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Suspensão do Crédito

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Ponto 2 – Suspensão do crédito 
 
Suspensão da exigibilidade do crédito tributário 
 
Conceito 
 
Tipos de suspensão 
 
Efeitos 
 
 
Pergunta: O que ocorre quando surge um crédito tributário e este não é pago? 
R: Inscrição na dívida ativa 
 
• Falar em exigibilidade do crédito => Certidão de Dívida Ativa – CDA 
• Execução fiscal do sujeito passivo exige CDA 
 
• Inscrição na dívida ativa permite a execução do crédito 
 
Pergunta: E se o crédito for suspenso? É possível executar? 
R: Não. Aquilo que está suspenso não tem exigibilidade 
 
Pergunta: É importante estudar e entender suspensão? 
R: Essencial => Art. 141 c/c art. 151/CTN 
Pergunta: O art. 151 é taxativo ou exemplificativo? 
 
• Art. 151 regula a suspensão da exigibilidade do crédito tributário 
• Suspensão = vedação de atos coercitivos para sua cobrança 
 
 
(!) RLT – suspensão somente gera efeitos após a data em que o crédito se tornaria 
exigível 
 
Atenção! 
 
“Como é possível suspender sem ter lançado? Não faz sentido! Não tem crédito” 
 
 Concessão de liminar em MS antes do lançamento do crédito 
• Jurisprudência admite o lançamento do tributo mesmo diante da suspensão 
• Decadência – art. 156, V c/c art. 63/9430 
 
Ex: Contribuinte entende que a lei que impôs tributo ou seu aumento é inconstitucional. Obtém a liminar. 
Juiz leva 6 anos para julgar o mérito. Denega a segurança. Como o Fisco lançaria se houve decadência? 
 
 
Obs.: Decadência gera a extinção do crédito 
• Se nunca ocorreu lançamento o crédito nunca existiu 
 
• Como se extingue o que não existe? 
• Doutrina: deveria ser exclusão e não extinção 
 
(!) Harada – Suspensão é temporária e não importa na desconstituição do crédito 
• Crédito se mantém 
 
Atenção! A suspensão do crédito não impede seu lançamento nem a sua inscrição 
na dívida ativa 
 
Pergunta: O que faz a suspensão? 
R: Somente atinge a exigibilidade da obrigação principal – art. 151, §un 
• Não há prescrição do ajuizamento da execução fiscal enquanto o crédito estiver suspenso 
• Prescrição = inércia 
 
Efeitos da suspensão 
 
• Suspende ou impede a exigibilidade 
• Inscrição no CADIN – Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados 
 
• Deveres instrumentais (obrigações acessórias) se mantém 
 
Atenção! Suspensão gera Certidão positiva com efeitos negativos – art. 206/CTN 
• Há crédito não quitado que não pode gerar prejuízos ao contribuinte 
• Certidão positiva “faz cosplay” de negativa 
 
Suspensão em espécie 
 
• Art. 151 prevê 6 hipóteses 
 
1. I e VI = foi dado prazo para pagamento do tributo ou penalidade 
 
2. III, IV e V = há incerteza quanto à existência do crédito 
 
3. II = crédito está garantido 
 
Atenção! Caução em ação cautelar não enseja a suspensão da exigibilidade 
• Não está arrolada no art. 151 
 
Atenção2! Art. 97, VI – somente lei estabelece exclusão, suspensão e extinção 
 
 
A. Moratória 
 
• Postergação do prazo de vencimento do tributo 
• Necessário lei estabelecendo-a 
 
• Art. 152 - moratória se classifica em geral ou individual 
 
A.1 Moratória Geral 
 
• Concedida por lei => não exige nenhum reconhecimento/ato de autoridade adm 
• Tem caráter abrangente 
Ex: União edita lei que prorroga o prazo para pagamento de COFINS em 1 mês. Abrange a todos de forma 
genérica 
 
 
• A moratória geral se classifica em duas formas: 
 
I. Autônoma – Art. 152, I, a 
 
• Regra geral da moratória 
• Concedida por quem tem competência sobre o tributo 
Ex: Postergar o pagamento do IPTU do Município do Rio de Janeiro – Lei do município do Rio 
 
II. Heterônoma – Art. 152, I, b 
 
• Lógica excepcional 
 
• Faculdade exclusiva da União 
• Concede moratória de tributo alheio 
1) Ter concedido moratória dos seus tributos 
 
2) Conceder moratória das obrigações de direito privado (dívidas existentes com a União em face de pessoa 
privada e que não seja regida exclusivamente pelo direito público – ex: aluguéis) 
 
 
Pergunta: Pode a União decretar moratória de tributo estadual? 
 
