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184311020218 CDZ DIRELEITORAL AULA01 MAT COMPLEMENTAR

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1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL 
 
DA SOBERANIA POPULAR 
 
O Estado Democrático de Direito é contraponto do Estado Absolutista. Ora, nesse entendia-se que o Soberano 
era proprietário de todas as coisas. É desse período alguns institutos que até hoje são estudados para efeitos 
históricos. Exemplo desses institutos encontramos no brocardo the king can do no wrong, segundo o qual a Admi-
nistração Pública não poderia ser responsabilizada por seus atos, em virtude do soberano não se submeter à Lei. 
 
Assim, no século XVIII, principalmente com a revolução francesa, surge o chamado Estado Democrático de Direito 
e com ele a soberania popular. Segundo o parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal: “todo o poder 
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Consti-
tuição.” 
 
Desta forma, torna-se claro que conforme ensina o professor Celso Antonio Bandeira de Melo1, desaparece a 
figura do súdito e surge a do administrado. Por isso, a coisa pública não pertence mais ao soberano e sim ao po-
vo. O administrador passa a ser visto apenas como um gestor de coisa alheia. Assim, os interesses coletivos são 
indisponíveis pelo Estado, uma vez que titularizados pelo povo. 
 
Surge, pois, com a soberania popular, os chamados direitos políticos. 
 
DIREITOS POLÍTICOS 
 
Segundo os professores Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior: “Os direitos políticos, ou de 
cidadania, resumem o conjunto de direitos que regulam a forma de intervenção popular no governo. Em 
outras palavras, são aqueles formados pelo conjunto de preceitos constitucionais que proporcionam ao 
cidadão sua participação vida pública do país, (...).”2 
 
Segundo dispõe a Constituição Federal, em seu art. 14 que: 
 
“A soberania popular será exercida pela sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual 
para todos e, nos termos da lei, mediante: 
 
I – plebiscito; 
II – referendo; 
III – iniciativa popular.” 
 
Ora, o direito ao sufrágio, que deve ser universal, ou seja, não está limitado a certas camadas da população, co-
mo já ocorreu em outras épocas no próprio Estado Brasileiro, diz respeito ao direito de escolha dos governantes. 
 
Leciona o professor Pedro Roberto Decomain que: “Sendo inerente à República a alternância no poder dos 
ocupantes de determinados cargos e exercentes de determinadas funções (embora isso não seja estranho 
às Monarquias modernas, em que apenas a Chefia do Estado tem cunho vitalício, ao passo que as demais 
funções do Estado – eventualmente até mesmo as do Poder Judiciário – são exercidas por pessoas eleitas 
periodicamente), e devendo os responsáveis pelo exercício desse poder ser escolhidos pela população, 
necessária mostra-se a definição de regras para não apenas escolher quem escolhe as pessoas que irão 
ocupar tais cargos e exercer tais funções, como também regras definindo as condições que os candidatos 
a elas devem necessariamente preencher, assim como outras tantas regras, definindo circunstâncias nas 
quais determinadas pessoas possam estar temporária ou permanentemente impedidas de pleitearem 
mandatos eletivos.”3 
 
Nessa esteira surge o direito eleitoral, que tem como objeto o exercício do sufrágio, bem como seus atos prepara-
tórios e protetores da manifestação legítima da vontade popular. 
 
1 MELO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 14 ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p 46. 
2 ARAÚJO, Luiz Alberto David e NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 10 ed. São Paulo: Sarai-
va, 2006, p. 239. 
3 DECOMAIN, Pedro Roberto. Elegibildiade e inelegibilidades. 2 ed. São Paulo: Dialética, 2004, p. 9. 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO ELEITORAL. 
 
Com isso, o professor Roberto Moreira de Almeida define o direito eleitoral da seguinte forma: “Conceituamos o 
Direito Eleitoral como o ramo do Direito Público constituído por normas e princípios disciplinadores do 
alistamento, do registro de candidatos, da propaganda política, da votação, da apuração e da diplomação 
dos eleitos, bem como das ações, medidas e demais garantias relacionadas ao exercício do sufrágio po-
pular.”4 
 
Observa-se, assim, que o Direito Eleitoral não tem como objeto de estudo todos os direitos políticos, mas apenas 
o de sufrágio, mesmo que a Justiça Eleitoral seja competente por algumas vezes em plebiscitos e referendos. 
 
Assim, o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular são objeto de estudo do Direito Constitucional, cabendo ao 
Direito Eleitoral a disciplina do sufrágio e do procedimento que garanta a sua realização e a sua lisura. 
 
ATENÇÃO: APESAR DO QUANTO AFIRMADO NA DOUTRINA, ALGUNS CONCURSOS TÊM EXCLUÍDO DA 
APLICAÇÃO DO DIREITO ELEITORAL APENAS A INICIATIVA POPULAR, MANTENDO, PORTANTO, SOB A 
REGÊNCIA DAQUELE RAMO DO DIREITO O SUFRÁGIO, O PLEBISCITO E O REFERENDO. 
 
DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EM MATÉRIA ELEITORAL. 
 
A competência legislativa para produção de normas de Direito Eleitoral pertence à União, conforme determinado 
pelo art. 22, I, da Constituição Federal que dispõe: 
 
“Compete privativamente à União legislar sobre: 
 
I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do traba-
lho.” 
 
DAS FONTES DO DIREITO ELEITORAL. 
 
A fonte primordial de direito eleitoral é a Constituição Federal, sendo a mesma complementada por Leis Com-
plementares, Ordinárias e ainda por resoluções editadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, como será visto mais 
adiante. 
 
Há uma divisão entre fontes primárias (ou diretas) e fontes secundárias (ou indiretas). As primeiras criam o direito 
eleitoral, enquanto que as segundas auxiliam uma possível mudança na disciplina. Em assim sendo, convém ob-
servar em que situações a fonte é direta e diferenciá-las das fontes indiretas. 
 
 
 
4 ALMEIDA, Roberto Moreira de. Direito eleitoral. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009, p. 33. 
Principais 
fontes 
diretas
Constituição
Cód. Eleitoral
Lei das 
Inelegibilidades
Lei 9.096/95
Lei 9.504/97
Resoluções TSE
 
 
 
 
 
 
 
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DA SUSPENSÃO E PERDA DOS DIREITOS POLÍTICOS. 
 
Os direitos políticos, apesar de sua importância, pois são direitos fundamentais, segundo afirma a doutrina mais 
autorizada5, não significa que sejam absolutos. Por conta disso, a Constituição Federal veda que sejam cassados, 
mas admite a sua suspensão e perda nos casos apontados pelo art. 15 da Carta Magna que estabelece: 
 
“É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos seguintes casos: 
 
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; 
II – incapacidade civil absoluta; 
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; 
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.” 
 
A perda dos direitos políticos se diferencia de sua suspensão, em virtude da definitividade da primeira e da tempo-
rariedade da segunda. Tem-se apontado como causa de perda o cancelamento da naturalização por sentença 
judicial transitada em julgado e como causa de suspensão todas as outras. 
 
