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TRATAMENTO DE ESGOTO 1 TRATAMENTO DE ESGOTO REFERÊNCIAS: Von Sperling, M. – “Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias – Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos”, UFMG, 1996. Jordão, E. P. – “Tratamento de Esgotos Domésticos” – 4ª edição – Rio de Janeiro, 2005. 1. TRATAMENTOS PRELIMINARES Objetivos: Remoção de sólidos grosseiros, detritos minerais, materiais flutuantes e carreados, óleos e graxas. Constituem: Preparação para tratamentos subseqüentes. Tratamento para lançamento ao mar por meio de emissários submarinos. Tratamento prévio para certos despejos industriais serem lançados à rede pública coletora. Unidades: grades ou desintegradores; caixas de areia ou desarenadores; tanques de remoção de óleos e graxas; tanques de neutralização; tanques de equalização. TRATAMENTO DE ESGOTO 2 Em Estação de Tratamento de Esgoto Sanitário (ETE), geralmente as duas primeiras unidades, seguidas de medidor de vazão, comumente medidor Parshall. 1.1. GRADES Primeira unidade de uma ETE. Destinam-se a reter sólidos grosseiros em suspensão e corpos flutuantes. Grades de limpeza manual: instalações pequenas; a montante de grades mecanizadas, com abertura relativamente grande. Grades mecanizadas: vazão final ≥ 250 L/s, ou; quando volume do material retido justificar. Destino do material gradeado: incineração; aterro sanitário. TRATAMENTO PRELIMINAR PARA ESGOTO SANITÁRIO GRADE CAIXA DE AREIA MEDIDOR PARSHALL TRATAMENTO DE ESGOTO 3 TRITURADORES Normalmente utilizados junto com grades mecanizadas. Separam os metais e retornam os sólidos triturados para o canal afluente da ETE. DESINTEGRADORES Fazem simultaneamente a retenção e a desintegração no próprio canal. Constituem ao mesmo tempo, grades e trituradores numa única unidade. 1.2. CAIXAS DE AREIA OU DESARENADORES Destinam-se a remover areia e outros detritos minerais inertes e pesados (entulhos, seixos, partículas de metal, carvão,...). Para proteger bombas, evitar entupimento de canalizações e impedir a formação de depósitos de materiais inertes nos decantadores, digestores,... Destino do material retido: aterros, aterros sanitários. 2. TRATAMENTOS PRIMÁRIOS Objetivos: Remoção e estabilização das impurezas sedimentáveis e flutuantes. Processos: Além dos processos preliminares podem incluir: TRATAMENTO DE ESGOTO 4 decantação simples (primária); precipitação química e decantação; digestão dos lodos; secagem, disposição sobre o terreno, incineração ou afastamento dos lodos resultantes; desinfecção. Em ETE que faz tratamento primário de esgoto sanitário, geralmente depois das unidades de tratamento preliminar temos decantadores, digestores e dispositivos de secagem de lodos. 2.1. DECANTADORES PRIMÁRIOS Separam os sólidos sedimentáveis e a gordura dos esgotos. Tempo de detenção ( t ): ht 6 Eficiência: remoção de DBO: 35 a 40% remoção de coliformes: 30 a 40% TRATAMENTO PRIMÁRIO DECANTADOR PRIMÁRIO SECAGEM DO LODO DIGESTOR TRATAMENTO DE ESGOTO 5 Efluente não atende aos padrões de lançamento em corpos d'água. O lodo e a gordura removidos no decantador são estabilizados por bactérias anaeróbias e facultativas nos digestores. O tempo de detenção varia de 15 a 45 dias, conforme o tipo de digestor. 