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Aspectos Sociais, Políticos e Legais da Educação 2 Aspectos Sociais, Políticos e Legais da Educação O SISTEMA EDUCACIONAL NO BRASIL INTRODUÇÃO A disciplina de Aspectos Sociais, Políticos e Legais da Educação enfoca a estrutura, a organização e o funcionamento da Educação Brasileira, a partir do contexto da gestão social e de seus aspectos sócio- políticos, históricos e legais; analisa as políticas educacionais em seus diversos níveis e o planejamento neste contexto. Assim, ao desenvolver o conteúdo da disciplina temos a preocupação de lhe fornecer conceitos e fundamentos para que seja capaz de: Planejar, elaborar, desenvolver e avaliar, projetos e programas educativos, e políticas educacionais. Ter visão de negócios, identificando oportunidades e empreendendo projetos, ligados, principalmente à área da educação. Portanto a disciplina aborda duas grandes áreas: as Políticas Educacionais e o Planejamento. As Políticas Educacionais serão analisadas e discutidas como elementos fundamentais que têm grandes impactos na organização e na educação de um modo geral e na escola, de um modo particular. E o Planejamento será tratado como ferramenta de gestão para o desenvolvimento da instituição escolar. 3 Na primeira unidade, tratamos do SISTEMA EDUCACIONAL NO BRASIL fazendo uma revisão das principais legislações educacionais que traduzem uma política educacional no Brasil. Assim, iremos abordar os seguintes tópicos: 1.1 A Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; 1.2 O Estatuto da Criança e do Adolescente; 1.3 As Diretrizes, os Parâmetros e os Referenciais Curriculares Nacionais. Esperamos que ao final da unidade você capaz de Contextualizar as políticas educacionais ao longo das últimas décadas, com o objetivo de repensar a prática político-pedagógica dos educadores/gestores de forma crítica e fundamentada. Perceber, nas demandas e variáveis que interferem no processo do planejamento educacional, a estrutura das políticas públicas brasileiras e sua relação com o planejamento na escola. Identificar os fatores condicionantes do sistema de ensino em sua relação com as práticas organizativas, pedagógicas e curriculares da escola. 1. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. Se eu lhe perguntar: o que significa “política” para você? Provavelmente o levarei a pensar nas campanhas eleitorais, partidos, propagandas, poluição visual às vésperas de eleição... Ou, nos políticos profissionais, na maioria das vezes, de maus políticos. Será que política é isso mesmo? Ou melhor, será que política é só isso? 4 Pensemos na origem da palavra, política é uma palavra de origem grega, politikós, que exprime a condição de participação da pessoa que é livre nas decisões sobre os rumos da cidade, a pólis. Com o decorrer do tempo, política passou a designar um campo dedicado ao estudo da esfera de atividades humanas articulada às coisas do Estado. Neste sentido, refere-se, hoje, principalmente ao conjunto de atividades, que, de alguma maneira são atribuídas ao Estado, ou que dele emanam. Podemos então dizer que, política pública, refere-se à participação do povo nas decisões da cidade, do território. Historicamente essa participação assumiu contornos distintos, no tempo e no lugar, podendo ter acontecido de forma direta ou indireta (por representação). De todo modo, um agente sempre foi fundamental no acontecimento da política pública: o Estado. Portanto, as políticas públicas são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; são as regras e procedimentos para as relações entre poder público e a sociedade; as mediações entre atores da sociedade e do Estado e são explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos. De uma maneira geral, podemos dizer que política pública é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer, bem como os impactos de sua ação ou omissão. Assim, se um governo não faz nada em relação a alguma coisa emergente isso também é uma política pública, pois envolveu uma decisão. Neste sentido, também dizemos que uma política pública se refere às prioridades definidas pelo Estado. O que distingue política pública da política, de um modo geral, é que esta também é praticada pela sociedade civil, e não apenas pelo governo. Isso quer dizer que política pública é condição exclusiva do governo, no que se refere a