Sobre o assunto, leciona o professor José Jairo Gomes que: “A perda ou a suspensão de direitos políticos 
acarretam várias conseqüências jurídicas, como o cancelamento do alistamento e a exclusão do corpo de 
eleitores (CE, art. 71, II), o cancelamento da filiação partidária (LOPP, art. 22, II), a perda de mandato eletivo 
(CF, art. 55, IV, § 3º), a perda de cargoou função pública (CF, art. 37, I, c.c. Lei n. 8.112/90, art. 5º, II e III), a 
impossibilidade de se ajuizar ação popular (CF, art. 5º, LXXIII), o impedimento para votar ou ser votado 
(CF, art. 14, § 3º, II) e para exercer a iniciativa popular (CF, art. 61, § 2º).”6 
 
DA PERDA DE DIREITOS POLÍTICOS POR CANCELAMENTO DE NATURALIZAÇÃO POR SENTENÇA JUDI-
CIAL TRANSITADA EM JULGADO. 
 
A nacionalidade é vínculo que liga a pessoa a um Estado. A nacionalidade pode ser adquirida ou originária. Dis-
põe o art. 12 da Constituição Federal que: 
 
“São brasileiros: 
 
I – natos: 
 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço do seu país; 
 
5 GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 3 ed. Belo Horizonte: Del Rey Editora, 2008, p. 6. 
6 Op. cit. pp 8/9. 
Principais 
fontes 
indiretas
Doutrina
Jurisprudência
Consultas
 
 
 
 
 
 
 
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5 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a servi-
ço da República Fderativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em re-
partição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qual-
quer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
 
II – naturalizados: 
 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de lín-
gua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de 
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.” 
 
A nacionalidade brasileira é adquirida através de ato do Poder Executivo. Deve-se observar que a Constituição 
Federal adotou um critério de reciprocidade com Portugal, nos termos do parágrafo primeiro do art. 12 da Consti-
tuição Federal. 
 
No entanto, aquele que adquirir direitos políticos em Portugal terá a suspensão desses mesmos direitos do Brasil, 
conforme se observa do art. 51, § 4º, da Resolução TSE. 
 
A perda dos direitos políticos ocorrerá nos seguintes casos, apontados pelo art. 12, § 4º da Constituição Federal, 
nos seguintes termos: 
 
“Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
 
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse 
nacional; 
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, 
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.” 
 
Ensina, ainda, José Jairo Gomes que: “É da Justiça Federal a competência para as causas referentes à naci-
onalidade e à naturalização (CF, art. 109, X). Ademais, o Ministério Público Federal tem legitimidade para 
“promover ação visando ao cancelamento de naturalização , em virtude de atividade nociva ao interesse 
nacional. Como conseqüência, reassume o sentenciado o status de estrangeiro.”7 
 
DA SUSPENSÃO POR INCAPACIDADE ABSOLUTA 
 
A incapacidade civil absoluta significa a impossibilidade de determinada pessoa exercer por si mesma os atos da 
vida civil. A incapacidade civil absoluta encontra-se tratada no art. 3º do Código Civil, que dispõe o que se segue 
serem absolutamente incapazes os menores de 16 anos. 
 
ATENÇÃO: PARA NÃO CONFUNDIR, O QUE CARACTERIZA A SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS É 
A INCAPACIDADE ABSOLUTA E NÃO A RELATIVA. 
 
DA SUSPENSÃO POR CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO. 
 
É aplicação do Princípio do Estado de Inocência a suspensão dos direitos políticos por sentença criminal transita-
da em julgado. Dessa forma, a decisão condenatória criminal da qual ainda caiba recurso não será caso de sus-
pensão de direitos políticos. 
 
Uma vez que se trata de suspensão, assim que ocorrer o cumprimento da pena, o condenado terá novamente os 
direitos políticos. Por conta disso, enuncia a Súmula 09 do TSE que: “A suspensão de direitos políticos decor-
rente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, 
independendo de reabilitação ou prova de reparação de danos.” 
 
7 Op. cit. p. 9. 
 
 
 
 
 
 
 
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Por fim, vale trazer, mais uma vez, a lição do professor José Jairo Gomes, no seguinte sentido: “Não importa a 
natureza da pena aplicada, pois, em qualquer caso, ficarão suspensos os direitos políticos. Logo, é irrele-
vante: 1) que a pena aplicada seja restritiva de direitos; 2) que seja somente pecuniária; 3) que o réu seja 
beneficiado com sursis (CP, art. 77); 4) que tenha logrado livramento condicional (CP, art. 83); 5) que a 
pena seja cumprida no regime de prisão aberta, albergue ou domiciliar. Igualmente, irrelevante é perquirir 
quanto ao elemento subjetivo do tipo penal, havendo a suspensão de direitos políticos na condenação 
tanto por ilícito doloso quanto por culposo.”8 
 
Por outro lado, a condenação por contravenção penal transitada em julgado também é causa para a suspensão 
dos direitos políticos. 
 
DA SUSPENSÃO POR RECUSA DE CUMPRIR OBRIGAÇÃO A TODOS IMPOSTA 
 
Dispõe o art. 5º, VIII, da Constituição Federal que: “ninguém será privado de direitos por motivo de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a 
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa.” 
 
Exemplo de obrigação a todos impostas tem-se no alistamento militar para pessoas do sexo masculino a partir do 
dia 1º de janeiro do ano em que completar 18 anos. 
 
Segundo José Jairo Gomes: “Em seu art. 143, § 1º, a Lei Maior impera que “o serviço militar é obrigatório 
nos termos da lei”, competindo às Forças Armadas “atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, 
após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença reli-
giosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencial militar”. A 
Lei n. 8.239/91 regulamenta o tema . A obrigação para com o serviço militar começa no dia 1º de janeiro do 
ano em que a pessoa completar 18 anos de idade.”9 
 
DA SUSPENSÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 
Improbidade Administrativa é termo que visa designar atos produzidos por agentes públicos contrários à moralida-
de administrativa. Acaba por impor a esses maus servidores sanções, sendo uma delas a de suspensão de direi-
tos políticos, cujo prazo irá variar de acordo com o ato praticado, nos termos do art. 12 da Lei 8.429/1992. 
 
Leciona o professor Marcelo Figueiredo que: “Do latim improbitate. Desonestidade. No âmbito do Direito o 
termo vem associado à conduta do administrador amplamente considerado. Há sensível dificuldade dou-
trinária em fixar-se os limites do conceito de “improbidade”. Assim, genericamente, comete maus-tratos à 
probidade o agente público ou o particular que infringe a moralidade administrativa.”10 
 
Complementa, ainda, o referido professor, a lição, afirmando que: “Parece ter circunscrito a punição aos atos e 
conditas lá estabelecidos. Então, associa as figuras do enriquecimento ilícito, do prejuízo ao erário e da 
infringência aos princípios constitucionais, que enumera, como causas suficientes à tipificação das con-
dutas tidas por atentatórias à probidade.”11 
 
A suspensão dos direitos políticos em caso de improbidade, só poderá ocorrer com sentença transitada em julga-
do. 
 
