorre,	
   por	
   exemplo,	
   com	
   a	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  31	
  Súmula	
  381,	
  STJ.	
  32	
  GONÇALVES,	
  Carlos	
  Roberto.	
  Direito	
  Civil	
  Brasileiro,	
  volume	
  3	
  –	
  contratos	
  e	
  atos	
  unilaterais	
  -­‐	
  	
  12.	
  ed.	
  São	
  Paulo:	
  Saraiva,	
  2015,	
  p.	
  34-­‐40	
  
	
   19	
  
necessidade	
  de	
  outorga	
  uxória	
  para	
  alienar	
  bem	
  imóvel	
  do	
  casal	
  (art.	
   1.647,	
   CC),	
   como	
   também	
   no	
   caso	
   da	
   venda	
   de	
   imóvel	
   de	
  ascendente	
   para	
   descendente,	
   em	
   que	
   o	
   alienante	
   precisa	
   do	
  consentimento	
   expresso	
   dos	
   outros	
   descendentes	
   e	
   do	
   cônjuge	
  (art.	
  496,	
  CC).	
  Tais	
  anuências	
  são	
  requisitos	
  de	
  legitimidade	
  para	
  a	
  prática	
  dos	
  respectivos	
  atos.	
  	
  
Ø Consentimento	
   –	
   Este	
   requisito	
   não	
   é	
   próprio	
   de	
   todos	
   os	
  negócios	
   jurídicos,	
   mas	
   fundamental	
   em	
   se	
   tratando	
   de	
  
contratos.	
   É	
   que	
   as	
   partes	
   precisam	
   estar	
   de	
   acordo,	
  expressando	
  um	
  consentimento	
  recíproco	
  na	
  prática	
  do	
  certame	
  contratual.	
   Devem	
   estar	
   em	
   consenso	
   quanto	
   ao	
   objeto	
   do	
  contrato,	
  quanto	
  às	
  suas	
  cláusulas	
  e	
  quanto	
  à	
  sua	
  natureza.	
  Este	
  consentimento	
   deve	
   ser	
   livre,	
   espontâneo	
   e	
   de	
   boa-­‐fé.	
   Caso	
  contrário,	
   estará	
   viciado	
   por	
   um	
   dos	
   vícios	
   do	
   consentimento	
  (erro,	
   dolo,	
   coação,	
   estado	
   de	
   perigo,	
   lesão	
   ou	
   fraude	
   contra	
  credores).	
  Já	
  os	
  requisitos	
  objetivos	
  são	
  (art.	
  104,	
  II,	
  CC):	
  	
  
Ø Licitude	
   do	
   Objeto	
   –	
   O	
   objeto	
   de	
   um	
   contrato	
   é	
   sempre	
   uma	
  prestação	
  de	
  dar,	
   fazer	
   ou	
  não	
   fazer	
   (objeto	
   imediato)	
   que	
  não	
  podem	
  atentar	
  contra	
  a	
  lei,	
  a	
  moral	
  ou	
  os	
  bons	
  costumes.	
  	
  
Ø Possibilidade	
   Jurídica	
   ou	
   Física	
   do	
   Objeto	
   –	
   O	
   objeto	
  impossível	
  fisicamente	
  é	
  aquele	
  impossível	
  de	
  ser	
  realizado	
  pelo	
  homem,	
  como,	
  por	
  exemplo,	
  a	
  obrigação	
  de	
  tocar	
  em	
  Marte	
  sem	
  tirar	
   os	
   pés	
   da	
   Terra.	
   Já	
   o	
   objeto	
   juridicamente	
   impossível	
   é	
  aquele	
   que	
   o	
   próprio	
   ordenamento	
   já	
   proíbe	
   que	
   tal	
   bem	
   seja	
  objeto	
  de	
  contrato,	
  como,	
  por	
  exemplo,	
  o	
  pacto	
  sucessório	
  (pacta	
  
corvina),	
  	
  negócio	
  sobre	
  a	
  herança	
  de	
  pessoa	
  ainda	
  viva	
  (art.	
  426,	
  CC).	
  