• Tema é controverso => textualmente sim: Art. 152, I, b 
• Indica contexto de crise econômica substancial 
 
Pergunta: Esse dispositivo foi recepcionado? 
• Gera ofensa à autonomia federativa: poder político tributário 
 
• Art. 151, III/CF veda expressamente a isenção heterônoma 
 
• Dilação do prazo para recebimento dos valores aparenta violar autonomia federativa 
 
(!) Vanessa Siqueira – a moratória heterônoma não tem fins tributários, mas 
econômicos. Busca-se garantir a estabilidade do país diante de uma forte crise 
financeira 
 
B. Individual 
 
• Prevista em lei 
• Necessário atuação de autoridade administrativa 
• Despacho da autoridade chancela quem dela pode se valer 
 
• Contribuinte solicita para se valer da moratória 
• Autoridade atesta e despacha a favor ou contra 
 
• Lei limita a abrangência do benefício a quem que preencha requisitos legais 
Ex: Lei federal que atesta que produtores de vinho da Serra Gaúcha terão 6 meses para pagar IR em 
razão de mudanças climáticas que impediram a safra e produção do vinho 
 
Pergunta: São todos os produtores de vinho do país? 
R: Atinge somente os da Serra Gaúcha => interessado comprova que está na área circunscrita 
 
Obs.: A autoridade não constitui a moratória. Apenas declara que o sujeito se enquadra 
na postergação 
Atenção! Moratória não atinge aquele que agiu com dolo, fraude ou simulação – 
art. 154, §único 
 
 Revogação da moratória individual 
• Art. 155 prevê “revogação” 
• Concessão ilegal; Perda dos requisitos em momento posterior à concessão 
 
Atenção! Moratória individual não gera direito adquirido 
• Ato administrativo declara a moratória => A lei a constituiu 
 
• Não preencher os requisitos a moratória cai 
Obs.: “Revogação” é um termo tecnicamente errado 
• Revogação: ato administrativo discricionário válido que perde conv/oport 
• Sujeito passivo deixa de atender as exigências – cassação 
 
• Se não fazia jus ao benefício – anulação 
 
• Art. 155 impõe a cobrança do valor acrescido de juros de mora 
 
1. Moratória ilegal: Agente agiu de boa-fé => crédito + juros de mora 
• Não há aplicação de penalidade 
 
2. Moratória Ilegal: agente agiu de má-fé => crédito + juros + multa a título de penalidade 
 
Requisitos da moratória 
 
• Art. 153 - prazo, condições e tributos aos quais se aplicam 
 
• Prazo é o principal requisito 
• Postergação do pagamento não pode ser infinita ou indeterminada 
 
Atenção! Moratória Parcelada não se confunde com parcelamento 
• Art. 153 – moratória pode envolver número de prestações dentro do prazo estipulado 
 
• Antes de 2002 afirmava-se que era o fundamento legal para o parcelamento 
• Parcelamento = “moratória parcelada” 
 
• LC 104/02 incluiu o inciso VI no art. 151 
• Parcelamento como causa específica de suspensão do crédito tributário 
 
• Por questões de hermenêutica o que está no art. 153 não pode ser parcelamento 
• Não faz sentido a LC 104 incluir no CTN aquilo que nele já exista 
 
• A LC incluiu o inciso VI no 151 e não revogou o art. 153, III, b. 
 
• Teoricamente há hipótese de moratória com parcelamento que não é parcelamento do art. 
151, VI 
 
Créditos abrangidos pela moratória 
 
• Art. 154 – créditos constituídos (lançados) 
• Exceto se houver previsão em contrário (não lançados) 
• Serão lançados para evitar a decadência 
 
 
 
 
B. Depósito do montante integral 
 
• Questionamento do lançamento feito – Art. 151, II 
• O mero depósito integral gera suspensão automática(PJ) 
 
Pergunta: Condicionar o direito de ação ao depósito integral ofende acesso ao 
judiciário (direito fundamental)? 
R: Nesse caso não 
• Há outras formas para gerar suspensão sem depósito 
 
• Depósito é modalidade específica 
• Gera suspensão sem necessidade de liminar judicial 
 
• Suspensão do crédito por depósito integral é direito subjetivo 
• Não é facultado ao juiz decidir sobre a suspensão – RESP 196.235/STJ 
 
Pergunta: Se existe a via administrativa que não exige o valor integral, por qual 
motivo usar a opção judicial com o depósito do valor? 
R: Impedir juros de mora 
 
• Se o depositante obtém provimento jurisdicional => levanta o depósito (integral 
ou parcialmente) com os devidos acréscimos legais corrigidos pela SELIC 
 