2.2. TANQUES SÉPTICOS Os tanques sépticos (fossas sépticas) fazem a decantação primária e a digestão dos lodos em um único compartimento. Emprego: tratamento individual de esgoto doméstico em áreas desprovidas de rede pública coletora de esgotos; alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de rede coletora local; retenção previa de sólidos sedimentáveis para permitir projeto de rede coletora com diâmetros e declividades menores. Distâncias mínimas: 1,50m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal predial de água; 3,0m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água; 15,0m de poços freáticos e de corpos de água. Lodo e escuma Efluente líquido Lodo sedimentado Escuma TANQUE SÉPTICO TRATAMENTO DE ESGOTO 6 Tempo de detenção ( t ): hth 2412 Eficiência: remoção de DBO: 30 a 60% remoção de óleos e graxas: 70 a 90% remoção de coliformes: 40 a 60% Remoção do lodo em excesso: O lodo e a escuma devem ser removidos em intervalos de tempo segundo o projeto. É obrigatório o uso de botas e luvas de borracha. Em caso de remoção manual, máscaras de proteção. Ao abrir a tampa de inspeção, esperar cinco minutos para a saída de gases tóxicos e/ou explosivos. O efluente apresenta elevada concentração de coliformes fecais e sua disposição merece cuidado. DISPOSIÇÃO DO EFLUENTE DOS TANQUES SÉPTICOS: a) LODO E ESCUMA: Estações de tratamento de esgoto; Pontos determinados da rede coletora de esgoto, aprovados pelo órgão responsável pelo esgotamento sanitário; Leitos de secagem (para comunidades isoladas). TRATAMENTO DE ESGOTO 7 b) LODO SECO Aterro sanitário; Usina de compostagem; Campo agrícola (não pode ser utilizado para cultivos de hortaliças, frutas rasteiras e legumes consumidos crus). c) EFLUENTE LÍQUIDO c.1) INFILTRAÇÃO NO SOLO ENSAIO DE INFILTRAÇÃO Segundo a NBR-13969 da ABNT: o em três pontos do terreno que vai ser utilizado para disposição do efluente do tanque séptico, proceder à abertura de uma vala, cujo fundo deverá coincidir com o plano útil de absorção; o no fundo de cada vala abrir uma cova de seção quadrada de 30 cm de profundidade e 30 cm de lado. Raspar o fundo e os lados do buraco; o retirar do fundo do buraco qualquer terra solta e encher com uma camada de 5 cm de brita n° 1. Em seguida, manter cada buraco cheio de água durante quatro horas, adicionando mais água à proporção que ela vai se infiltrando no terreno. o no dia seguinte, encher novamente cada buraco com água, aguardando que a mesma se escoe completamente; o em seguida, encher novamente os buracos com água até a altura de 15cm, cronometrando o tempo para que o nível d'água baixe 1cm (de 15cm para 14cm); o com os tempos de abaixamento determinados, entrar na curva apresentada a seguir e ler os coeficientes de infiltração correspondentes; o menor dos valores encontrados deverá ser adotado; TRATAMENTO DE ESGOTO 8 POÇO ABSORVENTE (SUMIDOURO) Para áreas onde o aqüífero é profundo. Deve-se manter ≥1,50m entre fundo do sumidouro e nível máximo do lençol. Área de infiltração a considerar por sumidouro: Dh D 4 2 D Brita n° 3 ou n° 4 h ≥ 0 ,5 0 NA max SUMIDOURO TRATAMENTO DE ESGOTO 9 VALAS DE INFILTRAÇÃO Deve ser mantida uma distância mínima vertical entre o fundo da vala e o nível máximo da superfície do aqüífero de 1,5m. Para manutenção da condição aeróbia no interior da vala e desobstrução dos poros do solo, deve ser previsto uso alternado de valas. Assim, o