toda a sua extensão (formulação, deliberação, implementação e 5 monitoramento). Entende-se por políticas públicas educacionais aquelas que regulam e orientam os sistemas de ensino, instituindo a educação escolar. Com base em uma análise histórica sobre o papel social destinado a educação em diferentes períodos de nossa história, é possível evidenciar algumas das principais tensões e contradições que marcaram a organização do sistema educacional brasileiro, bem como, as continuidades, descontinuidades, adaptações e rupturas que caracterizaram as políticas educacionais de diferentes períodos. Com maior ou menor ênfase e marcadas pela ideologia de sua época, todas as Constituições brasileiras dedicaram tratamento ao tema da educação. Assim, ao longo da história da educação brasileira, as políticas educacionais estiveram intimamente relacionadas ao contexto social, político e econômico de cada época, procurando adequar o sistema de ensino à estrutura social vigente ou em emergência. Na Constituição de 1988, a Educação passa a representar uma das estratégias destinadas a realizar a “justiça social.” Assim, o Estado procura instrumentos de aproximação e de incorporação das massas populares mostrando a “intenção” de diminuir as desigualdades e de assistir à população mais carente. É nesta linha que a Constituição de 88 incorpora as políticas educacionais, de forma geral, caracterizando-se pelo sentido de democratização da Educação, voltando-se para ampliação do acesso a educação básica, configurando as políticas de “educação para todos”. É reconhecidamente, no meio acadêmico e jurídico, que nossa Constituição atual, é uma das mais avançadas do mundo em matéria de consagração e proteção dos direitos sociais, dente eles, o direito à educação. Além do estabelecimento de regras minuciosas, a grande inovação trazida pela Constituição de 88 em relação ao direito à educação, decorre de 6 seu caráter democrático, especialmente pela preocupação em prever instrumentos para sua efetividade. Na Constituição atual a Educação é tratada no CAPÍTULO III - DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO Seção I - DA EDUCAÇÃO O artigo 205, determina que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Diferentemente dos outros direitos sociais, o direito à educação está diretamente vinculado à obrigatoriedade escolar, assim, a inclusão do direito à educação entre os direitos sociais apresenta, ao mesmo tempo, como uma conquista e uma concessão, um direito e uma obrigação. Desta forma, a Constituição trata a educação: Como direito A educação é direito de todos e o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. Como dever A educação é dever do Estado e da família. Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração e com assistência da União: recensear a população em idade escolarpara o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso; fazer-lhes a chamada pública; zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir de seis anos de idade, no ensino fundamental. Como gratuidade O ensino público em estabelecimentos oficiais é gratuito, em todos os seus níveis. A oferta gratuita do ensino fundamental deve ser 7 também assegurada para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria e o ensino médio gratuito deve ser progressivamente universalizado. Como obrigatoriedade O ensino fundamental, com duração de nove anos, além de gratuito nos estabelecimentos oficiais, é obrigatório, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria. Esta obrigatoriedade deve ser progressivamente estendida à educação infantil e ao ensino médio. Como responsabilidade O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade. Você se lembra o que significa dizer que “O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”? O direito à educação parte do reconhecimento de que o saber sistemático é mais do que uma importante herança cultural, o cidadão torna- se capaz de se apossar de padrões cognitivos e formativos pelos quais tem maiores possibilidades de participar dos destinos de sua sociedade e colaborar na sua transformação. Hoje, o problema mais grave não é mais o de fundamentar os direitos do homem, e sim o de protegê-los, garanti-los, pois, os direitos sociais são mais difíceis de proteger do que os direitos de liberdade, por exemplo. A declaração e a garantia de um direito tornam-se imprescindíveis em uma sociedade com forte tradição elitista e que tradicionalmente reserva apenas às camadas privilegiadas o acesso a este bem social. 