Obs.: Depósito perante a justiça federal ocorrem na CEF – lei 9703/98 – art. 1º 
 
Pergunta: Feito o depósito o sujeito passivo pode o levantar sem decisão do PJ? 
R: Não. Depósito serve de garantia do pagamento do tributo 
Pergunta: Depositante se sagrou vencedor, mas tem outros créditos com a 
fazenda. Ela pode reter para quitar aqueles em aberto? 
R: Não! Fazenda não pode reter. Caso o Fisco tome os valores para quitar outros 
créditos estar-se-á diante de ato ilícito – RESP 291115/STJ 
 
• Ação for favorável ao fisco 
• Valor se converte em renda e ingressa aos cofres públicos 
 
• A conversão do depósito em renda é causa de extinção do crédito tributário – art. 156, 
VI/CTN 
 
• Sentença favorável ao contribuinte também extingue a relação 
 
Pergunta: Ação questiona lançamento. Depositou-se integralmente o valor. A ação 
foi extinta sem julgamento do mérito. O que ocorre com o depósito? 
R: Converte-se em renda e ingressa nos cofres - RESP 215589/STJ 
• Sujeito passivo somente levanta se obtiver decisão favorável 
• Depósito é garantia do crédito 
 
Pergunta: O contribuinte acha que deve 100. A Fazenda acha que deve 200. Qual 
valor se deposita? 
R: Se deposita o valor que a Fazenda está cobrando. A ação serve para discutir o 
valor 
 
Obs.: Depósito tem que ser integral e em dinheiro – Súmula 112/STJ 
• Não se admite fiança bancária (banco ser o fiador) 
 
Atenção! Depósito do montante integral em lançamento por homologação 
Pergunta: Quem faz o cálculo do tributo? 
 
• Art. 151, II e a súmula 112/STJ c/c art. 150, §1/CTN 
• Pagamento antecipado extingue o crédito sob condição resolutória da homologação ulterior 
 
• Contribuinte deposita o valor que acredita ser o total devido 
• Fisco analisa e eventualmente lança a diferença de ofício ou informa ao Estado-juiz a diferença apurada a 
fim de que o contribuinte complemente o depósito 
 
 
 
Recurso em Processo Administrativo Fiscal – PAF 
 
• Impugnação administrativa => instaura litígio a ser dirimido por órgão julgador 
• “Recurso” em sentido de procedimento administrativo 
• Prazo de 360 dias para o findar 
 
• Com o procedimento em curso o Estado não pode cobrar => exigibilidade suspensa 
• Recurso/reclamação gera efeito suspensivo automático 
 
• CTN rechaça o “solve et repete” – pague e depois reclame 
 
Atenção! Consulta não é recurso; consulta não suspende => art. 156 é taxativo 
 
• Súmula vinculante 21 
• Não se pode exigir depósito para recorrer de decisão administrativa 
Liminar em Mandado de Segurança 
 
• Art. 7, III/12016 – ao despachar a inicial há ordem p/ suspender o ato impugnado 
• Periculum in mora e fumus boni juris 
 
• Prazo de 120 dias 
 
Atenção! Concessão da liminar não tem como requisito a existência do crédito 
• Não precisa nem ter ocorrido a obrigação tributária 
• Jurisdição é inafastável para lesão ou ameaça de lesão 
 
• Liminar não impede o lançamanento 
 
Ex: Lei do RJ aumenta a alíquota do ICMS sem passar pelo CONFAZ. Inconstitucional. Quem 
estiver sujeito a incidência da lei pode ir ao PJ clamar por tutela 
 
 
 
Pergunta: Pode o juiz condicionar a concessão da liminar ao depósito do valor em 
juízo? 
R: Não. Efeito suspensivo é automático com a concessão 
• Contribuinte não optou pelo depósito integral, mas sim por liminar 
 
• Juiz condiciona efeito suspensivo ao depósito é porque indeferiu a liminar – STJ: RMS 3881 
 
Concessão de Liminar em outras ações judiciais 
 
• Hipótese incluída pela LC 104/01 
• Liminar em qualquer outra ação que não MS pode suspender a exigibilidade do crédito 
 
• MS tem prazo decadencial de 120 dias para impetração 
• Contribuinte perdia o prazo e usava ações ordinária 
• Jurisprudência negava efeito suspensivo por literalidade do Art. 151 
 
 
 
Parcelamento 
 
• Incluída pela LC 104/01 
 
• Medida de política fiscal para recuperar créditos e criar condições de pagamento 
• Atos de regularização fiscal dos contribuintes 
 
• Cada unidade federada estabelece suas formas e condições 
• Parcelamento não exclui a incidência de juros e multas, em regra

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