n° mínimo de valas deve ser dois, cada uma correspondendo a 100% da capacidade total necessária. As valas devem ser alternadas em um prazo máximo de seis meses. S3 S2 S1 0,10m 0,05m 0,30m > 0,30m Brita até n° 4 Corte transversal VALAS DE INFILTRAÇÃO TRATAMENTODE ESGOTO 10 Área de infiltração a considerar por vala: 321 SSS Declividade do tubo: 0,03m/m ≤ 30m ≥ 2,00m Tanque Séptico Caixa de distribuição = Tubo de ventilação com tela anti - inseto = Tubo de distribuição Corte longitudinal Planta Tubo de ventilação Tubo de distribuição TRATAMENTO DE ESGOTO 11 c.2) TRATAMENTO COMPLEMENTAR FILTRO ANAERÓBIO Altura do leito filtrante: Geralmente de 1,20m, incluindo a altura do fundo falso. Altura do fundo falso ≤ 0,60m, já incluindo a espessura da laje. O fundo falso pode ser substituído por meio filtrante, sendo o esgoto introduzido no filtro por meio de tubos perfurados. Distribuição do esgoto no filtro anaeróbio: Através de bocais no fundo falso – considerar 1 bocal para cada 3,0m² de área horizontal de filtro, no máximo. Através de tubos perfurados. Coleta de efluentes: Canaletas tubos perfurados. 2 3 1 h2 h1 h 0,80m 0 ,6 0 m 0 ,6 0 m 0,10 0,40m 0,30m TANQUE SÉPTICO FILTRO ANAERÓBIO H H = h + h1 + h2 H = altura total interna h = altura total do leito h1 = altura da lâmina livre h2 = altura do vão livre 1 – bocal distribuidor 2 – tubo guia (p/ drenagem) 3 – canaleta do efluente FILTRO ANAERÓBIO TRATAMENTO DE ESGOTO 12 Deve ser previsto um dispositivo de coleta para cada dispositivo de distribuição. Dispositivo de drenagem: Nos filtros com fundo falso, um tubo-guia de 150mm de diâmetro em PVC para cada 3m² de área do fundo. Nos filtros com distribuição por tubos perfurados, o fundo do filtro deve ter declividade de 1% em direção ao poço de drenagem. Material filtrante: Brita n° 4 ou 5, com as dimensões mais uniformes possíveis. Peças de plástico. Outros materiais. Materiais de construção usuais: Alvenaria de tijolos. Concreto armado. Plástico. fibra de vidro. Remoção do lodo em excesso: Drena-se o líquido através dos tubos-guia ou do poço de drenagem, gerando um fluxo descendente através do leito com velocidade maior que a normal, que provoca a remoção do excesso de crescimento biológico. Geralmente duas a três limpezas por ano. Eficiência do sistema Tanque Séptico – Filtro Anaeróbio: remoção de DBO: 70 a 90% remoção de coliformes: 60 a 90% TRATAMENTO DE ESGOTO 13 3. TRATAMENTOS SECUNDÁRIOS Objetivos: Remoção e estabilização da matéria orgânica dissolvida (por bactérias) e da matéria coloidal e em suspensão (por adsorção ao lodo). Incluem oxidação biológica e decantação final. Processos / unidades: filtração biológica; lodos ativados; lagoas de estabilização; filtração anaeróbia; reatores anaeróbios de fluxo ascendente; etc. 3.1. FILTROS BIOLÓGICOS Características: São sistemas biológicos de crescimento fixo desenvolvimento microbiano aderido à superfície de um meio de suporte (pedra britada, geralmente). Não é um filtro. Melhor denominação seria leito biológico. Quando o esgoto percola sobre a camada de limo, a matéria orgânica e o oxigênio são extraídos e produtos finais do metabolismo são liberados, como o CO2. O excesso de crescimento biológico é removido pelo esgoto que passa no meio filtrante e separado no decantador secundário. TRATAMENTO DE ESGOTO 14 A ventilação é