SUFRÁGIO 
 
Apesar de ser conhecido como “direito”, o sufrágio, emverdade, é um poder-dever. Lecionam os professores Luiz 
Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior que: “O direito de sufrágio não é mero direito individual, 
pois seu conteúdo, que predica o cidadão a participar da vida política do Estado transforma-o em um ver-
 
8 Op. cit, p. 12. 
9 Op. cit. p. 13. 
10 FIGUEIREDO, Marcelo. Probidade administrativa: comentários à Lei 8.429/92 e legislação complementar. São Paulo: 
Malheiros Editores, 2004, p. 41. 
11 Idem. 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
dadeiro instrumento do regime democrático, que, por princípio, só pode realizar-se pela manifestação dos 
cidadãos na vida do Estado. Bem por isso, o sufrágio constitui simultaneamente um direito e um dever.”12 
 
Por conta disso, como será visto no capítulo acerca de alistamento eleitoral, esse é obrigatório para os maiores de 
18 anos e menores de 70 anos, sendo que os analfabetos têm o alistamento eleitoral facultativo. 
 
Ocorre, no entanto, que o direito de sufrágio não se confunde com o voto. Isso porque o sufrágio é o direito em 
sua concepção genérica, enquanto que o voto é o exercício deste direito. Ou seja, nem todo exercício de sufrá-
gio se dá mediante voto, mas todo voto é exercício de sufrágio. 
 
Dessa forma, como afirma a Constituição Federal, o sufrágio, além do voto, pode ser exercido através de iniciativa 
popular, referendo e plebiscito. 
 
Por conta disso, em virtude do regime democrático adotado no Brasil, a principal característica do sufrágio é a sua 
universalidade. A universalidade do sufrágio significa que o seu exercício tem igual peso, independentemente 
daquele que exerce. 
 
DO VOTO 
 
Assim, o cidadão tem o direito de votar e ser votado. Como já visto, a cidadania tem o seu termo inicial no alista-
mento eleitoral, sendo esse a sua condição objetiva. 
 
CARACTERÍSTICAS DO VOTO 
 
O voto, para que seja plenamente válido e aproveite à democracia, deverá ser: livre, direto, secreto e personalís-
simo. Livre porque o eleitoral poderá escolher dentre todos os candidatos ao pleito, bem como poderá votar em 
branco ou até mesmo anular o seu voto. 
 
Direto porque no Brasil, pelo regime escolhido na constituição Federal, o eleitor vota diretamente (portanto, sem 
intermediários) no candidato de sua preferência. Assim, não ocorre mais como na Constituição anterior em que se 
votava em um colégio eleitoral e esse era responsável pela eleição para alguns cargos eletivos. 
 
Secreto é voto que não necessita ser externado pelo eleitor. É lógico que qualquer tentativa de desnudar o voto do 
eleitor anulará o mesmo, em virtude desse ficar passível a sofrer ameaça e, assim, não manifestar livremente a 
sua vontade. 
 
DO PRINCÍPIO DA ANUALIDADE. 
 
Para que não ocorram surpresas no pleito eleitoral, o que acabaria por inviabilizar a candidatura de muitos cida-
dãos, bem como abuso de poder e estratégias inidôneas para diminuir o número de candidatos nas eleições, esti-
pula a Constituição Federal, em seu art. 16 que: 
 
“A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
ção que ocorra até um ano da data de sua vigência.” 
 
Com isso, deve-se observar que a Lei entra em vigor imediatamente. Mas, no entanto, não se aplica à eleição que 
ocorra até um ano da data de sua vigência. Esse princípio aplica-se inclusive para as Emendas Constitucionais e 
às alterações de jurisprudência do TSE. 
 
O princípio da anualidade não se aplica, via de regra, às Resoluções do TSE, que podem ser publicadas até 05 de 
março do ano das eleições. 
 
2 - JUSTIÇA ELEITORAL. 
 
O Direito Eleitoral surgiu como forma de regulamentar e fiscalizar o processo eleitoral, ou seja, o processo de es-
colha democrática daqueles que irão ocupar cargos de gestão de interesses públicos. 
 
12 Op. cit. p. 239. 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
Para cumprir este papel, desde algum tempo têm as Constituições Federais traçado uma estrutura dentro do Po-
der Judiciário para organizar e fiscalizar o processo eleitoral. É o que se conhece por Poder Judiciário Eleitoral. 
Esse ramo do Judiciário Federal surgiu em 1932 como uma forma de organizar e fiscalizar as eleições, proporcio-
nando um equilíbrio maior 
 
Aquele Órgão encontra-se organizado pela Constituição Federal, pelo Código Eleitoral e pelos Regimentos Inter-
nos de cada Tribunal. Sobre o assunto, ensina o professor Marcos Ramayana que: 
 
“Cumpre, portanto, à Justiça Eleitoral a nobre missão de resguardar a democracia e o Estado Democráti-
co, nos moldes do disposto no art. 1° e incisos da Constituição federal, efetivando, praticamente, a sobe-
rania popular, a cidadania e o pluralismo político como princípios fundamentais trilhados pelo legislador 
constituinte.”13 
 
O Poder Judiciário Eleitoral possui uma curiosidade, nele inexiste a carreira de Juiz Eleitoral. Este, no TSE e nos 
Tribunais Regionais Eleitorais é escolhido dentre magistrados de outros Tribunais e Advogados, enquanto que os 
Juízes Eleitorais de Primeira Instância são escolhidos entre os Juízes de Direito, nos termos dispostos pelo Orde-
namento Jurídico. 
 
Esse fato tem suscitado aplausos e críticas. Alguns entendem que a estrutura fica comprometida por não ter pro-
fissionais especializados para exercer a magistratura. Outros afirmam que, por outro lado, isso faz da Justiça Elei-
toral um Órgão mais respeitado ao não permitir que haja um engessamento da estrutura, com a atuação de pes-
soas com novas ideias. 
 
Surge, então, o Princípio da periodicidade da investidura das funções eleitorais. Sobre o aludido princípio, leciona 
o professor Francisco Dirceu Barros afirmando que: “Os órgãos da Justiça Eleitoral se submetem ao princípio 
da periodicidade da investidura das funções eleitorais, segundo o qual não há magistrados ou promotores 
permanentemente investidos nas funções eleitorais, sendo elas exercidas temporariamente.”14 
 
De qualquer forma, assim está estruturada a Justiça Eleitoral, nos termos do art. 118 da Constituição Federal: 
 
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: 
 
I - o Tribunal Superior Eleitoral; 
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; 
III - os Juízes Eleitorais; 
IV - as Juntas Eleitorais. 
 
ATENÇÃO: O Ministério Público Eleitoral, embora seja órgão que exerce função essencial à Justiça, não 
faz parte da organização da Justiça Eleitoral. 
 