Ø Determinação	
   do	
   Objeto	
   –	
   Há	
   de	
   ser	
   um	
  objeto	
   determinado	
  ou,	
   pelo	
   menos,	
   determinável.	
   Admite-­‐se	
   a	
   venda	
   de	
   coisa	
  incerta,	
   por	
   exemplo,	
   indicando-­‐se	
   ao	
   menos	
   o	
   gênero	
   e	
   a	
  quantidade	
  (art.	
  243	
  a	
  249,	
  CC).	
  
	
   20	
  
	
  Importante	
  saber	
  que	
  o	
  contrato	
  que	
  não	
  observar	
  um	
  destes	
  requisitos	
  objetivos	
  é	
  considerado	
  nulo	
  (art.	
  166,	
  II,	
  CC).	
  	
  
8. Forma	
  e	
  Prova	
  do	
  contrato.	
  	
  A	
   regra	
   geral,	
   em	
   se	
   tratando	
   de	
   negócios	
   jurídicos,	
   é	
   a	
   liberdade	
   da	
  
forma,	
  consagrada	
  no	
  art.	
  107,	
  CC:	
  “a	
  validade	
  da	
  declaração	
  de	
  vontade	
  não	
  dependerá	
  
de	
  forma	
  especial,	
  senão	
  quando	
  a	
  lei	
  a	
  exigir	
  expressamente”.	
  	
  Mas,	
   como	
   a	
   própria	
   lei	
   prevê,	
   existem	
   alguns	
   casos	
   em	
   que	
   o	
   negócio	
  jurídico,	
  para	
  ser	
  considerado	
  como	
  válido,	
  necessita	
  obedecer	
  uma	
  forma	
  prescrita	
  na	
  lei.	
   São	
   os	
   chamados	
   negócios	
   ad	
   solemnitatem.	
   São	
   exemplos	
   de	
   negócios	
   ad	
  
solemnitatem,	
  dentre	
  outros:	
  
Ø Contratos	
  constitutivos	
  ou	
  translativos	
  de	
  direitos	
  reais	
  sobre	
  imóveis	
  de	
  valor	
  superior	
  a	
  30	
   (trinta)	
  vezes	
  o	
  maior	
  salário	
  mínimo	
  vigente	
  (art.	
  108,	
  CC);	
  
Ø O	
  testamento	
  em	
  que	
  a	
  lei	
  impõe	
  a	
  forma	
  específica	
  (pública,	
  cerrada	
  ou	
  particular,	
  art.	
  1.862,	
  CC);	
  
Ø A	
   sublocação	
   e	
   o	
   empréstimo	
   do	
   prédio	
   locado	
   dependem	
   do	
  consentimento,	
  por	
  escrito,	
  do	
  locador	
  (art.	
  13,	
  da	
  Lei	
  do	
  Inquilinato	
  –	
  Lei	
  nº	
  8.245/91).	
  	
  Ainda	
  quanto	
  à	
  liberdade	
  da	
  forma,	
  a	
  regra	
  geral	
  é	
  de	
  que	
  a	
  manifestação	
  de	
  vontade	
  pode	
  ser	
  expressa	
  ou	
  tácita.	
  Só	
  não	
  poderá	
  ser	
  tácita,	
  devendo	
  ser	
  portanto	
  necessariamente	
  expressa,	
  quanto	
  a	
   lei	
   assim	
  determinar	
   (art.	
  111,	
  CC).	
  Vejamos	
  um	
  exemplo:	
  art.	
  539,	
  CC	
  –	
  doação	
  pura,	
  onde	
  o	
  silêncio	
  importa	
  a	
  aceitação.	
  Entretanto,	
  se	
  a	
  doação	
  for	
  com	
  encargo,	
  o	
  consentimento	
  deverá	
  ser	
  expresso.	
  	
  Os	
  negócios	
  que	
  necessitam	
  de	
  uma	
  forma	
  escrita	
  para	
  serem	
  realizados	
  e	
   provados	
   são	
   chamados	
   pela	
   doutrina	
   de	
   ad	
   probationem.	
   O	
   art.	
   401,

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