8 Desse modo, a educação como direito e sua efetivação em práticas sociais se convertem em instrumento de redução das desigualdades e das discriminações e possibilitam uma aproximação pacífica entre os povos de todo o mundo. Você se lembra, pela nossa Constituição, em relação à educação, o que compete à União, aos Estados e Distrito Federal e aos Municípios? A LDB atual, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96) é promulgada em 1996, em atendimento aos preceitos constitucionais após um longo processo de tramitação que se iniciou em 1988. Como uma lei que estabelece as diretrizes para a organização da educação nacional, tanto para as instituições públicas quantos para as privadas, traçou, dentre outras coisas, os princípios educativos, especificou os níveis e modalidades de ensino, regulou e regulamentou a estrutura e o funcionamento do sistema de ensino nacional. A partir da LDB de 96, a Educação Infantil, até então tida como pré-escola, algo que vinha antes da escola, passou a fazer parte do sistema educacional. Assim, o atendimento da criança pequena, deixa de ter um caráter eminentemente social e passa a ser educacional. Daí a dupla função da Educação Infantil: o educar e o cuidar. 9 A figura de “modalidades de ensino” é a primeira vez que surge em nossa Lei de Diretrizes, elas correspondem às formas de educação que podem realizar-se nos diferentes níveis da educação escolar. Foram criadas para atender às especificidades da oferta da educação, quer em relação à população, ou à localização de tal população. Portanto, as modalidades perpassam pelos níveis e no esquema abaixo você pode verificar algumas delas e sua relação com os níveis e etapas. Muitos dos artigos, parágrafos e incisos da LDB, foram responsáveis por mudanças estruturais importantes na educação brasileira e trouxeram inovações significativas. Pela primeira vez uma lei educacional deixa a União com um forte papel de mero coordenador, o que abre margem para a iniciativa autônoma dos Estados, Municípios e escolas. 10 Outro elemento importante trazido pela LDB foi caracterizar a Educação como dever da família e do Estado. Com ela o conceito de participação da família na Educação se tornou mais elástico e mais efetivo. A LDB avança significativamente ao introduzir a autonomia e flexibilização dos sistemas de ensino, a introdução dos sistemas de avaliação, a municipalização do ensino, além de abrir espaço para a educação a distância e, principalmente a educação especial. Desta forma a Lei de Diretrizes e Bases da Educação figura como um importante instrumento de concretização dos direitos educacionais. Junto com as demais leis protetoras dos direitos sociais, contemplou-se no âmbito educacional, uma preocupação de formar um indivíduo mais crítico, participativo, questionador e cidadão. 1.2 O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O ECA, Estatuto da Criança e dos Adolescente, Lei n. 8.069/90, traz uma nova visão para a criança e o adolescente, rompendo com o conservadorismo da época, presente no “Código de Menores” até então em 11 vigor, no qual a criança e o adolescente eram objetos de direito, diferente de hoje, que são pessoas sujeitos de direitos e deveres. Você sabe quem são as crianças e adolescentes definidos pelo ECA? Assim, o ECA veio regulamentar e garantir a imposição à família, à sociedade e ao Estado que assegurarem os direitos da criança e do adolescente, bem como disciplinar os mecanismos para efetivação e garantia desses interesses inerentes ao menor. Portanto, o objetivo maior do Estatuto da Criança e do Adolescente é proteger a criança e o adolescente de toda e qualquer forma de abuso, bem como garantir que todos os direitos estabelecidos na Constituição Federal lhes sejam assistidos. Além de disciplinar os mecanismos os quais devem ser utilizados para que a família, a sociedade e o Estado garantam todos os direitos inerentes ao menor. O ECA se refere à família natural e família extensa. Você sabe qual é o entendimento que ele dá a cada uma delas? Constituem direitos fundamentais da criança e do adolescente todos aqueles inerentes à pessoa humana dos quais podemos destacar o direito à vida, saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária. O