importante para fornecer o oxigênio ao processo biológico. Na maioria dos casos a ventilação natural é suficiente. No inverno, a ventilação ocorre de baixo para cima. O esgoto aquece o ar do interior do filtro que sobe por se tornar menos denso que o ar exterior. No verão, a ventilação ocorre de cima para baixo. O esgoto esfria o ar do interior do filtro, que desce e é removido pelo sistema de drenagem. Nova massa de ar entra pelo topo do filtro para substituir aquela que saiu. PROBLEMA: mosca Psychoda alternata. Algumas horas do dia fecha- se a saída para inundar o filtro. Ventilação deve estar acima do topo de filtro. H2S ácidos orgânicos CO2 O2 DBO CAMADA ANAERÓBIA MEIO FILTRANTE CAMADA AERÓBIA E SG OT O A R TRATAMENTO DE ESGOTO 15 Dreno Comporta Conduto efluente Dreno do fundo Anel central de coleta A A 1 % 1% Poço de ventilação Canalização afluente Canaleta de coleta CORTE AA Ventilação Distribuidor rotativo Dreno Anel central de coleta Entrada do esgoto PLANTA FILTRO BIOLÓGICO TRATAMENTO DE ESGOTO 16 Partes principais: Distribuidores rotativos: movidos pelo próprio jato. Meio filtrante: pedras com 5 a 10 cm. A maior parte da matéria orgânica é removida no primeiro metro da camada de pedra, de modo que estes filtros têm profundidade do leito entre 1,5 e 2,1m. Quando se emprega meio sintético em substituição às pedras, as unidades são chamadas de torres biológicas pois têm altura maior, de cerca de 6m. Drenos: para coletar o efluente e permitir a circulação de ar. Carga de DBO aplicada no filtro: kg de DBO5 no esgoto afluente ao filtro durante um dia, por m³ de filtro (kgDBO5/m³×d). Não considera a contribuição devida a recirculação. Carga hidráulica: m³ de esgoto aplicado ao filtro durante um dia, por m² de área horizontal do filtro (m³/m²×d). 3.1.1. FILTROS BIOLÓGICOS DE BAIXA CARGA Emprego: Pouco usados, normalmente pequenas unidades de tratamento. Cargas aplicadas: Carga de DBO ≤ 0,3kgDBO5/m³×d Carga hidráulica entre 0,8 e 5m³/m²×d TRATAMENTO DE ESGOTO 17 Características: Não há recirculação. Elevada eficiência na remoção da DBO. Devido à baixa carga de DBO aplicada, o lodo retido no decantador secundário encontra-se razoavelmente oxidado e pode ser disposto para secagem sem geração de odores agressivos. Áreas e volumes elevados. Incidência maior de insetos e odores. Eficiência: remoção de DBO: 85 a 93% remoção de coliformes: 60 a 90% 3.1.2. FILTROS BIOLÓGICOS DE ALTA CARGA Cargas aplicadas: Carga de DBO ≤ 1,8kgDBO5/m³×d Carga hidráulica entre 10 e 60m³/m²×d DECANTADOR SECUNDÁRIO FILTRO BIOLÓGICO SECAGEM DO LODO DECANTADOR PRIMÁRIO DIGESTOR FILTRO BIOLÓGICO - BAIXA CARGA TRATAMENTO DE ESGOTO 18 Características: Alta taxa de crescimento biológico no filtro. Para evitar obstrução, há necessidade da aplicação de carga hidráulica elevada, conseguida pela recirculação. O lodo secundário necessita ser estabilizado antes da secagem. Eficiência: remoção de DBO: 80 a 90% remoção de coliformes: 60 a 90% RECIRCULAÇÃO DECANTADOR SECUNDÁRIO FILTRO BIOLÓGICO SECAGEM DO LODO DECANTADOR PRIMÁRIO DIGESTOR FILTRO BIOLÓGICO - ALTA CARGA TRATAMENTO DE ESGOTO 19 3.2. LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO Emprego: Pequenas comunidades com condições de clima e terrenos favoráveis: o regiões quentes e ensolaradas; o terrenos baixos, pouco acidentados, afastados das zonas