Interessante é o fato que Constituição Federal estabeleceu a formação dos Tribunais no que tange à magistratura, 
no entanto deixou para Lei Complementar a tarefa de definir competência e organização dos Tribunais Eleitorais. 
 
Pode-se estranhar o fato da competência e organização daqueles Tribunais serem dispostas pelo Código Eleito-
ral, que é, em verdade, Lei Ordinária. No entanto, o STF tem entendido que nessa parte (da competência e da 
organização dos Tribunais) o aludido Código tem natureza de Lei Complementar, podendo ser modificado apenas 
por outra Lei Complementar. Tal fato, no entanto, não é isolado no Ordenamento Jurídico Brasileiro, ocorrendo o 
mesmo em relação ao CTN. 
 
Desta forma, estabelece a Constituição Federal que: 
 
 
 
 
 
13 RAMAYANA, Marcos. Direito eleitoral. 4 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006, p. 44. 
14 BARROS, Francisco Dirceu. Direito eleitoral. 05 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 39. 
 
 
 
 
 
 
 
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9 
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito 
e das juntas eleitorais. 
 
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de 
suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantiase serão inamovíveis. 
 
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nun-
ca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo 
mesmo processo, em número igual para cada categoria. 
 
Sobre a competência do Judiciário Eleitoral, o professor Marcos Ramayana ainda afirma que: “A competência da 
Justiça Eleitoral está cingida dentro das fases elencadas pela doutrina. A doutrina majoritária entende que 
à justiça Eleitoral competente processar e julgar causas que estejam compreendidas entre o alistamento e 
a diplomação dos candidatos eleitos, e, por forca de ação de natureza constitucional, que é a ação de im-
pugnação ao mandato eletivo (art. 14, parágrafo 10), ainda possui competência para decidir essas ações 
que são ajuizados no prazo decadencial de quinze dias, contados da diplomação. Fora desse prazo legal, 
não haverá mais competência da Justiça Eleitoral, devendo as questões ser dirimidas pela Justiça Co-
mum.”15 
 
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. 
 
É a máxima instância da Justiça Eleitoral. Tem a sua sede na capital federal. O Tribunal Superior Eleitoral é com-
posto da seguinte forma, nos termos do art. 119 da Constituição Federal: 
 
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: 
 
I - mediante eleição, pelo voto secreto: 
 
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; 
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; 
 
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico 
e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. 
 
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Minis-
tros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de 
Justiça. 
 
É interessante observar que Membros do Ministério Público não podem ser Juízes Eleitorais. Mesmo em se tra-
tando de TSE, a denominação que a Constituição e o Código Eleitoral dão aos seus membros é de Juízes. Ape-
nas a Lei Complementar 35, art. 34 é que os denomina de Ministros. 
 
A Constituição Federal, ainda, afirma que o número de Juízes do TSE é de, no mínimo, sete. Isso significa que o 
número de Juízes do TSE pode ser aumentado, nunca reduzido. Para que ocorra aumento, faz-se necessária Lei 
Complementar de iniciativa do TSE. 
 
Os membros advogados precisam ter pelo menos 10 anos de efetiva atividade para serem escolhidos para o TSE. 
 
Dispõe, ainda, o Código Eleitoral da seguinte forma: 
 
§ 1º Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si parentesco, ainda 
que por afinidade, até o 4º (quarto) grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o 
que tiver sido escolhido por último. 
§ 2º A nomeação que trata o inciso II deste artigo não poderá recair em cidadão que ocupe cargo público 
de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com sub-
 
15 Op cit, p. 53. 
 
 
 
 
 
 
 
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10 
venção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça 
mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal. 
 
O art. 17, caput, do CE, não foi recepcionado pela CF, apenas seus parágrafos o foram. Assim, dispõe o art. 17, 
na parte que continua em conformidade com a CF: 
 
§ 1º As atribuições do Corregedor Geral serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. 
§ 2º No desempenho de suas atribuições o Corregedor Geral se locomoverá para os Estados e Territórios 
nos seguintes casos: 
 
I - por determinação do Tribunal Superior Eleitoral; 
II - a pedido dos Tribunais Regionais Eleitorais; 
III - a requerimento de Partido deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral; 
IV - sempre que entender necessário. 
 
§ 3º Os provimentos emanados da Corregedoria Geral vinculam os Corregedores Regionais, que lhes de-
vem dar imediato e preciso cumprimento. 
 
Art. 18. Exercerá as funções de Procurador Geral, junto ao Tribunal Superior Eleitoral, o Procurador Geral 
da República, funcionando, em suas faltas e impedimentos, seu substituto legal. 
 
Parágrafo único. O Procurador Geral poderá designar outros membros do Ministério Público da União, 
com exercício no Distrito Federal, e sem prejuízo das respectivas funções, para auxiliá-lo junto ao Tribunal 
Superior Eleitoral, onde não poderão ter assento. 
 
É óbvio que o TSE, como órgão do Poder Judiciário deverá sempre realizar as suas funções pautado em critérios 
de impessoalidade. Se por acaso for descoberto a informação de existir alguma associação entre os membros do 
TSE e algum envolvido nas causas ali julgadas o aludido membro do Tribunal não poderá votar naquele processo. 
 
Deve-se observar que as decisões deverão ser tomadas em sessão pública com a maioria de seus membros pre-
sentes. Isso porque os órgãos judiciais eleitorais não podem dividir-se em turmas ou seções em virtude de ausên-
cia de permissão constitucional. Estatui, portanto, o Código Eleitoral que: 
 
Art. 19. O Tribunal Superior delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria 
de seus membros. 
 
Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior, assim na interpretação do Código Eleitoral em face da 
Constituição e cassação de registro de partidos políticos, como sobre quaisquer recursos que importem 
anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os 
seus membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o substituto ou o respectivo su-
plente. 
 
No caso do parágrafo único retrocitado, se houver um impedimento de algum juiz, será convocado o substituto ou 
o respectivo suplente. O TSE tem entendido que há apenas uma hipótese de julgamento com quorum incompleto, 
em caso de suspeição ou impedimento do juiz titular da classe de advogado e impossibilidade jurídica de convo-
cação de juiz substituto. 
 
Art. 20. Perante o Tribunal Superior, qualquer interessado poderá argüir a suspeição ou impedimento dos 
seus membros, do Procurador Geral ou de funcionários de sua Secretaria, nos casos previstos na lei pro-
cessual civil ou penal e por motivo de parcialidade partidária, mediante o processo previsto em regimento. 
 
Parágrafo único. Será ilegítima a suspeição quando o excipiente a provocar ou, depois de manifestada a 
causa, praticar ato que importe aceitação do argüido. 
 
Art. 21 Os Tribunais e juizes inferiores devem dar imediato cumprimento às decisões, mandados, instru-
ções e outros atos emanados do Tribunal Superior Eleitoral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COMPETÊNCIA DO TSE. 
 