ECA também coloca a criança e o adolescente a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Dessa forma, verifica-se que, através da prática daqueles direitos, é possível assegurar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social da criança e do adolescente. A partir da Constituição de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente, as crianças e adolescentes brasileiros, sem distinção de raça, 12 classe social, ou qualquer forma de discriminação, passaram de objetos a serem sujeitos de direitos, considerados em sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento e a quem se deve assegurar prioridade absoluta na formulação de políticas públicas e destinação privilegiada de recursos nas dotações orçamentárias das diversas instâncias político- administrativas do País. Você sabe o que é o Conselho Tutelar? O ECA institui um sistema participativo de formulação, controle e fiscalização das políticas públicas entre Estado e sociedade civil - os conselhos. Dentre eles está o Conselho Tutelar que é o órgão responsável em fiscalizar se os direitos previstos no Estatutoda Criança e do Adolescente estão sendo cumpridos. Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. (ECA) Órgão permanente - uma vez criado não pode ser extinto; Autônomo - autônomo em suas decisões, não recebe interferência de fora; Não jurisdicional - não julga, não faz parte do judiciário, não aplica medidas judiciais. Cada cidade deve ter obrigatoriamente pelo menos um Conselho Tutelar, sustentado pelo governo municipal ou seja, é a prefeitura que deve pagar o aluguel, telefone, inclusive o salário dos Conselheiros, etc. Em cada Conselho trabalham cinco Conselheiros, escolhidos pela comunidade para um mandato de 3 anos. Os Conselheiros são os principais responsáveis para fazer valer esses direitos e dar os encaminhamentos necessários para a solução dos problemas referentes à infância e adolescência. 13 Podem ser encaminhados para o Conselho Tutelar casos de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão que tenham como vítimas crianças ou adolescentes. Ao receber denúncia de que alguma criança ou adolescentes está tendo seu direto violado, o Conselho Tutelar passa a acompanhar o caso para definir a melhor forma de resolver o problema. Por exemplo, se os pais de uma criança ou adolescente não encontram vagas para seus filhos na escola, ou ainda, se a criança ou adolescente estiver precisando de algum tratamento de saúde e não for atendido, o Conselho Tutelar pode ser procurado. Nesses casos, o Conselho tem o poder de requisitar que os serviços públicos atendam a essas necessidades. Requisitar, aqui, não é mera solicitação, mas é a determinação para que o serviço público execute o atendimento. Casos as requisições não sejam cumpridas, o Conselho Tutelar encaminhará o caso ao Ministério Público para que sejam tomadas as providências jurídicas. As principais funções do Conselho Tutelar são: receber a comunicação dos casos de suspeita ou confirmação de maus tratos e determinar as medidas de proteção necessárias; determinar matricula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental, garantido assim que crianças e adolescentes tenham acesso à escola; requisitar certidões de nascimento e óbito de crianças ou adolescentes, quando necessário; atender e aconselhar pais ou responsáveis, aplicando medidas de encaminhamento a: programas de promoção à família, tratamento psicológico ou psiquiátrico, tratamento de dependência química; orientar pais ou responsáveis para que cumpram a obrigação de matricularem seus filhos no ensino fundamental, acompanhando sua frequência e aproveitamento escolar; requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; 14 encaminhar ao Ministério Público as infrações contra os direitos de crianças e adolescentes. Não são atribuições do Conselho Tutelar: busca e apreensão de Crianças, Adolescentes ou pertences dos mesmos - quem faz isso é o oficial de Justiça, por ordem judicial; autorização para viajar ou para desfilar - quem faz é Comissário da Infância e Juventude; não dá autorização de guarda - quem faz isso é o juiz, através de um advogado que entrará com uma petição para a regularização da guarda ou modificação da mesma. Thelma, uma professora do 4º. Ano percebeu que um aluno seu estava com muitas marcas no corpo (vermelhidão, hematomas, ferimentos) o