805 pág.

Pré-visualização | Página 19 de 50
H ∈ h2. Esse ponto de encontro das treˆs alturas e´ o Ortocentro. Quando H = B ? Quando A = A+ 1 3 e B 3 = −A(A− 1) B . Que e´ exatamente quando: A = 1 2 e B2 = 3 4 , que diz que se trata de triaˆngulo equila´tero, como ja´ vimos. CAPI´TULO 7. GEOMETRIA ANALI´TICA PLANA 97 Falta vermos tambe´m quando o Ortocentro coincide com o circuncentro. Isso se da´ quando A = 1 2 e − A(A− 1) B = A · (A− 1) 2B + B 2 , que tambe´m da˜o A = 1 2 e B2 = 3 4 , formando triaˆngulos equila´teros. Agora, supondo que nosso triaˆngulo na˜o seja equila´tero, so´ nos resta encontrar a equac¸a˜o da reta ligando B a C e conferir que ela passa pelo H. A reta por B e C e´ ou bem a reta vertical x = 1 2 , se A = 1 2 , quando o triaˆngulo e´ iso´sceles, ou bem se A 6= 1 2 : y = −B 2 + 3A2 − 3A B(2A− 1) · x+ A(B2 + A2 − 1) B(2A− 1) . Esta e´ a reta de Euler ! So´ falta agora verificarmos as distaˆncias. Os quadrados das distaˆncias sa˜o: HB2 := (2 3 A− 1 3 )2 + ( A(A− 1) B + 1 3 B)2 = = 10A2B2 − 10AB2 +B2 + 9A4 − 18A3 + 9A2 +B4 9B2 . Enquanto que BC2 := (1 3 A− 1 6 )2 + ( A(A− 1) 2B + 1 6 B)2 = = 10A2B2 − 10AB2 +B2 + 9A4 − 18A3 + 9A2 +B4 36B2 . ou seja HB2 = 4 · BC2, como quer´ıamos. � Observac¸a˜o 1: Observe que temos a equac¸a˜o expl´ıcita e portanto podemos determinar casos onde a reta de Euler e´ horizontal. Que ocorrem para pontos da forma P = (A,± √ 3A(1− A) ). 4. A EQUAC¸A˜O DA RETA DE EULER 98 10,80,60,40,20 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Figura: A reta de Euler e´ horizontal para pontos da forma P = (2 3 , √ 6 3 ). Observac¸a˜o 2: E´ natural termos curiosidade por qual seria o gra´fico da func¸a˜o z = z(A,B), B 6= 0 dada por z = 10A2B2 − 10AB2 +B2 + 9A4 − 18A3 + 9A2 +B4, pois vimos z = 0 esta´ associado a um ponto muito especial no plano formado pelos paraˆmetros (A,B): o ponto ( 1 2 , √ 3 2 ) ∼ (0.5, 0.8). A Figura a seguir mostra uma parte dessa superf´ıcie, com A ∈ [0, 1] e B ∈ [0.1, 1.3] (na figura o eixo x e´ o dos A e o eixo y e´ o dos B). 10 1,2 0,8 1 1 0,6 2 0,8 0,4 x 3 0,6y 0,4 0,2 4 0,2 0 CAPI´TULO 7. GEOMETRIA ANALI´TICA PLANA 99 Mas na˜o se veˆ muita coisa. Ja´ as pro´ximas duas Figuras sa˜o perfis da superf´ıcie, e elas sim ilustram bem que um ponto pro´ximo de (0.5, 0.8) e´ o mı´nimo dessa func¸a˜o z = z(A,B) (na figura o eixo x e´ o dos A e o eixo y e´ o dos B). 0,20,40,6 y 0,811,20 4 0,2 3 0,4 2 x 0,6 1 0,81 0 10,80,6 x0,40,20 0,20,4 y 0,60,811,2 0 1 2 3 4 5. A inversa como reflexa˜o de gra´fico na diagonal Imagine uma func¸a˜o f : I → J , y = f(x) que admita uma func¸a˜o inversa f−1 : J → I, x = f−1(y). Vamos supor agora que temos ambos os gra´ficos, de f e de f−1, no mesmo sistema de coordenadas (x, y), ou seja, por um momento pensemos em g = f−1 tomada com as 6. O ME´TODO DE DESCARTES PARA AS TANGENTES A UM GRA´FICO 100 mesmas abcissas e oordenadas que a f , ou seja, vamos ver ao mesmo tempo y = f(x) e y = g(x). Agora ligamos com uma reta r o ponto (A,B) := (x, f(x)) do gra´fico de y = f(x) com o ponto (B,A) do gra´fico de y = g(x). Enta˜o o coeficiente angular dessa reta e´: a := A−B B −A = −1. Ou seja que a reta r que os liga tem a mesma inclinac¸a˜o da anti-diagonal, a = −1, ou seja, r e´ ortogonal a` diagonal y = x. A equac¸a˜o dessa r e´ pelo que vimos na Afirmac¸a˜o 1.3: r : y = −x+ (A+B). E r corta a diagonal y = x no ponto cuja abcissa satisfaz: x = −x+ (A+B), ou seja x = A+B 2 , ou seja, no ponto com coordenadas (A+B 2 , A+B 2 ). E (A,B) e (B,A) sa˜o equidistantes de (A+B 2 , A+B 2 ). Conclu´ımos que a diagonal y = x funciona como um espelho para os gra´ficos de y = f(x) e y = g(x): O gra´fico da f−1 referido ao mesmo sistema (x, y) e´ um reflexa˜o na diagonal do gra´fico da y = f(x) (A,B) (B,A) r