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CAPITALISMO e URBANIZAÇÃO Maria Encarnação B. Sposito UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS –CTRN FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA URBANA 2017.1 Isabella Eloy Campina Grande, Maio 2017 CAPITALISMO e URBANIZAÇÃO Maria Encarnação B. Sposito UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS –CTRN FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA URBANA 2017.1 Isabella Eloy Campina Grande, Maio 2017 A partir dai, o texto analisa como as cidades medievais existiam (ou, no caso, não existiam) a partir da desarticulação da urbe e o surgimento de unidades autônomas e praticamente autossuficientes chamadas feudos. Apesar da instituição religiosa ainda existir, elas tinham papel econômico praticamente nulo. CAPÍTLO 2 : A URBANIZAÇÃO SOB O CAPITALISMO • O RENASCIMENTO URBANO As “cidades” feudais foram uma realidade, todavia as que conhecemos hoje são bem distintas delas. O livro em questão passa a explorar no capítulo 2 qual fator foi determinante para o renascimento das cidades, e ela expõe que fator foi o capitalismo. Com a reabertura dos postos europeus nos séculos X e XI ( que estava limitada pelos árabes impedindo a travessia de mercadoria) , a economia que antes era pequena e praticamente limitada pelas muralhas dos feudos, passa a ressurgir no cenário europeu. Isso ocorre pois com a volta das trocas comerciais com o Oriente, passou a ter uma maior necessidade de proteção por parte dos mercadores; As muralhas que antes controlavam a ocupação passou a não ser suficiente, e a ocupação extramuros se tornou necessária. “A cidade nunca fora um espaço tão importante, e nem a urbanização um processo tão expressivo e extenso a nível mundial, como a partir do capitalismo.” Pág30 Simultaneamente ao renascimento das cidades, uma nova (e poderosa) classe social surgia: A burguesia .Essa classe nascia fruto do comércio e diferentemente da nobreza que possuia poder, a burguesia era detentora de capital, e em um contexto de nascimento e crescimento do capitalismo, esse fato foi decisivo. O texto também explica o surgimento das corporações e posteriormente das manufaturas, expondo assim como a sociedade capitalista passou a não apenas crescer, como também se tornar cada vez mais complexa. É importante frisar que o nascimento e crescimento do capitalismo foi um processo lento e complexo. Ele ocorreu por transformações políticas dentro das classes sociais. Como já foi dito, o nascimento da burguesia foi essencial nesse processo, pois foi ela quem passou a “dominar” os espaços que antes da idade média, era ocupado pela zona urbana. Dessa forma, o mundo pós idade média era tinha como papel principal a classe burguesa e como cenário os novos aglomerados urbanos. “Com o fortalecimento da burguesia comercial proporcional ao crescimento de sua riqueza, de seu capital acumulado, muitas cidades obtiveram sua autonomia e passaram a ser o destino dos servos que fugiam dos feudos”. Pág 36 • A URBANIZAÇÃO MODERNA Com o aumento cada vez mais expressivo do poder da burguesia, a aliança dessa classe com o rei foi inevitável. Essa união fez surgir os chamados ESTADOS NACIONAIS ABSOLUTISTAS. O desenvolvimento desse novo modelo político-econômico permitiu o adensamento populacional e posteriormente a expansão colonial com as grandes navegações marítimas. “A medida que o próprio capitalismo se desenvolvia, esta urbanização no mundo colonial foi se ampliando e tomando um caráter de multiplicidade funcional.” A formação dos estados nacionais absolutistas transformaram as cidades uma vez que permitiu o adensamento populacional, o aparecimento de uma burocracia numerosa e a formação de exércitos permanentes. Pode-se observar então que cada vez mais a sociedade feudal era esquecida e uma nova sociedade se formava. “As cidades modernas, ao contrário, constituíram-se em depositárias da riqueza monetária, originada com o comércio e a usura” Pág 43 É possível verificar a importância das cidades na nova ordem econômica (capitalismo) pela riqueza monetária, científica e artística que passou a se acumular nas cidades modernas, período conhecido como Renascimento. CAPÍTULO 3: INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO O termo indústria é dito no texto como o conjunto de atividades humanas que têm por objeto a produção de mercadorias. Com o aumento da complexidade das cidades, nasceu então o chamado processo de industrialização que não está relacionado com o termo indústria mas é um processo amplo e que marcou a Idade Contemporânea. O texto também deixa claro que apesar de o termo industrialização estar sempre vinculado ao termo urbanização, foi visto que o segundo é visto desde a Antiguidade, assim, estudar e buscar entender a urbanização por meio do desenvolvimento industrial é entender o desenvolvimento do capitalismo. • CAPITALISMO INDUSTRIAL A primeira etapa do desenvolvimento capitalista (capitalismo comercial) permitiu a acumulação porém de uma forma primitiva já que nessa etapa o trabalho assalariado não havia se estabelecido de forma predominante. O capitalismo industrial só se deu a partir da emergência do trabalho assalariado. O texto então apresenta um pouco de como nasceu o trabalho assalariado, fazendo uma recapitulação do fortalecimento da divisão de trabalho entre a zona urbana e rural e consequente necessidade de ampliação do trabalho agrícola e posteriormente o surgimento da manufatura para proteção dos interesses dos trabalhadores. “O processo acentuou-se à medida que os artesãos, perdendo o controle sobre o preço do produto, entraram em dificuldades financeiras, permitindo que tanto os comerciantes como os artesãos que conseguiram acumular algum capital se tornassem seus patrões.” Pág52 Outro fato importante para o estabelecimento da forma de trabalho assalariada foi o desenvolvimento tecnológico do maquinário que passou a encarecer o processo produtivo e limitar a aquisição das ferramentas necessárias para a