que a levou a desconfiar de agressão. Com muito cuidado fez com que o aluno lhe contasse que apanhava com frequência do pai adotivo. O que deve fazer a professora com base no Estatuto da Criança e do Adolescente? O ECA também tem um capítulo reservado à Educação: Capítulo IV - Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer. Estabelece que o direito à educação deve proporcionar o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente, preparando-os para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Determina ainda que: • É dever do estado garantir ensino fundamental obrigatório e gratuito; • É dever do estado oferecer creche e pré-escola até os 6 anos de idade; • Os pais tem obrigação de manter os filhos na rede regular de ensino; • A escola tem obrigação de comunicar o conselho tutelar sobre: maus tratos, evasão escolar, elevados índices de repetência. 15 1.3 AS DIRETRIZES, OS PARÂMETROS E OS REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS. Você sabe o que é um sistema? E o que pode ser um sistema na área de educação? A LDB estabelece que: Art. 9º A União incumbir-se-á de: [...] IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. Assim, o Conselho Nacional de Educação fixou as Diretrizes Curriculares Nacionais como normas obrigatórias para a Educação Básica que orientam o planejamento curricular das escolas e sistemas de ensino. Não são fórmulas prontas, já que o contexto sócio-político-cultural que envolve cada escola ou sistema educacional exige inovadoras formas de saber, fazer e ser. Uma das prioridades das DCN é conferir maior autonomia aos sistemas educacionais na definição dos currículos. Para isso, explicitam as competências e habilidade que devem ser desenvolvidas por meio do Projeto Político-Pedagógico, capaz de adaptar-se à dinâmica das demandas sociais, incentivando as instituições a montar seu currículo, recortando, dentro das áreas de conhecimento, os conteúdos que lhe convêm para a formação daquelas competências que estão explicitadas nas diretrizes curriculares. Dessa forma, a escola deve trabalhar esse conteúdo nos contextos que lhe parecerem necessários, considerando o tipo de pessoas que atende, a região em que está 16 inserida e outros aspectos locais relevantes reafirmando o princípio da flexibilidade garantido pela LDB. Esse princípio estaria assegurado por diretrizes amplas, que indicam competências a serem desenvolvidas pelos educandos, em linhas gerais, mas de caráter obrigatório. Desse modo, as diretrizes buscam se apresentar mais como uma orientação, um impulso inicial e rumo geral para as decisões curriculares a serem tomadas democrática e coletivamente pelas escolas ou sistemas educacionais. Dessa forma, as Diretrizes Curriculares, deslocam o foco do ensino para a aprendizagem e não pretendem configurar um currículo único segundo a concepção tradicional. Podemos então afirmar que as Diretrizes Curriculares Nacionais são um conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica que orientam as escolas na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas. Portanto, as diretrizes cumprem que seu papel de subsidiar a elaboração das propostas pedagógicas das secretarias, do planejamento curricular dos sistemas de ensino e do projeto político pedagógico de cada estabelecimento escolar, conforme preconiza a legislação. Dessa forma, a partir de 1996 (com a promulgação da LDB), foram estabelecidas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e todas as suas etapas e modalidades e também para os cursos Superiores. As diretrizes curriculares nacionais são elaboradas por meio de um processo que inclui a análise das propostas constantes nos pareceres elaborados pelo Conselho Nacional de Educação - CNE e submetidos à consulta da comunidadeeducacional, para que, após esse procedimento, sejam formalizadas em termos de resoluções, de caráter mandatório para todos os sistemas de ensino do território nacional. 