y=x y= f^{−1}(x) y= f(x) Figura: Os gra´ficos de f e f−1 no mesmo sistema cartesiano 6. O me´todo de Descartes para as tangentes a um gra´fico Como a Geometria anal´ıtica foi um criac¸a˜o de Rene´ Descartes, nada mais justo que indicarmos um bonito me´todo criado por ele1 Pelo menos no meu caso, durante meu tempo de ensino Me´dio, so´ me lembro da palavra reta tangente ser usada para referir a reta tangente de um c´ırculo. Nesse caso, para um c´ırculo C de raio r e centro O, pode ser definida como a reta t pelo ponto P que e´ ortogonal ao raio do C´ırculo. Em geral uma reta por um ponto P de C o intersecta noutro ponto, mas a reta tangente t a P na˜o pode intersectar C noutro ponto P ′: se por absurdo t∩C = {P, P ′} 1Me baseei mais no livro de Edwards, mas o leitor pode comparar com o que esta´ nas pa´ginas 95-113 de The geometry of Rene´ Descartes, Dover. CAPI´TULO 7. GEOMETRIA ANALI´TICA PLANA 101 enta˜o no triaˆngulo ∆OPP ′ a hipotenusa OP ′ mediria o mesmo que o cateto OP , absurdo. Descartes se perguntou pelo significado da reta ortogonal a um gra´fico qualquer, pois isso esta´ ligado a questo˜es de O´ptica, de reflexa˜o da luz em lentes, que lhe interessavam. Responder a essa questa˜o da´ a chave tambe´m para o significado da reta tangente a um gra´fico qualquer (pois uma e´ ortogonal a` outra). De fato na˜o vamos lidar coma questa˜o assim ta˜o geral: suponhamos gra´ficos de polinoˆmios y = f(x). Ele pensou em usar o que sabia de c´ırculos para atacar o caso geral de gra´ficos. Para isso, considerou um ponto P = (x, f(x)) do gra´fico e considerou C´ırculo com centro (c, 0) no eixo dos x, de raios r que passem por P = (x, f(x)). Ou seja, escolhidos c, r teremos que x e´ ra´ız de: (f(x)− 0)2 + (x− c)2 − r2 = 0. Em geral, se c e´ escolhido de qualquer jeito, pode haver outra ra´ız x′ dessa equac¸a˜o, pois o c´ırculo y2 + (x− c)2 − r2 = 0 pode cortar o gra´fico de y = f(x) em mais de um ponto. problema: Como escolher c para que x seja ra´ız dupla de: (f(x)− 0)2 + (x− c)2 − r2 = 0, ou seja, para que uma segunda ra´ız x′ colida com x ? Se consegu´ıssemos resolver esse Problema estar´ıamos colocando o C´ırculo de modo a tocar, tangenciar o gra´fico em P . Ora, como sabemos qual a tangente ao C´ırculo usar´ıamos essa reta como tangente ao gra´fico ! Melhor do que explicar o me´todo em abstrato sera´ fazermos dois Exemplos. Exemplo 6.1. Consider y = Cx2 uma para´bola e tome P = (x, Cx2), com x > 0. Comos os C´ırculos com centro (c, 0) tem equac¸a˜o: y2 + (x− c)2 = r2, queremos encontrar uma ra´ız dupla x de: (Cx2)2 + (x− c)2 − r2 = 0, ou seja queremos encontrar uma fatorac¸a˜o: (Cx2)2 + (x− c)2 − r2 = (x− x)2q(x) onde q(x) e´ um polinoˆmio de grau 2. Ou seja queremos encontrar uma fatorac¸a˜o do tipo: (Cx2)2 + (x− c)2 − r2 = (x− x)2 · (a2x2 + a1x+ a0). 6. O ME´TODO DE DESCARTES PARA AS TANGENTES A UM GRA´FICO 102 Expandindo ambos os lados, formam-se dois polinoˆmios de grau 4 em x, a` esquerda e a` direita. Igualando os coeficientes do monoˆmios x4 a` esquerda e a` direita faz aparecer C2 − a2 = 0 ⇔ a2 = C2. Igualando os coeficientes de x3 a` esquerda e a` direita faz aparecer: −a1 + 2xa2 = 0 ou seja −a1 + 2x(C2) = 0 ⇔ a1 = 2xC2. Igualando os coeficientes de x2 a` esquerda e a` direita faz aparecer: 1 + 2xa1 − a0 − x2a2 = 0, ou seja 1 + 2x(2xC2)− a0 − x2C2 = 0 ⇔ a0 = 1 + 3x2C2. Por u´ltimo, igualando os coeficientes de x a` esquerda e a` direita faz aparecer: −2c+ 2xa0 − x2a1 = 0 ou seja, −2c+ 2x(1 + 3x2C2)− x2(2xC2) = 0 ⇔ c = x+ 2x3C2. Logo o C´ırculo cujo centro e´ o ponto O = (c, 0) = (x+ 2x3C2, 0) e que passa por P = (x, Cx2) tangencia o gra´fico de y = Cx2 nesse ponto P . y 3 -1 4 2 -2 x 5431 20 0 1 Figura: O gra´fico de y = x2 e o c´ırculo tangente em P = (1,