Infelizmente, até mesmo pela época de criação do Código Eleitoral, alguns dispositivos não foram recepcionados 
pela Constituição de 1988, o que exige bastante atenção do profissional que milita na área, bem como do candida-
to a concurso público, uma vez que as disposições, apenas de em desacordo com a Constituição Federal, conti-
nuam escritas, o que causa bastante confusão. 
 
É competente o Tribunal Superior Eleitoral, nos termos do Código Eleitoral: 
 
Art. 22. Compete ao Tribunal Superior: 
 
I - Processar e julgar originariamente: 
 
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos 
à Presidência e vice-presidência da República; 
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juizes eleitorais de Estados diferentes; 
c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da sua Secre-
taria; 
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juizes e pelosjuizes dos Tribunais Regionais; (tem-se entendido que, pelo que dispõe a Constituição Federal a competência 
para julgar Juízes do TSE, mesmo que pelo cometimento de crimes eleitorais, pertence ao Supremo Tribunal Fe-
deral e os crimes cometidos pelos Juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais, mesmo que eleitorais, serão julgados 
pelo Superior Tribunal de Justiça). 
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da Re-
pública, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver 
perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração161718; (Em 
relação à competência supra citada, observa o Supremo Tribunal Federal que a expressão “mandado de seguran-
ça” deve ser entendida com cuidado. Isso porque o órgão competente para julgar mandado de segurança contra 
ato do Presidente da República é o STF. Assim, a competência da Justiça Eleitoral para decidir Mandado de Se-
gurança deve respeitar o quanto determinado na Constituição Federal, não tendo essa competência o TSE ape-
nas pelo fato do mandado de segurança contra ato do Presidente da República, ser de matéria eleitoral. O restan-
te do dispositivo continua plenamente válido). 
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilida-
de e à apuração da origem dos seus recursos; 
g) as impugnações á apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na 
eleição de Presidente e Vice-Presidente da República; 
h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da 
conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente inte-
ressada. 
i) as reclamações contra os seus próprios juizes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não 
houverem julgado os feitos a eles distribuídos. 
j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de de-
cisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado19. (O su-
 
16 Súmula-TSE nº 22: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial recorrível, salvo situações de teratologia ou 
manifestamente ilegais. 
17 Súmula-TSE nº 23: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado. 
18 Súmula-TSE nº 34: Não compete ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar mandado de segurança contra ato de 
membro de Tribunal Regional Eleitoral. 
 
19 Súmula-TSE nº 33: Somente é cabível ação rescisória de decisões do Tribunal Superior Eleitoral que versem sobre a inci-
dência de causa de inelegibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
premo Tribunal Federal julgou procedente a Ação Direta e Inconstitucionalidade de número 1.459 para excluir do 
dispositivo citado a expressão “possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até seu trânsito em julgado”.) 
II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do Art. 276 inclusive 
os que versarem matéria administrativa. (em relação ao recurso interposto das decisões dos Tribunal Regio-
nais Eleitorais que versem sobre matéria administrativa, já decidiu o TSE, no acórdão 11.405/1996 no seguinte 
sentido: “Não cabe ao Tribunal Superior Eleitoral apreciar recurso especial contra decisão de natureza es-
tritamente administrativa.” Por decisão estritamente administrativa, entende-se aquela decisão como sendo a 
administrativa não eleitoral. 
 
Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo nos casos do Art. 281. 
 
O parágrafo único do art. 22 do Cód. Eleitoral hoje está tratado pelo art. 121, § 3º, da Constituição Federal, já vis-
to, que determina: 
 
“São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição 
e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.” 
 
O art. 23 do Código Eleitoral dispõe acerca da competência administrativa do Tribunal Superior Eleitoral, dentre as 
quais encontram-se as competências normativa, ou regulamentar, e consultiva, conforme mais adiante explicado. 
 
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior, 
 
I - elaborar o seu regimento interno; 
II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a criação ou extin-
ção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei; 
III - conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento do exercício dos cargos efeti-
vos; 
IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juizes dos Tribunais Regionais Eleitorais; 
V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios; 
VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juizes de qualquer Tribunal Eleitoral, indicando 
a forma desse aumento; 
VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, senadores e deputados 
federais, quando não o tiverem sido por lei: 
VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas; 
IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código; 
X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência fora da sede; 
XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos termos do 
ar. 25; 
XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com ju-
risdição, federal ou ]órgão nacional de partido político20; 
XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa providência for 
solicitada pelo Tribunal Regional respectivo; 
XIV - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das deci-
sões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; 
XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência; 
XVI - requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço 
de sua Secretaria; 
XVII - publicar um boletim eleitoral; (o boletim eleitoral foi substituído pela revista “Jurisprudência do Tribunal 
Superior Eleitoral” pela Resolução TSE 16.584/1990). 
XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação eleitoral. 
 
Competências interessantes do TSE são as consultivas e as regulamentares. Essas últimas são dispostas através 
de resoluções editadas por aquele Tribunal, constituindo-se em normas regulamentadoras em matéria eleitoral. 
 
20 Súmula-TSE nº 35: Não é cabível reclamação para arguir o descumprimento de resposta a consulta ou de ato normativo do 
Tribunal Superior Eleitoral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exclui a correspondente reserva de competência do Presidente da República, polarizando-se no TSE, sem trans-
bordar os limites da respectiva lei eleitoral. Os Tribunais Regionais Eleitorais tem competência para expedir reso-
luções, no que tange a plebiscitos para criação de municípios. 
 
Também expedem resoluções o TSE e os TREs quanto à normatização de suas administrações. Além disso, tem 
competência o TSE de responder a consultas. A justiça eleitoral tem competência para responder a consultas 
hipotéticas, nunca em casos concretos, emanadas de autoridades públicas ou partidos políticos. Têm 
competência para responder as consultas tanto os TRE quanto o TSE. 
 
A resposta dada à consulta tem eficácia espacial ou territorial determinada pelo âmbito do tribunal que a respon-
deu. Os juízes eleitorais não têmcompetência para responder a consultas. 
 
Podem formular consultas a autoridade federal ou órgão nacional do partido político ao TSE e ao TRE a autorida-
de pública ou partido político. Daí se extrai que o simples candidato não pode ser consulente. 
 
Os vereadores podem ser consulentes em virtude da similitude com os outros membros do poder legislativo, nos 
termos do art. 29, IX, da CF. Os partidos políticos, através do diretório nacional podem consultar o TSE e através 
do diretório regional o TRE. 
 
O TRE pode consultar o TSE, mas somente através de seu órgão colegiado, seu presidente ou corregedor. Um 
juiz sozinho do TRE não pode oferecer consulta. 
 
São objetos da consulta os atos em matéria eleitoral, portanto, não cabe consulta em relação a plebiscitos, refe-
rendos e iniciativa popular, pois as consultas são exclusivas em matéria eleitoral. 
 
A consulta não pode envolver caso concreto, pois diz respeito à generalidade dos casos que ocorrerão no futuro. 
A consulta tem eficácia erga omnes, alcançando a parte consulente e todas as outras que estiverem em igualdade 
de condições. 
 