residenciais e de baixo custo. Resíduos industriais de natureza orgânica: fábrica de conservas, indústrias alimentícias, usina de açúcar, matadouros, frigoríficos, laticínios,... Características: Não necessitam equipamentos e energia elétrica (salvo as lagoas aeradas). Alta eficiência. Custo inicialbaixo. Despesas de operação e manutenção baixas. Grande flexibilidade. Possibilidade de receber sobrecargas. Simplicidade de operação. Classificação: Lagoas facultativas Lagoas anaeróbias Lagoas de maturação: têm como objetivo principal a remoção de patogênicos. Lagoas de polimento: têm como objetivo principal a remoção adicional de DBO, nutrientes e patogênicos. Lagoas aeradas TRATAMENTO DE ESGOTO 20 3.2.1. LAGOAS FACULTATIVAS Funcionamento: Junto á superfície livre, algas produzem oxigênio e forma-se uma região aeróbia. Junto ao fundo, o lodo depositado é decomposto sem a presença de oxigênio livre e tem-se uma região anaeróbia. Na região intermediária, a decomposição da matéria orgânica é efetuada por bactérias facultativas. Elas oxidam a matéria orgânica utilizando oxigênio livre, quando disponível. Na sua ausência, utilizam nitrato. Características: Custos de construção e operação reduzidos. Construção, operação e manutenção simples. Satisfatória resistência às variações nas características do afluente. Necessitam áreas grandes. Deve-se fazer capina freqüente nas margens e taludes (insetos, cobras,...). Efluentes com elevadas concentrações de Sólidos em Suspensão devido às algas. LAGOA FACULTATIVA 0 ,3 0 NAmax 0 ,6 0 m NAmin 1 ,5 0 a 3 ,5 0 m Luz solar O2 Bacts. aeróbias e facultativas Algas CO2 H2S, ácidos orgânicos Bactérias anaeróbias Depósito de lodo TRATAMENTO DE ESGOTO 21 Taxa de aplicação superficial (Ls): Características locais dha/kgDBOLS 5 Inverno quente e elevada insolação 240 a 350 Inverno e insolação moderados 130 a 240 Inverno frio e baixa insolação 100 a 180 Tempo de detenção ( t ): dt 45 a 15 Profundidade ( H ): m,,H 03 a 51 Eficiência: remoção de DBO: 70 a 85% remoção de coliformes: 60 a 99% Remoção do lodo: Necessidade de remoção, geralmente, após mais de 20 anos. 3.2.2. LAGOAS ANAERÓBIAS Características: Baixa produção de lodo. Estabilização incompleta, que requer um 2° estágio com tratamento aeróbio. Relativamente alta temperatura necessária para o processo. A camada de escuma na superfície, devida à gordura: dificulta a penetração de luz menos algas menos oxigênio (tóxico para organismos anaeróbios); protege contra curtos-circuitos, agitação provocada por ventos e transferência de oxigênio; ajuda a manter temperatura mais elevada e uniforme no interior da lagoa. TRATAMENTO DE ESGOTO 22 Devem ficar afastadas de área habitadas devido à possibilidade de maus odores. Tempo de detenção ( t ): dt 6 a 3 Taxa de aplicação volumétrica ( vL ): dm/kgDBO,L, v 3 53010 acima de dm/kgDBO, 3540 , a lagoa pode exalar maus odores; abaixo de dm/kgDBO, 3510 , a lagoa pode deixar de ser totalmente anaeróbia. Um grande número de lagoas no Brasil trabalha bem com cargas relativamente baixas, como dm/kgDBO, 35050 Profundidade ( H ): m,H, 005004 Eficiência: Na remoção de DBO: Temperatura média da lagoa no mês mais frio (°C) Eficiência na remoção de DBO (%) 20 50 20 60 Na remoção de coliformes: 60 a 90% remoção do lodo: Quando camada de lodo atingir metade da altura útil da lagoa. A taxa de acúmulo é da ordem de anohab/m,, 3040 a 030 . TRATAMENTO DE ESGOTO 23 Sistema Australiano de lagoas: LAGOA ANAERÓBIA + LAGOA FACULTATIVA Requerem área menor que as lagoas facultativas. Devem ficar afastadas de áreas habitadas. 