17 A consulta feita à comunidade educacional, normalmente é através da constituição de uma comissão de especialistas que elabora uma proposta ao MEC. Portanto sempre que nos referimos às Diretrizes Curriculares, estamos falando de dois documentos importantes: o Parecer do CNE e a Resolução. Abaixo você tem a relação das principais Diretrizes da Educação básica: Educação Básica Parecer CNE/CEB nº 7/2010, aprovado em 7 de abril de 2010 Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010 Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica Educação Infantil Parecer CEB nº 22, de 17 de dezembro de 1998 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009 Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Ensino Fundamental Parecer CNE/CEB nº 4, de 29 de janeiro de 1998 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Parecer CNE/CEB nº 11/2010, aprovado em 7 de julho de 2010 - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Resolução CNE/CEB nº 7, de 14 de dezembro de 2010 - Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Educação de Jovens e Adultos Parecer CNE/CEB nº 11/2000, aprovado em 10 de maio de 2000 Dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Resolução CNE/CEB nº 1, de 5 de julho de 2000 Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. 18 Educação Especial Parecer CNE/CEB nº 17/2001, aprovado em 3 de julho de 2001 Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Resolução CNE/CEB nº 2/2001, de 11 de setembro de 2001 Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Pensando nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, veja se você consegue relacionar quais são seus aspectos principais que uma escola deve se preocupar na sua organização pedagógica, administrativa e curricular. Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, constituem em um referencial de qualidade para a educação no Ensino Fundamental, configurando como uma proposta flexível para a elaboração dos currículos nas escolas. São referenciais, a partir dos quais o sistema educacional do País se organize, a fim de garantir que, respeitadas as diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas, a educação possa atuar no processo de construção da cidadania. Assim, os PCN foram elaborados para difundir os princípios da reforma curricular e orientar os professores na busca de novas abordagens e metodologias. Eles traçam um novo perfil para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta; orientam os professores quanto ao significado do conhecimento escolar quando contextualizado e quanto à interdisciplinaridade, incentivando o raciocínio e a capacidade de aprender. Apoiados fortemente no conceito de cidadania, os PCN buscam criar condições para que as crianças e jovens tenham acesso ao saber socialmente elaborado e reconhecido como necessário ao exercício da cidadania. Elaborado em uma perspectiva construtivista de aprendizagem, consideram que o conhecimento surge e se enraíza através da ação e da interação dos professores e/ou alunos com os objetos a serem apreendidos pela consciência. 19 Os PCN estão organizados como mostra a relação a seguir, basta você clicar sobre o título Ensino Fundamental que você terá acesso ao documento, na íntegra, a partir do site do MEC: Ensino Fundamental – 1.ª a 4.ª série Têm como objetivo estabelecer uma referência curricular e apoiar a revisão e/ou elaboração da proposta curricular dos estados ou das escolas integrantes dos sistemas de ensino. Os PCN de 1.ª a 4.ª série estão divididos em 10 volumes: Volume 1 — Introdução aos PCN Volume 2 — Língua Portuguesa Volume 3 — Matemática Volume 4 — Ciências Naturais Volume 5.1 — História e Geografia Volume 5.2 — História e Geografia Volume 6 — Arte Volume 7 — Educação Física Volume 8.1 — Temas Transversais — Apresentação Volume 8.2 — Temas Transversais — Ética Volume 9.1 — Meio Ambiente Volume 9.2 — Saúde Volume 10.1 — Pluralidade Cultural Volume 10.2 — Orientação Sexual Ensino Fundamental — 5.ª a 8.ª série Estabelecem, para os sistemas de ensino, uma base nacional comum nos currículos e servem de eixo norteador na revisão ou elaboração da proposta curricular das escolas. Volume 1 — Introdução aos PCN Volume 2 — Língua Portuguesa Volume 3 — Matemática Volume 4 — Ciências Naturais Volume 5 — Geografia Volume 6 — História Volume 7 — Arte Volume 8 — Educação Física Volume 9 — Língua Estrangeira Volume 10.1 — Temas Transversais — Apresentação Volume 10.2 — Temas Transversais — Ética Volume 10.3 — Temas Transversais — Pluralidade Cultural Volume 10.4 — Temas Transversais — Meio Ambiente Volume 10.5 — Temas Transversais — Saúde Volume 10.6 — Temas Transversais — Orientação Sexual Volume 10.7 — Temas Transversais — Trabalho e Consumo Volume 10.8 — Temas Transversais — Bibliografia 