Sobre a impossibilidade da consulta tratar sobre caso concreto, já decidiu o Tribunal Superior Eleitoral que: 
 
“Consulta. Período eleitoral. Pronunciamento sobre o caso concreto. Impossibilidade. Após o início do 
prazo para a realização das convenções partidárias, o conhecimento da consulta poderá resultar em pro-
nunciamento sobre caso concreto. Consulta não conhecida. (Res. 20.674, de 29.6.00, do TSE, DJ de 
24.10.00).” 
 
A consulta, no entanto, não tem eficácia vinculante ou obrigatória. A consulta não detém a imutabilidade de coisa 
julgada. Não cabe recurso da resposta dada à consulta, por não ter natureza jurisdicional 
 
Entende a doutrina, no entanto, que é possível a interposição de embargos de declaração, nos termos do art. 275 
do CE. No entanto, a professora Vera Maria Nunes Michels entende que seria possível recurso extraordinário 
perante o STF (art 121, § 3 CF), obviamente no caso de ofensa à Constituição Federal. 
 
Também quando a consulta não é respondida, ou por se entender que a parte não era legítima ou não se tratar de 
matéria de consulta, é possível o recurso das consultas formuladas perante o TRE e não o TSE, se a decisão for 
proferida contra disposição expressa de lei, ou quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou 
mais tribunais eleitorais. 
 
TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS. 
 
Existirá um Tribunal Regional Eleitoral para cada Estado da Federação, bem como para o Distrito Federal. Sobre 
os TREs, inclusive acerca de sua constituição, estabelece a Constituição Federal que: 
 
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. 
 
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: 
 
I - mediante eleição, pelo voto secreto: 
 
 
 
 
 
 
 
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a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; 
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; 
 
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não 
havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; 
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber 
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 
 
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os desembargado-
res. 
 
Os Juízes advogados são nomeados pelo presidente da República, após lista sêxtupla elaborada pelo Tribunal de 
Justiça do Estado. Para que seja juiz, o advogado, nos termos preconizados na Constituição Federal, deve ter 
notável saber jurídico e idoneidade moral. Para o TSE, nos termos da resolução 9.177/72, faz-se exigência para o 
advogado que deseja ser juiz do TRE de 10 anos de prática profissional, dispensada tal comprovação de o mes-
mo já tiver sido juiz eleitoral. 
 
Apesar da competência dos Tribunais Regionais Eleitorais ser feita pelo Código Eleitoral, a Carta Magna enuncia 
que: 
 
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: 
 
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; 
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; 
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; 
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; 
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção. 
 
Na parte de composição dos Tribunais Regionais Eleitorais, não foi o Cód. Eleitoral, em seu art. 25, caput, recep-
cionado pela Constituição Federal. Apesar disso, seus parágrafos foram recepcionado pela atual ordem constitu-
cional. Nesses termos: 
 
§ 1º A lista tríplice organizada pelo Tribunal de Justiça será enviada ao Tribunal Superior Eleitoral. 
§ 2º A lista não poderá conter nome de magistrado aposentado ou de membro do Ministério Público. 
§ 3º Recebidas as indicações o Tribunal Superior divulgará a lista através de edital, podendo os partidos, 
no prazo de cinco dias, impugná-la com fundamento em incompatibilidade. 
§ 4º Se a impugnação for julgada procedente quanto a qualquer dos indicados, a lista será devolvida ao 
Tribunal de origem para complementação. 
§ 5º Não havendo impugnação, ou desprezada esta, o Tribunal Superior encaminhará a lista ao Poder Exe-
cutivo para a nomeação. 
§ 6º Não podem fazer parte do Tribunal Regional pessoas que tenham entre si parentesco, ainda que por 
afinidade, até o 4º grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso a que tiver sido esco-
lhida por último. 
§ 7º A nomeação de que trata o nº II deste artigo não poderá recair em cidadão que tenha qualquer das 
incompatibilidades mencionadas no art. 16, § 4º. 
 
De igual forma, apenas os parágrafos do art. 26 foram recepcionados pela CF, sendo seu caput revogado por 
ausência de recepção pela ordem Constitucional. Nesses termos: 
 
§ 1º As atribuições do Corregedor Regional serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em caráter 
supletivo ou complementar, pelo Tribunal Regional Eleitoral perante o qual servir. 
§ 2º No desempenho de suas atribuições o Corregedor Regional se locomoverá para as zonas eleitorais 
nos seguintes casos: 
 
I - por determinação do Tribunal Superior Eleitoral ou do Tribunal Regional Eleitoral; 
II - a pedido dos juízes eleitorais; 
III - a requerimento de Partido, deferido pelo Tribunal Regional; 
 
 
 
 
 
 
 
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IV - sempre que entender necessário. 
 
Ainda, conforme se estabelece também para o TSE, é possível a arguição de suspeição dos membros dos Tribu-
nais Eleitorais. De qualquer forma há certa similitude em relação ao quanto se estatui para o TSE, inclusive em 
relação ao Procurador Regional Eleitoral, que atua perante os Tribunais Regionais. O art. 27 do Código Eleitoral 
não foi recepcionado pela CF. Atualmente, o Procurador Regional Eleitoral será um Procurador Regional da Re-
pública, designado pelo Procurador Geral Eleitoral, para atuar por 2 anos, podendo ser reconduzido um vez por 
mais um biênio. 
 
Os Tribunais Regionais Eleitorais, via de regra, julgam por maioria de votos, estando a maioria de seus membros 
presente. Quando se trata de cassação de registro de candidatura, anulação geral de eleições de perda de man-
datos, o julgamento necessitará da presença de todos os seus membros. 
 
Art. 28. Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da 
maioria de seus membros. 
 
§ 1º No caso de impedimento e não existindo quorum, será o membro do Tribunal substituído por outro da 
mesma categoria,designado na forma prevista na Constituição. 
§ 2º Perante o Tribunal Regional, e com recurso voluntário para o Tribunal Superior qualquer interessado 
poderá argüir a suspeição dos seus membros, do Procurador Regional, ou de funcionários da sua Secre-
taria, assim como dos juizes e escrivães eleitorais, nos casos previstos na lei processual civil e por motivo 
de parcialidade partidária, mediante o processo previsto em regimento. 
§ 3º No caso previsto no parágrafo anterior será observado o disposto no parágrafo único do art. 20. 
§ 4o As decisões dos Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que importem cassação de registro, 
anulação geral de eleições ou perda de diplomas somente poderão ser tomadas com a presença de todos 
os seus membros. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) 
§ 5o No caso do § 4o, se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o suplente da mesma classe. 
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) 
 
Sobre a competência dos Tribunais Regionais Eleitorais, o Código Eleitoral estatui o que se segue: 
 
Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais: 
 
I - processar e julgar originariamente: 
 
a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem 
como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e das Assem-
bléias Legislativas; 
b) os conflitos de jurisdição entre juizes eleitorais do respectivo Estado; 
c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Regional e aos funcionários da sua 
Secretaria assim como aos juizes e escrivães eleitorais; 
d) os crimes eleitorais cometidos pelos juizes eleitorais; (acresça, também, os crimes eleitorais cometidos por 
promotores eleitorais, prefeitos municipais e deputados estaduais). 
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de autoridades que res-
pondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denega-
dos ou concedidos pelos juizes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando houver perigo de se con-
sumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração; 
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto a sua contabilida-
de e à apuração da origem dos seus recursos; 
g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juizes eleitorais em trinta dias da sua con-
clusão para julgamento, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente inte-
ressada sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo. 
 