3.2.3. LAGOAS AERADAS FACULTATIVAS Características: Oxigênio fornecido por aeradores. Aeradores têm potência apenas para a oxigenação, não conseguindo manter toda biomassa dispersa na massa líquida, ocorrendo depósitos no fundo onde ocorre processo anaeróbio. Áreas menores que sistema Australiano de lagoas. Pequena possibilidade de maus odores. Requerem energia. Lagoas Facultativas Lagoas Anaeróbias SISTEMA AUTRALIANO DE LAGOAS TRATAMENTO DE ESGOTO 24 Tempo de detenção ( t ): dt 10 a 5 Profundidade ( H ): m,,H 54 a 52 Deve propiciar uma camada aeróbia de aproximadamente m2 para oxidar os gases da decomposição anaeróbia do lodo do fundo e impedir maus odores. Eficiência: Na remoção de DBO: 70 a 90% Na remoção de coliformes: 60 a 96% 3.2.4. LAGOAS AERADAS DE MISTURA COMPLETA LAGOA AERADA DE MISTURA COMPLETA LAGOA AERADA FACULTATIVA TRATAMENTO DE ESGOTO 25 Características: Aeradores têm potência para oxigenar e manter os Sólidos em Suspensão dispersos no meio líquido. Devido aos Sólidos em Suspensão (biomassa) no efluente, há necessidade de uma lagoa de decantação após a lagoa aerada de mistura completa. Remoção do lodo das lagoas de decantação a cada 2 a 5 anos. Menor exigência de área entre os diferentes sistemas de lagoas. Tempo de detenção ( t ): dt 4 a 2 Profundidade ( H ): m,,H 54 a 52 Eficiência: Na remoção de DBO: 70 a 90% Na remoção de coliformes: 60 a 99% 3.3. LODOS ATIVADOS Vantagens: elevada eficiência; pequena área; grande flexibilidade de operação; normalmente não apresentam problemas de odores. Desvantagens: operação delicada; necessidade de completo controle laboratorial; elevado custo de implantação e operação. TRATAMENTO DE ESGOTO 26 3.3.1. LODOS ATIVADOS COM MISTURA COMPLETA Características: O esgoto decantado e a biomassa (lodo) são misturados intensamente no tanque de aeração (TA). Aeradores no TA garantem a mistura e o oxigênio para a biomassa oxidar o substrato solúvel por ela assimilado. Multiplicação da biomassa resulta na produção de mais lodo. O lodo do TA adsorve na sua superfície substrato não assimilado pela biomassa (impurezas do esgoto na forma coloidal e em suspensão). O lodo é separado no decantador secundário. Devido à recirculação do lodo, o tempo de detenção da biomassa (tempo de permanência dos microrganismos no processo) é maior que o tempo de detenção hidráulica (tempo de permanência do esgoto no processo). A recirculação garante uma elevada concentração de biomassa no tanque de aeração. O excesso de lodo do decantador secundário necessita estabilização. O processo é muito sensível às descargas tóxicas e variações nas características do esgoto. TANQUE DE AERAÇÃO RECIRCULAÇÃO DECANTADOR SECUNDÁRIO SECAGEM DO LODO DECANTADOR PRIMÁRIO DIGESTOR LODOS ATIVADOS – MISTURA COMPLETA TRATAMENTO DE ESGOTO 27 Tempo de detenção hidráulica ( t ): ht 5 a 3 Tempo de detenção de biomassa ou idade do lodo ( X ): dX 15 a 4 Eficiência: Na remoção de DBO: 85 a 93% Na remoção de coliformes: 60 a 90% 3.3.2. LODOS ATIVADOS COM AERAÇÃO PROLONGADA LODOS ATIVADOS – AERAÇÃO PROLONGADA SECAGEM DO LODO TANQUE DE AERAÇÃO