20 Ao consultar o material você vai verificar que, além de conter uma exposição sobre seus fundamentos, contém os diferentes elementos curriculares tais como: Caracterização das Áreas, Objetivos, Organização dos Conteúdos, Critérios de Avaliação e Orientações Didáticas, efetivando uma proposta articuladora dos propósitos mais gerais de formação do cidadão crítico e participativo com sua operacionalização no processo de aprendizagem. Apesar de apresentar uma estrutura curricular completa, os PCN são abertos e flexíveis, uma vez que por sua natureza, exigem adaptações para a construção do currículo de uma Secretaria ou mesmo de uma escola. Também pela sua natureza, não se impõem como uma diretriz obrigatória: o que se pretende é que ocorram adaptações através de uma troca dialógica entre eles e as práticas já existentes, desde as definições dos objetivos até as orientações didáticas para a manutenção de um todo coerente. Os Referenciais Curriculares Nacionais é o conjunto de reflexões de cunho educacional sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os educadores; desenvolvidos para aproximar a prática escolar às orientações expressas nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Portanto, tais documentos correspondem à subsídios adicionais, que oferecem informações e indicações para a elaboração de propostas curriculares. 21 Foram elaborados para áreas que necessitem de informações adicionais, além dos documentos normativos. • Educação Infantil, • Educação Indígena • Educação Profissional. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil Os três volumes dessa publicação podem contribuir para o planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas educativas, além da construção de propostas pedagógicas que respondam às necessidades das crianças e de seus familiares. Para acessar, copie o link: Introdução - http://www.educacional.com.br/abresite.asp?IdPublicacao=128868 Apresenta uma reflexão sobre creches e pré-escolas no Brasil, situando e fundamentando concepções de criança, de educação, de instituição e do profissional, que foram utilizadas para definir os objetivos gerais da educaçãoinfantil. Formação pessoal e social - http://www.educacional.com.br/abresite.asp?IdPublicacao=128877 Trata da Formação Pessoal e Social contendo o eixo de trabalho que favorece, prioritariamente, os processos de construção da identidade e autonomia das crianças. 22 Conhecimento de Mundo - http://www.educacional.com.br/abresite.asp?IdPublicacao=128880 Aborda o Conhecimento de Mundo contendo seis documentos referentes aos eixos de trabalho orientados para a construção das diferentes linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem com os objetos de conhecimento: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. Você é capaz de dizer o que difere as Diretrizes Curriculares dos Parâmetros Curriculares e dos Referenciais Curriculares Nacionais? 23 SÍNTESE Você deve ter percebido pelo desenvolvimento do conteúdo da presente unidade que a Constituição Federal de 88 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional impuseram profundas mudanças em nosso sistema educacional. Dentre as inúmeras mudanças trazidas pelas duas leis na área da educação, temos a constituição de um sistema nacional de educação, do qual participam as três instâncias: federal, estadual e municipal. Assim, para se garantir uma unidade para este sistema, o Ministério da Educação cria as Diretrizes, os Parâmetros e os Referenciais Curriculares Nacionais, como instrumentos de orientação da organização das escolas e dos sistemas educacionais e de orientações didáticas metodológicas para o desenvolvimento da prática educativa pelos professores. 24 BIBLIOGRAFIA BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 22/02/11. BRASIL. Lei N°. 9.394/94, de 20/12/1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 22/02/11. LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferrreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais. Disponíveis em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12992:diretrizes- para-a-educacao-basica>Acesso em: 22/02/11. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponíveis em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1264 0%3Aparametros-curriculares-nacionais1o-a-4o-series&catid=195%3Aseb- educacao-basica&Itemid=859 Acesso em: 22/02/11.