II - julgar os recursos interpostos: 
 
a) dos atos e das decisões proferidas pelos juizes e juntas eleitorais. 
b) das decisões dos juizes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado de segu-
rança. 
 
 
 
 
 
 
 
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Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos do Art. 276. 
 
Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais: 
 
I - elaborar o seu regimento interno; 
II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional provendo-lhes os cargos na forma da lei, e propor 
ao Congresso Nacional, por intermédio do Tribunal Superior a criação ou supressão de cargos e a fixação 
dos respectivos vencimentos; 
III - conceder aos seus membros e aos juizes eleitorais licença e férias, assim como afastamento do exer-
cício dos cargos efetivos submetendo, quanto aqueles, a decisão à aprovação do Tribunal Superior Eleito-
ral; 
IV - fixar a data das eleições de Governador e Vice-Governador, deputados estaduais, prefeitos, vice-
prefeitos , vereadores e juizes de paz, quando não determinada por disposição constitucional ou legal; 
V - constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição; 
VI - indicar ao tribunal Superior as zonas eleitorais ou seções em que a contagem dos votos deva ser feita 
pela mesa receptora; 
VII - apurar com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os resultados finais das eleições 
de Governador e Vice-Governador de membros do Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas, 
remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de 
seus trabalhos; 
VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública 
ou partido político; 
IX - dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo essa divisão, assim como a criação 
de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior; 
X - aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva responder pela escrivania eleitoral durante o biê-
nio; 
XII - requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões solicitar ao Tribunal Superior a requi-
sição de força federal; 
XIII - autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu presidente e, no interior, aos juizes 
eleitorais, a requisição de funcionários federais, estaduais ou municipais para auxiliarem os escrivães 
eleitorais, quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço; 
XIV - requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em cada Estado ou Território, funcio-
nários dos respectivos quadros administrativos, no caso de acúmulo ocasional de serviço de suas Secre-
tarias; 
XV - aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias aos juizes eleitorais; 
XVI - cumprir e fazer cumprir as decisões e instruções do Tribunal Superior; 
XVII - determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na respectiva circunscrição; 
XVIII - organizar o fichário dos eleitores do Estado. 
XIX - suprimir os mapas parciais de apuração mandando utilizar apenas os boletins e os mapas totalizado-
res, desde que o menor número de candidatos às eleições proporcionais justifique a supressão, observa-
das as seguintes normas: 
 
a) qualquer candidato ou partido poderá requerer ao Tribunal Regional que suprima a exigência dos ma-
pas parciais de apuração; 
b) da decisão do Tribunal Regional qualquer candidato ou partido poderá, no prazo de três dias, recorrer 
para o Tribunal Superior, que decidirá em cinco dias; 
c) a supressão dos mapas parciais de apuração só será admitida até seis meses antes da data da eleição; 
d) os boletins e mapas de apuração serão impressos pelos Tribunais Regionais, depois de aprovados pelo 
Tribunal Superior; 
e) o Tribunal Regional ouvira os partidos na elaboração dos modelos dos boletins e mapas de apuração a 
fim de que estes atendam às peculiaridade locais, encaminhando os modelos que aprovar, acompanhados 
das sugestões ou impugnações formuladas pelos partidos, à decisão do Tribunal Superior. 
 
Art. 31. Faltando num Território o Tribunal Regional, ficará a respectiva circunscrição eleitoral sob a juris-
dição do Tribunal Regional que o Tribunal Superior designar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DOS JUÍZES ELEITORAIS. 
 
O exercício do primeiro grau de jurisdição cabe aos Juízes Eleitorais. Essas são escolhidos dentre os Juízes de 
Direito atuantes nas Comarcas que se constituem ou fazem parte de uma Zona Eleitoral. 
 
Só pode ser juiz eleitoral quem é juiz de direito. Os juizes federais podem ser até mesmo juízes (ou como alguns 
denominam desembargadores) dos Tribunais Eleitorais, mas jamais juízes eleitorais de primeira instância. Se a 
comarca a que corresponde a zona eleitoral for composta por vara única, o juiz de direito exercerá as funções de 
juiz eleitoral. Se for, no entanto, composta por mais de uma vara, o juiz eleitoral será escolhido, nos termos da lei 
de organização judiciária local. 
 
Aos Juízes eleitorais são dadas as mesmas garantias que têm os magistrados em geral, para que se permita o 
exercício do múnus público com imparcialidade. Ocorre, no entanto, que tais garantias não são vitalícias,pois 
duram apenas em relação ao exercício da função de magistrado eleitoral. 
 
Leciona o professor Francisco Dirceu Barros que: “O afastamento do juiz a quem foram confiadas as funções 
eleitorais poderá fazer-se quando fundado em critérios objetivos, a todos aplicáveis. E quando vise a 
atender ao interesse público, devidamente justificadas as razões. Na se trata, entretanto, de função de 
confiança de que possa o magistrado ser demitido ad nuttum. Se lhe são imputadas faltas, haverão de ser 
apuradas em procedimento regular.”21 
 
De qualquer forma, acerca da competência dos Juizes Eleitorais, estabelece o Código Eleitoral que: 
 
Art. 32. Cabe a jurisdição de cada uma das zonas eleitorais a um juiz de direito em efetivo exercício e, na 
falta deste, ao seu substituto legal que goze das prerrogativas do Art. 95 da Constituição. 
 
Parágrafo único. Onde houver mais de uma vara o Tribunal Regional designara aquela ou aquelas, a que 
incumbe o serviço eleitoral. 
 
Art. 33. Nas zonas eleitorais onde houver mais de uma serventia de justiça, o juiz indicará ao Tribunal Re-
gional a que deve ter o anexo da escrivania eleitoral pelo prazo de dois anos. 
 
§ 1º Não poderá servir como escrivão eleitoral, sob pena de demissão, o membro de diretório de partido 
político, nem o candidato a cargo eletivo, seu cônjuge e parente consangüíneo ou afim até o segundo 
grau. 
§ 2º O escrivão eleitoral, em suas faltas e impedimentos, será substituído na forma prevista pela lei de 
organização judiciária local. 
 
O escrivão eleitoral não necessita ser escrivão da Justiça comum, ou mesmo servidor público. Basta apenas ser 
cidadão e não possuir os impedimentos apontados pelo parágrafo primeiro do art. 33. 
 