RECIRCULAÇÃO DECANTADOR SECUNDÁRIO TRATAMENTO DE ESGOTO 28 Características: Devido ao maior tempo de detençãodo esgoto, os sólidos sedimentáveis do esgoto bruto são oxidados no próprio tanque de aeração, dispensando-se os decantadores primários. Maior tempo de contato da biomassa com o esgoto resulta em menor disponibilidade de alimento, que leva o lodo a um elevado grau de auto-oxidação. O nível de auto-oxidação da biomassa permite que o lodo excedente do processo seja secado em leitos, sem exalação de odores agressivos, dispensando-se os digestores de lodos. É o sistema com maior eficiência na remoção de DBO. Tem elevados custos de implantação e operação. É o sistema com maior consumo de energia. Operação mais simples que os lodos ativados convencional. Tempo de detenção hidráulica ( t ): ht 36 a 16 Tempo de detenção de biomassa ou idade do lodo ( X ): dX 30 a 20 Eficiência: Na remoção de DBO: 93 a 98% Na remoção de coliformes: 65 a 90% TRATAMENTO DE ESGOTO 29 Os VALOS DE OXIDAÇÃO são unidades de tratamento de esgoto que apresentam os mesmos princípios básicos do processo de lodos ativados com aeração prolongada. VALOS COM ROTORES DE EIXO HORIZONTAL: Semelhante a uma pista de atletismo. Porém, há muitas modificações. Recomendados para P ≤ 10.000hab. Devido à pequena capacidade de aeração e de impulsionamento dos rotores de eixo horizontal, a profundidade desses valos é pequena, não ultrapassando 1,50m, o que limita a sua aplicação às pequenas populações. Rotações: 60 – 110rpm. Imersões: 8 a 30cm. Tipos de rotores horizontais: a) Escovas Kessener Escovas de piaçava. Muito frágil, não sendo mais usadas. 50 a 80gO2/m³×h. Rotor VALO COM ROTOR DE EIXO HORIZONTAL TRATAMENTO DE ESGOTO 30 b) Rotor Spaan, 1959 – Holanda Piaçava foi substituída por cantoneiras com 2 a 3cm de lado. Diâmetro do rotor: 50cm. 100 a 300gO2/m³×h. c) Rotor tipo Gaiola Construído de lâminas ou pás de seção retangular (5×15cm, barra chata) espaçadas de 5cm, fixadas em posições alternadas. Número de fileiras radiais: 12. Diâmetro do rotor: 70cm. É o rotor mais eficiente. Carga volumétrica ou carga de DBO: dm/g 35DBO225 VALOS COM ROTORES DE EIXO VERTICAL OU DE FLUXO ORBITAL Também conhecidos como Sistema Carrossel. É uma evolução do processo dos valos de oxidação para diminuir a área. Podem ter profundidades maiores que os de eixo horizontal e, conseqüentemente, atenderem populações maiores. Diâmetro do rotor: D = 4,0 a 7,5m Rotação: 60 – 110rpm O volume da câmara é calculado como no caso de valos com rotores horizontais. TRATAMENTO DE ESGOTO 31 3.3.3. LODOS ATIVADOS POR BATELADA Características: Esgoto é retido em um tanque onde se processa sua depuração, resultando na formação de mais lodo devido à multiplicação da biomassa. Mantém-se o aerador ligado durante o tempo necessário para que a biomassa remova a matéria orgânica da água residuária. Desliga-se, então, o aerador e espera-se ocorrer a sedimentação do lodo. 8 – 30cm ZONA DE ESCOAMENTO ZONA DE AERAÇÃO 1,2 D D 2,5 D D TRATAMENTO DE ESGOTO 32 O esgoto decantado é drenado e constitui o efluente líquido do processo. O excesso de lodo é retirado e, dependendo do tempo de aeração, pode estar estabilizado, quando é levado para secagem, ou não estabilizado, quando é conduzido a um digestor. Apresentam maior potência instalada entre os sistemas de lodos ativados. Podem