produção. • A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Com o crescente aumento da produção industrial, a sociedade capitalista industrial passa a sofrer amplos processos de transformação que se concretizaram em avanços como o desenvolvimento da máquina a vapor (1769), teares mecânicos de fiação (1767, 1768 e 1801), da locomotiva e da estrada de ferro (1829). Nessa nova realidade, a produção industrial estava ditada pelo o “lucro” – decorrente do crescimento da mais valia. Não foi ao acaso que nesse contexto, o desenvolvimento técnico- científico passou por um grande crescimento; Era necessário se descobrir novas formas que permitissem mais rapidez para a realização do capital. “Embutido no preço do produto, agora sob a determinação do capitalista, estava o "lucro", aquilo que a economia liberal considera a remuneração do capital investido, e que, na verdade, constitui-se na apropriação de parte da riqueza produzida pelo trabalhador que o seu salário não remunera — a mais-valia”. pág54 CA´PÍTULO 4: URBANIZAÇÃO E CAPITALISMO MONOPOLISTA • URBANIZAÇÃOVIA INDUSTRIALIZAÇÃO O livro em questão toma o termo urbanização como aumento da população que vive em cidades, o que gera consequentemente a diminuição da população na zona rural. Logo, na época histórica em que se analisa, apesar do crescimento urbano, as populações das cidades com mais de cem mil habitantes só representavam 1,6% da população europeia (1600) e 2,2% em 1800. Todavia esses índices cresceram de forma excepcional em um curto período de tempo em determinados paises, como foi o caso da Inglaterra. Em 40 anos (no começo do século XIX) a porcentagem de população urbana dobrou, passando de 10 para 20%. É importante também considerar que nessa mesma época, os índices de mortalidade caíram bastante. “A crescente especialização funcional que a i ndustrialização provocou, e a ampliação dos mercados que a sua produção em série exigiu, ao fortalecer a articulação entre os lugares, e principalmente entre as cidades, reforçou a divisão social do trabalho, que se manifestou a nível espacial — a divisão territorial do trabalho. Ou seja, os lugares também se especializaram funcionalmente, à medida que transformações estruturais foram se dando a nível da sociedade” Pag 62 As cidades pós revolução industrial voltaram a crescer com a divisão de trabalhos interurbanos que surgiu antes da idade média. Conforme essa interdependência se desdobrava, houve uma subordinação de cidades em relações á outras, o que fez surgir as hierarquias urbanas. Essas cidades desempenhavam seus papeis nessa rede urbana de acordo com a magnitude de suas relações econômicas e da quantidade de capital existente. Com a indústria maquinofatureira, a produção em larga escala passou a existir e consequentemente a sociedade passa a ser de consumo de massa. Esse fato teve um grande impacto nas sociedades uma vez que a cultura passou a ser homogênea e as propagandas criam necessidades de consumo que não existem. É importante também mencionar que essa nova forma de cultura da propaganda teve um grande impacto na cidade, uma vez que a paisagem urbana mudou e muda até hoje graças a essas formas de incentivar o consumismo. Como já foi dito, as cidades passaram por um processo de adensamento populacional muito rápido, esse processo não foi acompanhado por uma adequação estrutural das cidades, surgindo então, problemas dessa urbanização acelerada. Em uma busca crescente por espaço na cidade, o ordenamento territorial passou a ser quase inexistente, a terra urbana passou a ser produto até para o estado, que a vendia para pagar suas despesas. A cidade ia sendo determinada, assim como a economia, pelo interesse de lucro. “As ruas eram estreitas demais, principalmente no centro, e insuficientes para a circulação das pessoas, dos veículos puxados por animais, para o escoamento do esgoto, criação de porcos, e ainda local de brincadeiras das crianças.” Pág 66 Como consequência dessa cidade caótica, a qualidade de vida caíram de uma forma alarmante e a falta de condições sanitárias permitiu o alastramento de um surto de cólera pela Europa na década de 1830. Decorrente de toda essa situação, a segunda metade do século XIX teve implantação de redes de água, esgoto, melhorias nos percursos e aprovação de leis sanitárias e, enfim, a administração passou a gerir e planejar os espaços urbanos. Um grande exemplo dessa nova forma de lidar com a cidade foi a atuação do prefeito de Paris, Haussmann. A cidade foi praticamente remodelada, com a abertura de grandes vias e corredores de trânsito. E a alta sociedade passou a buscar locais mais afastados do centro, em busca de ares mais limpos. • URBANIZAÇÃO E CAPITALISMO MONOPOLISTA Após o fim das relações de colônia e metrópole, as relações entre os países passaram a ser desiguais devido aos níveis diferentes de industrialização e urbanização que cada um possuía. Países plenamente industrializados trocavam com não industrializados seus produtos de maior valor, por produtor primários. De forma geral, o capitalismo monopolista acontecia a partir do momento que o capital investido em um determinado setor industrial aumentava e permitia que os capitalistas reforçassem suas posições e impedissem a entrada de outros nessa concorrência. Esse fato produziu o processo chamado internacionalização do capital, em que os países periféricos se subordinavam ao capitalismo mundial. • A URBANIZAÇÃO DE HOJE “Os espaços não são apenas urbanos; existe a cidade e o campo. O modo de produção não produz cidades de um lado e campo do outro, mas ao contrário, esta produção compreende uma totalidade, com uma articulação intensa entre estes dois espaços” Pág 77 Nos dias de hoje, a cidade é a peça fundamental para funcionamento do capitalismo, uma vez que concentra força de trabalho e os meios para produção em larga escala. O livro finaliza a análise urbana e do capitalismo destacando as desigualdades que existem hoje em dia entre os países subdesenvolvidos e desenvolvidos e posteriormente entre as zonas urbanas e rurais.