Art. 34. Os juízes despacharão todos os dias na sede da sua zona eleitoral. 
 
Art. 35. Compete aos juízes: 
 
I - cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do Regional; 
II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência 
originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais; 
III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa competência 
não esteja atribuída privativamente a instância superior. 
IV - fazer as diligências que julgar necessárias a ordem e presteza do serviço eleitoral; 
V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito, reduzindo-as a 
termo, e determinando as providências que cada caso exigir; 
VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o anexo da escrivania 
eleitoral; 
VIII - dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores; 
 
21 OP cit. p. 53. 
 
 
 
 
 
 
 
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IX- expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor; 
X - dividir a zona em seções eleitorais; 
XI mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para remessa a mesa re-
ceptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação; (A Lei 6.996/82, em seu art. 12, substituiu 
a folha de votação individual por listas de eleitores emitida por computador no processamento eletrônico de da-
dos.) 
XII - ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais e comunicá-
los ao Tribunal Regional; 
XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das seções; 
XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo menos 5 (cin-
co) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras; 
XV - instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções; 
XVI - providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras; 
XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições; 
XVIII -fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensados do alis-
tamento, um certificado que os isente das sanções legais; 
XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a realização da eleição, ao Tribunal Regional e aos dele-
gados de partidos credenciados, o número de eleitores que votarem em cada uma das seções da zona sob 
sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona. 
 
JUNTAS ELEITORAIS 
 
Os juízes eleitorais serão presidentes de órgãos denominados Juntas Eleitorais. Sobre o assunto, ensina o pro-
fessor Joel Cândido, no seguinte sentido: 
 
“As Juntas Eleitoral são compostas por dois ou quatro membros, mais seu Presidente, que é Juiz de Direi-
to, o que forma um colegiado de três ou cinco membros no total. Não há razão para a existir Junta de cin-
co membros e, na prática, essa composição não tem apresentado vantagem.”22 
 
Aquele mesmo Autor ainda esclarece que: 
 
“Os demais membros das Juntas, com exceção de seu Presidente, que será sempre Juiz de Direito com as 
garantias constitucionais, poderão ser leigos, vale dizer, não ter formação jurídica.”23 
 
Sobre o referido órgão colegiado, o Código Eleitoral determina que: 
 
Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2 (dois) ou 4 
(quatro) cidadãos de notória idoneidade. 
 
§ 1º Os membros das juntas eleitorais serão nomeados 60 (sessenta) dia antes da eleição, depois de apro-
vação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem cumpre também designar-lhes a sede. 
§ 2º Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes das pessoas indicadas para compor as juntas serão 
publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de 3 (três) dias, em petição 
fundamentada, impugnar as indicações. 
 
Apesar de ser formada também por leigos, a Junta Eleitoral por ser órgão da Justiça Eleitoral deverá atuar com 
imparcialidade em suas decisões. Por conta disso, existem uma série de impedimentos para que alguém possa 
ocupar o múnus de integrante de uma Junta Eleitoral. 
 
Assim, explica o professor Joel Cândido que: 
 
“Nos impedimentos, a enumeração do art. 36, § 3°, do Código Eleitoral, evidentemente, não é exaustiva, 
mas meramente exemplificativa. Mesmo assim, a lei deveria punir criminalmente a omissão, de parte do 
membro da Junta (inclusive dos escrutinadores e auxiliares) na auto-declaração de impedimentos óbvios 
para a sua investidura, não nos parecendo de muita lógica tenha isso sido omitido quando dos mesários 
 
22 CÂNDIDO, Joel J. Direito eleitoral brasileiro. 11 ed. Bauru: Edipro, 2005, p. 51. 
23 Idem. 
 
 
 
 
 
 
 
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isso se exigiu (CE, art. 120, § 5°). A boa formação da Junta Eleitoral, quer pela qualidade profissional; de 
seus juizes, quer pela correção do processo de suas nomeações, é caminho seguro para o sucesso do 
pleito e para a normalidade do funcionamento das instituições eleitorais.”24 
 
Estabelece, assim, o Código Eleitoral que: 
 
§ 3º Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares: 
 
I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o 
cônjuge; 
II - os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido 
oficialmente publicados; 
III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de confiança 
do Executivo; 
IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral. 
 
Determina, ainda, a Lei 9.504/97, em seu art. 64 que: “É vedada a participação de parentes em qualquer grau 
onde servidores da mesma repartição pública ou empresa privada na mesma mesa, turma ou junta eleito-
ral.” 
 
Ainda estabelece o Código Eleitoral que: 
 
Art. 37. Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas permitir o número de juizes de direito que gozem 
das garantiasdo Art. 95 da Constituição, mesmo que não sejam juizes eleitorais. 
 
Parágrafo único. Nas zonas em que houver de ser organizada mais de uma Junta, ou quando estiver vago 
o cargo de juiz eleitoral ou estiver este impedido, o presidente do Tribunal Regional, com a aprovação des-
te, designará juizes de direito da mesma ou de outras comarcas, para presidirem as juntas eleitorais. 
 
Deve-se observar, portanto, que o Presidente da Junta Eleitoral será Juiz de Direito, mas não necessariamente 
Juiz Eleitoral. 
 
Art. 38. Ao presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de notória idoneidade, escrutinadores 
e auxiliares em número capaz de atender a boa marcha dos trabalhos. 
 
§ 1º É obrigatória essa nomeação sempre que houver mais de dez urnas a apurar. 
§ 2º Na hipótese do desdobramento da Junta em Turmas, o respectivo presidente nomeará um escrutina-
dor para servir como secretário em cada turma. 
§ 3º Além dos secretários a que se refere o parágrafo anterior, será designado pelo presidente da Junta 
um escrutinador para secretário-geral competindo-lhe; 
 
I - lavrar as atas; 
II - tomar por termo ou protocolar os recursos, neles funcionando como escrivão; 
III - totalizar os votos apurados. 
 
Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes da eleição o presidente da Junta comunicará ao Presidente do Tribunal 
Regional as nomeações que houver feito e divulgará a composição do órgão por edital publicado ou afixa-
do, podendo qualquer partido oferecer impugnação motivada no prazo de 3 (três) dias. 
 
Art. 40. Compete à Junta Eleitoral; 
 
I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua jurisdição; 
II - resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apu-
ração; 
III - expedir os boletins de apuração mencionados no Art. 178; 
IV - expedir diploma aos eleitos para cargos municipais. 
 
24 Op cit, p. 52. 
 
 
 
 
 
 
 
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Parágrafo único. Nos municípios onde houver mais de uma junta eleitoral a expedição dos diplomas será 
feita pelo que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo, à qual as demais enviarão os documentos da 
eleição. 
 
Art. 41. Nas zonas eleitorais em que for autorizada a contagem prévia dos votos pelas mesas receptoras, 
compete à Junta Eleitoral tomar as providências mencionadas no Art. 195. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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