ser dimensionados para operarem como sistemas com mistura completa ou com aeração prolongada. Geralmente é vantajoso para pequenas populações. Tempo de detenção hidráulica ( t ): ht 36 a 3 EXCESSO DE LODO ESGOTO TRATADO ESGOTO BRUTO LODOS ATIVADOS - BATELADA TRATAMENTO DE ESGOTO 33 Tempo de detenção de biomassa ou idade do lodo ( X ): dX 30 a 4 Eficiência: Na remoção de DBO: 85 a 95% Na remoção de coliformes: 60 a 90% 3.4. REATORES ANAERÓBIOS DE MANTA DE LODO Terminologia: Na literatura os Reatores Anaeróbios de Manta de Lodo são freqüentemente referidos como: UASB (upflow anaerobic sludge blanket reactors). DAFA (digestor anaeróbio de fluxo ascendente). RAFA (reator anaeróbio de fluxo ascendente). RALF (reator anaeróbio de leito fluidizado). RAFAMAL (reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de lodo). RAFAALL (reator anaeróbio de fluxo ascendente através de leito de lodo). REATOR ANAERÓBIO DE MANTA DE LODO Zona de lodo LODO GÁS ESGOTO TRATADO ESGOTO BRUTO Decantador TRATAMENTO DE ESGOTO 34 Vantagens: Pequena área. Baixo custo de construção e operação. Dispensam decantadores primários. Não necessitam energia. Baixa produção de lodo. Lodo para descarte com elevada concentração e boa desidratabilidade. Após paralisações, o reinicio é rápido. Desvantagens: Possibilidade de gerar maus odores. Muito sensíveis às cargas tóxicas. Partida exige grande intervalo de tempo. Necessitam pós-tratamento pois sua eficiência na remoção da DBO é limitada (60% a 80%). Funcionamento: A água residuária entra pelo fundo do reator por uma série de tubos de alimentação e, em contato com a zona de lodo, sofre degradação dos seus componentes biodegradáveis que são convertidos em biogás (metano). Os flocos de lodo são levados pelas bolhas de gás, em corrente ascendente através do digestor, até o separador de gases, sólidos e líquido, onde o gás é liberado e o lodo retorna ao digestor. No decantador, o lodo degaseificado e de características floculentas sedimenta facilmente, retornando à câmara de digestão. A fração líquida continua em fluxo ascendente, sendo retirada do reator mediante dispositivo de coleta instalado. O fluxo do lodo degaseificado, em movimento descendente, opera em contracorrente ao fluxo hidráulico dentro do digestor e, dessa forma, serve para promover a mistura necessária para um contato eficiente entre as bactérias e a TRATAMENTO DE ESGOTO 35 água residuária homogeneamente distribuída. A produção de gás no digestor contribui para aumentar a mistura. Tempo de detenção hidráulica ( t ): ht 9 a 6 Altura do reator ( H ): m,,H 06 a 54 Eficiência: Na remoção de DBO: 60 a 80% Na remoção de coliformes: 60 a 90% 4. TRATAMENTOS TERCIÁRIOS Visam: completar tratamento secundário, quando as condições locais exigirem um grau mais elevado de depuração; remover nutrientes, caso seja necessário limitar a proliferação de algas no corpo receptor. Principais processos/unidades: filtros de areia; lodos ativados (em seqüência à filtração biológica, processos anaeróbios); filtros biológicos (em seqüência a processos anaeróbios); lagoas de estabilização; processos de oxidação total; precipitação química de fosfatos e outros compostos; eletrodiálise, osmose reversa (para recuperação de águas de elevado padrão de qualidade); etc.
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